despertar da inocência 048

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ANTÓNIO CRUZ


ANTÓNIO CRUZ


“ PREFÁCIO DE UMA VIDA”

Escrevi num mês distante, trinta e tantos, poemas a fio sem parar, numa espécie de êxtase. E hoje, é um dia triunfal da minha simples existência, nesta minha vida. O que se seguiu depois de alguma tinta ser gasta e muito papel ter sido utilizado; só sobrou um cesto de papéis cheio, foi o aparecimento de um novo “Poeta – Escritor”. Tudo isso, se verificou no continuar do pequeno Sonho de Criança que há muito tempo vinha a desenvolver no meu interior, utilizando pequenas rimas ou alguns pensamentos muito sugestivos da minha maneira de ser. E de ter vivido quando criança e também algumas situações, já como adulto. Desculpem – me, o absurdo da frase; mas apareceu em mim um enorme desejo de transcrever para o papel algo com sentido ou mesmo sem! Era simplesmente aquilo que vindo do meu eco interior ou directamente da minha mente, ditava por palavras ou frases simples, numa leitura rápida, e a minha mão escrevia para um bocado de papel. A expressão que sobressaia no meu rosto era a de um pequeno sorriso esboçado quando terminava mais um tema, mesmo que esse não tivesse muito sentido! Mas, era como se tivesse restituído alguma vida aos mais simples “poemas” ou “contos”, que eram para mim algo profundo mas muito belas. Só que por vezes, bastava unicamente o esboçar de um sorriso para me agradar e aquilo que acabava de transcrever logo por si existiria numa folha de papel sentindo toda a sua magia sem sequer poder falar! E, num certo dia, à noite quando relia tudo aquilo que já havia escrito em simples rascunhos, por vezes, revia ali a minha própria sombra retractada. Eram, e são, simplesmente memórias, brincadeiras, ou mesmo chamadas de atenção para o mundo em que vivemos. Sei que um dia alguém as vai poder ler e as irá existir na prateleira da sua biblioteca para quando este ser já ter abandonado o planeta Terra. Um simples risco da minha curta vida ficará lá conservada, para sempre todo o sempre como sinal da minha pequena existência terrena! E, só assim poderei viver eternamente, por milhares de anos a fio, recordando a Alegria, a Tristeza, o Amor, a Solidão e tudo aquilo que tiver dado a este Mundo! Mas, uma coisa Eu sei, que serei alguém que existiu um dia neste “Universo da Escrita”!... E essa recordação ficará para sempre nas memórias de todos, sendo como aquele que deixou um “Verso” quando morreu, e talvez seja a “Profecia” de uma vida!...

Mozelos, 2000 / 10 / 10 TONY CRUZ


TITULO

LOCAL / DATA

0

PREFÁCIO DE UMA VIDA

MOZELOS, 2000 / 10 / 10

1

INOCÊNCIA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 09 / 16

2

INOCÊNCIA CRTISTALINA

MOZELOS, 2010 / 09 / 17

3

LÁGRIMAS INOCENTES

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 09 / 23

4

VELHO SOLITÁRIO

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 09 / 28

5

FADO DA INOCÊNCIA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 09 / 30

6

INOCÊNCIA POÉTICA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 10 / 01

7

BELEZA DE PELE NEGRA

MOZELOS, 2010 / 10 / 03

8

PENSO INOCENTEMENTE

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 10 / 05

9

PALAVRAS INOCENTES

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 10 / 07

10

LABIRINTO DA INOCÊNCIA

SILVALDE, 2010 / 10 / 08

11

MINHA SINA

MOZELOS, 2010 / 10 / 11

12

ALVORADA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 10 / 13

13

MAIS UM DIA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 10 / 14

14

BOÊMICO

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 10 / 16

15

ENFIM SÓS

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 10 / 18

16

AMÁLIA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 10 / 20

17

DAMA DA MINHA VIDA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 10 / 23

18

A MINHA ESCRITA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 10 / 26

19

CINCO EUROS

MOZELOS, 2010 / 10 / 30

Em "Despertar da Inocência" descrevo A inocência cristalina como minha sina assim a escrevo Sou boémico pela dama da minha vida que a dita E a minha inocência poética assim é escrita. Também escrevo o meu fado da inocência Enquanto espero a alvorada com cinco euros e paciência Percorrendo o labirinto da inocência enfim a sós Utilizando palavras inocentes mas cheias de nós. Mais um dia e a inocência está na frente Ao descrever sobre a beleza de pele negra presente Pensando inocentemente como um velho solitário Vertendo lágrimas inocentes e relembrando Amália neste diário. São Paio de Oleiros, 2010 / 11 / 10 TONY CRUZ


“INOCÊNCIA”

Vejo a inocência de um filho Perante os olhos da mãe em amparo São a essência da vida como trilho Que procura esconder seu encanto raro.

Pois nada se compara à sua vontade De vencer todas as batalhas da vida E com a graça de Deus sem maldade Leva avante a sua força já esquecida.

Nada comparo aos olhos que choram Quando uma mãe sofre de amor Seu rosto se enche de água que molham Os seus lábios em bico sentindo dor.

Para além da vida fica o sentimento Na inocência de um filho sofredor Brotando lágrimas ao mar sem alimento Que a sua pobre mãe perdeu com dor.

Nesse mesmo mar eu sou alguém Que por entre as marés vi mãe minha Afogando-se nas suas mágoas sendo minhas também Conseguindo-me agarrar a uma simples linha.

Foi essa mesma linha a minha salvação Ao receber como ajuda uma mãe flor E não foi pouco a sua ajuda vinda do coração Levando consigo o meu poético mas nobre amor.

Sei que o meu amor é tão pouco Mas ela é tudo para mim de momento Levando-me a ficar sempre muito louco Ao ver o seu corpo de mãe perco-me em sentimento.


E como uma flor enche o meu jardim Ao receber da mãe dos meus filhos seu amor Afogando as minhas mágoas até ao fim Elevando a minha alma com algum sabor.

Não posso esquecer o meu velho amigo Que é o meu pai neste planeta Terra E quando um dia o perder como castigo Chorarei lágrimas após ter perdido esta guerra.

Vou assim nesta minha inocência de criança Sofrendo a cada dia que passa Um duro castigo sem ver a esperança E que o meu coração de aprendiz a amassa.

Posso dizer que por vezes é merecido Já que desde menino tracei meu destino Ao não saber escutar o filho arrependido Visto que hoje também sou pai em desatino.

Pois não sei escutar a voz do coração Ao esconder muitos segredos de criança Que em solidão venceu guerras de “sofridão” Sonhando sempre com a força da eterna esperança.

Assim escrevo sobre os segredos da alma Já que aos olhos do divino Deus Aprendi a escutar o coração com alguma calma Agarrando-me aquela inocência dos filhos meus.

Ao ser um pai “galinha” com emoção Não deixei de amar a mãe flor Nem os pais do filho da solidão Sendo incompreendido neste meu amor.


Já que tenho uma forma de ser Mas sempre existindo dentro de mim Aquela chama carregada de amor sem querer Por isso nesta escrita revelo esse fim.

É que a qualquer momento surge amor Revelando ao mundo por entre linhas A minha inocência que demonstra alguma dor Por amar tanto aquelas mães minhas.

Sabem que quem nos quer ama Coloco acima da vida a minha fé Alegrando e exaltando ao escrever na cama Sobre o meu passado inocente de marcha a ré.

Já que sou um aprendiz de navegador De coração lusitano e poeta da minha terra Amparo assim a minha inocência na flor Que abriu a sua porta livremente à minha guerra.

Ao tirar bilhete quando de Espinho parti Levado pela mão da minha mãe até Silvalde Por lá fiquei procurando um bilhete quando fugi Já que o mesmo estava premiado e caído num balde.

Não deixando com alguma cenas de lutar Que a vida revelou num longo caminho Demonstrando que tudo é mau de se amar Bastando acreditar na mãe natureza embrulhada em linho.

