recados das nuvens 038

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ANTÓNIO CRUZ


ANTÓNIO CRUZ


“ PREFÁCIO DE UMA VIDA”

Escrevi num mês distante, trinta e tantos, poemas a fio sem parar, numa espécie de êxtase. E hoje, é um dia triunfal da minha simples existência, nesta minha vida. O que se seguiu depois de alguma tinta ser gasta e muito papel ter sido utilizado; só sobrou um cesto de papéis cheio, foi o aparecimento de um novo “Poeta – Escritor”. Tudo isso, se verificou no continuar do pequeno Sonho de Criança que há muito tempo vinha a desenvolver no meu interior, utilizando pequenas rimas ou alguns pensamentos muito sugestivos da minha maneira de ser. E de ter vivido quando criança e também algumas situações, já como adulto. Desculpem – me, o absurdo da frase; mas apareceu em mim um enorme desejo de transcrever para o papel algo com sentido ou mesmo sem! Era simplesmente aquilo que vindo do meu eco interior ou directamente da minha mente, ditava por palavras ou frases simples, numa leitura rápida, e a minha mão escrevia para um bocado de papel. A expressão que sobressaía no meu rosto era a de um pequeno sorriso esboçado quando terminava mais um tema, mesmo que esse não tivesse muito sentido! Mas, era como se tivesse restituído alguma vida aos mais simples “poemas” ou “contos”, que eram para mim algo profundo mas muito belas. Só que por vezes, bastava unicamente o esboçar de um sorriso para me agradar e aquilo que acabava de transcrever logo por si existiria numa folha de papel sentindo toda a sua magia sem sequer poder falar! E, num certo dia, à noite quando relia tudo aquilo que já havia escrito em simples rascunhos, por vezes, revia ali a minha própria sombra retractada. Eram, e são, simplesmente memórias, brincadeiras, ou mesmo chamadas de atenção para o mundo em que vivemos. Sei que um dia alguém as vai poder ler e as irá existir na prateleira da sua biblioteca para quando este ser já ter abandonado o planeta Terra. Um simples risco da minha curta vida ficará lá conservada, para sempre todo o sempre como sinal da minha pequena existência terrena! E, só assim poderei viver eternamente, por milhares de anos a fio, recordando a Alegria, a Tristeza, o Amor, a Solidão e tudo aquilo que tiver dado a este Mundo! Mas, uma coisa Eu sei, que serei alguém que existiu um dia neste “Universo da Escrita”!... E essa recordação ficará para sempre nas memórias de todos, sendo como aquele que deixou um “Verso” quando morreu, e talvez seja a “Profecia” de uma vida!...

Mozelos, 2000 / 10 / 10 TONY CRUZ


TITULO

LOCAL / DATA

0

PREFÁCIO DE UMA VIDA

MOZELOS, 2000 / 10 / 10

1

SOU UM TEMPLÁRIO

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2009 / 10 / 23

2

O BOM RAPAZ

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2009 / 10 / 14

3

HISTÓRIAS DE MOÇO

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2009 / 10 / 21

4

COMBOIO DA FÉ

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2009 / 10 / 22

5

LUZES DA RIBALTA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2009 / 10 / 16

6

VIVER AO PÉ DE TI

SILVALDE, 1988 / 02 / 03

7

FLUTUANDO SOBRE A CIDADE

PARAMOS, 2009 / 08 / 18

8

CORAÇÃO METÁLICO

MOZELOS, 2000 / 08 / 05

9

TU ME SEDUZES

MOZELOS, 2009 / 10 / 03

10

CORRENTE DA LOUCURA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 1990 / 11 / 30

11

ESPIRITO DO AMOR

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2001 / 05 / 01

12

AMOR III

ESTARREJA, 2009 / 10 / 25

13

LIRISMO DOS DOUTORES

MOZELOS, 2009 / 10 / 01

14

O PODER DA ESCRITA

CARVALHOS, 2009 / 10 / 06

15

PALAVRAS DE SEMENTE

SILVALDE, 2009 / 10 / 17

16

ESCREVO POR ESCREVER

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2009 / 10 / 25

17

NAVEGO NAS PALAVRAS

MOZELOS, 2009 / 10 / 22

18

PALAVRAS COLORIDAS

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2009 / 10 / 28

19

GRAMÁTICA

SÃO PAIO DE OLEIROS, 2009 / 10 / 29

Em "Recados das Nuvens" simplesmente escrevi Que sou um templário de coração metálico de que me servi Como um bom rapaz flutuando sobre a cidade Perante as histórias de moço utilizando a gramática da felicidade. Já que escrevo por escrever com o poder da escrita Tendo palavras de semente e do lirismo dos doutores que me irrita Navego simplesmente pelas palavras sendo elas coloridas Ao ser seduzido pelo espirito do amor e as mesmas oferecidas. Assim termino mais um livro com amor na corrente da loucura Pois as luzes da ribalta não são para mim a minha procura Segui apenas no comboio da fé acreditando até ao fim Querendo viver ao pé de ti com amor e escrevendo sempre assim. São Paio de Oleiros, 2009 / 11 / 02 TONY CRUZ


“SOU UM TEMPLÁRIO”

Recebo os recados das nuvens Enquanto pela pátria perdida caminho Sem destino marcado sigo um vazio Um raio de luz lançado com algum carinho.

Já que o mesmo me foi lançado Num rectângulo de poeira retalhada E sobre ele se cria algumas palavras soltas Como um criado desnudo sirvo a minha amada.

Sou um templário perdido no tempo Que a sua cama desalinha simplesmente Perante a madrugada que então surge Revelando os corpos nus e suados pasmaceira mente.

Pois os mesmos se fundiram livremente Durante a noite toda sem existirem surpresas E pelos quatro cantos do quarto se sente Um cheiro a ocre que exala, sem haver represas.

Sinto-me desconfortável pegando numa toalha Pousada sobre a cómoda estando à minha espera Enquanto olho pelo espelho, a minha amante Repousada sobre o leito desfeito pela esfera.

Já que ontem deitei-me com uma amante E hoje levanto-me com uma esposa enciumada Pelas minhas rotineiras visitas ao pavilhão Estando ébrio ontem que caí a dormir com a fada.

Acordo com a minha mão adormenta Debaixo do traseiro da minha louca amada Que foi fazendo juras durante a noite E a qual passou a noite embainhando a minha espada.


