ABRIL/MAIO DE 2021
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ANO 02 03 N°08 N°15 FEVEREIRO\MARÇO ABRIL/MAIO DE 2021DE 2020
Diretoria APM-Mogi (Triênio 2020/2023) Presidente: Carlos Eduardo Godoi Marins Vice - Presidente: Alex Sander José Miguel 1º Tesoureiro: Zeno Morrone Junior 2º Tesoureiro: Thiago Veras Pinto Pires 1º Secretário: José Shiro Higashi 2º Secretário: André Luiz Pupo Diretora da Sede Associativa: Pwa Tjioe K. Tjim Diretor Científico: Antonio dos Santos Taveira Filho Diretor Cultural: José Carlos Melo Novaes Diretor de Comunicação: Guilherme Augusto Rodrigues do Prado Diretor Associativo: Pwa Kiong Ping Diretor Defesa Profissional: Carlos Eduardo Amaral Gennari Delegado: Abdul Kader El Hayek Delegado: Péricles Ramalho Bauab Conselho Fiscal 1º Conselheiro: Julio Batista Cota Pacheco 2º Conselheiro: Alexandre Netto 3º Conselheiro: Anderson Wei Y Pwa Suplentes: Flávio Isaías Rodrigues, Fabricio Issamu Mochiduky e Carlos Alberto Gallo
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FEVEREIRO/MARÇO DE 2020
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ESTUDO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE INDICA QUE VACINAS APRESENTAM EXCELENTE PERFIL DE RISCO X BENEFÍCIO
om a campanha de vacinaCcurso, ção contra a Covid-19 em a Secretaria de Vigilân-
cia em Saúde do Ministério da Saúde iniciou um estudo observacional descritivo sobre os eventos adversos pós-vacinação (EAPV) – que podem ou não ter relação com o uso de vacina. A primeira análise publicada corresponde às notificações recebidas entre 18 de janeiro e 18 de fevereiro, em todo o Brasil. Ao todo, foram notificados 20.612 casos suspeitos de efeitos adversos – 20.181 não graves e 430 graves. As queixas partiram mais das mulheres (84%). Entre as complicações mais simples, foram mais afetados os indivíduos entre 30 e 39 anos, enquanto os efeitos graves foram mais percebidos 4
nas faixas etárias acima de 70 anos. Segundo a análise, a cada mil vacinados, 1,7 apresentou cefaleia, 1,4 dor, 0,9 mialgia e 0,8 pirexia (febre). Dentre os casos graves, 139 registros evoluíram para óbitos. Após avaliação, o Ministério da Saúde classificou 70% deles como inconsistentes ou coincidentes – ou seja, ocorreram por condições preexistentes ou emergentes causadas por outros fatores e não por vacinas. Os demais casos (30%) estão com informações incompletas e a pasta aguarda os dados para seguir com a investigação. “Os EAPV notificados, em sua maioria, foram classificados como não graves e ocorreram no sexo feminino. [...] É necessário e imprescindível que os relatos de
EAPV sejam apreciados e analisados numa perspectiva adequada, sabendo-se que muitos deles consistem em associações temporais em que as vacinas muitas vezes não são as responsáveis, pois uma grande frequência de quadros infecciosos e em portadores de doenças crônicas na população em geral acontece sem ou com vacinação”, diz o boletim. O Ministério da Saúde seguirá monitorando a ocorrência de efeitos adversos com as vacinas contra a Covid-19 administradas no País. Na avaliação da pasta, até o momento, os dados indicam que essas vacinas apresentam excelente perfil de risco x benefício, com alta probabilidade de impacto positivo na saúde da população brasileira.
