bolas de sabão 045

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ANTÓNIO CRUZ


ANTÓNIO CRUZ


“ PREFÁCIO DE UMA VIDA”

Escrevi num mês distante, trinta e tantos, poemas a fio sem parar, numa espécie de êxtase. E hoje, é um dia triunfal da minha simples existência, nesta minha vida. O que se seguiu depois de alguma tinta ser gasta e muito papel ter sido utilizado; só sobrou um cesto de papéis cheio, foi o aparecimento de um novo “Poeta – Escritor”. Tudo isso, se verificou no continuar do pequeno Sonho de Criança que há muito tempo vinha a desenvolver no meu interior, utilizando pequenas rimas ou alguns pensamentos muito sugestivos da minha maneira de ser. E de ter vivido quando criança e também algumas situações, já como adulto. Desculpem – me, o absurdo da frase; mas apareceu em mim um enorme desejo de transcrever para o papel algo com sentido ou mesmo sem! Era simplesmente aquilo que vindo do meu eco interior ou directamente da minha mente, ditava por palavras ou frases simples, numa leitura rápida, e a minha mão escrevia para um bocado de papel. A expressão que sobressaia no meu rosto era a de um pequeno sorriso esboçado quando terminava mais um tema, mesmo que esse não tivesse muito sentido! Mas, era como se tivesse restituído alguma vida aos mais simples “poemas” ou “contos”, que eram para mim algo profundo mas muito belas. Só que por vezes, bastava unicamente o esboçar de um sorriso para me agradar e aquilo que acabava de transcrever logo por si existiria numa folha de papel sentindo toda a sua magia sem sequer poder falar! E, num certo dia, à noite quando relia tudo aquilo que já havia escrito em simples rascunhos, por vezes, revia ali a minha própria sombra retractada. Eram, e são, simplesmente memórias, brincadeiras, ou mesmo chamadas de atenção para o mundo em que vivemos. Sei que um dia alguém as vai poder ler e as irá existir na prateleira da sua biblioteca para quando este ser já ter abandonado o planeta Terra. Um simples risco da minha curta vida ficará lá conservada, para sempre todo o sempre como sinal da minha pequena existência terrena! E, só assim poderei viver eternamente, por milhares de anos a fio, recordando a Alegria, a Tristeza, o Amor, a Solidão e tudo aquilo que tiver dado a este Mundo! Mas, uma coisa Eu sei, que serei alguém que existiu um dia neste “Universo da Escrita”!... E essa recordação ficará para sempre nas memórias de todos, sendo como aquele que deixou um “Verso” quando morreu, e talvez seja a “Profecia” de uma vida!...

Mozelos, 2000 / 10 / 10 TONY CRUZ


TITULO

LOCAL / DATA

0

PREFÁCIO DE UMA VIDA

MOZELOS, 2000 / 10 / 10

1

SANTIAGO

SANTIAGO COMPOSTELA, 2010 / 04 / 25

2

UM ESCURO

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 04 / 28

3

RECADO

MOZELOS, 2010 / 05 / 09

4

ALMA LUSITANA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 05 / 11

5

SÓ QUEM SONHA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 05 / 14

6

A MINHA FÉ

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 05 / 18

7

TEU OLHAR

MOZELOS, 2010 / 05 / 22

8

LOUCURA SEM CURA

SILVALDE, 2010 / 05 / 22

9

A SAUDADE

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 05 / 31

10

LOBO SOLITÁRIO

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 06 / 02

11

MEU SOCORRO

MOZELOS, 2010 / 06 / 04

12

ABRAÇO DO MOMENTO

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 06 / 09

13

NÃO SOU NADA

BELÉM, 2010 / 06 / 10

14

MUNDO DESCONHECIDO

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 06 / 18

15

DOCE MALDADE

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 06 / 21

16

JANELA DA VIDA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 06 / 23

17

LISBOA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 06 / 29

18

NAVEGADOR

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 07 / 01

19

VERSOS DE SEMENTE

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 07 / 05

Em "Bolas de Sabão" simplesmente descrevo Que sou um lobo solitário e um recado escrevo A minha alma Lusitana recebe um abraço do momento Estando à janela da vida neste mundo desconhecido isso lamento. Pois a minha fé levei até Santiago como escritor E por lá fiz versos de semente com alguma cor Estando perante uma loucura sem cura, a saudade Sobre o olhar que no escuro é uma doce maldade. E só quem sonha como eu viaja até Lisboa Mas não sou nada sem o meu socorro numa boa Já que escrevo em bolas de sabão com muita vida Atingindo o amor de navegador nesta minha escrita sentida. São Paio de Oleiros, 2010 / 07 / 05 TONY CRUZ


“SANTIAGO”

Partimos pela manhã tomando um rumo Com alegria seguimos em peregrinação Pelos caminhos de Santiago nosso padroeiro Em chama viva com fé no coração.

Juntamos as famílias com o seu farnel Seguindo rumo a Compostela com determinação Ao iniciarmos esta nossa peregrinação Recordamos a nossa fé com uma certa união.

Pois o lugar que vamos visitar As gentes Silvaldense seguem em testemunho Ao sermos peregrinos do nosso padroeiro Acendemos a chama de uma fé em cunho.

Já que pretendemos voltar fortalecidos Ao seguirmos estes caminhos com tanta gente Partilhando a nossa fé e a nossa amizade Libertando em todos a nossa chama quente.

Visto que a esperança em nós não morre E com cultura passa a ser uma fé bem viva Transmitimos alguma caridade nesta vida Que ao longo dos tempos se tornou esquiva.

Vejo imensa gente seguindo este caminho Povos de várias nações entregues à fé Diante de um Santo vieram em peregrinação Afirmar que a sua fé está ainda de pé.


Pois pelos caminhos de Santiago seguem Em perfeita comunhão os povos de Deus Com uma vontade forte de vencerem na vida Nunca esquecendo o seu amor para com os seus.

Assim de São Tiago “Maior” de Silvalde Saímos em peregrinação ao nosso padroeiro Ao procuramos a sua bênção e protecção Para um mundo difícil não sendo o primeiro.

Por isso aqui estamos e pedimos Que não se acabe o nosso amor E que nos ensines a viver em união Como uma família ao pintarmos o mundo de cor.

Já que somos filhos de Deus A ti Santiago pedimos a esperança, Para esta alegria que nos une hoje E que o teu “cajado” ajude uma outra criança.

Visto as mesmas serem o nosso futuro E os teus mais novos seguidores em luz Perante uma “Igreja” que precisa de renovação Sendo eles os novos irmãos de Cristo fazendo jus.

Alegremente se dirigem também em peregrinação Pelos teus caminhos confiantes da paz Ao sermos nós os seus novos pregadores Desejando-a a todos seres vivos e a quem jaz.


Que o céu seja a sua gloria A proclamarmos a fé em Cristo Salvador Tendo sido Tu também dos seus seguidores Livra esta gente de Silvalde da sua dor.

Em tua honra hoje estamos aqui Fazendo o firmamento da nossa humilde fé Por isso transmito nestas palavras vivas Que a nossa chama fique para sempre de pé…

Santiago de Compostela, 2010 / 04 / 25 ANTÓNIO CRUZ


“UM ESCURO”

O que parecia o será? É que sinto em mim um escuro Faltando-me o chão ou um rumo Pois parecia ser então forte dando duro.

Eu que parecia ser forte nos sentimentos Depressa fui abalado pelo amor Como uma balança fiquei num muro Pesando a vontade de uma bonita flor.

