Encerramos o ano letivo com a revista its Teens celebrando aquilo que a escola tem de mais valioso: a convivência, o conhecimento e o respeito. Nesta edição especial, marcada pela Consciência Negra, destacamos práticas simples para cultivar o respeito no dia a dia e mergulhamos na riqueza da cultura africana e suas influências no Brasil.
Mostramos o talento das nossas escolas nas ações e projetos realizados em novembro, além de explorar a força do empoderamento negro no cinema e nas séries. Destacamos a importância dos quilombos e relembramos personagens negros que transformaram a história. Trazemos ainda feiras culturais, Sábados Letivos, expressões que ficaram no passado, diversão temática e a boneca abayomi.
Esta última edição do ano celebra diversidade, identidade e a certeza de que aprender é um caminho que transformamos juntos.
Este ano foi cheio de surpresas e aprendizados. Esperamos contar com a sua contribuição e participação nas edições de 2026 — sempre com muita curiosidade, diversão e educação. Boas férias!
MÁRIO J. GONZAGA PETRELLI
IN MEMORIAM FUNDADOR E PRESIDENTE EMÉRITO GRUPO ND E GRUPO RIC
MARCELLO CORRÊA PETRELLI
PRESIDENTE GRUPO ND mpetrelli@ndtv.com.br
ALBERTINO ZAMARCO JR.
DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO albertino@ndtv.com.br
NORBERTO MORETTI JÚNIOR GERENTE DE PERFORMANCE norberto@ndtv.com.br
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ANA CAROLINE ARJONAS
DAIARA CAMILO
LETÍCIA MARTENDAL Repórter
Assistente de Mídia
Assistente de Mídia
Sulwe
/conteúdo
O respeito começa em você (e transforma o mundo) #06 #12 #18 #32 #16 #07 #14 #24 #28 #42 #43 #30 #34 #36 #08 #10 diversão ritmo capa como funciona? mostra spoiler notícias das escolas
diário escolar conhecimentos gerais
Descobrindo a África: cultura, natureza e surpresas
Sonoridades do Brasil
No centro da história
8 expressões preconceituosas que devemos evitar
Consciência Negra: um chamado à memória e à ação
Quilombos: história e cultura
Vitrine do saber
Bonecas abayomi
5 catarinenses negros que marcaram a história
Raízes que contam histórias
ALUNOS E PROFESSORES!
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QUAL É O FILME?
Use os emojis para adivinhar o título dos filmes com protagonismo negro.
POR FRANCIELLE MATOS BISPO, PROFESSORA DOS ANOS INICIAIS DA EM PROFESSORA NEUSA MARIA REBELLO VIEIRA
O livro “Sulwe”, escrito por Lupita Nyong’o, é uma obra profundamente sensível e necessária para o desenvolvimento da Consciência Negra desde a infância. A história acompanha uma menina de pele “da cor da noite” que enfrenta dúvidas sobre sua aparência e seu pertencimento, lidando com sentimentos que muitas crianças negras vivenciam, mas muitas vezes não conseguem expressar.
Durante a narrativa, Sulwe conhece a história de duas irmãs, “dia e noite”, e percebe o quanto a história de “noite” é parecida com a sua. Ao final da história, a autora, que também é uma célebre atriz premiada com o Oscar, compartilha
com os leitores uma carta pessoal, explicando que a inspiração da história foram seus próprios sentimentos na infância. Com linguagem acessível e narrativa acolhedora, a autora cria um espaço seguro para que crianças e educadores discutam identidade, autoestima e diversidade racial.
O livro também é riquíssimo visualmente: as ilustrações vibrantes de Vashti Harrison ampliam a potência da narrativa, trazendo a beleza e a força da ancestralidade africana em cada página.
Raízes,identidadeseresistências
Durante os meses de setembro a novembro, a rede municipal de ensino de Navegantes está envolvida com o projeto “Áfricas em nós: raízes, identidades e resistências”. Há temas que exigem delicadeza, profundidade para serem sentidos. Uma boa leitura desenvolve essa ponte entre conexão e identificação, alcançando dimensões que muitas vezes outros tipos de prática não iriam alcançar.
Tive a oportunidade de trabalhar esse livro em sala com estudantes do quinto ano, e a experiência foi muito significativa. Durante a leitura e a conversa que se seguiu, muitos alunos demonstraram identificação com a protagonista e compreenderam a importância da valorização de todas as tonalidades de pele. Alguns estudantes chegaram a se emocionar ao perceber que seus sentimentos e vivências também estavam representados na história, o que tornou o momento ainda mais potente.
Em sala, alinhamos essa história com os conteúdos do planejamento anual, utilizando a técnica de xilogravura, ampliando as possibilidades de expressão artística e cultural relacionadas ao tema. Os estudantes foram convidados a ilustrar, por meio dessa técnica, as impressões que tiveram da história.
Amor de cabelo
Matthew A. Cherry
Chuva de manga
James Rumford
A África que você fala
Claudio Fragata
O que você pensa quando falo África?
Lavínia Rocha
O Pequeno Príncipe preto Rodrigo França
O RESPEITO COMEÇA EM VOCÊ (e transforma o mundo)
Fogo e água são elementos naturais que são opostos — a água apaga o fogo e o fogo evapora a água. Seria possível eles viverem no mesmo ambiente sem um afetar o outro? Fisicamente isso é impossível! Mas em um mundo habitado pelos elementos água, fogo, terra e ar, talvez seja possível. No filme “Elementos”, vemos Gota e Faísca (água e fogo) lutarem para ficar juntos. Mesmo sendo tão diferentes e com tudo ao redor dizendo que é impossível, eles encontram pontos em comum e provam para todos que, com um pouco de esforço e respeito, é possível água e fogo existirem sob o mesmo teto.
Esta animação nos mostra de forma divertida o quanto é necessário praticarmos o respeito e que faz bem não só para o próximo, mas para nós mesmos. “Do ponto de vista psicológico, o respeito é um regulador emocional importante: reduz conflitos, fortalece relacionamentos e cria ambientes em que a saúde mental pode florescer”, explica a especialista em neurodesenvolvimento Talita Tonin. Mas, na prática, como é exercitar o respeito no dia a dia? Veja as dicas da profissional!
