A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E A PANDEMIA DE COVID-19: IMPACTOS, DESAFIOS E OPORTUNIDADES

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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

RA nº 1822935 – Marcos Celestino Frazão RA nº 1822764 - Roberto Ramalho Tavares

A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E A PANDEMIA DE COVID19: IMPACTOS, DESAFIOS E OPORTUNIDADES.

Vídeo Final do Projeto Integrador:

Itapetininga - SP Julho/2020


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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E A PANDEMIA DE COVID19: IMPACTOS, DESAFIOS E OPORTUNIDADES. .

Relatório Técnico-Científico Final apresentado como exigência para Avaliação da Disciplina Projeto Integrador III do curso de Engenharia de Produção pela UNIVESP.

Tutora: Prof.ª Glaucia Uesugi

Itapetininga - SP Julho/2020


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FRAZÃO, Marcos Celestino; TAVARES, Roberto Ramalho. A GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E A PANDEMIA DE COVID-19: IMPACTOS, DESAFIOS E OPORTUNIDADES. Relatório Técnico-Científico Final (Engenharia de Produção) - Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Tutora: Prof.ª Glaucia Uesugi. Polo de Itapetininga/SP, 2020.

RESUMO Este Relatório Técnico-Científico Final levanta, identifica e analisa os impactos, desafios e oportunidades para os sistemas de gestão da cadeia de suprimentos frente à pandemia de COVID-19. Constata-se que esta pandemia propiciará profunda transformação socioeconômica mundial e os sistemas de gestão de suprimentos, que foram fundamentais para auxiliar no processo de isolamento e distanciamento social preconizados pelos órgãos de saúde, deverão ser aprimorados e objeto de atenção tanto pela iniciativa privada quanto pelo poder público.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão; Cadeia de suprimentos; Supply Chain; logística; Globalização 4.0; Indústria 4.0; Revolução 4.0; Planejamento; Pequenas empresas; Poder Publico; Governo Municipal, Municípios, COVID-19, Pandemia.


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FRAZÃO, Marcos Celestino; TAVARES, Roberto Ramalho.

THE SUPPLY CHAIN MANAGEMENT AND THE COVID-19 PANDEMIC: IMPACTS, CHALLENGES AND OPPORTUNITIES. Partial Technical-Scientific Report (Production Engineering) - Virtual University of the State of São Paulo. Tutor: Prof.ª Glaucia Uesugi. Polo de Itapetininga / SP, 2020.

ABSTRACT This Final Technical-Scientific Report raises, identifies and analyzes the impacts, challenges and opportunities for supply chain management systems in the face of the COVID-19 pandemic. It appears that this pandemic will provide a profound global socioeconomic transformation and the supply management systems, which were fundamental to assist in the process of isolation and social distance recommended by health agencies, should be improved and the object of attention both by the private sector and the government.

KEYWORDS: Management; Supply chain; Supply Chain; logistics; Globalization 4.0; Industry 4.0; Revolution 4.0; Planning; Small business; Public Power; Municipal Government, Municipalities, COVID-19, Pandemia.


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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Evolução histórica ......................................................................................18 Figura 2 – Curvas de demanda .................................................................................... 25 Figura 3 - Distribuição de Weibull ................................................................................. 27 Quadro 1 – Proposições apresentadas em 2020 que foram indexadas com as expressões cadeia de suprimentos e logística em tramitação na Câmara Federal (consulta ao sistema de pesquisa da atividade legislativa da Câmara dos Deputados, situação em 04/06/2020) ............................................................................................... 31 Tabela nº 1 - Quantidade de municípios e habitantes por estado ................................ 40 Figura 4 – Efeito chicote ............................................................................................ 45


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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO............................................................................................................ 7 2- OBJETIVOS............................................................................................................... 9 3- JUSTIFICATIVA......................................................................................................... 10 4- REVISÃO TEÓRICA.................................................................................................. 12 4.1 - Cadeia de suprimentos ..................................................................................... 12 4.2 - Gestão da cadeia de suprimentos .................................................................... 14 4.3 - Globalização 4.0 ............................................................................................... 15 4.4 - A evolução das Revoluções Industriais ............................................................ 16 4.5 - Pandemia de Covid-19 .................................................................................... 19 4.6 – Pandemias: histórico sucinto ........................................................................... 22 4.7 – Pandemia de covid-19: impactos, desafios e oportunidades ........................... 23 4.7.1 – Impactos do coronavírus na Cadeia de Suprimentos e na logística.......... 25

5- METODOLOGIA........................................................................................................ 30 6- PROJETO DE INTERVENÇÃO................................................................................. 31 6.1 – Proposições Legislativas em tramitação........................................................... 31 6.1.1 – Câmara Federal......................................................................................... 31 6.1.2 – Senado Federal......................................................................................... 36 6.2 - Ações governamentais para o enfrentamento da pandemia ............................ 37 6.2.1- Ações do governo federal ........................................................................... 37 6.2.2 – Ações dos governos estaduais ................................................................. 38 6.2.3 – Ações dos governos municipais .................................................................... 40 6.3 – Ações internacionais para o enfrentamento da pandemia ............................... 41 6.4 – Experiências, técnicas e ferramentas para a gestão da cadeia de suprimentos objetivando o enfrentamento da pandemia de covid-19 ........................................... 45 6.5 – Pesquisa semiestruturada................................................................................. 52 6.5.1 – Histórico da empresa ................................................................................ 53 6.5.2 – Questionário aplicado................................................................................ 54 6.5.2.1 – Respostas ao questionário aplicado..................................................... 56 6.5.3 – Entrevistas semiestruturadas..................................................................... 58 6.5.3.1 – Respostas à primeira entrevista .......................................................... 59 6.5.3.2 – Respostas à segunda entrevista ......................................................... 60


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7 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................................................................... 61 7.1 – Proposições legislativas em tramitação............................................................ 61 7.2 - Ações governamentais para a retomada da atividade econômica ................... 63 7.3 - Ações internacionais para a retomada da atividade econômica ..................... 64 7.4 – Análise da pesquisa semiestruturada .............................................................. 64 8- CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 67 9- REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 70


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1-INTRODUÇÃO

No 7º bimestre do curso de Engenharia de Produção da UNIVESPUniversidade Virtual do Estado de São Paulo a disciplina Projeto Integrador III propôs como tema central gerador a “gestão da cadeia de suprimentos no contexto da globalização 4.0: sistemas e estratégias para novas oportunidades de mercado” (PI-III, 2020). A gestão da cadeia de suprimentos, que envolve todas as etapas de aquisição de matéria-prima, produção e entrega dos serviços ou produtos acabados é fundamental para a satisfação dos clientes e o sucesso dos negócios. E esse conceito, entendemos, se aplica indistintamente tanto à iniciativa privada quanto ao setor público. A atual pandemia de covid-19, que teve origem na China, está produzindo uma

crise

sanitária

e

socioeconômica

sem

precedentes,

com

previsão

de

consequências alarmantes para a população e para as organizações, ainda mais quando se percebe que muitos governos em todo mundo, de um modo geral, não estavam suficientemente preparados para tal enfrentamento. A quarentena e o isolamento social recomendados pelas autoridades sanitárias como algumas das principais estratégias para enfrentamento da pandemia trouxe grande impacto nas cadeias de suprimentos de diversos setores, com dificuldades com mão-de-obra, suprimentos de matéria-prima, etc. Se de um lado sistemas de gestão de cadeias de suprimentos eficientes e eficazes foram fundamentais para auxiliar em todo processo de quarentena e isolamento, de outro, muitas cadeias produtivas foram desestruturadas e deverão sofrer rearranjos ou mesmo ser reconstruídas. Alias, não é exagero dizer que nossa economia deverá ser reconstruída. Verifica-se que a analise e o conhecimento dos possíveis cenários póspandemia de covid-19, bem como a adoção de ferramentas e métodos adequados para


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a gestão da cadeia de suprimentos, com conectividade e o acesso a dados em tempo real são primordiais neste momento tanto para o poder público quanto pela inciativa privada, em especial as pequenas e micro-empresas – muito afetadas pela crise. Assim, ao final deste trabalho, e com o auxílio e subsídios de outras disciplinas do curso, tais como, Metodologia Científica, Economia I, Administração I, Sistemas de Informação e Estatística, por exemplo, pesquisamos e analisamos os possíveis impactos, desafios e oportunidades que a pandemia de covid-19 proporciona à cadeia de suprimentos, bem como apresentamos e analisamos o caso específico de uma indústria química localizada no interior do estado de São Paulo, focando em função das limitações e restrições impostas pela pandemia, seu sistema de informações.


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2- OBJETIVOS

O objetivo geral deste projeto de pesquisa é identificar, levantar e analisar os possíveis impactos, desafios e oportunidades da gestão da cadeia de suprimentos frente à pandemia de COVID-19. Como objetivo especifico pretende-se também levantar tais impactos junto à uma indústria do setor químico localizada no interior de São Paulo e analisar seu sistema de informações gerenciais.


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3- JUSTIFICATIVA

A crise socioeconômica advinda da pandemia de covid-19 não tem precedentes. As consequências são sérias, severas e duradouras. Verifica-se que, com algumas exceções, os governos no mundo todo, de um modo geral, não estavam preparados para enfrentar nem emergência sanitária, nem a emergência econômica. As empresas também não. Rodney Repullo (2020) afirma que “os efeitos da nova pandemia nas cadeias de suprimentos e estoques globais devido a quarentenas e fechamento prolongado de fábricas, comércio e outros segmentos da atividade econômica”, trouxe grande impacto das cadeias de suprimentos. Em função da pandemia há atrasos no transporte, dificuldades com mãode-obra, queda e interrupções na fabricação, bem como na cadeia de suprimentos de diversas empresas, setores e organizações de todas as áreas e segmentos. Jaqueline Goes de Jesus 1 (2020) afirma que “a exemplo da disputa que se viu por equipamentos de proteção, a logística de distribuição da vacina preocupa. Países poderosos conseguirão imunizar primeiro sua população. O mundo muda de forma permanente”. É fácil

encontrar noticias relatando problemas de aquisição de

suprimentos diversos necessários para enfrentar a emergência sanitária e atender a população, como por exemplo, a de hospitais de São Paulo com dificuldade para comprar drogas usadas em intubações de pacientes de covid-19 (BERGAMO, 2020). Também encontramos noticiais de outras consequências econômicas negativas, e relacionadas ao setor de transporte, como a devolução de 160 mil carros de motoristas de aplicativos de uso compartilhado (SILVA, 2020). 1

É biomédica, mestre em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa e Doutora em Patologia Humana e Experimental. É uma das responsáveis pelo sequenciamento genético do novo coronavírus. Disponível em https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/o-mundo-pos-covid-19-3---ciencia-esaude-por-jaqueline-goes-de-jesus/index.htm#lista-1?cmpid. Acesso em 17 maio 2020.


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No Brasil, o governo federal, bem como os governos estaduais e municipais, em sua maioria, enfrentam dificuldades de toda ordem e não conseguem responder a contento as necessidades da população e das organizações. De um modo geral, “as empresas estão aprendendo agora como o sistema de produção global é realmente frágil” (FELBERMAYR, Gabriel, 2020 apud REPULLO, 2020). Alguns países já

começam

a

estabelecer políticas públicas de

enfrentamento à crise, que vão desde a flexibilização de leis trabalhistas, abertura de financiamentos para as empresas até mesmo ações mais avançadas – ou ousadas -, como o Japão, que pagará para que empresas deixarem a China (BASTOS, 2020). Isto basta para demonstrar que organizações e governos devem se preocupar em gerir adequadamente seus negócios e as cadeias de suprimentos, formulando ou revendo seu planejamento com a urgência que se apresenta. Para atenuar a imprevisibilidade da cadeia de suprimentos, tudo indica que as empresas precisam avançar para a Indústria 4.0, onde a conectividade e o acesso a dados em tempo real assumem importância crucial. Assim, ao buscarmos uma melhor compreensão dos impactos, desafios e oportunidades que a pandemia de covid-19 proporciona à cadeia de suprimentos acreditamos que este trabalho pode contribuir ao recomendar a indicação de métodos, meios e ferramentas de gestão para um caso concreto – de uma indústria química localizada no interior de São Paulo, bem como verificar a necessidade de aprofundamento ulterior deste projeto de pesquisa.


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4 - REVISÃO TEÓRICA

Considerando o tema central proposto nestes 7º e 8º bimestres do curso de Engenharia de Produção da UNIVESP- Universidade Virtual do Estado de São Paulo para a elaboração do Projeto Integrador - “gestão da cadeia de suprimentos no contexto da globalização 4.0: sistemas e estratégias para novas oportunidades de mercado” (PIIII, 2020), entendemos ser importante inicialmente apresentarmos o conceito e a definição alguns termos, como cadeia de suprimentos e globalização 4.0, b em como de outros relacionados ao tema central, conforme veremos adiante:

4.1 - Cadeia de suprimentos

Cadeia de suprimentos, cadeia de abastecimento, ou em inglês, supply chain, se refere “às práticas de gestão que são necessárias para que todas as empresas agreguem valor ao cliente desde a fabricação dos materiais, passando pela produção dos bens e serviços, a distribuição e a entrega final ao cliente” (MARTINS e LAUGINE, 2005, p. 170) O Prof. Dr. Antonio Francisco Savi, define cadeia de suprimentos como um: “Sistema de organizações, pessoas, atividades, informações e recursos envolvidos na atividade de transportar produtos ou serviços dos fornecedores aos clientes” (RESUMO, 2020).

Assim, para o Prof. Dr. Savi, o conceito de cadeia de suprimentos envolve além da empresa os fornecedores e clientes – como um todo - originando a expressão “empresa estendida” (RESUMO, 2020).