Olho o céu azul lendo as nuvens Enquanto o dia amanhaste com a ressaca Sento-me escrevendo palavras soltas no jardim Respirando o ar contaminado pela paixão que pegou de estaca.

Já que o mesmo não posso dizer Da minha clone vinda do Norte Que os patriarcas me puseram à porta Sem saber que junto tinha a minha morte.

E que por entre os delírios vividos e cantados Foi alimentando a minha espada da poesia Sendo eu um templário da minha cruz Vou escrevendo nas folhas brancas da minha magia.

São Paio de Oleiros, 2009 / 10 / 23 ANTÓNIO CRUZ


“O BOM RAPAZ”

O mundo se encobriu de sombras Ficando negro o sonho de um bom rapaz Enquanto no seu corpo exaltava cheiro do campo Visto ser um rapaz simples mas bem capaz.

Já que para a uma nova cidade tinha partido De malas e bagagens sem um destino certo Procura nos jornais lá da terra trabalho Mas sempre sem saber se tinha feito o mais correcto.

Tinha partido no comboio lá na vila Chegando ao “paraíso” das grandes cidades Avançou perante um sinal vermelho como uma seta Pelas ruas da capital sem ter sequer algumas amizades.

Procurando por entre algumas ruas desertas Tentando ser audaz e também veloz o rapaz Um carro alugou assim como também um quarto Querendo vencer na cidade sendo ainda bem fugaz.

Mas o seu sonho ia ficando também negro Perante a solidão daquela grande cidade Como um bom rapaz que era até então Não sabia como lidar com a falta de amizade.

Sentia um grande vácuo dentro de si Não sabendo como colmatar a falta da paixão Perante a tristeza e a solidão no seu caminho Restando o perfume que emanava no ar sem emoção.

Avança no sinal STOP como uma flecha Não sabendo a onde vai sequer parar simplesmente Procura no telemóvel um número bem à sorte Teimando em encontrar uma paixão como sua semente.


Sozinho e perdido na noite ele fica, Esquecendo-se de dar o pisca mudança de direcção Foi bater de frente no carro que por passava E sem ferimentos nenhuns saiu do carro tipo furacão.

Embasbacado ficou ao ver a certa figura Que à sua frente parou sem nada podendo falar E naquela cidade deserta um vácuo se instalou Um bater de corações foi accionado em pleno ar.

O bom rapaz sentia o seu coração explodir Pensando que tinha chegando a sua hora Só não sabia como enfrentar a bonita figura Já que as palavras não saíam da sua boca para fora.

O seu abismo perecia crescer simplesmente Uma angústia tomou conta de si livremente E sem saber como uma luz se acendeu No seu horizonte escuro, então seu coração falou abertamente.

A sua realidade se transformou numa paixão Já que a mesma surgiu perante o nada Como de um mero acidente a sua vida mudou E assim a sua solidão se afastou perante uma fada.

O vazio da cidade foi preenchido ao acaso E do bom rapaz se afastou a negra sombra livremente Dando um bom fim feliz à sua história pacata Tendo uma nova paixão com esperança como semente…

São Paio de Oleiros, 2009 / 10 / 14 ANTÓNIO CRUZ


“HISTÓRIAS DE MOÇO”

Aquelas nossas histórias bem antigas Que a minha avó então me contava Mais pareciam verdadeiras legas, legas As mesmas me encantavam enquanto se desenrolava.

Levando a minha imaginação ao limite Fazendo de abelha como a “Abelha Maia” Que na sua luta diária colhia o néctar De flor em flor seguindo sempre sem raia.

Já quando na televisão simplesmente via Esses bonecos animados então os desenhava, Num bocado de papel com muita fantasia E com eles muitas das vezes também sonhava.

Era um moço só e sem companhia Perante as histórias antigas da sua avó Desenhando borboletas ou até as flores Alimentava o meu coração com esse “farró”.

Eram então as histórias as minhas amigas Assim como a televisão que na altura via Os bonecos animados como o “Vickie Viking” Ou mesmo o “Franjinhas” sendo a minha companhia.

Outros bonecos me faziam companhia Como a “Heide” e o “Marco” viajando com o macaquinho Mais tarde vieram as histórias aos quadradinhos Em que delas ainda guardo um bom pedacinho.

Como moço de que era na altura A minha inocência era vivida no papel Com jogadores do meu dia-a-dia com eles brincava Sem intrigas formava o meu belo plantel.


E no final das minhas ricas brincadeiras Existia sempre e sem demagogias um abraço final Guardando no quartel de “Legos” por mim achados Os meus heróis até surgir mais um, como novo sinal.

À missa ia aos Domingos ouvir o Sr. Padre Falando sobre as pragas daquela altura E à tarde via na televisão os bonecos animados De seguida brincava imaginando mais uma aventura.

Guardando em mim um pedacinho desse céu Sendo eu um moço sem ter um comando Viajava por entre os sonhos das minhas histórias Como uma beata devota no altar por si rezando.

E como estas histórias já vão longas Sendo depuradas nestas folhas de papel nuas Contendo mais um pedacinho das minhas maravilhas Que em moço passei com algumas fases ainda cruas.

São Paio de Oleiros, 2009 / 10 / 21 ANTÓNIO CRUZ


“COMBOIO DA FÉ”

Vou utilizar as palavras de um jovem Que certo dia escreveu com fé as mesmas Começando a serem escritas numa carruagem O mesmo jovem com coragem enfrentou os “lesmas”.

-“No início os nossos pais nos metiam Num comboio com um bilhete sem ter destino Já que o mesmo ainda não tinha sido marcado Para nós era tudo um simples desatino”.

-“Enquanto crianças que nós éramos E connosco de mãos dadas seguiam um caminho Até chegarem à paragem da “Profissão de Fé” Aí nos largavam das suas mãos, ficando então sozinho”.

Onde teríamos que escolher o nosso melhor Já que o mesmo caminho tinha que ser trilhado Por nós mesmos com medo ou sem medo É que com a Fé o nosso coração é alimentado.

E em cada estação seguinte a Fé vai aumentando Assim como os nossos companheiros de viagem Só que os mesmos foram alterando simplesmente Alguns foram entrando outros foram saindo sem mensagem”.

-“Como em nós existia a dúvida sobre continuarmos Mas fomos sempre optando pela decisão do “Sim “ Sem termos o destino ainda marcado pela sabedoria Só com força continuamos e nos levou até ao fim”.