1)
COMECE SE RESPEITANDO
Para Talita o respeito próprio começa quando você se trata como faria com alguém que ama. “Comece dizendo não para pequenas coisas do dia a dia que realmente te incomodam. Não se coloque sempre por último.”
É importante respeitar seu corpo, seu ciclo biológico, o horário de dormir, de comer, ficar pelo menos uma hora sem telas antes de dormir e fazer pequenas pausas durante o dia. Não se culpe tanto e tenha paciência consigo mesmo. “O poder de mudança está nas ações de hoje, nos pequenos passos de hoje. E isso inclui reconhecer tentativas, não só grandes resultados: perceber as pequenas conquistas do dia, os esforços silenciosos que você fez”, salienta a especialista.
2) ESCUTE MAIS
Você sabe a diferença entre ouvir e escutar? Ouvir é captação dos sons pelo ouvido, e escutar é o ato consciente e ativo de prestar atenção. E você já ouviu falar em “escuta ativa”? É quando alguém está falando e você realmente está aberto para ouvir e não pronto para responder, retrucar ou corrigir.
Talita explica que esta ação é “se colocar no lugar de quem está falando e tentar entender o mundo daquela pessoa, ao invés de tentar moldar o que ela diz ao seu jeito e pensar”.
3)
E QUANDO ALGUÉM DISCORDA DE MIM?
Todo o ser pensante possui suas convicções, dilemas, gostos e opiniões. Você pode gostar das mesmas coisas que seu amigo, mas sempre há um ponto que as opiniões diferem (e está tudo bem).
Discordar faz parte da vivência em sociedade. Mas é importante prestar atenção em seu comportamento quando entrar em um debate:
• Comece as conversas com frases como: “Eu entendo o seu ponto de vista, mas o meu é um pouco diferente”.
• Evitar palavras como “você sempre” ou “você nunca”, que machucam e criam defesas.
• Cuidar com o tom de voz e até escolher o momento certo do dia para conversar pode fazer a diferença.
“Essa é a verdadeira inteligência emocional: discordar sem ferir, expor sem agredir, comunicar-se como duas pessoas que se respeitam, mesmo quando pensam diferente”, finaliza a profissional.
CULTURA, NATUREZA E SURPRESAS
Oaniversário de Marty chegou, mas é como todos os outros dias: levantar cedo, treinar, tomar café e se preparar para o trabalho. Porém, ao finalizar o dia, é hora de comemorar e apagar as velinhas. Incentivado pelos amigos, ele fecha os olhos e faz um pedido, com muita esperança que se torne realidade: poder ir para a natureza!
O espanto é geral. Seus amigos não conseguem entender a motivação para desejar algo tão absurdo. Após uma discussão, Marty sai em busca do seu objetivo: a natureza. Mas seus amigos não podiam deixar que ele acabasse em perigo, então partem para o resgate da zebra que anda livremente por Nova York. Por obra do destino (ou do desejo feito), todos acabam naufragando em uma ilha paradisíaca chamada Madagascar.
A animação “Madagascar” é ambientada em um pedacinho da grandiosa África. Parece quase surreal com as belezas das paisagens, com árvores gigantescas, flores exóticas e animais belíssimos e raros, mas o longa representa de forma divertida a fauna e flora do país e também do continente.
Nas aulas de Geografia você aprende que a África tem 54 países, diferentes línguas e que a história dos povos que nela habitam estão ligados diretamente à trajetória da humanidade. Mas hoje queremos trazer três curiosidades que talvez você não conheça sobre o continente.
01. Calendário tradicional iorubá
Diferentemente do calendário gregoriano (com 365 dias), o iorubá tem 364 dias, dividido em 13 meses com sete semanas de quatro dias cada uma. Atualmente não é mais tão utilizado — até porque, para poder manter relações comerciais com o exterior, era necessário seguir o calendário solar — mas algumas regiões ainda se organizam conforme o iorubá para realizar festivais, rituais de colheita e tradições relacionadas às suas crenças.
02. Instrumentos falantes
Os instrumentos musicais que “falam" — especialmente os tambores — não são apenas instrumentos rítmicos. Na verdade, são usados para transmitir mensagens complexas, provérbios, histórias e até mesmo notícias, imitando a estrutura tonal das línguas faladas.
As línguas da África Ocidental, como o iorubá e o hauçá, são línguas tonais. Isso quer dizer que o significado de uma palavra pode mudar drasticamente dependendo do tom usado para pronunciá-la (alto, médio ou baixo).
• Dùndún: é um tambor em forma de ampulheta (relógio de areia), com duas peles (couro animal) amarradas por cordas de tensão lateral. Ao alternar rapidamente entre tons altos e baixos, o tocador reproduz os padrões tonais das sílabas faladas, tornando o som do tambor inteligível para falantes nativos.
• Kora: é uma harpa-alaúde de 21 cordas da África Ocidental (Mali, Guiné, Senegal). Embora não imite a tonalidade da fala, o músico (conhecido por Griô) usa a Kora para pontuar e sublinhar suas canções, que contêm histórias detalhadas, provérbios e críticas sociais, muitas vezes como se fosse uma “conversa” com o instrumento.
03. Moldaram o ferro
Enquanto o Egito e o Norte da África usavam principalmente bronze, muitas sociedades (especialmente na região dos Grandes Lagos Africanos) desenvolveram a capacidade de fundir ferro e aço-carbono em fornos de alta temperatura (cerca de 1.800°C) muito antes da Europa e de forma independente do resto do mundo.
Influência no Brasil
O nosso português possui uma rica coleção de palavras com origem em diversas línguas africanas — e muitos desses termos estão ligados à religião, à culinária, à música e ao cotidiano, como:
• Acarajé: bolinho frito de feijão-fradinho;
• Batuque: dança ou toque de tambor;
• Moleque: menino, criança;
• Cochilo: sono breve.
Extra
A Universidade de Al-Qarawiyyin em Fez, no Marrocos, fundada em 859 d.C., é reconhecida pelo Guinness World Records como a mais antiga instituição de ensino superior em operação contínua do mundo.
