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Capítulo 4: O mal: Origem

CAPÍTULO 4 - O MAL: A ORIGEM

Se Deus é um ser justo e amoroso, então por que existe tanta maldade, sofrimento e dor? Como foi que surgiu todo esse ódio? Por que criamos falsos ídolos? Por que fazemos devoções nos santuários da cobiça, do egoísmo e da guerra? Como foi que a espécie humana, que Deus fez à própria imagem, afundou a tal ponto na depravação, que os Dez Mandamentos tiveram que ser revelados com a exigência de que fossem respeitados? Por que Deus teve que enviar o próprio Filho para nos salvar? Como foi que as criaturas de Deus tornaram-se tão cheias de luxúria e maldade?

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Para responder tal pergunta precisamos falar sobre um ser: o Diabo. A Bíblia não somente revela a existência do Diabo, como também o apresenta como um ser espiritual, pessoal, muito poderoso e extremamente maligno. Jesus se refere ao Diabo como sendo inimigo de Deus, homicida, pai da mentira e príncipe dos demônios (Mateus 13.39; João 8.44; Marcos 3.22-23). A Bíblia nos mostra:

“Logo em seguida, Deus me fez ver o Grande Sacerdote Josué, que posicionava-se em pé, em frente ao Anjo de Yahweh, o SENHOR. E ‘Sâtãn, Satanás, o Adversário estava à direita de Josué, pronto para acusá-lo.” Zacarias 3.1

Perceba que nesse texto ele é nomeado Satanás, seguido do significado desse nome: o Adversário. Charles Ryrie (1925) nos explica em seu livro “Teologia Básica ao alcance de todos” que assim com o os anjos, Satanás é descrito com traços de personalidade. Ele demonstra possuir inteligência (2 Coríntios 11.3); emoções (raiva, em Apocalipse 12.17; desejos, em Lucas 22.31) e vontade própria (Isaías 14.12-14; 2 Timóteo 2.26).

Em outro texto vemos Satanás ser descrito como um acusador, difamador. Perceba:

“Assim, o grande Dragão foi excluído para sempre. Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que tem a capacidade de enganar o mundo inteiro. Ele e seus anjos

foram lançados à terra. Então, ouvi uma voz grave que vinha dos céus proclamando: “Eis que agora chegou a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o Acusador de nossos irmãos, o mesmo que os denuncia de dia e de noite, perante o nosso Deus.” Apocalipse 12.9-10

Então por esses dois textos, já podemos ter uma noção do perigo desse ser, adversário de Deus, acusador e difamador, com capacidade de enganar o mundo inteiro. Mas a pergunta é: como esse ser surgiu? Deus criou um ser mau e perverso?

A Bíblia nos diz que Deus é o criador de todas as coisas (Colossenses 1.16), mas também ensina que tudo o que Deus criou foi bom (Gênesis 1.31). Então algo aconteceu nesse processo para que esse ser criado por Deus se tornasse o Diabo – o adversário de Deus. Existem dois textos que nos explicam o que aconteceu, Isaías 14 e Ezequiel 28, vamos ver um deles:

“Então veio a mim a Palavra de Yahweh, ordenando: “Ó filho do homem, ergue, pois, um grande lamento sobre o rei de Tiro e dize-lhe: Assim declara o SENHOR Deus: Tu eras o modelo da perfeição, repleto de saber e magnífico em beleza! Estiveste no Éden, Delícia, jardim de Deus; as mais lindas e perfeitas pedras preciosas adornavam a tua pessoa: sárdio, topázio, diamante, berilo, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e outras. Seus engastes, guarnições e outras jóias eram feitos com ouro puro; tudo foi preparado para ti no exato dia em que foste criado. Além disto, foste também ungido como querubim guardião; afinal, foi precisamente para essa função que Eu te designei. Estiveste também no Monte Sagrado de Deus e caminhavas entre pedras resplandecentes. Naquele tempo eras perfeito e irrepreensível em teus sentimentos e atitudes, desde o dia em que foste criado, até que se observou malignidade em ti. Por intermédio dos teus muitos negócios em toda a terra encheste teu coração de arrogância e brutalidade, e pecaste; por este motivo Eu te lancei, profanado e humilhado, para longe do Monte Sagrado de Deus. Eu mesmo te expulsei, ó querubim da guarda, do meio da glória das pedras fulgurantes! O teu coração tornou-se altivo e soberbo por causa da tua impressionante formosura, e corrompeste a tua sabedoria por conta do teu esplendor e da tua fama. Por isso Eu te lancei à terra; fiz de ti um espetáculo e advertência perante reis e governantes. Por meio dos teus muitos atos malignos e

