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Capítulo 10: A porta estreita
CAPÍTULO 10: A PORTA ESTREITA
Assim como no capítulo anterior, dividiremos a explicação desse caminho em 4 coisas: porta, caminho, destino e público:
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“Porque estreita é a porta e difícil o caminho que conduzem à vida, apenas uns poucos encontram esse caminho!” Mateus 7.14
Porta: Jesus disse que a porta que conduz a esse caminho é estreita. Segundo o dicionário Michaelis (2020), dizer que algo é estreito significa dizer que esse algo tem pouca folga, é apertado ou justo. Isso acontece porque só existe uma maneira de entrar por essa porta: Jesus. Ele é a porta desse caminho que conduz a vida:
“Eu Sou a porta. Qualquer pessoa que entrar por mim, será salva. Entrará e sairá; e encontrará pastagem.” João 10.9
Não existem várias maneiras de entrar por essa porta, só existe uma, e é pela fé em Jesus Cristo (Atos 16.31). Emmanuel Saraiva (2016) acerca dessa passagem disse assim: “É poderosa esta declaração. Nela se encerra a mensagem de nossa salvação e indica que o homem só poderá alcançar a salvação, entrando pela porta certa, que é Jesus.” Vemos a confirmação disso quando Jesus diz:
“Em verdade, em verdade vos asseguro: aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas sobe o muro à procura de outra passagem, esse é ladrão e assaltante.” João 10.1
Saraiva (2016) explica que esse versículo mostra que quaisquer outras passagens para o céu são falsas. Nenhuma outra pode ser aberta. Essa fala de Jesus serve para nos esclarecer que:
a) Esta declaração de Jesus vem destruir a falácia de justiça própria. É falsa a porta que pretende dar passagem ao homem que quer ser salvador de si mesmo (Isaías 64.6). b) É falsa a porta da caridade que acha que por ela o homem entrará no
Céu. Não existe outra porta sem ser Jesus (Efésios 2.9). c) Isso implica dizer que os chefes religiosos que dizem ser a porta, não são. Indubitavelmente, podem ter sido grandes homens que fizeram o bem e exerceram grande influência na humanidade, mas não se constituíram salvadores (Atos 4.12).
Há muitos séculos, em uma noite sem nuvens, sob as estrelas do deserto, um jovem fugia de casa. Era a primeira noite que passava fora do lar e distante dos pais. Um jovem, de nome Jacó, não encontrou naquela noite nenhum abrigo. Sua cama foi o chão e o travesseiro uma pedra. Provavelmente estava com medo. Por outro lado, estava muito cansado e logo adormecera (Gênesis 28.10-11).
Então teve um sonho, e viu uma ponte ligando o céu com a terra. Por esta escada os anjos de Deus subiam e desciam por ela (Gênesis 28.12). Muitos estudiosos atribuem essa escada como um símbolo profético de Jesus. E a Bíblia nos mostra que Jesus é o único elo de Deus com cada um de nós, Ele é como a escada que Jacó sonhou, Ele liga a terra direto aos céus (1 Timóteo 2.5; João 1.51). Spurgeon (1890) também entendia a relação da escada do sonho de Jacó com Jesus, tanto que escreveu assim:
“A escada é longa o suficiente para alcançar Jacó prostrado em terra, e o Pai reinando no céu. Criar uma nova escadaria seria supor que Ele falhou na tarefa de encurtar a distância; e isso seria desonrá-lo gravemente. Se mesmo adicionar qualquer palavra à dEle é clamar por uma maldição sobre nós mesmos, o que receberíamos fingindo adicionar qualquer coisa a Ele? Lembre-se que Ele, Ele mesmo, é o Caminho.”
(SPURGEON, 1890, p.13)
E um importante detalhe é que se quisermos entrar por essa porta, precisamos dar um passo de fé. Muitas pessoas acreditam que Jesus existe, mas não entram pela porta estreita. Spurgeon (1890) escreveu:
“Aquele que não dá o passo da fé, e, portanto, não entra na rua para os céus, perecerá. Será uma coisa triste morrer justo fora da porta da vida. Quase salvo, mas ainda perdido! Essa é a pior das posições. Um homem justo fora da arca de Noé se afogaria; um assassino perto da muralha de uma cidade de refúgio, mas ainda fora, seria morto; e o homem que está a uma jarda de Cristo, e ainda assim não confiou nEle, será perdido. Por isso me esforço seriamente para levar meus hesitantes amigos além da entrada. Entrem! Entrem! É a minha urgente súplica. “Por que estás aí fora?” é minha solene pergunta. Que o Espírito Santo torne efetivas as minhas súplicas para muitos que olhem para estas páginas! Que Ele cause que Seu próprio poder Absoluto crie fé na alma de uma vez!”
