jardins do insustentável 053

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ANTÓNIO CRUZ


ANTÓNIO CRUZ


“ PREFÁCIO DE UMA VIDA”

Escrevi num mês distante, trinta e tantos, poemas a fio sem parar, numa espécie de êxtase. E hoje, é um dia triunfal da minha simples existência, nesta minha vida. O que se seguiu depois de alguma tinta ser gasta e muito papel ter sido utilizado; só sobrou um cesto de papéis cheio, foi o aparecimento de um novo “Poeta – Escritor”. Tudo isso, se verificou no continuar do pequeno Sonho de Criança que há muito tempo vinha a desenvolver no meu interior, utilizando pequenas rimas ou alguns pensamentos muito sugestivos da minha maneira de ser. E de ter vivido quando criança e também algumas situações, já como adulto. Desculpem – me, o absurdo da frase; mas apareceu em mim um enorme desejo de transcrever para o papel algo com sentido ou mesmo sem! Era simplesmente aquilo que vindo do meu eco interior ou directamente da minha mente, ditava por palavras ou frases simples, numa leitura rápida, e a minha mão escrevia para um bocado de papel. A expressão que sobressaia no meu rosto era a de um pequeno sorriso esboçado quando terminava mais um tema, mesmo que esse não tivesse muito sentido! Mas, era como se tivesse restituído alguma vida aos mais simples “poemas” ou “contos”, que eram para mim algo profundo mas muito belas. Só que por vezes, bastava unicamente o esboçar de um sorriso para me agradar e aquilo que acabava de transcrever logo por si existiria numa folha de papel sentindo toda a sua magia sem sequer poder falar! E, num certo dia, à noite quando relia tudo aquilo que já havia escrito em simples rascunhos, por vezes, revia ali a minha própria sombra retractada. Eram, e são, simplesmente memórias, brincadeiras, ou mesmo chamadas de atenção para o mundo em que vivemos. Sei que um dia alguém as vai poder ler e as irá existir na prateleira da sua biblioteca para quando este ser já ter abandonado o planeta Terra. Um simples risco da minha curta vida ficará lá conservada, para sempre todo o sempre como sinal da minha pequena existência terrena! E, só assim poderei viver eternamente, por milhares de anos a fio, recordando a Alegria, a Tristeza, o Amor, a Solidão e tudo aquilo que tiver dado a este Mundo! Mas, uma coisa Eu sei, que serei alguém que existiu um dia neste “Universo da Escrita”!... E essa recordação ficará para sempre nas memórias de todos, sendo como aquele que deixou um “Verso” quando morreu, e talvez seja a “Profecia” de uma vida!...

Mozelos, 2000 / 10 / 10 TONY CRUZ


TITULO

LOCAL / DATA

0

PREFÁCIO DE UMA VIDA

MOZELOS, 2000 / 10 / 10

1

FÚRIA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 04 / 29

2

PAIXÃO ETERNA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 05 / 05

3

CAVALGADA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 05 / 11

4

ESCRITOR

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 05 / 13

5

CERTEZAS SÓ MINHAS

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 05 / 18

6

RECOMEÇAR II

SILVALDE, 2011 / 05 / 23

7

QUANDO DEUS…

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 05 / 25

8

SEGREDOS ESCRITOS

MOZELOS, 2011 / 05 / 30

9

AQUELE NOSSO AMOR

SILVALDE, 2011 / 05 / 31

10

CANSADO ESTOU

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 06 / 02

11

ATRAVESSANDO

SILVALDE, 2011 / 06 / 06

12

MEUS SEGREDOS

MOZELOS, 2011 / 06 / 10

13

UM DIA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 06 / 14

14

RIMAS DO SIMPLES NADA

SILVALDE, 2011 / 06 / 18

15

OLIVEIRA VIVA

SILVALDE, 2011 / 06 / 18

16

SINAIS DO TEMPO

SILVALDE, 2011 / 06 / 23

17

BRINCADEIRA POÉTICA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 07 / 04

18

BELA DAMA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 07 / 07

19

MANIA DE ESCREVER

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 07 / 13

Em "Jardins do Insustentável" eu despejo Com fúria certezas só minhas com desejo De uma paixão eterna calvagada de escritor Ao recomeçar com aquele nosso amor. E quando Deus fez revelar meus segredos Um com rimas do simples nada e sem medos Plantei uma oliveira viva com segredos escritos Pois cansado estou de ver surgir tantos mitos. Atravessando os sinais do tempo com uma bela dama Amo com utilizando pelo meio alguma calma Vou praticando também uma brincadeira poética Com esta mania de escrever sento-me na cadeira electrica. São Paio de Oleiros, 2011 / 07 / 13 TONY CRUZ


“FÚRIA”

Nos dias que passam ando perdido Ao ter entrado numa tempestade de vida Em que a minha nau ficou à deriva Presa por redes carregadas de tristeza escondida.

E por vezes enquanto estava à deriva Olhos cegos pela densa neblina que surgia Com uma maldade descritiva para atóis Procurava fugir aos rochedos que partia.

Já que me sentia um ser abandonado Perante uma tempestade pertinente sem mandato Que surgiu sem a devida autoridade requisitada Que se julgou senhora deste meu retrato.

Mas uma certeza conquisto nesta vida, O amor perdido sobretudo com a verdade Nesta minha alma de cigano que elevo Ao andar de mar em mar procurando liberdade.

Já que sinto o chão se abrir Sem ter por mim alguma piedade Visto que o meu corpo se encontra adoentado Por uma paixão que levo sem idade.

Tudo parece ser irreal áspero Ao cair despenhado sobre este abismo Que por temeridade assumi perante o mundo Ao descobrir a frontalidade do amor num cismo.

Um cismo que fez alcançar a profundidade Revelando o fundo da questão do amor Segurando-me apenas com as mãos no chão Ao bater no mesmo fugindo da solidão e da dor.


Já que a impureza provocada pela tempestade Não me deixou fugir da dor sentida Provocando em mim uma fúria e tenacidade Chocando com a liberdade duma paixão perdida.

Podendo sentir nas minhas entranhas Uma revolta provocada por uma tempestade energética Com uma tal energia sentida até em quantidade Recriando assim nestas linhas uma ilusão poética.

Já que pedra a pedra ou melhor Palavra a palavra descrevo esta minha poesia, Formando ou construindo a minha fortaleza Benzida pela Lua que rouba a minha alegria.

Pois a sua claridade insere sobre mim Ao navegar sobre o pouco mar que resta Desejando na mesma encontrar a minha sereia A sereia que sempre me amou sem haver festa.

Mas enquanto vou sobrevivendo à tempestade Escuto o seu rouco cantar de destreza Já como um amante me tornei louco Ao recolher a sua rosa com alguma esperteza.

Passando assim a ser um libelo Ao desejar saciar a minha fome Caminhando sobre os jardins do insustentável Naquele tempo não sabendo sequer meu nome.

Já que por aqueles caminhos secretos Amarinhava sem saber daquela bonita sereia Precipitando-me pelos precipícios da vida solitária Levantando-se na hora uma tempestade de areia.


E procurando descobrir de onde ela surgia Dei de caras com aquele bonito ser Cantando com um gozo único e nunca visto Procurou na hora me encantar sem se mover.

Já que o seu encanto me surpreendeu E preocupada a sua me estendeu Antes que a minha alma se afogasse Neste mar da vida que Deus me ofereceu.

E preocupada saciou a minha alma Com o desejo louco sobre as correntes Perante a ventania e tontarias da tempestade Circundando a minha nau sem ter presentes.