Já que veio até junto a mim Ao ser trazida pelo vento da sorte E já não esperando ser feliz como ser Aquela flor foi-me oferecida até à morte.

Pois a mesma com raiz veio Fixando-se no meu coração nobre Passando a voar como uma folha Libertando-me de um passado bem pobre.

Mas o meu sofrimento não avisa Quando vem através do silêncio Já que o mesmo não escolheu o lugar Por onde me toca ficando sem pio.

Pois o meu lar ele escolheu, Vindo com o vento da escuridão Ficando sem tempo para amar Ao me faltar o meu próprio chão.

Por isso vou esperar uma mudança E que o vento volte com algum amor Pelo tempo que passou por mim Esquecendo e apagando o passado de dor.


Visto que o escuro que existe Por vezes parece ser mais forte Que o amor que por hora sinto Só preciso de o arrancar à morte.

Assim enquanto espero vou escrevendo Esperando pelo dia da minha independência Plantando pela raiz as palavras vivas E o amor oferecido com alguma paciência.

Visto que só quero para agora De ser um pouco feliz e forte Sobre esta escuridão que me acompanha Tentando aos poucos me livrar dessa morte.

Ao voar com as minhas folhas escritas Pela vida que descreve a minha sorte E de vento em vento viajo com elas Procurando um sentido para a minha morte.

Uma morte que surge do chão O mesmo chão que piso diariamente Ao não ter o amor daquela flor Sofrendo sem rumo da verdade acidentalmente.

Por isso sinto este escuro Tentando parecer sempre bem mais forte Esperando que um dia possa ser feliz Com amor e voando com o rumo a Norte…

São Paio de Oleiros, 2010 / 04 / 28 ANTÓNIO CRUZ


“RECADO”

Dizem que não podemos ser Tudo aquilo que a gente quer ser Mas eu escrevo aqui e agora Que também basta o nosso querer.

Já que nos basta ter fé E acreditar que tudo é possível Ao sonharmos se pode chegar onde se quiser Já que o sonho é o nosso fusível.

Visto que somos livres para sonhar E o mesmo se pode então realizar Mudando o mundo e participando na história E na qual podemos mesmo alcançar a vitória.

Assim ao sonharmos somos gente feliz Que vive intensamente o sonho da paz Onde a felicidade é um direito nosso Podendo então escrever livremente sendo eu capaz.

Porque a vida é um bem nosso Ao qual Deus nos conferiu o amor Sem julgarmos ninguém em nosso redor Vivendo felizes e em comunhão cheios de cor.

Já que podemos ser felizes no pintar A felicidade com o nosso sonho de fé E ao vivermos num mundo sem guerra E à opressão podemos bater também o pé.

Sei que podemos alcançar a partilha Da tão sonhada paz entre as nações Ao podermos realizar os nossos sonhos reais Tendo a paz nos nossos nobres corações.


Pois se sonharmos em implantar a paz Que nos seja possível neste mundo seguir Tornando este planeta “Azul” ainda mais bonito E que seja o ideal no seu mais profundo sorrir.

Já que nos pode ser possível mudar E assim conquistarmos a nossa própria fé Mudando a realidade dependendo do nosso sonhar Acabando com as desigualdades ao ficarmos de pé.

Pois não devemos ter medo de sonhar Ao omitirmos o mesmo calando a nossa voz Visto que podemos viver num novo mundo Sendo o mesmo mais justo e feliz com tudo para nós.

Sim, porque nós mesmo sonhando podemos Transformar este mundo num mundo bem melhor Ao revertermos a situação de guerra e racismo Num universo de igualdade sem existir a dor.

Só temos que contribuir com o amor Como Deus nos ensinou partilhando o nosso coração Assim escrevo ao sonhar deixando este meu recado Pois o querer é também poder lançar belas bolas de sabão.

Mozelos, 2010 / 05 / 09 ANTÓNIO CRUZ


“ALMA LUSITANA”

Sou Português de alma e coração Tenho alma de um povo com saudade Sou um Lusitano que sofre escondendo Dentro de si o sofrimento da realidade.

Por isso escrevo com sentimento puro Enquanto a minha mente se liberta por ora De uma realidade dura assim se alivia Com um breve sorriso escrito nestas palavras agora.

Sonho com a fantasia das caravelas Que partiram à descoberta de novos mundos Contra os ventos adversos de velas bem abertas Cantando com alegria através dos mares profundos.

Com os escudos pintados nas bandeiras A Cruz de Cristo cravada nos corações Pois desses tempos longínquos os sonhos eram reais Sempre com a saudade que ficou das paixões.

Velejando em liberdade por mares não navegados Levados pelos ventos furiosos cheios de esperança Com a alma Lusa vincando a sua fé Levando a saudade magoando o coração de criança.

Mesmo com a saudade virando a mágoa Lavando o seu rosto com cada lágrima vertida Juntando-se à pouca água que sobrava da viajem Lusitanos que somos, sonhamos com cada partida.

Somos um povo que estamos sempre à espreita Por uma friesta de uma tábua da caravela Que de tanto navegar por mares endiabrados Já que se nota a velhice no seu casco e numa vela.


Mas isso não nos faz recuar hoje Perante as glórias passadas com alma Vencendo os tempos com gritos reais Com lamentos e ais sem nenhuma calma.

Já que os nossos antepassados assim sofreram Ao ficarmos amargurados e isso hoje vemos Nas almas dos poetas e nos cânticos do fado E como sina um coração Lusitano que temos.

Não esquecendo um dente de siso que mexe Na nossa amargura sendo a mesma um dilema Mas o sorriso não sai dos nossos rostos sofridos De um povo que sem fala tem sempre um tema.

Sejamos então navegadores de sorriso tolo Gravando nos nossos corações o mar bravio Como povo triste mas de alma cheia de fantasia Pintando de azul uma lenda que existe pelo fio.

Já que a nossa caravela leva a liberdade Recordando uma gaivota que voa sobre as águas Como aprendiz vou escrevendo com alma Lusitana Este meu fado triste sobre as velhas tábuas.

Talvez assim abrande a saudade dos heróis Que fizeram desta pátria Lusitânia a sua alma Apesar da tristeza somos um povo cheio de graça A sermos abençoados por um hino sem calma.

E as lágrimas que vertemos neste tempo Fazem as caravelas do passado ainda navegar Gritando ás armas com toda a nossa alma De povo Lusitano que se faz sempre notar.


Por isso com alma Lusitana escrevo Sobre os nossos heróis com muita fantasia Sendo um aprendiz de navegador nas letras E mais um poema faço neste derradeiro dia.

Em que mais uma batalha se vai enfrentar Por terras de África com tristeza e alegria Já que a nação possa vencer mais um desafio Elevando o nosso fado em voos de liberdade e fantasia.

Talvez põe ser Português de alma Lusitana Não posso deixar de escrever em azul Que a Cruz de Cristo esteja gravada no coração Ao representarem este povo pelas terras do Sul.

São Paio de Oleiros, 2010 / 05 / 11 ANTÓNIO CRUZ


“SÓ QUEM SONHA”

Sei que os sonhos existem E são para serem sempre realizados São simples desejos a serem concretizados Basta para isso acreditarmos que somos amados.

Já que os mesmos despertam paixões Paixões que são para serem vividas Através de amores escondidos pelo tempo Juntamente com as vidas partilhadas.

Como flores que brotam nos jardins Os prazeres da carne são então revelados Os sonhos se transformam na verdade Despertando nos corpos dos seres enamorados.