BRASIL REGISTRA MAIS DE 66 MIL CASOS DE TUBERCULOSE EM 2020
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o ano passado, o Brasil registrou 66.819 ocorrências novas de tuberculose, com um coeficiente de incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. A infecção, que afeta principalmente os pulmões, deixa o estado brasileiro entre os 30 países de alta carga para a doença bacteriana. Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, divulgados neste mês de março de 2021. Embora tenha sido observada uma constante queda entre 2011 e 2016, houve um aumento importante no coeficiente de incidência entre os anos de 2017 e 2019. Em relação ao sexo, foram registrados 46.130 (69%) casos em homens, com maior prevalência em etnia preta/parda, com variação de 60,2%. Por estados, Rio de Janeiro, Amazonas e Acre apresentaram os maiores coeficientes,
acima de 51 casos por 100 mil habitantes. As populações mais vulneráveis ao adoecimento, de acordo com o levantamento, são pessoas privadas de liberdade (de 5.860 a 8.978), imigrantes (de 335 a 542), em situação de rua (de 1.689 a 2.071) e profissionais da Saúde (de 837 e 1.043), no período de 2015 e 2020. Em 2019, foram notificadas 4.532 mortes (2,2 óbitos por 100 mil habitantes) em decorrência da infecção. O boletim informa ainda que a proporção de cura dos casos confirmados em laboratório foi de 70,1%, em 2019. O estado do Acre foi o que registrou maior percentual de cura, com 89,2%. Por outro lado, Amapá, Rondônia, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Espírito Santo foram os estados que apresentaram percentuais de cura abaixo do percentual nacional.
PANDEMIA DE COVID-19 Os indicadores apontaram uma queda de 16% nas notificações de casos de infecção em 2020, em comparação com 2019. “Ainda não se sabe como a Covid-19 pode ter influenciado na gravidade da doença, ou se a alteração desses indicadores seria o reflexo de aspectos operacionais, como sobrecarga dos sistemas de saúde, com impacto, sobretudo, na qualidade dos dados”, considera o boletim. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em 2019, aproximadamente 1,4 milhão de pessoas morreram devido à tuberculose e cerca de 10 milhões de pessoas desenvolveram a doença naquele ano, porém, cerca de 3 milhões não foram diagnosticadas ou não foram oficialmente notificadas às autoridades nacionais. O último relatório, divulgado em outubro de 2020, mostra que o acesso aos serviços de saúde continua a ser um desafio, principalmente em tempos de pandemia.
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A RELEVÂNCIA E A URGÊN Por José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação Paulista de Medicina, e Álvaro Nagib Atallah, diretor de Economia Médica e Saúde Baseada em Evidências da APM
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a última terça feira, 23 de março (391º dia da pandemia de Covid-19 no Brasil), nos deparamos com a tragédia sanitária de 298.676 mortes, que agora se sucedem a uma média móvel de 2.364 ao dia, sob um índice de isolamento de 43% no estado de São Paulo. São contados mais de 10 milhões de sobreviventes e estimados mais de 1 milhão de pacientes em acompanhamento. Desconhecemos o número dos que contraíram a doença e são assintomáticos, o que dificulta a estimativa real da letalidade desta doença. Se considerássemos apenas os diagnosticados, teríamos 298.676 (mortes) x 100 / 12.130.019 (casos confirmados), o que resultaria em uma taxa de letalidade de 2,46%. Vários outros fatores trazem incertezas a esta estimativa: o número de assintomáticos, provavelmente é muito maior que o de diagnosticados (5 a 7 assintomáticos para cada sintomático); a subnotificação dos casos é maior que a subnotificação das mortes; e as mortes pós-tratamento (provavelmente associadas a outras causas, mas fortemente influenciadas pela Covid-19) - estima-se, por exemplo, que 25% dos egressos do tratamento intensivo venham a falecer nos meses subsequentes à internação.
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Consideradas as informações acima, talvez não seja irreal estimar que mais 50 milhões de brasileiros tenham sido infectados, isso ao custo exorbitante de quase 300 mil mortes. Tem-se daqui a sombria perspectiva de chegar a um milhão delas, caso a situação permaneça inalterada ao longo do ano. MAS, AGORA TEMOS VACINAS...
Vivemos o 65º dia de vacinação no Brasil, tendo sido parcial (apenas uma dose) ou plenamente imunizados (as duas doses das vacinas aqui disponíveis – Coronavac e Oxford) 15.062.160 cidadãos brasileiros – 3.627.039 deles já com a segunda dose -, em um ritmo ainda incerto de vacinação, muito dependente da disponibilidade de vacinas.