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Idêntico pensamento apresenta o Prof. Paulo Sérgio de Arruda Ignácio, que leciona a disciplina de Logística, no 14º bimestre do curso de Engenharia de Produção da Univesp. Para ele a cadeia de suprimentos está ligada à visão estratégica da organização na configuração da rede de abastecimento e distribuição, com foco principal na seleção de clientes e pontos de entrega, assim como na seleção de fornecedores e pontos de coleta de mercadorias (LOGÍSTICA, 2017). Assim, a cadeia de suprimentos é uma função de integração, conectando os principais processos de negócios dentro da empresa e entre os parceiros envolvidos de forma eficiente e coerente. O Prof. Eder Cassettari, da disciplina Gestão da Cadeia de Suprimentos, 15º bimestre, do curso de Engenharia de Produção da Univesp, acrescenta que: (1) o objetivo de uma cadeia de suprimentos é maximizar o ganho geral produzido; (2) que “para manter a competitividade, as CS’s [cadeias de suprimentos] devem evoluir, adaptar-se às novas tecnologias e ao cliente”, e; tratando-se de um processo complexo, com

muitas

variáveis

o

processo

de

decisões

assume

papel

relevante

(COMPREENSÃO, 2018). Para com Hertz (2006, apud SANCHES, 2009, p.7), não existe consenso sobre como delimitar uma cadeia de suprimentos e essa decisão. Segundo ele essa decisão “fica a cargo de cada pesquisador”. Analisando a visão de diversos autores oriundos - da escola de pensamento organizacional - com críticas à uma visão vertical e linear desse conceito de cadeia, Sanches (2009) afirma que eles propuseram o conceito de rede de suprimentos (supply network). TAYLOR; TAYLOR; TERHUNE (2000 apud SANCHES, 2009, p. 8) definem rede de suprimentos como “um agrupamento de parcerias estratégicas, onde os membros possuem dependência mútua, compartilham informação proprietária e tomam decisões em conjunto visando melhoria da coordenação e sincronização do atendimento das demandas do consumidor”

Porter (1985 apud SANCHES, 2009, p. 8) apresenta também o conceito de cadeia de valor (value chain) como um “conjunto de atividades desempenhadas por


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uma organização, desde as relações com os fornecedores, ciclos de produção e de venda até a fase da distribuição final”. Neste conceito, cujo enfoque são as receitas, “o valor da cadeia é a diferença entre o preço pago pelo consumidor final e os custos totais incorridos pelos diversos elos da cadeia”. Interessante nesse momento, destacar também a distinção entre cadeia de suprimentos e logística. O Prof. Paulo Sérgio, por exemplo, afirma que na verdade a logística integra a cadeia de suprimentos e faz o planejamento da conectividade dos seus diversos elos e fluxos (consumidor, varejista, distribuidor, indústria e o conjunto de fornecedores) (LOGÍSTICA, 2017). Apresenta ainda uma definição de logística: “A administração logística é a parte da gestão da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla a eficiência e efetividade dos fluxos de envio e reversos, dos estoques de produtos, dos serviços e das informações relativas entre o ponto de origem e o ponto de consumo, com o objetivo de atender às exigências dos clientes” (CSCMP Councill of Supply Chain Management Profissionals, 2016 apud LOGÍSTICA, 2017).

4.2 - Gestão da cadeia de suprimentos

Sanches (2009, p.11) afirma que “a origem do conceito de gestão da cadeia de suprimentos está nos estudos pioneiros de Jay Forrester (1961) sobre os efeitos das decisões tomadas por uma empresa sobre o restante da cadeia” e que “estes efeitos ficaram mais conhecidos como efeito chicote (bullwhip-effect) (CHEN; PAULRAJ, 2004)”, cujo conceito e causas veremos mais à frente. O Prof. Paulo Sérgio apresenta a seguinte definição para a gestão da cadeia de suprimentos (supply chain management): “A Gestão da Cadeia de Suprimentos aborda o planejamento e a administração de todas as atividades envolvida em abastecimento e aquisição, conversão de informações e todas as atividades da administração logística” (CSCMP - Councill of Supply Chain Management Profissionals, 2016 apud LOGÍSTICA, 2017).


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Fundamentalmente, afirma o Prof. Paulo Sérgio, “a gestão da cadeia de suprimentos integra a administração da demanda e do abastecimento dentro e através das empresas”, ou seja, a gestão da cadeia de suprimentos inclui a coordenação e a colaboração dos parceiros, assim entendidos os fornecedores, terceiros, intermediários e clientes (LOGÍSTICA, 2017). Sanches (2009, p.12) afirma que “dentro da área de pesquisa de relacionamentos sob a ótica da gestão da cadeia de suprimentos existe uma linha de estudos conhecida como supply network coordination”.

4.3 - Globalização 4.0

Outro conceito tratado no Projeto Integrador é a “globalização 4.0”. Para o Prof. Dr. Antonio Fernando Savi, a “globalização 4.0” é: “A onda de globalização que surge a partir do universo digital tem como foco o valor social e ambiental deste termo. Ele surge justamente a partir dos benefícios comerciais da chamada Quarta Revolução Industrial, ou industrialização 4.0” (RESUMO, 2020).

Segundo o Prof. Savi a Quarta Revolução Industrial está associada à utilização de ferramentas tecnológicas – softwares, principalmente - para o aprimoramento dos produtos e serviços oferecidos. A empresa, fornecedores e clientes interagem buscando melhorar a qualidade (RESUMO, 2020). A globalização não é um fenômeno novo e, em maior ou menor grau verifica-se a tendência da humanidade “no sentido de avançar progressivamente para a globalização” (LACOMBE e HEILBORN, 2003, p.501) Para Lacombe e Heilborn (2003, p.503) a “globalização significa erosão das fronteiras”. A integração é uma característica marcante do processo de globalização e ela “permeia todas as atividades humanas, influindo nas culturas, comportamentos e valores de todos os povos, por meio da aproximação e da comunicação” (2003, p.504)


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Há aproximadamente vinte anos Lacombe e Heilborn (2003) apontavam as vantagens e riscos da globalização. Dentre as vantagens estariam o “livre comercio de mercadorias, o livre fluxo de recursos financeiros e o aumento do fluxo de informações” (LACOMBE e HEILBORN, 2003, p.504) Como riscos ou desvantagens esses autores apontam: “o livre fluxo de recursos financeiros; a diminuição da soberania dos países, as velocidades diferentes da globalização; o empobrecimento cultural, e os riscos da padronização” (LACOMBE e HEILBORN, 2003, p.505) Entendida a globalização 4.0, analisaremos na sequencia de forma sucinta a evolução das Revelações Industriais até chegar na Quarta Revolução Industrial ou Industrialização 4.0.

4.4 - A evolução das Revoluções Industriais

A primeira Revolução Industrial (Indústria 1.0), que causou profundas transformações na economia mundial e na vida das pessoas teve origem na Inglaterra, se deu basicamente com a criação das máquinas a vapor 2, que tinham como combustível o carvão, na segunda metade do século XVIII. Nessa fase a produção deixa de ser artesanal, mecanizando os processos de fabricação. A segunda Revolução Industrial (Indústria 2.0) tem inicio a partir de meados do século XIX e término durante a Segunda Guerra Mundial e se caracteriza pelo aperfeiçoamento das tecnologias já existentes e com o uso da linha de montagem - aumentando ainda mais a produtividade e os lucros das indústrias. Associam-se á esse período o uso do aço e a invenções associadas ao uso do petróleo e à eletricidade, como o motor a combustão e os motores elétricos. 2

Atribui-se a criação da primeira máquina a vapor à Thomas Newcommen, em 1698 e aperfeiçoada por James Watt, em 1765 (NEVES; SOUSA, s/d)


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A terceira Revolução Industrial (Indústria 3.0), também chamada de revolução técnico-científico-informacional ou até mesmo de era da eletrônica, tem início após a Segunda Guerra Mundial, na metade do século XX e se caracteriza pelo avanço tecnológico e científico não ser voltado unicamente ao processo produtivo. Nesse período surgem os computadores, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) são introduzidas nos processos produtivos e a biotecnologia, a genética, a eletrônica, as telecomunicações, a robótica, o capitalismo financeiro, por exemplo, auxiliam substancialmente na transformação do modo de vida da sociedade e das relações sociais. Nesse período, o avanço tecnológico e cientifico abrangente nessas diversas áreas estão relacionadas ao fenômeno da globalização, onde “tudo converge para a diminuição do tempo e das distâncias, ligando pessoas, lugares, transmitindo informações instantaneamente, superando, então os desafios e obstáculos que permeiam a localização geográfica, as diferenças culturais, físicas e sociais”. (NEVES; SOUZA, s/d)

A quarta Revolução Industrial (indústria 4.0), que começamos a vivenciar nesse momento, também conhecida como “manufatura inteligente, indústria da internet ou indústria integrada” (HOFMANN et al, 2017 apud Santos et al, 2018) e até mesmo de era do conhecimento, caracteriza-se pela conectividade, pela internet das coisas (IoT), pelas linhas de produção cibernéticas e pela integração dos equipamentos e processos, cada vez mais autônomos. Kagermmann et al (2003 apud Santos et al, 2018, p.2) descreve o termo “indústria 4.0” como: “uma realidade em que as redes globais são estabelecidas pelas empresas sob a forma de Sistemas Físico Cibernéticos (CPS – Cyber-Physical Systems) que incorporam máquinas, sistemas de armazenagem e instalações de produção que são capazes de trocar informação e cooperar de forma autônoma através da Internet das Coisas (IoT Internet of Things) desencadeando ações e controlando uns aos outros de forma independente”.

A integração dos equipamentos e processos, enfim, dos agentes produtivos e da troca automática de informações, “torna o sistema produtivo inteligente


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o suficiente para prever o roteiro de fabricação e manter as máquinas em estado de alerta para serem acionadas”. Surge daí, também, o conceito de “Fábricas Inteligentes” (SANTOS et al, 2018, p. 2)

Figura 1 – Evolução histórica

Fonte: A indústria 4.0. 06/04/2019. Disponível http://www.universidade40.com/index.php/pilares/industria-4-0. Acesso em 13/05/2020.

em

Com relação ao cenário brasileiro, Santos et al (2018, p.3), afirmam: “As indústrias brasileiras ainda estão entre a indústria 2.0 e indústria 3.0. E têm como desafio evoluir rapidamente para indústria 4.0, sob a ameaça de perder completamente a competitividade no mercado globalizado”.


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4.5 - Pandemia de Covid-19

Compreendidos estes dois principais termos - cadeia de suprimentos e globalização 4.0 - que integram o tema central proposto, passaremos agora a analisar a atual pandemia de covid-19, iniciando pela definição dos termos e depois fazendo um levantamento histórico das pandemias que assolaram a humanidade e as eventuais consequências socioeconômicas em cada período. Pandemia é uma “epidemia que ocorre em grandes proporções, até mesmo por todo o planeta” (FERREIRA, 2008, p. 606). Assim, a palavra pandemia está relacionada “à distribuição geográfica de uma doença e não á sua gravidade” (FOLHA, 2020). Quando acontece um numero inesperado de casos de determinada doença numa determinada região, temos um surto; quando há a ocorrência de surtos em várias regiões, tem-se uma epidemia e; quando uma epidemia se propaga a níveis mundiais, se espalhando por várias regiões do nosso planeta, temos o pior cenário: a pandemia3. Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, em Genebra, na Suíça, “que a COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus 4, é agora caracterizada como uma pandemia” (OMS, 2020). Assim, a “pandemia de COVID-19 é uma pandemia em curso de COVID19, uma doença respiratória aguda causada pelo coronavÍrus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2)” 5. Covid-19 é, portanto, uma doença infecciosa causada por esse novo coronavírus.

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Informação disponível em https://www.telessaude.unifesp.br/index.php/dno/redes-sociais/159-qual-e-adiferenca-entre-surto-epidemia-pandemia-e-endemia. Acesso em 13 maio 2020. 4 De acordo com o Ministério da Saúde brasileiro, coronavírus “é uma família de vírus que causam infecções respiratórias”, tendo sido isolado pela primeira vez em 1937 e descrito como “coronavírus” em 1965. Informação disponível em https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#o-que-e-covid. Acesso em 17 maio 2020. 5 Informação disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Pandemia_de_COVID-19. Acesso em 17 maio 2020.


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A OMS foi alertada sobre o surgimento dessa nova cepa de coronavírus em 31 de dezembro de 2019, cuja origem se deu na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China (FOLHA, 2020). Antes disso, em 30 de janeiro de 2020, ao verificar a transmissão do vírus entre humanos em 19 países, a OMS declarou que o surto, há época, do novo coronavírus (Covid-19) se constituía numa Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) 6 (FOLHA, 2020). Acrescente-se que na nossa história recente já vivenciamos outros momentos de Emergência de Saúde Pública, conforme relata a representação brasileira da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS): “É a sexta vez na história que uma Emergência de Saúde Pública de importância Internacional é declarada. As outras foram: - 25 de abril de 2009 – pandemia de H1N1; - 5 de maio de 2014 – disseminação internacional de poliovírus; - 8 agosto de 2014 – surto de Ebola na África Ocidental; - 1 de fevereiro de 2016 – vírus zika e aumento de casos de microcefalia e outras malformações congênitas; - 18 maio de 2018 – surto de ebola na República Democrática do Congo.” (FOLHA, 2020)

Interessante constatar que o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde (MS) tinha preocupação com as emergências de saúde pública, conforme se verifica em artigo elaborado há 12 anos por profissionais integrantes do MS (Carmo et al 2008). Neste artigo, os autores (2008) afirmam que ao serem registradas epidemias de doenças antigas e novas, à época, como o vírus ebola, a síndrome respiratória aguda grave e a influenza aviária, por exemplo, o Ministério da Saúde brasileiro se preparou para “detectar, prevenir e controlar emergências de saúde pública, no seu âmbito de atuação” buscando dotar o “país de um nível mais adequado 6

De acordo com o Regulamento Sanitário Internacional (RCI), uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional é “um evento extraordinário que pode constituir um risco de saúde pública para outros países devido a disseminação internacional de doenças; e potencialmente requer uma resposta internacional coordenada e imediata”. Disponível em https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875. Acesso em 17 maio 2020.