(SPURGEON, 1890, p.3-4)
Observando esse registro do autor, percebemos que não adianta somente saber que essa porta nos leva para o céu. Precisamos dar um passo de fé e entrar por essa porta20 .
CAMINHO: O caminho não foge do padrão da porta, é apertado e difícil. É apertado porque, assim como na porta, só andamos por esse caminho através da fé em Jesus Cristo. O próprio disse:
“Assegurou-lhes Jesus: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” 20 Caso o leitor esteja se perguntando como dar esse passo de fé, vou dar meu exemplo. Há alguns anos atrás fui a um culto em uma Igreja Evangélica Assembleia de Deus. Além de me sentir extremamente bem no culto, acreditei na mensagem pregada, e no final do culto dei um passo de fé. Com a ajuda de um amigo fui ao altar e aceitei Jesus como meu Senhor e Salvador. Desde então Jesus tem sido meu melhor amigo, e tenho certeza que esse passo de fé foi a melhor coisa que já fiz na minha vida.
João 14.6
É um caminho apertado, pois nesse caminho nossa adoração é exclusiva a Deus. Não podemos adorar vários “deuses”, como no outro caminho (Êxodo 20.3-4).
É um caminho difícil porque quando caminhamos por esse caminho, Satanás vai fazer de tudo, de tudo mesmo, para nos fazer desistir da caminhada com Cristo (1 Pedro 5.8). Afinal de contas, ele já está condenado, e por ser maligno quer levar o máximo de pessoas com ele (Apocalipse 12.12; 20.10).
Andar por esse caminho implica em travar uma batalha constante com a carne21 . Isso significa batalhar contra nossa vontade de fazer coisas que desagradam a Deus, e dar nosso melhor para viver uma vida de constante santificação (Hebreus 12.14). Existe um versículo que resume muito bem o porquê esse caminho é difícil de andar:
“E Jesus proclamava às multidões: “Se alguém deseja seguirme, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz dia após dia, e caminhe após mim.” Lucas 9.23
Esse ensino é tão importante que Jesus se dirigiu às multidões, ou seja, não apenas seus doze discípulos precisavam ouvir essas palavras, mas todos. Segundo Conegero (2020) isso implica dizer que essa é uma questão de vida ou morte eterna.
A condição de “negar a si mesmo” inclui muita coisa, como por exemplo: a) Negar-se a si mesmo é amar ao Senhor acima de todas as coisas (Lucas 10.27), e ser fiel à Deus acima de qualquer aspiração pessoal (Deuteronômio 10.16-17; Salmos 86.11).
21 Segundo Ryrie (1925) a carne é aquele princípio do pecado que está em cada um de nós. Alguns equivalem à natureza pecaminosa à carne. A carne produz obras (Gálatas 15.19), é caracterizada por paixões e concupiscências (1 João 2.16)
b) Negar-se a si mesmo é dizer não a nossa natureza humana decaída, ou seja, o velho “eu” que tenta nos desviar para as concupiscências das obras da carne (Gálatas 5.24; Mateus 26.41). c) Negar-se a si mesmo é renunciar toda confiança em sua própria natureza, religiosidade, capacidade e obras, e entender que tudo, inclusive a salvação vem de Deus, e que os méritos pertencem tão somente a Cristo (Apocalipse 5.13; 1 Timóteo 1.17).
Em outras palavras, Conegero (2020) explica que no ensino de Jesus aquele que nega a si mesmo é alguém capaz de dizer: Jesus é o primeiro em todas as áreas da minha vida (Mateus 6.33). É também cativar um amor por Jesus maior22 do que seus familiares e do que sua própria vida, a ponto de estar disposto a perdê-la por causa desse amor e pelo compromisso por Ele (Mateus 16.25; Marcos 8.35; Lucas 9.24; 14.26).
Jesus ainda ensina que devemos tomar nossa cruz dia após dia. Conegero (2020) explica que tomar a sua cruz significa aceitar a aflição, a dor, a vergonha e a perseguição por amor a Cristo e ao seu Evangelho (2 Timóteo 4.7). Tomamos a nossa cruz quando obedecemos ao Senhor mesmo quando Ele nos ordena ir para um lugar que não queremos ou fazer algo que não queremos, sabendo que Ele cuida de nós, nos ama e sabe o que é melhor para as nossas vidas (Jeremias 29.11; João 13.15; 2 Coríntios 9.8,9; 1 Pedro 2.21).
