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Capítulo 6: Se Deus é Justo e Bom por que existe tanta maldade, sofrimento e dor?

CAPÍTULO 6: SE DEUS É JUSTO E BOM POR QUE EXISTE TANTA MALDADE, SOFRIMENTO E DOR?

Por que coisas ruins acontecem? Através dos séculos, o ser humano tenta conciliar sua compreensão de um Deus poderoso e amoroso com o aparentemente infindável sofrimento existente ao seu redor.

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Existem milhões de pessoas pelo mundo todo que estão sofrendo injustiças, opressão política e perseguição, e que devem se perguntar: "Porque isto está acontecendo? Quem está no controle?" Existem milhares de lares com vidas desfeitas e destroçadas.

Cada dia traz uma nova tragédia. Uma criancinha é diagnosticada com leucemia e tem de passar por intenso tratamento médico apenas para morrer nos braços da mãe. Um casal recém-casado a caminho da lua-de-mel é morto por um motorista bêbado. A família de um missionário dedicado é atacada e morta pelas mesmas pessoas para quem ministram. Milhares de pessoas são mortas em um ataque terrorista. Centenas afogam-se em um tsunami, enquanto grande quantidade é soterrada por um terremoto.

Como essas coisas são possíveis se Deus realmente nos ama e se importa conosco? Ele é um Deus de sofrimento? A resposta costumeira do homem ao sofrimento é culpar a Deus. Segundo Desmond e Moore (1991) Charles Darwin após a morte de sua querida filha Annie culpou a Deus:

“A morte cruel de Annie destruiu a pontinha de crença que Charles tinha em um universo moral e justo. Depois, ele diria que esse período foi o repicar final do dobre de réquiem para seu cristianismo. [...] Charles, agora, assumiu a posição de descrente.”

(DESMOND E MOORE, 1991, p.387)

Mas será que Deus é responsável pelo sofrimento do homem? Deus é cruel, caprichoso e vingativo ou Ele é muito fraco para impedir o sofrimento? Se Deus é verdadeiramente soberano, como Ele pode deixar alguém que ame sofrer?

Essa é a resposta apropriada? Uma percepção correta da história, encontrada na Bíblia, fornece a resposta.

O Dr. Ken Ham (2011) em seu livro “Criacionismo: verdade ou mito?”, explica que Deus criou o universo e tudo que há nele em seis dias literais. No fim de sua obra criadora no sexto dia, “viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gênesis 1.31). Para ser muito boa, a criação de Deus não devia ter mancha, defeito, doença, sofrimento nem morte. Não era a “sobrevivência dos mais aptos”. Os animais não caçavam uns aos outros, e os dois primeiros seres humanos, Adão e Eva, não matavam animais para alimento. A criação original era um belo lugar cheio de vida e de alegria na presença do Criador.

Tanto os homens quanto os animais eram vegetarianos na época da criação. Em Gênesis 1.29-30, o Senhor diz:

“E acrescentou Deus: “Eis que vos dou todas as plantas que nascem por toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes: esse será o vosso alimento!”

Essa passagem mostra claramente o que era muito bom na criação de Deus, os animais não comiam uns aos outros (por isso, não havia animal morto) uma vez que Deus permitiu a Adão, a Eva e aos animais que comessem apenas as plantas10. A criação original era muito boa. De acordo com Moisés a obra de Deus é perfeita (Deuteronômio 32.4). Sem dúvida, as coisas não são mais assim.

Se não havia morte de nenhum animal nem de ser humano quando Deus terminou sua criaçáo e declarou que ela era muito boa, por que hoje vemos a morte em todos os lugares? Algo aconteceu que mudou a criação, e esse algo foi o pecado (Gênesis 3).

O que já abordamos nos capítulos anteriores, é o que o Dr. Ken Ham (2011) escreve de maneira resumida para explicar a entrada do pecado na criação:

10 De acordo com Gênesis 9.3, só depois do Dilúvio global da época de Noé — 1.600 anos depois — foi que o homem teve permissão para comer carne.

