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Capítulo 3: Como é Deus: Atributos
CAPÍTULO 3 - COMO É DEUS: ATRIBUTOS
Quem é Deus? O que constitui a natureza divina? Qual é o modo de ser de Deus? Pelo termo atributos de Deus, significamos aquelas qualidades e características da natureza divina que são essenciais a Deus como Ser Supremo. Seus atributos são Suas perfeições pessoais sem as quais Ele não seria o Deus vivo e verdadeiro — O Deus da Bíblia. Os atributos divinos explicam o que Deus é e o que Ele faz.
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Os céus e a terra, como Sua criação, revelam Seu eterno poder e divindade, e declaram a Sua glória. A consciência humana também testifica de Sua existência como a testificam as leis da natureza. Mas a Bíblia é a fonte principal de informação a respeito de Deus em Seu caráter e trabalho. Cole (2004) diz que a Bíblia toma por certo a existência de Deus. A Bíblia não tenta prová-la nos seus pormenores, até porque não tem como explicar completamente a Deus.
A Bíblia nos mostra que existe o testemunho exterior da natureza:
“Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos”. Salmos 19.1
Ouve-se a voz destas testemunhas em todas as línguas e em todos os lugares. Quem nunca se impressionou com a beleza de uma paisagem? Com a beleza de, por exemplo, um pôr-do-sol? Seu eterno poder e sua divindade são claramente vistas nas coisas visíveis que Ele criou (Romanos 1.20).
Existe também o testemunho interno da consciência, segundo já escreveu Paulo:
“De fato, quando os gentios que não têm Lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, muito embora não possuam a Lei; pois demonstram claramente que os mandamentos da Lei estão gravados em seu coração. E disso dão testemunho a sua própria consciência e seus pensamentos, algumas vezes os acusando, em outros momentos lhe servindo por defesa.” Romanos 2.14-15
A natureza e a consciência proclamam em voz alta a existência do verdadeiro Deus vivo. Quem nunca fez algo errado e se sentiu culpado por isso? Quem nunca ficou com a “consciência pesada” por ter mentido? Ou com a consciência feliz por ter ajudado alguém?
Mas e a Bíblia? Como ela descreve Deus? Vejamos:
1 - Deus é o criador de todas as coisas. Ele é um ser externo ao tempo, ao espaço e a matéria. Já vemos isso no primeiro versículo da Bíblia:
“No princípio criou Deus os céus e a terra.” Gênesis 1.1
Como destacado em negrito, “no princípio” indica a origem do tempo, e “os céus e a terra” indica a criação do espaço e da matéria. Não obstante, a natureza nos revela marcas de um criador, conforme escreveu Paulo aos romanos:
“Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido observados claramente, podendo ser compreendidos por intermédio de tudo o que foi criado, de maneira que tais pessoas são indesculpáveis.” Romanos 1.20
No entanto, ainda que a natureza – por meio da revelação natural (SAVIOLI, 2019) - já nos releve a existência de um criador, é a revelação bíblica que nos confirma isso. Cremos que Deus é o criador de todas as coisas porque a Bíblia diz que Ele é (Salmos 104.24; Isaías 41.4):
“Ó Eterno, meu Deus! Tu que fizeste os céus e a terra com o teu grande poder e com o teu braço estendido, nada é impossível para ti.” Jeremias 32.17 2 – Deus é eterno. Se Deus criou o tempo, como visto acima, ele não teve um começo. Portanto, se não teve um começo, Ele transcende ao tempo – não teve início e jamais terá fim – o que a Bíblia confirma (Salmos 102.27):
“Antes que se originassem os montes e formasses o universo e a terra, de eternidade a eternidade, tu és Deus.” Salmos 90.2 “Ele existe antes de tudo o que há, e nele todas as coisas subsistem.” Colossenses 1.17
Ele é eterno, permanece acima do tempo e percebe toda a existência –passada, presente ou futura – como algo presente em sua consciência (Salmos 90.4). Sua eternidade permite uma atuação perfeita ao longo da história, tanto pela precisão que trata de eventos passados (Jó 42.1-2), como pelo conhecimento exato e pleno de eventos futuros (Isaías 42.9; 66.18).
