Dirigentes e empresários analisam cenários de curto e médio prazo para o setor
Exclusivo: Anfavea ressalta papel da locação para retomada da indústria
Aluguel de motos ganha evidência e pode ser fonte extra de receita
Sindicato das Empresas Locadoras de Veículos Automotores do Estado de São Paulo Ano XXVI | Edição 221
“Nosso segmento demonstra sinais de resiliência, com crescimento impulsionado pela mobilidade”
{ ELADIO PANIAGUA , PRESIDENTE DO SINDLOC-SP
Ouvir e dialogar são as bases da resiliência
Dou início a esse editorial recorrendo ao psiquiatra, professor e escritor Augusto Cury. “As artes de ouvir e de dialogar são duas das mais nobres funções da inteligência”. A frase é particularmente inspiradora e simboliza o caminho que, diariamente, procuramos construir no Sindloc-SP. E nossa primeira revista de 2025 segue à risca essa cartilha. Para esta primeira edição do ano, fomos em busca de dirigentes, empresários e executivos da indústria de aluguel de veículos e de outros setores estratégicos, com a intenção de colher testemunhos e perspectivas para avaliar o complexo cenário atual que envolve o mercado e a macroeconomia. Em paralelo, divulgamos o resultado de uma pesquisa na qual captamos opiniões de líderes de locadoras a respeito de desafios como o encarecimento do preço dos veículos, as elevadas taxas de juros e o rigor na concessão de financiamentos bancários.
A publicação também traça uma radiografia das jovens empresas que vêm ganhando terreno com a locação de motocicletas, o que nos abre um campo oportuno para investir em parcerias e novos nichos. Ainda analisamos como o modelo de depreciação acelerada pode representar uma fonte alternativa de receitas. E para completar, acionamos a Anfavea para avaliar o panorama da indústria.
Esse exercício de ouvir não é fundamental, é mandatório diante de um contexto que gera apreensão tanto para as locadoras como para toda a cadeia produtiva.
Incertezas sobre o futuro do Brasil, com a inflação e a política econômica em jogo, tornam esse momento ainda mais desafiador. No entanto, é importante notar que, mesmo nesses períodos, nosso segmento demonstra sinais de resiliência, com crescimento impulsionado pela mobilidade necessária entre pessoas e empresas.
Pautadas por uma atividade que impõe uso de capital intensivo, as locadoras enfrentam barreiras em função dos custos de aquisição e manutenção da frota. No entanto, esse impacto revela-se ainda mais acentuado para os locatários, obrigados a conviver com altos preços e um elevado nível de exigência para a obtenção de crédito.
Essa realidade faz com que o aluguel de veículos esteja posicionado na lista de serviços essenciais, especialmente quando aumenta a demanda por alternativas de transporte mais acessíveis em comparação com a aquisição de um carro próprio.
Compreender a dinâmica de mercado e da economia significa entender que existem implicações para toda a cadeia produtiva, especialmente para as montadoras, que dependem das locadoras para o escoamento de grande parte de sua produção. Assim, enquanto as perspectivas de curto e médio prazo podem ser desafiadoras, o setor de locação se mantém como um dos principais provedores de mobilidade, preservando sua relevância na economia apesar das adversidades.
Por aqui, seguimos exercitando as duas artes! Ouvir para dialogar, dialogar para ouvir, em nome do desenvolvimento de todo o nosso setor. ¦
EXPEDIENTE
A Revista Sindloc-SP é uma publicação bimestral do Sindicato das Empresas Locadoras de Veículos Automotores do Estado de São Paulo, distribuída gratuitamente a empresas do setor, indústria automobilística, indústria do turismo, executivos financeiros e jornalistas. Foto de capa: Freepik
Presidente: Eladio Paniagua
Vice-presidente executivo: Luiz Antonio Cabral
Vice-presidente: Paulo Hermas Bonilha Junior
Diretor financeiro: Luiz Carlos de Carvalho Pinto Lang
Diretor secretário: Luiz Carlos Magalhães
Diretoria: Daniel Ribeiro Huss, Débora Souza, Jarbas
José dos Santos,Jerônimo Luiz Muzetti, José Eduardo Arminante, José Mario de Souza, Luis Carlos Godas e Paulo Miguel Junior
Produção Editorial: Scritta – scritta.com.br
Coordenação geral: Luiz Antonio Cabral
Coordenação editorial: Leandro Luize
Redação: Fernando M. Torres
Revisão: Maria Inês Arbex
Jornalista Responsável: Paulo PiratiningaMTPS 17.095 - piratininga@scritta.com.br
Direção de Arte/ Diagramação: Luis F. Chiapinotto
Impressão: Gráfica Revelação
Circulação: 12 mil exemplares impressos e digitais
Endereço: Rua Gomes de Carvalho, 621 – Conjunto 303 –V. Olímpia – CEP 04547-002 – São Paulo – SP
Telefone: (11) 3123-3131
E-mail: secretaria@sindlocsp.com.br
É permitida a reprodução total ou parcial das reportagens, desde que citada a fonte.