Assim fugi ao abismo da morte pintada Fazendo a minha alma nadar neste mar Que é a vida acrescentando a temeridade A mais um dia que passa sabendo amar.

Visto que o seu saber em mim despertou Como um objecto irreal carregando a verdade Enquanto o tempo passa vou sobrevivendo livremente Saciando a cada braçada o elo da amizade.

Já que não podia amar nesta neblina Se existisse a maldade em vez da amizade Que se sobrepõe no tempo da paixão Gozando o prazer da carne com igualdade.

E visto que a neblina se levantou de manhã E a tempestade se amainou recebo deste mundo E cujo num mar se transformou de verdade Liberto minha nau num amor que respiro profundo.


Roubo por ora esta minha alma Ao abismo que a vida me destinou Escrevendo com um sentimento bem profundo E numa impureza marcada que Deus sinalizou.

Mas com a mesma fúria que comecei Levo para o mar alto desta vida Uma vontade forte de continuar a amar Impondo uma alegria à tristeza de alma ferida.

São Paio de Oleiros, 2011 / 04 / 29 ANTÓNIO CRUZ


“PAIXÃO ETERNA”

Recordo desde que era miúdo Tentar com toda a minha força E apesar do que diziam os doutores Do sentimento conquistar o amor daquela moça.

Mesmo não ligando ao que diziam Os outros miúdos e das velhas promessas Sonhava com alegria e esperança Apesar das dificuldades da vida sem pressas.

Pois tudo aquilo que diziam Eu ouvia Mas apesar disso tentava conquistar A magia do amor ao estar apaixonado Por uma miúda que só pensava em amar.

Desenhava com magia o seu rosto Sentindo a magia da coisa e apaixonado Fazia com que a magia do intentado Me levasse a escrever cartas por vezes desesperado.

Já que sentia meu coração inacabado E ninguém adivinhava esse meu sofrer Vagueando pelos jardins do insustentável Procurava esse meu belo sonho ao viver.

Era a magia de algo tão belo Em que a inocência transbordava pró mundo E visto que a mesma nele não cabia Inundava os céus e todo o universo profundo.

Talvez por isso me deixei levar Naufragando na onda da paixão por ela Perdendo pelo caminho muita coisa da vida Em nome de algo afundando a minha caravela.


Pois muita coisa perdi por ela, Tudo era algo que ninguém podia ver Porque como aqueles que acreditam e sonham Mas esse mesmo sonho acaba por morrer.

Mesmo sabendo de uma ligação secreta Não percebia da utilidade dessa paixão Percorria assim os jardins do insustentável Enquanto escrevia refugiava-me lentamente na solidão.

Já que preferia as cartas que escrevia Desabafando nelas palavras carregadas de paixão E mais tarde afogando as mágoas numa cerveja Refugiando-me mais uma vez na minha solidão.

Colocando por vezes nessa solidão As mãos nas partes secretas ao olhar Admirando tão belo ser que por mim passava Sem ter a certeza do que fazia ao me ralhar.

Pois assim percorria os jardins do insustentável Preferindo ser o rei de um mundo meu Mesmo que fosse pequeno esse reino Era livre e vagabundo desejando ser só seu.

Já que era um pequeno vagabundo de rua Sentindo amor e paixão por aquele belo ser E ninguém poderia compreender a minha alma E talvez por isso passasse todo o tempo a escrever.

Para ela parecia ser filho de criados Cada vez que entrava pela sua porta O meu mundo se transformava num vasto paraíso Pelo qual circulava a minha visão, já morta.


Pois o meu mundo ao mesmo tempo desabava Perante tão belo ser que pouco me admirava Mas a paixão que sentia era tão forte Que o meu coração no reino dos sonhos reinava.

Era vasto o meu poder ao sonhar Já que só via aquele meu único amor Que me fazia adivinhar o meu perder Ao viajar pelos jardins da insustentável dor.

Embora tentasse pintar o mesmo de cor Refugiava-me no meu minúsculo quarto em solidão E hoje recordo essa paixão eterna de miúdo Escrevendo a mesma como réstia de consolação.

São Paio de Oleiros, 2011 / 05 / 05 ANTÓNIO CRUZ


“CAVALGADA”

Sigo numa longa cavalgada Admirando todas as belas paisagens De espada afiada como minha aliada Cortando os ventos das suas imagens.

E como um nobre valente cavaleiro Preparei a minha viagem de templário Para esta cavalgada desde Janeiro De espada na mão escrevo meu diário.

Cavalgo admirado, tão bela paisagem Seguindo por entre serras e montes Montando tão formosa garupa de imagem Tentando conquistar os seus belos horizontes.

Cavalgo assim percorrendo os vales Que dividem duas belas montanhas Tentando alcançar o delírio sem resvales A gruta molhada das suas entranhas.

Percorro a gruta de espada erguida Dando asas a esta longa cavalgada Segurando-me ás suas morenas crinas Sentindo a paixão fluir na minha amada.

As minhas mãos suam de nervosismo Sigo de espada erguida cavalgando Com bravura pelos jardins do insustentável Tomando como sina este ser meu alado.

E de espada na sua garupa encabada Sigo longos caminhos utilizando a ternura Deixando aquela bela gruta inflamada Enquanto persisto nesta cavalgada sem cura.


Com a minha espada possante Abro caminhos proibidos numa montaria alucinante Devastando a floresta ainda semi-virgem Cheio de poder naquela bela garupa desafiante.

E por entre sons carregados de prazer Vou cavalgando até não mais resistir Eis que me ergo como cavaleiro valente Quase preste daquela garupa a cair.

De espada ainda erguida que vai jorrando Um jacto quente do elixir da vida Continuando penetrando aquela gruta insaciável Que encharcada ficou nesta cavalgada pedida.

Admiro bela paisagem montado ainda Em tão imponente garupa finda cavalgada Olho no horizonte as montanhas bem erguidas Como um sopro de vida sentindo-se ali amada.

Termino esta cavalgada como templário Fazendo culto ao prazer de tão bela imagem Erguendo sempre a minha espada imponente Ao cavalgar com paixão tão bela paisagem.

São Paio de Oleiros, 2011 / 05 / 11 ANTÓNIO CRUZ


“ESCRITOR”

Sigo pelos jardins do insustentável hoje Em busca daquele nosso amor eterno Percorrendo o mesmo em todas as dimensões Enquanto olho a ver o perfeito terreno.

Um terreno coberto pelo nada Enquanto Eu desejo ter tudo Mas o meu medo de mim tomou posse Com um fim escrito por um mundo.

Pois em Setembro dei asas ao medo Começando de novo com quem amo Levado pelos ventos de Agosto num sentido Com uma força única passando a seu amo.

Já que este amor que procuro Coloca toda a sua força activa Podendo nestes jardins assim amar livremente Entendendo o quanto custa uma paixão esquiva.

E sei que essa paixão me entende Ao reflectir o quanto amo o ser Que libertou meu coração um dia E que hoje procuro tanto a ver.

Como isso é possível estar acontecer Quando ao meu lado ela estava Alimentando a minha alma solitária do momento E que de brilho estão a mesma irradiava.

Sigo assim por este jardins agora Procurando de novo uma nova ilusão Já que nada é para sempre Eu sei E não duvido do que sinto no coração.


E como o amor que sinto Sei que não é para sempre perdido Tenho que por apenas ao caminho Para reconquistar de novo aquele amor escondido.

Aos olhos de quem simplesmente vê Sou um simples samaritano bem apaixonado E não desejo simplesmente arquivar a paixão Como a viver com sentimento real sendo amado.