-“Já que as nossas dúvidas interiores e pessoais Levaram-nos muitas vezes a pequenas brigas e chatices E as mesmas também nos fizeram questionar a decisão Provocando-nos alguma dor com muitas patetices”.

-“Contudo as risadas e os muitos momentos Em que na partilha existia uma grande Fé Que nos levava a fazer novas amizades pelo caminho Com uma união de grupo e acima de tudo ficávamos de pé”.

-“Pois o nosso amor se tornou bem forte Perante as barreiras da vida e então continuávamos Ao optarmos por ficar no comboio seguindo a viagem Já que Cristo simplesmente nos ensinou a nos amarmos”.

-“Por isso temos que agradecer a Deus Por termos conseguindo ultrapassar os nossos obstáculos E continuarmos a ser guiados pelo seu maquinista Que é Jesus, já que Ele também os enfrentou sem músculos”.

-“Pois foi Ele que nos guiou e nos mostrou Que o caminho apesar de ser bem duro Nos pode levar ao melhor destino da vida E nos prepara para a nossa caminhada com futuro”.

-“Já que a nossa viagem ainda não acabou E em conjunto com os nossos “picas” Sendo eles os nossos mentores na Fé em Cristo E que vão aturando nestes anos com algumas “pataliscas”.


-“Por isso queremos continuar em união em Cristo Neste comboio da vida e fazendo dele O nosso local ideal para vivermos em paz Demonstrando também o nosso amor para com Ele”.

-“E ao vivermos segundo as suas normas Poderemos engrandecer a nossa Fé nesta vida Cristã Sem nunca julgarmo-nos uns aos outros Pois assim viveremos para sempre um novo amanhã”…

São Paio de Oleiros, 2009 / 10 / 22

ANTÓNIO CRUZ


“LUZES DA RIBALTA”

Se existem preconceitos e vaidades São colocados em corpos luminosos E pelo caminhar dos anos que passam A sua luz se vai esfumando ao serem vaidosos.

Ao se fazerem viajar no tempo presente As suas figuras parecem um farol Fazendo-se valer das suas forças preconceituosas Tentando impingir um encanto tipo o sol.

Esquecendo-se que são simples pessoas Que nesta sociedade nasceram com algo mais Mas que no fundo os seus espasmos temporais Nada são mais que simples seres e bem reais.

E um dia as suas luzes e cores Que tanto proclamam ao mundo inteiro Se desvaneceram no tempo e se envolvendo No esquecimento no infinito espaço derradeiro.

Já que o têm a mais é dinheiro E a sua fama é uma Aurora Boreal Que na vida regressa quando algo corre mal Esquecendo-se que sem o amor lhes pode ser fatal.

Para que o seu corpo se possa mexer E já que no seu sangue flúi ainda a paixão Numa turbulência impar num corpo sofrido Pela falta de atenção ao não sentirem nada no coração.

E nesse seu corpo que acaba sempre por sofrer Nada mais parece ter a temer na sua vida Já que nada é novo nas suas lidas diárias Tudo nasce da mesma forma e não está perdida.


Só têm que pensar na sua simplicidade diária Passando a serem um novo ser nesse momento Penso que é tempo de mudarem as suas atitudes E relembrarem-se que precisam de ter algum sentimento.

Não olhando mais para o seu passado Pois o seu “estrelato” um dia se acaba simplesmente E o tempo não volta atrás, só precisam de viver Uma vida normal sem as luzes da ribalta como semente.

Deixando de lado os seus preconceitos e vaidades Apagando as luzes que os ofuscam na realidade E estendendo a mão ao próximo ser como ele vive E só assim conseguiram serem humanos na amizade.

São Paio de Oleiros, 2009 / 10 / 16 ANTÓNIO CRUZ


“VIVER AO PÉ DE TI”

Como é bom estar ao pé do teu ser E sentir o teu suave perfume ao te ver Como és bela nesse teu forte querer E esse teu rosto que encanta tanto o meu ser.

Quanto tu vales para o meu ser Como é importante partilharmos o nosso amor Numa partilha na qual podemos sentir tudo Aquilo que vai nos nossos corações enchendo-se de cor.

Entre carinhos, abraços e troca de beijos Por entre olhares discretos podemos então ver O quanto gostamos um do outro desejando viver Em união com os nossos seres nesta vida bastando querer.

Quando chego a tua casas sinto no meu ser Uma enorme felicidade acompanhada pela esperança Pois um dia sei que poderei chegar a essa mesma fé Fazendo-me então sentir como se fosse uma criança.

Criança essa que sente toda a sua alegria E quando chega ao eterno lar Sei também que tudo parece ser irreal Não sei se na verdade consigo mesmo acreditar.

Para que possamos falar de um dia casar Ou mesmo vivermos em conjunto uma vida Pois toda a minha adolescência pensei um dia Quem sabe ter uma vida em comum curando uma ferida.


Com um ser o qual nada me impede de amá-lo E partilhar todas as dificuldades que possam surgir Já que as mesmas estão bem à nossa frente Por isso basta os nossos corações simplesmente se unir.

Tudo isto é um sonho que algum tempo tenho Que poderá brevemente ser por nós realidade Entre o amor em nossos corações cheios de felicidade Que nela os nossos seres podem reinar com qualidade.

Assim dando-nos um ao outro com certeza Que possamos resistir ás corrente dos mares E das tempestades como tudo aquilo que possa surgir Pelo caminho que as nossas vidas vão construindo sem azares.

Por vezes me questiono porque será assim? Já que cada vez mais me sinto atraído pelo teu ser E porque será que está parecendo aos poucos a felicidade? Não se revelando logo toda de uma só vez como deve ser.

Será que esta nossa vida é só feita de descobertas? Já que umas são pequenas e outras são enormes As quais não pensaríamos mas que nos podem levar A cometer algumas loucuras em prol dos nossos nomes.

Ou por vezes perder noites em claro a pensar Em tudo aquilo que poderíamos ou não fazer Para que possamos reinar numa paz espiritual Pois os nossos seres precisam muito de aprender.


Mas também precisam de perder com abundância Várias noites só assim continuaremos acordar, Sentindo como é bom estarmos então juntos Sabendo sempre como nos devemos unir e amar.

O que devo fazer para não te magoar? E como o devo fazer para então nunca te perder? Como é bom sentir a pele do teu rosto no acordar Ou mesmo tocar na tua face rosada cheia de prazer.

