chave da poesia 050

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ANTÓNIO CRUZ


ANTÓNIO CRUZ


“ PREFÁCIO DE UMA VIDA”

Escrevi num mês distante, trinta e tantos, poemas a fio sem parar, numa espécie de êxtase. E hoje, é um dia triunfal da minha simples existência, nesta minha vida. O que se seguiu depois de alguma tinta ser gasta e muito papel ter sido utilizado; só sobrou um cesto de papéis cheio, foi o aparecimento de um novo “Poeta – Escritor”. Tudo isso, se verificou no continuar do pequeno Sonho de Criança que há muito tempo vinha a desenvolver no meu interior, utilizando pequenas rimas ou alguns pensamentos muito sugestivos da minha maneira de ser. E de ter vivido quando criança e também algumas situações, já como adulto. Desculpem – me, o absurdo da frase; mas apareceu em mim um enorme desejo de transcrever para o papel algo com sentido ou mesmo sem! Era simplesmente aquilo que vindo do meu eco interior ou directamente da minha mente, ditava por palavras ou frases simples, numa leitura rápida, e a minha mão escrevia para um bocado de papel. A expressão que sobressaia no meu rosto era a de um pequeno sorriso esboçado quando terminava mais um tema, mesmo que esse não tivesse muito sentido! Mas, era como se tivesse restituído alguma vida aos mais simples “poemas” ou “contos”, que eram para mim algo profundo mas muito belas. Só que por vezes, bastava unicamente o esboçar de um sorriso para me agradar e aquilo que acabava de transcrever logo por si existiria numa folha de papel sentindo toda a sua magia sem sequer poder falar! E, num certo dia, à noite quando relia tudo aquilo que já havia escrito em simples rascunhos, por vezes, revia ali a minha própria sombra retractada. Eram, e são, simplesmente memórias, brincadeiras, ou mesmo chamadas de atenção para o mundo em que vivemos. Sei que um dia alguém as vai poder ler e as irá existir na prateleira da sua biblioteca para quando este ser já ter abandonado o planeta Terra. Um simples risco da minha curta vida ficará lá conservada, para sempre todo o sempre como sinal da minha pequena existência terrena! E, só assim poderei viver eternamente, por milhares de anos a fio, recordando a Alegria, a Tristeza, o Amor, a Solidão e tudo aquilo que tiver dado a este Mundo! Mas, uma coisa Eu sei, que serei alguém que existiu um dia neste “Universo da Escrita”!... E essa recordação ficará para sempre nas memórias de todos, sendo como aquele que deixou um “Verso” quando morreu, e talvez seja a “Profecia” de uma vida!...

Mozelos, 2000 / 10 / 10 TONY CRUZ


TITULO

LOCAL / DATA

0

PREFÁCIO DE UMA VIDA

MOZELOS, 2000 / 10 / 10

1

SENTIMENTOS II

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 12 / 29

2

DEFEITOS

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 01 / 05

3

ANDEBOL DO IDEAL

MOZELOS, 2011 / 01 / 06

4

MINHA FORMA DE ESCRITA

SILVALDE, 2011 / 01 / 08

5

MINHA POESIA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 01 / 11

6

MENTIRA DA VERDADE

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 01 / 14

7

CHAVE DA POESIA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 01 / 17

8

OLHAR

MOZELOS, 2011 / 01 / 23

9

NESTE TEMPO II

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 01 / 27

10

AS MARÉS QUE SURGEM

MOZELOS, 2011 / 01 / 28

11

ALEGRIA AO ESCREVER

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 01 / 31

12

NESTE MEU MUNDO

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 02 / 03

13

SONHAR

SILVALDE, 2011 / 02 / 05

14

SER FELIZ

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 02 / 10

15

VIVER A POESIA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 02 / 11

16

NESTAS LINHAS

MOZELOS, 2011 / 02 / 13

17

JÁ QUE…

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 02 / 15

18

ÚLTIMO ACTO

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 02 / 17

19

ESCREVO

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2011 / 02 / 18

Em "Chave da Poesia" procuro sonhar Com a minha forma de escrita sem olhar Prós meus defeitos com sentimentos escrevo Já que ser feliz procuro ser e assim me atrevo. Escrevo também a minha poesia livremente Nestas linhas com mentira da verdade atempadamente Visto que as marés surgem como chave da poesia E fazem -me viver com alegria ao escrever neste dia. Pois neste meu mundo faço viver a poesia No andebol do ideal como se pedia Neste tempo que me resta em último acto Escrevo assim tudo como um simples facto. São Paio de Oleiros, 2011 / 02 / 21 TONY CRUZ


“SENTIMENTOS” (II)

Escrevo sobre sentimentos que estão escondidos Assim escrevo porque me ocorre escrever Uso o tempo como desculpa para fuga Para uma vida que não consigo descrever.

Não perguntem o porquê de escrever assim Já que penso em tanta coisa nesta vida Que por vezes confundo o real com a fantasia Que já não sei o porquê de escrever sobre vida perdida.

Já não sei mais se sonho ou se vivi Uma vida repartida neste tempo esquisito Por isso falo e escrevo o que penso Que até os meus segredos não omito.

Pois já escrevi sobre tantas coisas da vida Que quase já não sobram segredos para contar As palavras que escrevo o vento as leva Ficando um pouco do que guardei para amar.

E nestas folhas escrevo com um sincero Mas despretensioso suspiro pela vida que levo, Nestas folhas soltas como rascunhos de vida Que amo cada palavra que até então escrevo.

Este amor que tenho é tão verdadeiro Que chega por vezes a sufocar meu coração E talvez tudo o que escrevo seja pouco original Mas escrevo assim o que penso e falo com emoção.

E que seja este amor que sinto em mim O mesmo despir da minha alma solitária Através das palavras que escrevo com verdade Para atingir um caminho livre da minha opressão diária.


Por isso tento fazer para compreender as coisas Mas que nem sempre são fáceis de entender Já que me sinto sozinho nesta minha escrita Vendo a minha alma ao espelho querendo desfalecer.

Pois escrevo assim livremente sem reflectir Naquilo que escrevo sem nada saber Sobre os devaneios perdidos pela vida que levo Mas que por vezes são achados enquanto vou adormecer.

Já que os vou talvez perder num tempo sem tempo Não sabendo nada do que acho que sei Enquanto suspiro mais forte ao sofrer assim Escrevo com um vento inquieto, pois também assim fiquei.

Ao rever memórias de um tempo já esquecido Perante uma loucura sem fronteiras impostas Para uma dor sentida outrora sem olhar Escrevo em frente ao espelho quadras sem ter respostas.

Vejo agora um olhar brilhante à minha frente Que mais parece um pisca-pisca pedido simplesmente Talvez é ou será uma lâmpada das ideias Por cima da minha cabeça libertando uma semente.

Já que nada sei daquilo que acho hoje Ou escrevo perdendo a alma poética Que tento revelar ao mundo com dignidade Ficando assim quase nada da minha nobre ética.

Mas mesmo assim escrevo com amor Pois não sei, se existem ainda duvidas por ora Sobre as minhas coisas incomparáveis para poeta Mesmo sendo um aprendiz neste mundo sigo estrada fora.


Pois sei que existem coisas estranhas Neste mundo que sigo, conseguindo mesmo as sentir Cheio de vida passando as escrever nestas folhas Como rascunhos incertos, mas que não deixam de existir.

Por isso escrevo procurando uma chave Para que a minha poesia possa entrar No mundo da concorrência que é a vida Salvando as minhas palavras no tempo que vou esperar.

Já que alguns entendem os meus sentimentos Assim vou escrevendo o que me convêm agora Ao ler as estrelinhas do meu destino cruel E avistando um horizonte com esperança por ora.

Já que todos avistam um horizonte no escuro E eu já quase nada mais acho que sei Principalmente com este bater de coração poético Vou brincando com as palavras que jamais sonhei.