E que uma amizade virtual existe Para quem caminha pela repetitiva Net Só que Eu procuro a amizade dum anjo, Que me ajude a passar este jardim a sete.

É que a sete pés transporte a sorte Mas só para quem tem tempo assim Já que o tempo fica sem tempo E a mim só me resta chegar ao fim.

É que talvez nesse fim encontre conforto Já que sinto um pleno vazio da cidade Por isso fugi pelos jardins do insustentável Procurando aquele amor que revela a felicidade.

É inevitável, aquilo que sinto hoje Pois quando o amor bateu à porta Me fez sentir que teria uma companhia Ficando à espera que a mesma dure nessa rota.

Por isso sigo pelos jardins do inevitável Sozinho de corpo mas bem acompanhado Já que sinto na minha alma o amor Que faz palpitar meu coração de eterno apaixonado.


Só que neste trilho que sigo agora Procuro esquecer uma dor que sinto Pois ao estar sozinho sinto esta dor Uma dor inconsciente e que nada pinto.

Pois a mesma é bem real neste sentir E por vezes insustentável na sua leveza Já que só penso no amor daquele belo ser Que transporta dentro de tamanha beleza.

E como estou assim tão apaixonado Perco o sono pois nada se comparará A este amor que sinto vivendo com ela E ao desejo deste amor que não morrerá.

Já que para isso atravesso este jardim Onde o insustentável sobrevive ao futuro E estar com ela é o que tanto desejo E por isso vou nesta vida derrubando este muro.

É o muro de nós querer ao desejarmos E para isso vou sentindo esta minha dor Cavalgo assim na onda da vida presente Sobrepondo o meu amor e assim sou escritor.

São Paio de Oleiros, 2011 / 05 / 13 ANTÓNIO CRUZ


“CERTEZAS SÓ MINHAS”

Atravesso este caminho sinuoso hoje Colocando mais palavras no meu lápis de giz Já que neste mesmo lápis elas assim cabem Carregando estas folhas com letras que fiz.

Sou um pássaro voando pelos céus E acima da linha do velho horizonte Tentando não cair nas nuvens do inferno Voando para lá da nova fonte.

E como as flores num dos jardins Que formam estradas pró insustentável viver Desabrochando sem fim percorrendo as memórias Dos mais pequenos seres, sem nada temer.

Talvez por isso os pequenos sejam grandes Na sua forma de pensar livremente E como eles também já fui pequeno Hoje sou um homem que planta sua semente.

Alias ainda à bem pouco tempo, Vagueava por entre estes jardins Onde os homens também choram simplesmente Dando de beber as suas lágrimas de jasmins.

Servindo as suas lágrima em copos Que mais pareciam não ter fundo Como a poesia que cavo nesta terra Oferecendo esta minhas palavras ao mundo.


Percorro assim estes jardins do insustentável Em busca de um amor sem “térmio” Já que o sinto bem dentro de mim Sendo ele o mais simples tecido que fio.

Ou mesmo um amor mais complexo Mas sempre mantendo-se fiel e eterno Uma pergunta existirá sobre o que sinto Já que para isso vou escrevendo neste inferno.

Pois nestes jardins avisto uma lagarta E pergunto o que sente a mesma Quando está próximo aquela altura Em que muda a sua forma de lesma.

Já que se tornará na bonita borboleta E voará pelos céus de jardim em jardim Com uma leveza insustentável de ser Ao sabor do vento sem encontrar o fim.

Assim também percorro estes jardins Sentindo o cheiro dos seus cabelos lavados Com um perfume a rosas e jasmins E que as minhas mãos escrevem aos amados.

Pois nas minhas mãos trago o lápis Que desenha as minhas palavras poéticas Pintando os seus olhos com um verniz Marcando a sua pele com letras patéticas.


Já que em mim cravou o seu cheiro Com um amor que nasceu bem pequenino E que aos poucos foi crescendo e transformando-me Ao derrubar barreiras galácticas deixando de ser menino.

Passando a vencer com certezas só minhas Nunca sendo grande demais nesta caminhada Onde contei os dias que nos cabiam simplesmente Passando a existir para mim uma só amada.

São Paio de Oleiros, 2011 / 05 / 18 ANTÓNIO CRUZ


“RECOMEÇAR” (II)

Nesta curtas horas de partida A saudade que em nós fica De uma intensa e marcada vida Deixa para trás a pá e pica.

Recomeça, de novo o teu futuro Garante que a tua eterna esperança Não acabe de contra um muro Pois já não és nenhuma criança.

E que este teu amigo, não morra É que no meu coração ficas guardado Como alguém marcou a minha vida de “porra” Desejando que sejas para sempre recordado.

Segue as estrelas da noite em fado Guiada pela tua esperança e fé Que o teu caminho seja iluminado E que a tua vida finque o seu pé.

Dá asas à tua liberdade E ganha sempre as tuas batalhas Que o teu coração retenha a amizade Para conquistar as grandes muralhas.

E estes jardins do insustentável, percorro Através da minha escrita a liberdade Recorro ao sabor da recordação em socorro Onde liberto palavras com toda amizade.

Porque recordar as amizades da vida Faz parte do nosso ser diário Escutando a alma poética na despedida Assim como no renascer dum novo fadário.


Recorro a estas travessias do deserto Libertando as palavras com sabedoria Num insustentável saber não muito secreto Lago letras atrás de letras de senhoria.

Já que nestas linhas arrendo vida Carregada de uma amizade bem futura E que a mesma seja expressamente vivida Longe dos males do mundo que tanto dura.

Desejo assim recordar uma nova poesia Acabando com o sofrimento do passado Dando asas à imaginação em plena maresia E que por uma dama seja para sempre amado.

Silvalde, 2011 / 05 / 23 ANTÓNIO CRUZ


“QUANDO DEUS…”

Escrevo agora que quando Deus Certo dia desenhou o meu boneco Talvez pelo caminho das folhas O bico do seu lápis partiu com caneco.

Porque hoje sinto que me falta Algo aqui e ali no seu traço Visto que alguns traços serem mais grossos E menos apurados naquilo que faço.

Já que vou escrevendo sem lápis Neste novo milénio que começo Sem estar concordante com esta vida Tendo sonhos que crio e me esqueço.

Só que o meu coração bate Nesta forma de ser por ora Tentando recuperar os traços esquivos Que deus desenhou sem ter hora.

Pois meu coração continua a bater Por um sonho que em mim nasceu Como se tivesse apenas um segundo Para viver uma paixão que cresceu.

E qual guerra que advenha agora Apenas sei que uma batalha travo, Dentro do meu ser bem poético Com ajuda de deus ergo meu cravo.


Grito assim pela liberdade agora Já que há muito tempo sou prisioneiro De um traço fora do seu comum Que deus o fez lá pelo inicio de Janeiro.

Terá sido esse traço do dom Que não me deixa por aí morrer Atravesso nesta vida os jardins Que então transformaram este insustentável viver.

Insustentável nesta minha forma física Já que a espiritual está cheia de vida E por isso vou também desenhando aqui Um amor que sinto pela minha querida.

Pois há muito tempo que é assim Esse amor que sinto bem vivo E que os seus gestos também denunciam Alem do seu sorriso insustentável e esquivo.

Talvez por isso vá pedindo a deus Que esta flor que tanto amo E que foi desenhada por ele sem erros Não pare de sorrir para este seu amo.

Já que por enquanto neste jardim Sou amo do seu corpo enfeitiçado Dando asas ao lápis de Deus e escrevo Versos, de um amor livre, cheio de pecado.