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de proteção à população para essas emergências” definindo diversas estratégias de enfrentamento. No Brasil, consta que a pandemia de Covid-19 teve inicio em 26 de fevereiro de 2020, com a confirmação do primeiro caso da doença na cidade de São Paulo7. Até o dia 16 de maio de 2020 foram confirmados 4.425.485 casos de Covid-19 no mundo com 302.059 mortes (FOLHA, 2020). De acordo com Tamires Vitório (2020), estudo realizado pela Universidade de Tecnologia e Design de Singapura estabelece a data de 5 de janeiro de 2021 para o fim da pandemia de covid-19 no mundo e 11 de novembro para o final da pandemia no Brasil. A mesma fonte avalia que o pico do vírus, no Brasil, deve começar a diminuir somente a partir do mês de julho. O estudo em questão foi realizado com base em modelo epidemiológico utilizado no estudo de epidemias denominado SIR, “que considera indivíduos sensíveis (S), infectados (I) e removidos (R)”, sendo consideradas “sensíveis” as “pessoas não infectadas pelo vírus, ou sensíveis a ele” (VITÓRIO, 2020). A autora (2020) esclarece ainda que os próprios pesquisadores alertam que, como diversas variáveis interferem e influem na pesquisa que realizaram, as datas podem sofrer alterações significativas. Entretanto, diferentemente de Vitório (2020), em notícia recente, Danielle Sanches (2020) afirma que no início deste mês de maio de 2020, a OMS declarou que “não é possível prever quando, e se, o novo coronavírus (Sars-CoV-2) vai desaparecer, afirmando ainda que ele pode se tornar endêmico8 - igual a outros vírus, como o HIV”.

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Informação disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Pandemia_de_COVID-19_no_Brasil. Acesso em 17 maio 2020. 8 “Doença endêmica é aquela que se manifesta com frequência determinadas regiões”, ou seja, “a população convive constantemente com a doença”. Disponível em https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/05/15/endemico-entenda-o-que-e-o-possivelproximo-estagio-do-novo-coronavirus.htmAcesso em 17 maio 2020.


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4.6 – Pandemias: histórico sucinto

Nossa história registra a ocorrência de grandes epidemias e pandemias que afetaram e dizimaram muitos e diferentes povos. Algumas

epidemias,

pela

sua

intensidade

chegaram

a

aniquilar

praticamente a população de cidades inteiras, tais como: Peste do Egito (430 a.C); Peste Antonina (165-180); Peste de Cipriano (250-271); Peste de Justiniano (541-x); Peste Negra (1300)9. Vejamos algumas delas, de acordo com Di Spagna (2020): a)

Gripe espanhola: era uma variação do vírus influenza que começou

a se propagar em 1918 e permaneceu até 1920. Nesse período, estima-se que um quarto da população mundial foi infectada e matou perto de 50 milhões de pessoas. b)

Peste

bubônica:

causada

pela

bactéria

Yersinia

pestis

e

disseminada pelo contato com pulgas e roedores infectados, estima-se que aproximadamente um terço da população europeia tenha morrido entre 1343 e 1353. c)

Varíola: no período de 1896 e 1980 estima-se que perto de 300

milhões de pessoas morreram devido à doença. Após intensa campanha de vacinação a varíola, causada pelo vírus Orthopoxvirus variolae foi erradicada. d)

Tifo: entre 1918 e 1922, disseminada em contexto semelhante ao

da peste Bubônica, essa doença – causada pela bactéria Rickettsia prowazekii dizimou mais de 3 milhões de pessoas. e)

Cólera:

transmitida

pelo

consumo

de

água

ou

alimentos

contaminados pela bactéria Vibrio cholerae a OMS calcula que de 28 a 142 mil pessoas morram em função dessa doença todos os anos. Acredita-se que tenha sido a primeira epidemia a alcanças todos os continentes. f)

Tuberculose: atualmente é uma doença controlada afetando ainda

regiões mais pobres do planeta, mas de acordo com a OMS ainda é a doença 9

Informação disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Pandemia. Acesso em 17 maio 2020.


23

infecciosa que mais mata. Causada pelo Bacilo de Koch, estima-se que, entre 1850 e 1950, aproximadamente 1 bilhão de pessoas tenham morrido por causa da doença. g)

HIV: o surto da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida caudada

pelo vírus HIV surgiu na década de 1980, estima-se que mais de 20 milhões de pessoas faleceram em razão de complicações da doença. h)

Gripe Suína (H1N1): também conhecida por H1N1, em 2009, tendo

sido identificada em porcos, e causada pelo vírus influenza, matou aproximadamente 18 mil pessoas.

4.7 – Pandemia de covid-19: impactos, desafios e oportunidades

Parece consenso que o mundo não será mais o mesmo após a pandemia de covid-19 e uma das maiores crises da história, com o colapso dos sistemas de saúde, milhares de vítimas, aumento do desemprego, escolas, indústrias e comércio fechados, etc.. Alguns impactos negativos dessa crise já são previsíveis - e até mesmo já bem visíveis -, como o aumento da desigualdade social e recessão, por exemplo. Jaqueline Goes de Jesus (2020), por exemplo, acredita que “teremos nova conduta social, como o uso de máscara e cautela no contato”. Mais, a pesquisadora em questão (2020), com base em estudo publicado na Revista Científica Science, afirma que até o surgimento de uma vacina, a situação de confinamento deve durar até 2022, de forma intermitente. Além disso, diz que “Existe a expectativa de que outras doenças de proporção mundial e mais letais atinjam a humanidade e ainda não temos conhecimento para lidar com elas” (JESUS, 2020). Outra consequência preocupante nesse momento de crise é a tendência das “organizações criminais transnacionais (TOC, em inglês) de preencherem as


24

lacunas de um Estado ausente”. Especialistas convocados pela Organização dos Estados Americanos (OEA) veem a covid-19 se tornou “uma janela de oportunidades para o crime organizado” por meio da assistência social, do tráfico de suprimentos médicos e do desenvolvimento de crimes cibernéticos (COVID-19, 2020) Mas além de consequências e impactos indesejáveis a pandemia de covid-19 também permite uma reflexão das oportunidades que se vislumbram no mundo pós-pandemia. Falando sobre tecnologia e tendências, por exemplo, Finette e Rogers (2020) afirmam que já existe uma “pressão cada vez maior sobre pessoas, organizações e governos para se adaptarem. Para líderes, a missão se tornou descobrir hoje o que importará amanhã e então ajudar organizações e sociedade a se transformarem harmonicamente com um futuro que se desenvolve rapidamente.”

Com potencial de transformar a sociedade, os negócios e a vida em geral, num mundo pós covid-19, esses autores (2020) vislumbram a rápida ascensão da inteligência artificial (IA) e, num futuro pouco mais distante, com os avanços da genética um transformação radical na indústria dos alimentos. No caso da indústria alimentícia exemplificam: “... nós produziremos nossa comida em tanques de aço inoxidável, usando um processo semelhante à fermentação auxiliada por modificação genética para cultivar alimentos limpos e nutritivos com uma fração dos recursos necessários para, por exemplo, criar um boi para consumir carne. Este, por sua vez, requer quase 10 mil litros de água para um quilo de carne consumível; um uso ineficiente de um dos recursos mais preciosos do planeta” (FINETTE; ROGERS, 2020).

Como a pandemia – infelizmente – ainda está em curso, muitos pesquisadores ainda estão formulando hipóteses preliminares neste momento sobre seus impactos, desafios e oportunidades na economia e na cadeia de suprimentos, foco deste trabalho, conforme veremos a seguir.


25

4.7.1 – Impactos do coronavírus na Cadeia de Suprimentos e na logística

Em aula magna realizada no dia 16/03/2020 para o Curso de Especialização em Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística, promovido pelo Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes – LALT, vinculado ao Departamento de Infraestrutura e Ambiente da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, o Prof. Orlando Fontes Lima realizou uma webinar 10 com o tema “Impactos do coronavírus na logística” (IMPACTOS, 2020). Nessa aula, o Prof. Orlando inicia afirmando que entende que nesta pandemia temos um “problema mais de logística que afeta a saúde publica do que de saúde publica que afeta a logística” (IMPACTOS, 2020). Ao abordar a estratégia de isolamento usada pela área de saúde para reduzir a velocidade de propagação do vírus e restringir a abrangência espacial explica o conceito de planejamento da demanda. De acordo com a figura a seguir, para que o sistema de saúde seja capaz de atender a população infectada, segundo o Prof. Orlando Fontes Lima (IMPACTOS, 2020) e também a grande maioria dos especialistas na área, é necessário “achatar a curva”11, se referindo, no caso, à curva de demanda de pessoas infectadas pelo vírus.

Figura 2 – Curvas de demanda

De acordo com a Wikipédia, ‘Webinar” (da abreviação em inglês "web-based seminar": "seminário através da web") é o nome que se dá à um seminário ou conferencia on-line ou videoconferência com intuito educacional no qual a comunicação é de apenas uma via. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Webinar. Acesso em 07 jun. 2020. 11 O Prof. Orlando usa também a expressão “calibrar a curva”. 10


26

Fonte: “Coronavírus: por que é fundamental ‘achatar a curva’ da transmissão no Brasil. Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51850382. Acesso em 07 jun. 2020

Conforme os gráficos acima, do ponto de vista estatístico os casos de contaminação seguem uma Distribuição Normal12, assim “achatar a curva” é o resultado que se espera quando se adotam medidas para desacelerar a transmissão do vírus, ou seja, reduzir a demanda para níveis dentro dos limites de atendimento do sistema de saúde.

De acordo com a Wikipédia, “Em probabilidade e estatística, a distribuição normal é uma das distribuições de probabilidade mais utilizadas para modelar fenômenos naturais”. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Distribui%C3%A7%C3%A3o_normal. Acesso em 07 jun. 2020. 12


27

O Prof. Orlando acredita que a distribuição estatística mais representativa para modelar o vencimento de uma pandemia é a Distribuição de Weibull13, por que tem um inicio bastante acelerado, mas a partir de um pico começa a decair, ou seja é quando o pais consegue conter o avanço da doença. É o caso de alguns países como a China, a Espanha ou a Itália, por exemplo (IMPACTOS, 2020).

Figura 3 - Distribuição de Weibull

Fonte: Distribuição de Weibull. Disponível https://pt.wikipedia.org/wiki/Distribui%C3%A7%C3%A3o_de_Weibull. Acesso em 07 jun. 2020.

em

Segundo o conceituado Prof. Orlando Fontes Lima, quando se olha a pandemia de coronavírus, a logística e o supply chain management tem-se 3 (três) grandes desafios a enfrentar: “1- A ruptura de cadeia de suprimentos;

13

De acordo com a Wikipédia é uma distribuição de probabilidade contínua. Tem vasto campo de aplicação e é indispensável em engenharia de confiabilidade. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Distribui%C3%A7%C3%A3o_de_Weibull. Acesso em 07 jun. 2020.


28

2-A logística urbana e o desabastecimento das cidades; 3-O tratamento especifico da Logística humanitária ou o tratamento dos hospitais e dos índices de infectados.” (IMPACTOS, 2020) Especificamente, com relação à “ruptura da cadeia de suprimentos”, Prof. Orlando lembra que as cadeias de suprimentos globais são suportadas pelos navios, e houve uma ruptura de conexão da China com o resto do mundo que durou aproximadamente 15 dias (IMPACTOS, 2020). Em razão de outras catástrofes, como o tsunami ocorrido na Ásia em 200414 algumas empresas, como a Samsung elaboraram Planos de Contingencia para enfrentar e agir em situações críticas como essa. A Samsung tinha toda base de produção de seu novo celular “S20” baseada na China. Com o surgimento do coronavírus naquele país, deslocou a produção para uma unidade fabril que tem no Vietnã, ampliou o numero de turnos e reduziu um pouco o volume de produção de outros produtos. Em razão disso, a Samsung informa que não está tendo problemas de estocagem e de falta desse novo aparelho de telefone celular (IMPACTOS, 2020). Já a empresa Apple15, segundo o Prof. Orlando, que tem toda base produtiva implementada pela Foxconn16 está receosa com relação ao seu aparelho de telefone celular “iPhone” (IMPACTOS, 2020). Na verdade é inevitável que disruptura que o coronavírus causa nas cadeias de suprimentos, em razão das ações para evitar a disseminação da pandemia, produza custos, problemas e prejuízos para as empresas e a sociedade (IMPACTOS, 2020). 14

Sismo e tsunami que atingiu diversos países banhados pelo Oceano Indico, causando a morte de mais de 230 mil pessoas. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Sismo_e_tsunami_do_Oceano_%C3%8Dndico_de_2004. Acesso em 07 jun. 2020. 15 Empresa multinacional norte-americana que tem o objetivo de projetar e comercializar produtos eletrônicos de consumo, software de computador e computadores pessoai, dentre eles o iPhone. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Apple. Acesso em 14 jun. 2020. 16 De acordo com o sitio da empresa na internet o “grupo tecnológico Foxconn é o principal fornecedor de design, desenvolvimento, manufatura, montagem e serviços de pós-venda para líderes globais de computadores, comunicação e entretenimento”. Disponível em http://www.foxconn.com.br/site/. Acesso em 14 jun. 2020.


29

E, numa situação como essa, com clientes consumindo, varejistas vendo seus estoques diminuindo e fornecedores sem capacidade de reposição, um dos problemas do profissional da área de gestão de cadeias de suprimentos é reduzir os efeitos dessa ruptura – conforme veremos adiante (IMPACTOS, 2020).