O QUE VOCÊ
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estudantes aprendem sobre os diferentes gêneros musicais das cinco regiões do país.
Tempo de leitura: 5 minutos
Sonoridades do Brasil
Projeto escolar valoriza as identidades dos alunos e mostra como a música aproxima
culturas
Seja ao som de uma sanfona, de um pandeiro, de uma viola ou de uma gaita, ao passear pelas diferentes regiões do país é possível observar a diversidade musical do Brasil. De Norte a Sul, cada Estado possui ritmos, costumes e celebrações únicas que refletem a história dos povos que ali vivem.
Desde o forró até a lambada, do samba ao vanerão, o Brasil é, por natureza, uma nação de forte tradição sonora. Em momentos de lazer, festas regionais ou em encontros com a família e amigos, é por meio da música que muitos se conectam, contam histórias e expressam seus sentimentos.
Com uma pluralidade tão grande, essa diferença é um convite para, cada vez mais, conectar os brasileiros, mesmo os que estão separados por milhares de quilômetros. E para aproximar os estudantes de Navegantes dos mais variados ritmos, o Centro Educacional Municipal (CEM) Professora Maria Regina Gazaniga da Costa desenvolveu, pela segunda vez, o projeto Trilhas Sonora.
Neste ano, o tema levou o nome de “Nas trilhas sonoras das regiões do Brasil”, com o objetivo de homenagear e valorizar as origens culturais dos estudantes. “Em nossa unidade escolar convivem crianças provenientes de diversos locais do país, cada uma trazendo consigo valores, costumes e tradições culturais que enriquecem o ambiente escolar”,
conta o supervisor escolar Charles Soares.
Durante o projeto, os alunos se aprofundaram na identidade do Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, conhecendo mais sobre as danças, vestimentas e manifestações culturais. O foco foi a riqueza sonora que une o país. “A música foi escolhida como eixo central para o trabalho por ser uma linguagem universal que desperta emoções, memórias e conexões afetivas”, explica Soares.
Cada turma ficou responsável por representar uma região. Após ouvirem diferentes canções, os alunos escolheram para a apresentação a música que mais os marcou. Além dos conhecimentos vistos em sala de aula, a pesquisa também contou com um envolvimento especial: o das famílias. “Elas também participaram, contribuindo com relatos sobre as roupas e músicas típicas, fortalecendo o vínculo entre cultura, escola e comunidade”, comenta o supervisor.
Toda a unidade se movimentou para fazer o projeto ganhar vida. Com os modelos das vestimentas prontas, os estudantes confeccionaram os adereços das peças em sala de aula com a ajuda da professora. Já nas aulas de Educação Física, ensaiaram as coreografias, se preparando para a apresentação, enquanto desenvolviam a expressão corporal e a interpretação.
No grande dia, toda a comunidade escolar se reuniu no Centro Integrado de Cultura do Município de Navegantes para prestigiar a dedicação e o empenho das crianças. “O evento foi um verdadeiro espetáculo de cores, sons e emoções, em que os alunos puderam expressar tudo o que aprenderam de forma lúdica e significativa”, conclui Soares.
Gestor escolar, Queremos parabenizá-los neste dia especial por ocuparem essa posição com tanta entrega e responsabilidade. Vocês são os grandes maestros dessa jornada de aprendizado e transformação de vidas.
Que cada um tenha sabedoria, discernimento e coragem para conduzir com excelência essa nobre missão.
Gratidão por toda dedicação!
CRIANÇAS APRENDEM SOBRE ANCESTRALIDADE E DIVERSIDADE
Durante outubro e novembro, as turmas do primeiro e segundo ano da Escola Municipal Professora Rosa Maria Xavier de Araújo – Extensão se aprofundaram em temáticas que respeitam e valorizam a diversidade que compõe a cultura brasileira. No projeto Consciência Negra, as crianças trabalharam a origem, ancestralidade, representatividade e autovalorização — o objetivo foi possibilitar o autoconhecimento de suas próprias histórias.
As turmas participaram de rodas de conversas e fizeram leituras sobre o tema, como “Abayomi, a menina de trança”, “A cor de Caroline” e “Meu crespo é de rainha”, momento em que aprenderam sobre orgulho, pertencimento e igualdade. A origem africana no Brasil também foi um dos assuntos estudados, permitindo que os estudantes aprendessem sobre palavras, elementos culturais, comidas e tradições que hoje fazem parte do nosso dia a dia.
A valorização dos tons de pele, características físicas e beleza foi outro ponto importante do processo. Como culminância do projeto, a unidade promoveu a Exposição da Consciência Negra, convidando a comunidade escolar para presenciar apresentação de dança, contação de histórias e mostra dos trabalhos produzidos pelas crianças.
TRADIÇÕES AFRICANAS SÃO DESTAQUE EM ESCOLA
É quando toda a população se move que podemos ver a diferença na prática. Na Escola Municipal Professora Maria Hostim da Cunha, toda a comunidade escolar se uniu para colocar em prática as atividades baseadas no projeto “África em nós”.
As turmas da unidade se aprofundaram nas pesquisas sobre os países africanos, conhecendo tradições, culturas e personalidades importantes. Os estudantes participaram de oficinas, que envolveram pinturas em ecobag e facial, confecção de máscaras, instrumentos musicais e culinárias locais.
EM Professora Maria Hostim da Cunha/Divulgação
Foto:
Maria Xavier de Araújo -
DIVERSIDADE
PALCO
EXPOSIÇÃO
Em um momento especial, dedicado para reconhecer e valorizar a herança cultural afro-brasileira, os estudantes da Escola Municipal Professora Eni Erna Gaya expuseram seus trabalhos sobre Consciência Negra. O evento contou com apresentações de danças, capoeira, encenações teatrais, músicas e outras expressões artísticas.
O objetivo do projeto é sensibilizar para a importância do tema, fortalecer o respeito às diferenças e celebrar a influência africana na história do Brasil.
CULTURA AFRICANA GANHA VIDA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por meio da arte e literatura, os estudantes do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Professora Nerozilda Pinheiro Ferreira desenvolveram uma nova forma de olhar o mundo ao imergirem no universo cultural africano.