Após negar a nós mesmos e tomar nossa cruz resta o “siga-me” (Mateus 16.24; Marcos 8.34; Lucas 9.23). Seguir a Jesus significa caminhar em seus passos, confiando inteiramente nele e obedecendo a sua vontade em plena gratidão pela salvação nele recebida (1 Pedro 2.21; João 15.14; Efésios 4.325.2).
22 Com isso não quero dizer que devemos amar somente a Jesus e não amar as pessoas a nossa volta. Jesus resumiu toda a lei em dois mandamentos: Amar a Deus acima de todas as coisas, e nosso próximo como a nós mesmos (Mateus 22.40). Devemos sim amar de coração nossos familiares, amigos, colegas, e até aqueles que nos odeiam (Mateus 5.43-44), no entanto, nosso amor a Deus deve ser maior do que o amor a todos.
Em outras palavras, o que o texto está dizendo aqui é que naturalmente após negar a nós mesmos e tomar a nossa cruz, resta a nós segui-lo, sujeitando-nos aos seus mandamentos (João 14.23). Resumidamente, entendemos que a verdadeira conversão que é sucedida por uma santificação que perdura por toda a vida. Um esforço, para cada dia estar mais santo e íntimo do Senhor (Levítico 20.8; Hebreus 12.14; 1 Tessalonicenses 4.3).
Mas calma! Não precisamos fazer isso por nossas próprias forças. Quando damos um passo de fé e entramos nesse caminho através de Jesus, isso significa dizer que a graça de Deus nos alcançou, e através do novo nascimento pela obra regeneradora do Espírito Santo em nossos corações somos capacitados a fazer o que de nenhum outro modo poderíamos fazer (João 3.3-5). Deus passa a habitar em nós através do Espírito Santo, que nos auxilia em nossas fraquezas:
“Do mesmo modo, o Espírito nos auxilia em nossa fraqueza; porque não sabemos como orar, no entanto, o próprio Espírito intercede por nós com gemidos impossíveis de serem expressos por meio de palavras.” Romanos 8.26
Quando cremos em Jesus, Ele nos faz nova criatura, e o Espírito Santo não o abandona à nossa própria sorte (2 Coríntios 5.17). Ryrie (1925) explica que Deus nos regenera (João 1.13) de acordo com sua vontade (Tiago 1.18), por intermédio do Espírito Santo (João 3.5), quando nós cremos (João 1.12) no evangelho, conforme nos foi revelado na Palavra de Deus (1 Pedro 1.23).
Barbosa (2016) explica que a regeneração não nos torna perfeitos. Mesmo depois de regenerados, continuamos tendo que lidar com o problema do pecado, como o próprio João ensina: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos e a verdade não está em nós (1 João 1.8). No entanto, o Espírito Santo através da regeneração coloca em nosso coração uma disposição nova, uma disposição para o bem que agrada a Deus, uma disposição para a santidade, de modo que não mais o pecado tem poder de nos escravizar, como antes (Romanos 8.1-2).
Andar por esse caminho é difícil, mas é muito prazeroso (falo por experiência própria). Não é fácil, mas é maravilhoso. Andar nesse caminho nos traz ainda nessa vida a verdadeira felicidade (Eclesiastes 3.14; Salmos 1.1-3) e muitos outros benefícios, como nunca mais estar e se sentir desamparado (Josué 1.9; Isaías 41.10). São muitos os benefícios de entrar pela porta estreita, e de caminhar no caminho difícil com o Senhor Jesus. Se eu falar todos, precisarei de outro volume deste para explicar da melhor forma (o que podemos se Deus assim permitir fazer em um futuro próximo).
No entanto, existe uma recompensa gloriosa nos esperando no fim deste caminho.
Destino: Jesus disse que esse caminho leva a vida. Machado (2015) explica é o único caminho que conduz à vida eterna (João 3.16). Paulo, ao descrever o futuro nesse destino, disse:
“No entanto, como está escrito: “Olho algum jamais viu, ouvido algum nunca ouviu e mente nenhuma imaginou o que Deus predispôs para aqueles que o amam.” 1 Coríntios 2.9
E esse lugar, segundo Paulo, é muitíssimo melhor do que qualquer outra coisa na terra. Escreveu ele:
“desejo partir e estar com Cristo, o que é infinitamente melhor.”