Ao ser autor das minhas palavras e feitio Marco o meu rosto carregando o mesmo de perdão Como um fado hoje canto sendo também já tio Esteja onde estiver, escrevo um pouco na solidão.


Já que vejo nesta mesma escrita inocência Ao ter este sentimento por todos os pais Procuro assim o amparo sem nenhuma ciência Não conseguindo ter encanto paro agora de escrever mais…

São Paio de Oleiros, 2010 / 09 / 16 ANTÓNIO CRUZ


“INOCÊNCIA CRTISTALINA”

Brota daquela fonte uma inocência cristalina Seja de criança ou dum amor puro Mata a sede com uma abundância sentida A quem a recebe com força de um muro.

O muro de quem se apoia Ao precisar de carinho como directriz Sendo esse o seu motivo para viver Neste mundo sem esperança de ser feliz.

A fonte da inocência é procurada Por todos aqueles que a mesma desenharam Com motivo para avançarem nesta vida Procurando o ponto seguro com que tanto sonharam.

Assim se procura por ali receber amor Seja de uma criança ou de um adulto Será sempre uma ponte de um local seguro Que nos liga a esta vida terrena como culto.

Já que a nossa inocência se vai perdendo Talvez por isso nos liguemos ao Pai do céu Visto que Ele nos compreende e nos perdoa Cobrindo o nosso coração com um simples véu.

É o véu da verdade guardado pela criança Pois nesse seu ser se encontra a inocência pura Ao estar cheia de amor e de sonhos Para este mundo que vai morrendo de loucura.

Segue assim, inocente uma estrada escura Em busca da luz para a sua curta vida Caminhando no tempo e sonhando com a fonte Do amor cristalino que possa alimentar a sua lida.


Já que a sua força de querer É mais forte vai resistindo com esperança Segue assim regando cada flor que encontra Com as suas lágrimas que fazem a sua aliança.

Uma aliança de paz e amor bem puro Seguindo estrada fora como os andarilhos Que o mundo projecta sem sentido algum Obrigando aquela criança a entrar em sarilhos.

Tudo isto é feito de uma forma inocente Já que está habituada a colher flores Desde as mais feias até ás mais belas Visto que não faz distensão dos horrores.

Assim a sua inocência dita a verdade pura Ao surgir como um perfume trazido pela luz Já que o mesmo ilumina como uma estrela Assim também quem o cerca como Cristo na cruz.

Já que essa mesma luz foi distribuída Por todos aqueles que crêem na sua inocência Distribuindo amor e paz gratuitamente pelo mundo Bastando para isso ter como uma criança paciência.

Pois essa criança é a estrela guia Ou a nossa pequena estrela da sorte Á luz de Deus é sempre bem pura Não sabendo o que é o mal afastando a morte.

E quando brota do seu pequeno rosto Uma lágrima de sofrimento é como a chuva Que inunda os campos áridos da vida Regando as vinhas de onde se colhe a uva.


Assim como faz também os jardins terem vida Levando a luz a toda a sua vegetação Sendo a sua inocência como os rios Fazendo com que o seu caudal transborde de emoção.

Talvez por isso consiga ser feliz Ao atingir o motivo dos seus sonhos inocentes Fazendo chegar as suas lágrimas com esperança A todas as outras crianças dos vários continentes.

É pura a sua inocência de criança Como a chuva que é esperada como bênção Já que dela depende a vida e a sua continuidade Esquecendo a idade ganha raiz no seu coração.

E como uma árvore que dá frutos A sua fonte cristalina de amor bem puro Faz rebentar a esperança pêra uma vida melhor Derrubando assim qualquer tipo de muro.

Sendo também um seguidor desse amor puro Vou aprendendo a ser novamente uma criança Conquistando a inocência através das palavras Cravo a Deus uma ponta de paz como esperança.

Conquisto assim a fonte da inocência cristalina Aprendendo que o amor pode tudo mudar Escrevo neste momento como uma criança Que procura neste tempo não deixar de sonhar.

Mozelos, 2010 / 09 / 17 ANTÓNIO CRUZ


“LÁGRIMAS INOCENTES”

Na minha inocência peço a Deus Que não me lavem os olhos Para que possa ver o amor Já que as desgraças vêm aos molhos.

Pois preciso de ver e sentir tudo Visto que este mundo que me rodeia Necessita que tape os meus olhos Deixando de sonhar com a paz que escasseia.

Peço assim que me deixem ver O amor que parou à minha frente Estendendo a sua pequena mão de fada Podendo acolher o meu coração doente.

Enquanto vivia na mina perturbante escuridão Deixei de crer para sempre em mim Aceitando uma realidade bem nua e crua Que barrava a caminhada não atingindo um fim.

Deixava-me assim sofrer naquela realidade Mas procurava sonhar um pouco com fraternidade Sentindo que fechavam os meus olhos Lavando o meu rosto com lágrimas da desigualdade.

Fazendo parte de mim as minhas angustias Não conseguindo descobrir aquele desejado amor Começando a morder os meus calcanhares aquela morte Provocando em mim um sentimento de sofredor.

E sempre que saia à rua na hora Levava a solidão com um tédio transeunte Ao passar cada rua fechado os olhos Para não sofrer com uma inocência abundante.


Talvez por isso ladrasse como um cachorro Sentindo-me amarrado por uma trela Em busca de um jardim perdido no tempo Onde os meus olhos pintaram a sua tela.

Já que na mesma coloquei asas Partindo a voar por um grande amor Como os pássaros pelas falésias e sem medo Procurava Primaveras de paixão com muita dor.

E quando num cais ancorava a minha caravela Surgia com uma certa indiferencia naquela multidão Não passando de um simples marinheiro de água doce Perante um mundo falido carregado de solidão.

Foi assim que dessa mesma indiferencia Começou a já não me resta quase nada Ao me julgar perante tantas ilusões Ás quais me agarrava inocentemente procurando uma fada.

Que na voz de uma guitarra portuguesa Inefavelmente atingiu o meu coração madrugador Viajante de sonhos perdidos mas sempre povoados De damas opacas sem rosto carregadas de cor.

Por fim numa viagem atingi a paixão Por entre o canto indecifrável das cigarras Perdido no tempo com os olhos cheios de lágrimas Sendo madrugada utilizando aquelas palavras claras.

Sabendo agora que era o meu começo Já que existe sempre um começo na lida Surge o amor vindo nas águas profundas Pelo leito do rio através duma paixão sentida.


Em que o coração arde fortemente Consumindo pelas chamas vivas do amor Fazendo secar as lágrimas da minha inocência Como a maré perante a qual estremeço de dor.

Mas que ainda saiba da minha inocência Lavo assim o meu rosto nas calmas Ao saber que não era tarde para amar Apesar do sofrimento infligido a todas as almas.

Sabendo então que nunca é tarde E não tarda a minha única vontade é Que sem ti, eu anoiteça até receber amor Por isso escrevo embora inocentemente bem de pé.

Já que no rio das lágrimas inocentes Lavo o meu rosto das suas marcas vincadas Aguardo assim pacientemente no lugar do costume Que chegue a alma que me ama sem usar espadas.

São Paio de Oleiros, 2010 / 09 / 23 ANTÓNIO CRUZ


“VELHO SOLITÁRIO”

Geme o velho solitário estando triste Tentando-se embalar na noite fria e escura Se vai perdendo nos seus pensamentos com loucura Sentindo que a sua vida está em riste.

Canta em silêncio o velho solitário Sentindo o peso da saudade de uma vida Que outrora viveu uma paixão perdido Mas que hoje é um simples campanário.

Está esquecido e enlouquecido na rua Ao se aproximar da solidão, hoje Sendo dominado pela vida e não foge Faltando as forças perante a sua amiga Lua.

Esconde-se assim nas sombras da vida Que outrora conquistou com a sua amada Sofre na solidão cravado pela espada Ficando sem forças para começar nova lida.

A espada da amargura fere o velho solitário Que sem forças e quase sem cor espera a vontade Transpirando suores perante a chuva que cai sem piedade Caminhando pelos campos que as ceifeiras mutilaram em rosário.