06 |
SINAL VERDE
Ao término de sua gestão à frente da Anfavea, Márcio Lima Leite destaca papel das locadoras para os índices de vendas
08 |
INDÚSTRIA
Executivo da Renault ressalta protagonismo da indústria de aluguel para impulsionar presença da montadora no país
12 | ECONOMIA
Especialista avalia desafios extras para as locadoras em função do maior rigor na concessão de financiamentos bancários
14 |
PERSPECTIVAS
Em meio à alta dos juros e à pressão inflacionária, dirigentes e empresários avaliam as perspectivas para o setor
10 |
MERCADO
Aluguel de motos ganha velocidade e atrai entregadores, motoboys e empresas de segmentos como serviços, logística e varejo
18 | CENÁRIOS
Sindloc-SP realiza pesquisa inédita para captar tendências e percepções do mercado de locação
20 | RADAR
Depreciação acelerada possibilita recuperação de créditos tributários e redução de impostos
22 | DIREÇÃO
Crescente adoção da telemetria veicular amplia controle da frota e qualifica gestão operacional das empresas
Locadoras têm papel decisivo na retomada da indústria
Ao término de sua gestão na presidência executiva da Anfavea, Márcio Lima Leite destaca a atuação do setor para recuperação dos índices de vendas
Presidente executivo da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) a partir de maio de 2022, Márcio Lima Leite deixou o cargo em 21 de abril, com um legado significativo para a indústria automotiva brasileira. Durante sua gestão, o setor vivenciou um dos maiores ciclos de investimentos da história, com aportes de R$ 100 bilhões, além de um crescimento de 14% nas vendas de veículos novos em 2024 – o melhor desempenho entre os principais mercados globais, superando a média mundial de expansão de 2%.
Natural de Belo Horizonte, ele também marca sua trajetória com a transformação histórica de sua sucessão: pela primeira
vez, a Anfavea será presidida por um executivo de mercado, em vez de um representante de uma fabricante de veículos – além de sua liderança na entidade, Leite ocupa o cargo de vice-presidente sênior de Relações Institucionais e Jurídico na Stellantis South América. Em entrevista exclusiva à Revista Sindloc-SP, o executivo faz um balanço sobre o mercado, destacando o papel “decisivo” das locadoras na retomada dos números pós-pandemia.
O ANO DE 2024 REGISTROU RECORDE DE VENDAS DE VEÍCULOS, ACIMA DE 14 MILHÕES. QUAL A PROJEÇÃO PARA OS PRÓXIMOS MESES?
Em 2025, nossa previsão é de crescimento de 6,6% nos empla-
camentos de automóveis e comerciais leves, com alta de 8,4% na produção.
NESSE CONTEXTO, COMO A ENTIDADE SITUA O PAPEL DAS EMPRESAS DE LOCAÇÃO DE VEÍCULOS?
As locadoras tiveram e ainda têm papel decisivo na recuperação dos volumes de vendas e de produção, ao recomporem suas frotas após um período delicado de pandemia e seus reflexos negativos. Sem os relevantes volumes encomendados pelas locadoras, haveria um impacto negativo na escala de produção das nossas fabricantes associadas, afetando inclusive a oferta de determinados modelos.
O CENÁRIO ECONÔMICO
BRASILEIRO INFLUENCIA
DIRETAMENTE A POLÍTICA DE PREÇOS DOS VEÍCULOS. QUE OUTROS AGENTES SÃO DETERMINANTES
PARA A ESTABILIDADE DESSE MERCADO NOS PRÓXIMOS ANOS?
Há vários fatores que podem afetar o desempenho do nosso mercado, como a inflação, a confiança do consumidor, o nível de emprego e a cotação do dólar. Mas, sobretudo, o que impacta é a questão do crédito. É fundamental que os clientes particulares ou corporativos tenham acesso a condições de financiamento minimamente razoáveis para poder fechar um negócio.
AS VENDAS DIRETAS, QUE INCLUEM AS LOCADORAS, REPRESENTAM UMA FATIA EXPRESSIVA DO MERCADO AUTOMOTIVO. QUAL A POSIÇÃO DA ANFAVEA SOBRE ESSE CANAL DE COMERCIALIZAÇÃO?
Como uma associação de fabricantes, a Anfavea defende todos os canais de vendas. A propósito, esse tipo de consumo representa quase a metade de todos os automóveis comercializados no país.
DA MESMA FORMA, O MERCADO DE ASSINATURA DE VEÍCULOS GANHA ESPAÇO COMO ALTERNATIVA À COMPRA TRADICIONAL. QUAL A AVALIAÇÃO DA ANFAVEA A RESPEITO DESSA DINÂMICA?
Reforço que a Anfavea defende todas as modalidades de comercialização de veículos.
“Aportes de R$ 100 bilhões em três anos representaram o maior ciclo de investimentos da indústria”
{ MÁRCIO LIMA LEITE , EX-PRESIDENTE EXECUTIVO DA ANFAVEA
Cada uma atende a um determinado perfil de consumidor, e não é diferente com as assinaturas. A mobilidade está passando por uma revolução, o que impõe criatividade e incentivos à inovação por parte de todos os elos da cadeia automotiva.
A ELETRIFICAÇÃO DAS FROTAS É UM TEMA CADA VEZ MAIS
PRESENTE NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA. QUAIS SÃO OS DESAFIOS PARA A AMPLIAÇÃO DESSE SEGMENTO?
Apoiamos todas as rotas tecnológicas que levem à descarbonização, dentre elas, o uso de baterias em modelos elétricos ou híbridos. Há uma série de desafios para a ampliação das vendas desses modelos, a começar pela infraestrutura de geração de energia limpa, além das redes de distribuição e de recarga. Convivemos também com gargalos como o preço das baterias, o valor de revenda dos elétricos e, a autonomia, mas em todos esses quesitos estamos evoluindo paulatinamente. Acredito que os modelos híbridos sejam a melhor solução
para o país, considerando nossas características de infraestrutura e todo o nosso investimento em histórico em etanol e em veículos flex.