Resta-me neste fim salvar os meus sentimentos Abrindo a porta à minha poesia de aprendiz Reconquistando sempre com amor as belas palavras Para este meu final escrevendo como um poeta feliz.

São Paio de Oleiros, 2010 / 12 / 29 ANTÓNIO CRUZ


“DEFEITOS”

Sei que nesta vida nada é fácil E como todos posso ter defeitos E viver a mesma ansioso e muito natural Ficando irritado algumas vezes como os eleitos.

Mas uma coisa é certa não esqueço Que a minha vida é como uma empresa É talvez a maior deste mundo Mesmo sendo um aprendiz não é surpresa.

Pois só eu é que posso lutar, Para que a mesma não vá à falência Evitando assim mais alguma tragédia neste mundo Para o qual já estou ficando sem paciência.

Sei que ser feliz é reconhecer tudo E que vale a pena viver simplesmente Apesar de todos os desafios e incompreensões Assim enquanto surge uma crise atempadamente.

Passando a ser feliz enquanto posso escrever Deixando de ser vitima dos problemas da vida Ao tornar-me autor da minha própria página Construindo a minha história já perdida.

Procuro assim atravessar desertos imaginários Que se encontram fora de nós simplesmente Sendo capaz de encontrar um oásis No mais recôndito canto da alma livremente.

E ao agradecer a Deus por este talento Que tenho como aprendiz de nobre escritor E cada manhã assim parece um milagre Que a vida me propõe como um autor.


Sendo autor das minhas palavras vivas Que transformam a minha nobre alma Passando a ser feliz nestas linhas curvas Que a vida demonstra libertando uma calma.

Pois nestas páginas que escrevo agora Procuro não ter medo dos meus sentimentos Ao não conseguir escrever sobre mim De uma forma clara faltando palavras como alimentos.

Encontrar nas mesmas páginas uma chave Que me possa dar acesso à vida Passando a saber falar de mim com coragem Ao ouvir um não de uma boca escondida.

Assim talvez consiga receber uma crítica Atingindo uma porta aberta como segurança Mesmo que a crítica seja plena de injustiça Já que sou um verdadeiro medricas desde criança.

Mas não são esse momentos que nesta vida Me levam a sentir a falta da amizade Ou do verdadeiro amor de alguém enquanto escrevo Vendo o amanhã surgir com toda a sua liberdade.

Sentindo um aperto no meu coração poeta Ao ver a pessoa dos meus sonhos ao lado Podendo abraçar seu corpo nu com esperança E que a minha alma defeituosa saia do pecado.

Sonho assim podendo ter muitos defeitos Mas uma coisa é certa nesta vida Só tenho que amar, quem amo hoje E nunca dando a minha escrita por perdida.

São Paio de Oleiros, 2011 / 01 / 05 ANTÓNIO CRUZ


“ANDEBOL DO IDEAL”

Em tempos findos deste nosso tempo Alguém trouxe à terra da Vila Madalena Momentos de glória para o seu desporto Escrevendo os mesmos na história com uma pena.

E através das suas duras mãos Manuel Martins Sem olhar à raça ou algum estatuto social Procurou encontrar assim de bola na mão A chave para o sucesso sendo tudo igual.

Nasceram do nada e de verde e amarelo Eles se vestem sempre com um ideal Crescendo aos poucos com garra no andebol E com orgulho tentam triunfar até ao final.

Hoje de verde e amarelo como suas cores Vão embelezando a sua Vila a Madalena Levando pelo país fora seus atletas amadores Que jogam por amor à sua camisola e sem pena.

Crescem assim do nada e tão pouco Vivem o andebol com muita paixão Gritam cheios de sentimentos e afincadamente Com alma pura que lhes vai no seu coração.

Viva o Ideal Madalenense dizem todos Num gritar único no campo e na bancada Só desejam mais uma vitória mesmo sofrendo Sendo o clube das alegrias e sua embaixada.

Porque este clube é a embaixada da Vila Situados pelas terras à beira de Gaia Com mestria e respeito representam o seu andebol E sem demagogias jogam até que alguém caía.


Caía sim, o pano no final do jogo, Já que sem o seu andebol eles sofrem Sendo a garra da sua terra Vila Madalena Vão vencendo como gente humilde e não morrem.

A sua fúria trás uma loucura sã Com uma paixão à mistura revelam por Portugal As suas notas musicais neste desporto com alegria Sonhando sempre mais para o seu clube o Ideal.

Pois o sonho também dele faz parte Dando vida e residindo neste belo desporto Sempre com jovens de nobreza e ideal Sem olhar a meios tentam atingir novo porto.

E como sinal único de solidariedade social Recebem o apoio da comunidade e suas gentes Vestindo de verde e amarelo como suas cores Praticam este desporto sem fronteiras como sementes.

Pois nesta vida existem objectivos como limites E os seus são oferecer a liberdade aos jovens Assim de bola na mão atravessam o nosso país Levando o nome do Ideal Madalenense como Homens.

Com paciência e um pouco de loucura Vão vencendo e conquistando o nosso Portugal inteiro Demonstrando a sua alegria e sem nunca a perder Vão sonhando em um dia virem a serem “O Primeiro”.

Essa mesma alegria pois a querem conservar Por entre gritos de folia vindo das bancadas Com uma melodia os seus adeptos o fazem Sofrendo ao longo das suas loucas jornadas.


Tendo o verde como cor da sua esperança Vão procurando dentro dos pavilhões a honrar Com suor e lágrimas lutam até ao fim Tentando sempre não perder, mas sim ganhar.

Vivem assim o andebol no Ideal com amor A sua enorme paixão é desejar sempre vencer Tendo o fair-play como sua meta também Sabendo que são ainda pequenos, mas bons no aprender.

Circula assim a bola nas suas mãos De um pivot até chegar a um outro ponta Mais um golo procuram, sem cessar marcar Porque só assim atingirão a sua conta.

Renasceram com ajuda dum grande homem Manuel Martins de seu nome e da paixão Trazendo orgulho e respeito à Vila Madalena Com muito sofrimento e pelo meio muita emoção.

Hoje nesta poesia homenageio o andebol do Ideal E este “amigo” deixando estas minhas palavras como sinal Que da Vila Madalena conquistei todo o respeito Não esquecendo como chave a sua amizade sem igual…

Mozelos, 2011 / 01 / 06 ANTÓNIO CRUZ


“MINHA FORMA DE ESCRITA”

Escrevo esta minha escrita livremente Sendo certo que muitos não a entendem Como é certo que eu mesmo por vezes Não os consigo entender para onde pendem.

Sei que escrevo assim para mim Sendo mais que um simples facto Expresso-me nesta forma de escrever hoje Multiplicando as minhas formas de escrever no acto.

Pois possibilito ao mundo neste mostrar A minha razão de escrever assim Por vezes de forma sincera a escrevo Mas outras vezes se torna abstracta até ao fim.

Certo é que não sei escrever diferente É a minha forma de única para a poesia Encontrei assim a chave para a escrita Abrindo a porta do meu coração certo dia.

Muitos não entendem esta minha escrita Mas isso não a glorifica nem a desvaloriza Qualquer tipo de palavras que utilizo Sendo o meu refúgio não utilizando o “VISA”.

Sei que sou um enigma nesta arte Ao não existir por vezes uma certa linguagem Já que a mesma se torna explicita Para mim mesmo ao faltar uma imagem.

E o que significa esta minha forma Só sei que assim a escrevo livremente Pois nem sempre as palavras precisam de ser decifradas Apenas devem ser sentidas e vivenciadas secretamente.


Compartilho assim a minha escrita secretamente Sem saber ao certo onde vou parar Já que a importância deste me acto diário Faz a minha alma obter uma vivencia sem parar.

Por essa razão sou um simples sonhador Ao aprender a viver com esta minha forma Abrindo a porta do meu coração poético Com a chave da escrita que me retoma.