Considerando o ritmo médio de vacinação atual, que resulta em 55.800 plenamente imunizados ao dia, vacinar todos os 210.000.000 de brasileiros ultrapassaria 10 anos (3.763 dias). Não seria, talvez, necessário vacinar todos nós para interrompermos o curso da pandemia. Sem considerar diferenças na eficiência das vacinas disponíveis, para a interrupção da pandemia, acredita-se que a imunidade coletiva (“rebanho”) abrangendo 70% da população (147 milhões) possa ser suficiente. No entanto, ainda estaríamos distantes mais de 7 anos da situação desejada. Há que se ter em mente que 24,2% da população brasileira está compreendida na faixa etária de 0 a 17
NCIA DO CONFINAMENTO CHEGAREMOS LÁ...
A Fiocruz e o Butantã vêm acelerando expressivamente sua produção. Há outras fontes em prospecção e, talvez em abril, a disponibilidade de vacinas não seja fator limitante no processo de imunização de nossa população. Mas não será admissível aguardar mais um ano sem outras medidas. Ao ritmo de mais de 2.000 mortes ao dia, em menos de 6 meses, mais que duplicaremos o número de vidas ceifadas. É mais que evidente a necessidade de ações efetivas voltadas à redução do contágio. O confinamento nos parece sacrifício absolutamente emergencial. Muito recentemente, Portugal, Inglaterra e a nossa Araraquara, demonstraram-no.
anos, portanto, excluída desta fase da vacinação. Mesmo correndo risco menor de adoecerem com maior gravidade (fato que é posto em dúvida com novas variantes), jovens contagiam-se e contagiam em extensão que não pode ser desprezada. Cumpre incluí-los no programa de imunização. O que significa esperar? Quanto mais tempo se dá ao Sars-Cov-2 para multiplicar-se, maior o risco de variantes determinantes de doença mais graves, ou não preveníveis com as vacinas desenvolvidas para as cepas atuais. Se as vacinas correntes demonstraram ser capazes de reduzir a incidência de doença sintomática, restam dúvidas sobre a capacidade que teriam de impedir o contágio.
Ao longo do tempo, os imunizados tendem a relaxar atitudes preventivas, como distanciamento e máscaras. A ampliação do número de contatos e da exposição decorrente deste comportamento tenderá a facilitar a manutenção da pandemia. Entretanto, se o ritmo atual de vacinação é extremamente lento, houve dias em que se vacinou além de 360.000 pessoas, e isso nos dá ideia da capacidade de imunização do Brasil, caso as vacinas não fossem o fator limitante. À época da gripe, chegou-se a vacinar 1 milhão de brasileiros ao dia8, o que, se repetido para o Sars-Cov-2, nos traria a solução em menos de 5 meses. Pois é este o ponto de partida para chegarmos onde queremos.
Ano passado, vimos que a redução de 12% do índice nacional de isolamento social aumentou em cerca de 50% o número de casos10. De maneira oposta, não nos seria possível reduzir significativamente esta mortandade com um índice de isolamento de 60% ou mais? Em outras palavras, um lockdown levado a sério. Gostaríamos tanto de ver o ministro da Saúde, governadores e prefeitos, todos ocupados em busca das vacinas e de sua aplicação ... Gostaríamos de vê-los de máscaras, implorando à população o dever cívico e humanitário do isolamento... Gostaríamos de ver cada brasileiro exigindo: “Onde estão nossas vacinas?!”. Estamos confinados, nos oferecendo em sacrifício, defendendo a nossa vida e as dos nossos semelhantes, aguardando por elas!
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TRATAMENTOS COM CANABINOIDES SÃO UM DOS DESTAQUES DO II CONGRESSO PAULISTA DE DOR Camara também aponta que quanto menos evoluído o óleo, como o full-spectrum, mais efeito terapêutico tem, além de ser mais barato. Em relação a estes, os sintéticos são muito caros, exemplificou. “Outra coisa: por falamos de plantas, de fitoterápicos, temos que ter análise laboratorial que dê segurança na prescrição, mostrando como é feito, se não há metal pesado ou contaminante. Isso tem de ser feito a cada safra. Em todos os frascos prescritos pelo médico têm que ter essa avaliação, com perfil completo de canabinoides e outras informações”, completou o palestrante.