Já que também elas rezam pedindo desejos E dormem sobre os velhos sonhos da sua juventude Foram sonhos que sonharam com muita inquietude Fazendo hoje as suas almas sentirem uma mágoa de despejos.

É enorme a sua mágoa, intensa e aguda Desejando mesmo morrer assim o pobre velho solitário Ao não conseguir uma nova atitude no seu diário Já que precisa de nascer de novo mesmo sem ajuda.


Semeando assim pela terra as suas sementes Que em pó se transformaram com muita inocência Precisando de colher com fruto e alguma paciência Uma vida nova alimentando a sua alma de trigos resistentes.

Ele mesmo diz que há muito que penar Para poder voltar de novo a viver a sua vida Uma vida que não se limita a viver como lida Precisa sem mais nada de voltar de novo a amar.

Como muitas vezes pensou só para si A vida não é só dia sim e dia não É abrir a janela do seu pobre coração Para cada nova entrega alucinada e sorri.

Já que é preciso um sorriso liberto Para receber de novo o amor que aumenta Ao sentir que com ele de novo se alimenta Deixando de ser mais um velho solitário a descoberto.

Enquanto transpira de mais um dia que corre Caminhando pelos campos de trigo cultivados Aguarda uma chamada para dos seres abandonados Nesta vida intensa que leva com uma chama que não morre.

Sofre assim o velho solitário com alma Sentado na berma da estrada sem vida Aguardando a vez para mais uma noite perdida Que Deus o leve nessa sua espera sem fim e com calma…

São Paio de Oleiros, 2010 / 09 / 28 ANTÓNIO CRUZ


“FADO DA INOCÊNCIA”

Nasceu o fado da inocência um dia Quando o vento soprava suavemente Despertando o meu coração de navegador Prolongando-se pelos mares e céus simplesmente.

Na amurada da minha caravela Enchia o peito de marinheiro Com alma lusa escrevia a Deus Tristemente estando só em Janeiro.

No meu peito cantava a solidão Com uma inocência por despertar Surgia o fado nas palavras escritas Não sabendo ainda como devia amar.

A minha tristeza era tamanha Que procurava no chão um buraco Percorrendo montes e vales escondidos Levando ás costas o meu barco.

Pousava os meus pés nas folhas caídas Atravessado Portugal até à vizinha Espanha Sempre levando areias da minha terra Chorando todo o caminho sem manha.

Da minha boca de marinheiro saíam Palavras a guilhotinadas pelo tempo vivido Numa inocência descrita sem a despertar Para um amor que nunca tinha sido correspondido.

Na minha frágil caravela naveguei oceanos Morrendo aos poucos por uma canção amargurada Já que o pungir dos desejos escreveu Que era o meu fado na ponta da espada.


A espada da inocência por si marcada Ao sentir os lábios de uma amada Queimando os meus desejos com beijos Neste fado beijando o ar e mais nada.

Pois assim nasceu o meu fado inocente Quando um dia beijei a minha fada Guardando ela no seu coração o triste amor Sentindo que estava vivo, pregando à ramada.

Navego por entre os oceanos guardando segredos Que a minha história marcou com sentido Faço aqui nestas palavras juras inocentes Que Deus escute o meu coração já ferido.

Aguardo neste fado inocente a minha morte Servindo-me do mar que amo para minha sepultura Procurando chegar sempre ao fim de mais um dia E achar quem sabe as palavras para a minha cura.

Escrevo assim este fado da minha inocência Que um dia o vento soprava, mas não bulia Prolongando o meu navegar pelos oceanos e céus Levando a minha caravela cantando até ao fim do dia…

São Paio de Oleiros, 2010 / 09 / 30 TONY CRUZ


“INOCÊNCIA POÉTICA”

Na minha inocência poética de aprendiz Quis um dia vestir a Lua Com um vestido vermelho muito bonito Enquanto arrancava as palavras pela raiz.

Com o seu formato bem viril Deixava o seu corpo feminino arejar Pintava as letras nos seus seios Que então gostava de os poder beijar.

Com uma guitarra tocava para ela As letras das minhas músicas tremidas Fugindo da minha mão a pauta Onde escrevia com palavras de formigas.

Meu amor pela Lua sensual Armava trovas inocentes com eterna paixão Brindava a mesma com o brilho das estrelas Oferecendo flores carregadas de grande emoção.

Era um jovem que até então sonhava Com a beleza da Lua assim vestida Num vermelho picante e bem sensual Dançando um tango de falsa partida.

Ou mesmo uma valsa na noite Bebendo à sua saúde sem ter termo Avançava nessa minha inocência de jornada diária Chegando a ficar de joelhos sobre um remo.

Arrasava assim sobre uma praça pública Amando aquela Lua vestida de vermelho Abraçando a minha almofada na cama Ao avistar aquela estrela sensual num espelho.


Saíam assim as palavras como parra Desejando que aquele barro se formasse Quebrando a minha alma vadia, mas inocente Perante as regras que este mundo tomasse.

Sobre o branqueado do seu corpo sensual Depositava uma enxurrada de beijos em desejo Saltava sobre o seu corpo rasgando seu vestido Que em mim fazia despertar todo o anseio.

Rosas durante o dia colhia nos jardins Saltando as grades e muros sem medo Esperando que a minha amada Lua sensual Aparecesse na noite ficando sozinho rezando o credo.

Lançava as suas pétalas como sementes Ás estrelas vizinhas, provando o meu amor Temendo que ressequidas ficassem as palavras Com que descrevia a minha alma em temor.

Quis tantas vezes escrever este poema Demonstrando o quanto amo a bonita Lua Que ilumina a minha alma poética de aprendiz Levada pela gaivota e pelo vento da rua.

Já que nas suas asas levava o amor Espalhando a noticia como flores ao mundo Sobre a bonita Lua que tanto amo Neste meu sentimento poético tão profundo.

Pois um dia a quis despir com paixão Numa inocência poética de alma lusa Pintando de cor o amor que em jovem sentia Pela minha Lua sensual recebendo em troca uma recusa…

São Paio de Oleiros, 2010 / 10 / 01 ANTÓNIO CRUZ


“BELEZA DE PELE NEGRA”

Peço nestas palavras a uma menina De pele negra cheia de beleza Que siga a sua sina feminina Ao espera na ponta do cais pela certeza.

Olha o horizonte e limpa as lágrimas Que não param de cair desse teu choro Molhando o teu vestido de rimas Sonhando com o futuro para lá do morro.

Nascerá brevemente o teu lindo sonho Através do feitiço do teu corpo sensual Perante uma noite inocente que me oponho Sobre o lençol do teu leito nupcial.

Nessa noite sensual cantaram os anjos De folha de palma em suas mãos Enfeitiçando o meu coração de arcanjos Levado pelas rimas dos teus irmãos.

Mas não saberás como sou inocente Neste meu amor que por hora descrevo Sobre o branco destas folhas como crente Ao sentir minha alma enfeitiçada por um trevo.

Descobri na tua pele a minha sorte Habituado ao balouçar da minha caravela Navegando assim pelas margens da morte Embalando o meu amor por ti minha bela.

Embalado continuo minha negra ainda hoje Sentindo o amor que perdura inocentemente Enquanto sonho ao viajar o teu amor foge Mesmo navegando a todo o vapor e livremente.


Levas assim nessa tua pele a beleza Que as minhas palavras ditam com amor Procuro sobre um oceano a tua certeza Que pelo mato se escondeu com dor.

Visto que tu menina negra fugiste Para esta cidade com um sonho Escondendo a saudade assim tu persiste Perante uma vida nova à qual me oponho.

Sabes agora que um oceano tem vida Muito mais que um rio bem vivo Espera um pouco mais minha querida Naquele cais que se tornou bem esquivo.

Já que o branco não volta mais Nestas linhas que escrevo livremente menina Demonstrando que a tua beleza é demais Representando África na tua pele bem feminina.