É assim a lei da vida com amor Para isso só temos que nos sonhos acreditar Realizando os desejos em pecado ou não Basta vivermos livres para podermos amar.

Viva as paixões que o tempo trás Com os prazeres partilhados em segredos Que as ondas do mar levam consigo Afugentando dos nossos corações os seus medos.

Ao partilharmos os nossos desejos escondidos Compartilharmos a vontade do nosso prazer Revelando ao mundo as nossas paixões livres Sem nunca mais termo-nos que esconder.

Já que esses segredos são as vitórias Que conquistamos perante a Lua nocturna É bom sonharmos com o prazer da carne Enquanto o desejo está vivo e que então nos una.


Pois quem não sonha não deseja Assim diz o velho ditado dos sonhadores Já que quem não sonha não ama E não sente o prazer visto com belas cores.

É que os apaixonados pintam o mundo Ao sentirem os sabores da eterna paixão Perante a união dos seus corpos nus Fazendo chegar o fogo ao seu coração.

Quem não se apaixona não sonha Ficando sem saber o que é bom Deixando de viver a vida com amor Nunca sabendo como mudar o seu tom.

É que os sonhos são para serem realizados Sendo infinitos desejos sobre a sua luz Partilhando as emoções ao longo da vida Recebendo ajuda para em conjunto levarem a cruz.

Uma cruz que se torna bem leve Para quem sonha e está também apaixonado Conseguindo esquecer a matriz desta vida Tendo sempre um ombro amigo ao seu lado.

Só assim quem sonha sabe de amores Recebendo os prazeres da vida compartilhados Fazendo a sua própria lei com paixão Entregando-se ao desejo dos serem amados.

São Paio de Oleiros, 2010 / 05 / 14 ANTÓNIO CRUZ


“A MINHA FÉ”

Quando escrevo hoje estas palavras Sinto em mim uma certa nostalgia Por não ter um caminho correcto Ao não ser verdadeiro em fé no dia-a-dia.

Já que as minhas palavras sentidas Escrevo revelando uma certa saudade Apesar dos amigos serem verdadeiros Falta-me sempre um ponto de igualdade.

Sendo certo que em mim arde Uma chama real e bem viva Porque a minha juventude já lá vai Estando velhote, mas de memória activa.

Talvez por isso a um grupo Um dia me juntei com felicidade Reencontrando um novo passo para a vida Que a minha fé bem precisa de verdade.

Não tendo a mesma coragem Para enfrentar os caminhos cruéis Que a vida me vai demonstrando Sigo apenas os meus amigos fiéis.

Sabendo que Cristo é a Luz Para que possa levar esta cruz Que me vai pesando cada vez mais Nesta vida carregada de nus.

São os nus em branco destas folhas Que vou tentando preencher com fé Mesmo sendo pouca mas bem real Faltando-me o espírito para ficar de pé.


Já que de pedra e cal Quero e desejo continuar assim Visto que encontrei uma nova “família” Diante dos “velhotes” ficando até ao fim.

É que depois de muitos anos Com fé e amizade estenderam-me a mão Para em união caminhar com eles Procurando a minha fé em plena comunhão.

Pois tenho alguma certeza agora Que nada está perdido por mim E que as mãos flácidas que escrevem Com a sua amizade se fortaleceram assim.

Já que a sua fé não vacila E as suas mãos estendem em apoio Meu coração se vai abrindo aos poucos Para com esta “família” nova “Deus Mio”.

Pois com eles vou avançando devagar Ou melhor passo a passo sem medo Já que me falta alguma alegria Nesta minha curta vida cheia de enredo.

Sendo eles mais fieis que eu Não perco a esperança nestas palavras Com a sua chama me acolheram Fazendo de mim parte das suas brasas.

Já que neste grupo existe união Através de uma verdade cheia de harmonia Se colhe viva a chama da fé Cantando desafinados na sua voz de alegria.


Pois essa felicidade é bem sentida E demonstrada com uma certa devoção Acolhendo a palavra de Cristo em paz Fazendo-a chegar bem ao centro do coração.

Visto que já me sentia perdido Voltei a ser acolhido como um amigo Que há muito tempo andava escondido Da fé que o fez crescer sem nenhum castigo.

É que existe sempre alguém À espera de uma alma perdida Nesta vida cheia de conflitos interesseiros Sem olhar em seu redor para outra vida

Por isso escrevo assim hoje e agora Que a minha fé em tempos se escondia Mas com ajuda deste novo grupo de amigos A chama foi reactivada perante uma nova “família”.

São Paio de Oleiros, 2010 / 05 / 18 ANTÓNIO CRUZ


“TEU OLHAR”

Tudo o que eu vi até hoje Gosto de partilhar nestas folhas E o que não vivi e vou inventando Assim como o que já vivi enquanto olhas.

É que ás vezes lanças o teu olhar, E não o consigo entender verdadeiramente Sei que parece ser algo estranho Mas é real vivendo eu só literalmente.

Pois uma coisa eu sei hoje, Que te desejo bem por isso olha E vai encostando a tua cabeça levemente Já que a tua lágrima minha camisa molha.

Choras perante os desatinos tantas vezes Visto que aprecio a vizinha da frente Mas sabes perfeitamente que sou um vadio Desejando em ti depositar a minha semente.

Já que só aprecio o teu quintal Embelezado pela relva que em ti armadilhas Ao espores o teu corpo nu à minha frente Vou esquecendo logo a vizinha estando a milhas.

O meu pássaro vadio em ti aterra Cativando a tua pomba brava no momento Visto que assim sou comprado ao mundo Roubando a minha liberdade pelo teu momento.

Seja como for deixo de ser vadio Passando a ter um pouso único na hora Já que o teu olhar me conquista Fazendo-me esquecer tudo e todos sem demora.


Pois eu venho do nada e vazio Só com esta minha escrita arrasei Algumas barreiras do tempo no além Procurando o que não quis e fiquei.

O teu nome atribui a uma estrada Já que por ela sigo este meu caminho Ao precisar de ser feliz o momento Enrosca-te em mim enquanto te ofereço carinho.

Com palavras mansas desarmo a tua flor Que por momentos se encontra queimada Vou beijando o teu peito inflamado pela dor Que este homem bomba se armou de espada.

Aos poucos vais embainhando a mesma Ficando por aí até com ela adormeceres Pois tudo o que já vi até hoje amor Um dia saberás como poderás ver sem esqueceres.

É que não invento neste amor solitário Apesar de ser ainda um aprendiz de poeta Só que não sei o que dizer por vezes Fazendo-me entender sem nada ser peta.

Pois o teu olhar queima as minhas palavras Não conseguindo entender o meu pecado Talvez até esteja a exagerar de momento Mas sou assim e por favor perdoa este teu amado.

Mozelos, 2010 / 05 / 22 ANTÓNIO CRUZ


“LOUCURA SEM CURA”

Sinto uma certa loucura por ora E não foi por transfusão de sangue Será uma simples mutação da alma Em que a dor surge parecendo um gang.

Não sei se esta minha loucura Algum dia terá uma solução Ou algum remédio para a sua cura Já que esta dor penetra no coração.

E o mesmo já sangra livremente Porque através da escrita vinda da alma Vou conseguindo sobreviver à sua ferida Transformando as palavras com uma simples calma.

Uma incessante paz se faz notar Vinda de uma transformação que faço Deixando de ser inquietante já algum tempo Tendo a paixão amarrada por um laço.