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o último dia 27 de março, após três dias de intenso debate científico, foi encerrado o II Congresso Paulista de Dor, organizado pela Associação Paulista de Medicina. Ao longo da programação, foi debatida a relação da dor com temas como ondas de choque, hipnose, psiquiatria, acupuntura, reumatologia, pediatria, endocrinologia e outros aspectos interdisciplinares. Entre os simpósios do último dia, chamou atenção o oferecido pela Biocase, cujo tema foi “Introdução ao uso dos canabinoides no tratamento da dor”. Quem primeiro conduziu a mesa foi Fernão Soares de Oliveira, que abordou o sistema endocanabinoide dos seres humanos. Segundo o especialista, as pesquisas neste tema ficaram robustas a partir de 1988, quando foi localizada uma sequência proteica de RNA, em que se encontrou o sítio de localização de canabinoides. Mais para frente, eles foram clonados por reação de polimerase e assim encontrados os receptores CB1 e CB2. “Com a acurácia alcançada, conseguimos ver quão robusto é esse sistema, até comparando a receptores de benzodiazepínicos e de dopamina do estriado e glutamato. Isso mostra a importância do endocanabinoide.” Conforme Oliveira, o avanço das pesquisas mostrou que o CB1 foi localizado em gânglios da base em região motora e em tecidos como o fígado, o pâncreas, o pulmão e o útero. Já o CB2, predominantemente, foi encontrado em tecido periférico, no sistema imunológico e no sistema nervoso central (hipocampo, bulbo olfatório, córtex, tálamo e mesencéfalo). “É interessante pensarmos que a nossa terminação nervosa livre é silente e só responde fisiologicamente à dor a partir de um estímulo – uma picada ou corte. O sistema endocabinoide é da mesma forma. Você vê pacientes com Alzheimer ou doença de Huntington com sistema ativado e aumento de
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expressão de receptor e de canabinoides sob demanda”, completou o palestrante.
SEGURANÇA DO USO
A seguir, Cesar Camara entrou em alguns aspectos da segurança do uso de canabinoides. Antes, ele lembrou que essas substâncias quase não estão presentes nas flores da cannabis, se concentrando, sobretudo, nas folhas. O palestrante também resumiu a situação destes produtos no Brasil atualmente. “Desde 2014, podem ser adquiridos por importação direta, de maneira virtual e legalizada, com regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. As empresas pedem a foto da receita e o contato dos pacientes. E, em breve, vamos ter produtos fitoterápicos nas farmácias. Hoje, o que estão nessas lojas são produtos sintéticos da indústria farmacêutica tradicional, que seguem a legislação brasileira de drogas.” Tratando sobre a segurança do uso dos canabinoides, Camara ressaltou a necessidade de o médico saber exatamente o que está prescrevendo. “Não falo sobre sintéticos, esses têm bulas para serem seguidas. Mas dos fitoterápicos ou fitofármacos, pois são diferentes a cada safra, a cada solo e a cada manipulação feita.” O processo mais ecológico de produção destes é a extração com CO2 supercrítico – quando a substância entra em um estado que não é nem sólido, nem líquido. Torna-se uma espécie de pasta amarela que contém o óleo e a cera da folha de cannabis. O óleo, obtido após a diluição da cera, é filtrado e se chega ao produto, com todos os canabinoides e demais substâncias da planta. “Esse é o óleo full-spectrum. Podemos tirar, destilar, filtrar e isolar componentes dele. Quanto mais fizermos, mais distante do full-spectrum estaremos. Há as categorias broad-spectrum, pure (ou isolados) e os sintéticos. O maior efeito terapêutico, porém, como vemos claramente no tratamento de sintomas, está no full-spectrum.”