A partir do livro “Bruna e a galinha d'Angola”, de Gercilga de Almeida, os alunos compreenderam os valores de identidade, coragem e pertencimento. As rodas de conversa ajudaram as crianças a expressar suas percepções sobre a beleza de diversas origens e tradições. Os pequenos também conheceram diferentes obras inspiradas no continente e colocaram a mão na massa ao produzirem seus materiais autorais baseados no tema.
As confecções incluíram adereços de moda — como turbantes e colares —, bonecas abayomi e objetos de percussão. Toda a comunidade pode prestigiar os trabalhos das crianças em uma exposição.
Quem visitou a Escola Municipal Professora Rosa Maria Xavier de Araújo no mês de novembro pôde fazer uma visita ao continente africano sem sair de Navegantes. Por lá, estavam expostos os trabalhos de todos os estudantes da unidade. Com desenhos, pinturas e murais, os alunos evidenciaram a influência da cultura da África no Brasil.
Histórias e lendas, temperos, máscaras, instrumentos musicais, vestimentas, jogos e brincadeiras e a geografia do continente fizeram parte da mostra. Além disso, também foram vistos trabalhos com temáticas de valorização da identidade, como o cabelo e vestimenta, personalidades importantes no movimento negro, palavras na Língua Portuguesa de origem africana e a promoção do respeito.
Foto: EM Professora Eni
Erna Gaya/Divulgação
Foto: EM Professora Rosa Maria Xavier de Araújo/ Divulgação
O QUE VOCÊ VAI ENCONTRAR POR AQUI:
VITRINE DO SABER
EXPOSIÇÕES FEITAS PELAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL
VALORIZAM O PROTAGONISMO DOS ESTUDANTES
Após horas — ou até mesmo semanas — de dedicação à elaboração de um projeto, nada mais justo do que apresentá-lo em um momento especial. São em feiras e mostras escolares que os estudantes têm a oportunidade de expressar o quanto são capazes de transformar ideias em realidade e se sentirem protagonistas do aprendizado.
“Sábado Letivo” reúne comunidade escolar para prestigiar trabalhos dos alunos.
Tempo de leitura: 6 minutos
Prova disso é o “Sábado Letivo”, promovido anualmente com as escolas da rede municipal. “Ele tem como objetivo aproximar a comunidade escolar, valorizando o trabalho pedagógico desenvolvido ao longo do ano e fortalecendo o vínculo entre escola, famílias e estudantes. Cada edição conta com apresentações, exposições e atividades culturais que mostram o processo de aprendizagem das crianças”, explica a gerente da Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação, Jessica Roberta Cunha.
CMEI PORTAL DO SABER
Além das produções artísticas, que destacaram a criatividade das crianças em trabalhos inspirados na cultura e na história dos povos africanos, o ambiente escolar preparou diferentes atividades recreativas e cooperativas junto com a equipe de Educação Física.
A unidade apresentou propostas baseadas em jogos e brincadeiras tradicionais, buscando proporcionar vivências de integração entre as crianças.
CMEI PROFESSORA NAZIR
RODRIGUES REBELO
O objetivo da mostra cultural da unidade foi apresentar os trabalhos desenvolvidos com as professoras, assim como promover oficinas com os pais e palestras com profissionais da saúde das áreas nutricional, odontológica e medicinal.
Realizada no início de novembro, a mostra apresentou atividades feitas ao longo do ano, incluindo trabalhos dentro da temática “África em nós”, refletindo a identidade e diversidade cultural dos alunos.
Estudantes de todas as turmas de 13 escolas contribuíram em apresentações, exposições e atividades interativas.
“O ‘Sábado Letivo’ amplia as oportunidades de aprendizagem, permitindo que os estudantes compartilhem suas produções, expressem ideias e se reconheçam como parte de um processo coletivo”, complementa Jessica.
Confira alguns dos trabalhos expostos na mostra:
RODAS DE CAPOEIRA FIZERAM PARTE DA PROGRAMAÇÃO
Foto: CEM
Professora
Natalina Sabel do AmaralDivulgação
Foto:
CMEI
Bruce Cranston Kay/Divulgação
Leia o QR Code e confira alguns vídeos do Sábado Letivo.
AS CRIANÇAS PARTICIPARAM DE ATIVIDADES INTERATIVAS
CMEI PROFESSORA MARIA
CARLOTA VIEIRA
Em uma manhã lúdica, o CMEI fez uma homenagem ao escritor Monteiro Lobato. As famílias presenciaram brincadeiras — como a travessia por um labirinto e a “cama de gato” — e apresentações de teatro do “Sítio do Picapau Amarelo”, com Dona Benta, Emília, Saci e Cuca.
CEM PROFESSORA
NATALINA SABEL DO AMARAL
Dentro da temática da Consciência
Negra, a escola apresentou o “Brasil de todas as cores”, com oficinas que destacaram a diversidade cultural brasileira e africana, unindo aprendizado e arte.
Enquanto a turma do quinto ano apresentou a coreografia “Minué (Amarelinha africana)”, em homenagem às brincadeiras tradicionais do continente, o primeiro e o segundo ano representaram a música “Olelê Molibá Makasi” com muito ritmo e movimento.
Já as crianças do Jardim C participaram da performance “A África de dentro da gente”, valorizando as raízes africanas que compõem a cultura brasileira. O Jardim B marcou presença na oficina de cabuletê. E as turmas do berçário e maternal, representadas pelas professoras, promoveram pinturas africanas faciais.
A unidade também proporcionou uma roda de conversa com Sueli Marlete Leodoro, integrante do Quilombo Morro do Boi, uma apresentação de capoeira com o grupo Acapras, confecção de colares africanos, oficina de balangandã, além de murais e exposições dos trabalhos produzidos pelas crianças da Educação Infantil e anos iniciais.
CMEI BRUCE
CRANSTON KAY
O centro educacional preparou um espaço interativo para a comunidade escolar, reunindo trabalhos de arte executados ao longo do ano. O evento contou com tenda de luzes, painel de fotos, tintas naturais, oficina de argila, exposição de projetos e pinturas, bem como apresentações musicais e culturais.