E nesta forma de escrita ideológica Muitas vezes sinto sempre a nostalgia E por vezes é também invertida no tempo Sem ter um saber único nem alguma lógica.

Mas como costumo dizer nada importa Já que nem sempre sou na vida compreendido Pois se compreendessem tudo o que escrevo Não suportariam esta minha alma de filho perdido.

É que tudo o que se passa hoje comigo Muitos não suportariam os meus devaneios Nem poderia ser o que sou agora Ao escrever livremente nestas folhas sem ter meios.

Já que sinto em mim os ecos do passado Que a minha mente não esquece simplesmente Sentindo o silêncio que a vida escreve Num silenciar discreto nesta alma incessantemente.

Pois mesmo assim não se sente incomodada Dando asas à liberdade na minha escrita Caindo se for preciso no abstracto secretamente Já que novamente escrevo o que a vida dita.


Talvez por isso muitos não entendam Esta minha forma de escrita aprendiz Abrindo a minha alma com a chave da poesia Sem encontrar os problemas que vêm desde petiz.

Já que não sou concreto no que escrevo Mas não minto quando por vezes invento Palavras ao calha, vindas do vento Norte Fazendo de mim um abstracto poeta do momento.

Pois os meus sonhos e desejos nestas linhas Vou escrevendo embora muita gente não entenda Que sou assim um poeta aprendiz da vida E repelente da escravidão dos doutores sem lenda.

Chego ao fim desta forma e sem maneiras Com palavras por vezes incompreendidas de vida Jogo agora fora a magia desta minha poesia Nestas linhas secretas com alma poética escondida.

Silvalde, 2011 / 01 / 08 ANTÓNIO CRUZ


“MINHA POESIA”

Da minha poesia alguns dizem Que a mesma tem alguns problemas Mal qual é o problema desta escrita? Quando nela sinto liberdade surgindo ás resmas.

Pois não quero ser um doutor Apenas desejo ser livre neste escrever Sonhar e concretizar o meu sonho Não mentindo a mim mesmo neste querer.

Simplesmente quero e desejo concretizar Este meu sonho, que tenho como objectivo, De um dia ver nas montras um livro Mesmo que seja abstracto ou esquivo.

Não minto quanto a este sonhar Já que tenho também sonhos e desejos Ao conseguir escrever livremente hoje Esperando neste lugar a ordem dos despejos.

Mas essa ordem vou sempre esperar, Já que de concreto tenho a morte Como final para esta minha vida Não querendo ser pessimista espero-a à porta.

E durante o meu tempo de espera Espero realizar o meu sonho de poeta Com esta meia poesia de aprendiz Vou escrevendo até ao final sem peta.

Pois só assim funciono enquanto escrevo Tento viver em prol do que acredito Realizando o meu mundo da escrita Não perdendo as meras ocasiões onde dito.


Dito assim nestas folhas que escrevo As palavras que ocorrem no momento Descobrindo um mundo fantástico na ocasião Aprendendo muito com o que escrevo tendo sentimento.

Pois assim descubro este mundo poético No qual sou um poeta mesmo aprendiz Porque as palavras que utilizo são incompreendidas Mas demonstram como assim sou bem feliz.

E os meus anseios de maior subjectividade Deixo ao acaso tentando não ter complexidade Já que tento deixar este meu legado Ao mundo de seres sobreviventes com igualdade.

Mesmo que seja por enquanto anónimo Percorro as ruas como um simples transeunte sem idade Passando simplesmente pelas monstras onde jogam Aqueles livros de outros poetas cheios da sua felicidade.

Já que esses atingiram os seus sonhos Podendo expressar-se de uma maneira impar Com a totalidade singular nas suas poesias Que são expostas ao vento neste mundo sem parar.

Assim dito nestas linhas que também sonho Em um dia viver sobre pseudónimo de poeta Com jeito para sobreviver neste mundo cruel Tendo apenas palavras para tirar de uma gaveta.

Pois essa mesma gaveta contém meu sonho Que desejo transformar um dia com felicidade Embora digam alguns que a minha escrita Não tem espaço neste mundo sem igualdade.


Procuro nestas palavras uma chave mestra Que abra a porta à minha poesia E que possa revelar ao mundo poético Que também sonho ser poeta um dia.

São Paio de Oleiros, 2011 / 01 / 11 ANTÓNIO CRUZ


“MENTIRA DA VERDADE”

Senhores da escrita apresento hoje, Neste clube da poesia este poema No qual escrevo verdades com mentira Elevando o meu sonho como lema.

Já que a vida está longe De ser um mar de rosas Ao se revelar na minha consciência Em forma de rimas e prosas.

Atiro assim para estas folhas A minha ira de poeta aprendiz Por entre sorrisos maldosos bem audíveis Escrevo sonhos de um menino feliz.

Pois seus sonhos têm pura fantasia Descrevendo falsos personagens nestas galerias Percorrendo ilhas sem vaidades descritíveis Já que delas fazemos parte como maresias.

Nestas linhas descrevo a inocência Com uma certa cobardia por entre segredos Que o mundo revela no seu dia-a-dia Provocando ao aprendiz de poeta alguns medos.

Já que por pura malandragem vive O mesmo mundo nestes sete dias Que a semana leva sem melindrar E que nós vemos surgir aos meios-dias.

Mas o mundo do poeta é irreal Já que vive o seu sonho de poeta Onde transforma as suas nobres palavras Numa sequela de rimas sem ser treta.


Só assim ele se mantém igual Perante um mundo de desiguais Pegando na sua chave ele abre A porta da sua poesia para os normais.

Livra-se assim de toda a malandragem Que impera na mentira da vida Tentando conservar a pureza da escrita Ao se livrar da verdade com que lida.

Pois assim consegue se manter À margem da razão sentida Conservando a sua imagem inteira e verdadeira Com a pureza do seu coração dividida.

Talvez por isso o poeta sonhe Ao viver a mentira das palavras suas Sonhando com aquilo que não pode ter Já como um bandido morre no final das luas.

Luas essas que alimentam seu sonho Virando por vezes galã de novelas Descrevendo a sua paixão de homem ideal Mas que lhe falta o quê conseguindo apenas mazelas.

Pois nem todos os dias ele vive, Como se fosse Natal já que sofre Ao viver a mentira desta vida urbana Que o mundo impõe até que ele morre.

Mas para si a sua nobre família O faz parecer manteiga aquecida e derretida Sendo ultrapassado no circo da vida Fazendo de palhaço ao lhe pregar uma partida.


Assim a embalagem que o envolve É aberta por uma chave falsa Libertando-o da sua corrente com loucura Que aos portões está preso como uma balsa.

O seu corpo carregado de sonhos O faz selar a sua mente poética Despejando as suas sementes pelos livros Que escreve em segredo de forma patética.

Mas nunca desmente a sua verdade Mesmo que a mesma fede prós senhores Que levam a sua escrita com amargura Através da passadeira dos tais grandes doutores.

Levante-se assim alguém desta plateia Já que mais ninguém o fará hoje E aquilo que só a mim compete escrever O farei eternamente, pois este vicio não foge.

Senhores, declaro agora que sou poeta Ao ter entrado para este clube agora Pois a mentira é a minha única verdade Que despejo da minha boca para fora.

Assim vou continuar a escrever livremente Utilizando as palavras que me compete E não preciso que alguém me ordene Já que sou um poeta livre e competente.

Mesmo sabendo que está perto o fim Desejo que tudo possa continuar igual Ao amar a minha donzela para todo o sempre E esta minha escrita que chegou ao final.


Pois assim me despeço até breve Enquanto preparo mais uma fornada de poesia E hoje é Sexta-feira de uma nova vida Dando inicio a uma nova novela cheia de fantasia.