TEMA ATUAL Os canabinoides já haviam sido discutidos no primeiro dia do evento, em simpósio da Green Care que foi considerado um dos destaques da programação do II Congresso Paulista de Dor. Na ocasião, Caio Rondon focou no uso das substâncias para manejo da dor crônica. “Os canabinoides se envolvem nas funções do metabolismo, do apetite, do humor, da ansiedade, do sono e da percepção e modulação da dor. Estes quatro últimos são sintomas que acompanham a dor crônica, a fibromialgia e as dores neuropáticas”, introduziu o palestrante. Segundo a aula, os receptores de canabinoides, o sistema endocanabinoide e as enzimas que controlam a sua síntese e degradação estão nos múltiplos níveis nas vias da dor: supramedular, medular e periférica. Ou seja, atuam em todo o neuroeixo da dor. Rondon explicou que, atualmente, as evidências científicas mostram que, em moldes pré-clínicos com roedores, a ativação dos receptores canabinoides, a partir do uso das substâncias, reduziu a dor inflamatória neuropática e crônica. “Em um modelo bem estabelecido de lesão neuropática ou de dor neuropática, o tratamento com canabidiol em sete dias normalizou a neurotransmissão serotoninérgica, reduziu a alodínia mecânica e diminuiu a ansiedade. Sabemos que a partir do sétimo dia, tem efeito. Não falamos para os pacientes para não gerar a ansiedade, mas vemos os benefícios”, argumentou. Por fim, Rondon afirmou que nos próximos dois ou três anos, o uso de canabinoides para dor neuropática e dor crônica vão estar aprovados, já que estudos de fase 2 e 3 estão sendo conduzidos. “Na prática, os pacientes já estão usando cannabis – há alguém que vende o óleo, ou trouxe de fora etc. – sem acompanhamento médico. Precisamos ficar de olho, pois há riscos. É sempre necessário ter em mente se existem alternativas e como elas se comparam em termos de segurança e eficácia”, finalizou.
HORÁRIO: 09:00 ATÉ 19:00 LOCAL: ON-LINE PARA PARTICIPAR ACESSE www.associacaopaulistademedicina.org.br
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m 2021, estará de volta o Congresso Paulista de Neurologia, um dos maiores e melhores eventos do Brasil. Este ano, com novidades: acontecerá totalmente por via eletrônica, dados os riscos impostos pela pandemia de Covid-19 e a necessidade de distanciamento social. E GARANTO A VOCÊS QUE A QUALIDADE SERÁ EXATAMENTE A MESMA. Trabalharemos com uma plataforma estabelecida para congressos eletrônicos. Desta maneira, você poderá simular a participação real: entrar nas salas de aulas, acompanhar e participar das discussões, assistir aos simpósios, visitar os estandes – tudo estará disponível como se estivéssemos todos in loco.
E, como de costume, nossas atividades focarão em discutir os principais temas da atualidade, debatendo os grandes ensaios clínicos, as políticas de Saúde, os aspectos culturais da especialidade – sempre com as principais autoridades do País conduzindo as conversas. Também serão temas: AVCs, epilepsias, novidades sobre a doença de Parkinson, o mundo crescente das demências, muitas pesquisas, testes e medicamentos que estão chegando, neuroinfecções, cefaleias, doenças periféricas musculares, distúrbios do sono, todas as formas de reabilitação, simulação magnética e muito mais! A relação da Covid-19 e da Neurologia, evidentemente, também será abordada. Se, por um lado, perderemos um pouco em interação social, temos, para a 13ª
edição deste Congresso, a expectativa de que a realização virtual permita a adesão maior de colegas de fora do estado de São Paulo e até do País. Com mais gente, também teremos mais informações, anseios e interações. E assim, um evento muito dinâmico. O ambiente digital também permitirá gravar os conteúdos expostos, de forma que os congressistas possam assistir as aulas novamente após o evento. Convido a todos que participem. Até maio!