CMEI PROFESSORA
BERNARDETE MARIA
SEDREZ DA SILVA
A unidade apresentou trabalhos que celebraram a história, a cultura e a arte da diversidade afro-brasileira em conjunto com a literatura infantil, com destaques para obras de Ziraldo, Monteiro Lobato, Claúdio Rogério Gonçalves e Ruth Rocha.
CMEI PROFESSORA
ROSANA DE FÁTIMA GAYA
BARRETO
Com o tema “Vivências, arte e cultura no CMEI”, o centro educacional proporcionou momentos de experiências, descobertas e integração com a comunidade escolar. As famílias participaram das exposições dos trabalhos das crianças, que contaram com oficinas de pintura em gesso e tintas naturais, pintura facial, a brincadeira da “teia da aranha” e releituras de obras de arte. Outro momento especial foi a apresentação do cavalo adestrado.
AAPRESENTAÇÃODOCAVALO ADESTRADO FOI UM DOS MOMENTOS MAIS ESPECIAIS PARA AS FAMÍLIAS
CMEI PROFESSORA DIDYMEA LAZZARIS DE OLIVEIRA
Inspirada nas culturas africana, afro-brasileira e indígena, a unidade apresentou o encerramento do projeto “Cores do Brasil: aprendendo com as raízes africanas”. Com música, dança e histórias, a comunidade escolar participou de uma exposição com muita cor e alegria.
Foto: CMEI
Professora Rosana de Fátima Gaya
Barreto/Divulgação
Foto: CMEI Professora Bernardete Maria Sedrez da Silva/Divulgação
O QUE VOCÊ
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alunos participam de eventos na Semana da Consciência Negra.
Tempo de leitura: 11 minutos
POR ANA CAROLINE ARJONAS
Quando Antonieta de Barros acreditou na educação como forma de mudar a realidade de tantas pessoas, sua coragem foi o ponto de partida para direcionar os olhares para pautas imprescindíveis em Santa Catarina. Educadora, escritora, jornalista e política, foi uma das primeiras mulheres a ocupar o cargo de deputada estadual, confiando na justiça e lutando contra o racismo. O poeta Cruz e Sousa, que também viu nas palavras uma forma de mudar o mundo de tantos, teve uma trajetória parecida com a de Antonieta, já que ambos eram filhos de ex-escravos e tiveram que enfrentar, desde cedo, o preconceito.
Anos após suas obras e feitos, a vontade de fazer diferente e de expor os preconceitos e injúrias sofridas por conta da cor da pele ainda continuam ecoando no Estado e por todo o Brasil — e esses trabalhos e feitos, por exemplo, são utilizados para reforçar a importância do respeito e da igualdade.
Mas como mostrar para as crianças a história e a importância de todo esse movimento ao longo da história?
No Centro Educacional Municipal (CEM) Professora Clarinda Maria Gaya, as turmas foram convidadas a participar do evento “África em nós, há riqueza em nós”.
O projeto foi pensado e desenvolvido ao longo do ano, sendo finalizado em encontros e rodas de conversa durante a semana da Consciência Negra, uma forma de mostrar aos pequenos a importância da data.
Com apresentação de capoeira, samba de roda, amarelinha africana, contação de história e apresentações, todas as turmas colocaram a mão na massa para produzir artes e trabalhos relacionados com o tema, atividades que ficaram expostas na unidade durante o evento.
Contos da Nigéria
Localizado na região da África Ocidental, a Nigéria tem a maior população do continente. Conhecida pelos recursos naturais, que incluem petróleo e gás, a riqueza linguística é um ponto positivo, resultado dos múltiplos grupos étnicos que vivem na região. A diversidade de animais e a proximidade com as comidas e danças brasileiras também são diferenciais do país, que ganhou notoriedade na unidade após uma conversa com Johnny de Geus Lawson, nigeriano que há 30 anos reside no Brasil. Essa proximidade começou quando o profissional da Marinha foi enviado em uma missão e escolheu nosso país como moradia. Casado com a brasileira Luciane de Geus Lawson, e pai de Trinity de Geus Lawson e Ravenna de Geus Lawson, a família foi convidada para participar de um bate-papo na escola.
O foco era apresentar aos pequenos a vida na Nigéria e as similaridades com o Brasil, como conta Johnny. “As crianças não têm noção de como são as coisas na África. Alguns vieram me perguntar se existia carro, piscina e parque de diversão. Então é mostrar para eles que existem essas coisas lá, que existem seres humanos que vivem a vida como aqui.”
O nigeriano, que se sente em casa no Brasil, reforça que as culturas dos países são parecidas e que muitas tradições mantidas em solo nacional são trazidas da África, incluindo a comida, a dança e até mesmo a música. Porém, um tópico em especial gerou a curiosidade dos ouvintes: os bichos. “As crianças se encantaram com as diferenças dos animais, porque para eles os bichos vivem em zoológico. Quando ele disse como era lá, as crianças ficaram encantadas”, conta Luciane.
Foto: Bruno Golembiewski
Estudando as próprias raízes
Naquilo que foi produzido em sala de aula, os estudantes tiveram a oportunidade de compreender a história, reforçando as tradições e as características de cada povo. No caso da turma do segundo ano, a professora Lara Cristina de Jesus fez questão de apresentar aos pequenos o próprio país e todas as singularidades que existem por aqui. O projeto foi nomeado como “Brasil de todas as cores”. “O primeiro ponto foi falando sobre a cultura, a comida, as vestes e principalmente sobre o respeito, da história do negro, o que aconteceu e o racismo que ainda existe", declara a educadora.
Foi por meio de conversas e leituras que a professora apresentou aos alunos o valor do respeito e da empatia, reforçando que todos somos diferentes e que cada característica precisa ser respeitada. A profissional também reforça que, nesta idade, é possível compreender como o olhar de uma criança para outra é cercado de carinho e atenção, despido de preconceitos e julgamentos. “A nossa sociedade está mudando e acredito que vá acontecer uma mudança, lentamente, mas já estamos no caminho. É isso que importa e nós vamos aprender com eles. Vamos aprender com as crianças porque elas não nascem assim, somos nós que colocamos essa cultura neles.”