“Deus colocou Adão e Eva em um paraíso perfeito. Ele, como Criador, tinha autoridade sobre eles. Com sua autoridade, Deus deu uma ordem a Adão: “Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2.17). Algum tempo depois de Deus ter declarado, no final do sexto dia, que sua criação completa era muito boa, um dos anjos de Deus, Lúcifer, liderou uma rebelião contra seu Criador. A seguir, Lúcifer tomou a forma de uma serpente e tentou Eva para que comesse o fruto proibido por Deus. Adão e Eva comeram o fruto. O ato deles resultou na punição em relação a qual Deus os advertira. Deus é santo e não pode tolerar pecado em sua presença. O Criador justo ‘manteve justamente sua promessa de que a desobediência se seguiria à punição. Com o ato de rebelião de um homem, a morte entrou na criação de Deus. Em seguida ele explica que Adão e Eva, envergonhados e com medo, tentaram escapar das consequências de seu pecado, cobrindo-se com folhas. Mas eles, por si mesmos, não podiam encobrir o que tinham feito. Eles precisavam de algo mais para fornecer uma cobertura. De acordo com o escritor da Epístola aos Hebreus: “Sem derramamento de sangue não há remissão” (9.22). Era necessário um sacrifício de sangue para esconder a culpa diante de Deus. A fim de ilustrar a terrível consequência do pecado, Deus matou um animal e fez túnicas de pele para cobrir Adão e Eva. Não é dito que tipo de animal foi morto, mas talvez fosse algo semelhante a um cordeiro para simbolizar Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, que derramaria seu sangue para afastar nossos pecados.” (HAM, 2011, p.341)

Como já vimos, Gênesis 3 também revela que a terra foi amaldiçoada. Agora, espinhos e cardos fariam parte do mundo. Os animais foram amaldiçoados, a serpente mais do que os outros. O mundo não era mais perfeito, mas pecaminoso e amaldiçoado. Agora, o sofrimento e a morte abundavam nessa criação antes perfeita. Colocando em imagem, o que aconteceu foi isso:

Figura 1: O mundo após o pecado:

Fonte: HAM, 2011, p.350

Com a desobediência do primeiro homem o sofrimento e a morte entraram na criação, e agora todo o mundo sofre com os efeitos do pecado (Romanos 8.22). John Lennox (2020) em seu livro “Onde está Deus em um mundo com coronavírus” explica que com o pecado, entraram no mundo duas formas de mal: o mal moral e o mal natural.

A história de Jó ilustra muito bem essa questão, perceba:

“Certo dia, quando os filhos e as filhas de Jó estavam desfrutando de um banquete, comendo e bebendo vinho na casa do irmão mais velho, um mensageiro chegou trazendo a seguinte notícia a Jó: “Eis que teus bois estavam lavrando a terra e as jumentas pastavam perto deles; então, repentinamente, surgiram os sabeus e os atacaram e os levaram. Não obstante, eles ainda mataram teus servos ao fio da espada, e só eu consegui escapar para poder contar-lhe o que aconteceu. Enquanto o mensageiro ainda estava falando, chegou outro e exclamou: “Fogo de Deus caiu do céu, incinerou as ovelhas e os servos e os consumiu; e eu fui o único sobrevivente e vim lhe informar o que ocorreu. Enquanto ele ainda explicava o ocorrido, veio outro mensageiro e disse: “Os caldeus dividiram-se em três grupos, atacaram os camelos e os levaram, e ainda mataram os teus servos ao fio da espada; só eu escapei para trazer-te essa notícia. Enquanto este acabava de dar sua informação, chegou outro com a seguinte notícia: “Teus filhos e tuas filhas estavam comendo e bebendo vinho da casa do teu primogênito, o filho mais velho; de repente, veio um forte vento do deserto, atingiu com fúria os quatro cantos da casa, que desabou sobre os jovens, e

todos eles estão mortos. E eu fui a única pessoa que sobreviveu para lhe contar o ocorrido!” Jó 1.13-19

A origem da dor e do sofrimento contra a família de Jó são duas invasões sanguinárias dos sabeus e dos caldeus (mal moral) e dois desastres naturais causados pelo fogo e pelo vento (mal natural).

Com isso podemos entender que o mal moral é o sofrimento pelo qual homens e mulheres são diretamente responsáveis: atos de ódio, terror, violência, abuso, assassinato, dentre outros (Romanos 3.23; Eclesiastes 7.20). O mal natural são os desastres ambientais e as doenças naturais, pelos quais homens e mulheres não são (diretamente) responsáveis: terremotos, tsunamis, cânceres e o coronavírus, por exemplo (Gênesis 3.17).

Uma parte desse versículo de Gênesis 3.17 está escrito o que Deus disse a Adão: “maldita é a terra por tua causa!”. A terra se tornou amaldiçoada com essas coisas a partir da queda. John Piper (2020) em seu livro “Coronavírus e Cristo” escreveu:

“De fato, o pecado é o motivo de toda a miséria física existir. O terceiro capítulo da Bíblia descreve a entrada do pecado no mundo. Ele mostra que o pecado é a origem de devastação e miséria globais (Gênesis 3.1-19). Paulo resumiu em Romanos 5.12: “Portanto, assim como por um só ser humano entrou o pecado no mundo, e pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a toda a humanidade, porque todos pecaram”. O mundo está quebrado desde então. Toda a sua beleza está entrelaçada com o mal, com desastres, com doenças e com frustrações.” Billy Graham (1984) também deu seu parecer em relação ao pecado:

“Todas as confusões mentais, todas as doenças, todas as perversões, toda destruição, todas as guerras encontram sua raiz original no pecado. Ele produz a loucura no cérebro e o veneno no coração. A Bíblia o descreve como uma doença mortal que exige uma cura radical. É um tornado à solta. É um

vulcão em erupção. É um louco que fugiu do asilo. É um bandido à espreita. É um leão que ruge buscando a presa. É um raio caindo na terra. É a areia movediça tragando o homem. É um câncer mortal destruindo as almas dos homens. É uma torrente enfurecida que devasta tudo que encontra. É um esgoto de corrupção que contamina todos os domínios da vida.”