Filipenses 1.23b
Para quem escolhe o caminho estreito, o túmulo não é um terror, nem a morte é uma calamidade, pois ele tem uma esperança gloriosa – a esperança do céu, pela salvação através da fé em Jesus Cristo (Efésios 2.8).
Segundo Savioli (2017) a Bíblia descreve o céu como um lugar de prazer e alegria eterna (Salmos 16.11; Mateus 25.23; Lucas 15.10). Aqui na terra nós cansamos da rotina e enjoamos das coisas (Provérbios 23.5), mas na eternidade não existe nada disso, é como experimentar algo novo e bom a todo o momento (Apocalipse 21.5).
Não há absolutamente nada que nós possamos vivenciar aqui na terra, que seja superior, ou chegue até mesmo perto do que haverá na eternidade (2 Coríntios 12.1-4).
Pense no maior prazer que você já experimentou na vida. Pense em quanto tempo durou essa sensação: Talvez um dia, um minuto, uma hora? O Reino dos céus é como desfrutar de uma sensação infinitamente superior, sem intervalo, por toda eternidade (Efésios 3.20; Romanos 8.18).
Billy Graham (1981) nos instrui com maestria como será o céu. O céu será para nós:
1 – Lar permanente: A Bíblia toma a palavra lar com todas as suas associações ternas e lembranças sagradas, aplica-a ao além e nos diz que o céu é o lar. Pouco antes de Cristo ir para a cruz, Ele reuniu Seus discípulos no quarto superior e falou sobre um lar. Disse ele: "Na casa de meu Pai há muitas moradas." (João 14.2)
Quando Jesus falou do céu como "a casa de meu Pai", estava se referindo a ele como um lar. A casa do Pai é sempre o lar dos filhos. Paulo falou que os crentes que partiram desta vida estavam "em casa" com o Senhor (2 Coríntios 5.8). E o melhor é o que o céu será um lar permanente. Acerca disso Graham disse (1981):
“Uma das tristes realidades sobre as casas que os homens constroem para si mesmas é que não são permanentes. As casas não duram para sempre. Isso se aplica à casa propriamente dita e também à família. Como as crianças logo crescem e saem de casal Embora nossos lares e famílias possam ser maravilhosos, não são permanentes. Às vezes, olho para meus próprios filhos e mal posso acreditar que estão todos crescidos e vivendo as suas vidas – e que já me fizeram ser avô muitas vezes. Minha mulher e eu estamos sós numa casa vazia que já ressoou com o riso de cinco crianças.” (GRAHAM, 1981, p.220)
Em meio a todas as mudanças que, mais cedo ou mais tarde, virão desfazer o lar terreno, temos a promessa de um lar onde os seguidores de Cristo ficarão para sempre. Disse Paulo, certa vez: "E assim ficaremos sempre com o Senhor" (1 Tessalonicenses 4.17). Nosso lar permanente não é aqui na terra, nosso lar permanente é o céu.
2 – Lar bonito: Vale dizer também que será um lar bonito. É um lugar tão lindo que, quando o apóstolo João o vislumbrou, a única coisa a que pôde comparálo foi a uma jovem no dia de seu casamento. Ele falou que a cidade santa era como "uma noiva adornada para o seu noivo" (Apocalipse 21.2). Não podia ser diferente, o mesmo Criador que fez as árvores, os campos e flores, os mares e as colinas, as nuvens e o firmamento fez um lar para nós chamado céu (Gênesis 1.1-31; João 14.1).
3 – Lar feliz: Além disso, vai ser um lar feliz. Existem muitas casas lindas que não são felizes. São lindas devido a tudo que a cultura e a fortuna podem oferecer, no entanto, falta-lhes paz e felicidade (Provérbios 17.1). A casa de Deus será um lar feliz porque nela nada haverá para impedir a felicidade (Apocalipse 21.4).
Só podemos ser verdadeiramente felizes nesse mundo dentro de um relacionamento com Deus – mas é, basicamente, um planeta infeliz, onde prevalecem o sofrimento e a dor. Pense em um lugar onde não haverá pecado, nem tristeza, nem brigas, nem incompreensões, nem mágoas, nem dor, nem doenças, nem sofrimento, nem morte (Apocalipse 21.3-4). Será um lar feliz por que:
a) A casa do Pai será feliz porque é um lugar de música e canções.
Cantamos quando estamos felizes (Tiago 5.13). No céu, todo o mundo está cantando. Os seus habitantes cantam "uma nova canção", atribuindo a glória aquele que foi morto e que resgatou os homens para
Deus com Seu sangue (Apocalipse 5.9). Depois, escutamos a voz de uma grande multidão, como o som de muitas águas, gritando: "Aleluia!