3 – Deus é autoexistente. Como causa primeira e externa ao Universo, o criador é – obrigatoriamente – independente de sua criação em todos os sentidos (Atos 17.35; Romanos 11.34-35; Jó 41.11). Deus tem em si mesmo a base de sua existência. Em Isaías está escrito:
“Vós sois as minhas testemunhas!’, diz Yahweh, ‘e meu servo a quem escolhi, para que o saibais, e creiais em minha pessoa, e
entendais que Eu Sou Deus e que antes de mim nenhum
deus se formou, tampouco haverá algum depois de mim.” Isaías 43.10
4 – Deus é imutável. Toda mudança ocorre ao longo do tempo, e como Deus está fora do tempo, ele não pode mudar. Está escrito:
“Em verdade, Eu, Yahweh, o Senhor, não mudo.” Malaquias 3.6a
“Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há oscilação como se vê nas nuvens inconstantes.” Tiago 1.17 “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e eternamente!” Hebreus 13.8
Deus é a perfeição absoluta, por isso não precisa mudar para melhor e não muda para pior (Mateus 5.48). É como disse Moisés:
“Ele é a nossa Rocha, suas obras são todas perfeitas, e seus caminhos todos, justos. Deus é fiel, e jamais comete erros. Deus é bom, sábio e justo!” Deuteronômio 32.4 Quando a Bíblia fala em mudança de ideia ou usa o termo “arrependimento de Deus”, por exemplo, usa uma linguagem em termos humanos, no intuito de trazer maior didática ao homem na intencionalidade e o sentimento de Deus em uma situação específica (Joel 2.13; Jeremias 18.8; Êxodo 32.14).
5 – Deus é infinito. Pelo fato de ser eterno, consequentemente Ele é infinito –não possui qualquer tipo de limitação ou dimensão espacial – afinal Ele não poderia estar limitado a um Universo criado por Ele mesmo (Hebreus 1.10-12). Deus é infinito em tudo: poder (Lucas 1.37), conhecimento (Salmos 139.6), sabedoria (Isaías 40.28), amor (Salmos 100.5), justiça (Salmos 119.142), entre outros.
6 – Deus é único. Se houvessem dois deuses, provavelmente nenhum deles seria infinito, já que um deles terminaria onde começa o outro. A Bíblia nos ensina que Ele é o único Deus (1 Timóteo 2.5), e que todos os demais seres existem por causa dele. Está escrito:
“Shemá! Ouve, ó Israel: Yahweh, o nosso SENHOR, é o único Deus!” Deuteronômio 6.4
“Assim, todos os povos da terra reconhecerão que somente Yahweh, o SENHOR, é Deus e que não existe nenhum outro!” 1 Reis 8.60
Apesar de ser apenas um Deus em essência, em sua natureza é um Deus trino. Cole (2004) diz:
“Deus tem três modos de ser, três centros de consciência pessoal. Essencialmente Ele é um, mas relativamente Ele é três pessoas. E nestas relações, Ele existe como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O Doutor Strong resume o fato da seguinte maneira: Na questão da fonte, origem e autoridade, Ele é Pai: No questão de expressão, meio e revelação, Ele é Filho. E na questão de compreensão, realização e concepção, Ele é Espírito.”
(COLE, 2004, p.11)
De maneira simplificada, podemos fazer as seguintes comparações:
a) Três tipos de tinta, de três cores diferentes, em um só balde. Misturamos essas tintas, e ao final fica com uma cor única e indivisível.
b) O triângulo tem três lados e formam três ângulos, mas tudo reunido é uma só peça: um triângulo. Um ângulo não é maior do que o outro.
c) Cada ser humano é uma pessoa só - composto de: alma, corpo e espírito.