Só desejo continuar a escrever poesia Já que abria a porta do meu coração Podendo amar a mentira da minha verdade Limpando assim os meus pecados nesta confusão.

São Paio de Oleiros, 2011 / 01 / 14 ANTÓNIO CRUZ


“CHAVE DA POESIA”

Subi até à montanha dos vícios À procura de uma chave perdida Para que pudesse abrir a porta Podendo assim chegar a uma nova vida.

Só que pelo caminho atravesso O vulcão dos desatinos estando vivo Sinto o medo circular na minha alma Por entre os ventos do Norte em simples calma.

Pois já atravessei um reino desconcertante Chamado de reino da barafunda do Buda Onde imperava um não saber autárquico Já que por lá ninguém mandava e nada muda.

Assim por entre as linhas da vida Escrevi as linhas dum sonhador secreto Que admirava a vida que levava então Sonhando sempre em um dia ser descoberto.

E por tempestades de rimas passei Tentando chegar a um porto seguro Sentindo sempre o medo das palavras Que os outros escrevem sobre o escuro.

Já que segui sempre um sentido O sentido que atravessa a noite Procurando então matar a minha sede Ao desejar descobrir a velha do Açoite.

Por isso já de tanto andar sozinho Esperei sentado nos bancos da Primavera Que uma dama vestida de flor Pudesse na hora matar a minha fome derradeira.


Que já tinha descoberto pelo caminho Ao ver que a vida estava a mudar Sonhava assim como aquele velho sonhador Que pelo caminho encontrei no seu caminhar.

Virando na hora um escritor de hoje Ao poder utilizar as minhas palavras Que já algum tempo estavam escondidas Dentro da minha capa do tempo com favas.

Pois nem tudo eram favas contadas Como diz o povo lá do Açoite Já que naquela terra reinava a voz Que não se escondia da louca noite.

Encontrei um novo sentido na vida Ao ver a fortuna da Lua Que descobriu o véu do tesouro escondido A uma dama vestida de flor nua.

Já que no seu coração puro Uma chave estava perdida de paixão E de onde partiu em busca dum novo amor Sacudindo as semente que procuram perdão.

Por isso procurava os recados das nuvens Onde pudesse descobrir o verdadeiro caminho Que me levasse até à montanha dos vícios Pois talvez lá encontrasse aquele seu carinho.

Já que a chave da poesia encontrei Nesta longa fadiga que o tempo demonstrou Ao não perder a esperança do amor E quando nada previa ela então se revelou.

São Paio de Oleiros, 2011 / 01 / 17 ANTÓNIO CRUZ


“OLHAR”

Sentado na beira da cama Olho em silêncio para aquela beleza Que diante dos meus olhos surge Apesar da distância meço a sua realeza.

Meus olhos fixam seu corpo E vão comendo aos poucos e poucos Cada curva sua medida ao milímetro Sem perder pedaço seu é de loucos.

Assim a desejo sentado neste quarto Vendo-a despir-se a esta distância Já que insisto neste meu olhar De porco vadio mergulhado na pia.

E pela sua ilha viajo meus olhos Contemplando sua beleza que nada nega Sentindo o seu cheiro e calor húmido Que suas mãos nela e simplesmente esfrega.

Ao atravessar a sua saia nesta visão Faço o meu filme com um certo facto Revejo o seu corpo nu à minha frente Onde muitas vezes me refúgio com tacto.

Vejo assim sentado na beira da cama O seu corpo de mulher numa dança Sinto o meu ser incendiar com tal visão Não negando que a amo como uma criança.

Já que nessa hora o meu pudor Nada mais lhe resta naquele momento Embora tudo não passe de um simples olhar Sinto o meu corpo vibrar com sentimento.


É como se sentisse o seu toque Numa sabedoria de mulher para mim fatal Com uma cadencia que bate ritmada Dentro de mim não tendo uma chave final.

Pois a mesma chave poderia abrir A porta do meu fogo interno em chamas Perante dada entrega do seu corpo De mulher com o vicio de várias almas.

Já que seus seios assim demonstram Que a sua vontade é de serem livres Perseguindo o meu olhar de bicho em cio Que tanto a deseja sem ser preciso dribles.

Pois assim dou caça a esse momento Sentindo um aroma no ar de gozo Perante os seus seios tão belos Ficando tenso só de imaginar a visão de esposo.

O peso do meu corpo sentado na cama Não me deixa erguer desta nossa cama Seguindo-a com o meu simples olhar vadio Perante a sua presença feminina com chama.

A mesma impresso no seu corpo moldado, Ficando contra este nosso leito cheio de desejo Procurando a chave que me liberte neste momento Já que as minhas costas tocam no mesmo em despejo.

Percorro assim o seu corpo desde o chão Enquanto toca no seu corpo o meu olhar Cheio de cio e garra faminto de desejo E a minha cabeça circula no céu sem parar.


Pois neste olhar chego aos céus E ela nota o meu sufoco vadio Tendo o dom de me hipnotizar livremente Com a sua dança ficando sentado sem pio.

Já que nota ser só minha Por isso me faz sofrer simplesmente assim E já completamente nua deseja que a possua Basta ser só com o meu olhar por fim.

Mas seu corpo reclama e quer preencher A sua alma faminta nesta mesma hora Sendo altura de utilizar a minha chave vadia Com postura poética terminando assim por ora.

Mozelos, 2011 / 01 / 23 ANTÓNIO CRUZ


“NESTE TEMPO” (II)

Procuro ter tempo para escrever Sabendo que o tempo é quem manda Pois o memo passa e nem me apercebo Como tudo é simples ou tempo para saber.

Passa assim o tempo por mim Como um simples vento nas planícies Ou mesmo ao cair da tarde Como grãos de areia espalhados num jardim.

Já que os mesmos por entre os dedos Foge a cada instante de um momento Ou num simples sono profundo surgindo Num tempo reclamado pelo sentimento.

Pois o tempo passa livremente por mim E vai deixando sempre as suas marcas Com um leve rastro de saudade Cravando na minha pele as suas estacas.

É certo que as saudades do tempo Que já passou ficam cravadas em mim Como um sinal da vida que se tatuo-a Num sentido único bem perto do fim.

Mas visto que a saudade é assim Basta uma simples brincadeira de criança Para redescobrir o tempo que passou E sentir saudades de um amigo como lembrança.

Já que do amor também não esqueço Enquanto escrevo com tempo de saudade Pois na verdade tudo por o que passei Escrevo as minhas lembranças sem ter idade.


É que o tempo que passa correndo Faz sorrir e doer o meu coração Já que fico sem tempo para escrever Tudo o que recordo desde o Outono até ao Verão.

Assim fico pensando naquilo que faço Ao escrever sem tempo do tempo nosso Que o próprio voa sem parar um pouco Ficando dentro de mim algum remorso.

Já que recordo as tardes que dormi Sem gozar o tempo perdido do qual fugi E as horas que passei contemplando o mar Sentado olhando o horizonte, mas isso escrevi.

Pois perdi o tempo em conversas banais Ficando um simples beijo ou um abraço Naquele tempo por dar e deitados fora Assim recordo o que podia ter desfeito o laço.

Um laço que amarrava o meu tempo Enquanto sonhava acordado com sei lá o quê Olhando o horizonte longínquo sem fim Jogando palavras ao vento sem ter um porquê.

Já que inocentemente como um burro humano Deixava fugir um beijo ou um abraço duma amada Negando com palavras não ditas pelo tempo Que sonhava acordado com mais alguma fada.

Pois se pensar que tudo isto assim foi Foi tudo uma perca de tempo precioso Só me resta então confessar o mesmo Desta forma e assim escrevo sem ser pretensioso.


Já que a vida me vai ensinando Aquilo que mais tenho que ser Ao me aperceber do que tenho que fazer Escrevo tudo mais com tempo que me resta sem perder.