Sabendo que não sou puro Limito-me a viver este meu amor Visto que é tudo o que preciso por ora Para atravessar este mundo pintando-o de cor.

Pois quando deus me desenhou certo dia O bico do seu lápis deve ter partido Recebendo assim esta pancada que tenho Ao ser poeta apaixonado e sempre ferido.

São Paio de Oleiros, 2011 / 05 / 25 ANTÓNIO CRUZ


“SEGREDOS ESCRITOS”

Sigo caminhos sem trilhos marcados Pelos jardins da vida insustentável Perguntando o que levo nos bolsos Naquelas folhas escritas num desdobrável.

Sei que são segredos lá escritos Que não posso esconder muito mais Já que os escrevo para um dia Os, poder revelar ao mundo dos tais.

São segredos que levo nos bolsos Que marcam a minha vida por ora Os quais procuro sempre não os perder Visto por vezes ter os bolsos rotos na hora.

E sem ter uma escora os seguro Pedindo à minha fada que coza Os bolsos rotos pelo tempo perdido Não perdendo os meus segredos, que coisa.

Visto que as folhas queimadas pelo tempo Guardo nos meus bolsos com segredos Uma vez que caminho por estes jardins Amando inevitavelmente e tão perdido pelos medos.

Já que se tornou perante mim Ao guardar os meus segredos nos bolsos Carregar os mesmos nestas folhas dobradas Com alguma arte de mestre em versos soltos,

É que é meu segredo amar assim Escondendo na minha alma tal amor Que nestas simples folhas revelo palavras Como amante perdido e carregado de dor.


Já que os meus segredos se revelam Nas poucas palavras que vou escrevendo E os transporto nos bolsos escondidos Do mundo que vivo insustentavelmente com medo.

Mas essas palavras de amante perdido Vão nascendo como as flores num jardim Não tento perceber nem tento explicar Simplesmente sinto este dom sem ter fim.

Pois ao atravessar este meu trilho Imagino a flor que em mim libertou A paixão pelo amor que então sinto Vou amando aquela flor que me transformou.

Apesar de não acreditar que sou um jardineiro Que vai podando as suas palavras secretas Nas linhas das folhas queimadas pelo tempo Revelando ao mundo segredos bem discretos.

Já que a jardinagem também é arte E isso se revela nos jardins que atravesso Plantando na flor que tanto amo Estas palavras que assim também expresso.

Sei que precisa que cuidem dela Visto que tem as suas necessidades diárias E devo atender cada uma não sendo insustentável Na sua leveza de ser não sendo párias.

Já que a sua leveza de ser Está carregada de pormenores da vida Não deixando de ser importante os seus segredos Que escrevo nestas folhas assim minha querida.


E aqueles segredos que guardo nos bolsos Espero que um dia sejam revelados Outra coisa não espero, senão atravessar Os trilhos desta maneira ao sermos os amados.

Já que a vida sempre tratou Dos seus eternos e renovados amantes Mas muitas das vezes interrogo a vida Se após a morte somos colocados em estantes.

É que a morte nos fica bem Pois há quem assim o diga Mas uma coisa é certa para mim É o recomeço de uma nova intriga.

É mais um segredo do qual escrevo Nas folhas perdidas do tempo agora Um dia também será revelado ao mundo Juntamente com os outros quando chegar a hora.

Sigo assim pelos trilhos da vida Levando nos bolsos os meus segredos escritos Não perdendo o rumo, atravesso estes jardins Nesta insustentável forma de ser o senhor dos aflitos…

Mozelos, 2011 / 05 / 30 ANTÓNIO CRUZ


“AQUELE NOSSO AMOR”

Atravesso esta linha do horizonte Procurando urgentemente aquele nosso amor Navego num barco por este mar Visto que já atravessei os jardins da dor.

Eram os jardins do insustentável viver Que procurei neles aquele nosso amor Destruindo pelo caminho certas palavras Como ódio, solidão e crueldade da dor.

Já que demonstrei alguns lamentos Em busca da felicidade para mim Utilizei a espada magica ao abrir caminho Coberto pelas silvas que estavam naquele jardim.

Por isso parti de novo em busca Daquele nosso amor carregado de luz Navego agora neste mar bravio Carregando as palavras pesadas da cruz.

Já que tenho urgência em inventar As palavras que renovem a minha alegria Multiplicando os beijos de outrora enlouquecidos E espalhando-os pelas searas do meu dia-a-dia.

Só me resta por ora as colher Pois sinto a urgência de descobrir Onde pára aquele nosso eterno amor Visto que as rosas estão prestes a florir.


Por isso atravesso este mar Já que em tempos era um rio Navego assim por entre as palavras Das manhãs claras que então crio.

E quando a noite chega perto Cai o silêncio sobre os meus ombros Com o peso do mundo que carrego Aquela luz da vida ao atravessar os escombros.

Pois a mesma se torna obsoleta Ao se revelar impura naquele amor Que tanto faz doer o meu coração Chorando sem tempo para a dor.

Onde pára aquele nosso amor? Pergunto à luz deste candeeiro Que ilumina a minha alma poética Desde que nasceu certo dia em Janeiro.

Navego agora por entre este mar Que circunda as palavras nestas folhas Onde escrevo urgentemente sobre aquele amor E tento levar assim meu barco aos trolhas.

Talvez eles possam me ajudar a reconstruir As paredes do nosso quarto que ruiu Ao surgir a dor que nos afastou Daquele nosso amor que um dia floriu.


Escrevo mais uma vez, é urgente Pois descobrir onde está aquele nosso amor Que parou no tempo simplesmente certo dia Mas que antes tinha descoberto uma flor.

Atravesso assim sem parar no tempo Em busca daquele nosso eterno amor Que se multiplicava por entre os nossos beijos E que um dia partiu e trouxe esta dor…

Silvalde, 2011 / 05 / 31 ANTÓNIO CRUZ


“CANSADO ESTOU”

Cansado estou neste tempo e agora Pareço um poeta sem palavras e vazio Sobrevoando sobre mim uma nuvem negra De um sonho perdido mais pareço um vadio.

Pois em tempos uma celebre flor Transformou as gotas da minha tristeza Pintando-as de um simples tom dourado Revelando assim toda a sua beleza.

Uma veia minha continua sangrando Sobre este jardim de leveza insustentável Após me ter picado numa bela rosa Carregada de tons vermelho ao ser afável.

À flor da minha pele surge pavor Por uma solidão ainda bem distinta Que como a massa que na panela ferve Meu sangue assim ferve já sem tinta.

E a minha alma de poeta se retorce Perante a luz da Lua bem solitária Expondo este meu poema ao tempo Sobre o corpo duma mulher Sagitária.

Fornecendo ao meu ser a luz Onde a morte está bem depositada E as palavras que me faltam agora Reforçam a minha dor por uma amada.


Já que o amor que desejo e sinto Como poeta dele ainda bem requero Aquele alimento, que em tempos transformou A minha alma solitária com opção de Clero.

E este jardim que por ora atravesso Leva a vida que então por lá criei Uma vida carregada de simples nadas Atravessam as serras paradas sem lei.

Espero mais um segundo sem movimento Sobre estas searas já bem lavradas Em que o vento sopra algumas palavras Não conseguindo que as mesmas sejam decifradas.

Sigo por entre casas e moradias Caiadas por sinal e enfeitadas por ninhos Como arraiais de outrora onde haviam bailes Presenciando namoricos seguindo os seus caminhos.

Sugo assim palavras como se fossem poeiras As quais nas folhas vazias transformo Simples poesias sem serem iguais a outras Escondendo a minha alma na sombra que formo.