Há um só Deus em três pessoas distintas: o Pai é Deus; o Filho é Deus; o Espírito Santo é Deus. Embora na Bíblia não haja a expressão “Trindade”, a doutrina cristã do Deus trino está evidente em várias passagens das Escrituras.
Nós vemos esse princípio nas expressões plurais usadas por Deus quando fala: “Façamos o homem” (Gênesis 1.26) ou até mesmo: “Desçamos e confundamos” (Gênesis 11.7). É como Cole (2004) diz: “A trindade explica a criação”. Esta criação é um tri-universo, uma criação três em um. Nathan R. Wood (1932) em seu livro intitulado: “O Segredo do Universo” mostra o que o universo é, como é, porque foi criado por um Deus triúno. Primeiramente ele demonstra que o universo físico ou exterior é uma trindade:
a) Os elementos básicos são: espaço, matéria e tempo, três modos de existência e, como Deus, cada parte é um todo do todo. E cada uma destas partes básicas são triúnas.
b) O espaço tem três dimensões: comprimento, largura e altura. Cada um é o todo do espaço, mas ao mesmo tempo ainda existem três dimensões.
c) A matéria é composta de três elementos: energia, movimento, e fenômeno; três modos de existência distintos, mas um só e cada modo é um inteiro do todo.
d) Como universo de tempo percebemos uma trindade absoluta: passado, presente e futuro; cada qual distinto mas ainda cada um compõe o todo. Todo
o tempo é ou tem sido futuro; o futuro inclui todo tempo. Todo tempo é ou tem sido ou será presente. E todo tempo é ou será passado.
Em seguida, o autor toma a alma ou o que ele chama de universo interior, e mostra que a alma do homem é triúna, isto é, tem três modos de existir. Ele chama-os de: natureza, pessoa, personalidade; os quais são distintos, mas cada um permanece sendo o todo da alma.
Podemos dizer - trindade absoluta e também unidade absoluta. Aqui, o autor mostra que o homem como alma reflete o Deus triúno de uma maneira que a criação física jamais poderá. Ele faz de Deus a chave que destranca o universo. Num tipo de resumo ele diz: “A estrutura do universo, a natureza de espaço, da matéria, do tempo e da vida humana, atestam a Trindade. Eles refletem a Trindade. Eles exigem a Trindade. A Trindade os explica”. A Trindade foi mostrada no batismo de Jesus. O Filho encarnado sendo batizado, o Pai manifesto em voz alta e o Espírito Santo na forma de uma pomba. Perceba:
“E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre Ele.” Em seguida, uma voz dos céus disse: “Este é meu Filho amado, em quem muito me agrado”. Mateus 3.16-17
A Trindade, ou seja, as três pessoas subsistentes em um só Deus, constitui um dos maiores mistérios da Divindade. Isso é algo difícil de compreender a luz da lógica humana. A infinitude de Deus não cabe na finitude do homem. (Gênesis 1.1-2; 1.26; 3.15; João 1.1-14).
7 – Deus é onipresente. Como Deus é infinito, não pode ser limitado pelo espaço, logo estará presente em todo lugar a todo o momento. O salmista disse:
“Para onde poderia eu fugir do teu Espírito? Para onde poderia correr e escapar da tua presença? Se eu escalar o céu, aí estás; se me lançar sobre o leito da mais profunda sepultura, igualmente aí estás. Se eu me apossar das asas
da alvorada e for morar nos confins do mar, também aí tua
mão me conduz, tua destra me ampara. Se eu cogitar: “As trevas, ao menos, haverão de me envolver, e a luz ao meu redor se tornará em noite”, constatarei que nem as mais densas trevas são obscuras para teu olhar, pois a noite brilhará como o meio-dia, porquanto para ti as trevas são luz.” Salmos 139.7-12
O salmista entendeu que não tinha como se esconder de Deus. Entendeu que para onde fosse ali Deus estaria, porque é onipresente. Por isso que Deus usando Jeremias disse:
“Portanto, assim indaga o SENHOR: “Sou Eu apenas Deus de perto? Não Sou Eu também Deus de longe? Pode alguém esconder-se em esconderijos sem que Eu o observe?”, assevera Yahweh.”