É uma paixão tranquila que mexe Na minha alma provocando a loucura Ao revirar a minha vida com transtorno Procuro assim nesta escrita a minha cura.

Pois de momento sinto um certo fervor Produzindo um calor vindo da alma Que vai percorrendo incessante o meu sangue Fazendo-me transpirar revoltando a minha calma.


Assim vou respirando com alguma loucura E isso sinto como uma coisa incompreensível, Será provavelmente a loucura do meu amor Elevando-se num descortinar já bem visível.

Será talvez um descortinar de sentimentos Perante os quais me revolto com loucura Fazendo desnudar a minha alma sem ternura Folheando as folhas escritas sem saber da sua cura.

Já que também com este meu tormento Vou atravessando oceanos provocando o medo Ingressando por entre labirintos nesta louca vida Que levo sem ter um plano em segredo.

E nas palavras procuro uma saída Ao olhar as estrelas desenho uma trajectória Rabiscando nas folhas brancas um mapa Elevando a loucura da memória sem obter vitória.

Pois nesta altura encontro-me perdido na realidade Não querendo estar em algum lugar aqui Já que não sei qual é a realidade Ou onde pára a verdade desta loucura que ri.

Assim enquanto vou lendo em busca De palavras novas surge a loucura Não sabendo pesquisar sobre novas palavras Apreendi o meu coração sem ter uma cura.


Na releitura pesquiso o significado da loucura Que vou sentido perante esta minha mutação Visto que a mesma provoca uma dor na alma Fazendo sofrer o meu já sofrido coração.

Termino por ora estas palavras loucas Não descobrindo onde pára a verdadeira loucura Já que a mesma desnuda a minha alma E sempre sem descobrir qual a minha cura.

Silvalde, 2010 / 05 / 22 ANTÓNIO CRUZ


“A SAUDADE”

Aquela saudade boa não bate Seja quem for está sempre bem A mesma entra na alma e afaga O peito ardente sempre de alguém.

O coração bate palpitante de saudade Revendo a vida feliz que passou Sabendo viver no tempo de hoje Visto que o seu muro não desmoronou.

E quem deve devorar a saudade? O jovem ou o “velho” rapaz Ao ser voraz nesta vida nova Vai corroendo a saudade em paz.

Já que no seu canto procura A saudade do tempo feliz Matando a saudade no presente Saciando a sua vontade pela raiz.

É que a saudade deve viver Se não a mesma mata gente Gente que não vive a saudade Passando por ela com um pente.

Seja menina ou menino na saudade Vive engolindo a sua semente E germinando no seu coração doente Uma felicidade que fará dar sempre gente.

Porque a saudade é doida também Mas é uma “doideira” felicidade construída Que vai revigorando o nosso coração Procurando descobrir onde ficou a mesma perdida.


Pois a saudade deve ser feliz Uma doce saudade dum louco amor Que foi intensamente vivido por alguém Sem nunca esquecer o seu ardor.

Já que ao ser intensamente vivido O tempo faz ficar marcas doces Num coração ferido pela paixão Cravando as garras da felicidade nos doces.

É que o amor da saudade vive Junto a alguém muito nosso querido Virá sempre com a felicidade agregada Deixando o coração de estar mortalmente ferido.

Esse será o caminho que a saudade Prepara não perdendo o seu trilho Já que o tempo devora a seu tempo Deixando pelo caminho pontos de milho.

Ficando assim como semente na vida Atingindo os corações dos mais saudosos Fazendo eu parte desse grupo escrevo livremente Que a saudade não é só dos nossos idosos.

São Paio de Oleiros, 2010 / 05 / 31 ANTÓNIO CRUZ


“LOBO SOLITÁRIO”

Sei que nesta vida que levo Sou um género de lobo solitário Que não sabendo vai fazendo mal A toda a gente que rodeia o meu diário.

E quando não tenho mais ninguém Por perto para filar meus dentes Vagueio pelas ruas e vielas ás escuras Sem um caminho certo para gentes.

Vou assim escrevendo palavras repletas Sem ter algum sentimento de gente anónima Mesmo que sejam mercenários utilizando a tristeza Procuro descobrir alguém caído na rua próxima.

Já que a tristeza também faz parte Da solidão que me acompanha diariamente Sinto o céu cair sobre mim repentinamente Em forma de bruma rachando a minha mente.

Enquanto a minha moral cai em ruínas Como um castelo de cartas vindo do nada Encontro assim alguma verdade para mim Não tendo hipótese de beijar sequer uma fada.

Já que tenho todas as outras hipóteses Ao chegar hoje a parte alguma na vida Cravando no meu peito treze facadas infames Ao revelar sobre a minha pele a paixão perdida.

Continuo o meu caminho por estes subúrbios Sem eira nem beira chorando na solidão Tendo apenas a beleza de um velho lobo Com um carácter blindado assim como o coração.


E quem por mim passa hoje enfim Dele recebo um olhar de carneiro mal morto Desejando eu nessa altura receber um simples adeus Seguindo viagem para a outra margem do porto.

Vejo passar por mim o último autocarro Já que o primeiro passou pela manhã Mal caminhava sozinho pelas ruas despidas Vestindo umas calças de ganga e camisa de lã.

Encontro-me marcado neste tempo pelos cães E cheio de manhas, calço umas meias velhas Procuro nestes momentos patéticos de escrita vadia Fugir simplesmente desta vida nem que seja pelas telhas.

Cuspo pró chão o catarro pela manhã Que hoje parece mais cinzenta sentindo solidão Enquanto procuro um simples refúgio para mim Caminhando por este labirinto farejando como um cão.

E não sendo necessário entrar em desespero Já que surgem barreiras do outro lado Fazendo um divisão no meu pobre coração Lavrando parte do mesmo transformando-o em fado.

Visto que Deus já o tinha previsto Mas mesmo assim sigo solitário nesta miséria Sendo homem e lobo neste mundo sem futuro Procurando encontrar um caminho e caindo numa ria.

Ficando encharcado dos pés à cabeça E de joelhos lamento-me ao me faltar o ar Não tendo um ombro amigo tão próximo Choro lágrimas de solidão sem querer parar.


Aquilo que escrevo aqui nesta noite São coisas que não sei mais o que dizer Estando perante um adeus infernal da solidão Não consigo chegar a parte alguma nem crer.

E quem deseja escutar este lodo solitário Que na sua vida não consegue fazer algum mal Apenas cerra os seus dentes perante a noite Sem conseguir atingir um objectivo final.

Assim como o meu coração blindado parte Abrindo a sua carapaça de liga metálica Deixando transparecer toda a solidão existente em si Talvez por isso vou escrevendo nesta escuridão bélica.

Também a minha gorda tristeza surge à vista Das gentes anónimas que passam por ora Vou cuspindo para o papel com alguma verdade As letras, benzidas por deus seguindo rua fora.

Fico assim marcado nesta vida como um lobo Que sugue o seu caminho sem trilho fixo Avistando os autocarros partirem e a chegarem na hora Sem saber o que fazer com os sacos do lixo.

Já que os mesmos contêm os restos de vida Deste lobo solitário que assim simplesmente nasceu E sem ter hipóteses de chegar a parte alguma Termino agora como Cristo um dia também morreu…

São Paio de Oleiros, 2010 / 06 / 02 ANTÓNIO CRUZ


“MEU SOCORRO”

Vivo na solidão com o meu cigarro Escrevo no escuro enquanto vejo o seu fumo Não sei nada de nada nesta vida Já que não sei mesmo qual o meu rumo.