Tudo isto me leva a dizer várias vezes Como é bom estar apaixonado e desejar Ter para sempre o teu ser demonstrando amor Um amor que nunca até então sentia por amar.

E para que possa demonstrar todo o amor Que por ti sinto esperando um beijo teu Ou mesmo uma carícia tua com paixão Já que o teu corpo desejo como sendo meu.

Sinto que se tu um dia me faltares Ou se a tua paixão se for embora A minha vida deixará de ter algum sentido Passando a viver de novo na solidão sem demora.

Pois obstáculos se têm erguido nesta existência Mas tenho vencido com alguma resistência alheia Só que tudo parece surgir com um novo alento Ao tomar um novo rumo como se seguisse uma alcateia.


Só preciso mesmo de caminhar lado a lado contigo Já que me perguntaste algumas vezes o que é preciso Para que o nosso amor possa viver em partilha Cheio e com abundância de esperança mas sempre conciso.

Como em qualquer travessia pelos mares da vida O nosso sonho navega até se tornar uma realidade E ao sermos felizes para todo o nosso sempre Por pouco tempo que estejamos juntos tudo é felicidade.

É bom e muito importante para mim esta paz, Assim como também espero que todo este nosso amor Não possa ter um fim e o mesmo possa sempre reinar À Luz de Cristo para todo o sempre sem alguma dor.

Silvalde, 1988 / 02 / 03 ANTÓNIO CRUZ


“FLUTUANDO SOBRE A CIDADE”

Enquanto flutuava pela cidade solitário Os crepúsculos da vida que à tona vinham Pensava eu como seriam felizes as mulheres Já que à beira mar estava e as vozes me cansavam.

A luz intensa que sobre mim caía, Me fazia ver pescadores remendando as suas velas Que o mar havia rasgado fortemente Assim ia espiando enquanto pintava as telas.

Senti a longitude de um amor embarcado Por vezes uma gaivota na areia pousava Trazendo palavras soltas sobre a paixão De quem apreciava bem o coração que amava.

Também por vezes sinto o Sol quente Que me cega como um pequeno dardo Provocando em mim gotas de sangue Que se vão alastrando pela noite em fardo.

Os meus dias são lentíssimos na solidão Enquanto navego no oceano da vida Espero hoje fico sentado à porta esperançado Por alguém que venha a ser a minha querida.

O seu nome ainda não sei decifrar, Mas, já muitas cartas lhe escrevi sem ter fim, Olho o mar fazendo riscas brancas no azul Enquanto relembro a rua que vivi simplesmente assim.

Vou acreditando no amor de uma mulher Que possa espantar a minha solidão Que foi crescendo como uma pérola na concha Só que a mesma se fechou assim no meu coração.


Um dia espero avistar sobre a cidade Os barcos que fazem a sua escala Já que à minha porta espero sentado Ver o amor chegar com a sua mala.

Inclino-me novamente sobre a vida Fazendo descer o pano deste século Recomeço a ter umas certas duvida Se a felicidade não me entrará pelo “culo”.

Já que continuo flutuando sobre a cidade Procurando o amor na brisa do mar Só quero que o meu coração sinta a felicidade E que um dia possa voltar de novo a amar.

Paramos, 2009 / 08 / 28 ANTÓNIO CRUZ


“CORAÇÃO METÁLICO”

Pediste-me para conseguir exprimir Todo este meu amor simplesmente Só que não sou um motor Que se encontra em marcha constantemente.

Ser completo como uma maquina Eu sei que nunca o serei Porque tenho algumas falhas humanas Nos meus rolamentos e não o esquecerei.

As minhas rodas dentadas se quebram Com toda esta minha loucura Ao rasgar-me completamente num abrir Tentando então consertar descobri que tenho cura.

Procuro agora uma nova paixão Porque tornei-me num ser passento no presente E em tudo aquilo que sinto por ora Relativamente ao amor sendo seu paciente.

É como se tudo o que passa Nunca na vida chega a passar És uma presença demasiadamente acentuada Nesta minha vida que não quer parar.

Tu és como uma burguesa ou rainha Que andas numa rua sobre o tapete Um tapete vermelho sem um fim qualquer O meu bater de coração várias vezes se repete.

És a graça feminil que passa lentamente Como uma imagem ao repelai se tratasse O meu coração se tornou então metálico Quando este meu amor aconteceu como se me matasse.


Durante a nossa primeira conversa Num dia à porta do nosso cinema E quando pedi alguém para te conhecer Já eras muito diferente de mim sendo teu lema.

Ser alegre, divertida e cheia de amor Que muito insistias em oferecer a alguém E que um dia o pudesse merecer assim o dizias Já que o teu coração prisioneiro era também.

Mas esse, alguém, um dia afirmou Que tudo é diferente de nós e o amor existe Essas mesmas palavras provocaram efeito em mim Visto que o meu amor também a mim pediste.

Foi como se de repente recebesse algo Que à muito andava no tempo pedindo Surgindo em mim todas as novas sensações Que na prisão da minha maquina estava escondido.

Eras a virgindade que nunca tinha tido Eras o meu sentir ao criar um amor Que vinha de dentro de mim com viver Neste meu mundo mecânico sem nenhuma cor.

Mas neste meu sentir e pensar fico sem ideias Logo que tente sentir a compreensão na razão Do teu ser num existir como ser no meu pensamento Já que o mesmo encerrava a alma com emoção.

Teus lábios quando sorrias simplesmente Os mesmos transbordavam de enorme sensualidade Não conseguindo compreender o que tu sentes Pelo meu coração até pareço de momento não ter mobilidade.


Nem sei se sentes que eu existo Ou se tenho alguma importância metafísica Para o teu ser o qual ainda amo E espero que sejamos os dois a tocar a mesma música.

Já que estivemos juntos e unidos num só Ao nos transformarmos perante um violento percurso Para uma nova vida sem ter algum medo Nem mesmo tristezas com ódios nesse curso.

Já que a vida é sempre imprevisível E por isso só o amor poderá então vencer Ao movimentar os nossos corações metálicos Perante a rua escura que é a vida sem nunca morrer.

Talvez assim possamos juntos dar à luz Para que na mesma rua possamos festejar Já que me abri perante ti como um novo ser Dando o passo mais importante ao te querer amar.

E abrindo o meu coração metálico tentei crescer Deixando as sensações evoluir dentro de mim Acontecendo como se fosse uma simples aventura Fazendo com que tu minha rainha das flores fosses assim.