Jeremias 23.23-24
Ainda segundo Savioli (2019), podemos listar cinco coisas que a onipresença de Deus nos ensina:
1 – Deus não é um ser extremamente grande e maior que o Universo. Deus é infinito, e por isso não tem tamanho ou dimensões espaciais (Isaías 40.18).
2 – É nessa característica que vemos que o panteísmo – teoria que diz que tudo o que é agregado é Deus, Deus é tudo e tudo é Deus – não é bíblico (COLE, 2004). Deus, apesar de estar presente em sua criação, é claramente distinto dela. Deus não é tudo o que existe, e nem tudo o que existe é Deus (Salmos 102.25-27).
3 – Deus está presente em cada ponto do Universo com todo o seu ser. Isso não significa dizer que parte de Deus está em um lugar, enquanto outra parte de Deus está em outro lugar (João 14.23).
4 – Deus não está mais presente em um lugar e menos em outro. O que muda não é a intensidade da presença de Deus, mas sim a forma como Ele
manifesta sua presença (Mateus 18.20; Atos 2.1-4). Deus age e se revela de modos diferentes em lugares diferentes (João 14.21; 1 Coríntios 15.3-8).
5 – “Viver sem Deus” não é estar em um lugar onde Ele não está. Quando a Bíblia descreve o Inferno como um “lugar sem Deus”, refere-se à completa impossibilidade de relacionar-se com Ele por toda eternidade, apesar de sua presença, já que Ele está em todos os lugares (Salmos 139.8; João 3.36).
8 – Deus é uma pessoa. As diferentes manifestações de Deus ensinadas pela Bíblia, nos alude à sua pessoalidade. Um ser eterno e independente, que criou algo em um ponto inicial no passado, é necessariamente um ser pessoal, pois precisou realizar uma ação voluntária, caso contrário nada existiria (João 1.3; Apocalipse 4.11).
Poderíamos também considerar que o Universo é eterno – o que comprovadamente não é – ou seja, Deus é uma pessoa. Quando dizemos que Deus é uma pessoa, não estamos dizendo que Ele é um ser humano de carne e osso (Isaías 46.9). Ser uma pessoa significa possuir uma personalidade própria (Gênesis 17.1), e nesse caso não necessariamente ter um corpo físico (1 Timóteo 1.17).
Segundo Savioli (2019) quando a Bíblia ensina que fomos criados à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.27) não se refere tanto ao nosso corpo físico, mas a nossa existência como seres pessoais, dotados de intelecto, vontades e emoções (Salmos 8.3-9; Colossenses 3.9-10).
9 - Deus é Espírito. Um ser que não está sujeito à matéria é imaterial (1 Reis 8.27; 1 Timóteo 6.14-16). E um ser imaterial que possui uma personalidade própria é um espírito, não uma força e nem uma energia (João 4.24; 1 João 4.12-15).
Quando vemos na Bíblia uma referência a Deus em termos espaciais ou físicos, é claramente uma linguagem antropomórfica – recurso utilizado pela Bíblia para ilustrar o poder e as ações de Deus através de formas conhecidas pelo homem (1 Coríntios 2.11) – e para isso ela utiliza principalmente partes do nosso corpo físico, como pés, mãos, olhos e ouvidos (Atos 7.49-50; Salmos 10.12; Salmos 11.4; Isaías 59.1).