pecaminosos, e de tua injustiça e desonestidade nos negócios e comércio profanaste até os teus próprios locais sagrados de culto. Por isso fiz sair de ti mesmo um fogo tal que te consumiu, e te reduzi a cinzas jogadas ao chão, à vista de todos quantos estavam contemplando todos estes acontecimentos. Todas as nações que te conheciam estão apavoradas com a tua presença; contudo, chegaste a um fim horrível, e jamais subsistirás!” Ezequiel 28.11-19

Se observarmos o contexto dessas profecias, veremos que em Isaías 14 vemos uma profecia para o rei da Babilônia, e em Ezequiel 28 vemos uma profecia para o rei de Tiro. No entanto, ao estudarmos essas passagens, vemos que as mesmas tomam proporções muito além do que poderia ser declarado a respeito de qualquer ser humano. O texto em si, aliado ao contexto bíblico nos mostra claramente que se trata de uma referência à origem de Satanás (Lucas 10.18; 1 Timóteo 3.6).

No texto de Isaías 14.12 a Bíblia diz: “Como foi que caíste dos céus, ó estrela da manhã, filho d’alva, da alvorada? Como foste atirado à terra, tu que derrubavas todas as nações?”. Estrela da manhã na tradução para o latim significa Lúcifer (SAVIOLI, 2018). Em Ezequiel 28.12 – já destacado acima –ele é descrito como modelo de perfeição, cheio de sabedoria e perfeita beleza.

Foi criado por Deus como um querubim (Ezequiel 28.14), um anjo de alta hierarquia que provavelmente era o responsável por comandar a exaltação e a glorificação de Deus (Jó 38.4-7). A Bíblia diz que desde o dia em que foi criado ele permaneceu inculpável em seus caminhos (Ezequiel 28.15), até que algo terrível aconteceu:

No texto de Ezequiel a Bíblia diz que – em um determinado momento – se achou injustiça, perversidade e maldade em Lúcifer (Ezequiel 28.16,18). Por causa de sua beleza e de seu esplendor, ele se corrompeu e se tornou orgulhoso (Ezequiel 28.17). Isaías diz que o desejo do seu coração era estar acima de todos os anjos e ser como Deus, veja:

“Afinal, tu costumavas declarar em teu coração: “Hei de subir até aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me estabelecerei na montanha da Assembleia, no

ponto mais elevado de Zafon, o alto do norte, o monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; tornar-me-ei semelhante ao Altíssimo!”

Isaías 14.13-14

Segundo Ryrie (1925) o uso de “estrela da manhã” em referência a Satanás dá uma indicação do caráter de seu plano contra Deus. Como o mesmo título é usado em Apocalipse 22.16 para falar de Cristo, somos alertados para o fato de que o plano de Satanás era imitar o plano de Deus. E, na verdade, foi isso o que ele fez (e ainda faz). Esse plano é claro em Isaías 14.13-14.

A soberba de Lúcifer se tornou tão absurda que ele chegou ao ponto de achar que seria possível tomar o lugar de Deus, e assim usurpar uma glória que pertence exclusivamente ao Senhor Deus (Isaías 42.8; Isaías 46.9; Mateus 4.10). Por causa dessa rebelião Lúcifer passou a ser Satanás: o adversário de Deus.