Amo-te assim menina negra cheia de beleza Nessa tua forma completa de ser e que envolveste Já que tão negra é a tua pele de moça com esperteza Ao exprimires da tua terra natal essa semente.

Nos teus olhos existe uma certa magia Estando presente um estado de graça inocente Nas madrugadas e noites que revelam o dia Que viajastes dos poentes tropicais livremente.

Como num caleidoscópio surge uma visão Que me inebria como o poder do ópio Nesse teu rosto de menina como um dom Sobre uma pele negra e como sofro Deus “miu”.


És a mais pura magia deste cais Que fez ancorar as minhas letras Em pura magia dos místicos duendes e mais Levando-me a perguntar onde vou parar com estas tretas.

É que já não sei para onde vou Minha menina negra de tanta beleza Que fazes sofrer o homem que sou Só sei que tu me prendes e isso tenho a certeza.

Pois tenho a certeza perante tanta inocência Revelada na tua voz que é tão perturbadoramente Como uma musica balançante atingindo a minha paciência Perante tamanha beleza negra dançando livremente.

E pela noite escura, mas presente a calma Fazes vibrar os meus sentidos de homem Ressoando no fundo o amor da minha alma Ao sentir um beijo teu ainda muito jovem.

Já que sinto e provo a tua inocência E ao mesmo tempo o teu gosto a manga É o sabor da tua boca com uma certa extravagância Que faz as minhas palavras não terem tanta tanga.

Pois nesse teu corpo formoso sem disfarce Fazes realçar a tua beleza negra de menina Num andar dengoso que se agita na minha face Ao chegares perto deste cais cortado por uma lâmina.

É a lâmina da vida que faz despertar Em mim toda a tua inocência em pelo alvoroço Escrevendo liricamente estas palavras sem poder amar Essa tua beleza negra acabando sem ter algum troco.


Sinto que o teu corpo desperta em mim Ao ser convidado para amar a tua negra beleza Sobre o efeito das batidas do batuque sem fim Que impõem o ritmo da paixão inocente com certeza.

Pois nesta minha vida esperei no cais encontrar Um amor negro no vulto de uma flor Fazendo parte dos mês descobrimentos ao navegar Pelos oceanos das mulheres que me provocam dor.

Oh! Minha menina negra de beleza interminável Recebe estas minhas palavras de braços abertos Sem complexo de cor visto o meu amor ser imparável E na sombra fico neste cais de cabelos a descobertos.

Assim grito do mais fundo da alma Como aprendiz de poeta nesta minha vida Procuro em ti beleza de pele negra a calma E encontrar o amor de uma letra algo perdida.

Mozelos, 2010 / 10 / 03 ANTÓNIO CRUZ


“PENSO INOCENTEMENTE”

A inocência num amor por si desperta Levando à loucura um poeta aprendiz Escrevendo palavras com a maior loucura Buscando em si a ponta da raiz.

Pois de todas as despedidas já feitas A que se segue foi a mais triste Suponho que são duas almas comovidas Chorando o desfecho de um sonho em riste.

E se as lágrimas fossem simples flores Que um amado tenha chorado com dor Saindo de dentro e fazendo sangrar o coração No seu peito um jardim formaria cheio de cor.

O amor que se têm com inocência criada Surge uma vontade de não sei de quê Um talvez de dar um simples beijo Em cada pedacinho do corpo que se vê.

E nesse amor não se deve insistir saber Porque se é triste e para onde vai Já só basta o sofrer de um dos seres Que nunca soube amar o que de lá sai.

Não sei porque penso ou escrevo assim Mas sei que o amor faz sempre sofrer Também sei que a verdade um dia vai surgir E o arrependimento por certo o vou, querer descrever.

Pois à noite sonho com palavras sem fim E de dia as descrevo ao pensar no amor Não esquecendo a flor que me faz sonhar Desde aquele dia em que a vi cheia de cor.


A esse amor dedico estas palavras puras Numa inocência perante a vida tão pura Já que o amor nasce e renasce na alma De um poeta levando-o até ao fim para a sua sepultura.

Eu amo assim com uma certa loucura E com uma alegria gravo na minha alma O seu nome florido no meu nobre coração Transmitindo assim as palavras com uma certa calma.

Uma calma por um amor tão querido Mas que por vezes dou pelo mesmo infeliz Porque não consigo perceber o que vai No seu coração ou mesmo aquilo que ela diz.

Mas uma coisa é certa para mim Seu nome está gravado no meu coração E só gostava de um dia conseguir perceber A realidade deste meu amor inocente com razão.

Por isso a saudade me faz escrever palavras Como um simples aprendiz de poeta vadio Pois sempre relembro a liberdade que trouxe o amor Ao meu ser um certo dia ficando sem pio.

Porque ainda hoje não sou capaz De suportar tanta dor que traz o amor Refugio-me assim nestas palavras de inocente Que deseja despertar de uma vida com tanta dor.

Sei que ela pensa em mim todos os dias Porque o meu amor assim a faz crer Nunca esquecendo que a sua luz me libertou De uma vida amargurada aprendendo assim a viver.


E por isso escrevo assim sobre o amor Que me leva à loucura como aprendiz Desejando assim sempre mais nesta vida Que levo através de uma flor com raiz.

E acima de tudo a desejo despertar Desta minha inocência que levo por ora Desejando-a mais que tudo nesta curta vida Tendo como Deus o meu padrinho nesta flora.

Sou assim um aprendiz de poeta inocente Naquilo que escrevo sobre o amor Retirando da minha alma palavras gravadas Por uma doença que me fere de muita dor.

Essa mesma doença me leva ao fim Perante tanta dor não sabendo o porquê Já que amo de coração aberto uma flor Mas sangro palavras que despertam, não sei o quê!

Sigo assim este meu caminho sem fim Levando este meu sentimento até à sepultura Ficando o meu registo nestas folhas em branco Daquilo que penso inocentemente e já sem cura.

São Paio de Oleiros, 2010 / 10 / 05 ANTÓNIO CRUZ


“PALAVRAS INOCENTES”

A inocência de uma criança A leva a escrever no seu despertar Sobre as pistolas e a morte que vê Sabendo ele que tudo serve para matar.

Escreve assim que há pistolas De todas as cores e tamanhos Mesmo sendo diferentes são todas potentes Umas são banhadas a ouro ostras a estanhos.

Como potentes que são as melhores Um tiro, elas sempre mandam Sendo melhor não as experimentar Parecendo os dentes a espetar quando ferram.

Algumas armas não conseguem disparar Outras nem sequer conseguem apontar Pois existe a forma do medo Nesses homens que não querem matar.

São homens que pensam nos inocentes Mas ficam calados para neles não se falar Sobre a violência que vai neste mundo Que só pensam uns aos outros se matar.

São como as árvores que se abatem Já que as mesmas não podem falar Demonstrando assim o tanto que sofrem Neste mundo quando o homem só sabe matar.

Sentem também a dor desse abate Num silencio que a morte trás Sobre o machado ou aquela serra Que corta a sua vida zás; trás; pás.


Assim o homem perdeu o amor Ao longo dos tempos pela vida Pois o amor é como um longo lago Ou mesmo uma flor tão querida.

Já que essa mesma flor Quase sempre não murcha de esperança Por um dia o seu cale não quebrar Dando cor à vida como é a criança.

Pois o amor é difícil de explicar Mas muito mais difícil é o usar Já que é preciso ter o carinho Para que ninguém se possa magoar.

A criança que sonha é feliz Não precisando sequer de chorar Visto que é difícil compreender o amor Que muitas vezes sequer não consegue encontrar.

Assim se torna difícil saber o usar Já que por vezes na sua inocência Provoca os homens com o seu despertar Acabando por um estalo levar faltando a paciência.

É que o amor para si nada é Se ninguém gostar dela tendo paciência Para compreender o seu estado de espírito Sendo preciso a mesma procurar uma resistência.

Procura assim a criança na inocência Um lugar nesta vida ao estar sozinha E por vezes até abandonada nesta vida A um canto sem ter sequer uma avozinha.