IGOR CALVET SERÁ O PRIMEIRO
EXECUTIVO DE MERCADO A PRESIDIR A ANFAVEA, EM VEZ DE UM REPRESENTANTE DE FABRICANTES DE VEÍCULOS.
O QUE REPRESENTA ESSA MUDANÇA?
A decisão de nomear como presidente um executivo de mercado reforça nosso compromisso com a profissionalização e modernização da entidade, fortalecendo nossa representatividade e aprimorando o diálogo com os diferentes interlocutores do setor automotivo e do governo. É um avanço fundamental na governança da Anfavea ¦
Fonte: Fenauto
DIvulgação
Renault com motor acelerado no Brasil
Fabricante aposta em crescimento no país e locadoras respondem por quase metade do volume de negócios
OBrasil firmou-se como o segundo mercado mais importante para a Renault, atrás somente da França em volume de vendas no ano passado. Para 2025, as perspectivas são de novo crescimento, na casa dos 5%.
E as locadoras têm e terão papel ativo nos projetos da fabricante para o país.
Em entrevista exclusiva para a Revista Sindloc-SP, o diretor geral de vendas a empresas Alexandre Dias define a retomada da confiança do consumidor e a baixa taxa de desemprego como pilares para incrementar os resultados em solo brasileiro. “O controle da inflação também contribuirá positivamente, mas a taxa Selic representa um ponto de atenção”, pontua.
O executivo ainda chama
{ PLANTA DE CURITIBA (PR) FOI PALCO DE UM PLANO DE INVESTIMENTOS QUE SUPEROU R$ 5 BILHÕES
“O setor é parte importante no contato com o cliente final, podendo prover a experiência com os produtos Renault”
{ ALEXANDRE DIAS , DIRETOR GERAL DE VENDAS A EMPRESAS DA RENAULT
a atenção para o cenário da oferta de crédito, que passa necessariamente por variáveis macroeconômicas. “A concessão de financiamento é um fator importante para o mercado, principalmente no segmento dos veículos de entrada”, ressalta.
MODELO LANÇADO EM 2024, KARDIAN VEM CONTABILIZANDO RESULTADOS POSITIVOS MÊS A MÊS
Dias, porém, enxerga o amplo espaço para crescer como fortaleza da montadora no país. “Vale a pena lembrar que o mercado automotivo nacional registra uma taxa de motorização ainda baixa – 380 por 1 mil habitantes”, justifica.
MONTADORA ANCORA PROJEÇÕES POSITIVAS NO RENAULUTION
As projeções otimistas da Renault estão diretamente atreladas ao plano estratégico Renaulution. “É uma iniciativa claramente focada em valor e que tem como um dos exemplos positivos o Kardian, lançado em 2024 e com aumento de vendas mês a mês”, revela.
Outra aposta reside na chegada do novo C-SUV. “É um veículo completamente novo, produzido a partir da Renault Group Modular Platform e que terá a sua primeira industrialização no país. Com a chegada desse mo-
delo, estamos ampliando nossa gama de opções e ingressando em uma categoria promissora como a C”, complementa.
Segundo Dias, esse lançamento completa o ciclo de R$ 5,1 bilhões em aportes destinados à expansão no Brasil. “A boa notícia é que, como o mercado cresce em 2025, os volumes de vendas também terão evolução e o que nós queremos em nossa estratégia é um desenvolvimento rentável”, comenta.
LOCADORAS COMO
CANAL DE VENDAS E EXPERIMENTAÇÃO
As vendas diretas mantêm uma participação consistente no montante de veículos comercializados no Brasil, perfazendo 47% do total de transações. Atenta a essa representatividade, a Renault promove iniciativas como a do Mobilize Financial Services, braço próprio que entrega uma oferta de financiamento, crédito pré-apro-
vado e serviços exclusivos para a demanda das locadoras.
A montadora também dá suporte à indústria de aluguel com a PRO+, rede de concessionárias com foco no pós-vendas e disponibilidade de peças. “O atendimento é realizado diretamente pela equipe da montadora, incluindo consultores de vendas especializados. Temos acordos com muitos clientes corporativos para volume anual, incentivando a definição por modelos Renault nas renovações de frotas”, explica.
No entanto, muito além da função transacional, as locadoras exercem uma missão ainda mais preponderante para o desempenho exitoso. “O setor é parte importante no contato com o cliente final, podendo prover a experiência com os produtos Renault e até a experimentação de um novo modelo de veículo, por meio das diferentes modalidades de locação”, acredita. ¦
{
Aluguel de motos ganha velocidade
Locação atrai entregadores, motoboys e frotas corporativas de segmentos como serviços, logística e varejo
POTENCIAL DE CRESCIMENTO: APENAS 3,8%
Com a crescente demanda por soluções de mobilidade ágil, a locação de motocicletas pede passagem. A atividade é puxada pelo significativo aumento na circulação desse gênero de veículo no Brasil, especialmente nas metrópoles. Somente em 2024 a produção cresceu 11,1%, totalizando 1,7 milhão de novas unidades. As vendas somaram 1,8 milhão, alta de 18,6% na comparação com o ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
Apesar dos grandes números, apenas 3,8% das motos emplaca-
das no Brasil em 2024 pertenciam a locadoras – um total de aproximadamente 70 mil unidades. O crescimento, porém, é significativo, dado que, em 2020, pouco
70mil
motocicletas
Número de unidades que integram frota das locadoras
mais de 3 mil veículos pertenciam a esse mercado. Os dados mostram que empresas especializadas já enxergam grande potencial
nessa operação, oferecendo soluções para trabalhadores de aplicativos, frotas corporativas e até mesmo para uso particular.