Billy Graham (1984) escreveu:
“O fato de que Deus é espírito significa que Deus Pai não tem um corpo humano. Deus Filho veio ao mundo em forma humana (João 1:1), mas Deus Pai não o fez. Jesus é singular como o Emanuel, "Deus conosco" (Mateus 1:23). O uso de antropomorfismo, uma forma de linguagem figurativa, não significa que Deus tenha um corpo real. Dizer que Deus é espírito é dizer que Deus Pai é invisível. Colossenses 1:15 chama Deus de o "Deus invisível." I Timóteo 1:17 louva a Deus dizendo: "Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (GRAHAM, 1984, p. 28)
10 – Deus é onisciente. Um ser eterno e pessoal, que criou seres inteligentes, naturalmente será a fonte de toda sabedoria e conhecimento (Jó 12.13; Salmos 147.5). Nada permaneceria oculto a um Deus que está em todos os lugares e não é limitado pelo tempo. Dizer que Ele é onisciente significa dizer que Ele conhece tudo a respeito de tudo, em qualquer tempo o tempo todo (Salmos 33.13-15; Salmos 50.11; Salmos 139.1-6; Salmos 147.4; 2 Pedro 3.8).
O conhecimento de Deus sobre o futuro, não significa apenas que Ele apenas sabe o que vai acontecer, significa que o para Deus vai acontecer já aconteceu (Apocalipse 1.8). Deus já está no futuro, assim como está no presente e sempre esteve no passado (Apocalipse 22.13). Deus permanece acima do tempo e percebe toda a existência – seja passada, presente ou futura – como algo presente em sua consciência (João 5.58).
A Bíblia nos ensina que nada em toda a criação está oculto aos olhos de Deus (Salmos 139.23; Jó 28.23-24; Hebreus 4.13). Ele conhece todos os pensamentos, todas as intenções e todas as motivações por trás de todas as atitudes de todos os seres vivem que existem, existiram ou existirão (Salmos 139.15-16).
Deus está sempre plenamente consciente de tudo. Ele sabe o fim desde o princípio, e jamais aprende ou esquece nada (Provérbios 15.3; Isaías 40.13; 46.10; Mateus 10.29-30).
11 – Deus é onipotente. Um Deus que fez tudo a partir do nada, jamais terá limite para o que pode realizar, a não ser que ele mesmo estabeleça esse limite (2 Pedro 3.5). Essa é a onipotência de Deus ensinada em sua Palavra, sua capacidade de fazer qualquer coisa e de manter tudo funcionando (Colossenses 1.15-17).
Claro que Deus estabeleceu leis em sua criação, fazendo com que ela funcione de forma regular (Isaías 40.26). Contudo – quando deseja – Ele pode fazer com que as coisas funcionem de modo diferente (Isaías 38.7-8). Savioli (2019) diz que Deus não extrapola um limite: o seu caráter moral (1 Pedro 1.15-16). Por essa razão, não pode mentir nem negar sua essência (Isaías 48.11; Tito 1.2; 2 Timóteo 2.13).
No entanto, em termos de realizações, Deus pode fazer qualquer coisa (Salmos 115.3; Isaías 43.13), embora isso não o obrigue a interferir continuadamente em tudo o que não estiver correto (Eclesiastes 12.13-14). Deus criou seres pessoais – e por uma decisão exclusivamente sua – não interfere gratuitamente na vontade nem de homens, nem de anjos (Romanos 1.22-25; 9.20).
12 – Deus é bom. Ainda que homens e anjos sejam maus (Eclesiastes 7.20; Ezequiel 28.15; Gênesis 8.21; Judas 1.6), o criador eterno é inevitavelmente bom. Perceba isso no pensamento de Savioli (2019):
“Quando dizemos que algo é mau, está implícito que temos algo bom como referência. Afinal, se algo é mau, é mau em relação a o que? O mal é a corrupção do bem (Salmos 14.1-3; 1 Coríntios 15.33). Isso significa que o bem e o mal não podem ter surgido ao mesmo tempo. Algo precisa existir primeiro, para depois ser corrompido (Salmos 53.3). E se o mal surgiu depois, significa que não pode fazer parte da natureza de Deus, que sempre existiu, ou seja, Deus é eternamente bom (João 17.5; Tiago 1.13-15; Lucas 18.19; Salmos 34.8).” A Bíblia ensina que a bondade de Deus, está intimamente ligada a outras várias características de sua natureza, entre elas a santidade, o amor, a misericórdia, a paciência e a graça (Hebreus 12.10; Salmos 106.1; Salmos
86.15; Romanos 2.4; Efésios 2.6-7). Deus é um ser moralmente puro e absolutamente perfeito (1 João 1.5; Gênesis 28.25-26).