Já que neste meu jeito de ser Pareço um ser metálico sem ter emoções Mas transformei-me desta forma num novo ser Ao encontrar o teu amor perdido em frustrações.

E assim ao ter uma nova vida própria Ajudas-me lentamente a deixar de ser uma máquina Já que sou frio de natureza humana e sem amor Pois assim cresci com alguma dor encostado à esquina.


Só quero que tu possas surgir querida Pondo então este velho motor a trabalhar com amor Não querendo ter mais falhas nesta minha vida Desejo de ti receber para sempre a tua bonita flor.

Mozelos, 2000 / 08 / 05 ANTÓNIO CRUZ


“TU ME SEDUZES”

Sim, tu me seduzes diariamente Na tua forma de ser como uma rosa Vestes de veludo e de seda o teu corpo Em forma de pétala como esta prosa.

E pétala a pétala te vou despindo, De uma forma delicada a cada toque Já que o mesmo deve ser sagrado Para ti minha flor estando em foque.

Desejo construir uma ponte para nós Que nos separe hoje do tempo real E do tempo dos mitos minha deusa Com as certezas de um luar algo fatal.

Já que entre promessas de amor Vou colhendo o néctar da tua flor No início tu eras bem difícil Hoje jamais queres terminar ficando em dor.

Seduzes-me sempre à porta de casa Que por vezes se encontra aberta Estando tu disposta a um novo encontro Teu corpo em flor vai dando o alerta.

Escrevo cartas ao teu belo corpo Na sua pele fixo a palavra amor Com promessas vindas da minha alma Que lavra as ruas da solidão com dor.

O teu charme me foi lançado E nos meus poros ele simplesmente entrou O desejo atempadamente se sobrepôs a mim Já que o meu coração por ti se apaixonou.


Enquanto seduzes a minha vida A minha eternidade se torna limitada O teu momento é efémero e sem compaixão Já que estamos separados pela brisa emalada.

Mas juntos somos o poder do mundo E nada nos poderá separar sem a força Por entre o céu e o mar viajamos Unidos desde que tu és menina – moça.

Tu me seduzes por entre a brisa Que nos enlaça neste luar com paixão Sendo eu que sofro mais sem poder falar Já que o teu amor está entranhado no meu coração.

E o teu corpo é o meu tempo Assim como a minha nobre vida Com um punhado de bons momentos juntos Nestas palavras rabisco com coração minha querida.

Tu me seduzes hoje e no futuro amanhã Enquanto abres a porta do teu coração E com um toque sagrado de minha deusa Aqui deixo ficar a certeza de uma paixão.

Mozelos, 2009 / 10 / 03 ANTÓNIO CRUZ


“CORRENTE DA LOUCURA”

Não consigo dormir só de pensar Como seria tão bom te ter a dormir Ao meu lado sentindo a tua pele macia Enquanto no teu rosto surge um belo sorrir.

E quando ao de leve passo a mão Que tão rugosa está de muito trabalho E cheia de aventuras de uma vida matreira Provocada por uma vida de muito malho.

Como seria gostoso beijar nesta altura Esse teu rosto belo e frágil como tu Assim como o teu corpo que me transforma Nestas simples palavras que escrevo a nu.

Já que as mesmas estão cheias de amor E aos teus ouvidos são simples murmúrios De mensagens escritas em sonhos meus Seja dia ou noite não paro como as correntes dos rios.

A tua vida que foi tomada nessa altura Como a fonte da liberdade de um amor O teu corpo é meu como sendo um vagabundo Que procura curar esta minha dor.

Uma grande sede de beijar os teus seios Que são como os morangos de primavera E a alegria de sentir o prazer carnal De uma relação nocturna como se fosse a primeira.

Assim como no meu pequeno leito ao ver O teu corpo nu que tento então atingir As estrelas de um oceano carregado de prazer Sentindo o gosto da vitória ao sorrir.


Já que mais uma batalha será nossa Aquela em que o nosso amor nos uniu Só temos que tentar fazer com que ele cresça No nossos corações rebeldes que nos fugiu.

Assim como também ao sentir no nariz O teu perfume que tanto me confunde Neste meu sonho de momento sendo aprendiz Nesta arte de amar e que no coração se funde.

É uma paixão forte que me faz vibrar Assim como o meu “fofinho” sem querer E neste sonho que me faz perder o sono Mas ao mesmo tempo também me faz sobreviver.

Sobreviver como um ser sempre apaixonado Pelo teu ser e que o teu corpo tento tocar Podendo-o sentir vibrar de prazer com beijos Que são dados com um gosto especial ao amar.

Tudo isto me faz querer-te e não só Também desejar ao aclamar-te sentindo tudo Tudo aquilo que me possa levar ao único prazer E ao estares deitada ao meu lado vou ficar mudo.

Mudo então ficarei ao te ver no meu leito Que ao mesmo tempo ele será também nosso Fecho os meus olhos sentindo o tocar do teu corpo Que vai tocando no meu levemente e sem nenhum fosso.

E os beijos com que me vais enchendo Todo o meu corpo se eleva num universo Pois o meu coração na tua mão fica Podendo então pousar como sinal deste meu verso.


Já que o nosso amor foi conquistado Não querendo só viver este nosso momento Mas também noutros que se possam então seguir Vamos simplesmente navegando por oceanos sem tormento.

Os nossos corpos são percorridos livremente Já que surge uma corrente intensa de fogo E a mesma vindo do nosso interior em chamas Vai semeando a desordem nos nossos sentidos num jogo.

Vamos então lhe chamando a essa corrente A corrente da nossa loucura já que sons se ouvem No nosso murmurar de palavras bem simples Que saem do nosso coração rebelde e ainda jovem.

Talvez chegue mesmo a ser simples afirmar Que a alegria que sentimos nos fez apaixonar Por uma nova forma de ser neste nosso mundo Sendo a corrente da loucura que vai fazendo falar.

São Paio de Oleiros, 1990 / 11 / 30 ANTÓNIO CRUZ


“ESPIRITO DO AMOR”

O amor é como os verdadeiros estados Que a natureza transforma no seu dia-a-dia Sólido, líquido e gasoso assim é ele Em dois seres que se envolvem numa união que se pedia.

Um amor sólido é aquele que dura Uma vida inteira cheia de paixão E abundante de prazer sem que existam Limites para esse mesmo amor vivido em emoção.