Exemplo disso é a Vai de Motoca, com lojas na Grande São Paulo e em Salvador (BA) e um projeto ambicioso de expansão nacional. “Durante a pandemia, muitas pessoas que perderam o emprego encontraram no delivery uma alternativa viável para gerar renda. No entanto, a maioria delas não tinha crédito para adquirir uma moto, tornando a locação um caminho natural”, conta a cofundadora Luma Pitanga. A startup iniciou atividades em 2020, com 50 unidades, e hoje a frota totaliza 1.500.
Canva
O público da Vai de Motoca é, majoritariamente, composto por entregadores de aplicativos como iFood, Rappi e UberEats – o iFood, por exemplo, realiza mais de 1,5 milhão de entregas apenas na capital paulista. “Atuamos como uma ponte para que essas pessoas conquistem independência financeira e, eventualmente, consigam adquirir sua própria moto”, diz Luma. Segundo ela, a demanda também cresce em empresas de setores como logística, serviços e varejo, que terceirizam suas frotas de motocicletas para otimizar custos, garantir maior eficiência operacional. e focar em seu core business
A startup tem a tecnologia como um dos seus pilares. A empresa investe em soluções que aprimoram a experiência e a gestão de frota. “Nosso aplicativo permite que o cliente faça todo o processo de locação de forma intuitiva e tenha autonomia sobre seu contrato. Também oferecemos suporte rápido via WhatsApp e atendimento 0800”, explica Luma. Internamente, os sistemas de rastreamento permitem monitorar os veículos em tempo real 24 horas – agilizando a resposta a qualquer ocorrência, como roubo, furto ou acidente – e programar a manutenção preventiva – que deve ser realizada com mais frequência, comparada aos automóveis.
Já a Vammo especializou-se em motos elétricas, que promovem mais economia e redução da emissão de CO₂. A startup, fundada por acionistas estrangeiros, iniciou sua operação no Brasil em 2022, focada, sobretudo, em assinaturas mensais para motofretistas. Dentro do modelo
eletrificado, seu diferencial está nas estações de troca rápida de bateria, em pontos estratégicos da cidade de São Paulo e bairros como Jardins, Pinheiros, Pacaembu, Santo Amaro, Vila Olímpia e Tatuapé.
Já a LocAgora nasceu em Belo Horizonte (MG), em 2019, e expandiu, por meio de franquias, para outras 65
Luma Pitanga, da Vai de Motoca, vê oportunidades na demanda por terceirização
cidades, contabilizando cerca de 500 lojas. Desde outubro de 2024, tem sua matriz em São Paulo, no bairro Freguesia do Ó. Em todo o país, a rede possui mais de 6 mil motos, disponibilizadas por sistema de diária ou assinatura.
DESAFIOS DA GESTÃO
A gestão de uma locadora de motocicletas convive com desafios próprios, diferentes dos enfrentados quando lidamos com carros. “A sinistralidade é um dos principais fatores a serem controlados, uma vez que motos são mais visadas para roubos e furtos. Esse cenário exige que as locadoras destinem investimentos maciços em tecnologia e sistemas de monitoramento”, reforça Eládio Paniagua, presidente do Sindloc-SP
Outra barreira para a locação de motos está associada à regulamentação do transpor-
te privado de passageiros por motocicletas. “A regulação ainda não é uniforme em todos os municípios. Em Salvador, por exemplo, o transporte de passageiros por moto não tem amparo de uma legislação específica, enquanto em São Paulo, embora proibido, a medida está sendo judicialmente questionada”, explica Luma Pitanga, da Vai de Motoca. A falta de um marco regulatório claro dificulta a expansão do segmento e gera insegurança jurídica.
“Unir o conhecimento de mercado das locadoras tradicionais e o senso inovador dessas empresas garantiria ainda mais tração para os negócios. Muito além de atrair novos públicos e estimular a cultura de aluguel de veículos, temos potencial para democratizar o acesso à mobilidade no país”, conclui Eladio. ¦
Financiamento automotivo enfrenta limites
Embora o volume de operações de crédito cresça no país, renda comprometida do brasileiro dificulta a viabilidade do parcelamento
Segundo dados do Banco Central do Brasil, o estoque total de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) somou R$ 6,5 trilhões em fevereiro de 2025, com crescimento de 0,4% em relação ao mês anterior. Esse aumento decorreu da expansão de 0,5% no financiamento para empresas, que atingiu R$ 2,5 trilhões; e de 0,4% para pessoas físicas, que chegou a R$ 4 trilhões. No acumulado de 12 meses, o crescimento foi de 11,8%.
O volume de crédito também representou 54,6% em fevereiro em relação ao Produto Interno
Bruto (PIB). É um crescimento, mas que também expõe uma situação negativa, na visão de Osmar Roncolato Pinho, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Leasing - Abel. “Infelizmente, esse patamar vem se mantendo ao redor de 50% há anos, bem abaixo do observado em economias desenvolvidas, nas quais o crédito frequentemente ultrapassa 100% do PIB”, pondera. Já o crédito com recursos livres – que inclui, por exemplo, financiamentos de veículos – totalizou R$ 3,7 trilhões em fevereiro, sem
variação significativa no mês, mas com aumento de 11,3% em 12 meses. Para empresas, o crédito livre cresceu 0,1% no mês e 9,8% no acumulado de um ano, atingindo R$ 1,5 trilhão. Para pessoas físicas, o crédito livre manteve-se estável no mês e registrou crescimento de 12,4% em 12 meses, atingindo R$ 2,2 trilhões.
