“A relação de Virgílio e Dulce continha, desde a génese, um projecto de tristeza. De outra maneira: o seu amor possuía em si um pigmento desagregador inato, fatal e profundo, um desgaste intrínseco e congénito. Algo que não era devido ao tempo nem à acumulação das contrariedades, mas fazia parte do código genético desse amor. Uma bomba ao retardador que, minuto a minuto, se ia libertando da sua amnésia. E até no início da paixão, quando esta não tivera tempo para esmorecer ainda, nem interrogar-se demasiado a si mesma, já existiam momentos metafísicos em que um ou outro davam por si a querer saber: «Mas que faço eu aqui?».”