Escondo assim meu corpo já cansado À sombra de uma bela figueira carregada Com o seu fruto embelezando este jardim Como a maravilha natural de uma formosa amada.


Procuro o sinal do tempo neste jardim Que a vida transforma lentamente assim Como um pai que poda a sua videira Esperando que a mesma dê seu fruto por fim.

Cansado estou agora faltando-me um sentido E escrevo sentado neste jardim esperando o nada Neste meu presente que se revela infurtivo Aguardo apenas por ora um toque de fada.

São Paio de Oleiros, 2011 / 06 /02 ANTÓNIO CRUZ


“ATRAVESSANDO”

Como um sujeito poético atravesso Os caminhos perdidos desta nossa vida Levando uma caneta na minha mão E no bolso folhas em branco do senão.

Já que faço desta minha vida Uma batalha sentimental através da escrita Levando na outra mão uma rosa Podendo embelezar as palavras duma prosa.

Sinto assim necessidade de caminhar Neste tempo descobrindo aquele prazer Desfolhando o livro de um poeta amigo Que escreve sobre a vida sem ter castigo.

Pois a vida já é tão dolorosa Que não consigo dizer mais nada Apenas se eu fosse água ou vento Andaria de lado para lado no momento.

E com todo o prazer me desfazia Em partículas levando as minhas letras Ao mundo desconhecido formando aqueles poemas Que ditam a minha vida sem as tretas.

Tendo presente, todo o meu pensamento Que perdoa mas ao mesmo tempo causa Aquela mágoa que vai desfazendo minha vida Ao não atingir a outra ponta da pausa.

Já que atravesso este jardim deserto Numa forma insustentável que vai descrevendo A minha forma humana bem amarga Que procura encontrar o seu remendo.


Pois sonho como um simples pecador Ao desmoronar o santo que em mim existe Sendo mais breve que a própria água Que apaga a minha sede que tanto persiste.

Apresentando o meu passado nesta escrita Que provavelmente será mais durável Que o vento levando aquela bonita rosa Através dos montes e vales do insustentável.

Visto que o meu passado de trabalhador Nestas folhas descrevo por entre linhas Procurando atingir a luz do meu futuro Regressando ás origens que demarcam milhas.

Pois ao regressar à minha terra perdida Regresso como um simples e malfadado herói Declarando perante este mundo bem cruel Que sou um poeta e onde tudo rói.

Procuro assim deixar mais um poema Como mais um desejo meu bem real Abrindo uma janela para aquele jardim Que um dia atravessei como arte fatal.

Já que nestas folhas escrevo assim Atravessando as linhas sem ter uma margem Procedo à descrição final não menos formal Onde a vida é dolorosa para ser poeta sem imagem.

Silvalde, 2011 / 06 / 06 ANTÓNIO CRUZ


“MEUS SEGREDOS”

Quando parti de certo cais Deixei à mão o meu mundo Atravessando oceanos sem ver seu fim Revelando um sentimento bem profundo.

Pois outrora atravessei mares perdidos De uma forma bem insustentável Que para mim era bom demais Não conseguindo responder ao condestável.

É que nesta vida vários barcos Negaram-me uma nova e misteriosa aventura Mesmo sabendo que este mundo é pequeno Cada vez mais me sentia perdido, sem cura.

E trágicos acidentes, fui, tendo pelo caminho Assim segredos foram desvendados misteriosamente Já que os meus conhecimentos eram nulos Perante a vida que surgia diariamente.

Partilhando nas folhas trazidas pelo vento Mensagens escritas por mim que foram levadas E os pescadores ao luar as receberam Como testemunhas das minhas vidas sem amadas.

Já que as amadas que fui avistando As ondas deste mar as afogaram Com as lágrimas por mim vertidas Sentindo saudades do homem perdido que largaram.

Enquanto hoje sentado neste jardim Vou escrevendo sobre as saudades do passado Já que pesquei junto ao mar endiabrado Levando para longe as armadas deste cansado.


Visto que segredos foram então revelados Perante uma maré-cheia de ondas quebradas Batendo nos cascos dos barcos tristes pintados Pela loucura dos homens sem vidas programadas.

Enquanto avistava o horizonte coberto Pelos segredos perdidos deste tempo camuflado Onde as ondas quebram junto à areia Da costa da vida sem cantar seu fado.

Eram simplesmente segredos tristes de lamentos Que este mar da vida não pode calar Escritos na gloria do tempo por si governado E levados pelo vento que sopra sem parar.

Transformei-me num pescador triste das palavras E rezando ao luar ia pedindo a Deus Uma lufada de ar fresco podendo assim renovar Esta minha vida malfadada de segredos meus.

Recordo também as ondas falantes da vida Dizendo a areia iluminada pela Lua Que os meus segredos já estavam escritos Pelos tempos idos carregando a saudade nua.

Segredos esses que um dia serão revelados Sem mais tristezas da vida urbana Que como homem sem idade vou revelando Nas folhas deste jardim insustentável da cana.

Distingo-me aqui nestas linhas horizontais Como santo e pecador perante deus Sobre um passado perdido regressando como herói Neste universo de linhas com versos meus.


É que a civilização determina o poeta Que amargurado pelo fracasso vai pescando As suas palavras carregadas de silencio seu abreviado Transformando o mar da vida e o redesenhando.

Pois em cada linha deste meu verso Escondo um segredo pintado de sonhos Que na praia deserta dos meus pensamentos Se banham no mar dos poemas tristonhos.

Tudo parece por vezes um verdadeiro holocausto Mas também sei que sentado neste jardim O transformo num prado e hoje sem medo Descrevendo segredos carregados de felicidade por fim.

Já que nestas folhas verdes de esperança Reservo certa alegria para esta humanidade Pois em vez da guerra desejo a minha paz Como a de todo o homem desta terra com igualdade.

É que todas as praias desta vida insustentável Revelam segredos nas suas ondas perdidas Iluminando todos os mares com manchas verdes Carregando sorrisos de crianças sem fronteiras decididas.

Deixo assim ao mundo os meus segredos Não erguendo algum estádio neste estádio Simplesmente olhando o céu pintado pelo Sol Engolindo as palavras que determinam o meu fim.

Mozelos, 2011 / 06 / 10 ANTÓNIO CRUZ


“UM DIA”

Sei que um dia será possível Ao homem construir um mundo justo Onde as cidades puderam ser pintadas De um branco claro, lavadas do susto.

E pelos cantos se abriram espaços Onde nasceram fontes de cristalina esperança O céu e o mar abriram as suas portas Saciando a alegria de um mundo de criança.

Assim estaremos todos prontos um dia Revelando esta terra da qual nos alimentamos Saciando a nossa fome pela eterna paz A de um povo terrestre com a qual sonhamos.

Será pois uma nobre aventura viver Numa cedência e honestidade pelo mundo Saciando assim a nossa fome de verdade Sentindo a alma terrestre como a dum mudo.

É que mãe natureza faz a lei E nós homens o seu destino já sem margem Num acordar repleto de traições secretas Provocamos uma suave dor à sua imagem.

E nesta terra onde estamos agora Ninguém deve atraiçoar o próximo assim Já que cada dia deve ser levado Com liberdade e amor neste reino sem fim.


Pois assim também escrevo nesta vida Perante um mundo em forma de concha Regando a minha flor apaixonado como estou Procurando receber seu fruto acendendo sua tocha.

Já que este mundo precisa de vida E se o mesmo não adoecer simplesmente Nele viveremos de uma forma bem justa Com tudo o que integra ressuscitando a semente.