30

5- METODOLOGIA

As etapas deste projeto de pesquisa compreendem uma revisão bibliográfica e documental sobre o assunto como forma de aprofundar o conhecimento do tema e analisar eventuais trabalhos acadêmicos envolvendo a gestão da cadeia de suprimentos, a indústria e a globalização 4.0 e as consequências e os cenários socioeconômicos previstos após a pandemia de COVID-19. Depois, utilizando mecanismos de busca na internet pesquisar e buscar junto aos sites de entidades governamentais e de entidades especializadas na área gestão da cadeia de suprimentos: a) projetos de leis, leis e regulamentos relacionados à logística e/ou cadeia de suprimentos originados em razão da pandemia de covid-19; b) experiências exitosas relacionadas à logística e/ou cadeia de suprimentos e relacionadas ao escopo deste trabalho, que possam ser replicadas e aprimoradas. Outro recurso utilizado foi a aplicação de questionário de pesquisa e a realização de entrevistas semiestruturadas.


31

6- PROJETO DE INTERVENÇÃO

Já dissemos anteriormente que o objetivo geral deste projeto de pesquisa é identificar, levantar e analisar os possíveis impactos, desafios e oportunidades da gestão da cadeia de suprimentos frente à pandemia de COVID-19. Como objetivo especifico pretende-se também levantar tais impactos junto à uma indústria do setor químico localizada no interior de São Paulo e analisar seu sistema de informações gerenciais. A atividade empresarial é extremamente regulada pela legislação, assim pareceu-nos oportuno também pesquisar junto ao Congresso Nacional sobre as eventuais proposições legislativas em tramitação que tratem de “cadeia de suprimentos” e “logística” e, depois, as ações governamentais para a retomada da atividade econômica. Na sequencia, registramos as respostas ao questionário e às entrevistas realizadas junto à empresa objeto da pesquisa.

6.1 – Proposições Legislativas em Tramitação

6.1.1 – Câmara Federal

Junto ao Sistema de Informações Legislativas da Câmara Federal, usando como termo de pesquisa a expressão “cadeia de suprimentos” para Projetos de Lei (PL), Projetos de Lei Complementar (PLC) e Proposta de Emenda à Constituição (EC),


32

todos em tramitação, obtém-se como resultado, em 04/06/2020, que lá tramitam 30 projetos, sendo 6 apresentados neste ano de 2020 17. Fazendo idêntica pesquisa – na mesma data, e utilizando os mesmos critérios – agora com o termo “logística”, encontramos 236 projetos em tramitação, sendo 42 apresentados em 202018. Do total de 48 projetos apresentados neste ano, tratam em sua maioria de temas ligados à área da “saúde” (23), seguido dos temas que se destacam: “política e administração pública” (19), “trabalho, previdência e assistência” (6), “cidades e transportes” (6), “economia” (6), “educação, cultura e esportes” (5), etc. Praticamente 73% desses projetos (35) tratam de ações ligadas à situação de calamidade pública, em sua maioria ações emergenciais nas diversas áreas elencadas anteriormente. Alguns projetos, entretanto, tratam de assuntos mais específicos, como o PL-1888/2020 de autoria do Deputado Federal Ricardo Silva que trata da regulamentação de compras governamentais, ao dispor “sobre a LICITAÇÃO SUSTENTÁVEL para a aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional permitindo a adoção de critérios ambientalmente corretos, socialmente justos e economicamente 19

viáveis e dá outras providências” .

Outros tratam da implantação de politicas públicas. É o caso do PL 2427/2020, de autoria do Deputado Federal Marcelo Brum, que “Institui a Política Nacional de Incentivo à Motorização Elétrica Agrícola” 20 e do PL 256/2020, de autoria do Deputado Federal Rubens Otoni, que “Estabelece, no âmbito da Política Nacional de 17

Disponível em https://www.camara.leg.br/buscaportal?contextoBusca=BuscaProposicoes&pagina=1&order=relevancia&abaEspecifica=true&filtros=%5B %7B%22emTramitacao%22%3A%22Sim%22%7D%5D&q=cadeia%20de%20suprimentos&tipos=PEC,PL P,PL. Acesso em 04 jun 2020. 18 Disponível em https://www.camara.leg.br/buscaportal?contextoBusca=BuscaProposicoes&pagina=1&order=relevancia&abaEspecifica=true&filtros=%5B %7B%22emTramitacao%22%3A%22Sim%22%7D%5D&q=log%C3%ADstica&tipos=PL,PLP,PEC. Acesso em 04 jun. 2020. 19 Disponível em https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2248221. Acesso em 04 jun. 2020. 20 Disponível em https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2251839. Acesso em 04 jun. 2020.


33

Resíduos Sólidos, a obrigatoriedade de recolhimento e destinação ambientalmente adequada de vasilhames plásticos de refrigerantes, água mineral, sucos e outras bebidas.21” Nessa mesma linha também é o PL 2601/2020 de autoria do Deputado Federal Marcelo Freitas, que “torna obrigatória, em todo território nacional, a coleta e destinação final, pelos revendedores, fabricantes ou produtores, de bebidas em embalagens de vidro não retornáveis, conhecidas como long necks, na forma que especifica” 22. No Quadro 1, a seguir, listamos os projetos apresentados neste ano que direta ou indiretamente tratam ou abordam a expressão “cadeia de suprimentos” e “logística”.

Quadro 1 – Proposições apresentadas em 2020 que foram indexadas com as expressões cadeia de suprimentos e logística em tramitação na Câmara Federal (consulta ao sistema de pesquisa da atividade legislativa da Câmara dos Deputados, situação em 04/06/2020)

Proposição Ementa (parcial)

Autor

Situação

PL 1725/2020

Celina Leão

Aguardando Desp. Pres.

PL 1724/2020 PL 2427/2020 PL 1939/2020 PL 1482/2020

21

Dispõe sobre a suspensão, pelo período em que perdurar o estado de emergência e calamidade Dispõe sobre a redução proporcional das mensalidades da rede privada de ensino pelo Institui a Política Nacional de Incentivo à Motorização Elétrica Agrícola. Reduz a zero as alíquotas de tributos federais incidentes sobre autopeças e pneumáticos Estabelece critérios de distribuição e comercialização do gás de cozinha para a

Celina Leão

Aguardando Desp. Pres. Marcelo Brum Aguardando Desp. Pres. Felício Aguardando Laterça Desp. Pres. Rogério Aguardando Correia Desp. Pres.

Disponível em https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2236972. Acesso em 04 jun. 2020. 22 Disponível em https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2252539. Acesso em 04 jun. 2020.


34

PL 1883/2020

Dispõe sobre a LICITAÇÃO Ricardo Silva SUSTENTÁVEL para a aquisição de bens, contratação de serviços ou

PL 2601/2020

Esta lei torna obrigatória, em todo território nacional, a coleta e destinação final, pelos Estabelece, no âmbito da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a obrigatoriedade de Altera Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, para dispor sobre o caso de impossibilidade de Altera a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020 para dispor sobre a dispensa de licitação o Institui o para Programa Farmácia Solidária para

PL 256/2020 PL 3046/2020 PL 2441/2020 PL 821/2020

Aguardando Desp. Pres.

Delegado Aguardando Marcelo Desp. Pres. Rubens Otoni Tramitando Conjunto Tiago Mitraud; Aguardando Desp. Pres. Jandira Aguardando Feghali; Desp. Pres.

PL 378/2020

José a conscientização, doação, Guimarães reaproveitamento e Altera a Lei nº 11.977, de 07 de julho de Cássio 2009, que dispõe sobre o Programa Minha Andrade Casa, Minha

Aguardando Autorização do Aguardando Desig.

PL 1774/2020

Dispõe sobre a Força Nacional de Saúde

Marcelo Ramos;Flávia Acrescenta o art. 4º-J à Lei nº 13.979, de 6 Eduardo de fevereiro de 2020, que dispõe sobre as Costa medidas Estabelece a suspensão da cobrança de Adriano do pedágios nas rodovias federais para as Baldy empresas e aos

Aguardando Desp. Pres. Aguardando Desp. Pres.

Reduz a zero as alíquotas de tributos federais incidentes sobre autopeças e pneumáticos Altera o Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, o Código de Processo Penal Brasileiro, para

Aguardando Desp. Pres. Aguardando Encam.

PL 2500/2020 PL 1410/2020

PL 1939/2020 PL 422/2020

Felício Laterça Guilherme Derrite

Aguardando Desp. Pres.

PL 865/2020

Acrescenta artigo à Lei nº 11.947, de 2009, Dr. que rege, entre outras matérias, o Antonio Programa Nacional

PL 704/2020

Determina que o Poder Público Federal deverá implementar medidas de prevenção aos Altera a Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004, que cria o Programa Bolsa Família e dá outras o Poder Executivo a controlar Autoriza preços e a produção de insumos e produtos relacionados ao

Célio Studart

Félix Mendonça

Aguardando Desp. Pres. Aguardando Desp. Pres. Aguardando Desp. Pres.

Altera o art. 21-A da Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, para permitir o repasse dos Altera a Lei n° 11.947, de 2009, a Lei 10.880, de 2004 e a Lei 11.494, de 2007, com ao Alterarelação o Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, o Código de Processo Penal Brasileiro, para

Danilo Cabral;Mauro Felipe Rigoni;Tereza Guilherme Derrite

Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres Aguardando Encam.

Dispõe sobre medidas emergenciais de amparo aos agricultores familiares do Brasil para Alteramitigar a Lei 9.279, de 14 de maio de 1996, para determinar a concessão de licença compulsória e

Enio Verri;Zeca Dirceu; Paulo Ramos

Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres

PL 1942/2020 PL 1792/2020

PL 2361/2020 PL 1084/2020 PL 421/2020

PL 1322/2020 PL 2858/2020

Luiz Aguardando Desp. Pres.

Jorge Solla


35

PL 2774/2020

Autoriza o Poder Executivo a controlar Félix preços e a produção de insumos e produtos Mendonça relacionados ao

PL 2201/2020

Altera a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de Jorge Aguardando 2020, para prever a obrigação de Solla;Alexand Desp. Pres reconversão re

PL 923/2020

Dispõe sobre a criação do Fundo Emergencial de Enfrentamento ao Coronavírus (Covid-19), Acrescenta o § 3º ao art. 19 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que dispõe o Isenta sobre a cobrança de pedágio, enquanto

PL 3077/2020 PL 1517/2020

Assis Carvalho Baleia Rossi

Aguardando Desp. Pres

Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres

Pastor durar a pandemia do novo coronavírus, nas Sargento rodovias Institui o Fundo Nacional Emergencial da José Nelto Saúde. Dispõe sobre a isenção do pagamento da Aliel Machado taxa de pedágio em rodovias federais, enquanto perdurar

Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres

PL 2016/2020

Altera a Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de Jorge 2004, que cria o Programa Bolsa Família e Solla;Alice dá outras Portugal

Aguardando Desp. Pres

PL 1285/2020

Dispõe sobre medidas de intervenção na propriedade e atuação no domínio econômico Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para regular a oferta de atendimento Permite o saque emergencial de valores do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, Permite o saque emergencial de valores do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, Regulamenta o exercício da profissão dos Operadores de Contas da Saúde. Dispõe sobre a suspensão temporária de cobrança de financiamento imobiliário, conforme Dispõe sobre a necessidade de cirurgiõesdentistas nos quadros de Institutos Médicos Autoriza o Governo Federal a disponibilizar até 70% dos estoques públicos de alimentos Dispõe sobre o Plano Emergencial para Enfrentamento ao coronavírus nos territórios Dispõe sobre o Plano Emergencial para Enfrentamento ao coronavírus nos territóriossobre as medidas temporárias a Dispõe serem observadas, em razão do COVID-19, até 30 de Institui o Regime Jurídico Temporário de Contratos Públicos. Dispõe sobre as debêntures de infraestrutura, altera a Lei nº 9.481, de 13 de agosto de 1997, a

Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres

PL 1100/2020 PL 1116/2020

PL 2407/2020 PL 1617/2020 PL 1565/2020 PL 2709/2020 PL 2902/2020

PL 1816/2020 PL 2438/2020 PL 1283/2020 PL 1305/2020 PL 2685/2020 PL 1971/2020 PL 2646/2020

Eduardo Costa Carlos Bezerra Rosana Valle Rosana Valle;Danilo Flordelis Rosana Valle

Patricia Ferraz Paula Belmonte Patrus Ananias Talíria Petrone; Jéssica Sales Geninho Zuliani João Maia

Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres Tramitando Conjunto Tramitando Conjunto Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres Aguardando Desp. Pres


36

Acrescente-se que aos buscarmos os mesmos termos, “cadeia de suprimentos”

23

e “logística” 24, com os mesmos critérios e parâmetros, incluindo agora as

Medidas Provisórias (MPV) como proposições em tramitação, com autoria do Poder Executivo ou Casa Civil da Presidência da República, não encontramos nenhum resultado.