É um amor sem medos ou mesmo barreiras Durante a sua existência sem chegar ao final O mesmo quase se poderá dizer do amor Em estado liquido que vai surgindo como sinal.

Já que o mesmo é um pouco escorregadio E que nas nossas vidas como liquido que é Se sente aquela paixão que por vezes foge Por entre os nossos dedos e é difícil ficar de pé.

Neste mesmo estado o coração chora Por não existir uma essência bem dura Ou mesmo uma base sólida para si Durante a sua duração que por vezes se procura.

Quanto ao amor gasoso que existe É uma paixão simétrica que por vezes Se torna fulminante chegando mesmo Ao ponto de matar sem dó em piedade em meses.

Pois é um amor que aparece do nada E desaparece da mesma forma no ar É também um amor que não se vê Mas como uma fogueira que arde sem parar.


Já que a sua chama é fugaz E após a sua curta existência Que só fará sobreviver a onda do prazer Tornando-se por vezes carnal sem paciência.

Esse amor é o espírito do vento Sendo levado por caminhos sem orientação Como alguém um dia o disse levemente É simplesmente um amor fácil e sem coração.

É assim o espírito do amor nos seus estados Que toda gente o recebe sem saber a razão Mas que a vida nele se torna na sua base Mesmo não sabendo qual o estado do coração…

São Paio de Oleiros, 2001 / 05 / 01 ANTÓNIO CRUZ


“AMOR” (II)

Pergunto várias vezes o que será amor? O que será na realidade esse sentimento? Nestes dias controversos sinto a alma fugir Já que o pleno faz falta no momento.

E o que me afastará desta enorme dor? Creio que a própria vida nos provoca Para conseguirmos saber o que é o amor E os nossos corações ao mesmo tempo, convoca.

Porque existirá dor no amor? Talvez seja a falta de energia no momento Em que a própria chama se apaga Por falta daquele nosso grande sentimento.

O amor talvez seja a nossa energia Que emanamos aquando nos sentimos felizes Mas que por momentos a mesma foge Nessa altura nos sentimos como se fossemos petizes.

Qual será o nosso primeiro sentimento? E o que nos pode aliviar neste momento de tormento? Já que o mesmo nos faz respirar livremente Sendo nós todos iguais nesse mesmo sentimento.

O momento do amor que nele sempre existe E nisso mesmo posso chegar a acreditar Já que se fará acompanhar durante a nossa vida Mesmo quando paramos algum momento de caminhar.

Já que o seu caminho se cruza no nosso Fazendo-nos respirar a alegria que anda no ar Embora nos provoque algumas dores na vida Que nos leva a sentir dissabores ao não sabermos amar.


Pois nem tudo é fácil de se entender E se olharmos o céu à nossa volta simplesmente Faremos perguntas com lógica no seu querer Assim como o mar que nos rodeia livremente.

Já que o mesmo trás, a revolta consigo Nas suas marés demonstrando a sua força Enquanto contemplamos o Sol no seu amanhecer O amor dentro de nós parece ser de moça.

Como a Lua que admiramos ao anoitecer Nosso coração se enche de alegria espiritual Já que o amor faz parte integral da nossa vida Nem que o tenhamos visto no seu final.

Estarreja, 2009 / 10 / 25 ANTÓNIO CRUZ


“LIRISMO DOS DOUTORES”

Por vezes me sinto farto De tanto lirismo sem medida Como se fosse um funcionário público Já que a minha vida parece perdida.

Em manifestação assim vou escrevendo Sem apreço por algum senhor doutor Tentando preencher as folhas de um livro Escondendo nas palavras esta minha dor.

Pois estou farto de tanto lirismo Que não pára para se averiguar O barbarismo deste meu mundo Que já não sei se quero amar.

Todas as palavras que escrevo hoje Não sei o no amanhã, o seu futuro Construo poemas sem rimas correctas Ao ser um aprendiz que tenta passar este muro.

E sem excepção todas as minhas rimas Procuro nelas incutir alguma verdade Ao estar farto de tanto lirismo de doutores Como politico independente procuro a igualdade.

Já que sou um aprendiz nesta escrita Tento enumerar capítulo a capítulo a vida Como poeta que desejo ser sem lirismo Nos meus poemas procuro a solidão perdida.

É que o resto é tudo verdadeiro lirismo Neste mundo de contabilidade bem acrescida Não sabendo utilizar a tabela como secretario Procuro ser bom amante da minha flor querida.


Também aí posso ter algumas falhas Porque as minhas palavras são diferentes E a minha maneira não é de agrado Que por vezes me trás dissabores bem consistentes.

Por isso escrevo como um louco Ao estar bêbado pelas palavras no inicio Já que o lirismo dos senhores doutores É mais apreciado enquanto mijo pró penico.

É bem difícil ser um aprendiz de poeta Não quero ser um Shakespeare nem Camões Apenas desejo ser eu mesmo no futuro Nem que tenha que aprender apanhar melões.

Por ora não quero saber mais Do lirismo já que não é a libertação Para o mundo com que sonho diariamente E que neste poema descrevo com emoção.

Uma emoção que descrevo sem medo De não saber o meu futuro de poeta Já que não sou um doutor com lirismo Só quero poder um dia atingir a minha meta.

E como um louco que sou hoje A minha libertação procuro neste poema Que o lirismo dos doutores se acabe agora Pois politico não sou e como aprendiz será o meu lema.

Mozelos, 2009 / 10 / 01 TONY CRUZ


“O PODER DA ESCRITA”

No vácuo desta paixão me perco Pela promíscua beleza algo morta Como um naufrago na minha solidão Como uma faca me fere à sua porta.

Assim registo as crónicas da infidelidade Com uma gastronomia ditatorial escrita Por palavras cadentes das estações Que são quatro desejos amarrados pela fita.

Com vinte e quatro anos celebrei Uma flor do cerrado colhi, Por entre as “quaresmeiras” findas Ficando para as histórias antigas que escrevi.

Aguerrida é essa flor com espinhos De uma rosa em forma de projéctil Num legado “cármico” feito de látex O elixir derramado pelas noites mil.

A paixão ofusca o meu breve pensar Já que por quimeras andei sozinho Sem verso nem reverso me escondi Fazendo parte da democracia parecendo um coelhinho.

Já que sem bandeiras me faço à vida Mas sempre com os versos em negação Pois aos meus treze anos fui trabalhar Sem ninguém me perguntar qual a vocação.