É que tempo já perdi e foi algum, Visto que o tempo não é nada mais Se eu não for o seu nobre aliado Assim como de mim próprio nestes meus anais.

Pois já não duvido da sua força Enquanto escrevo com algum tempo de sobra Transformando tudo com uma formula mágica E alma poética ficando por fim esta obra.

Assim sou capaz de transformar este mundo Em que o tempo passa a correr sem parar E a onde um sonho passa a ser realidade Através do tempo que corre num simples olhar.

Hoje com tempo transformo as palavras Mais que uma bela frase escrita de amor Pois só o tempo é capaz de transformar Este meu coração em tempos vazios cheio de dor.

Já que corro também neste tempo Só que hoje estou duplamente apaixonado Para deixar o tempo passar sem poder escrever Os sentimentos que sinto estando abalado.

Abalado pelo tempo que passou apressadamente Tudo corria num simples piscar de olhos Revelando uma vida de rotina diária Como a que tenho por ora estando aos molhos.


Por isso espero mas não parado Neste tempo que corre com esta pura verdade Escrevendo sem parar sobre esta dupla paixão Que o futuro revelou com uma certa liberdade.

São Paio de Oleiros, 2011 / 01 / 28 ANTÓNIO CRUZ


“AS MARÉS QUE SURGEM”

Desta minha origem poética espero Poder um dia receber os meus louvores Enquanto fumo um último cigarro escrevo As palavras que surgem dum ramo de flores.

Como nas areias surgem também sinais Que ficam escritos no tempo vulgar Que me levam a escrever sem fim Procurando não esquecer de também amar.

Já que esta vida é um dominó Surgindo neste milénio em forma poética Embora seja ainda um simples aprendiz Descubro nos livros uma veia com ética.

Pois essa mesma veia é lei Enquanto bato nas teclas do crime Procurando fugir do ritmo desta vida Encontrando o meu cantinho onde rime.

É que sou como a coruja solitária Sofrendo com paixão nesta escrita Vendo as folhas brancas dançarem livremente Na ponta da minha caneta que assim dita.

E ao ser também como um lobo solitário Descubro esta minha veia poética Sentindo que o meu sete está em branco Apesar deste meu dia não ter uma médica.

Já que me dói o coração estando ferido Por não ter tempo que sobre para escrever Estas minhas notas como um navegador, Neste espaço que levo com tanto sofrer.


E mesmo que tenha feito mil juras À dama que amo neste meu viver Procuro ter a sorte como minha companhia Nesta paixão cheia também de belo prazer.

Já que certo dia um sábio Lá da rua por onde vivia Me fez sentir a importância do amor Mesmo estando solitário como ele dizia.

Assim um dia fiz uma aliança Para lá das dunas da minha praia Revelando ao mundo através das águas Atirando ás mesmas uma mensagem dando raia.

Pois isso era tudo o que não queria Ao descobrir o meu amor eterno assim Roubando o mesmo ás garras do pudor Transformando os nossos corpos sem ter fim.

É que seguia pelo caminho solitário Como um caminhante perante o seu imaginário Sempre tentando não ter medo nesta vida Ao ver o azul da esperança pintado neste diário.

Já que sou um cavaleiro de Cristo Nesta minha aventura terrestre de agora Procuro descobrir nesta minha teia poética A paz que em tempos se foi simplesmente embora.

Pois, das grades que fui prisioneiro fugi, Foi uma fuga para a luz como jovem mineiro Que dentro duma gruta escura e sem ética Sobrevivia ao mundo dos autores como o primeiro.


E sabendo que não sou um senhor Ao circular pelo meio das belas damas Procuro apenas ser um António pensador Nestas linhas que percorro cobertas de lamas.

Utilizando as minhas mãos de coleccionador Vou escrevendo com as canetas de pronto Afastando de mim os demónios de vermelho Que se vestem assim não estando eu ainda tonto.

Mesmo sendo um templário de nome Não sou neste tempo um doutor lírico Sofrendo pouco a pouco com esta doutrina Ao viajar no comboio do céu como próprio critico.

Fugindo assim da estrada do inferno Que em tempos percorri solitário e sem fim Descobrindo dentro de mim este mesmo dom Virando aprendiz poético sentado no meu jardim.

E andando com um papel no bolso Passei a poder escrever em qualquer local Sentindo renascer as raízes dum novo viver Sobre as linhas horizontais sem ter um final.

Visto que esta minha escrita de hoje É de uma beleza pura e com muito sentir Não tendo um stop neste meu escrever Aponto as palavras que a vida me faz sorrir.

Pois nestas mesmas folhas parto cacos Ao escrever com a minha tinta venenosa Letras a fio, elevando assim o meu templo Que se tornou sagrado nesta vida ranhosa.


E por vezes construo castelos de água Com lágrimas que brotam de mim Que provocam sangue no meu coração Após tanto tempo de sofrimento parecendo não ter fim.

Mas aos poucos vou mostrando nestas linhas Um puzzle de quadras com as cores dos legos Como se fosse um mago de sangue nesta vida Cavando as palavras que escrevo por entre regos.

Já que sou um poeta bem pacífico Naquilo que escrevo no meu dia-a-dia Não querendo perder as marés que surgem Termino por ora mais esta minha poesia.

Mozelos, 2011 / 01 / 28 ANTÓNIO CRUZ


“ALEGRIA AO ESCREVER”

Circulo pela praça da alegria Num tempo que corre procurando palavras Já que sinto falta duma vitória Que me leve esta solidão das bravas.

Pois a mesma vitória procuro solitário Visto que a sedução ficou pelo caminho Ao sentir o toque dos velhos espíritos Quando ainda sentia um pouco de carinho.

Visto que formei a minha república Num tempo que percorri com glória Formada pelos espelhos virtuais do tempo Que ficou marcado pelo meu dia-a-dia.

Sigo assim à velocidade total Nesta minha escrita em forma de ser Já que a vida também tem esplendor Mesmo estando cravada de espinhos sem se ver.

Mas como amizade está sempre presente Me foi oferecida uma chave para abrir A porta ao meu coração amargurado e azedo Entrando no clube dos rebuçados e adocei-o sem sorrir.

Já que não sei sorrir nem tão pouco Como devo falar aos senhores doutores Pois as balas saem em frases repartidas Atingindo o meu ser carregando as suas dores.

Entrando assim num carrossel vivo em agitação Mas não sabendo como então me divertir Sendo um solitário no meu ocupado dia-a-dia Pró meu canto sou provavelmente o último a fugir.


Pois entre as balas do dia-a-dia Circulava fugindo delas como do diabo Já que o mesmo assim da sua cruz foge Evitando ser pregado não sendo ele um nabo.

E das frases simples vou retirando rimas Para poder compor os meus versos Que atravessam a minha soma das vírgulas Não sabendo como terminar a conta dos adversos.

Já que as marcas da teia ficaram Gravadas no meu corpo de jovem solitário Procurando eu fugir como o diabo derrapei Surgindo uma suave traição neste diário.

Ao ser traído apenas no papel Levou-me a conquistar um novo horizonte Sentindo o gosto da mesma paixão Que antes tinha negado ao atravessar a ponte.

E da ponta da pena que escreve Deus escreveu direito por linhas tortas Ao demonstrar a minha matriz de cartão A uma dama em flor embelezando as tortas.

Assim continuo circulando por esta praça Pregando a minha alegria ao escrever Terminando sentado num banco solitário Desejando apenas tão cedo não morrer.

São Paio de Oleiros, 2011 / 01 / 31 ANTÓNIO CRUZ


“NESTE MEU MUNDO”

É tarde já nesta noite de Inverno Em que mais parece até ser Verão Saio de carro à rua sozinho Procurando ideias para alguma nova canção.

Só preciso de ter um momento Para afastar de mim algum medo Faço uma ligação directa sem certeza Que faço esta bem neste enredo.