Será que sou alguém, penso assim no momento Entro no meu carro e acelero estrada fora Paro o mesmo e saio correndo no escuro Tropeçando nas pedras da calçada naquela hora.

Corro demais nesta vida solitária de aprendiz Apesar de já ser velho nesta arte Não vejo bem qual o sentido da morte Um copo de vinho bebo ao chegar a Marte.

E pelo vinho amargo na hora eu morro Ao sentir a boca seca neste inferno Sigo só o porquê ainda não sei Talvez até convenha assim avançar neste universo.

Mas sinto que preciso de lançar no ar Uma canção do meu socorro rapidamente Já que navego na solidão com um caravela Cheia de buracos e quem nãos os tem simplesmente.

É que os dias vão e vêm livremente Uns atrás dos outros sem encontrar uma cura Visto que o meu coração solitário chora E não creio que exista um santo que assim dura.

Porque sendo ainda um simples aprendiz Procuro um santo que possa apoiar este poeta Embora seja humilde em afirmar que sou aprendiz Não pergunto a ninguém como atingir aquela meta.


E já que assim ninguém também respondeu Sigo o caminho da solidão nesta mesma noite Tentando descobrir uma razão para esta vida Pedindo perdão a quem dela precisa sem afoite.

Sendo preciso dar razão a quem a perdeu Colocando uma pedra à beira do abismo Já que o amor também de mim se escondeu Certo dia e certa noite sem romantismo.

Dou meio passo nesta minha vida solitária Entre o mal e o bem nesta louca escrita Seguindo este maldito caminho aperto o botão Que da minha camisa se desabotoou sem brita.

Já que sinto um sismo pela estrada Avistando as pedras da calçada a Santarém Com os botões arrancados da minha camisa Sigo os trilhos velhos do comboio do além.

Pois pelos mesmos já nada passa por ora Até parece que estou no mundo dos mortos vivos Dizem que uma lenda foi escrita no tempo Trazendo a solidão para os humanos menos esquivos.

Enquanto caminho solitário nesta malvada vida Procuro descobrir qual o gosto da morte Não sabendo ainda onde posso descobrir o gosto Que a vida trás num sorriso para lá do Norte.

Já que para sorrir é preciso também motivo Mas que um pobre solitário como eu Não sabe o descrever, tendo o mesmo segredo Já que não consigo encontrar a chave de Cireneu.


É que em tempos a tentei encontrar Ao ser pesada a minha cruz da solidão Acendo mais um cigarro como meu socorro Não conseguindo desvendar os segredos do coração.

Porque perdido ando neste meu caminho E os dias vão e vêm e uns vão Os outros só fazem parte do serão Não sabendo a quem contar esta canção.

Procuro encontrar uma cura pró meu coração Já que sinto ferido sendo ainda um aprendiz Mas a minha vida quanto ao mesmo já longa Não conseguindo perdoar o meu passado de petiz.

Será que o trilho que sigo em solidão É a minha razão visto que ninguém perdoa A quem como eu já pediu mil vezes perdão Para esta vida que tantas vezes me atordoa.

É que assim de cigarro na mão sigo sozinho Sem saber nada de nada desta minha escrita E ao escrever sobre a estrada da minha vida Por um travo amargo a mesma será descrita.

E folha a folha, pedra ante pedra sigo Procurando uma cura para o meu único socorro Abandonado pelos santos dos poetas assim pareço Sabendo unicamente e que por fim um dia também morro.

Mozelos, 2010 / 06 / 04 ANTÓNIO CRUZ


“ABRAÇO DO MOMENTO”

É cada vez mais certo hoje Que as pessoas andam muito carentes Ao não receberem gestos de carinho e afecto Assim como gestos de ternura e formas de amor presentes.

É que principalmente o amor faz falta Para se conseguir viver neste mundo corrido Já que não existe tempo para nada Precisando nós de alcançar a sensibilidade de ouvido.

Sendo preciso saber escutar a verdade Que se aproxima lentamente em bolas de sabão Bastando um toque físico através da amizade Para que funcione o nosso termómetro da emoção.

É cada vez, mais aumenta a necessidade De um toque de outras pessoas para se existir Com um efeito afectivo ou até mesmo terapêutico Bastando para isso um simples abraço sem ferir.

Sendo esse o sinal visível da afectividade Definido por duas pessoas ou mais sem maldade Já que ficam parcial ou completamente nos braços Todo o carinho e o amor que existe na realidade.

Pois esse abraço é muito mais que um encontro Em que dois corpos se unem transmitindo energia Ou melhor dizendo transmutação de energia humana Num simples gesto podendo ser demonstrada no dia-a-dia.

É que esse mesmo gesto através do tempo Foi passando num abrir e receber da vida Assim como num dar e doar ou mesmo captar Que estimula um renascer de toda a essência perdida.


Assim ao longo dos tempos o abraço Denota em nós a consciência de que não estamos sós Visto que um simples abrir dos braços demonstra Uma amizade ou mesmo uma paixão vinda dos avós.

É também o símbolo da paz e da felicidade Que muitas vezes nos leva sem palavras a o utilizar Ao estarmos presentes e disponíveis para os outros Viabilizando o acolhimento com sentimento num simples ofertar.

Pois independentemente da atracão física sentida, Através do abraço demonstramos diversos sentimentos Como o carinho, o perdão, a saudade e a congratulação Assim como a solidariedade, a segurança, a protecção naqueles momentos.

Já que existe sempre um abraço terno Em momentos de tristeza ou memorias bem difíceis Demonstrando amor pelo próximo com sentimento Sem ser numa forma rápida sendo abraços visíveis.

Visto que o rápido e formal se vê Como um acto de quem não têm tempo na hora Para uma palavra de cortesia ou mesmo de amizade Já que leva um stress solitário pela vida fora.

Aquele abraço demorado e energético Sai bem de dentro do coração tendo sentimento Nascendo com uma luz de prontidão na hora Sendo assim não precisa de idioma para esse momento.

Ele aumenta assim a hemoglobina da pessoa Que é tocada sem contratempos do mesmo tempo Colocando-se acima da ciência e da arte Basta para isso o verdadeiro abraço com tempo.


Pois o abraço cria o tempo do tempo Num caloroso circulo de apoio do momento Existindo a confiança livre de qualquer rancor Em que a alegria e a amizade liberta o pensamento.

O mesmo pensamento com uma força interior Provocando a cura para todo aquele sofrimento Não custando nada ao se abrir o nosso coração Ao se receber um abraço daqueles nesse mesmo momento.

São Paio de Oleiros, 2010 / 06 / 09 ANTÓNIO CRUZ


“NÃO SOU NADA”

À cerca, de quarenta anos aproximadamente Uma estrela viajou por entre o fogo Batendo no ferro com uma vontade só Soltando da solidão o seu ermo logo.

Passando gente a ficar sem amor Ou melhor sem saber como amar Nem mesmo a mais louca paixão Partindo à queima-roupa não consegue alcançar.

Sendo preciso deixar as águas passadas Serem levadas pelas pedras da saudade Ao ser um aprendiz nesta vida fita de átomos Ainda consigo ser o mesmo homem com amizade.

Conseguindo alcançar em determinado tempo Um amor incandescente por uma bela flor A certa altura se tornou num amor bem selvagem Dizendo bye; bye ao passado da minha dor.