Utiliza assim as suas palavras Numa vozinha rouca de criança perdida À procura de um simples sonho Sem armas ou violência ficando esquecida.

Só que por Deus ela é adorada Já assim dizem as suas palavras santas -“Deixai vir a mim as adoradas crianças” Com os seus sonhos inocentes embrulhados nas mantas.

Desejando sempre ser um menino adorado Porque sabe como O deve amar Já que ele navega num mar de sonho Procurando o amor sorrindo num abraçar.

E abraçado ele deseja ser por quem sabe E quem sabe como o julgar atempadamente Já que nele vão encontrar aquele amor Deixando-o nadar pelos sonhos livremente.

Pois nas suas palavras inocentes vão encontrar Um despertar novo para este nosso mundo Ao poder respirar sem existirem as guerras Que o levam ofegar num sofrimento profundo.

Aproveito assim as palavras deste inocente Para descrever os seus sonhos de criança Que só deseja a paz para este mundo Visto que no seu coração só existe esperança.

São Paio de Oleiros, 2010 / 10 / 07 ANTÓNIO CRUZ


“LABIRINTO DA INCÊNCIA”

No labirinto da inocência ela despertou Com o nascer de uma flor Abrindo caminho perante a solidão Que se formou ao faltar o amor.

Abro assim a minha mão Para poder colher essa flor Que com carinho busco a razão Para o meu coração sentir amor.

Escrevo nas paredes do labirinto Palavras que me trouxeram traição Juntamente com o negro da noite Sentindo assim esta nova pressão.

É um labirinto, negro este Que vai dar aquela rua Que fica prós lados do Oeste Não conseguindo ver a amiga Lua.

Aí de mim que não pressinto Como a Lua está longe de mim Procuro uma passagem nesta inocência Que despertou em amor por fim.

Já que talvez aquela passagem Carimbasse no rosto da minha flor Como uma estrela de outra margem Recolhida ao relento da noite sem cor.


Tudo não passa de um desgosto Que tão negro é este meu labirinto Que vai dar à uma rua Na qual o amor eu não sinto.

Vou continuando a escrever nas paredes Como se fosse um simples fantasma Seguindo o meu instinto agarrado ás redes Desenhadas no céu tendo um ataque de asma.

Agarro a flor pelo seu cale Numa gentileza sigo neste labirinto Com a outra mão fechada pelo medo Suando abruptamente por causa do que sinto.

No meu rosto desenho a inocência De outros tempos ao faltar aquele fulgor Como criança era sem medo e paciência Viajando pelos caminhos de terra batida sendo jogador.

Pois jogava sobre tudo e todos Sonhando sempre ao despertar cheio de esperança Nada era demais ao procurar o amor Que fugia de mim sendo eu uma criança.

Assim nada foi ou nada será simplesmente Se conseguir finalmente sair deste labirinto Com ajuda das palavras que escrevo secretamente Pelas paredes do mesmo que assim o pinto.


Vou decorando o negro da traição Que surgiu um dia na minha rua Encolhendo os meus ombros, pois então Não sabendo mais o que fazer à Lua.

Já que ela brilha no seu lugar Procurando hoje mostra-me qual o caminho Que devo tomar para atingir uma passagem Acabando agora por achar este meu trilho.

Silvalde, 2010 / 10 / 08 ANTÓNIO CRUZ


“MINHA SINA”

Passa por mim uma linda cigana Com o seu ar inocente, bem assim Vejo no seu rosto aquela beleza Que Deus quis pró seu jardim.

É uma flor que assim embeleza Este nosso Portugal como sina Já que a sua avó também lê O destino escrito na mão da “Lina”.

E quando lê a sua sina Vê uma vida triste e vadia Enchendo de esperanças o seu coração Como um balão de ar que se enchia.

Sua avó cigana é humana Pedindo uns dinheiritos pelo destino Que na mão de quem passa Uma ilusão é transmitida com tino.

Na sua ilusão que predizia Não está escrito tamanha beleza Que o teu rosto de cigana Faz em ti sentir uma nobre portuguesa.

Tentas tu ser capaz também De ler a minha mão calejada Através de uma sina algo inocente Vês a solidão de uma paixão rejeitada.

Lês assim a minha mão Vendo como ela é bem eficaz Demonstrando no meu rosto a solidão Que já vem do meu tempo de rapaz.


Tentas bela cigana vaticinar O meu futuro sobre a geração Que deixarei a este mundo Procurando a minha paz e salvação.

Descobres na tua inocência a minha Através das palavras que dita a tua voz Escrevo no meu caminho cruzando o teu Demonstrando uma paixão algo atroz.

Cigana bela sê a minha alma lusitana, Lê a minha sina com o amor Que as crianças utilizam na sua vida Enfeitando a minha com muita cor.

Até mesmo que tu me mintas As verdades surgem na minha vida Já que o meu coração revela solidão Nas palavras que escrevo cigana querida.

Tu tens alma portuguesa em ti Faseando algumas vezes com inteligência Demonstrando alguma pinta enquanto lês A minha mão despertando a inocência.

És fiel e eu tão submisso, Enquanto em mim semeias as esperanças Cigana minha vais revelando os meus segredos, No meio deste meu mundo reboliço sem alianças.

Os meus dedos agarras suavemente, Percorrendo as linhas da minha mão Com palavras descreves a minha triste vida Que vou levando inocentemente sem despertar meu coração.


Acordas na tua leitura meus medos Que em tempos adormeci com a paixão Hó! Minha linda cigana afasta os pesadelos Que se revelam na minha vida de solidão.

Pois quero viver sem pesadelos e medos Mesmo que para isso vá mentindo Ensina-me a amar novamente nesta vida Já que pela mesma tenho andado perdido.

Como aprendiz vou sofrendo castigos Ao ser imprudente perante teus “perros” Liberta-me com a tua sina deste inferno Que levo neste mundo com tantos erros.

Sê cigana minha alma lusitana Ao afastares de mim a dor da morte Já que para muita gente estou esquecido Talvez por culpa do meu medo da sorte.

Mesmo mentindo prediz a minha sina Com um futuro assaz risonho para aprendiz E não quero que seja só um sonho Mas contigo minha cigana, penso ser bem feliz.

Mozelos, 2010 / 10 / 11 ANTÓNIO CRUZ


“ALVORADA”

Já são altas horas da noite E lá fora surge um barulho Procuro o silêncio do meu quarto Mas tudo me parece como um pedregulho.

Lá fora o movimento não pára Pois a vida acontece simplesmente Os camiões passam fazendo o seu transporte Pela noite fora e bem livremente.

As pessoas que passam na rua Nos seus passos apressados vão conversando Os cães latem ao seu simples passar Quebrando as suas conversas, fico barafustando.

Levanto-me e sento-me no sofá Tentando afastar o ruído da cabeça Que vai tilintando sem sequer parar Provocando mistérios humanos por incrível que pareça.

Minha alma se revolta tristonha Por segundos ou mesmo fracções Sobre o negrume que vai surgindo Algo misterioso e menos inocente de emoções.

Já que o cheiro húmido da noite Faz ressuscitar o meu silêncio ansioso Despertando palavras em mim sendo da minha natureza Pensar nas mesmas como aprendiz bem piedoso.

Na minha inércia bem inocente Procuro refúgio no silêncio que despertou Perante tanto ruído surpreendendo o meu dormir Numa sinfonia sentida a qual me chamou.


A penumbra da noite se instalou Quebrando o meu sonhar a altas horas Tento fechar os meus ouvidos ao ruído Escrevendo nos guardanapos sem mais demoras.

Contemplo assim o universo que rodeia Todo o meu ser de uma forma poética, Levando comigo alguma inocência neste despertar Que à meia-luz se transformou sem ética.

Nesta noite procuro o início da alvorada Para que possa acabar este discurso Que se tornou poético após o silêncio Já que a noite recolhe o seu manto sem curso.

A manhã desperta com uma inocência Trás consigo o ruído e os raios solares, Que furta em cores como cristais vivos Sobre o orvalho que se formou em radares.