O volume total de financiamentos e operações de arrendamento mercantil de veículos alcançou R$ 509,5 bilhões em fevereiro de 2025, índice 14,05% maior que o do mesmo mês do ano anterior. “Vale
Bigstock
destacar que o arrendamento mercantil tem sido praticamente restrito às empresas. Entre os consumidores finais, essa modalidade perdeu espaço devido a questões jurídicas, especialmente as que estão ligadas à disputa entre municípios pela arrecadação do ISS, problema que poderá ser resolvido apenas com a plena implementação da reforma tributária”, argumenta.
Outro entrave é a responsabilidade solidária das empresas arrendadoras pelo pagamento do IPVA, que transfere ao Estado o direito de cobrar o imposto de quem detém a posse dos veículos.
CRÉDITO AUTOMOTIVO
ESBARRA NO ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS
O prazo médio das operações de financiamento de veículos gira em torno de 46 meses. Junto com as compras à vista, representam quase a totalidade dos negócios no setor automotivo, respondendo por 49% das transações. Em paralelo, o endividamento das famílias brasileiras alcançou 48,7% da renda em janeiro – o maior nível desde junho de 2023. Isso representa um avanço de 0,9 ponto percentual em 12 meses. O comprometimento da renda subiu 1,5% no acumulado anual, chegando a 27,3%. É o maior índice desde julho de 2023.
O desempenho do crédito para veículos acompanhou o crescimento do mercado de automóveis e co-
merciais leves, que terminou 2024 com 2,48 milhões de unidades emplacadas, expansão de 17% em comparação com 2023. “Mas apesar da disponibilidade de crédito no sistema financeiro, o comportamento da renda influencia diretamente o mercado”, aponta Pinho, com base nas perspectivas para a economia do país.
Embora tenha havido um crescimento de 3,4% em 2024, a expectativa é de desaceleração nos próximos anos. Além disso, as medidas protecionistas e as tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem impactar negativamente tanto o Brasil como a economia global.
“A renda influencia não apenas a definição dos prazos dos financiamentos, de acordo com a capacidade de pagamento dos consumidores, como também a adimplência e a precificação do crédito”, res-
“Patamar de financiamento está bem abaixo do das economias desenvolvidas, nas quais o crédito frequentemente ultrapassa 100% do PIB”
{ OSMAR RONCOLATO PINHO PRESIDENTE DAABEL
salta. A inadimplência e a qualidade das garantias – no caso, o próprio veículo financiado – são fatores essenciais para as instituições financeiras definirem sua disposição ao risco e as taxas de juros cobradas.
A atual taxa básica de juros (Selic), fixada em 14,25% ao ano até a data de publicação da revista, coloca o Brasil entre os países com maior juro real do mundo. É verdade que o Banco Central utiliza a Selic como o principal instrumento de política monetária para controlar a inflação. “Em contraponto, sua elevação reduz a capacidade de investimento e dificulta o acesso ao crédito, especialmente para empresas”, acredita.
Atualmente, o país enfrenta sinais de um processo conhecido como dominância fiscal, situação em que a política fiscal se sobrepõe à política monetária. O resultado é mais inflação, dívida e um processo de desvalorização da moeda brasileira. Enquanto isso, respingos inevitáveis estendem-se a setores como a indústria de aluguel de veículos. ¦
Foto
Entre desafios e oportunidades
Omercado de locação de veículos atravessa um momento desafiador, marcado por juros elevados, maiores exigências de garantia para acesso ao crédito e alta no preço dos automóveis. Esse cenário impacta diretamente toda a cadeia produtiva e exige cautela. No entanto, não há
Em meio à alta dos juros e à pressão inflacionária, dirigentes e empresários avaliam as perspectivas de curto e médio prazo para o mercado de locação previsão de retração no setor, mas sim um ajuste de preços para acomodar uma demanda menos intensa, sustentando o desempenho positivo ao longo de 2025. .
Esse panorama ainda pode representar uma oportunidade estratégica para as locadoras, especialmente aquelas que ope-
ram com terceirização de frotas, com o estímulo da demanda e a precificação bem calibrada. “O grande segredo está na maior precisão dos valores residuais e na escolha dos canais mais eficientes para garantir rápida rotatividade e boas margens”, avalia o economista Guilherme Dietze, presidente do Conselho
Canva
de Turismo da FecomercioSP.
Para ter uma ampla radiografia sobre as perspectivas setoriais, a Revista Sindloc-SP reuniu especialistas e dirigentes para apontar tendências, inovações e as principais oportunidades que nortearão o presente e o futuro da indústria de aluguel de veículos.
Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, afirma que o setor de locação de veículos foi a atividade turística que apresentou a maior variação positiva em 2024, com crescimento de 10,7%, segundo pesquisa da entidade. “O resultado também impactou o tíquete médio, que subiu quase 17% no ano passado, segundo dados do IBGE”, aponta.