Foto: Bruno
Reflexão e aprendizado
Mais do que a oportunidade de expor trabalhos e mostrar o que as crianças estão aprendendo, a semana da Consciência Negra na rede municipal, que contou com a participação de todas as unidades, foi uma forma de reforçar a importância da data e os pilares que reforçam o papel da educação. “É um convite à reflexão para que não continue. O que aconteceu já está na história, mas que não haja uma continuidade do racismo”, diz Lara.
Na visão da diretora Jocimara Pereira Mezzon, a data deve ser trabalhada durante todo o ano, reforçando o comprometimento com a pluralidade, orientação que já é seguida pelos profissionais da unidade, que começaram a planejar o evento no início de 2025. Outro ponto destacado pela profissional era o desejo de trazer um olhar diferente para o tema, exaltando as contribuições culturais.
“Vamos trazer o lado da alegria, da cultura, da comida, dos festejos. Eles fazem festas tão grandiosas, são um povo tão alegre. Vamos trazer essa parte para eles [alunos] se verem em uma pessoa que está ali apresentando”, conta a responsável.
Foi por meio desse olhar que as professoras tiveram o incentivo de levar para a sala de aula personalidades negras em diversos movimentos.
“Elas tinham a liberdade para fazer a contação de histórias e, dentro daquilo, apresentar essas pessoas da literatura, da arte, da política. Pessoas que fazem parte de toda essa construção que chega até nós agora. O resultado que a gente tem é o resultado do que foi feito lá no passado”, finaliza a diretora.
Exemplos compartilhados
A Consciência Negra também foi trabalhada em outras unidades da rede municipal, mostrando aos estudantes a relevância do tema e como o dia simboliza uma luta contra o racismo. Escaneie o QR Code e confira outras atividades que foram feitas em Navegantes.
CONHEÇA PERSONAGENS NEGROS DE DESTAQUE EM FILMES E SUA IMPORTÂNCIA NO CINEMA
Seja ocupando o centro do palco, vestindo um dos trajes de super-heróis mais famosos do mundo ou sendo retratados como realeza, os personagens negros, há algum tempo, vêm deixando de ser apenas coadjuvantes. Ainda que, muitas vezes, não sejam retratados tão predominantemente como protagonistas, têm suas histórias retratadas com cada vez mais fidelidade no cinema.
Houve uma época em que os papéis de destaque simplesmente não eram oferecidos a atores e atrizes negras. Quando esse cenário começou a mudar, vieram os estereótipos ou as limitações — com personagens negros mantidos no canto da cena, sem um real desenvolvimento. Ver produções como “Pantera Negra” figurando entre as 20 maiores arrecadações de bilheteria mundiais, portanto, é uma conquista. Mesmo assim, ainda há muito o que evoluir quando se trata de representatividade na telona.
Confira seis filmes protagonizados por personagens negros de destaque!
01. HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO (2018)
Ele surgiu nos quadrinhos em 2011 e estreou no cinema em 2018, surpreendendo com seu estilo descolado e uma personalidade com a qual é fácil se identificar. Miles Morales, um garoto negro, filho de pai norte-americano e mãe porto-riquenha, é o nome por trás da máscara em “Homem-Aranha no Aranhaverso”. Dessa vez a história não é centrada em Peter Parker, que até então protagonizava todas as aventuras do “Cabeça de teia”, e sim nesse criativo e inteligente morador do Brooklyn, em Nova York. Com uma animação de primeira, mostra como qualquer pessoa pode vestir a máscara de herói e lutar pelo que é certo.
Vencedor do Oscar 2019 Melhor Animação
02. AS FERAS DA MÚSICA (2003)
Elas cantam, dançam e mostram como o poder de uma amizade verdadeira é capaz de fortalecer talentos. No primeiro capítulo da trilogia “As feras da música”, vemos a formação do grupo musical Cheetah Girls, uma das sensações do Disney Channel. O dilema das quatro garotas, nesse primeiro longa, envolve decidir entre mudar completamente sua aparência e estilo musical ou se manterem fiéis a quem realmente são. Nada mais fenomenal do que ver esse quarteto empoderado e conectado no palco, com uma energia que fica ainda mais intensa no segundo filme da franquia — e no qual estão os melhores hits!
03. A PRINCESA E O SAPO (2009)
Foi ao som do jazz de Nova Orleans que a Disney estreou, em 2009, a primeira princesa negra em um de seus clássicos de animação. “A princesa e o sapo” foi o primeiro de uma série de filmes da companhia a trazer mais representatividade, o que eventualmente resultou em produções como “Moana”, “Viva: a vida é uma festa”, “Encanto”, “Red: crescer é uma fera” e “Wish: o poder dos desejos”.
Tiana, ao contrário das protagonistas dos contos de fadas do estúdio, não está à espera de ser salva. A jovem, que trabalha em vários empregos, faz de tudo para colocar em prática seu maior sonho: abrir um restaurante. Desde a estreia do filme, a personagem se tornou uma inspiração ao mostrar que o que mais desejamos pode se tornar real se acreditarmos em nós mesmos, nos esforçarmos e abraçarmos oportunidades.
04. HAIR LOVE (2019)
Nesse curta-metragem repleto de sensibilidade, uma garotinha, orgulhosa do seu cabelo crespo, está se arrumando para uma ocasião especial. É aí que entra a ajuda de seu pai, que fica encarregado de pentear a filha pela primeira vez e precisa caprichar no penteado. Com poucas falas, traz uma mensagem bem clara sobre a importância da autoaceitação, do amor próprio e da positividade. Além de trazer uma protagonista decidida e otimista, exalta as incontáveis possibilidades de estilo para o cabelo afro da menina.
Vencedor do Oscar 2020
Melhor Curta-Metragem de Animação
05. PANTERA NEGRA (2018)
Se tem um filme do Universo Cinematográfico da Marvel que transcendeu as telas foi “Pantera Negra”. Desde que deu as caras pela primeira vez, em uma participação em “Capitão América: guerra civil”, o herói já mostrou a força de suas garras. Interpretado por Chadwick Boseman, T’Challa não demorou a se tornar referência, principalmente para crianças negras, que até então não se viam representadas como verdadeiros protagonistas em um cenário dominado por personagens brancos. Não foi só graças ao impecável trabalho de criação de Wakanda, um país fictício na África, que o filme fez sucesso. O impacto dessa produção, dirigida e escrita por pessoas negras, com referências culturais bem empregadas, provocou um movimento estrondoso na internet, imortalizando o ator e o icônico lema “Wakanda para sempre”.