A luz surge de vários cantos Por entre frinchas que despertam o dia Avistando da varanda os verdes como um espectáculo Que demonstra ser rápido e majestoso, assim o via.

Um silêncio se forma à minha volta Enquanto termino estas palavras que crio Sendo rico em beleza em tudo que revi agora Levando o meu mau humor a ficar sem pio.

Volto para junto da minha amada Que dorme nua sobre o nosso leito Fico a venerar a sua beleza bem feminina Neste novo amanhecer e que nada mais é perfeito,


Em veneração fico agradecendo a Deus Pelo espectáculo do quotidiano desta alvorada Fazendo incidir os seus raios solares Sobre o nu da minha bela amada.

São Paio de Oleiros, 2010 / 10 / 13 ANTÓNIO CRUZ


“MAIS UM DIA”

Hoje pareces não querer saber Do amor que nos uniu um dia Pergunto ao vento o que fiz Para sentir em mim tanta nostalgia.

É triste este meu inocente amor Sinto os queixumes do meu coração Já que faz tanto tempo que amo A tua flor cheia de paixão.

Pareces não querer saber simplesmente Onde pára o nosso belo amor Pergunto à Lua o que fiz Tendo a cara lavada em lágrimas de dor.

É que as lágrimas brotam de mim Caindo pelo meu rosto inocente em despertar. Após mais uma noite sozinho Colho as mesmas sem poder amar.

O meu corpo dói de agonia Sem tu quereres saber do amor Que jaz em mim puro e livre Sobre um desejo de fogo, mas sem cor.

Pergunto ao Sol que acaba de nascer Se trás a minha esperança consigo Já que cada dia que passa sofro mais Por não ter o teu corpo como castigo.


E a cada dia que passa sofro Com o meu coração cheio de melancolia Por não saber onde pára o teu amor Que um dia o mesmo se descrevia.

E sobre as areias do mar Amei teu corpo por isso pergunto Onde pára esse teu amor por mim Que as palavras ditaram estar para sempre junto.

Sigo perdido neste teu olhar distante Escrevendo as cândidas palavras no tempo perdidas Perguntando à terra que piso por ora Quando pararam as lágrimas que sangram destas feridas.

As andanças que fiz pelo mundo Segui sempre no meu vagar distante Procurando encontrar aquele teu amor Que um dia despertou a minha inocência constante.

Recolhi pelos mares que foram navegados Brumas cerradas que alienavam o meu mundo Sempre procurando por onde passava o teu amor Que a solidão deixou perdido num poço sem fundo.

Assim no vasto oceano das incertezas Encontrei em mim a melancolia e a saudade Que o tempo de hoje me reservou Num eterno esperar pelo teu amor sem idade.


Mesmo que tenha semeado nesta vida Algum amor minha alma pouco recolheu Ao cuidar do meu coração com nostalgia Regando o mesmo com as lágrimas do meu eu.

Sorri poucas vezes nesta minha vida Enquanto tua flor por mim só floria Não sei por onde andas meu amor Já que por ti espero mais um dia.

São Paio de Oleiros, 2010 / 10 / 14 ANTÓNIO CRUZ


“BOÊMICO”

Sigo pela noite boémia por ora Já que gosto da minha amiga Lua De cada forma que a mesma assume Em cada tempo se vai revelando nua. E como um aprendiz escrevo pedindo lume.

Gosto da noite e do seu perfume Dos seus cheiros e sons que convidam A um solitário como eu, podendo navegar Sem um destino marcado que outros procuram.

Pois durante a noite escrevo Leio as palavras que tento postar Já que gosto da minha amiga Lua Que me convida a assim a inventar.

Já que os verbos que utilizo São os mais convidativos e significativos Perante uma noite mais intensa que surja Fazendo em mim brotar rimas com adjectivos.

Procuro assim nos lugares mais variados Dar uso ao meu desejo pela poesia Utilizando uma certa inocência passageira Que faça despertar a minha alma nesse dia.

É um desejo que transporto dentro de mim Sedento pelos clamores da escrita que utilizo Transportando o meu ser para outras galáxias Nestas noites de Lua amiga estando liso.

Ao ser invisível pelas ruas que passo Tento-me fazer visível perante o escuro Que a noite dita em meu redor Estando claro que quero estar bem seguro.


Registo nas pedras da calçada sujas As palavras que limpo dentro de mim Revelando ao mundo um simples registo De toda as palavras que crio sem fim Já que gosto das eternas altas horas Que produz um silencio interrompido para mim.

Por isso quando chega ao fim A noite com o seu canto das aves Perante o Sol que varre a noite Beijando a Lua sem preferir algumas frases.

Só que a minha alma continua Simplesmente a navegar pelas trevas Esperando asfixiar esta minha inocência Com um novo amanhecer rebolando pelas ervas.

Digo assim adeus a mais uma noite Ao ser “boêmico” andando pelas palavras vivas Que a minha alma dita com alguma verdade Procurando transmitir à Lua sendo elas esquivas.

Já que a mesma é minha amiga Iluminando o meu caminho na escuridão Por isso sinto o que digo sem verbos Demonstrando inocência como “boêmico” de coração.

São Paio de Oleiros, 2010 / 10 / 16 ANTÓNIO CRUZ


“ENFIM SÓS”

Estamos enfim a sós tu e eu Como se fosse a nossa noite Aquela noite em que demos o nó Sendo a nossa núpcias com afoite.

Enfim estamos a sós neste mundo Perante uma casa imensa sem compromissos Nossos filhos despertaram para a vida Nos seus compromissos estando também omissos.

E sem o nosso trabalho diário Estamos deitados e enroscados nos lençóis macios Enfim a sós como tanto então desejávamos Com as nossas almas perdidas e em cios.

Conseguimos este tempo com outros sinais Sem vontade para a nossa rotina diária Vemos nossos corpos já com alguma idade Acariciados pelas nossas mãos numa inocência primária.

Pois a noite já lá vai hoje E enfim a sós nos enroscamos com amor Apreciamos a madrugada que chega lentamente Escutando o ritmo dos nossos corações com ardor.

Desfrutamos assim esta nossa solidão prematura Por entre abraços e carinhos de inocência Num despertar cheio de magia bem alheia Ao tempo que passa por nós sem consciência.

Enfim a sós numa dança animalesca Em que a paixão transborda da nossa taça Ao sentirmos o ritmo tresloucado da mesma Deitados sobre os lençóis macios e cheios de raça.


Pois a nossa paixão não passa Perante o tempo e alheios aos vizinhos Apreciamos os nossos nus numa tranquilidade Enroscados uns no outro cheio de carinhos.

Enfim sós é Outono lá fora faz frio Cai as folhas das árvores, é a natureza Que assim dita nesta estação fria Mas que demonstra uma grande beleza.

Já que em tempos plantamos uma árvore Demonstrando a nossa paixão estando viva E que o tempo fez crescer criando suas raízes Fortificando o nosso amor com natureza sabia e esquiva.

Pois por si só o desejo aclarou Os fatos que estavam à vista da paixão Estamos agora enfim sós nesta vida Carregados de desejo por uma nova emoção.

Temos que ter cuidado sempre na mesma Para preservarmos este amor com chama Dependendo de nós divulgar ao mundo Com viva voz que a nossa paixão ainda reclama.

Estamos enfim sós tu e eu Nesta madrugada que borbulha tranquila Ao sentirmos a paz dentro destes lençóis macios Em que a inocência passa ao lado e a aniquila.

Aniquila a nossa vontade ao sentirmos saudade Dos nossos rebentos que algum tempo partiram Deixando-nos enfim sós perante a nossa paixão Já que nos seus rostos um sorriso malicioso demonstraram.


Passamos a ser nós, os inocentes Neste despertar de Outono bem colorido Já que enfim sós estamos por ora Aguardando a chegada de algum filho nosso querido.