Dr. Rubens José Gagliardi Presidente da Associação Paulista de Neurologia (Apan)
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‘ESCAVAÇÃO’ É TEMA DE CIN
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m 19 de março, a Associação Paulista de Medicina (APM) abriu a temporada 2021 do Cine Debate, que segue sendo realizado virtualmente, debatendo o filme “Escavação”, produção britânica dirigida por Simon Stone e lançada mundialmente este ano pela Netflix. A fragilidade da vida foi a abordagem central dos analistas. “[O filme] versa sobre a morte, que faz parte da humanidade, vinculando-se a uma descoberta arqueológica datada há cerca de 1.500 anos. Um dos princípios da arqueologia é exatamente esse: conhecer o passado para tomarmos melhores atitudes hoje, para que a gente possa ter um mundo melhor”, destacou o diretor Administrativo e ex-presidente da APM, Florisval Meinão.
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O enredo da obra é centrado em uma proprietária de terras de Suffolk (condado da Inglaterra), Edith Pretty (Carey Mulligan), que contrata o arqueólogo-escavador autodidata Basil Brown (Ralph Fiennes) para escavar grandes túmulos em sua propriedade rural em Sutton Hoo. O roteiro é uma adaptação da obra literária “The Dig”, de John Preston, publicada em 2007, que, por sua vez, é baseada em um caso real ocorrido em 1939. Com a 2ª Guerra Mundial se aproximando, é descoberto na propriedade de Edith Pretty um navio anglo-saxão. “Quando começam a escavar, encontram-se os primeiros indícios de que havia um navio. Para nós, é algo inusitado um navio ser uti-
lizado como um túmulo, mas era um hábito naquela ocasião de se enterrar pessoas nobres, importantes, em navios como muitas riquezas ao seu lado”, destacou Meinão. Aos poucos descobriram que a câmara mortuária de 27 metros foi a maior já encontrada em toda a história arqueológica. Datado no período da Idade Média, o achado de objetos de arte reescreveu a história da Inglaterra. Em meio à descoberta, a Alemanha invade a Polônia, os Países Baixos e a França, declarando a 2ª Guerra Mundial. No parlamento inglês, uma parcela da classe política defendia um tratado de paz, mas prevaleceu a declaração de conflito.
NE DEBATE DA APM “As manifestações dos personagens mostram uma guerra irreversível. Em vários momentos, os ingleses daquela cidade pequena estão se preparando para o conflito. As atuações são excepcionais, tanto em figurinos, como em fotografia e a música ao fundo mostra uma relação muito conservadora entre as classes sociais”, acrescentou o diretor da APM.
FRAGILIDADE DA VIDA O produtor cultural e audiovisual, Yuri Teixeira, reiterou que o autor John Preston quis discutir como pano de fundo de uma história real a condição de fragilidade da vida humana. Ele descobriu nos anos 2000 que a sua tia Peggy Piggott participou também das escavações. “O filme quer discutir a fragilidade das coisas, da vida, dos objetos, porque a escavação é um lugar delicado. A fragilidade das relações das pessoas. Percebemos isso quando em um casamento o acordo pode ser frágil, como entre Peggy e Stuart. Inclusive a grandiosidade das coisas que nos rodeiam e quantas vezes elas são pequenas para nós”, explicou Teixeira. Em meio à descoberta do navio túmulo e da eminência de guerra, Pretty recebe o diagnóstico de uma doença cardíaca incurável. “Alguns momentos a câmera sempre focada nela mostra que está alheia a tudo que ocorre em volta. Quando recebe o diagnóstico, a câmera se afasta e vemos ela saindo do hospital, distante. Ela se sente pequena e frágil diante da
grandiosidade das coisas”, acrescentou o estudioso. “Mesmo baseado em fatos, tem a interpretação do autor, do diretor e dos personagens. Muitas vezes observamos em filmes e novelas que as pessoas humildes são as que têm as melhores histórias, são sábias, como acontece com Basil Brown, que tem um vínculo forte com a terra, com a história que aprendeu com o seu avô e certo grau de humanidade e respeito às normas. Ele fala pouco, mas o que precisa ser dito, com uma presença muito marcante”, avaliou o coordenador permanente do Cine Debate, Wimer Botura Júnior. Na relação conjugal entre Peggy e Stuart, muitas vezes o silêncio fala mais alto que as palavras. “O silêncio, a fotografia e como as coisas são mostradas são de uma riqueza que não precisa de muitas palavras, um olhar diz muito, a intuição gera a solução”, completou Botura. Em junho deste ano, o Cine Debate da APM completará 22 anos com a exibição de mais de 200 filmes e participação de mais de 100 especialistas. O programa celebra ainda os 90 anos de trajetória da Associação Paulista de Medicina. “Um quarto desta história é marcada com o Cine Debate, um compromisso da nossa instituição de zelar pela informação e bem-estar do público, com promoções culturais a médicos e população em geral”, encerrou Botura. Desde 2020, em razão da pandemia, o evento cultural ocorre a distância.