Pois o nosso Senhor Deus Todo-Poderoso reina” (Apocalipse 19.6). É como Graham (1981) diz, parece que o céu é um longo coro de Aleluia!
b) A casa do Pai será um lar feliz porque também haverá serviço23 a ser feito. Mas será um tipo de trabalho que jamais experimentamos na terra, pois trabalharemos sem fracassos, frustrações ou fadiga. Em Apocalipse 22.3 a Bíblia nos diz que, no céu, não haverá "maldição". Isso é uma referência ao julgamento de Adão por Deus, no Jardim do Éden. Depois do Pecado Original, o trabalho de Adão, e consequentemente o nosso, tornou-se duro e desgastante (Gênesis 3.17-19). Porém, no céu, o nosso trabalho será criativo, estimulante e produtivo. Billy Graham (1981) disse:
“Em Apocalipse 22:3, João escreveu: "Seus servos o servirão". Cada um receberá a tarefa que se adapta a suas forças, gostos, e talentos. Talvez Deus nos dê novos mundos para conquistar. Talvez nos mande explorar algum planeta ou estrela distante, para ali proclamar a Sua mensagem de amor eterno. O que quer que façamos e aonde quer que vamos, a Bíblia diz que O serviremos. Pense em trabalhar para sempre em algo que você adora, para alguém que ama de todo o coração, sem jamais se cansar! Jamais conheceremos o cansaço no céu.” (GRAHAM, 1981, p.223)
Jesus ainda disse que retribuirá24 a cada um de acordo com o que fez (Apocalipse 22.12), que haverá aquele que será considerado grande no Reino
23 A Bíblia inclusive descreve um período em que nós reinaremos com Cristo (2 Timóteo 2.12; Apocalipse 5.10; Apocalipse 20.4-6). 24 A Bíblia chama isso de galardão (Mateus 5.12; 1 Coríntios 3.14), e segundo Savioli (2017) a palavra grega é misthos, e pode ser traduzida como valor pago pelo trabalho, salário ou recompensa. A salvação é pela graça, independente das obras (Efésios 2.89). Mas o galardão será fruto do nosso trabalho para o Reino de Deus (1 Coríntios 3.8, 1 Coríntios 3.11-15), nós seremos recompensados pela realização das obras que Deus preparou para cada um de nós (2 Coríntios 5.10; Efésios 2.10). O galardão pode tanto estar relacionado ao que Deus irá compartilhar de sua própria natureza, quanto a posições de autoridade e responsabilidade sobre aquilo que Ele
dos céus (Mateus 5.19), que alguns irão assumir responsabilidades maiores do que outros (Lucas 19.16-19) e, por fim, nos ensinou que boas obras aqui, acumulam tesouros na eternidade (Mateus 19.21; Lucas 12.33; Mateus 6.1920).
c) A casa do Pai será um lar feliz porque os amigos que escolheram trilhar o caminho difícil junto conosco estarão presentes. Savioli (2017) explica que a Bíblia diz em Isaías que não haverá lembrança das coisas passadas, e nem memória delas (Isaías 65.17). No entanto, o contexto indica se tratar de angústias, tristezas e sofrimentos (Isaías 65.16), e não de tudo que foi construído em nossa memória. Afinal de contas, pelo que a Bíblia diz e pelo que observamos em Jesus, seremos perfeitos em unidade com Deus (João 17.22-24), mas continuaremos possuindo uma personalidade e uma identidade própria, tendo plena consciência de quem somos e de quem são as outras pessoas (Mateus 8.11; João 14.13; Mateus 26.29).
Nenhum de nós que entre na casa do Pai se sentirá sozinho ou estranho, e além do mais, nossos amigos que caminharam conosco pelo caminho estreito também estarão ali. Faz sentido nos reconhecermos no céu. No Monte da Transfiguração, não se reconheceram Elias e Moisés (Mateus 17.3)? E na história que Jesus contou do rico e de Lázaro, não reconheceu o rico a Lázaro e Abraão, depois da morte (Lucas 16.23-24)? Graham (1981) disse:
“Se você crê, irá rever aqueles que aceitaram a Cristo. Famílias e amigos serão reunidos no céu.