13 – Deus é Santo e Justo. Ele é integralmente perfeito e absoluto em todos os detalhes (Levítico 19.2b). As Escrituras declaram que Ele é a Luz na qual não existe nenhuma escuridão — o único Ser Supremo sem falha nem imperfeição (Josué 21.45). Aqui temos de novo um conceito de difícil compreensão para o homem imperfeito. Nós, cujos defeitos e fraquezas são evidentes em toda parte, não conseguimos imaginar com precisão a santidade irresistível de Deus (GRAHAM, 1984).
As Escrituras declaram que Seu trono assenta-se em Sua santidade. Porque Deus é santo, a Bíblia nos diz que nossas iniquidades nos separam de Deus (Salmos 66.18).
Deus é puro demais para considerar o mal com aprovação, o que significa que Ele é santo demais para ter qualquer ligação com o pecado (Levítico 11.44). Antes de o pecado se instaurar na espécie humana, Deus e o homem desfrutavam de boas relações entre si. Agora essas relações estão rompidas, e toda comunicação entre Deus e o homem é inviável sem a participação de Jesus Cristo. É somente através de Jesus Cristo que o homem pode restabelecer suas relações com Deus (João 10.9; 14.6).
É na santidade de Deus que encontramos uma das razões para a morte de Cristo. Jesus era o único o suficiente bom, o suficiente puro e o suficiente forte para carregar os pecados do mundo inteiro. Graham (1984) escreve:
“A santidade de Deus exigia a pena mais rigorosa para o pecado, e Seu amor determinou que Jesus Cristo pagasse esta pena e oferecesse a salvação. Porque Deus é um Deus puro, um Deus sagrado, um Deus justo e virtuoso, Ele nos enviou Seu único Filho para tornar possível o nosso acesso a Ele. Mas se desprezamos a ajuda que Ele enviou, se deixamos de obedecer às leis por Ele estabelecidas, não podemos clamar por misericórdia, quando o castigo que merecemos recair sobre nós!”
(GRAHAM, 1984, p.32)
14 – Deus é amor. O grande amor de Deus é uma parte tão imutável de Deus quanto a Sua santidade. Por mais terríveis que sejam nossos pecados, Deus nos ama. Não fosse pelo amor de Deus, nenhum de nós jamais teria a perspectiva de uma vida eterna. Porém, Deus é amor! E Seu amor por nós é eterno (Romanos 3.8). As promessas do amor e perdão de Deus são tão reais, tão certas, tão positivas, quanto podem torná-las as palavras (João 3.16). Billy Graham (1981):
“Alguns dos peritos modernos em teologia fizeram tentativas para roubar de Deus o Seu calor, Seu profundo amor pela humanidade, e Sua compaixão pelas criaturas. Porém, o amor de Deus é imutável. Ele nos ama apesar de conhecer-nos como realmente somos. Na verdade, Ele nos criou porque queria outras criaturas à Sua imagem e semelhança no universo sobre quem poderia derramar o Seu amor, e que, por sua vez, o amassem voluntariamente. Queria pessoas com a capacidade de dizer "sim" ou "não" no seu relacionamento com Ele. O amor não se satisfaz com um autômato – alguém que não tem outra escolha senão amar e obedecer. Não o amor mecanizado, mas o amor voluntário satisfaz o coração de Deus. Se não fosse pelo amor de Deus, nenhum de nós sequer teria uma chance na vida futura.”