6.1.2 – Senado Federal

Utilizando o sistema de pesquisa do Senado Federal disponível na internet em 04/06/2020, e usando também como termo de pesquisa a expressão “cadeia de suprimentos”, obtém-se como resultado que “nenhuma matéria foi encontrada para os parâmetros de pesquisa informados” 25. Já com o termo de busca “logística” obtém-se 4 resultados. Destaque-se dentre esses quatro, os projetos: 23

Disponível em https://www.camara.leg.br/buscaportal?contextoBusca=BuscaProposicoes&pagina=1&order=relevancia&abaEspecifica=true&filtros=%5B %7B%22emTramitacao%22%3A%22Sim%22%7D,%7B%22autores.nome%22%3A%22Casa%20Civil%2 0da%20Presid%C3%AAncia%20da%20Rep%C3%BAblica%22%7D%5D&q=cadeia%20de%20supriment os&tipos=PEC,PLP,PL,MPV. Acesso em 04 jun. 2020. 24 Disponível em https://www.camara.leg.br/buscaportal?contextoBusca=BuscaProposicoes&pagina=1&order=relevancia&abaEspecifica=true&filtros=%5B %7B%22emTramitacao%22%3A%22Sim%22%7D,%7B%22autores.nome%22%3A%22Casa%20Civil%2 0da%20Presid%C3%AAncia%20da%20Rep%C3%BAblica%22%7D%5D&q=logistica&tipos=PEC,PLP,PL ,MPV. Acesso em 04 jun. 2020. 25 Disponível em https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias?p_p_id=materia_WAR_atividadeportlet&p_p_lifecycl e=0&_materia_WAR_atividadeportlet_ufAutor=&_materia_WAR_atividadeportlet_tipo=PL&_materia_WA R_atividadeportlet_pesquisaAvancada=true&_materia_WAR_atividadeportlet_tipoAutor=&_materia_WAR _atividadeportlet_numero=&_materia_WAR_atividadeportlet_situacaoTramitacao=S&_materia_WAR_ativi dadeportlet_anoNorma=&_materia_WAR_atividadeportlet_palavraChave=cadeia+de+suprimentos&_mat eria_WAR_atividadeportlet_textoTramitacao=&_materia_WAR_atividadeportlet_assunto=&_materia_WA R_atividadeportlet_relator=&_materia_WAR_atividadeportlet_tipoNorma=&_materia_WAR_atividadeportl et_partidoAutor=&_materia_WAR_atividadeportlet_codSituacaoTramitacao=&_materia_WAR_atividadepo rtlet_numeroNorma=&_materia_WAR_atividadeportlet_natureza=&_materia_WAR_atividadeportlet_ativos =on&_materia_WAR_atividadeportlet_ano=&_materia_WAR_atividadeportlet_inicioApresentacao=&_mat eria_WAR_atividadeportlet_codComissao=&_materia_WAR_atividadeportlet_autor=&_materia_WAR_ativ idadeportlet_localPalavraChave=&_materia_WAR_atividadeportlet_fimApresentacao=&_materia_WAR_at ividadeportlet_btnSubmit=&_materia_WAR_atividadeportlet__complementar=on&_materia_WAR_atividad eportlet_p=1. Acesso em 04 jun. 2020.


37

O PLS 93/2018, de autoria da Senadora Rose de Freitas, que “Altera a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, para determinar que os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos industrializados sejam obrigados a estabelecer sistemas de 26

logística reversa e reciclagem no prazo de cinco anos” .

E o PLS 375/2016, de autoria do Senador Paulo Rocha, que “Altera a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências, para inserir medicamentos de uso humano e suas embalagens no rol de 27

produtos para os quais é obrigatória a implementação de sistema de logística reversa” .

6.2 - Ações governamentais para a retomada da atividade economica

Além das proposições legislativas especificas relacionadas aos termos de busca que utilizamos - “cadeia de suprimentos” e “logística” -, entendemos ser importante pesquisar sobre outras ações governamentais de âmbito socioeconômico, pois, mesmo indiretamente, impactam e se relacionam com os termos aos quais nos referimos anteriormente.

6.2.1- Ações do governo federal

Com relação ao governo federal, o mesmo anuncia em seu sitio na internet28, 3 programas de “Apoio e Auxílios Emergenciais”:

26

Disponível em https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/132454. Acesso em 04 jun. 2020. 27 Disponível em https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/127088. Acesso em 04 jun. 2020. 28 Disponível em https://www.gov.br/cgu/pt-br/coronavirus/governo-federal. Acesso em 23 jun. 2020.


38

(1) Auxílio emergencial, constituído de “Benefício financeiro destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados, com o objetivo de fornecer proteção emergencial no período da crise causada pelo coronavírus”;

(2)

Programa Vamos Vencer, que se constitui em medidas de apoio ao

setor produtivo, no qual o “Ministério da Economia publica informações oficiais e atualizadas aos empresários sobre o trabalho emergencial feito pelo governo federal. Medidas excepcionais e temporárias para manter empregos durante o estado de calamidade pública”;

(3)

Programa de manutenção do emprego e renda, que é um programa

emergencial que oferece “medidas trabalhistas para enfrentamento do estado de calamidade pública. O benefício poderá ser pago quando houver redução proporcional de jornada de trabalho e de salário; e suspensão temporária do contrato de trabalho”.

6.2.2 – Ações dos governos estaduais

No Brasil, para tentar conter a crise econômica 23 Estados e o Distrito Federal (DF) adotaram auxílios financeiros próprios, tais como linhas especiais de financiamento para microempreendedores, auxílios financeiros a estudantes, criação de Programas de Renda Mínima Temporária, vale-alimentação (OLIVEIRA, 2020). Além dos auxílios econômicos, alguns estados brasileiros implementaram medidas de incentivo ou auxílio fiscal, como a redução ou isenção de ICMS sobre bens essenciais, novos prazos para pagamento de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, suspensão de pagamento de impostos estaduais, etc (OLIVEIRA, 2020).


39

Baseado em balanço do Mapa Covid-1929, da Fundação Getúlio Vargas, com dados até 21/05/2020, Oliveira (2020) afirma que “em três meses, houve uma enxurrada de legislações, feitas para reorganizar a estrutura de ação do governo; e um processo de "desfederalização", com o fortalecimento de alianças regionais – com destaque ao Consórcio do Nordeste, que fundou um comitê científico sob coordenação do neurocientista Miguel Nicolelis”.

O Prof. Daniel Vargas (apud OLIVEIRA, 2020) da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas afirma que “o centro de gravidade do planejamento, execução e design de políticas públicas foi transferido para estados e municípios: houve descentralização do poder e governança. Estados estão formulando políticas e ações que têm impacto direto e real no funcionamento da economia, seja criando subsídios, ou dando apoio para que empresas não quebrem. Todos estados, praticamente todos, estão fazendo isso de forma deliberada e ativa".

Isso explica o grande volume de legislações – de estados e municípios -, feitas para reorganizar a estrutura de governo Segundo o balanço da Fundação Getúlio Vargas, “para frear a disseminação do coronavírus, 17 estados fecharam rodovias ou implementaram barreiras sanitárias”, outros estados bloquearam acesso a algumas cidades e 7 estados implantaram o lockdown, que é o “fechamento total de comércio e serviços, sendo mantido apenas atividades consideradas essenciais” (OLIVEIRA, 2020). Outra constatação desse estudo foi o fortalecimento dos consórcios interestaduais, destacando-se dentre eles o Consórcio do Nordeste (AL,BA, MA, PB, PE, PI, RN, SE). Esse consórcio interestadual além de ter criado um comitê cientifico para acompanhar a epidemia, também efetuou negociação para compras públicas de insumos médico-hospitalares (OLIVEIRA, 2020).

29

Disponível em https://www.mapacovid-19.com/. Acesso em 19 jun. 2020.


40

6.2.3 – Ações dos governos municipais

Nesta fase da pandemia, as ações de ordem socioeconômicas se concentraram junto ao governo federal e os governos estaduais. De acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 30, o Brasil possui 5.570 municípios, sendo que 1.253 têm menos de 5.000 habitantes (22%) e 1.197 têm entre 5.000 e 10.000 habitantes (21%). A tabela nº 1 a seguir mostra que a média de habitantes por município por estado varia de 11.019 (Tocantins) até 180.833 (Rio de Janeiro). A média geral de habitantes por município no Brasil é de 36.452 habitantes. Considerando essa média e os dados do IBGE, podemos constatar que 83% dos municípios tem população menor que essa média.

Tabela 1 - Quantidade de municípios e habitantes por estado

Posição Estado

1

Minas Gerais

Sudeste

2

São Paulo

Sudeste

3

Rio Grande do Sul Bahia

Sul

4

30

Região

Nordeste

Número Média de Número habitantes habitantes Municípios por por estado Município

853 20.989.259 645 44.744.199

24.606,40

497 11.290.773 417 15.271.073

22.717,85 28.174,60

69.370,85 36.621,28

5

Paraná

Sul

6

Santa Catarina

Sul

399 11.241.665 295 6.882.793

7

Goiás

Centro-Oeste

246

6.690.173

27.195,83

8

Piauí

Nordeste

224

3.212.374

14.340,96

9

Paraíba

Nordeste

223

3.995.541

17.917,22

10

Maranhão

Nordeste

217

6.945.547

32.007,13

11

Pernambuco

Nordeste

185

9.405.159

50.838,70

23.331,50

Informação disponível em https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9103-estimativas-depopulacao.html?=&t=resultados. Acesso em 19 jun. 2020.


41

12

8.964.526

48.720,25

3.473.266

20.798,00

144

8.261.031

57.368,27

Centro-Oeste

141

3.302.041

23.418,73

Tocantins

Norte

139

1.531.744

11.019,74

Alagoas

Nordeste

102

3.357.494

32.916,61

Ceará Rio Grande do 13 Norte 14 Pará

Nordeste

184

Nordeste

167

Norte

15

Mato Grosso

16 17 18

Rio de Janeiro Mato Grosso do 19 Sul 20 Espírito Santo

Sudeste

92 16.636.666 180.833,33

Centro-Oeste

79

Sudeste

21

Nordeste

Sergipe

2.680.759

33.933,66

78

3.966.360

50.850,77

75

2.264.606

30.194,75 64.457,02

22

Amazonas

Norte

62

3.996.335

23

Rondônia

Norte

52

1.786.220

34.350,38

24

Acre

Norte

22

815.545

37.070,23

25

Amapá

Norte

16

781.713

48.857,06

26 Roraima 514.594 34.306,27 Norte 15 Fonte: Wikipédia. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_estados_brasileiros_por_n%C3%BAmero_de_munic%C3%ADpios? veaction=edit&section=3. Acesso em 19 jun. 2020.

Esses dados permitem afirmar, sem a necessidade de nos delongarmos em mais detalhes, que o Brasil é formado por pequenos municípios, mas utilizando os mecanismos de busca na internet 31, não encontramos exemplos de planos de ação de politicas públicas de âmbito sócio econômico específicos para o enfrentamento das consequências da pandemia de covid-19 junto à esses municípios, motivando-nos, então, a buscar por experiências governamentais adotadas por municípios de pequeno porte em países que já superam a fase crítica da pandemia.

6.3 – Ações internacionais para a retomada da atividade econômica

Considerando que, conforme dissemos anteriormente, o Brasil pode ser considerado com um grande conjunto de pequenos municípios, apresentaremos na 31

Isso não significa que não existam municípios que tenham iniciado um processo de planejamento especifico e adequado à sua realidade para a retomada econômica.


42

sequencia, dentre as ações internacionais objetivando a retomada da atividade econômica com apoio e incentivo ao empreendedorismo local, uma experiência iniciada na cidade de Rovolon, região de Veneto, Itália, com a utilização das redes sociais que se destaca entre outras, até mesmo por sua aparente simplicidade e replicabilidade, conforme veremos a seguir. Rovolon tem aproximadamente 5 mil habitantes e durante a quarentena devido á pandemia de covid-19 iniciada no final de fevereiro deste ano, com todas as atividades econômicas fechadas e a população isolada, Castro (2020) afirma que um grupo de integrantes daquela localidade criou uma plataforma de engajamento comunitário por meio de uma página no Facekook para o projeto Smart School Veneto32 cujo objetivo inicial “era minimizar o impacto fechamento das escolas no aprendizado das crianças do município”. Rapidamente essa plataforma se tornou uma plataforma de conteúdo educacional, de saúde mental, de cultura e culinária até incluir os empresários locais, que tiveram oportunidade de mostrarem seus negócios (CASTRO, 2020). Renato de Castro (2020) diz que, após a criação da fanpage33 Smart School Veneto, houve uma “primeira resposta estruturada oficial à crise econômica gerada pela pandemia e foi dividido em três fases: alfabetização digital, marketplace digital e suporte econômico para as empresas locais e promoção do empreendedorismo”.

O projeto foi concebido para 3 fases, sendo as 2 fases iniciais com custo de cerca de R$ 30 mil - mediante o patrocínio de 2 empresas privadas. Castro (2020) diz que “apesar de não ter investido nas duas primeiras fases, a prefeitura teve papel fundamental na chancela e promoção do projeto”. Na primeira fase desse programa, voltada para os pequenos empresários do município foi criada a “Rovolon Digital Academy 34”, disponível na internet, inclusive

32

Disponível em https://www.facebook.com/scuolaintelligente/. Acesso em 19 jun. 2020. De acordo com André Siqueira, “as fanpages são espaços que reúnem pessoas interessadas sobre um assunto, empresa, causa ou personalidade em comum”. Disponível em https://resultadosdigitais.com.br/blog/como-criar-uma-fanpage-no-facebook/. Acesso em 19 jun. 2020. 34 Disponível em https://www.facebook.com/groups/221553559075015/. Acesso em 19 jun. 2020. 33


43

em outras mídias e redes digitais, com cursos rápidos de atualização e também de alfabetização digital (CASTRO, 2020) Na segunda fase “a ideia foi criar uma rede local de ajuda mútua”, por meio de um marketplace digital35 para incentivar a reabertura gradual da economia, com promoções das empresas do município. De acordo com Castro (2020), “disponível gratuitamente tanto para quem oferece, quanto para os consumidores por meio de uma parceria com a plataforma Billetto, da Dinamarca, as ofertas seguem uma lógica de eventos: precisam ter escopo, datas definidas e uma quantidade total préestabelecida por quem oferece os produtos e/ou serviços”.

O setor turístico-gastronômico foi o primeiro a aderir à plataforma tendo com resultado um crescimento nas vendas de mais de 400%. Castro (2020) afirma que “Atualmente, restaurantes, açougues, padarias, papelarias, produtores de vinho, lojas de calçados e serviços de jardinagem são algumas das atividades que estão disponíveis na plataforma e, em breve, elas poderão realizar as vendas e receber os pagamentos online também”.