E em cada palavra que forma o verso Neste poema que escrevo para este mundo Consigo construir o que me for possível Visto que amo este mundo em amor profundo.

Pois será possível construir de forma justa Um mundo bem melhor para nó Revelando uma cidade humana ainda hoje Fiel à perfeição das palavras de Deus sem nós.

É que este universo pode ser real Por isso recomeço a atravessar estes jardins De uma forma insustentável sem sequer cessar A partir de páginas em branco sem terem fins.

Passando a ser este o meu oficio Em que a poesia comanda a vida Reconstruído este mundo cruel com muita fé E que um dia seremos todos unidos nesta lida.


E de forma silenciosa recomeçaremos A construção de um mundo justo e poético Onde a natureza estará pronta para receber Uma transformação e que descrevo não parecendo patético.

Fazendo parte deste povo que fala livremente Posso dizer nesta minha língua de navegador Que manifesto esta minha esperança poética Com a certeza de um dia colher essa flor.

São Paio de Oleiros, 2011 / 06 / 14 ANTÓNIO CRUZ


“RIMAS DO SIMPLES NADA”

Já alguém disse num certo dia Que esta nossa vida é feita de simples nadas E povoada de grandes serras parecendo paradas Esperando cada movimento executado por fadas.

Pois lá do alto avisto as searas Que pelo vento parecem saias onduladas Assim como algumas das casas já derrubadas Pelos sinais do tempo que são assoladas.

Os ninhos que outrora por lá haviam Do nada deixaram os seus beirais Acabando mortos pelos secos jardins existentes Plantados num amarelo-torrado como sinais.

E sobre as suas poeiras surgem palavras Que numa das fadas formou alguma sombra Como uma figueira queimada pelo tempo Restando a maravilha da natureza que alomba.

Recordo assim do nada o meu pai Que noutros tempos erguia a sua videira Como uma mãe faz as tranças à filha Junto ás terras de uma povoação vareira.

Assim recordo do nada os traços Que me levaram a ser um poeta E com ajuda da nossa bela mãe natureza Escrevo rimas aclarada sem ser um maneta.

Já que ser poeta chama mais alto A minha alma sentimentalista por ora Não desejando ser algo maior nesta vida Apenas um homem seguindo sua estrada fora.


Uma estrada que atravessas estes jardins Que a vida governa espalhando belas rimas E aguardando por um beijo que morda Este meu ser limado pelas rudes limas.

E as limalhas que vou largando insustentavelmente Fazem de mim um mendigo de palavras curtas Visto que vou dando parte de mim ao mundo Sem ter um reino fixo neste aquém das trutas.

Já que em tempos virei um pescador Mas hoje sigo pelos jardins da dor Que se transformaram num insustentável viver Revelando ao mundo um espírito poético com amor.

Sendo esse espírito um sujeito poético E que fez de mim um nobre jardineiro das letras Ao moldar os meus poemas com mil desejos Revelando todo o meu esplendor como dom das tretas.

É que não é fácil neste jardim viver Os mil desejos que temos como esplendor Nem sequer por vezes sentimos esse mesmo desejo Tudo tem haver com a forma de ser escritor.

Pois assim o sinto dentro de mim Como um desejo ao atravessar como astro Que flamejante viaja pelo universo só Deixando um rastro parecendo um simples mastro.

Mastro, esse onde faço erguer a bandeira De poeta vivo como as garras de condor Vão agarrando a sua presa com fome Pelas letras que formam rimas de amor.


Sigo assim nesta vida dos nadas Matando a minha sede por este infinito Desejando atravessar estes jardins do insustentável Levando minha poesia flamejante eu tanto necessito.

Visto que sou assim nesta ainda curta vida Onde determino a minha existência bem poética Olhando o horizonte das folhas escritas por mim Chegando por vezes a ser de forma patética.

Mas é assim que nesta vida carregada De letras formo rimas do simples nada Desejando ser um nobre escritor para sempre Enquanto isso deixo estas poesias à minha amada.

Silvalde, 2011 / 06 / 18 ANTÓNIO CRUZ


“OLIVEIRA VIVA”

Sou uma simples e lasciva, mas doce coruja Que voa livremente neste paraíso das letras Fazendo reluzir as minhas penas à luz Que a noite da Lua cheia provoca algumas tretas.

Levo assim no meu bico versos escondidos Sem medida, mas alegremente de forma branda Atravessando na escrita dos tempos vividos Expedindo uma loucura rústica que em mim manda.

Sou um cruel caçador de rimas soltas Que vai em silêncio pelo jardim da vida Se desviando das vistas saloias de forma frívola E calado pelo tempo vivido, mas deforma querida.

Como uma seta sigo orientado na escrita Desertando de forma monótona com ponto de vista Por vezes único sem saber qual a sua verdade Que determina a minha razão nesta longa pista.

Vou assim endireitando este meu livre voo Por entre demagogias de forma insustentável Mas sobrevoo o rio que me separa a solidão Embora sempre receoso, tento ser o mais afável.

Sei que sou lento nesta minha escrita Mas sou livre e inquieto produzindo esta poesia Sedioso por um dia atingir o meu ramo Na árvore da vida que representa o dia-a-dia.


Enquanto não chega esse dia vou escrevendo O que o meu coração dita assim livremente Já que destinado à este dom estava Longe da confusão que tanto temia simplesmente.

E destratando o meu coração de coruja solitária Voo nestas linhas da escrita imaginária Sentindo arrepios nas rimas sem fronteiras urbanas Quase sempre ferido pelo tempo e refugiado em cabanas.

Cabanas, essas que me dão abrigo simplesmente Perante a escuridão de um mundo cruel Derrubando a minha cegueira pelas rimas livres Tomando partido neste jardim da vida sem mel.

Não podendo adoçar o meu dia-a-dia Mesmo assim não desisto estando de olhos escondidos E com medo que a minha escrita seja tomada Por um fanático conformado pelos ditos escolhidos.

E lacónico, sigo voando por este jardim Com uma eterna alma sofrida, mas determinado Não rendido a este dom sobre os versos húmidos Pela orvalhada que cai neste dia do finado.

Resistindo assim dentro de minha alma a vida Que me leva a escrever sempre mais um poema E por onde passo vou tingindo as suas letras Celebrando pois então o meu nobre e eterno lema.


Já que sou uma simples coruja voando Neste mundo virando caçador neste mesmo jardim Revelando uma lenda que madruga diariamente Como um soneto escrito sem atingir o seu fim.

E enquanto o vento soprar na copa das árvores A vida não parará por entre estes misérrimos poemas Que faço hoje aqui e agora, continuando a voar livremente Parecendo o nosso eterno Saramago coberto de penas.

Já que assim escrevo lascivo pelas letras Que nem a Deus lembrava nem ao próprio diabo Não sendo um escritor livre e tão pouco cruel Lavro estas minhas palavras que nunca mais acabo.

Voo nestas linhas pintadas deste mesmo jardim Que a vida cultivou de forma simples e cruel Procurando o meu lugar neste mundo das letras Não querendo virar doutor ao beber o seu próprio fel.

Pois sou um poeta amador vindo de aprendiz Que libertei esta coruja que existia em mim Voo por estas folhas calçadas pelo tempo matriz Ao ser livre desta forma desejando não ter fim.

Já que assim sou um poeta feliz Ao voar por entre este jardim da vida Mesmo de forma insustentável por vezes Descobrindo uma revolta na minha alma ferida.


Planto agora esta minha oliveira ao vento Que nas suas folhas escrevo estas simples rimas E neste dia relembrando o nosso saudoso Saramago Pois amado por uns e odiado por outros sem as primas.