São Paio de Oleiros, 2010 / 10 / 18 ANTÓNIO CRUZ


“AMÁLIA”

Recordo nestas palavras que escrevo A nossa voz do fado “Amália” Cantando de olhos bem fechados Já que Deus lhe deu e uma família.

A família que somos nós portugueses Navegantes de mares desconhecidos Sua voz também navegou por continentes Num despertar de inocência pelos vencidos.

Sua vela ergueu de coração Como fadista não se rendeu ao mundo Levando sua voz a viver quimeras Num tom cantando o fado bem profundo.

E no seu jeito engraçado bem popular Cantava o fado com um condão Não olhando prós lados de olhos fechados Fazia despertar a alma com coração.

Como aprendiz de poeta escrevo Que o meu coração virou fadista Perante um despertar de quimeras inocentes Sonhando com loucura também virei artista.

Não tendo eu o seu coração e alma Visto que roubou um pouco de vida a Portugal Ao abandonar este nosso mundo cruel Levando consigo as letras sabias, mas sem mal.

No inocente cantar de outrora Ouvia sempre alguém gritar pela “Amália” Cantava o fado com a sua alma lusitana Utilizando palavras simples do nosso dia-a-dia.


As suas palavras me ensinaram coisas Tendo ela uma vida cheia para amar Seguindo ordens do Senhor nosso Deus Cantava sempre com alma sem nada parar.

Não ligava pró mundo se não gostasse Cantava o fado de olhos bem fechados Fazendo a sua gente por vezes chorar Com as suas letras de juntar os afastados.

Já que o seu fado lusitano sofredor Com alma fazia chegar aos nossos corações Cantava assim sem parar e sem poder amar Alguém de concreto, revelando todas as suas emoções.

As tuas palavras “Amália” me ensinaram Que temos uma vida para amar E devemos seguir sempre em frente até morrer Já que a mesma é curta e dela temos que gostar.

“Amália”, alguém me disse com ternura Que um dia podia ser como tu Fazendo poesia de uma forma bonita Ao despertar da minha inocência estando cru.

Já que foi de uma maneira bonita Para a qual devia de escutar o coração Visto que a nossa alma comanda a vida E isso vi quando escutei o fado sentia a paixão.

Essa paixão transmitida no seu cantar De olhos fechados com uma garra única Andando à procura daquele amor tendo fé Colocavas no teu corpo uma simples túnica.


Procuravas assim ao cantar o fado Encontrar o teu amor como da primeira vez Já que um dia o perdeste algures no tempo Chegou a hora de eu o encontrar outra vez.

Recordo as palavras enquanto escuto Na solidão o fado cantado por ti Segui sozinho pela rua pé ante pé Enquanto a minha alma por si sorri.

É que partiste um dia sem avisares Deste nosso Portugal e deste mundo Mas deixaste a tua alma lusitana por cá Padecendo o fado deste amor tão profundo.

Pois quis Deus que assim fosse Já que ninguém fala de mim Escrevo estas minhas palavras ainda inocentes Minha “Amália” fadista, cheguei por ora ao fim…

São Paio de Oleiros, 2010 / 10 / 20 ANTÓNIO CRUZ


“DAMA DA MINHA VIDA”

Não poderia um dia deixar de escrever Sobre o despertar da inocência do amor Quando a paixão acelera na vida Aplicando a desordem e por vezes a dor.

Já quando ela me trata mal Sinto um desprezo não tendo valor Não vendo como me desdém simplesmente Ao retirar ás palavras algum amor.

Luto na mesma com alguma inocência Visto que amo sem saber como o faço Lutando mesmo contra mim ficando ao seu lado. Perjuro o meu coração fazendo ao mesmo um laço.

Provo ou tento provar o quanto amo Ao reconhecer os meus erros do dia-a-dia Tento então apoiar-me na história da nossa vida Ocultando o meu medo de perder esta mesma via.

Uma via que me leva a escrever Sobre o meu despertar para o amor Que um dia descobri estando enfermo Ocultando o meu coração da solidão e da dor.

Hoje não quero perder aquela inocência Que me levou a obter a minha glória Sentindo que ainda lucro com a paixão Recorrendo a este meu oficio e alguma história.

Curvo-me sobre o amor que sinto Pela dama que me atura com paciência Já que algum mal eu lhe faço Porque também não sou perfeito na inocência.


Por vezes esse mal que lhe faço Traz-me benefícios ao ganhar alguma dor Fazendo sobressair dentro de mim as palavras Que escrevo com sentimento pelo seu amor.

Já que nas folhas que escrevo hoje Deposito esse amor e as culpas que suporto Despertando o charme com alguma inocência Construindo o meu amor com idolatria de morto.

Pois realço a dama que tanto amo Neste meu cantar de uma voz só Utilizando o meu coração como aliado De tal maneira que até em mim dou um nó.

E de uma só maneira a proclamo Como minha amante dura e até cruel Sempre com o meu amor bem galante Numa inocência provando por vezes desse fel.

Mas é inalterável o amor que sinto Por excelência o rejubilo no que escrevo Utilizando as rimas da paixão numa constante Sobre estas linhas horizontais que nelas me atrevo.

Por isso as minhas rimas são inconstantes E uma só coisa consigo excluir a sua diferença A verdade que neste amor tanto exprimo Acentuando por vezes nalguma nossa desavença.

Mas tais mudanças fazem parte da vida Já que somos inocentes nos nossos sentimentos E na escrita primo com alguma verdade Ao desejar viver junto da minha dama nesses momentos.


Amplio assim as minhas palavras Que outrora estavam prisioneiras dentro de mim E sem temas nada escrevia precisando de despertar Assim hoje só desejo escrever sem ter um fim.

Não censuro a minha bela dama Não por ter em si algum defeito Mas porque a injuria dos mais belos Que tanto me pretendem ver então desfeito.

Levam por agora a minha alma Como castigo para mim e de graça Ornamento simplesmente as minhas palavras Já que as minhas acções ficam aquém e sem graça.

Sou assim suspeito de mim mesmo Ao tentar limpar o céu que sujo Dando algum esplendor à vida estúpida Que levo por agora sem o dito cujo.

Enquanto conseguir embelezar as palavras Que a minha dama tanto venera Vou obtendo algum valor para a nossa paixão Que o tempo faz renascer numa nova era.

Como um verme rastejo nesta terra Ao tentar ser Cristo mesmo de mim Fazendo irromper palavras com um amor tardio Fugindo à solidão estando perto do meu fim.

Já que da minha infância ficou Os maus tempos e as cercas de eu pular, Fugindo à violência que me imprimiam Mas que a minha dama soube a volta me dar.


Vencendo a minha angustia de solidão Logo ao primeiro assalto e com vantagem Conquistando o meu coração com palavras E gestos de amor e assim como com a sua imagem.

A minha inveja pela sua alegria Se tornou numa dor incessante para mim Mas como sou suspeito nesse assunto Com ela construi um reino pró meu fim.

É esse reino que governa o meu coração Não sendo sujeito passivo nesta curta história Tentando me afastar da violência com alguma poesia Utilizando alguma inocência para a minha vitória.

Já que amo a dama da minha vida Que eleva o meu ser com primazia Abrindo a porta do meu coração solitário Despertando as palavras para esta minha poesia…

São Paio de Oleiros, 2010 / 10 / 23 ANTÓNIO CRUZ


“A MINHA ESCRITA”

Sou um aprendiz de poeta, hoje Por isso escrevo assim livremente Sendo inocente ao roubar as palavras Por aqui e ali deixando-as como semente.

Pois não sou nenhum doutor de letras Mas aprendi amar a minha escrita Que nesta minha forma a transcrevo Com alguma vida e esta mesma a dita.

Mão me adianta olhar o céu Se não tiver muita fé no que escrevo Já que luto pouco por mim mesmo Não oferecendo protesto nem sequer um trevo.

Já que a minha sorte não a faço Nem tão pouco alguma greve Levanto-me todos os dias pela manhã Procurando palavras únicas por um momento breve.