Já que atravessei em tempos campos Saltando arame farpado de vedação Cravando o mesmo no estreito corpo Fazendo sangrar o meu pobre coração.

Pois não sendo uma estrela de cinema Percorria as avenidas em plena solidão Tentando encontrar uma companhia naquela hora Que pudesse fazer de mim a sua paixão.

Pareço um garoto no seu carro Como se tivesse um brinquedo novo Mas sei que não passo de um pobre Sentado ao volante de um carro do povo.

Falo sozinho nesta minha viagem Vagueando pelas minhas ideias bem confusas Procurando uma chave que me dê acesso A um encontro de belas damas lusas.

Já que mais nenhuma são tão belas Como as nossas damas acendo os faróis Seguindo estrada fora nesta noite escura À procura de um bom par de sóis.


Já que o cheiro do couro vestido Excita a minha imaginação poética Paro um pouco na berma da estrada Escrevendo à Lua minha companheira frenética.

Pois sou pai de dois filhos espertos Mas tenho a sensação que me falta algo Nesta vida que desse a cara de bandeja Escrevendo na solidão e correndo como um galgo.

Existindo algum tipo de complicação conduzo Perante uma estrada vazia no tempo agora Diz a minha dama de companhia lá em casa Que vivo sozinho ao sair pela porta fora.

Passo a noite sem ter uma amante Mas engano toda gente, pois uma tenho É esta escrita que abraça o meu viver E perante ela vivo a maior paixão que desenho.

Pois existe um rasto do seu perfume Por onde passo a qualquer hora do dia Já que as palavras desta minha amante Invadem o meu ser com ternura como se dizia.

E por ela sou capaz de dar A minha cara sem ter medo Enquanto sussurra a minha dama de companhia Estando tão perto à distancia dum dedo.

As suas palavras soam aos ouvidos Enquanto conduzo estrada fora bem sozinho Sinto que falta algo sempre durante o dia Que passa sem ter tempo faltando carinho.


Um carinho que sei que recebo Quando ela me leva a dançar livremente Durante a noite ou mesmo o dia Estando nós por conta própria sossegadamente.

Já que também prometi algures no tempo Que poderia ser um dia feliz com ela Passando a ser a minha dama de vermelho Ao abrir o meu coração solitário, é a minha bela.

Pois um dia disse ao telefone que amava Este meu ser conforme é sem rancor Já que sou um prisioneiro do amor oculto Mas a sua luz teima em mostrar uma flor.

Paro mais uma vez este velho Mazda Dando pisca para encostar à berma Meditando na sua dança matinal com pecado Que me leva a meditar como idiota de trema.

Escrevo mais um pouco nesta confissão Imaginando a minha bela esposa em flor Mostrando o seu corpo nu a este velho idiota Que não aprende nada da vida ficando em dor.

Visto que ela diariamente me lembra Que não estou só nesta vida mal fadada Não encontro a chave para desligar esta solidão Que me leva afastar aos poucos da minha amada.

Pois estou já atrasado neste trabalho sozinho E mais que uma suposição sinto o seu perfume Ao deixar um rasto pela casa e no carro Que me leva sempre acender o meu lume.


E as crianças que em casa estão Reclamam também a minha atenção diária Pois não sei mais que fazer desta vida Ao sentir que me falta algo tipo “Maria”.

Estou eu aqui neste meu velho carro Ao sabor das luzes neste transito nocturno Esperando que passe do vermelho pró verde Com saudades de a casa regressar para novo turno.

Já que no meu leito espera uma dama E que por mim demonstra todo o seu carinho Revelando à minha alma então solitária Que neste meu mundo não estou sozinho.

São Paio de Oleiros, 2011 / 02 / 03 ANTÓNIO CRUZ


“SONHAR”

A chave para esta rude vida É poder sonhar com tudo aquilo Que quisermos e podermos ser hoje Nem que seja como um simples esquilo.

Pois podermos sonhar com tudo O que quisermos ser sem barreiras Porque o sonho tem a sua vida E nele depositamos uma verdade sem fronteiras.

Já que assim podemos fazer tudo O que se quer ou se deseja Conquistamos assim a felicidade ao sonhar Como se fosse uns lábios que se beija.

As dificuldades desta vida passam a doce Que barramos simplesmente no pão à colher Tornando-se forte o nosso sonhar diário Pois derrubo aqui a tristeza humana ao escrever.

Já que como humano também sonho Comandando a minha vida ao escrever Assim encontrei certo dia esta chave perdida Passando abrir as portas novas de outro ser.

Quando não tinha já esperança alguma Consegui assim ser feliz na poesia Vendo os rostos felizes das pessoas Ao lerem as palavras que então escrevia.

E nada melhor que uma amizade Para melhorar todas as coisas más Apresentando nestas folhas um sonho novo Cheio de oportunidades que parecem de fás.


Sigo desde aquele dia livremente Por este caminho sem medo de sonhar Procurando o meu milagre de sofredor Já que uma flor tenho para amar.

Pois a felicidade aparece sempre na vida A todos aqueles que choram de dor Por aqueles que se magoam no dia E para aqueles que procuram a sua flor.

Já que não perdem a sua esperança E por isso tentam o seu sonho encontrar Reconhecendo que nada é fácil nesta vida E o futuro lhes reserva um novo saber amar.

Passam assim esse futuro mais brilhante Baseado num passado intensamente por si vivido Entre os sucessos e os insucessos da vida Mas dentro de si reservam o amor então escolhido.

E quando se sabe perdoar os erros Se ganha uma batalha por si já perdida Em que as decepções do passado passam Cruzando um novo caminho para esta vida.

Pois a vida é curta para se viver Mas as emoções que podemos deixar, Duram uma eternidade como simples sementes Plantadas nos livros da vida sem parar.

A vida não é só de brincar Já que um belo dia toda gente morre Não deixando cá nada para sua semente Se não tivermos as raízes como uma torre.


Pois a torre leva anos ou séculos A ser destruída estando bem edificada E como uma boa amizade fica neste mundo Para todo o sempre assim bem memorizada.

Como tudo nesta vida procurei também E aos poucos vou deixando esta minha semente Aos povos que nesta terra habitam sonhando Que um dia talvez este sonho siga em frente.

Sabendo que nada é fácil nesta vida E como um sonho comanda a vida Só me resta sonhar sem perder sequer Um dia de ter a esperança dada como perdida.

Silvalde, 2011 / 02 / 05 ANTÓNIO CRUZ


“SER FELIZ”

Hoje ando devagar, mas sem tempo Porque já tive muita pressa de fazer O que deixei ontem de fazer para hoje Sem sequer ver um sorriso neste ser.

Já chorei demais no passado presente Mas hoje sinto-me forte e bem feliz Enquanto escrevo com liberdade o que sinto E quem sabe se não é este o meu destino com raiz.

Pois só levo a certeza neste momento De que muito pouco sei do futuro Escrevo assim que nada sei hoje Procuro agora a chave deste meu muro.

É certo que o mesmo tem um portão Que se abre para a minha nobre poesia Que dou a conhecer ao mundo de manhã Ao escrever rimas cheias de perfume da maresia.

E ao sabor das massas trinco a maçã Que liberta a minha alma pró pecado Já que preciso de amor para pulsar Quando sinto que estou sem receber um recado.

Um recado que fará que minha alma Que se liberta ficando com um sorriso de paz Podendo escutar a chuva que cai lá fora Enquanto escrevo aquilo de que sou capaz.

Penso que assim ao escrever hoje Cumpro parte da minha vida num florir Mesmo que a mesma seja muito simples Sinto a sua grandeza em mim se esculpir.


E assim começo a compreender esta marcha Que numa frente simboliza uma nota de vida Como já me sinto a ficar velho para poeta Vou trocando as horas e os dias nesta lida.

Sigo nesta longa estrada que acalcanho Procurando um Sol que ilumine a alma Tentando fugir à escuridão do tempo passado Descubro aquele sorriso que me traz a calma.