Na fase 3, Renato de Castro (2020) relata que a prefeitura da cidade estabeleceu 4 ações principais para apoiar e incentivar o empreendedorismo local: a) Incentivo às novas empresas: Aberta inclusive àqueles não residentes no município, objetiva também retirar da informalidade outras atividades, tais como, babás e profissionais freelancers36 de serviços digitais. Além disso, “A prefeitura irá arcar com todos os custos de abertura e contabilidade de empresas individuais

simples,

chamado

de

regime

37

forfetario ,

equivalente

aos

MEI

De acordo com a Wikipédia, “é uma plataforma, mediada por uma empresa, em que vários fornecedores se inscrevem e vendem seus produtos. Essa plataforma funciona de forma que o usuário entre em determinado site e compre em mais de uma loja, pagando todos os itens juntos. Essa plataforma pode ser vista como várias vitrines de um shopping center”. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Marketplace. Acesso em 19 jun. 2020. 36 De acordo com a Wikipédia, “é o termo inglês para denominar o profissional autónomo que se autoemprega em diferentes empresas ou, ainda, guia seus trabalhos por projetos, captando e atendendo seus clientes de forma independente”. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Freelancer. Acesso em 19 jun. 2020. 35


44

(microempreendedor individual) no Brasil, durante os seus 12 primeiros meses e também garantirá os custos e gestão operacional para o fechamento da mesma em qualquer momento dentro de um ano, se necessário. A mensagem ao cidadão é simples: quer tentar um futuro diferente e apostar? Nós estaremos com você do início ao fim”;

b) Coworking38 Nessa ação a prefeitura prevê a inauguração no final de julho deste ano do primeiro espaço coworking 100% público e gratuito. Será um espaço físico “para trabalho com internet de alta velocidade e diversos programas de capacitação”; c) Apoio Financeiro Oferecidas por um banco regional serão disponibilizadas linhas de financiamento a “custo zero” para os novos negócios, sendo os juros pagos pela prefeitura; d) Parcerias Estratégicas Nessa fase do projeto, Renato de Castro (2020) afirma que a prefeitura está iniciando negociação para implementar algumas parcerias estratégicas. Um dos projetos é o Rovolon Summer Scholl que basicamente é uma escola de verão, durante as férias escolares, que tem como objetivo auxiliar as famílias residentes no município e gerar receita para as empresas locais e moradores desempregados.

37

Mais informações podem ser obtidas junto ao site https://www.agenziaentrate.gov.it/portale/web/guest/regime-forfetario-le-regole-2020-/infogen-regimeforfetario-le-regole-2020-. Acesso em 19 jun. 2020. 38 De acordo com a Wikipédia, “é um modelo de trabalho que se baseia no compartilhamento de espaço e recursos de escritório, reunindo pessoas que trabalham não necessariamente para a mesma empresa ou na mesma área de atuação, podendo inclusive reunir entre os seus usuários os profissionais liberais, empreendedores e usuários independentes”. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Coworking. Acesso em 19 jun. 2020.


45

6.4 – Experiências, técnicas e ferramentas para a gestão da cadeia de suprimentos objetivando o enfrentamento da pandemia de covid-19

Conforme dissemos no item 4.7.1, devido às ações para se evitar, minimizar ou retardar a disseminação da pandemia, é inevitável que disruptura que o coronavírus causa nas cadeias de suprimentos, produza custos, problemas e prejuízos para as empresas e a sociedade (IMPACTOS, 2020). Neste sentido, é necessário mitigar o “efeito chicote” (bullwhip-effect). Tal conceito, como explicado no item 4.2, está relacionado à variabilidade da demanda do consumidor e tem em vista que as oscilações de estoque em resposta às mudanças na demanda dos clientes tornam-se cada vez mais exageradas à medida que avançam na cadeia de suprimentos, conforme expressam os gráficos na figura a seguir:

Figura 4 – Efeito chicote

Fonte: Disponível em http://logisticadescomplicada.blogspot.com/2011/08/introducao-ao-efeito-chicotena-cadeia.html. Acesso em 07 jun. 2020.


46

Para Lee, Padmanabhan e Whang (2004 apud SANCHES, 2009, p. 11) as principais causas do efeito chicote são: “distorção da previsão, pedido em lote, flutuação de preços e a busca por impedir a falta de produtos”. Já para Paik e Bagchi (2007 apud SANCHES, 2009, p.11) “uma das principais causas do efeito chicote é a variação nos preços”. Para minimizar os impactos do efeito chicote, surge a necessidade de gerir, de forma coordenada, as empresas integrantes da cadeia de suprimentos. Conforme ensina o Prof. Orlando (IMPACTOS, 2020), existe também um conflito entre o Just In Time - JIT39 e a ruptura da cadeia de suprimentos na gestão de risco porque quanto mais se opera nesse sistema de administração de produção, nas chamadas cadeias puxadas, mais riscos se tem na questão da ruptura. Outra questão a ser considerada na gestão da cadeia de suprimentos é o gap no ciclo do pedido. Existe uma defasagem de tempo entre causa e efeitos e isso agrava o efeito chicote. Assim, quando se trabalha com problemas de ruptura, e sob a ótica da oferta, o Prof. Orlando (IMPACTOS, 2020) fornece as seguintes alternativas: (1) Aumentar o nível de estoque: ação, entretanto praticamente descartada para todas as empresas; (2) Montar Planos de Contingencias: como a Samsung, com fabricas em paralelo com capacidades diferentes que permitam uma certa mobilidade da produção com um leque de fornecedores capacitados. Já sob a ótica da demanda, a estratégia é tentar reduzir o nível de demanda existente, o que pode ser feito pela política de preços ou pela oferta de produtos similares, por exemplo. Algumas técnicas e ferramentas de supply chain management podem auxiliar nesse cenário, como o “System Dynamics”, que permite modelar relações

De acordo com a Wikipédia, “just In Time é um sistema de administração da produção que determina que tudo deve ser produzido, transportado ou comprado na hora exata. Pode ser aplicado em qualquer organização, para reduzir estoques e os custos decorrentes”. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Just_in_time. Acesso em 04 jun. 2020. 39


47

causais, simular cenários, interromper alguma operação e trabalhar melhor com a ruptura, montar planos de contingencia. Trata-se de uma abordagem interessante quando falamos ruptura cadeia global (IMPACTOS, 2020). Agora, do nível global para o nível local, o Prof. Orlando (IMPACTOS, 2020) afirma que devemos tratar do “Desabastecimento e da Logística Urbana” e inicia com a definição de “stock out”, que é o termo que se usa “para definir a falta de um produto no momento de demanda”. E quando se fala em stock out, o Prof. Orlando Fontes Lima (IMPACTOS, 2020) indica que se trabalhe com 3 aspectos: (1) Aumentar a visibilidade da cadeia, pois com isso de consegue uma compreensão melhor do que acontece na ponta e ameniza o “efeito chicote”; (2) Tentar modelar e fazer uma previsão de demanda mais ajustada, quinzenalmente ou semanalmente, por exemplo. Nos modelos clássicos, o normal, é a media anual, bimensal, a média móvel, ou seja, são modelos poucos sensíveis ao que estamos vivendo; (3) O terceiro aspecto é a entrega programada. Se o produto não é de necessidade básica imediata, pode-se muito bem tentar programar a entrega desse produto em uma semana ou um mês. Isso minimiza um pouco o problema do stock out. A tecnologia e os sistemas de informação são fortes aliados nesse momento. Além do stock out temos o last mile, o desafio da ultima milha. O Last Mile, também conhecido como “Última Milha”, é a entrega do produto ou serviço na casa da pessoa. Nesse caso, segundo o Prof. Orlando (IMPACTOS, 2020), temos aí dois problemas nesse momento: desabastecimento de alguns produtos, como álcool em gel e máscaras, bem como o de profissionais para a entrega. O delivery é uma soluções que tem se mostrado bem interessante para esse momento para o desafio da Last Mile..


48

Delivery é uma palavra em inglês que significa “entrega, distribuição e remessa”. Tendo se popularizado com o serviço de entrega de refeições, hoje atua em diversos segmentos, entregando uma quantidade variada de produtos, com a utilização de diversos meios de transporte (TRABUCO, s/d). Conforme a quarta edição da Kantar Thermometer, publicada em 09/04/2020, que trata dos “impactos do COVID-19 no consumo, mídia e marcas”, o delivery foi o serviço escolhido por 53% dos brasileiros na semana de 30/03 a 05/04/2020 e solicitado entre 2 a 3 vezes (GAMBARO, 2020). O grande aumento dos serviços de delivery está associado - e é consequência - do crescimento do e-commerce40 neste período de medidas restritivas para conter a pandemia. Ainda de acordo com a quarta edição da Kantar Thermometer, “54% consideram as compras on-line uma experiência mais positiva que compra em loja física” (GAMBARO, 2020). Outra solução adotada - ou que pode ser adotada - nesse momento, de acordo com o Prof. Orlando (IMPACTOS, 2020) é o pick up point. Também é outra estratégia para minimizar ou mesmo evitar o contato físico e não precisar entrar em supermercados ou estabelecimentos congêneres. Traduzidas literalmente, pick up points significam pontos de captação. Os pick up points, também chamados de pontos de retirada, ou ainda click & collect, são estabelecimentos físicos credenciados para funcionar como locais de entrega de encomendas adquiridas no e-commerce (CRISTOFOLINI, 2018). Essa é uma alternativa também para as lojas virtuais que não possuem espaço físico e podem firmar parcerias com outros estabelecimentos para a entrega de mercadorias e, inclusive, sua eventual devolução. Outro método de entrega de encomendas adquiridas por e-commerce são os lockers. Popular nos Estados Unidos, Japão e Europa, trata-se de um sistema de

De acordo com a Wikipédia, e-commerce, ou comércio eletrônico “é um tipo de transação comercial (com ou sem fins lucrativos) feita especialmente através de um equipamento eletrônico, como, por exemplo, computadores, tablets e smartphones. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio_eletr%C3%B4nico. Acesso em 17 jun. 2020. 40


49

armários inteligentes de autoatendimento, estrategicamente localizados em pontos fixos. Em geral os lockers funcionam 24 horas e o “consumidor pode optar por receber as entregas em locais convenientes, perto do trabalho, ou da faculdade, por exemplo” (ENTREGA, 2018). Assim esse método, assim como os pick up points são excelentes alternativas para o atendimento dos consumidores que estão localizados em regiões que não são atendidos pelas transportadoras (ENTREGA, 2018), bem como nesse momento de pandemia e integram o que se denomina de economia compartilhada ou de compartilhamento41. Interessante relatar também a inciativa do Enxuto Supermercados – que também poderia ser considerada como uma outra estratégia para enfrentamento da Last Mile -, para “facilitar as compras e proteger seus clientes durante o período de pandemia da Covid-19” inaugurou o serviço de drive-thru na cidade de Piracicaba, estado de São Paulo, onde oferece aproximadamente 6.300 itens (ENXUTO, 2020) Para vencer o desafio da Last Mile, pode-se mencionar ainda uma outra estratégia: a “logística por assinatura”. Hoje já se entrega produtos orgânicos, verduras e frutas, por exemplo, por assinatura. Mediante um contrato, de acordo com um perfil previamente definido, o cliente recebe periodicamente uma cesta de produtos previamente escolhidos. Entrega de vinhos, serviços de limpeza e cuidados pessoais, são outros produtos e serviços, respectivamente, que também usam esse processo de “assinatura” (IMPACTOS, 2020). De forma geral esse processo é vantajoso para o consumidor que tem o seu estoque renovado, como para o fornecedor que consegue fazer um planejamento mais dilatado da demanda (IMPACTOS, 2020). Tratando agora do que se pode chamar de “logística humanitária”, relacionada ao atendimento dos infectados, tem-se uma logística complexa de atendimento em razão do óbvio perigo de contaminação, além da falta de insumos e

De acordo com a Wikipédia, dentre outros significados, se refere ao “compartilhamento de acesso a bens e serviços com base em processos colaborativos”. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_compartilhamento. Acesso em 18 jun. 2020. 41


50

equipamentos, da inexistência - até o momento - de vacina e de um remédio para cura, bem como do congestionamento do sistema hospitalar (IMPACTOS, 2020). Nesse caso, o Prof. Orlando (IMPACTOS, 2020) recomenda algumas técnicas para se trabalhar com essa questão. Uma delas, utilizadas em Logística e em Supply Chain Management, é denominada de Yield Management ou gestão da oferta. A gestão da oferta ou Yield Management é “uma estratégia de preços variável, baseada na compreensão, antecipação e influência do comportamento do consumidor, a fim de maximizar as receitas ou lucros de um recurso fixo e limitado no tempo” (ALVES, 2019). As redes hoteleiras, as companhias aéreas, de aluguel de veículos e os hospitais usam essa técnica. É um tratamento da demanda, no qual se age sobre a mesma objetivando trazê-la para os níveis de capacidade da oferta, ou ainda, não propiciar uma defasagem tão grande na oferta. Em função da grande quantidade de variáveis que influenciam as curvas de demanda e oferta dessas empresas é necessário um adequado Sistema de Informações (SI), classificado nesse caso como Decision Support System (DSS) ou Sistemas de Apoio à Decisão (CASTRO et all, 2010). Basicamente existem 3 formas de fazer isso: (1) Uma delas é através da gestão de capacidade. Neste caso adotam-se medidas para aumentar a oferta, como ampliar os turnos de trabalho, por exemplo; (2) Outra forma é achatar a curva de demanda. Este objetivo pode ser alcançado por meio de politica adequada de preços, como fazem as empresas aéreas e os hotéis, aumentando os preços nos períodos de maior demanda e reduzindo nos outros períodos; (3) A terceira forma seria mudar a duração do processo. O Hospital-dia42, por exemplo, é um processo dinâmico no qual os hospitais procuram reduzir o tempo de

De acordo com a Portaria GM/MS nº 44, de 10/01/2001, “é a assistência intermediária entre a internação e o atendimento ambulatorial, para realização de procedimentos clínicos, cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na Unidade por um período 42


51

internação dos pacientes, ou seja, diminuir o tempo de permanência no hospital e aumentando o de índice de pacientes por leito/dia. Por fim, o Prof. Orlando (IMPACTOS, 2020) recomenda a aplicação de sistemas dinâmicos no setor da saúde, conforme trabalho de Janaina Antonino Pinto (2007) no qual se demonstra a importância da análise integrada das políticas de estoque (focando a disponibilidade de medicamentos) e de capacidade de atendimento (focando a disponibilidade de médicos). Para Forrester (1998 apud PINTO, 2007) “sistemas dinâmicos combinam teoria, métodos e filosofias para analisar o comportamento dos sistemas e possibilitam um melhor entendimento de como os eventos mudam através do tempo”. Para o mesmo autor (1998 apud PINTO, 2007, p. 53), um projeto de sistemas dinâmicos inicia-se com “um problema a ser resolvido, onde algum comportamento não está correto ou está desenvolvendo-se de forma indesejada. O primeiro passo para começar a solucionar este problema é coletar informações das pessoas. Durante a intervenção no processo, os estudos seguem a aplicação de estudos de caso. Após a descrição dos níveis de informação e o estabelecimento das relações entre elas, o próximo passo é a descrição de um modelo computacional. Os sistemas dinâmicos utilizam o controle de retroalimentação para organizar as informações dentro do modelo de simulação. O resultado da simulação revela as implicações comportamentais do sistema. Softwares computacionais são utilizados para simular sistemas de modelos dinâmicos de situações planejadas”.