Nada me adianta ser um inocente Se não despertar deste sonho eterno Posso crer em mim mesmo para sempre Mas se continuar olhar o chão só paro no inferno.

Já que não adianta olhar pró chão E virar a cara para não ver o futuro Mesmo que seja um inocente aprendiz Duma forma simples ou única vou contra o muro.

Talvez por isso carregue esta cruz A cruz pela qual Jesus então sofreu Não tendo eu que sofrer assim também Mas devo a carregar e isso, ele escreveu.


Através de linhas tortas, mas a direito Vou descobrindo os sentimentos desta forma profunda E também ficando com a rédea curta para escrever Apesar de nem tudo ser uma tragédia funda.

Já que vou rindo por vezes inocentemente Com as palavras que dito ao despertar Sendo um pobre por ora em classe média Mas sou um rico aprendiz de poeta que sabe rezar.

Visto que rezo a todos os santos e santas De uma forma discreta para com o mundo Ao ser carrancudo nesta minha única postura Vou ficando por assim cada vez mais mudo.

Ao ter medo de não conseguir mudar Utilizo as folhas onde escrevo a minha secura Fugindo por entre as linhas com as letras Procurando pelos cantos a minha única cura.

Uma cura que estará bem escondida Já que por enquanto só levo porrada Parecendo por vezes um saco de pancada Não sabendo o que se passa com a minha amada.

Pois tento ser feliz nesta forma de escrever Já que Deus me deu este dom como talento Mesmo sendo deprimente naquilo que escrevo E com os meus filhos tento estar bem atento.

Visto que os mesmo vão à escola E velho sinto-me ao vê-los partirem no autocarro, Recordando o meu tempo em que ia a pé Já que não tinha dinheiro nem para um charro.


Mas esse tempo já lá vai E hoje sinto-me contente por os ver felizes Já que a minha revolta fica pelas palavras Como aprendiz de poeta de coisas e alguns deslizes.

Hoje sem conseguir fazer mais nada Escrevo palavras de carinho e fé sem espada Tentando conquistar o respeito pouco inocente Visto que estou apaixonado pela minha amada.

Já que faz de dama por companhia Uma exigência para a minha dependência Assumindo o meu emprego a cada dia Ficando surdo e mudo por momentos com inocência.

Já que como inocente fiquei preso Certo dia ao ser apanhado em flagrante Pelo amor que sinto ainda agora Mesmo que pareça absurdo ao ser constante.

Sou apenas um aprendiz nesta vida Que utiliza as rimas para meu refrão Assim desperto um pouco na minha inocência Com as palavras que escrevo de caneta na mão.

E não me adianta chorar mais agora Nestas linhas com as letras que escrevo Recorro assim a minha escrita desta forma E nada mais posso dizer ou me atrevo…

São Paio de Oleiros, 2010 / 10 / 26 ANTÓNIO CRUZ


“CINCO EUROS”

Existe uma história gravada em mim Sobre um menino que sonhava inocentemente Em ter o seu pai só para seu fim Já que o mesmo nunca estava presente.

Um dia seu pai chegava a casa Cansado e irritado após mais um dia Em que o trabalho ocupava o seu tempo O menino sentado a Deus tanto pedia.

Que seu pai não demorasse a chegar Já tantas vezes tinha por ele esperado Sem conseguir com ele sequer falar Sendo hora de dormir como fora avisado.

Nesse dia com os seus cinco anos Sentado espera pelo seu pai amado Quando ele chega chora com medo De menino assim bem algo emocionado.

E inocentemente aquele menino fala: -Papá, posso fazer uma pergunta? -Claro que sim! O que é? Respondendo de prontidão e sem minuta.

-Quanto ganhas numa hora, papá? E sem ter noção da sua voz. -Isso não é da tua conta? Mais zangado ficou quebrando uma noz.

Perguntando de seguida ao menino -Porque, perguntas isso assim e agora? À qual pergunta respondeu inocentemente -Só queria saber, quanto ganhas à hora?


Perguntando assim novamente o menino Seu pai ainda zangado e sem paciência -Bom… Já que queres saber tanto Ganho dez euros à hora, minha inteligência!

Olhando fixamente o seu pai -Oh! Suspirou o menino com tristeza Baixando a cabeça sentou-se ao seu lado Pensativo e em silencio ficou em certeza.

Após algum tempo naquele silencio O menino olhou o seu pai novamente E perguntando naquela sua inocência de criança Pois já persistia em si uma ideia resistente.

-Papá empresta-me cinco euros por favor? O seu pai num olhar bem furioso Respondeu sem pensar nem olhar Para o rosto do seu filho curioso.

-Se a tua razão de me perguntares Foi a de me pedires algum dinheiro Para brinquedos caros, menino egoísta Esquece tudo, pois a casa está primeiro!

-Já que a minha vida de trabalho É dura demais para este tempo perder Com os teus caprichos de criança mimada! -Pois, tu, não tens mais nada que fazer?

O menino cabisbaixo dirigiu-se silenciosamente Para o seu quarto e lá se fechou Com a porta encostada e em silencio E mesmo por momentos até chorou.


Seu pai sentado no sofá da sala Ficou a meditar também em silêncio Sobre aquela conversa e ainda mais se irritou Pensando como se atrevera até ficou sem pio.

Como é que um menino daqueles Se atrevia a perguntas daquelas a fazer Como é que um menino tão novo Já só pensava em arranjar dinheiro sem crescer.

Assim no silêncio continuou aquele pai Fazendo perguntas a si mesmo sem fim Um pouco mais tarde e já mais calmo Ficou com remorsos daquela reacção assim.

E pensando que talvez o seu filho Precisasse de comprar qualquer coisa urgente Com os cinco euros não sendo seu costume Pedir dinheiro para que seria aquele realmente.

Levantando-se no silencio daquela sala E no seu passo a passo se dirigiu Ao quarto do seu filho abrindo a porta Bem devagarinho num breve momento ele sorriu.

Após ter olhado perguntou ao seu filho: -Já estás a dormir?...Bernardo! O menino perante a sua pergunta respondeu: -Não papá ainda estou bem acordado!

Seu pai ao ouvir a sua voz respondeu: -Estive a pensar…Talvez tenha sido severo! E severo demais contigo!? Disse o pai -Pois tive um longo e exaustivo dia com desespero!


-Desculpa, pois acabei por desabafar contigo E toma lá os cinco euros que pediste! O menino endireitou-se imediatamente na cama Sorrindo com aquele seu mistério que persiste.

-Oh, Papá! Obrigado! Disse o menino Levantando a sua pequena almofada Pegou num pequeno frasco cheio de moedas Com uma destreza e leveza de uma fada.

O seu pai ao ver que o menino Afinal tinha dinheiro começou novamente A ficar zangado e com sua alterada Vendo o seu filho a contar o dinheiro lentamente.

O menino olhou com um brilho novo Nos seus pequenos olhos dirigido ao seu pai O mesmo resmungou de novo com ele Daquela forma que algum tempo, já lá vai.

E perguntando de novo ao seu filho -Bernardo, para que queres mais dinheiro? Se já tens esse! Não consigo perceber! Acabando o menino por contar os euros primeiro.

Acabou por responder ao seu pai depois: -Pois não tinha o suficiente e tenho agora! Olhando de novo para o seu pai -Papá, já tenho dez euros. Então chora.

Chora com uma inocência nunca vista Apelando à mensagem vinda do seu coração: -Papá, já posso comprar uma hora Do teu tempo? Posso papá, posso? Cheio de prontidão.


E na sua inocência continuou apelando -Por favor, vem uma hora mais cedo Se possível amanhã! Já que gostava De poder jantar contigo…falando sem medo.

Não podia deixar de escrever esta história Que já algum tempo circula livremente Transmitindo um apelo a todos os pais Que as crianças também sentem inocentemente.

Já que o seu amor cedo desperta Para a vontade de amar inocentemente E os cincos euros bastaram para comprar Uma hora do nosso tempo visto serem a nossa semente…

Mozelos, 2010 / 10 / 30 ANTÓNIO CRUZ



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