Em relação à venda de seminovos pelas locadoras, Dietze observa que, apesar do cenário
desafiador, o volume de automóveis negociados apresenta viés de crescimento – em 2024, foram negociados 11,6 milhões
“Tíquete médio subiu quase 17% em 2024”
{
GUILHERME DIETZE FECOMERCIOSP
de veículos, superando os 10,6 milhões no ano anterior. “Considerando a rotatividade média de 30 meses das frotas, os carros com até três anos correspondem a apenas 5,26% das vendas de usados, revelando um mercado com grande potencial de expansão”, complementa. Otimista, o empresário Michel Lima, proprietário da Standby
Rent a Car, entende que períodos de crédito rigoroso e juros altos historicamente favorecem as locadoras que atuam com terceirização de frota. Muitas empresas que mantêm frotas próprias percebem que a renovação ou ampliação dos veículos exige endividamento ou uso de recursos destinados ao capital de giro. “Diante dessa realidade, a terceirização torna-se uma alternativa mais viável e atraente, possibilitando às companhias transformar seus ativos em capital. É uma excelente janela para locadoras que estão com suas operações equilibradas e prontas para investir”, comenta.
Além disso, Lima observa que o momento permite uma revisão estratégica das carteiras de clientes. “As empresas do setor podem se desfazer de contratos pouco vantajosos, que muitas vezes são mantidos apenas para diluição de custos fixos; e concentrar esforços em parceiros mais sólidos e rentáveis.
“Terceirização de frota é excelente janela de oportunidade”
{ MICHEL LIMA STANDBY RENT A CAR
Fotos Divulgação
Essa reconfiguração da carteira é essencial para garantir crescimento sustentável”, pontua. A Standby Rent a Car mantém unidades nas cidades de São Paulo (SP) e Curitiba (PR).
Fabio Montuori, sócio-diretor do Grupo Carro na Mão, atuante na capital paulista, valoriza o crescimento da demanda de aluguel de veículos por motoristas de aplicativos. Para o cenário de dificuldade na revenda das frotas, ele procura investir em modelos de menor depreciação, mais econômicos e atraentes para motoristas das categorias Confort e Black. “Criar planos de financiamento próprio ou por meio de acordo com bancos aceleram a venda direta justamente para esse perfil de cliente, que já utiliza o veículo e confia nele”, afirma. Montuori ainda enfatiza
a importância da negociação com montadoras para obter condições favoráveis na compra de novos veículos, além da adoção de medidas para reduzir custos operacionais.
“Se bem executadas, essas
“Modelos de menor depreciação atraem motoristas de aplicativos”
{ FABIO MONTUORI
GRUPO
CARRO NA MÃO
estratégias permitirão que as locadoras não apenas se mantenham competitivas, mas também cresçam”, pondera.
Para Liandra Boschiero, gerente-geral de locação da paulistana Osten Go, a demanda consistente mitiga parte dos impactos da macroeconomia. “Percebemos aumento significativo no interesse dos clientes em avaliar corretamente a diferença entre compra e assinatura, o que pode impulsionar ainda mais esse modelo de negócio”, afirma.
Boschiero reconhece que o cenário externo pressiona a rentabilidade das locadoras, afetando diretamente a capacidade de renovação e amplia-
ção das frotas. No médio prazo, porém, ela acredita que a situação deve melhorar, puxada por revisões na política monetária e maior oferta de crédito.
A diversificação dos modelos de negócios também deve fortalecer a competitividade. “A resiliência e a capacidade de adaptação das locadoras serão determinantes para atravessar esse período e mantê-las como um pilar estratégico para a in-
“Demanda por assinatura de veículos segue consistente”
{ LIANDRA BOSCHIERO OSTEN GO
dústria automotiva e a mobilidade no Brasil”, declara.
Manuel Messias, diretor executivo da Unidas, prefere ver o “copo meio cheio” e ressalta que, apesar dos desafios atuais, as oportunidades para as locadoras seguem em alta. “É verdade que, no curto prazo, temos uma implicação relevante nos preços, mas a tendência é de acomodação ao longo do tempo, com a devida estabilidade da taxa de juros e dólar”, projeta.
Omori destaca a perspectiva de crescimento do turismo de lazer e de negócios em 2025, na faixa de 2% a 4%. “Nos últimos três anos, cada vez mais brasileiros optaram por não ter veículo próprio, pensando em redução de custos, e passaram a utilizar mais os aplicativos de transporte. Quando viajam, recorrem à locação, especialmen-
“Cada vez mais brasileiros optam por alugar veículos para viagens curtas”
{ MANUEL MESSIAS DIRETOR EXECUTIVO DA UNIDAS
te para viagens em raios superiores a 50 quilômetros, tendo grandes centros urbanos como ponto de partida”, observa.
Atendimento e rentabilidade andando juntas
Dificuldades atuais à parte, o que fica de lição para o setor é a importância de olhar
para dentro, ampliar o nível de excelência no atendimento e, se necessário, reestruturar as operações para preservar a rentabilidade.
“Nosso segmento necessita de capital intensivo, o que torna ainda mais desafiadora a tarefa de arcar com excessivos custos de aquisição e manutenção da frota. Precisamos também colocar em debate o elevado rigor para acessar crédito”, alerta Eladio Paniagua, presidente do Sindloc-SP
O dirigente, no entanto, valoriza a resiliência das locadoras. “Mesmo em momentos
“Turismo em alta é campo oportuno para as locadoras”
{ BRUNO OMORI INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO, TURISMO, CULTURA, ESPORTE E MEIO AMBIENTE
de maior incerteza, elas estão aproveitando muito bem a demanda por mobilidade. Temos trabalhado arduamente para fazer a economia girar com mais empregos e volumes de negócios”, destaca Eladio Paniagua, presidente do Sindloc-SP. ¦
Pela primeira vez o Sindloc-SP promoveu uma pesquisa para captar a percepção dos empresários do setor sobre os principais temas da agenda macroeconômica nacional que afetam diretamente suas operações. A iniciativa inédita tem como objetivo servir de termômetro para compreender os posicionamentos do mercado frente aos desafios estruturais do país, além de nortear a atuação do sindicato em defesa dos interesses das empresas associadas.