06. A CINDERELA (1997)
Muito antes do live-action de 2015, a Gata Borralheira ganhou uma versão com atores de carne e osso que deixou sua marca. O longa-metragem “A Cinderela”, produzido pela Disney para a televisão, redefiniu o que era considerado um conto de fadas tradicional. A produção quebrou barreiras ao trazer a princesa e a Fada Madrinha interpretadas por atrizes negras, diferente de como costumavam ser representadas. Com músicas e interpretações elogiadas pelos críticos, se tornou um dos musicais para a TV mais assistidos da história na época. Além da participação da cantora Whitney Houston, destaque para o protagonismo de Brandy Norwood, que, inclusive, voltou a viver a Cinderela em “Descendentes: a ascensão do vermelho”, de 2024.
8 expressões preconceituosas que devemos evitar
Por décadas, termos e expressões discriminatórios foram normalizados no vocabulário brasileiro, mostrando como o preconceito se manifesta de diferentes maneiras, inclusive na forma que falamos. Muitas vezes usados sem saber a verdadeira origem, era comum ouvir frases que refletiam um racismo enraizado há gerações. Na construção de um mundo antirracista, é essencial rever a linguagem que usamos, substituindo palavras que carregam estigmas por termos que não reproduzem microviolências. Conheça alguns exemplos:
1) DENEGRIR
Com origem na palavra em latim denigrãre, o termo tem ligação direta com as noções de cor. Mesmo de forma inconsciente, reforça a ideia de vincular o que é claro ao positivo e o que é escuro ao negativo. Trocar esse termo pode parecer simples para quem fala, mas tem um grande valor para quem ouve.
Você deve substituir por: difamar, prejudicar.
2) OVELHA NEGRA
Assim como no caso anterior, apesar de não ter diretamente ligação com a questão racial, a expressão faz parte de um pensamento da era colonial, em que as características escuras representavam negatividade. Ainda que, em muitos casos, não seja usado em frases racistas, o termo carrega resquícios da associação preconceituosa que, historicamente, era difundida na população.
Você deve substituir por: fora da curva, alternativo.
3) LÁPIS COR DE PELE
Utilizado muitas vezes para se referir a cores claras, como o bege, reproduzir essa expressão é uma maneira de universalizar os traços físicos de pessoas brancas como uma referência única e o padrão. É importante valorizar, igualmente, as características de crianças negras, indígenas e asiáticas, incentivando-as a apreciarem diferentes tons de pele e tipos de cabelo, contribuindo para uma identidade positiva.
Você deve substituir por: lápis cor-de-rosa claro, lápis marrom escuro.
4) UM PÉ NA SENZALA
Ligado ao período colonial, a expressão é utilizada para se referir às pessoas de pele negra clara — a origem vem do histórico da miscigenação brasileira. Muitas vezes é usado para relacionar estereótipos negativos com o “lado negro” da família, reforçando a ideia de que a negritude está ligada com classificações pejorativas.
Você deve substituir por: ascendência negra.
5) MULATO
Também utilizado para se referir a pessoas de pele negra clara, a palavra “mulato”, historicamente, se refere ao filhote de um cavalo de raça/égua com o jumento (a), considerado uma “raça inferior”. A comparação desumaniza e reduz as pessoas a uma ideia de “mistura entre espécies”, fortalecendo uma visão racista herdada do período escravocrata.
Você deve substituir por: pardo, pessoa negra de pele clara.
6) SERVIÇO DE PRETO
A expressão está vinculada com serviços braçais que foram mal executados. Surgiu no período escravocrata e fortalece o estereótipo racista de que as pessoas negras são incapazes de fazer um trabalho de qualidade.
Você deve substituir por: trabalho de má qualidade, mal-acabado, desleixado.
7) CABELO RUIM/DURO
Por muitos anos, pessoas negras se sentiram pressionadas para abandonar seus cabelos naturais, que eram considerados “difíceis de lidar” ou ruins — promovendo a ideia de que traços dentro da branquitude eram melhores. Esse preconceito vem de padrões eurocêntricos, que valorizam apenas cabelos lisos.
Você deve substituir por: cabelo crespo.
8) JUDIAR
Outro termo que remete a episódios violentos da humanidade. Embora hoje seja usado no sentido de “maltratar”, sua origem está ligada à expressão “sofrer como um judeu”, apontando para momentos diferentes da história marcados pela perseguições ao povo judeu, como o Holocausto.
Você deve substituir por: ferir, castigar, oprimir.
Para entender a importância da terra para as comunidades quilombolas hoje, precisamos voltar no tempo, para um dos períodos mais difíceis da história brasileira.
Durante séculos, milhões de pessoas sequestradas da África foram forçadas a trabalhar no Brasil, privadas de sua liberdade, de seus nomes e de sua cultura. Mas, mesmo sob sofrimento, a resistência era constante. Foi a partir desse desejo por liberdade e por manter suas tradições que nasceram os quilombos.
Esses locais eram espaços de refúgio e de vida livre. Neles as pessoas que fugiam (os ancestrais dos atuais quilombolas) se uniam para reconstruir suas vidas, respeitando suas tradições africanas e criando suas próprias
regras e formas de defesa. Defender o quilombo era preservar a liberdade e a esperança. Com o fim da escravidão, o desafio continuou: as famílias quilombolas permaneceram em seus territórios, mantendo suas culturas e lutando para que aquele pedaço de chão, conquistado com tanta luta e resistência, fosse reconhecido como delas.
Garantir um lugar para viver em comunidade é um ato de justiça e um reconhecimento dessa história de luta. É aí que entra a nossa lei mais importante: a Constituição Federal de 1988.
A PROMESSA DA CONSTITUIÇÃO
A Constituição estabelece os direitos e deveres de todos. Em relação às comunidades que ainda persistem de quilombos, ela fez uma promessa histórica, reconhecendo a importância desses grupos para a formação do nosso país.