Sendo muito infantil depressa cresci Sem ter um certo alguém por perto Fui fazendo uma cirurgia nas palavras Em ressaca poética de coração aberto.


E nos braços da minha amada Tento formar um colectivo de poemas Ao participar numa orgia electrónica Ficando registado que sou noctívago sem tema.

Já que em criança aprendi a ser Um poeta do tempo que passa Ao refazer o meu pobre coração Nunca antes andando retido na “passa”.

Mas esse tempo passou levemente Ficando o prato do arroz e feijão Pelo meio ia introduzindo prosas e desenhos Com os olhos em água agradecia de coração.

E neste meu álbum de recordações A minha herança não está definida Mais parece um riacho bem fundo Faltando-me por vezes o perdão da minha querida.

Já que ela é a mais de que tudo Mesmo dançando um ou outro samba mudo Seguindo a linha do comboio sem fim Ou pintando um retrato a preto e branco com tudo.

É que para mim, “poetar” não se finda Mais parece uma fotografia sem ter par Num momento impar do olho mágico Fixando esse momento inesquecível como o amar.

Toca a trombeta lírica nestas folhas Como num dizer de adeus à vida Mas sendo imersível na forma de ser Já que por ela escrevo sendo a minha querida.


Ao imortalizar estes meus versos Sigo pelo silêncio da noite perdida Ficando a sonhar com esta minha escrita Sendo a mesma o meu segredo nesta vida.

Já que escrevo o que sinto Como aprendiz de poeta sentindo a vida Nestas paginas que escrevo bem sozinho Pedindo perdão muitas das vezes à minha querida.

Pois o seu amor foi o meu eterno refúgio Nestas minhas lembranças do tempo, sofro sozinho Quebrando a frieza da minha alma ferida Por um tempo sentindo que guardei pelo caminho.

Com o seu amor o meu fogo ascende Quebrando a ponta para o meu desejo Nestes versos que guardo com o seu cheiro lívido Com o poder da escrita consumindo-me em beijo.

Carvalhos, 2009 / 10 / 06 ANTÓNIO CRUZ


“PALAVRAS DE SEMENTE”

Por entre a química do suor Toma forma esta minha criação As cores da tua fragrância que sinto Assim como o amor no meu coração.

As folhas e as pétalas estando em harmonia Me fazem sentir a verdadeira emoção E o meu fascínio pelo teu corpo Vai pondo os meus sentidos em confusão.

E quando me comes de tua livre vontade Com esse teu olhar de bonita mulher Percorres o meu corpo estando em solidão E preciosamente me deixo seguir pelo prazer.

Um calor obsceno me vai dominando Assim o sinto dentro da minha alma Também o meu corpo parece se entorpecer Mas tudo isto em ti se demonstra em calma.

Tu me enlouqueces simplesmente hoje Assim como quando atiras um beijo inocente Vais fazendo com que fique bem ausente E respirando a acidez do teu cheiro presente.

Logo o meu olhar indiscreto permanece Desnudando o teu corpo em desejo Sinto-me cúmplice deste meu querer Possuindo o teu corpo inteiro num beijo.

Enquanto a noite livre cai Para os meus lados ainda em solidão Os meus sonhos são simplesmente bem reais Ao sentir ferver livremente o meu coração.


Em desatino fico assim como trôpego Querendo possuir o teu corpo com amor Beijando os meus lábios já húmidos Que besuntam livremente o teu corpo de flor.

Sou o teu servo neste dominó Ao sentir o cheiro do teu perfume Que neste nosso ar circula livremente Fazendo-me respirar como um cúmplice em lume.

Já que em chamas por ora me sinto Neste meu bater forte de coração E com prazer reclamo o teu amor Que vai enchendo o meu ser com moderação.

Esta confusão que sinto à noite Transforma a minha vida com prazer Vivendo eu na confusão da beleza morta Vou sentindo a promiscuidade dentro do meu ser.

E estes sonhos que me invadem Em palavras tento transcrever hoje simplesmente Nestas paginas amarrotadas da minha vida imunda Deixando-as ficar no tempo livres como a semente…

Silvalde, 2009 / 10 / 17 ANTÓNIO CRUZ


“ESCREVO POR ESCREVER”

Perguntam-me várias vezes ao dia Porque escrevo tanto sem motivos Só que o motivo existe para isto Preciso de escrever os momentos altivos.

Pois escrevo porque preciso de escrever Sentindo nas minhas veias a vida Dos rios a passar com os seus sorrisos E ver as nuvens a voar como poesia esquecida.

Com as palavras que escrevo sentidas Consigo descrever o céu azul com sentimento Navegar por entre mares sem fronteiras E descobrir como aprendiz que sou no momento.

Escrevo simplesmente para me alimentar Já que as letras que saem da alma Me fornecem a força das ilusões e dos sonhos A onde crio o meu mundo sentindo a sua calma.

Pois as vidas que em tempos desejei E outras que amei como vício As escrevo em palavras minhas como aprendiz Sendo minhas com delírios inconfessados que crio.

São os meus desejos de sempre guardados Que em folhas brancas despejo numa gaveta Juntamente com as imagens que passam Pela minha vida e não conversas de treta.

As mesmas passam por mim num caminho Visto que o mesmo nem sequer tem fim Por isso escrevo apenas pelo prazer de escrever Visto que também tenho devaneios sem sentido para mim.


Já que alguns momentos na vida Eu vivi com e sem amor assim E essas recordações que trago ainda comigo Talvez por isso escrevo sem ter fim.

Já que por ora escrevo para mim E não importa as palavras que nestas folhas escrevo Pois são os meus desenhos em desabafos por letras Cheios de perfumes e alguma cor aos quais me atrevo.

Pois as palavras ainda me querem bem Assim as escrevo sem medo das críticas do além São simples palavras que saem de dentro de mim E que são só minhas como uma flor num jardim de bem.

Por isso escrevo porque preciso de escrever Limpando assim a minha alma nestas folhas E navegando por entre as nuvens do meu céu Alimentando a minha vida sem mais algumas escolhas.

São Paio de Oleiros, 2009 / 10 / 27 ANTÓNIO CRUZ


“NAVEGO NAS PALAVRAS ”

Sou um náufrago nas palavras Que correm contra o tempo hoje Já que para mim se tornou implacável Visto que a noite cai invadindo-me e não foge.

Ainda navego nos sentimentos deste dia Em que mais uma vez tentei fazer poesia Sendo ainda um aprendiz algo indomável Vou chorando palavras com alguma fantasia.