Ao todo, 48 executivos participaram do levantamento, 90% deles representantes de associados, o que dá à amostra um caráter bastante significativo. Entre os dados coletados, chama a atenção que 81,25% dos entrevistados relatam ter sentido impacto negativo em seus negócios devido ao alto nível da taxa de juros e às maiores exigências de garantias para acessar o crédito. Ainda assim, 45,8% se dizem otimistas com a perspectiva de demanda no curto e médio prazo.
Do ponto de vista da operação, a pesquisa mostra que 89,3% das locadoras consultadas atuam com gestão de frotas, enquanto 39% já operam com modelos de carro por assinatura. Já o car sharing e a eletrificação da frota ainda seguem tímidos no radar do setor, o que também sinaliza ampla possibilidade de crescimento.
“Os resultados colhidos demons-
De olho no termômetro setorial
Sindloc-SP realiza pesquisa inédita para captar tendências e percepções do mercado de locação
1 Co mo você avalia o cenário ge ral vivido po r no ss o país?
3. A disponibilidade de crédit o e os juro s te m im pact ad o no s seus negóci os?
2. Qual é su a percep ção s obr e o compor tament o do s preç os do s au tomóveis?
4. Co mo se c ompor ta o merc ad o na venda de seus se minovo s?
5. Quais suas pe rs pe ctivas de demanda po r lo cação de au tomóveis no curt o e médi o pr az o?
5. Qual ou quai s modalidad es de aluguel são aplicá veis à su a lo cador a?
Frot a
Diár io
Ass inat ur a
Ca r Sharing
Ap li ca tivo
Moto
tram que temos um mercado atento às transformações e disposto a inves tir em novos modelos. Ao mesmo tem po, fica evidente que precisamos de um ambiente macro mais favorável”, enfatiza Eladio Paniagua, presiden te do
parte com aprimoramento da gestão, aposta em tecnologia e modernização da frota. Mas é essencial que o estado brasileiro atue como facilitador, com políticas de incentivo e uma regulação mais clara e previsível”, acrescenta. A pesquisa marca o início de uma nova frente de atuação da entidade, que pretende aprofundar o diálogo com seus associados, embasada em dados e diagnósticos atualizados. ¦
Depreciação acelerada traz vantagem fiscal para locadoras
Uso adequado do laudo técnico
possibilita recuperação de créditos tributários e redução de impostos
Adepreciação acelerada vem ganhando cada vez mais relevância no setor de locação de veículos, ao permitir a recuperação de créditos tributários e contribuir para o aumento da liquidez das empresas. Porém, para funcionar na prática, essa estratégia tributária precisa ser combinada com uma série de fatores fiscais, operacionais e de gestão financeira, conduzidas preferencialmente por uma consultoria especializada.
cal. Isso significa que, ao utilizar a depreciação acelerada, a locadora pode abater um valor maior no cálculo dos impostos devidos.
“Importante notar que a depreciação, aos olhos da tributação, não está relacionada ao desgaste do veículo e sim ao prazo que um ativo de negócios gera renda para a empresa do setor”, detalha Paulo Henrique, CEO da Audit Consult, prestadora de serviços de auditoria e consultoria contábil.
De acordo com o artigo 320 da legislação tributária, as empresas podem adotar uma taxa de depreciação mais ajustada a suas atividades e seus rendimentos. No caso das locadoras, esse ajuste é fundamental, já que a rotatividade de frota gira em torno de dois anos, muito abaixo dos cinco anos previstos pela tabela de depreciação fis-
Os impactos financeiros da depreciação acelerada são significativos. A principal vantagem é o aumento da capacidade de gerar caixa, uma vez que o valor depreciado pode ser abatido das receitas antes da apuração de tributos, especialmente o PIS/Cofins, que incide sobre o faturamento da empresa.
Na ponta do lápis, atualmente, as locadoras de veículos pagam 9,25% sobre o faturamento referente a PIS/Cofins, mas podem descontar as despesas operacionais, como a depreciação da frota, o que representa uma redução considerável na base de cálculo dos impostos. “O laudo traz de volta ao caixa das locadoras 2,78% sobre o valor de aquisição dos veículos. É um ganho financeiro muito interessante, pois representa um retorno imediato”, afirma Paulo Henrique.
BENEFÍCIOS PARA A GESTÃO TRIBUTÁRIA
Além disso, a depreciação acelerada de veículos também pode ter impacto positivo na gestão tributária. Isso porque ela também possibilita postergar o pagamento { ROTATIVIDADE ATUAL DA
Canva
FROTA EXIGE AJUSTE CERTEIRO NA TAXA DE DEPRECIAÇÃO
“Laudo técnico traz de volta ao caixa das locadoras 2,78% sobre o valor de aquisição dos veículos”
{ PAULO HENRIQUE , CEO DA AUDIT CONSULT
do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), caso o veículo seja vendido antes do final de seu ciclo de vida útil. Sem o laudo técnico, a locadora perde o crédito e ainda sofre uma tributação a maior quando efetiva a venda de seus carros. “Com o laudo ainda é possível postergar a tributação do IRPJ/CSL sobre um possível resultado quando da venda dos veículos”, esclarece Paulo Henrique.