Mas sempre sabendo que os amores de hoje Vão e vêm e outros, mesmos assim passam Tipo andorinhas no seu tempo de imigrantes Já que as mesmas machucadas e sem medo voam.

E antes de voltarem a casa namoram Sabendo sempre onde ele vai parar E como um bandido cheio de razão roubo um coração Bastando para isso que o meu amor pare de chorar.

Uma bebedeira apanho por entre a paixão, Já que a bela dama me anima em certeza Brigando comigo ao mesmo tempo que vai partindo Mesmo assim a amo renascendo ao ver a sua beleza.


Uma beleza interior e exterior sem comparação Assim nasci para amar esse seu ser Não deixando de pensar no seu amor livre Que fala sério estando comigo neste viver.

Por isso faz comigo novamente amor Em que a sua amizade faz de mim um homem Matando a saudade ao entrar na festa do prazer Com uma flor renascida pela primeira vez ainda jovem.

Fui um homem demais na primeira vez Deixando de ser um simples “garoto” de rua E hoje continuo a desejar amar a sua flor Chegando ao topo ao avistar a sua beleza nua.

E estando no topo tudo que a mim vier Não será imperfeito nesta minha indiferença Já que no seu olhar de rosa apaixonada Irmã da Lua e amiga das estrelas sente esperança.

Para mim é irresistível no seu corpo nu “Y no le mentiré al su corazón” com verdade Visto que não deixo de pensar na sua flor Sendo pior que isso tudo é se perder a sua amizade.

Já que não consigo mudar esta minha vida Pensando sempre na sua bonita flor que desabrochou Em pleno Verão livremente para mim com alegria Visto que nunca mais o meu coração então murchou.

Embora por vezes pense no tempo de agora Vou recebendo o aviso que então preciso Já que preciso de ser amado para poder amado Desabotoando a camisa da saudade sendo mais conciso.


E do seu coração livre preciso unicamente sempre Como se fosse o seu primeiro amor de vida Enquanto a cabeça não pensa com nitidez Sinto que neste mundo a poesia de aprendiz está perdida.

Já que amo demais a flor que circunda Passando as quatro estações sonhando com ela Sempre com vontade de a amar no bom sentido Viajando por entre os sonhos numa velha caravela.

Pois quem sabe sobre mim, só sou eu Uma coisa posso escrever aqui e agora, Que sem a minha flor não sou nada Ficando com o gosto do pecado de rédeas curtas na hora.

Belém, 2010 / 06 / 10 ANTÓNIO CRUZ


“MUNDO DESCONHECIDO”

Cada volta que dou na vida É sempre um recomeço que faço Recomeço o dia por me deitar Numa cama feita de capim em laço.

Levo algum tempo a desfazer o mesmo Já que a vida se cambia por vezes Nunca acertando em cara ou coroa Não chega a mim o anjo dos trezes.

Visto que ando sempre em conflito Com os números nesta curta vida Continuando aprender com um coração de vidro Andando assim contra-mão por uma paixão escondida.

Ao ter o meu coração em pedaços Virei camionista pela estrada da vida Atirando palavras sem sentido pela boca fora Demorando demais a me aperceber desta lida.

Só que depois surgiu aquele dia Em que o meu coração foi morto Pela flecha do desejo por uma mulher Dando ao mesmo um novo mundo torto.

Já que passei a estar ocupado Pela paixão vadia que me levou ao pecado Pedindo a Deus que me salva-se da vida Que até então levava estando já cansado.

Sendo o amor lançado pelo seu olhar Daquele jeito que todo o homem gosta Atraiçoou a minha timidez com liberdade Revelando como era linda dando à costa.


Passando assim a ser a luz do mundo Melhor dizendo a madrugada do meu olhar Sendo essa mulher, mais do que eu Estando então melhor que antes para amar.

Era uma mulher-menina naquele tempo Uma “menina” carregada de veneno em si Demonstrando que o pecado morava ao lado Cantando para mim tudo aquilo que vi.

O meu coração só queria chorar De tanta ternura e amor por si apresentado Meus pais pareciam me ter abandonado na hora Mas no seu mexe que mexe comoveu o meu amigo alado.

Um amigo que foi envenenado por si No seu corpo de mulher-menina bem formado Passando a ser o meu universo nesta curta vida Por entre as esquinas dos sonhos em pecado.

Pois na hora “H” lá estava ela livremente Esperando para ser só minha com paixão Não sendo o mesmo ao a ter perto de mim Ficava sem jeito e sem dúvidas no meu coração.

Já que é bom lembrar aquele tempo Em que o meu coração foi salvo A saudade aperta o mesmo neste nosso tempo Em que vai passando, estando eu a ficar calvo.

É uma saudade bendita a que sinto hoje Um veneno foi por mim tomado na hora Em que nós os dois decidimos ser amados E ao som dos Beatles mergulhamos naquela hora.


Pois a saudade hoje prega uma seca Uma seca malvada pelos tempos decorridos Em que éramos felizes não tendo medo algum Recebendo sempre o melhor presente beijos oferecidos.

Nos seus olhos via a sua bela pureza Sintonizada no seu coração com amor Bastando para mim o seu olhar sincero Com um sorriso bonito pintado de cor.

Com a sua beleza sufocado ficava simplesmente No seu corpo nu escrevia a minha paixão Com o meu olhar lia as estrelas na noite Tendo sempre tanto para escrever saindo da solidão.

Assim como tinha tanto para lhe dizer Sendo estranho como aprendiz de poeta que sou Me faltava as palavras na hora da morte Surgia a saudade de criança que não voou.

Mas hoje tento outra vez voar nesta vida Através da poesia utilizando palavras com amor Como tudo se acaba assim eu acabo também Ao tomar nota da falta de juízo perante a dor.

Tranco a minha porta procurando um beijo Chego a casa perecendo um estranho conhecido Não sendo tarde demais escrevo como refúgio Que continuo amar assim este meu mundo desconhecido.

São Paio de Oleiros, 2010 / 06 / 18 ANTÓNIO CRUZ


“DOCE MALDADE”

Surge em mim uma doce maldade Enquanto no momento jogo com paixão Vendo dois amigos assim como irmãos Brincando sem maldade e em união.

São dois corações e uma história só São dois irmãos que brincam e choram Recebendo um beijo da mãe e do pai Que tanto sofrem e tanto os adoram.

Também por eles dou a minha vida Assim como dou a vida por um beijo Esperando à porta pela sua mãe Que vêm de trabalho com o desejo.

Deus por mim e por nós olha Enquanto a nossa vida vai correndo Na minha vida coloquei três pontos E sobre eles enquanto posso vou escrevendo.

É o amor que surge em doce maldade Entre ela e eu surge o encanto Ao passar por menina nesta vida Não sendo tarde assisto ao seu canto.

Os irmãos brincam com bolas de sabão E nós os dois caímos no pecado, Surgindo a tarde, mas não sendo tarde Acabamos em paixão mesmo ali ao lado.

Não surge sequer mais uma dúvida No dia em que eu saí da antiga casa, Pois não posso negar que ganhei liberdade Visto o nosso amor ser o ouro que arrasa.


Sonhos são ditados pelos dois irmãos Como um bicho que os vai pegar Perante um futuro vivido numa incerteza Com pedidos que fazem a Deus no seu rezar.

E eu o que faço? Neste meu dia-a-dia Perdido no tempo sendo o “último” dos apaixonados De olhos na Lua procurando o sentido do amor Já que mais que uma vez traiu os amados.