Já que passei a escrever este meu voo Com palavras sem ter nenhuma tecnologia viva Pelo tempo que Deus em mim criou Esperando chegar ao fim nesta minha poesia esquiva.

Planto esta minha oliveira viva por onde pouso As minhas palavras algo lascivas como coruja poética Como o fez Saramago e como tantos outros escritores Findando por ora desta forma bem algo patética.

Silvalde, 2011 / 06 / 18 ANTÓNIO CRUZ


“SINAIS DO TEMPO”

Estou sentado à porta do Salão Paroquial Como tantos anos atrás o fiz Recordando coisas de jovem já bem formado Pois nesse tempo era bem mais feliz.

Não deixando de o ser ainda hoje Mas relembro palavras de outrora neste jardim Assim como imagens daquele tempo de jovem Que sonhava simplesmente, sem atingir um fim.

Recordo que chovia e uma rapariga Descia aquela rua vestida a rigor Naquela época domingueira e como era formosa Enamorado estava dela sentindo tanto amor.

Seus pés calçados pareciam ter leveza Naquele andar de senhorita já formada E com um passo ligeiro de peito bem erguido Abanava o seu corpo como se dançasse a Lambada.

A sua beleza fazia de mim um enamorado Não esquecendo seus olhos verdes claros Assim como seu cabelo loiro de milho Vindo das terras de Coimbra de cantos raros.

Por pouco tempo por cá ficou Mas uma marca em mim deixou Neste coração que batia por estar apaixonado Mas como sempre, a coragem me faltou.


Estou sentado à porta do salão E recordo as chuvas de Abril com Sol De sabor a casamento de mais uma viúva Assim diz o ditado antigo virando Rock in Rol.

Pois cada gota de chuva que caía Uma nova amizade trazia então consigo Como produzisse uma música por entre as folhagens Dando sentimentos à minha vida de amigo.

Assim cada a gota cantava o hino Que naquele tempo de jovem inocente jogava E o amor e amizade à vida acrescentava, Com os sorrisos das crianças ao pé coleccionava.

Esses sentimentos se espalhavam com outra alegria, Sobre aquele Salão Paroquial parecendo as belas fragatas Navegando por entre aquele jardim atirando beijos Com uma inocência pura sem procurarem as zaragatas.

Recordo aqui sentado neste jardim fustigado Pelo tempo que já leva muitas vidas Onde fui coleccionando rostos de jovens e crianças Que aqui neste lugar procuram as suas fés escondidas.

Pois neste lugar mágico voam como gaivotas Perante os olhos dos seus tutores amigos Já que os mesmos apresentam o seu coração Como um livro aberto sem sofrerem os castigos.


Assim por aqui de uma forma insustentável Passam vidas que crescem correndo e cantando Voam sobre a brisa deste mar da vida Também a felicidade na Vila vão cultivando.

Já que os sinais do tempo ficam gravados Neste jardim tão próximo do “nosso” mar E onde no mesmo tantas vezes mergulhei livremente Em tempos de Verão fazendo-me assim hoje recordar.

Silvalde, 2011 / 06 / 23 ANTÓNIO CRUZ


“BRINCADEIRA POÉTICA”

Nestes jardins poéticos que embelezam a vida Escrevo aqui sentado na “Celpack” algumas fofocas Misturando as caixinhas com alguns meus amigos Num canelar de brincadeiras, sarilhos e sem trocas.

Escrevo livremente de uma forma insustentável Perante um pedido em grupo de um grupo Numa vulgar brincadeira cheia de trocadilhos Sentado à soleira da “Estrumfe” à qual trupo.

Começo pela nossa “Tina Tê” a avozinha Pois assim mais parece ser, é a grande telefonista Segue-se o “Madalena” o ideal pescador de trutas Veste-se de verde, pois é um pacífico Sportinguista.

A seguir vem o “Gaspar Trovoada” está-se a ver Discute com tudo e todos na sua pesada passada Vou juntar a ele o “Maldisposto” caxineiro das dores Cobrador dos impostos para os créditos da semanada.

E já em tempos falei da “Miúda Traquina” Que ocupou assim o lugar do velho “D. Esperto”; E uma atrofiada encontro pelo caminho, a fininha “Pocahontas” É a brasa cá do sítio e dela ninguém chega perto.

Enquanto a “Borboleta” voa cheia de recursos Vai tratando da papelada e do nosso dinheiro Com ajuda por perto do engenhocas ”Gourmet” Que ao fim de semana vira um ciclista domingueiro.

Além disso temos a “Francesinha”com pinta Dona dum sorriso encantador, não parece ter medo, E a “Aí Jesus” que em nada se atrapalha É a chefe do saco que por vezes grita chegando cedo.


Perante a “Miss Bombocas” que é bem baixinha Ambas trocam os fios do telefone aos clientes Já que a “Jesuína” enquadra tudo que aparece Esquecendo-se por vezes dos seus verdadeiros remetentes.

Surge então “Dom Duarte” o pacificador superior Ficando entregue à bicharada que é simplesmente destrutiva Mas tem o gigante “Capelão” como seu guarda-costas Que vai fazendo frente a todos duma forma esquiva.

Para além disso temos também o “Maia Fintas” Fazendo filmes de forma estrutural, ao Poker vai jogando A ele se junta o “Zidane” que vai circundando as bobines Fazendo um remate de santo que logo se vai desmanchando.

E neste mesmo piso temos a pintora “Robalinho” Que a esta hora está ás voltas com a dupla gravidez Contrariando isto a “Passarelle Mirandesa” passa por lá Dando mais palpites com qualidade, ficando por lá de vez.

E com um pouco de sensatez está a “Doutora” Que o correio vai buscar, vestida de alfacinha tripeira Aturando o “Pimpão” sendo o doutor das mil gravatas. Que logo de manhã surge sempre com a sua maluqueira.

À margem disto anda o “Doutor House” sempre Benzendo os seus afazeres tipo “Padre Moura” nos clientes Dando asas à sua grande imaginação automobilística Mais parece um “Matrix” arrastando os seus joelhos doentes.

Além disso temos o “Furão” da expedição e camiões Exalta barafustando a cada carga do Rio Meão E mais uma faísca é largada pelo “Chefinho” Trocando os fios vai lançando o caos na confusão.


Assim lá vem o “Intruder” pintado na sua mota É mais um leão das tintas que tanta fórmula inventa; Um outro motard se junta a ele o “Careca Beirão” corredor É procurado pelo Guedes da Delta que até já fermenta.

E com tanto ritmo se faz ás ondas o “Surfista” Passando a vida na Bosch tentando-se lá estender Levando consigo o “Policia” bebendo o seu Sumol De uma forma tão natural e sem nunca o perder.

Pois contrariando tanta passividade surge a “Vozeirão” É como um tubarão que leva tudo à sua frente E atrás de si vem a “Mini” fazendo quase tudo Trauteando que já não há condições, é a dona contente.

Só que ao contrário desta situação o “Aleluia” resmunga Derramando o leite magro sobre as caixas das cerâmicas E disparando para o ar de uma forma faroleira Vai assim o “Dominó” com as suas manhas aritméticas.

Pois na onda pacífica vem o “Beach Man” tripeiro De tabuleiros Amorim que nem prancha debaixo do braço Procura junto do seu “Little Chief” mais alguns metros Por entre a Frito(lhada) que já ocupa todo o seu espaço.

Grita do seu canto o “Controller” bem aflito Já que nas suas contas vão faltando uns cifrões Com o apoio do padrinho “Stock Off” procuram assim Pela instalações os fugitivos anõezinhos que são aos milhões.