Ao que tudo indica – durante certo período – ele convenceu outros anjos a também se revelarem contra Deus (Mateus 25.41), quem sabe até oferecendo certos privilégios, caso tivesse o apoio desses anjos (Ezequiel 28.18). Com base em Apocalipse 12, acredita-se que um terço dos anjos caiu com Satanás:

“Sua cauda arrastou consigo uma terça parte das estrelas do céu, as quais arremessou sobre a terra. O Dragão posicionouse diante da mulher que estava para dar à luz, a fim de devorar o seu filho assim que nascesse.” Apocalipse 12.4

Entretanto, como o mal pode ter surgido no coração de Lúcifer e também ter corrompido outros anjos, se são seres criados por um Deus perfeitamente santo?

Na verdade, isso demonstra como a obra de Deus é extraordinária, justamente porque os anjos foram criados com o poder de tomar decisões morais e reais, assim como nós (Deuteronômio 30.19-20). Deus dotou sua criação de uma natureza tão livre, que permitiu até mesmo uma rebelião (2 Pedro 2.4; Judas 1.6). Acerca desse episódio Barnhouse (1965) escreveu:

“Ele despertou, no primeiro momento de sua existência, em meio à beleza e ao poder total de sua posição exaltada, cercado por todas as coisas magníficas que Deus lhe concedeu. Viu a si mesmo como alguém com maior poder, sabedoria e beleza do que todas as hostes celestiais. Viu algo maior do que possuía somente no próprio trono de Deus, e é possível que até mesmo isso não fosse totalmente visível aos olhos da criatura. [...] Antes de sua queda, pode-se dizer que ocupava o papel de primeiro-ministro de Deus, possivelmente governando todo o universo, mas certamente dominava este mundo.”

(BARNHOUSE, 1965, p.26)

Deus permitiu o mal, mas jamais compactuou com ele – e por essa razão –Satanás foi expulso dos céus (Salmos 45.6-7; Tiago 1.13, 17). Essa expulsão aconteceu de forma repentina (Isaías 14.12), o que é ilustrado quando na fala de Jesus:

“Ao que Jesus lhes revelou: “Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago.” Lucas 10.18

Aquele que na sua altivez queria estar acima do próprio Deus foi condenado ao mais profundo abismo (Isaías 14.15). Ele foi destinado ao lago de fogo, que é comumente conhecido como o inferno (Apocalipse 20.10). Esse é um lugar espiritual, criado para punir o diabo e os seus anjos, que se rebelaram contra Deus (Mateus 25.41). Todos aqueles que rejeitaram a Deus serão condenados e expulsos de Sua presença para sempre. O lugar para onde serão expulsos é chamado o lago de fogo4 (Apocalipse 20.14-15).

4 Deus não quer que ninguém vá para o lago de fogo. Ele nos ama e criou cada pessoa de forma especial. Mas Deus não obriga ninguém a amá-lo. Se quisermos, podemos viver uma vida de pecado. Mas o castigo do pecado é nossa separação de Deus (Romanos 3.23). Todos somos pecadores e não conseguimos pagar o preço do pecado. Mas Deus nos ama tanto que Ele enviou Jesus para pagar o preço por nós (João 3.16). Agora quem

Após Satanás ter sido expulso dos céus, condenado ao lago de fogo e lançado a terra, Deus criou um ser, que não somente o glorificaria, mas que também seria a própria imagem de sua glória (2 Coríntios 3.18). Deus criou o homem, à sua imagem e semelhança (Gênesis 1.26-27), o que se constitui uma razão mais do que suficiente para que Satanás odeie o ser humano, e faça de tudo para destruí-lo, principalmente através de estratégias sutis (Jó 1.6-11).

Por Satanás ser homicida, maligno, perverso ele odeia o ser humano (João 10.10; 1 João 5.19) e tem prazer em nos causar sofrimento (Lucas 13.16). Ele já está condenado e lhe resta pouco tempo (Apocalipse 12.12). Sendo assim, todo seu esforço está em levar o homem para a mesma condenação: a eternidade no inferno (Apocalipse 20.10).

Precisamos entender como ele atua para cumprir esse objetivo. Fazemos isso entendendo a relação de Satanás com o ser-humano:

aceita Jesus como seu salvador não está mais condenado! Os salvos vão morar com Jesus no Céu por toda a eternidade. Mas se alguém não quer mesmo estar com Deus, aí não tem jeito, o que resta é uma eternidade sem Deus.

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