(GRAHAM, 1981, p.224)
criou e ainda irá criar no Universo (Mateus 25.14-30; Apocalipse 2.26; Apocalipse 3.21; Lucas 19.11-27). E, ao contrário do que se possa pensar, não haverá nenhum sentimento de inveja por aquilo que outros receberão, ou até mesmo de tristeza, por causa daqueles que não serão salvos (Apocalipse 21.4). E segundo Savioli (2017) a razão disso é que estaremos plenamente satisfeitos, ao ver que Deus foi perfeitamente justo (Deuteronômio 32.4; 2 Pedro 3.13).
d) A casa de Deus será um lar feliz porque Cristo estará presente. Ele será o centro do céu. Para Ele, todos os corações se voltarão e sobre Ele todos os olhos pousarão. Uma das melhores coisas do céu será o fato de que iremos ver o Rei em toda a Sua beleza, face a face (Apocalipse 22.4). O nosso relacionamento com Cristo será íntimo25 .
Savioli (2017) ensina que isso vai se dar porque a Bíblia diz que nós seremos semelhantes a Jesus Cristo (1João 3.2-3), e que, assim como Ele, também teremos nosso corpo glorificado (Filipenses 3.20-21), ou seja, um corpo que não se cansa, não sente dor, não envelhece e não morre (1 Coríntios 15.4853).
O corpo glorificado é tão superior ao que nós temos hoje, que a Bíblia ilustra essa diferença dizendo que nosso corpo terrestre seria como uma simples semente, enquanto o corpo celestial seria como uma árvore (1 Coríntios 15.3544).
Sendo assim, esse novo corpo pode assumir características humanas, sem ser limitado por elas. Jesus se manifestou em diferentes formas após sua ressurreição (Marcos 16.12; João 21.12), às vezes sendo reconhecido (Marcos 16.9-10; Lucas 24.30-31; Mateus 28.9-10), às vezes não (Lucas 24.15-16; João 21.4).
Outro aspecto impressionante desse corpo é a forma como ele se desloca de um lugar para o outro. Jesus simplesmente desapareceu da presença de dois discípulos (Lucas 24.31) e, pouco tempo depois, apareceu dentro de uma sala que estava com as portas trancadas (Lucas 24.36; João 20.19,26).
Jesus inclusive pediu para que seus discípulos o tocassem e comprovassem que não se tratava de um espírito, mas de um ser de carne e osso (Lucas 24.38-39). Jesus comeu e bebeu com os discípulos depois que ressuscitou dentre os mortos (Atos 10.40-41; Lucas 24.42-43).
25 Embora haja milhões de cristãos no céu, não teremos que nos contentar em ver de relance aquele que amamos. Jesus conhecerá cada um de nós, pessoalmente, e nós O conheceremos de uma maneira mais profunda do que nunca (1 Coríntios 13.12).
Resumindo, tudo indica que, assim como Jesus, teremos um corpo físico que não é sujeito ao tempo, pois não se desgasta e nem envelhece; que não é sujeito à matéria, pois pode tanto atravessar uma parede como encostar nela; e que não é sujeito ao espaço, pois pode se deslocar de um lugar para o outro independente da distância. Poderemos comer, andar e respirar, sem depender de alimento, gravidade ou oxigênio (1Co 15.47). Dá para se imaginar como será ter um corpo assim?
e) A Bíblia também diz que o céu será um lar feliz porque seremos imunes ao sofrimento. Em Apocalipse, João escreve:
“pois o Cordeiro que está no centro do trono será o seu Pastor; Ele os conduzirá às fontes das águas da vida, e Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima” Apocalipse 7.17
“Ele lhes enxugará dos olhos toda a lágrima; não haverá mais morte, nem pranto, nem lamento, nem dor, porquanto a antiga ordem está encerrada!”
Apocalipse 21.4
Quando chegarmos ao céu, todo o nosso sofrimento cessará. Também ficaremos imunes ao pecado, que nos trouxe inicialmente o sofrimento. Nós, que fomos perturbados e tentados pelo pecado em nossa vida neste mundo, não mais seremos afetados por esse problema de inspiração satânica. O Diabo será lançado ao inferno, para ficar eternamente separado de Deus e Seu povo (Apocalipse 20.10). Porque Jesus venceu Satanás definitivamente na cruz, nós viveremos num ambiente em que o pecado estará permanentemente afastado de nossas vidas (1 João 3.8).