Já que a estrada que sigo sou eu Levando folhas brancas para nelas poder escrever O quanto me sinto forte neste meu viver Como poeta que sou desconhecendo ainda meu ser.

Pois levo pouco tempo de aprendizagem nesta vida Apesar de já me sentir um velho ditador Mas começo a conhecer as manhãs com manha Podendo fugir à dor como um novo conquistador.

Recorro à escrita perante um mundo que amo E não passo um dia que não escreva Ou não chore sobre estas linhas horizontais As gotas da vida como presente de quem se atreva.

Amo assim mais um dia que chega hoje E outro que se foi embora na sua certeza Mas cada um compõe esta minha história Rica em palavras e rimas, contendo uma certa beleza.

Pois é certo que preciso de amor Para poder viver esta vida poética Com a dama com que vivo em paixão Que trás a paz a esta minha forma patética.


Já que hoje ando devagar nesta estrada Porque já tive pressa de percorrer caminhos E que agora levo com sorrisos de crianças Visto que já chorei demais ao me faltar carinho.

E porque cada um de nós compõe A sua história nesta vida de stress diário Talvez por isso carregue comigo este dom Sendo assim capaz de ser feliz neste naufrágio.

São Paio de Oleiros, 2011 / 02 / 10 ANTÓNIO CRUZ


“VIVER A POESIA”

Sinto neste meu gosto indomável Uma fracção de linhas por preencher Ao ver que se aproximam de mim Os horizontes de Julho, continuando a escrever.

Assim somo todas as vírgulas Que surgem nesta forma de escrita Procurando preencher um vazio que sinto Ao atravessar os campos à vista.

Pois no mesmo surge uma ponte A qual baptizei de A.M.C.O. Já que atravesso a mesma silenciosamente Procurando ser comigo sempre franco.

E sobre o campo que atravesso Vou largando as sementes de Setembro Visto que guardei as mesmas num bolso Desde aquele dia e isso eu me lembro.

Escrevo aqui nestas folhas dobradas Que fotocopiei para meus rascunhos Já que delas dependo todos os dias Ao tomar apontamentos de todos os cunhos.

E como o Natal já passou Desejo do fundo da minha alma Que o mesmo seja para todo o sempre Já que preciso da paz com muita calma.

Pois neste inicio de ano novo Que começou há pouco tempo escrevo Cheio de mágoas que vão surgindo No meu trabalho que nem as elevo.


Quando simplesmente procuro um rosto novo Nesta fase da minha vida atribulada Tento alcançar a chave mestra da poesia Com o amor oferecido da minha amada.

E como um elemento vivo nesta corrida Circulo estrada fora nestas minhas linhas Sentindo que uma chama está bem acesa Elevando as letras que formam as poesias minhas.

Já que nelas demonstro uma outra face Ao me refugiar com sentimentos escondidos Que este mundo rebelde forma livremente Sem olhar a meios mesmo sendo fodidos.

Assim subo sozinho a escada dos verbos Fugindo também a uma cruzada instalada Pela ganância de uma outra dimensão Tendo sempre comigo o amor da minha amada.

Pois sou um peão nesta cruzada forçada Limitando-me a escrever notas soltas com vida Registando nelas a raiz do meu viver Andando por campos de vista perdida.

Mas nem por isso largo o papel Já que o mesmo está sempre no bolso Para que não deixe as ideias fugirem Enquanto trabalho esperando a chegada do almoço.

Transformando-me assim num simples cozinheiro Misturando as frases que ouço e leio No meu dia-a-dia mesmo cheio de stress Procuro esconder a minha poesia desse meio.


Já que este mundo é uma arma Que dispara suas balas do dia Sentindo a importância das pessoas que passam Elevando as suas vidas enquanto eu fugia.

Pois as suas vidas também são importantes Deixando a sua marca perante a morte Talvez por isso procure encontrar a chave Que possa abrir a porta à minha sorte.

Escrevo assim este meu livre refúgio Nestas linhas horizontais olhando o horizonte E não deixando escapar o mundo que rodeia A minha dimensão como poeta desta fonte.

Já que esta fonte está viva E para mim brota gotas de paixão Recebendo o seu amor como minha glória Estando destinado a viver a poesia de coração.

São Paio de Oleiros, 2011 / 02 / 11 ANTÓNIO CRUZ


“NESTAS LINHAS”

Neste meu palco da fantasia sinto Ao escrever sem fronteiras como bravo desta oração Seguindo uma corrente de génio minha Procurando uma chave para abrir o meu coração.

Pois assim abro a porta da sombra Divagando letras livres nestas folhas Perante os vestígios perdidos da minha alma Fazendo parte dos mestres e melhores trolhas.

Já que atravesso o oásis como vagabundo Ao ser um conquistador vindo desde rapaz Escrevendo por cada canto estando ainda perdido Neste mundo de literários mesmo sendo capaz.

Proponho nestas linhas uma aventura final Escrevendo os meus sonetos das estações Levando a minha alma com as lágrimas Que no tempo perdi ao descobrir as emoções.

Navegando assim pelos mundos desconhecidos Com a minha nau encantada da poesia Rimando sobre as ondas sem ter um estilo Que vou fazendo por locais secretos da maresia.

Visto que procuro atingir o patamar Que a fama dita aos senhores doutores Reservando para a minha escrita de aprendiz Numa rota com os sorrisos enfeitados de flores.


Já que amo as flores dos campos Pela sua beleza e pela sua liberdade Já que as suas pétalas são levadas Pelos quatro cantos do mundo com igualdade.

Pois assim estas minhas rimas reservam Um dia se poderem espalhar também livremente Através dos murmúrios que o mar destinou Ao ser mosqueteiro dos meus poemas em semente.

Visto que esta mesma semente vai crescendo E talvez um dia a possa fazer florir Já que sou um homem por si amado Apesar da solidão que bate à porta a sorrir.

Vou vivendo assim como um cromo Que já não tem cura para este amor Que sente ao escrever as suas palavras De tão incurável que é só vê a sua dor.

Mas uma missão a Norte executou Como sentença ao descobrir a paixão Revelando ao mundo uma flor tão bela Que conquistou com riqueza o meu pobre coração.

Sendo assim a força de uma profecia E nesta minha liberdade, as palavras transformou Enquanto escrevo estes versos soltos livremente Desejando ser inventor de profissão, pois a mesma se revelou.


E onde as vozes de outros autores poéticos Influenciaram esta minha forma única de escrever Ficando os meus pontos de reflexão aqui escritos Ao ser um réu da razão em forma de ser.

Já que nestas linhas descobri simplesmente A minha ilha das recordações ao nela viver Esta minha escrita livremente como minha cruzada E assim espero continuar a sonhar sem nunca morrer.

Mozelos, 2011 / 02 / 13 ANTÓNIO CRUZ


“JÁ QUE...”

Não poderia um dia ser feliz Se não encontrasse a minha chave Já que a mesma liberta esta poesia Que estava bem encerrada numa cave.

Já que é difícil alguém ser feliz Se não encontrar a sua chave própria Já que é fácil ser e provocar a tristeza Recordando no seu dia-a-dia sua memória.

Já que é fácil dizer alguém que ama Sentindo dentro de si sempre nada Visto não ser fácil falar a verdade Mas para isso escrevo à minha fada.

Já que para mim é bem difícil Valorizar o amor que tanto sinto Já que também o posso perder facilmente Basta não saber amar enquanto minto.

Já que é difícil agradecer este dia Que hoje vivo podendo assim escrever Assim como é fácil amar e poder viver Mais um dia que passa sem ser preciso esconder.

Já que me é difícil ver esta vida E tudo aquilo que ela mostra de bom Sabendo que é bem fácil fechar os olhos E atravessar a rua deserta escutando o som.