Peguei numa caneta para escrever com sentido Mas não o consigo fazer passando da conta Espero que pare este meu não sentido Visto que pedaços de mim se despendem da ponta.

Por isso continuo a escrever letra a letra Caminhando pedra sobre pedra pensando em si Sentindo uma tristeza por não ter nada Que possa oferecer aos irmãos por isso sofri.

Sofri e continuo sofrendo, tentando tudo Para que possa obter tudo de novo Que um dia perdi sem ter sequer sentido Espero que este azar vá embora sendo do povo.

Largo algumas bolas de sabão no ar Procurando cuidar de mim com algum amor Vêm meu amor e fica comigo em paixão Diz o que pensas que eu faço sem nenhum favor.

Porque a vida é como uma viola Em que o “violeiro” vai dando ás cordas livremente Sempre com o pensamento na música procurando sentido Por entre as suas notas musicais vai sonhando simplesmente.


Vai sonhando e vivendo por viver a vida Mas com um objectivo definido ao construir música Vai voando sem asas pelo seu mundo mágico Atingindo o seu ponto elevado ao cociente da física.

Já que como apaixonado compõem as suas musicas Para poder conquistar a sua amada Mudando a sua vida assim como a dela Aplicando a paixão com o pecado em contos de fada.

Pois tudo na minha vida mudou simplesmente Sendo demais o amor que sinto ao escrever Sobre os irmãos assim como da sua mãe Dando a volta ao meu coração sem saber sequer ler.

A vida é assim e aprendemos a ler e a escrever Mas o coração é quem mais manda simplesmente Levando a nossa loucura a dar uma volta ao mundo Podendo sonhar com a felicidade na hora e livremente.

Por isso descobri em mim uma doce maldade Que me leva a sonhar sobre as linhas da escrita Utilizando as minhas paixões escondidas pelo tempo Terminando por agora aqui o que a vida me dita…

São Paio de Oleiros, 2010 / 06 / 21 ANTÓNIO CRUZ


“JANELA DA VIDA”

Abri a minha janela para a vida Tentando ver a minha fé perdida Avistando na altura tanta miséria Que naquele bairro morava e sem vida.

Meu coração se fechou várias vezes Ao ver a tristeza que ali se formava Havendo neste orbe atroz e ruim do mundo Que até o silêncio se apaga por quem reclama.

Assim que posso coloco-me à janela Vendo a vida passar num falso olhar Descrevendo por entre as guias da rua Que é pobre não saber como se amar.

Alongando o meu olhar no horizonte Vejo um vasto mundo sem fim da pobreza Viajo então em pensamento pelas profundezas Que a minha escrita me leva com riqueza.

E neste olhar pus todo o meu sentimento Utilizando a beleza nas palavras da vida Sentindo uma mágoa que não se aparta Ao ser aprendiz nesta vida já algo perdida.

Já que a minha fé por vezes parte Deixando a minha vida quase sempre desconsolada Ao não ter um momento para viver a escrita Que faço com paixão acabando por a deixar abandonada.

Ao ver os nobres comendo à farta A comida do Zé-Povinho sem sentimentos Recorro ás palavras que me fazem sonhar Entregando-as as génios que pedem esmolas em lamentos.


Pois já vi muitas vezes a razão Ser combatida pela opressão ficando de rastos Sobrepondo-se à mentira numa viva chama Fazendo chorar até os próprios ratos.

Visto que por triste irrisão da vida Vi anularem os astros que ditam a lei Colocando a própria ciência rastejando pela lama Por isso vou aprendendo a escrever até ser rei.

E não me custa poder ainda sonhar Mesmo lutando contra os ladrões dos valores Já que a vida os vai perdendo cada vez mais Assim como os sentimentos roubados pelos roedores.

Nas horas que passa honrando a escrita Vou esquecendo assim o cinismo dos vencedores Pois a história também é feita dos heróis esquecidos Pela vaidade das medalhas sendo eles os perdedores.

Ao abrir a janela da minha vida Faço um convite ao mundo de fé perdida Já que vi no topo o mais imundo Dos imundos seres lutando por uma nova vida.

Tentando conquistar a luz por esse ser Escrevo assim vindo das profundezas as minhas crenças Não caindo nas maldições que ditam as ascensões A um aprendiz de poeta fugindo a outras sentenças.

É que ascendo ao topo da minha vida Já que vi neste mundo tudo do mais incrível Como os miseráveis vou subindo como homem honrado Numa descensão imposta como nunca então visível.


Nesta minha escrita confusa pela barafunda Que vejo através da minha janela da vida Por isso afirmo com siso que tenho sorte Nesta vida maldita não bastando a fé decidida.

Essa fé me leva a ver por entre a janela Precisando de sorte para esta minha vida Ao desejar ser feliz deixando se ser canalha Fugindo à morte não pensando mais nessa lida.

Assim nestas linhas que ditam a vida A minha janela abri deixando entrar a fé, Percorrendo os espaços vazios do tempo perdido Distanciando-me da miséria do mundo de pé ante pé.

Olhando o horizonte dito as palavras vagamente Para não perder o fio à meada por ora Farto de pedir esmolas ao mundo ignorante Que me abandona ferindo o meu coração sem demora.

Procuro terminar este meu tormento nesta escrita Abrindo a janela à fé que ainda me resta Bloqueando eu neste momento ficando sem palavras Para seguir nestas linhas da vida acabando em festa.

Sendo véspera de São João procuro festejar Abrindo a janela da vida com alguma amizade A um mundo reunido à minha volta e família Sentindo no meu coração a poesia com felicidade.

São Paio de Oleiros, 2010 / 06 / 23 ANTÓNIO CRUZ


“LISBOA”

Dizem que Lisboa cheira bem As suas casas embelezam a cidade Brancas, azuis e amarelas de múltiplas cores Já com alguma idade são retocadas pela amizade.

Uma amizade fraterna criada com raízes Por entre as suas vielas se escutam canções Que se ouvem de janela para janela De casas estreitas mas caprichosas pela emoção.

Lisboa cheira bem ao ser nossa capital Embelezando o nosso pequeno Portugal Que neste canto do velho continente Viu partir as caravelas sem um ponto final.

Da sua bela e majestosa torre Partiram os nossos aventureiros por mar fora Sem um destino final rumo ás descobertas De cruz nas suas velas de lá partiram outrora.

Lisboa cidade dos telhados portugueses Com a sua estranha beleza bem visível Encanta quem lá mora ou quem lá passa Sendo formosa à beira rio o quanto possível.

Se avista o Tejo das suas varandas E descrito nas suas soleiras as nossas caravelas Palácios fechados de portas enormes brasonadas Dos senhores fidalgos que vão de Belém a Chelas.

Lisboa das casas floridas tipo capelas Enfeitadas com roupas pelas suas janelas Caminhos de escadas por entre os seus recantos Por vezes se confundem com as velas das caravelas.


Lisboa cidade do nosso fado triste E dos poetas discretos mas bem colorida Que vai desde o Castelo até à Madragoa Fazendo-nos sonhar com uma Lisboa florida.

Lisboa cidade que encanta o turista Com a sua beleza única junto ao mar Ditando aos navegadores de outrora a saudade Cantando ao Santo António a sua marcha popular.

A canção de Lisboa revela o Sol Acompanhada pelas guitarras e das suas violas Saboreando um café e um pastel de Belém Que pelas suas calçadas se vai dando ás solas.

Lisboa cidade que me faz sonhar Tendo em si uma certa nostalgia por natureza Leva-me a amar a Alfama e o Bairro Alto Com as suas vielas esquivas pintadas de beleza.