(GRAHAM, 1984, p.82)

Por isso, o mal que existe no mundo hoje não é culpa de Deus. Acerca disso Billy Graham (1984) também escreveu:

“Não se deve culpar a Deus pela trágica confusão em que o mundo se encontra há tanto tempo. A culpa é toda de Adão — Adão, a quem foi dada a escolha e que preferiu ouvir as mentiras do Tentador, em vez de ouvir a verdade de Deus! A história da espécie humana, daquele dia em diante, tem sido a história do esforço inútil do homem para recuperar a posição que perdeu com a queda de Adão e, em não o conseguindo, ao menos suspender a maldição.” (GRAHAM, 1984, p.38)

O Apóstolo Paulo descreveu os efeitos do juízo de Deus no mundo por causa do pecado:

“Pois a criação está sujeita à vaidade, não por sua própria vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será libertada do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação a um só tempo geme e suporta angústias até agora.” Romanos 8.20-22

Estas são imagens de devastação e miséria globais desde que o pecado entrou no mundo. Deus não criou o mal. Existe uma história que pode nos ajudar neste sentido:

Um professor lançou um desafio aos alunos com a seguinte pergunta: - Criou Deus tudo o que existe? Um aluno respondeu, convictamente: - Sim, ele criou… - Deus criou realmente tudo o que existe? Perguntou novamente o professor. - Sim senhor, respondeu o Jovem. O professor contrapôs: - Se Deus criou tudo que existe, então Deus criou o mal, já que o mal existe! E se concordarmos que as nossas obras são o reflexo de nós próprios, então Deus é mal! O jovem calou-se perante o argumento do mestre que, feliz, regozijava-se por ter provado, uma vez mais, que a fé era um mito. Outro estudante levanta a mão e diz: - Posso fazer uma pergunta, professor? - Claro que sim, respondeu ele. O jovem fez uma curta pausa e perguntou: - Professor, o frio existe? - Mas que raio de pergunta é essa?…Lógico que existe, ou acaso nunca sentiste frio? Responde o aluno: - Na realidade, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da física, o que consideramos frio, na verdade é a ausência de calor. Todos os corpos ou objetos são passíveis de estudo quando possuem ou transmitem energia, o calor é o que faz os corpos tenham e transmitam energia. O zero absoluto é a ausência total de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagirem, mas o frio não existe. Nós criamos esta definição para descrever de que maneira nos sentimos quando não temos calor. E a escuridão, existe? Continuou o estudante. O professor respondeu: - Existe! O estudante respondeu: - A escuridão tão pouco existe. A escuridão, na realidade, é a ausência de luz. A Luz podemos estudar, a escuridão, não! Através do prisma de Nichols, pode decompor-se a luz branca nas suas várias cores, com os diferentes

comprimentos de onda. A escuridão, não! Como se pode saber quanto escuro está em determinado espaço? Com base na quantidade de luz presente neste espaço. A escuridão é uma definição utilizada pelo homem para descrever o que ocorre na ausência de luz. Finalmente, o jovem perguntou ao professor: - Professor, o mal existe? E este respondeu: - Como afirmei no inicio, vemos crimes e violência em todo o mundo. Isto é o mal. O aluno respondeu: - O mal não existe, senhor, ou pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem. Em conformidade com os casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus. Deus não criou o mal. O mal é o resultado da ausência de Deus no coração dos seres humanos. Tal e qual como acontecem com o frio quando não há calor, ou com a escuridão quando não há luz. (Albert Einstein)

Por mais simples que essa história seja, ela resume de maneira apropriada a questão do mal. O mal que vemos no mundo hoje é o resultado da ausência de Deus no coração dos seres humanos.

Entendido qual o verdadeiro motivo de toda dor e sofrimento que vemos hoje, muitos se perguntam: mas se Deus é bom e Todo-Poderoso, por que Ele não dá fim a todo sofrimento? Por que Deus simplesmente não dá fim em todo mal?

A resposta é: Ele vai agir! Chegará um tempo que Ele vai dar fim a todo mal, sofrimento e dor. Vamos entender:

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