Já que me é difícil convencer-me De que posso ser feliz nesta vida Ao saber que me falta sempre algo Que possa completar a minha alma perdida.


E como é bem difícil a mim Fazer alguém sorrir estando a sofrer Já que me é mais fácil fazer chorar Sofrendo como sofro passando a escrever.

Já que também me é difícil estar Ou mesmo me colocar no lugar de alguém Já que me custa olhar para mim próprio Quando erro não sei pedir desculpas também.

Pois é difícil pedir perdão nesta vida E muito gostaria de saber quem disse um dia Que é muito fácil ser perdoado pelos erros Já que alguém também errou enquanto lia.

Já que nada é fácil saber se arrepender Quando se sente algo e não se diz Já que não é fácil falar o que se sente Ou encontrar alguém que perdoe a este petiz.

Já que sou petiz nesta vida dura E que apenas deseja escutar o amor Reclamando para mim uma parte do mesmo Enquanto escutava palavras difíceis cheias de dor.

Pois é difícil ver certas coisas nesta vida Mas quem disse que era tudo tão fácil Já que tento escutar a voz do nosso coração Que vai reclamando um amor por si tão vil.

E se alguém ama como eu amo É difícil saber entregar-se de corpo e alma Já que eu só queria ser um poeta feliz Mesmo procurando a chave que me trouxesse a calma.


Já que nem tudo é fácil nesta vida E eu apenas desejo poder assim escrever O que dita a minha alma poética neste dia Já que nada é impossível a um poeta neste querer.

Já que se tiver a minha certeza fixa Nada me será impossível de poder escrever Só preciso de acreditar neste meu sonho Já que assim tornarei este desejo belo de se ler.

São Paio de Oleiros, 2011 / 02 / 15 ANTÓNIO CRUZ


“ÚLTIMO ACTO”

Podendo ser este o meu ultimo acto Já que de repente se foi a vida Uma vida tida como meu lamento Perante um suspiro do vento nesta ferida.

E como uma lágrima partindo da chuva Lavou o Sol como nunca estão, visto Já que a olho nu o mesmo se via Deixando de brilhar num canto misto.

Procurei então nas palavras descobrir livremente Uma chave perdida enquanto bate o coração Mas com uma certeza ficando de parte Já que me perdi no tempo ficando por Marte.

Enquanto por lá fiquei divagando Pois um tapete vermelho foi estendido Simbolicamente e bem lentamente também Por um campo cheio de rosas escondido.

Demonstrando ser esse aquele caminho Onde acompanhado pelo anjo iria passar Avistando flores por todos os cantos E escutando músicas solenes no seu tocar.

Pois uma multidão se agita de pé Aplaudindo sem parar aquela música triste O porquê? Não sei daquele toque sem cessar Os sinos tocam e os clarins prós lados do mar.

Só penso neste meu último acto Escrevendo e mais escrever sem parar Já que nos olhos brilha uma luz Que surdam a minha arte de amar.


Pois neste terreno que piso agora Se move perante a chegada do rei Sorrisos largos ditam as minhas palavras Passando as mesmas a serem a minha lei.

E nestas folhas escrevo assim livremente Já que só me resta a saudade Ao se fecharem as cortinas deste mundo Em que este meu amor se revelou profundo.

Procuro em vão a chave perdida Que o tempo levou para o céu Destinando aos meus olhos suas lágrimas Cobrindo um corpo nu apenas com um véu.

Precisando eu destes meus desabafos Vou escrevendo com os meus olhos secos As palavras que surgem no tempo Com lágrimas do repente virando ainda mecos.

Pois as lágrimas secaram num passado Ao caírem gota a gota em criança Esvaíram-se como fio de água Pela terra que pisei cheio de mágoa.

Já que passei a ser um navegador Pelo mar da poesia ao ter nele desaguado Vindo do rio que lavou meu coração Livrando minha alam de morrer afogado.

É que aos poucos aprendi a nadar Neste mar da poesia podendo também rezar Agradecendo a Deus por este meu dom Ao avistar a sua luz para lá do altar.


Passei assim a ver como é belo O amor que uma chave o abriu Deixando opaco o meu passado e fechado Escrevendo torto ao meu ser hoje amado.

Pois esse meu ser amado floriu Mostrando o seu coração claro e sereno Livrando-me assim das lágrimas do passado Que entupiram a minha alma no seu pleno.

E os raios solares passaram a mostrar Todo o seu brilho no solo fértil O qual piso cheio de alegria hoje Enquanto escrevo estas palavras vivas de réptil.

Já que também rastejo por vezes Enquanto o Sol queima em fogo ardente Não evitando a sua chama poética Sigo neste mundo duma forma patética.

Mas quanto isso meu coração poeta Deixou de chorar o seu passado Já que descobriu a chave desta sua poesia Andando pelos desertos e campos num cavalo alado.

E assim escrevo este meu último acto Vendo o mar revolto sobre o meu horizonte Pedindo a Deus que chegue depressa o Verão Sentado por ora perto desta bela fonte.

São Paio de Oleiros, 2011 / 02 / 17 ANTÓNIO CRUZ


“ESCREVO”

Sinto uma ausência dentro de mim E talvez tenha razão para a sentir, Já que estou sentado esperando o fim É esta saudade que sinto a me ferir.

Vai ferindo a minha alma tardia E não tenho razão para poder acusar Seja a dama da minha companhia Ou mais alguém que surja neste lar.

Pois em tempos fiz um pacto implícito Que rompi como um véu velho Hoje sinto-me um ser bem esquisito Que dorme pela calçada sem espelho.

E sem se despedir se foi embora Vagueando pelas ruas sem jeito Procuro uma chave que atirei fora Quando em tempos fiz pacto num leito.

Pois assim acabei por ora a vida Ao detonar o meu coração de poeta Sem mostrar aquilo que amo em ferida Rompendo o véu sem chegar à meta.

Já que a vida em geral é comum E por isso ia vivendo assim em solidão Sem explorar os rumos de um jejum Que o tempo marcou como eterna paixão.

Escrevo na obscuridade do tempo infinito Ao procurar aquela chave que está definida Sem ter prazo para nova consulta e espírito Já que recebo provocações como ave ferida.


É que sobre o limite do Universo As folhas vão caindo sem hora de marcado É que na hora de caírem surge um verso No reverso da hora como meu fado.

Tento assim antecipar esta hora Que marca o dia e a ausência Neste poema com o ponteiro que cai lá fora Enquanto enlouqueço na hora faltando paciência.

Visto que por ora esta página riscada Estando a ver as horas passarem estando parado Já que poderia ter beijado a minha amada Após tanto tempo perdido e sem pecado.

Pois agora pergunto que poderia fazer Para apagar esta eterna ausência Já que neste acto continuo a escrever Não ousando sentir a falta da demência.

É que sobre estas linhas da calçada Enlouqueço sem saber nada do que escrevo Tendo apenas razão para sentir uma espada Que atravessa a alma como uma folha de trevo.

Procuro nesta ignorância a saudade ausente Por conveniência em tempo pedida aos outros Pois por horas escutei palavras estando doente E nos bolsos faltava-me ter alguns trocos.

Quando procurava obter o gosto da poesia Escutava no silêncio a voz do mestre poeta Moldando as sílabas sábias com maresia Não sendo banal nem mesmo sequer forreta.


Hoje aqui sentado procuro a certeza De que possa encontrar aquela famosa chave Retirando à minha alma a sua incerteza Provocando a segurança como minha nave.

Vagueio nestas folhas riscadas Por esta poesia sem tempo ou agrado Escrevo apenas que me acuso perante as espadas Que cravam a minha alma de saudade pelo fado.

Pois assim já não prevejo mais escrever Perante as leis que a minha natureza impõe Não deixo sequer o meu direito de viver Por mãos alheias ao que escrevo como um iõe.

São Paio de Oleiros, 2011 / 02 / 18 ANTÓNIO CRUZ



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