4 – Lugar de imortalidade: Além disso, o céu será um lugar de imortalidade. Paulo em sua primeira carta aos coríntios disse:
“Pois é impreterível que este corpo que perece se revista de incorruptibilidade, e o que é mortal, se revista de imortalidade. No momento em que este corpo perecível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, for revestido de
imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: “Devorada, pois, foi a morte pela vitória!” 1 Coríntios 15.53-54
O que isso quer dizer é que, tão logo cheguemos ao céu, não mais seremos incomodados ou inibidos por limitações físicas ou corporais. Pode imaginar uma coisa dessas? Os corpos aleijados, doentes, desgastados serão fortes e belos e vigorosos, imortais e eternos (1 Coríntios 15.42-44).
5 – Uma Cidade Santa: O Livro do Apocalipse descreve o céu como uma cidade, a nova Jerusalém - um ambiente perfeito, no qual reside uma sociedade perfeita. Está escrito:
“Então vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra haviam passado; e o mar já não mais existia. Vi também a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, adornada como uma linda noiva para o seu esposo amado.” Apocalipse 21.1-2
As características da nova Jerusalém estão descritas nos capítulos 21 e 22 do livro do Apocalipse. Elas revelam que o céu será um lugar cujos habitantes serão livres dos temores e inseguranças que nos perseguem e atormentam nossas vidas atuais. No céu, não haverá o medo de uma crise de energia, por exemplo. Os recursos naturais do céu jamais serão esgotados e não haverá competição quanto à distribuição desses recursos (Apocalipse 21.23-24).
Ficamos sabendo que, na "rua principal" da Nova Jerusalém, se situará a árvore da vida, e todos terão livre acesso a ela (Apocalipse 22.2). Graham (1981) escreve:
“A harmonia reinará entre a população do céu, e não haverá medo de inquietação política e tumultos. Os habitantes da cidade estarão livres das pressões econômicas e financeiras que nos oprimem, aqui na terra. Muitos de vocês estão lutando para sustentar a família. Você não precisará se preocupar em
arranjar um segundo emprego para poder alimentar a família, quando chegar ao céu.” (GRAHAM, 1981, p.227)
Uma evidência disso é que a Bíblia diz que Deus nos convidará para beber gratuitamente da fonte da água da vida, não teremos que trabalhar para sobreviver (Apocalipse 21.6). É claro que seremos ativos. Mas trabalharemos apenas pelo puro prazer de criar e produzir. Num certo sentido, o nosso trabalho26 será a nossa recreação.
No céu, estaremos livres do medo dos danos físicos. Não haverá noite (Apocalipse 22.5), ocasião na qual o mal se multiplica sobre uma cidade, visto que segundo o Dr. Jorge Lordello (2020) a maioria de nossos crimes ocorre depois do pôr-do-sol. Mas na Nova Jerusalém não haverá noite e nem incendiários, ladrões e estupradores. Na verdade, não haverá gente má no céu para nos assustar e ferir (Apocalipse 21.8,27). E os portões dessa cidade jamais se fecharão. Não haverá a quem temer na cidade celestial, portanto, os portões permanecerão abertos (Apocalipse 21.25).
Espiritualmente, não haverá medo de separação ou sentimento de distância de Deus. Nosso relacionamento com Ele será íntimo e direto. Não haverá templos na nova Jerusalém. No céu, não haverá necessidade de templos, pois viveremos de contínuo na presença de Deus e o louvaremos continuamente. Viveremos em comunhão ininterrupta com o Senhor (Apocalipse 21.22).
6 – Muito melhor do que imaginamos: Segundo Savioli (2017) apesar de todas estas possibilidades parecerem incríveis e extraordinárias, é preciso que fique
26 Vale lembrar que uma das nossas maiores inseguranças é o medo do fracasso pessoal. Às vezes, em nossos diversos empregos, responsabilidades, relacionamentos e atividades existem obstáculos ao nosso sucesso. Falhamos, por um motivo ou outro. Somos tomados de culpa, vergonha e uma sensação de insegurança ainda mais profunda. Porém, no céu, não conheceremos o fracasso. Como já ressaltamos anteriormente, o julgamento do homem por Deus será suspenso. Nosso trabalho será livre de frustração, e não haverá nenhuma sensação de fracasso. Nosso trabalho será revigorante e inspirador (Apocalipse 22.3).
muito claro de que ainda sim, estamos imaginando algo infinitamente inferior ao que de fato iremos encontrar na eternidade (Isaías 64.4; Salmos 145.3; Salmos 147.5; Romanos 11.33).