Claro, lá está, não podia faltar o “Rapidex” No meio desta charada visto ser um poeta Vai que nem “Papa Queijo recolhendo as sobras E a todo custo tenta não ser tudo isto, uma treta.


Assim vai esta malta vivendo o seu dia-a-dia Passeando pelas linhas azuis que delimitam a vida Com um custo repentino nesta “Oficina” de caixinhas E placas, que descrevo nestas palavras de forma divertida.

Termino aqui nestas curtas, longas alíneas Que a caneta dita sem existir alguma maldade É uma simples brincadeira poética que faço Para que um dia possa matar a minha saudade.

São Paio de Oleiros, 2011 / 07 / 04 ANTÓNIO CRUZ


“BELA DAMA”

Acordo em revolta nesta ensolarada manhã Sem vestes de cetim ou mesmo de ouro Dentro de mim se condensa um grito Que me leva a enfrentar um touro.

Sinto-me deslocado neste mundo bastardo Já que amo perdidamente uma bela dama Mas a minha alma sente uma longa faca Que vai se espetando ferindo-me com calma.

Meu sangue ferve pela tortura imposta E por uma raiva que trás o passado De uma vida simples cantada e escrita Como um poeta na altura mal amado.

E na primeira quadra que aclara A madrugada que chega sem ter hora Corre em mim as lágrimas da nostalgia Ao ver este belo rosto celeste por ora.

Visto que a mesma dama ainda dorme Num nu visível com uma alegria estampada Naquele triste rosto de farta amargura Que a vida impõe a esta bela amada.

É como se de repente chovesse nesta manhã Que o Verão descobre neste simples texto Matando a saudade perante seu olhar Nesta madrugada quente sem ter um contexto.

Escrevo assim no escuro do dia Enfrentado o medo do meu eterno passado Estendendo os meus dedos naquele jardim carnal Que embeleza o insustentável ser meu bem amado.


Já que por este ser estou apaixonado Entrelaçando os meus dedos na sua mão Beijando os seus seios a descoberto da luz Murmurando o seu nome com enorme paixão.

Pois enamorado estou dos olhos que vejo Junto a eles encontro segredos do passado Que revelam um futuro de paixão intensa Saboreando neste silencio seu corpo salgado.

E não separando a paixão que sinto agora Atiro neste presente as revoltas do passado Por um precipício insustentável que encontro no jardim Que a vida revelou em várias definições de malfadado.

E como poeta redescobri que me completava Com esta dama que dorme ao meu lado Sem conseguir explicar qual o seu sabor Sendo um sujeito sem áreas distintas no passado.

Já que procurei num jardim remoto a madrugada Detectando que a solidão estava lá presente É claro que numa madrugada de chuva parti Sem saber se ficava ao relento ou assente.

Mas numa charneca surgiu esta bela flor Que me acolheu nos seus braços de dama Perante a fúria de um passado ainda recente Seguindo por sinuosos caminhos cobertos de lama.

Assim fui raptado naquela madrugada ao tempo Já que ela viu no meu rosto a sólido Olhando a estrada que atravessava o jardim da vida Enquanto a minha alma se afastava do meu coração.


Por isso acordo com esta revolta Zangado comigo mesmo por não saber Como amar ainda mais esta bela dama Que dorme ao meu lado e que adoro ver.

E enquanto como um automóvel se afasta Os meus actos e acções se vêm na hora Levando para longe o que resta neste dia Ao amar um pátria malfada por ora.

Já que este país que vivo também amo Não chegando aos calcanhares da bela dama Mas sofro pelo mesmo a cada segundo Desejando renovar a alma despedaçada por trama.

Escrevo assim neste dia festivo que vivo Escrevendo perante uma madrugada tão triste Cada palavra que digo adeus ao passado Como escritor amado por sua conta em riste.

Pois atravesso nesta vida um jardim Que já foi em tempos quase perfeito Só me resta continuar amar tão bela dama E desejar um dia ser aquele poeta eleito.

São Paio de Oleiros, 2011 / 07 / 07 ANTÓNIO CRUZ


“MANIA DE ESCREVER”

Tenho a mania de escrever, eu sei Em qualquer lugar por onde passo Esteja onde estiver, escrevo frases sem lei Como quando vejo a Lua no seu espaço.

São fases que tenho como a Lua Escrevo em segredo ou mesmo à vista Por isso levo comigo uma folha crua No bolso das calças procurando uma pista.

Pois assim percorro os jardins da vida Como as fases da minha amiga Lua Num ir e num vir da palavra perdida Sigo livremente pela poesia feita na rua.

É a minha perdição de momento que sigo Enquanto a minha alma dita nesta vida São as fases que procuro encontrar comigo Desejando escrever sempre à minha querida.

Por isso levo uma caneta e folhas vazias E por onde passo escrevo algo na hora Tentando não provocar assim algumas azias Escrevendo na escuridão ou no dia, por aí fora.

Sigo assim sozinho tentando não estar sozinho Descobri em mim estas fases de poesia Que vão e vêm em segredo pelo caminho Duma forma insustentável neste calendário sem dia.

Não sou um astrólogo arbitrário tentando adivinhar Pois reinvento esta para meu uso Que faço aqui nestas folhas diárias sem olhar Nas quais por vezes até a mim pareço confuso.


É que tudo gira numa verdadeira roda-viva Trazendo uma certa melancolia sem interminável fuso E não sendo um Saramago ou mesmo um Pessoa Escrevo com vontade própria e uma caneta uso.

Visto que as palavras caiem no papel Como se fossem “catotas” tiradas do meu nariz E não encontro ninguém que o faça assim Perante as fases da Lua desejando ser feliz.

Pois um dia desejo ser alguém nesta vida E por isso escrevo o que é só meu Não sendo dia de ser o que peço hoje Escrevo com mania de este mundo ser só seu.

E quando chegar esse mesmo grande dia Amarei todas as palavras que então escrevo Já que num outro dia desapareceu no céu A esperança, mas a qual ainda hoje transcrevo.

Talvez por isso provoque uma certa orgia Ao ser uma simples e única pessoa Utilizando palavras livres não sendo assim caçado Pois eu escrevo tudo aquilo que me sou.

Já que neste jardim da vida e estando a ver Que não sou a caça nem sou seu caçador Apenas tenho esta pura mania de escrever Sendo ainda um aprendiz de um futuro escritor.

Sendo o fruto proibido nesta vida assim dita Com uma insustentável forma de ser e viver Percorro este caminho pró inferno da escrita Atravessando atalhos, do paraíso onde quer morrer.


Já que atingirei uma morte santa, assim sonho Podendo encontrar um anjo neste atribulado caminho Que faça despertar ao qual não me oponho Pois tento conquistar com esta mania não estando sozinho.

Em tempos findos obtive a resposta que pretendia Ao ser-me oferecido um amor carregado de paixão Perante uma pergunta que aos poucos matando me ia Surgindo sobre um problema que parecia não ter solução.

Uma mão nesta escrita estendeu, em forma de manto E também sobre a forma de desejo com ilusão Carregando em mim a sua luz de Espírito santo Abrindo as portas para este jardim com coração.

Talvez por isso esta minha mania não foge Perante um mundo esta forma bem poética Já que sem este amor que sinto hoje Não servia a ninguém nesta minha escrita eléctrica.

É assim esta minha mania de escrever Que me leva a percorrer este enorme jardim E como as fases da amiga Lua que guia meu ser Conseguirei um dia atingir aquele tão desejado fim.

São Paio de Oleiros, 2011 / 07 / 13 ANTÓNIO CRUZ



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