E neste meu choro de palavras vazias A minha flor selvagem simplesmente sorri Já que ontem fez um enorme pranto Ao sentir-se sozinha com isso eu sofri.

Pois as palavras que desabafo no papel Fazem acordar em mim uma dor bem antiga Hoje a rádio me faz cantar em solidão Visto parecer que não quer ser minha amiga.

E nestas folhas onde escrevo livremente Em qualquer lugar seja noite ou dia Vou escondendo as tristezas da minha vida Que de alguma maneira confortam a nostalgia.

Já que formam pedaços de nostalgia diariamente Nestes meus versos com vida por si escondida Navego assim nas palavras escritas por outros Procurando encontrar o segredo da minha doce querida.

E na parede do meu quarto um retrato Com o meu rosto envelhece à luz da Lua Que escondida por entre as nuvens escura espreita Verificando se estou sozinho ou com a minha flor nua.


Só que nuas estão as folhas onde escrevo As palavras sendo as minhas traças vivas Vão devorando as linhas perante o meu pensar Formando ao fim de algum tempo muitas estivas.

E o meu espelho de bolso entre vejo O meu rosto pálido por falta de sonhar Enquanto na minha almofada encosto a cabeça Sinto no ar o cheiro a tabaco acabado de fumar.

Meu hálito se tornou forte e intenso Não sabendo como o domar no seu cheiro Por isso navego nas nuvens livremente Escrevendo palavras de aprendiz a guerreiro.

Um guerreiro de caneta e papel na mão Que tenta se embebedar na sua própria poesia Caminhando sozinho sem ter ainda um caminho Por onde possa seguir pelo menos mais um dia.

Já que assim navego no meu dia-a-dia Libertando o meu ser através do amor pela escrita E que as nuvens sirvam de ondas da revolta É que por Deus a minha vida já está prescrita.

Só me resta sonhar com estas palavras E sentir no meu coração um amor final Por isso tanta poesia escrevo sem ter medo, Dos mestres esperando um dia receber o seu sinal.

Mozelos, 2009 / 10 / 22 ANTÓNIO CRUZ


“PALAVRAS COLORIDAS”

Desafiaram-me certo dia para descrever Ou colorir o amor que sentimos Com palavras leves ou tintas coloridas Talvez assim lhe desse mais vida para sorrimos.

Deambulando pelo céu através das nuvens E pelos seus tons de azul como o mar Perguntando aqui e ali sobre o amor Para poder saber quais as palavras e cores no amar.

Já que para o Sol e a Lua Isso fiz com palavras e algumas cores, Pois descobri nos brancos e negros Alguma alma com sentimentos de amores.

Por ora estremeço pelos brilhos singelos Que as minhas palavras transmitem amores Pela poesia que escrevo ao calcorrear caminhos Em busca das bonitas letras que pintam as flores.

Já que nelas estão escondidas os segredos De amores com uma ponta de loucura Pelo prazer recorrendo à dor das palavras Que me desafiam a escrever a sua cura.

Nesse mesmo instante as cores brilham Tropeçando simplesmente no meu caminho da escrita Sendo incessante as palavras que me ocorrem Respondendo aos amores que a minha vida então dita.

Já que este meu amor é bem estranho Por isso colhi uma rosa cheia de cor Sentindo a minha alma querendo sempre amar Os desenhos das minhas palavras por uma flor.


Aceitando as letras da poesia com amor Revelando os meus sentimentos no seu final Ao preencher as linhas em branco destas folhas Para concluir o meu pensamento com o seu sinal.

Pois nas palavras pinto este meu amor Com todas as cores deste nosso mundo Que vou amando e odiando sistematicamente Onde a paixão surge como pétalas de fundo.

Vestindo de ambiguidades as palavras que escrevo Por isso também vou disfarçando certas vontades Mudando de cor ou algum sentido na sua altura Assim como de género e intenção existindo verdades.

Para isso aos meus ouvidos vão soando Alguns rumores que mais parecem dores de cotovelo Não conseguindo entender esta minha liberdade Que funciona com a razão suprema tipo novelo.

E como me desafiaram um certo dia As minhas palavras têm frente e verso Não sendo nada errante sou assim capaz De pairar com as palavras neste meu universo.

Já que este desafio a bem logo o aceitei, Por isso pinto as palavras que escrevo Colorindo assim um pouco a minha vida Até um dia poder colher com sorte o meu trevo.

São Paio de Oleiros, 2009 / 10 / 28 ANTÓNIO CRUZ


“GRAMÁTICA”

As palavras que transporto na boca São por mim neste tempo moldadas Entre o sujeito ou predicado as levo Atravessando todos os mares das fadas.

As fadas que imaginamos em sonho Que aos poucos transporto para o papel Com adjectivos ligados à terra que ocupo Tendo um lugar marcado com o meu farnel.

Os pronomes que utilizo simplesmente São bastante pessoais como um beijo salgado Que procuro nos oceanos das letras E com um final para os substantivos de amado.

O beijo que procuro ainda nesta gramática Podendo despertar os meus tormentos da leitura Tentando chegar a um final domando as vontades Que a minha escrita libertou com loucura.

Retirando a essência da minha vida Que cresceu em mim ao longo dos tempos Invocando os “Adamastores” da poesia actual Que vivem dentro de si guardando os sentimentos.

Já que em cada “Adamastor” que vive Vai aguardando as palavras do seu momento Enquanto encontro em cada procura um verbo Para a minha evasão com algum sentimento.

E na mais pura evidencia assim escrevo Que a minha gramática sabe ainda a sal Como o beijo da minha amada alegria Ficando a solidão a rodopiar avistando um final.


Não querendo ser um arquitecto da poesia Sinto os vultos tatuados pelas palavras livres Sendo as mesmas como simples grãos de areia Que se agarram em desejo ás minhas crises.

As tempestades que esvanecem no mal Trazem algum sossego à minha vida Já que beijando o meu corpo esgotado Que se enfiou por um labirinto sem saída.

E para sair do mesmo ainda hoje Só preciso de um beijo da minha fada Que me vai ajudando neste labirinto de escrita Desenhando os meus caminhos na nossa praia inventada.

Já que este meu próprio destino Se encontra marcado na minha vida Com a gramática adjudicada e bem traçada Por ora sossego o corpo esgotado na caneta esquecida.

São Paio de Oleiros, 2009 / 10 / 29 ANTÓNIO CRUZ



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