Um aprofundamento da utilização dessa metodologia de sistemas dinâmicos ou Dinâmicas de Sistema, conforme indica o Prof. Orlando (IMPACTOS, 2020) pode ser feito com o estudo da tese de doutorado de Lars Meyer Sanches (2009).

máximo de 12 horas”. Disponível em https://www.saude.gov.br/atencao-especializada-ehospitalar/assistencia-hospitalar/hospital-dia. Acesso em 18 jun. 2020.


52

6.5 – Pesquisa semiestruturada

Como explanado anteriormente, o objetivo geral deste projeto de pesquisa é identificar, levantar e analisar os possíveis impactos, desafios e oportunidades da gestão da cadeia de suprimentos frente à pandemia de COVID-19. Além desse objetivo geral, na fase inicial e preliminar deste trabalho, planejava-se como objetivo especifico analisar um caso concreto, neste caso, os impactos junto à uma indústria do setor químico localizada no interior de São Paulo e havendo oportunidade, e se for o caso também, pretendia-se propor métodos e ferramentas para aprimoramento da gestão da sua cadeia de suprimentos. Neste caso, restrições impostas pela pandemia, obrigaram-nos, contudo a limitar ainda mais o escopo para, no caso da empresa, levantar tais impactos da pandemia e analisar apenas seu sistema de informações gerenciais. Assim, com o propósito de obtermos informações relacionadas ao escopo deste trabalho e aprofundando desta forma a pesquisa exploratória inicial – conforme leciona Gil (2008) -, enviamos um questionário com perguntas abertas para o responsável pela área de suprimentos de uma indústria química do interior do estado de São Paulo. Após o recebimento das respostas entendemos oportuno elaborar um segundo questionário com perguntas mais específicas ainda, entretanto, limitações impostas

pela

empresa,

direcionaram-nos

à

realização

de

duas

entrevistas

semiestruturadas. Assim, na sequencia, fazemos um pequeno histórico da empresa pesquisada mantendo a confidencialidade em relação nome da mesma e dos profissionais que participaram da pesquisa e, separadamente, evidenciamos as perguntas formuladas e as respostas recebidas tanto no questionário, quanto nas entrevistas.


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6.5.1 – Histórico da empresa

A empresa estudada, com sede no Estado de São Paulo, Brasil pertence ao setor industrial químico, atuando em diversos segmentos, entre eles alimentação humana; animal; tintas; borrachas; cosméticos; plásticos e ceras, num total de 60 produtos diferentes. Foi fundada em 1976, em Interlagos, na zona sul de São Paulo/SP, por um imigrante espanhol e após ser transferida para o interior de São Paulo em 1992, tornou-se uma das três maiores empresas de aditivos e ingredientes no Brasil, sendo a principal empresa nacional do segmento. A empresa possui um moderno laboratório de controle de qualidade, com equipamentos de alta tecnologia, com três galpões em áreas separadas, que somam 5 mil metros quadrados construídos, em uma área disponível de 12 mil metros quadrados. A fábrica tem capacidade para a produção de 12 mil toneladas anuais de aditivos e ingredientes, num regime de trabalho de três turnos de produção, contando com 190 colaboradores diretos e 10 indiretos. Durante os anos de 2015 e 2016, a empresa ampliou e modernizou suas instalações industriais, inaugurando a planta de hidrogenação, melhorando seus processos produtivos, adotou ainda novas políticas comerciais e marcou presença em todo o mercado nacional e junto ao Mercosul, exportando para o Uruguai. O investimento em tecnologia é uma política constante da empresa, que nos últimos cinco anos aplicaram R$ 10 milhões na modernização e ampliação de seu parque industrial. Desse total, R$ 4 milhões foram disponibilizados para aquisição da frota de caminhões, para transporte próprio. Tem representantes espalhados por todas as regiões do Brasil, e mantém um departamento comercial interno, o que faz com que sejam atendidas as demandas dos clientes, mantendo seu indicador de satisfação de clientes. O organograma da empresa, constante do Manual de Gestão de Qualidade, contempla uma área de “Suprimentos (supply chain)”, responsável (1) pelas compras de matéria-prima e insumos de produção, (2) pelo almoxarifado de matéria-


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prima e insumos, (3) pelo almoxarifado de produtos acabados e (4) pela logística e transporte. Essa área responde ao Diretor Executivo e este ao Diretor-Presidente (C.E.O.). A empresa conta com uma área de armazenagem de 1.000 m², onde a matéria-prima

e os produtos acabados são armazenados

em porta pallets

verticalizados, para atendimento de toda a demanda fabril, com suporte das áreas de suprimentos, produção e qualidade. Em 2017 a empresa alugou um galpão com área de 1.000m², na cidade de Jandira São Paulo, no qual ficam armazenados produtos acabados para atendimento dos pedidos de menor volume na grande São Paulo e região.

6.5.2 – Questionário aplicado

As perguntas enviadas neste primeiro questionário à empresa em questão foram:

1) Caracterização da empresa: a. Data de fundação: b. Cidade/Estado: c. Área/segmento de atuação: d. Área do imóvel: e. Área construída do complexo industrial: f. Numero de funcionários: g. Regime de trabalho:


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h. Faturamento anual médio: i. Numero de produtos fabricados: j. Volume total médio de produção mensal (litros, m3, tonelada): k. Outras informações: 2) A empresa exporta? Se sim, para quais países? 3) Quanto representa em % de seu faturamento anual, suas exportações? 4) Qual a origem das matérias-primas ou insumos utilizados na fabricação dos produtos? 5) O organograma da empresa contempla um departamento, setor ou área especifica para a gestão da cadeia de suprimentos? Se sim, é possível fazer um histórico de sua criação e evolução na empresa? 6) Com respeito à tecnologia da informação para suportar o processo logístico e de Supply Chain Management (SCM) qual(is) sistema(s) são utilizados pela empresa? Qual a avaliação do(s) sistema(s) utilizado(s)? 7) Quais medidas preventivas que sua empresa está tomando com relação em relação ao COVID-19? 8) Diante da situação do Coronavirus a nível global, quais os possíveis impactos na Produção /Operação de sua empresa e se também foram afetadas as importações de ingredientes ou insumos para sua produção e/ou distribuição? 9) Independente da origem das matérias-primas houve atraso na produção, embarques ou há qualquer risco que possa ocasionar ruptura no abastecimento de seus clientes? 10) Quais os impactos ou riscos previstos no seu negócio? 11) O que planejam fazer para mitigar os eventuais impactos e riscos? Este primeiro questionário foi respondido pelo responsável pela área de compras da empresa e devolvido em 05/06/2020.


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6.5.2.1 - Respostas ao questionário aplicado

A primeira pergunta do questionário enviado objetivava obter algumas informações da empresa pesquisada para caracterizá-la adequadamente, o que fizemos no item 6.3.1 – Histórico da Empresa. A segunda questão objetivava saber se a empresa exporta e, se sim, para quais países. A resposta foi: - “Sim, para os seguintes países Argentina; Uruguai, Bolívia, Paraguai, Colômbia e Chile”. A terceira questão, relacionada à segunda, pedia que fosse informado quanto essas exportações representam em relação ao seu faturamento anual. A resposta dada foi: - “30%” A quarta questão desejava saber do respondente qual é a origem das matérias-primas ou insumos utilizados na fabricação dos produtos. A resposta foi: -“Nacional de base vegetal (Soja, Palma, Mamona, Pinus e Carnaúba); base animal (Sebo Bovino) e base mineral (Hidrocarbonetos, óxidos)”. A questão nº 5 desejava saber se o organograma da empresa contempla um departamento, setor ou área específica para a gestão da cadeia de suprimentos e caso fosse afirmativa que se fizesse um histórico de sua criação e evolução. A resposta dada foi: -“Sim, contempla no organograma a gestão da cadeia de suprimentos, foi implementado para atender a compras de matérias-primas e insumos da produção; almoxarifado controlar a entrada e saída de matéria-prima, insumo e produto acabado; logística e transporte dar suporte ao comercial entregando os produtos nas datas acordadas com os clientes. Foi muito importante na certificação da empresa, no sistema de gestão da qualidade NBR ISO 9001.”


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A questão nº 6 indagava qual(is) sistema(s) e(são) utilizado(s) para dar suporte ao processo logístico e de Supply Chain Management. A resposta obtida foi: -“A empresa tem um sistema EURO, que está interligado com suprimentos, produção, almoxarifado e expedição. Porém está passando por adequação para melhorar seus controles”. A questão nº 7 desejava conhecer quais medidas preventivas que a empresa está adotando com relação ao COVID-19. A resposta foi: -“Estão suspensas por tempo indeterminado, todas as visitas à nossa Unidade Produtora. Estamos fornecendo aos nossos colaboradores, total apoio disponibilizando álcool em gel, mascaras e informando dos cuidados e da gravidade em casos de contágio, colaboradores considerados de risco estão trabalhando home Office.” A oitava questão desejava conhecer os possíveis impactos que a pandemia de covid-19 eventualmente tenha ocasionado na produção e/ou operação da empresa, bem como se foram afetadas as importações de ingredientes ou insumos para sua produção e/ou distribuição. A resposta foi: -“Houve uma queda em nossa produção, na ordem de 50% do faturamento da empresa, muitos clientes pararam suas operações ou diminuíram suas demandas, o mesmo ocorreu com os nossos fornecedores, que também tiveram uma queda de 50% do faturamento, com relação às importações de ingredientes ou insumos não foi afetada, devido estes serem de origem nacional.” A questão nº 9 perguntava se, independente da origem das matériasprimas, houve atraso nas produções, embarques ou há qualquer risco que possa ocasionar ruptura no abastecimento de seus clientes? A resposta dada foi: -“Sim houve, estamos com atrasos nas entregas das matérias-primas, principalmente para o setor industrial, os demais estamos sendo abastecidos.” A questão nº 10 desejava saber quais os impactos ou riscos previstos no seu negócio? A resposta foi:


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-“Diminuição de faturamento, demissões de colaboradores, não há risco de parar totalmente as atividades, devido atendermos os segmentos de nutrição animal e nutrição humana”. A décima primeira questão indagava se quais os planos para mitigar os eventuais impactos e riscos? -“Prevenir, tomando todos os cuidados no sentido de preservar a segurança de todas as pessoas envolvidas em nosso contexto operacional, além de determinar planos de contingencia para sustentação das nossas operações.”

6.5.3 – Entrevistas semiestruturadas

Com o objetivo de esclarecer melhor algumas respostas ao questionário aplicado, foram realizadas duas entrevistas semiestruturadas. A primeira, por telefone, com a empresa da área de informática responsável pelo sistema utilizado para dar suporte ao processo logístico e de Supply Chain Management, objeto da questão nº 6 do questionário aplicado e cuja resposta foi “sistema Euro”. A segunda entrevista, também por telefone, foi realizada com o DiretorExecutivo e por determinação deste, em função de alegar pouco tempo disponível, foi extremamente sucinta e limitada. As perguntas que orientaram a realização da primeira entrevista foram: 1) Quando foi iniciado o trabalho de implementação do sistema Euro na empresa? 2) Qual a função do sistema? Descrever como atua. 3) No caso do sistema ainda não estar totalmente implantado, qual o percentual de implantação?


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4) Quais áreas estão ou estarão integradas no sistema? As perguntas que orientaram a realização da segunda entrevista foram: 1) Qual sua avaliação do sistema Euro utilizado pela empresa? 2) Vê a necessidade de complementação desse sistema?

6.5.3.1 - Respostas à primeira entrevista

A primeira pergunta da entrevista objetivava saber quando foi iniciado o trabalho de implementação do sistema na empresa. A resposta dada foi: - “Aproximadamente 2 anos”. A segunda questão do roteiro da entrevista indagava qual função do sistema EURO e descrever como atua. A resposta dada foi: - “É um Software de Gestão Empresarial, ERP, e atua interligando os processos, facilitando o controle das operações. Está sendo implementado principalmente para área de controle financeiro, conforme informação do programador responsável”. Com relação à terceira pergunta, tinha por objetivo saber do respondente qual a porcentagem de implementação do atual sistema EURO. A resposta dada foi: -“80% (oitenta por cento)”. A quarta questão tinha como intenção conhecer quais as áreas da empresa estão ou estarão integradas. Como resposta, foi afirmado: -“Compras, Vendas, Financeiro, Contabilidade e Almoxarifado”.


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6.5.3.2 - Respostas à segunda entrevista

A primeira questão do roteiro de entrevista realizada com o DiretorExecutivo objetivava conhecer sua avaliação do sistema Euro implantado e utilizado pela empresa. A resposta foi: -“O sistema atende parcialmente as necessidades da empresa”. Em função da resposta dada, a segunda questão tinha intenção de saber se o executivo analisa a necessidade de complementação desse sistema. A resposta dada foi: -“Sim, com a implementação de um sistema de MRP II43, já solicitado à empresa de informática que nos dá assessoria, interligando as demais funções relacionadas ao planejamento de recursos de manufatura e outras, ainda neste ano de 2020”.