(GRAHAM, 1981, p.39)
Foi o amor que levou Deus a formar uma criatura à Sua imagem e semelhança, e a colocá-la num paraíso de beleza insuperável (Gênesis 1.27). Foi o amor de Deus que deu ao homem o livre arbítrio e o privilégio da opção, Deus dá a Seus filhos liberdade de escolha. O homem foi liberado desde o começo dos tempos para fazer o que lhe aprouvesse, mas, fosse qual fosse a sua escolha, haveria consequências, boas ou negativas (Gênesis 2.16-17). Deus se preocupava tanto com o bem-estar do homem que marcou com cuidado o local de perigo nesse meio ambiente perfeito (Gênesis 2.17).
Foi o amor de Deus que nos prometeu um Redentor, um Salvador, que redimiria todos quanto cressem de seus pecados (Gênesis 3.15). Foi o amor divino que permitiu que Ele suportasse a provação da Cruz (Mateus 27.33-35).
Foi esse mesmo amor que o fez conter-se quando foi falsamente acusado de blasfêmia e levado ao Calvário para morrer com ladrões comuns, sem jamais levantar a mão contra os Seus inimigos (Mateus 27.38). Foi o mesmo amor que fez com que Ele, num momento de dor atroz, parasse e desse vida e esperança a um pecador morrendo ao seu lado, que, arrependido, exclamou: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino (Lucas 23.44)”. Depois de ter sofrido terríveis torturas nas mãos dos homens, foi o amor que fez com que Ele erguesse a voz e orasse: "Pai, perdoa-lhes; pois não sabem o que fazem (Lucas 23.34)”. Do Gênesis ao Apocalipse, da maior tragédia da terra ao maior triunfo da terra, a dramática história das maiores profundezas do homem e das mais sublimes alturas de Deus pode ser expressa em 28 palavras impressionantes: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16)”. Pense no oceano, sua beleza total não pode ser totalmente compreendida até que seja de fato contemplada. O mesmo acontece com o amor de Deus. Entendemos com base na Palavra de Deus que Deus é amoroso, mas só compreendemos totalmente esse amor quando nos relacionamos com Ele (João 7.38).
ISSO É TUDO?
Embora possamos aprender algumas informações sobre Deus com a natureza (Romanos 1.20-21), precisamos da revelação especial do Senhor nas Sagradas Escrituras para conhecer verdadeiramente a Deus (João 17.17; Romanos 16.25-27; 1 Coríntios 2.8-11), principalmente quanto a sua vontade, seus propósitos e seus desígnios (João1.18; João 6.46; Romanos 12.2; 2 Pedro 3.9; Efésios 1.4,9-12).
Claro que existem muitas outras características de Deus que podem ser elencadas aqui (Deuteronômio 29.29; Isaías 45.15). Entretanto, compreender completamente um ser infinitamente superior a nós é algo difícil (Eclesiastes 3.11; 1 Coríntios 1.21; Isaías 40.21-25).
Deus nos revelou o suficiente, o essencial, aquilo que precisamos conhecer dele e sobre Ele, tanto para descobrirmos nosso propósito de vida como para desenvolvermos um relacionamento pessoal e verdadeiro com ele (João 14.6; 17.3; Efésios 1.11-12; 1 João 1.1-7). Afinal, através da Bíblia não iremos simplesmente conhecer a respeito de Deus, iremos conhecer o próprio Deus (Jó 42.5).
No entanto, isso não é tudo. Joyce Meyer (2005) em seu livro “A decisão mais importante que você deve tomar: um completo e profundo entendimento do que significa nascer de novo.” disse:
“Há duas forças no mundo – bem e mal; certo e errado. Nós temos essa “noção” dentro de nós, mesmo não tendo ouvido falar nisso. Há duas forças no reino espiritual – Deus e o Diabo; anjos bons, que são seres espirituais criados por Deus para ajudá-lo a cumprir sua tarefa, e anjos maus, chamados de demônios.”
(MEYER, 2005, p.6)
Foi falado nesses dois capítulos acerca da força boa do Universo: Deus. Mas existe uma força ruim, e sobre essa força ruim que quero abordar no próximo capítulo.