As vantagens desse expediente também estão associadas à reposição de frota. Ao gerar um crédito fiscal mais robusto, as locadoras conseguem acumular mais recursos para reinvestir na aquisição de novos veículos com maior frequência, melhorando a qualidade da frota e, consequentemente, a experiência do cliente. “Embora a depreciação acelerada não seja uma ferramenta que melhore diretamente o gerenciamento operacional, ela contribui, sim, para a reposição, pois aumenta o caixa disponível para novas aquisições”, explica o especialista.
A experiência de quem aplicou a depreciação
A Alug Locadora, com sede no bairro paulistano do Itaim Bibi, recorreu ao laudo de depreciação acelerada por recomendação da sua consultoria contábil. “Contratamos um especialista em sistemas para que a planilha fosse perfeita e contamos com o respaldo do Instituto de Pesquisas Técnicas (IPT). Não houve mudanças nas decisões de compra, pois já investíamos em renovação constante da frota. Entretanto, o balanço da empresa passou a refletir de forma mais precisa a realidade do mercado”, enfatiza o diretor Roberto Bunemer (foto).
Porém, no que se refere à rentabilidade, a locadora observou uma melhoria significativa. “Por meio dessa es-
tratégia, passamos a pagar os impostos dentro de prazos mais adequados, o que nos trouxe alinhamento maior com nossa realidade financeira”, comenta.
MÉTODOS PARA APLICAR A DEPRECIAÇÃO?
Existem diferentes métodos para aplicar a depreciação acelerada, mas o único caminho formal e aceito pela Receita Federal é a obtenção de um laudo técnico emitido por órgãos públicos homologados. Esses pareceres são essenciais para ajustar a depreciação dos veículos conforme o tempo real de utilização.
O CEO da Audit Consult destaca que a escolha da instituição responsável pela emissão do laudo deve levar em consideração o tipo de locação realizada pela empresa. Para as empresas que trabalham com veículos submetidos a um uso mais intensivo, como no caso da terceirização de frota, pode ser vantajoso procurar uma entidade que tenha mais experiência em trabalhar com essa especificidade. ¦
Glauce Rocha
Arquivo
pessoal
Inteligência em movimento
Telemetria veicular amplia controle da frota e qualifica gestão operacional de locadoras
As soluções avançadas de telemetria vêm redefinindo a gestão de frotas na indústria de aluguel de veículos. Antes vistos apenas como ferramentas de segurança, localização e recuperação de veículos, os rastreadores tornaram-se peças-chave para o negócio, aprimorando não só a eficiência operacional, mas também a relação com os clientes e os resultados financeiros.
Por meio de plataformas modernas de telemetria, as locadoras têm em mãos um volume de dados personalizados de cada veículo. A tecnologia captura dados diretamente da rede CAN (Controller Area Network), sistema eletrônico que conecta os módulos internos do veículo, e consolida esses registros em relatórios gerenciais.
Quando bem interpretadas, essas informações permitem identificar oportunidades de redução de custos e mitigação de riscos. “Na prática, isso significa que o gestor pode acompanhar, em tempo real, onde está o veículo e se há necessidade de manutenção preventiva, evitando falhas mecânicas e gastos imprevistos”, informa Anderson Bochoglonian, presidente da 3S Tecnologia.
A própria condução do motorista entra no radar da telemetria, dado que movimentos como freadas bruscas, ace-
lerações excessivas e velocidade acima do limite legal são monitorados continuamente. “Além de contribuir para a segurança do condutor e de terceiros, esse acompanhamento permite às empresas que terceirizam frota a criação de programas de incentivo ao bom comportamento dos motoristas”, ressalta.
No caso da gestão de frotas, os dados extraídos transformam-se em insumos para decisões estratégicas. “É possível comparar o consumo de combustível entre diferentes modelos e identificar quais são os mais econômicos para cada contrato ou perfil de cliente”, exemplifica.
RASTREAMENTO FAVORECE
TAMBÉM A GESTÃO DE CONTRATOS
Outro benefício importante é a gestão de contratos. O monitoramento preciso de cada veículo evita discussões sobre quilometragem excedente no momento da renovação ou devolução do carro. “Esse controle mais rigoroso, baseado em indicadores concretos, fortalece a posição da locadora nas negociações com clientes corporativos e proporciona maior previsibilidade de receita”, aponta Bochoglonian.
Porém, para obter sucesso com a telemetria, é fundamental que o parceiro compreenda as particularidades da operação da locadora. Faz toda a
{ ANDERSON BOCHOGLONIAN, DA 3S TECNOLOGIA , DESTACA VANTAGENS DA TECNOLOGIA PARA MITIGAR RISCOS E ESTIMULAR PROGRAMAS DE INCENTIVO
diferença que ele tenha capacidade de integrar os sistemas de rastreamento com os softwares já utilizados pela empresa. Esse nível de integração permite uma visão 360° do negócio, cruzando informações de uso do veículo com o contrato e histórico de manutenção.
A flexibilidade da solução também é um ponto relevante. A telemetria deve ser capaz de se adaptar aos diferentes perfis de atuação da locadora. “Da mesma forma, a plataforma adotada precisa ser compatível com uma frota cada vez mais diversificada, que inclui veículos elétricos, híbridos e até movidos a gás. A engenharia por trás dela precisa estar atualizada para garantir que novos modelos sejam rapidamente homologados e integrados ao sistema”, pondera Bochoglonian.
Além disso, conta pontos a atuação consultiva do fornecedor de telemetria, do planejamento da implantação à análise recorrente dos resultados. “É um suporte especializado que assegura o uso estratégico da tecnologia, explorando todo o seu potencial e gerando valor real para o negócio”, finaliza. ¦