TEMPORADA 2021 PRÓXIMO FILME 23/04/2021 ÀS 20H Debate sobre o filme
O CIDADÃO ILUSTRE: inveja, ciúme, vingança e admiração viajam juntas
Coordenador permanente do projeto: Wimer Bottura Junior, presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática e do Comitê Multidisciplinar de Adolescência da APM Debatedores convidados: Miguel Forlin, crítico de cinema, professor e coeditor no Estado da Arte, projeto multimídia do O Estado de São Paulo; e Osmar Bergamaschi, pneumologista Importante: O filme está disponível em serviços como a Netflix e não poderá ser exibido antes do debate. Pedimos que assistam antecipadamente, para que possamos debater aspectos da película Inscrição e acesso ao debate/interação com os convidados pelo site da APM. ABRIL/MAIO DE 2021 11
GASTOS DO SUS COM CÂNCERES ASSOCIADOS AO EXCESSO DE PESO SOMAM 41,1% DO INVESTIMENTO EM TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Dados estão em pesquisa inédita do INCA divulgada em webinar que fez outros alertas sobre riscos da obesidade
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os R$ 1,7 bilhão gastos pelo SUS em 2018 com o tratamento oncológico, R$ 700 milhões (ou 41,1%) foram em terapêuticas contra cânceres associados ao excesso de peso, principalmente tumores malignos de mama, intestino grosso (colorretal) e endométrio. A constatação é de levantamento feito pelo INCA e publicado este mês na forma de artigo na revista científica Plos One, e foi revelada durante o webinar promovido pela área de Alimentação, Nutrição, Atividade Física e Câncer, da Coordenação e Prevenção e Vigilância no INCA, no último dia 25.
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De acordo com o artigo Costs of cancer attributable to excess body weight in the Brazilian public health system in 2018, a maioria dos cânceres tem origem multifatorial (tem várias causas que predispõem ao seu desenvolvimento), mas mais de uma dúzia já teve comprovação, por evidências científicas, de associação ao excesso de peso. O mais diretamente ligado a esse fator de risco é o de endométrio (corpo do útero). Os de mama e o colorretal, por sua vez, são significativos neste levantamento devido à alta incidência, ocupando, repectivamente a primeira colocação para mulheres e a segunda para ambos os sexos. Para 2021 são esperados no Brasil 66.280 casos de câncer de mama feminino e 40.990 de câncer colorretal. No levantamento do INCA foram calculados os gastos relatados de 11 tipos de câncer entre os com maior associação ao excesso de peso (também foram considerados tumores de rim, próstata, fígado, pâncreas, ovário, esôfago, estô-
mago e vesícula), considerando os procedimentos de 2018 por todas as organizações que oferecem tratamento de câncer no SUS. A prevalência do excesso de peso corporal tem aumentado nas últimas décadas no Brasil. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada em outubro de 2020, em 2019, 55,4% da população adulta estava com excesso de peso. Assinam o artigo profissionais do INCA, Universidade Estadual do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “É urgente o debate sobre a melhor alocação dos recursos para as ações de promoção da saúde em virtude da expectativa de aumento exponencial de gastos futuros”, afirmou durante o webinar Ronaldo Corrêa, técnico da Conprev e um dos autores do artigo.
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