Pois ao ser ”menina-moça” deste Portugal E berço deste meu querer ser navegador Já como aprendiz não podia deixar de a descrever Como muitos outros “aventureiros” que a pintaram de cor.

Já que si nutro uma certa simpatia Ao ser a cidade do “meu” simpático Belém Assim como a capital deste meu nobre Portugal Que tanto amo e que nunca o esqueço também.

São Paio de Oleiros, 2010 / 06 / 29 ANTÓNIO CRUZ


“NAVEGADOR”

Enquanto sigo este meu rumo Peço que navegues neste meu mar Descobrindo comigo os mistérios da vida Que nos leva a saber como amar.

Já que juntos chegamos ao “amar” Viajando por entre os céus e os mares Que ditam as leis da paixão Bastando para isso subir sem olhares.

Visto que o que fica para trás É o passado que escreve a solidão Mas ao entregar o meu amor livremente Recebeste também o meu coração na tua mão.

Mesmo que as diferenças sejam vistas Navega comigo sem que eu consiga sorrir Já que muitas vezes segui rumos sozinho Até que um dia te consegui descobrir.

Subi aos céus para encontrar O amor que tanto desejei sentir Estando abraçado somente com a vida Que no seu voar me parecia fugir.

Já que somente abraçados podemos voar, Guiados pela luz da paixão neste caminho Pois então um anjo por Deus nos foi enviado Para nos salvar dos perigos com muito carinho.

Deita a tua cabeça no meu peito E descansa por ora das batalhas deste destino Pois contigo para sempre eu quero ficar Navegando pelos mares do prazer tocando o sino.


Já que juntos podemos dobrar a vida Perante o cabo das tormentas da solidão Basta erguermos as velas da nossa paixão Desgovernando a caravela pelos mares com emoção.

Pois a mesma é quem comanda a vida Sendo o coração o senhor dos nossos destinos Revelando todos os nossos únicos amores Perante uma vida carregada de muitos desatinos.

Mas nesta escrita que vou fazendo Vou também aprendendo como devo ser feliz Já que o amor que tanto procurei nesta vida Me faz hoje sentir ainda um pequeno petiz.

Vou assim navegando nos braços da amada Onde encontro o meu refúgio podendo sonhar E da ponta da caneta saem palavras de amor Que fortalecem a minha alma Lusa sem parar.

É certo que derramo lágrimas de amor Mesmo assim vou aclamando a minha dor Navegando nesta paixão com eterna ternura Já que delas bebo o seu verdadeiro esplendor.

Dos teus olhos eu enxugo as lágrimas Com um véu de noiva sendo eu o teu guerreiro Lanço ao vento tudo o que enxergo por ora Tendo sido da solidão em tempos seu prisioneiro.

O que pode ficar hoje por fazer Não é nada que este mundo já não tenha feito Já que no teu belo corpo transportaste a vida Que na nossa cama se revelou em paixão de direito.


Um direito que tive ao ser o eleito Ficando ao teu lado perante uma nova vida Reacendendo na minha alma uma chama viva Que abracei com a escrita esta nova lida.

Uma lida, um novo amor foi possível viver Já que a paixão nos foi entregue livremente Ao ser posta à prova perante os aqueles tormentos Que a vida transporta navegando pelos mares simplesmente.

Assim o nosso amor dá provas de si Conquistando as suas glórias com a paixão É um amor nosso só e quase perfeito Que nos faz navegar pelos mares da emoção.

Enquanto sigo este rumo de navegador Vou-me entregando a ti sem medos ou mistérios Pelos mares da escrita e do amor me aventuro Procurando assim neste meu destino descobrir novos minérios.

São Paio de Oleiros, 2010 / 07 / 01 ANTÓNIO CRUZ


“VERSOS DE SEMENTE”

Ao ser um aprendiz um dia perguntei Como é que os versos surgiam assim Sendo eles os sábios das palavras questionei Mas não me souberam responder por fim.

É que as mesmas palavras surgem no vento Não sabendo como elas se juntam simplesmente São coisas que marcam o nosso pensamento E os versos surgem do tempo então livremente.

Por isso os versos que fiz e que faço Não sei como os faço neste tempo agora Vivo simplesmente os momentos que então traço Pelos mais diversos motivos nessa mesma hora.

Pois também sei que assim sou feliz Escrevendo palavras tentando sempre fazer versos Querendo e desejando fazer poesia de aprendiz Procuro os amigos e os seus motivos mais diversos.

Procuro assim uma caligrafia num perfeito alinhamento Utilizando rimas saídas do meu nobre coração Por vezes recordo o meu sofrimento como alimento Para cada palavra que escrevo com certa pulsação.

Sei que os versos são rimas difíceis Não tendo, conta o seu peso ou mesmo medida Mas são sempre coisas que a vida dita como leis Sendo ainda aprendiz nesta minha nova lida.

É que já fiz versos durante o dia E à luz do Sol preste a surgir no seu nascer Fiz também versos como nunca pensei que podia Sem querer os poder reter faltando-me como escrever.


Pois a noite ditava a hora na hora E a escuridão dela fazia parte no momento Esquecendo-me do papel e da caneta lá fora Ia relembrando durante o sono esse pensamento.

Faltando-me memória para os poder expressar Refazia-os durante o dia com todos os defeitos Caminhando pela rua fora cantarolava-os sem parar Provocando uma certa azia por falta de jeitos.

É que os versos que faço estão feitos Através de uma forma de brincar simplesmente Que de uma certa forma saem de dentro com defeitos Só tenho que os refazer palavra a palavra novamente.

Já que só assim consigo voar livremente, De asas fechadas sendo provocado pelo cansaço Procuro não cair à terra como uma semente Pois o solo não é certo ficando espalhado pelo terraço.

Uma pedra é lançada sobre o meu voo Repousando sobre as águas do meu mar Soltando um sorriso de letras que de mim soou Através de um olhar que não ousa falar.

Surge assim sobre dois sentidos os meus versos Libertando em parte as minhas asas fechadas Concedendo a esta minha escrita alguns reversos Ao pressentir formas diferentes de escrita ambas amadas.

Mesmo que provoquem em mim algum sofrimento Trazido ao de leve pelas memórias do tempo escondidas Só que no final surge também um sorriso bem diferente Ao reler os versos na vertical sobre as vidas oferecidas.


E à noite o calor aperta e eu me refresco Com o cair das letras como se fossem água Subindo ao topo e descendo levando um refresco Com que dou de beber à minha fé matando a mágoa.

Já que procuro na terra ter alguma fé Vinda do céu como mensagem através de sorrisos Pois como aprendiz vou escrevendo mesmo de pé Nascendo dentro de mim versos sobre pensamentos lisos.

São versos lisos e transparentes como bolas de sabão Que voam em asas fechadas perante os meus olhos Ou mesmo em acto de desespero saindo do meu coração Colocando um ponto final nas folhas escritas estando aos molhos.

Pois assim os meus sonhos têm a sua ascensão Sem par igual perante alguns sorrisos meus Provocando por vezes também alguns choros de emoção Sendo prudente o meu silêncio orando assim a Deus.

Ao ser aprendiz de poeta escrevo livremente Os meus versos que surgem do nada e do tudo Sabendo que não sou um sábio assumido coloco a semente Que quem sabe um dia não germinará ficando por ora mudo.

São Paio de Oleiros, 2010 / 07 / 05 ANTÓNIO CRUZ



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