.

43

De acordo com a Wikipédia, MRP significa Planejamento das Necessidades de Materiais (do inglês, Material Requirement Planning). O MRP II (do inglês, Manufacturing Resource Planning), “tem em conta aspectos relacionados com finanças, compras e marketing”. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Material_Requirement_Planning. Acesso em 05 jul. 2020.


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7 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Já dissemos ao longo deste trabalho que as estratégias recomendadas pelas autoridades de saúde para o enfrentamento da pandemia de covid-19 trouxeram grande impacto das cadeias de suprimentos de diversos setores. O Prof. Orlando Fontes Lima, fala em “ruptura de cadeia de suprimentos”. E que nessa pandemia ele entende que na verdade temos um “problema mais de logística que afeta a saúde publica do que de saúde publica que afeta a logística” (IMPACTOS, 2020). A saúde pública pode de fato não afetar a logística como ela afeta a saúde pública, mas é inegável que a legislação afeta a logística. Assim, analisamos a seguir a produção legislativa no âmbito federal apresentada neste ano de 2020 e relacionada à “cadeia de suprimentos” e “logística”, sem a pretensão de se aprofundar e esgotar o assunto, dado os limites deste trabalho. Na sequencia, analisamos as ações governamentais para a retomada da atividade econômica, as ações internacionais – limitada ao exemplo da cidade de Rovolon, na Itália e depois o caso da empresa.

7.1 – Proposições legislativas em tramitação

Na pesquisa realizada em 04/06/2020 junto ao site da Câmara Federal e do Senado encontramos um total de 266 projetos em tramitação relacionados à “cadeia de suprimentos” e à “logística”. Desses, 48 foram apresentados neste ano de 2020 e 35 deles relacionados à situação de calamidade pública originada em razão da pandemia de covid-19.


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Os projetos relacionados à calamidade pública tratam de ações emergenciais nas áreas de saúde, politica e administração pública, trabalho, cidades e transportes, dentre outras. Não encontramos projetos que criem incentivos ou regramentos especiais relacionados à “cadeia de suprimentos” ou à “logística” – os 2 termos de busca que utilizamos -, para este período da pandemia, entretanto, encontramos alguns projetos interessantes que afetam a “cadeia de suprimentos” e à “logística”, e que valem a pena ser registrados, tais como: O PL-1888/2020 de autoria do Deputado Federal Ricardo Silva que trata da regulamentação de compras governamentais; PL 2427/2020, de autoria do Deputado Federal Marcelo Brum, que “Institui a Política Nacional de Incentivo à Motorização Elétrica Agrícola”; PL 256/2020, de autoria do Deputado Federal Rubens Otoni, que “Estabelece, no âmbito da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a obrigatoriedade de recolhimento e destinação ambientalmente adequada de vasilhames plásticos de refrigerantes, água mineral, sucos e outras bebidas”; PL 2601/2020 de autoria do Deputado Federal Marcelo Freitas, que “torna obrigatória, em todo território nacional, a coleta e destinação final, pelos revendedores, fabricantes ou produtores, de bebidas em embalagens de vidro não retornáveis, conhecidas como long necks, na forma que especifica”; O PLS 93/2018, de autoria da Senadora Rose de Freitas, que “Altera a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, para determinar que os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos industrializados sejam obrigados a estabelecer sistemas de logística reversa e reciclagem no prazo de cinco anos”; E o PLS 375/2016, de autoria do Senador Paulo Rocha, que “Altera a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências, para inserir medicamentos de uso humano e suas embalagens no rol de produtos para os quais é obrigatória a implementação de sistema de logística reversa”.


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7.2 - Ações governamentais para a retomada da atividade economica

Com relação às ações governamentais de âmbito socioeconômico para o enfrentamento da pandemia, o Mapa Covid-19, da Fundação Getúlio Vargas (OLIVEIRA, 2020) demonstra o protagonismo dos estados frente ao governo federal, citando um processo de “desfederalização” e fortalecimento de alianças regionais. Essa transferência do processo de planejamento da elaboração das políticas públicas de enfrentamento às consequências socioeconômicas originadas em razão da pandemia de covid-19 do governo federal para estados e municípios surge então da aparente inercia do governo federal nesse quesito. Entretanto, em que pesem as louváveis iniciativas dos governos estaduais em geral, as limitações constitucionais para legislar nessa área impostas pelo sistema federativo brasileiro aos estados e o ineditismo da situação, os mesmos só conseguem implementar medidas de compensação paliativas – mas necessárias, diga-se de passagem. Com respeito às politicas públicas municipais para a retomada da atividade econômica não encontramos exemplos para citar neste trabalho. Importante ressaltar que em função da grande quantidade de municípios brasileiros (5.570) e das limitações deste trabalho, a pesquisa não foi exaustiva, estando sujeita a falhas, portanto. De outro lado, como ainda estamos vivendo o período critico da pandemia, no qual as ações na área de saúde e de preservação da vida continuam sendo prioritárias, os governos – em sua maioria, tudo indica – direcionam todos seus esforços para esse objetivo. Assim, muito provavelmente a partir deste momento – quando finalizamos este trabalho -, os municípios podem enfim estar iniciando o processo de planejamento e implementação dessas politicas de recuperação econômica.


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7.3 - Ações internacionais para a retomada da atividade economica

Dado o escopo do presente trabalho limitamo-nos a buscar uma experiência que pudesse ser facilmente replicada e se transformar numa politica pública voltada ao grande numero de pequenos municípios brasileiros. Foi o caso do projeto iniciado no final de fevereiro deste ano numa cidade da região de Veneto, na Itália. Trata-se da cidade de Rovolon, com 5 mil habitantes aproximadamente. O projeto relatado por Renato de Castro (2020), composto de 3 fases é voltado para as pequenas empresas e tem baixíssimo custo. Pode ser adaptado rapidamente e suportado pela maioria dos 5.570 municípios brasileiros. De acordo com o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 44, o Brasil possuí mais de 6 milhões de pequenos negócios – pequenas empresas (MPE) e microempreendedores individuais (MEI) – e as pequenas empresas respondem por mais de 50% dos empregos com carteira de trabalho assinada. Considerando a grande quantidade de pequenas empresas no Brasil e sua importância na geração de empregos, esse projeto implementado em Rovolon pode ter em nossos pais um alcance e benefícios ainda maiores.

7.4 – Análise da pesquisa semiestruturada

Com base nas respostas ao questionário aplicado e encaminhado ao setor de suprimentos, verifica-se que a empresa exporta para 6 países da América do Sul e que esse volume de vendas corresponde, em média, a 30% do faturamento da empresa. A matéria-prima para fabricação dos produtos é nacional, mas não conseguimos informação sobre os locais de fornecimento.

44

Informação disponível em https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/sebraeaz/pequenosnegocios-em-numeros,12e8794363447510VgnVCM1000004c00210aRCRD. Acesso em 05 jul. 2020.


65

A empresa informou inicialmente que tinha um sistema para dar suporte ao processo logístico e de Supply Chain Management e estaria “passando por adequação para melhorar seus controles”. Reconhece a importância de ter sido certificada “no sistema de gestão da qualidade NBR ISO 9001”. Ocorre

que

informação

posterior,

da

empresa

responsável

pela

elaboração e implementação do sistema, constatou-se, que o sistema implantado – na verdade em implantação – seria um ERP – Enterprise Resource Planning, ou seja, um sistema integrado de gestão empresarial, com 80% dele implementado e voltado inicialmente para a área de controle financeiro. Ao final do serviço contratado junto à empresa de informática o sistema deverá integrar as áreas de “compras, vendas, financeiro, contabilidade e almoxarifado. De acordo com o Prof. Dr. Kleber Rocha de Oliveira, ERP “É uma arquitetura de Sistemas de Informação que fortalece a gestão de recursos e o fluxo de informações entre todas as atividades da empresa, tais como: Produção, Logística, Finanças, Recursos Humanos etc. Pode ser definido como um conjunto de programas ou softwares integrados que gerenciam as operações essenciais para o negócio de uma organização inteira, independente da complexidade e demandas. ” (SISTEMAS, 2019).

O Diretor-Executivo afirma que o sistema atende parcialmente as necessidades da empresa e já solicitou a complementação do mesmo com a implantação de um sistema de MRP II, ainda neste ano de 2020. O MRP II – Manufacture Resource Planning, é uma evolução do MRP – Material Requirements Planning e é definido “como um plano global que envolve planejamento e monitoramento de todos os recursos de uma empresa de produção, determinando como esses recursos serão gerenciados” (SISTEMAS, 2020) A essência do MRP é obter o material correto, na quantidade exata, no lugar certo e no momento exato e o MRP II definir como esses recursos produtivos serão gerenciados (SISTEMAS, 2019). A instalação do MRP II pressupõe a existência do MRP e tudo indica que a empresa pesquisada ainda não dispõe deste último sistema. Com relação ao covid-19 a empresa informa que adotou medidas preventivas para preservar a segurança de todas as pessoas envolvidas no contexto


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operacional, manter a produção e mitigar riscos, inclusive de “determinar planos de contingencia para sustentação das nossas operações”, sem entretanto detalhá-las. Diz também, que – na data de entrega das respostas ao questionário, 05/06/2020 - teve queda de 50% no faturamento em razão da diminuição do volume de vendas. Informa ainda que houve atraso na entrega das matérias-primas. A empresa resume os impactos ou riscos para a empresa em razão da pandemia de covid-19 em diminuição do faturamento e demissão de colaboradores.


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8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na visão de diversos autores, dentre eles Castell (apud TAVARES, 2004), nas últimas décadas “convivemos com uma nova economia, permanentemente em transformação”, que o autor chama de “informacional e global”. A tendência da humanidade em avançar para a globalização, com a inexistência de limites geográficos para as atividades de produção, consumo e circulação e sua característica de integração, de acordo com Lacombe e Heiborn (2003), traz vantagens e riscos. Podemos dizer que a rapidez com que a epidemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavirus se transformou numa pandemia é um desses riscos, sem falar nas diversas outras consequências e impactos negativos. Como já dissemos, os impactos negativos mais evidentes são o aumento da desigualdade social e a recessão. Com respeito às ações governamentais para a retomada da atividade econômica constata-se o protagonismo dos governos estaduais, ressentindo-se, entretanto de medidas mais efetivas por parte da União e do necessário envolvimento e colaboração dos municípios no planejamento e implementação de politicas públicas efetivas de recuperação econômica. Considerando que o Brasil possui um grande número de pequenos municípios e de pequenas empresas, trouxemos a experiência da cidade de Rovolon, na Itália, de baixo custo e que pode ser replicada com as adaptações e aperfeiçoamentos necessários. Mas a pandemia afetou drasticamente também a logística e a gestão da cadeia de suprimentos (supply chain management). Quando se analisa a atuação governamental, inicialmente no nível federal com relação à projetos de lei de apoio, incentivo ou mesmo regulatórios para a área de cadeia de suprimentos e logística, não encontramos nenhum projeto especifico para esse momento da pandemia.


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Na pandemia, o Prof. Orlando Fontes Lima (IMPACTOS, 2020) leciona que a logística e o supply chain management, conforme já explanamos, enfrentam três grandes desafios: (1) a ruptura da cadeia de suprimentos, (2) a logística urbana e o desabastecimento das cidades e (3) o tratamento específico da “Logística Humanitária”. Para mitigar os custos, problemas e prejuízos que o coronavirus causa nas cadeias de suprimentos e minimizar o “efeito chicote” (bullwhip-effect) é necessário uma gestão coordenada das empresas que a integram. E nesse caso, é indispensável a escolha e utilização de tecnologia e de sistemas de informação adequados. Na verdade é necessário avançar para a ”Indústria 4.0” Assim, percebem-se oportunidades de crescimento e expansão na demanda por serviços de implantação de sistemas de informação, especialmente aqueles que o Prof. Kleber Rocha de Oliveira (SISTEMAS, 2019) classifica de “sistemas de informação econômicos ou sistemas de informação gerenciais ou empresariais”, como: enterprise resources planning (ERP); material requirements planning (MRP); manufacturing resources planning (MRP II); supply chain management (SCM); warehouse management system (WMS); datawarehouse / datamining (DW); customer relationship management (CRM). A implantação de um sistema de gestão empresarial, que pode ser feita parcial e gradativamente, traz efetivamente vários benefícios para a empresa, dentre eles: a diminuição dos custos das etapas, a possibilidade de enxugamento da máquina produtiva, alinhamento estratégico, reengenharia de processos obsoletos, dentre outros (SISTEMAS, 2019). Quando se pensa no varejo e no desafio da última milha (last mile), além do aumento dos serviços de delivery, o Prof. Orlando Fontes Lima (IMPACTOS, 2020) vê oportunidades de crescimento da demanda por de pick up points, também chamados de pontos de captação ou de retirada, ou ainda click & collect, que, como explica Cristofolini (2018), são estabelecimentos físicos credenciados para funcionar como locais de entrega de encomendas adquiridas no e-commerce, bem como dos lockers -. sistema de armários inteligentes de autoatendimento.


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As restrições impostas pela pandemia e as medidas preventivas adotadas pela empresa objeto de nossa pesquisa para proteção dos colaboradores e garantir a produção impediram um levantamento de informações mais completo, porém os elementos colhidos demonstram que a mesma não dispõe de sistemas de informação adequados para auxiliar no processo de tomada de decisão, mas percebendo e reconhecendo agora sua utilidade e necessidade está providenciando sua implantação. Considerando as limitações comentadas anteriormente, entendemos que seria recomendável um aprofundamento ulterior deste projeto de pesquisa. Finalmente, o que nos conforta, de certa forma, é a certeza de que superaremos essa fase e ficarão as lições aprendidas. Nas palavras de Stephen J. Gould (apud TAVARES, 2004), “a história da vida (...) é uma série de situações estáveis, pontuadas em intervalos raros por eventos importantes que ocorrem com grande rapidez e ajudam a estabelecer a próxima era estável”.


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