Se para as coisas aqui na da Terra, nossa expectativa é quase sempre maior do que a realidade (Eclesiastes 2.10-11; Eclesiastes 5.10), na Eternidade será o contrário, o céu vai exceder em muito a nossa expectativa (1 Coríntios 2.9). Graham (1968) em seu livro “Mundo em chamas” escreveu:
“O céu será aquela perfeição com que sempre sonhamos. Todas as coisas que têm feito a terra desprovida de encantos, e trágica, não existirão no céu, onde não haverá noite, morte, doença, tristeza, lágrimas, ignorância, desapontamento ou guerra. O céu estará cheio de saúde, vigor, virilidade, conhecimento, felicidade, adoração, amor e perfeição. O céu será mais moderno e atualizado do que qualquer das construções modernas feitas pelo homem. Será lugar feito de molde a desafiar o gênio criador da mente desimpedida e livre do homem redimido, um lugar tornado supremamente atraente pela presença de Cristo. Uma das maravilhas do céu que passa quase sem menção serão as espécies variadas de seres representados em sua população. Alguns deles são chamados príncipes, outros potentados, outros governantes, pois haverá tronos, principados e patentes a serem ocupadas pelos diversos graus dos príncipes celestes. Haverá ali o serafim e o querubim, anjo e arcanjo, Gabriel e Miguel, e mais as miríades inumeráveis que circulam pelas cortes e palácios celestes, rodeando Deus em Seu trono a fim de reconhecer Sua Majestade, sempre atentos às Suas ordens, dirigindo os habitantes dos mundos celestes. Depois de termos reduzido as descrições encontradas na Bíblia e formado um quadro complexo, descobrimos tratar-se de um novo céu e uma nova terra, coroados por uma "cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador". No livro do Apocalipse, João o descreve como tendo nascentes, árvores, frutas, vestes, palmeiras, música, coroas, pedras preciosas, ouro, luz, cores do arco-íris, água, conhecimento, amizade, amor, santidade e a
presença de Deus e Seu Filho. Tudo isto, e muito mais ainda, será o céu! Disse o Apóstolo Paulo: "Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Filipenses 3:20). A Bíblia afirma que nós, os cristãos, somos forasteiros, na terra. Somos estrangeiros, gente de fora, peregrinos e residentes temporários neste planeta. "Não temos aqui cidade permanente'' (Hebreus 13:14). Desejamos um pais melhor, que é o céu.
(GRAHAM, 1968, p.265-266)
Vale a pena andar pelo caminho estreito para ir para o céu. A Bíblia diz:
“O Reino dos céus assemelha-se a um tesouro escondido no campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o novamente. Então, transbordando de alegria, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele terreno.” Mateus 13.44-46
O que essa parábola ensina é que nenhuma renúncia é grande demais, diante da recompensa que nos espera. O homem não vendeu tudo o que tinha e comprou o campo porque achou o campo interessante, mas porque o tesouro que estava escondido nesse campo valia muito mais do que tudo o que ele tinha. A salvação é o tesouro e o campo é caminho, quem quiser a salvação deverá seguir por esse caminho às vezes espinhoso e de escolhas nada convencionais. Mas o tesouro é tão valoroso que o preço a ser pago vale a pena (Lucas 9.23-25).
É possível continuar vivendo no pecado sem Jesus, no caminho largo, sabendo que essa nossa vida nos mantém longe de tudo isso? (Romanos 6.1-11; Marcos 8.36-37). O destino do caminho estreito é simplesmente glorioso.
Público: Jesus disse que são poucos os que vão entrar por essa porta. Não devemos especular, a partir deste contraste entre os poucos e os muitos, que os salvos serão literalmente poucos. Esta passagem bíblica deve ser comparada com a visão que João teve dos remidos diante do trono de Deus,
onde havia uma “grande multidão que ninguém podia enumerar” (Apocalipse 7.9).
Machado (2015) explica que se comparado à população global, o povo de Deus foi, é e sempre vai ser minoria neste mundo, e não é difícil descobrir por que: a porta que conduz à vida eterna é estreita, e o caminho é difícil (Mateus 7.14).
Não que Deus tenha diminuído sua generosidade, graça e desejo de salvar a todos (2 Pedro 3.9), ao contrário, estamos vivendo um período onde mais do que nunca todos são bem-vindos ao Reino de Deus. Muitos não entram por esse caminho, por não querer negar a si mesmo e não querer renunciar algumas coisas em prol de um relacionamento com Cristo. Em proporção, muito mais pessoas vão preferir entrar pela porta larga em vez de entrar pela porta estreita. Por isso Jesus fala que são poucos os que vão entrar por essa porta, mas os que entrarem, serão salvos (João 3.16).