O artigo mais importante sobre o tema estabelece o seguinte:
• Reconhecimento do território histórico: as terras que foram tradicionalmente ocupadas pelos ancestrais quilombolas são reconhecidas como de direito dessas comunidades.
• A propriedade é delas: a Constituição garante que essas comunidades têm direito à propriedade definitiva dessas terras. Não é apenas aluguel ou uso temporário; o título de posse deve ser passado para a comunidade.
POR QUE A TERRA É TÃO IMPORTANTE?
Para uma comunidade quilombola, o território é mais do que apenas o lugar onde se constroem as casas, é o local onde a cultura se mantém viva.
1) Preservação cultural: é na terra que eles podem manter suas práticas agrícolas tradicionais, realizar suas festas e rituais e transmitir suas histórias de geração para geração. Sem a terra, a cultura se enfraquece.
2) Soberania alimentar: a terra garante que a comunidade possa plantar seus alimentos (como o arroz e o feijão), caçar e colher, vivendo de forma autônoma.
3) Memória e identidade: o território contém a memória dos ancestrais que lutaram pela liberdade. Ao defender o território, os quilombolas defendem a própria história do Brasil.
O que diz a Lei?
Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
Por muitos anos, as histórias e conquistas de pessoas negras foram esquecidas e ignoradas, apagando as contribuições na trajetória do nosso país. Relembrar esses legados é uma forma de valorizar quem ajudou a construir o Brasil e garantir que, a cada dia, a sociedade possa se tornar mais justa e igualitária.
É conhecendo essas figuras que muitos jovens negros podem se reconhecer na história e se sentir inspirados para acreditar no próprio potencial e realizar seus sonhos. Quando as vozes ganham força, todos podem aprender a enxergar como a diversidade e a representatividade ajudam a
moldar o presente e caminhar para um futuro com mais respeito e oportunidades.
PIONEIROS DA MUDANÇA
Vivendo durante uma época em que muitas portas eram fechadas devido ao preconceito, essas personalidades quebraram barreiras e deixaram seu nome na história do país, mostrando que ninguém deve ser impedido de aprender e conquistar algo devido à cor de sua pele. Conheça cinco catarinenses que abriram caminhos onde antes havia muros:
ANTONIETA DE BARROS
Nos últimos anos, a participação das mulheres na política vem crescendo, tanto entre o eleitorado quanto nas cadeiras ocupadas no Congresso e em outras casas legislativas. Mesmo com esses avanços, ainda há um longo caminho para que a representatividade feminina seja igual à dos homens.
No entanto, o início dessa jornada começou há quase 100 anos. Em 1934, Antonieta de Barros se tornou a primeira negra a ser eleita deputada estadual no Brasil. É possível observar suas marcas também na educação e no jornalismo, abrindo caminho para muitas mulheres na política e na comunicação.
Educadora da rede pública de Santa Catarina, criou um curso gratuito para alfabetizar pessoas e teve participação na criação de uma das datas mais especiais da educação: o Dia do Professor. Em 1948, foi Antonieta quem apresentou o projeto de lei que deu um novo significado para o dia 15 de outubro.
CRUZ E SOUSA
Principal nome do movimento simbolista no Brasil, João Cruz e Sousa é muito mais do que o nome de um importante edifício no Centro Histórico de Florianópolis. Nascido em 1861, a realidade não era fácil para um jovem menino negro filho de escravos alforriados.
Foi por meio da persistência, interesse e coragem que Cruz e Sousa ingressou nas áreas de literatura e ciência mesmo lidando com o racismo. Dedicado à luta pela igualdade e à campanha abolicionista, era também por meio de seus poemas que falava sobre dor, liberdade e autoconhecimento.
NEIDE MARIARROSA
Assim como no caso anterior, Neide Mariarrosa é prova de que a arte pode transformar vidas. Considerada uma mulher à frente do seu tempo, a cantora e radioatriz se destacou no cenário da música catarinense e nacional.
Mesmo enfrentando o preconceito devido a seu gênero e cor, Neide quebrou barreiras culturais e inspira gerações de artistas até hoje. Em 2023, quase três décadas após sua morte, a cantora foi homenageada com a Medalha Cruz e Sousa, a maior honraria da cultura catarinense.
ILDEFONSO JUVENAL
Dono de diversos talentos, Ildefonso passou por diferentes áreas durante sua vida. Militar, escritor, orador e farmacêutico, foi o primeiro homem negro a se formar em uma instituição de Ensino Superior em Santa Catarina, isso em 1924. Além de sua contribuição à Força Pública do Estado (órgão que deu origem a Polícia Militar), deixou seu legado na criação da Sociedade Amigos do Estreito, que buscava ajudar no desenvolvimento do bairro, e na literatura — o escritor publicou diversos contos, poesias e peças de teatro ao longo de 50 anos de carreira. Assim, tornou-se cofundador da Associação dos Homens de Cor, do Centro Cívico e Recreativo José Boiteux, do Centro Catarinense de Letras e da Associação Promotora da Herma de Cruz e Sousa.
VALDA COSTA
De origem humilde, Valda desde muito nova já lidava com responsabilidades de gente grande. No entanto, a artista decidiu ser dona do seu próprio destino e buscou aperfeiçoar seus talentos.
Seja como auxiliar de enfermagem, como cabeleireira ou idealizadora de figurinos de escola de samba, Valda dedicou-se em diferentes áreas durante toda sua vida. Mas foi na arte que se encontrou — com um estilo marcante, o cenário onde morava, o folclore ilhéu e as festividades da região eram temas frequentes entre suas mais de 800 obras.
VOZES NEGRAS
Para celebrar a cultura afro-brasileira, os estudantes do sétimo ao nono ano da Escola Municipal Professora Elsir Bernadete Gaya Müller, com a professora Juliana Fernandes Jacinto, participaram do projeto “Vozes negras: arte, história e resistência em movimento”.
Durante as atividades, os estudantes fizeram pesquisas sobre figuras negras brasileiras que se destacaram na luta pela igualdade racial e contribuíram para a formação da identidade cultural no Brasil. Cada aluno ficou responsável por conhecer a fundo a história de uma dessas pessoas e, a partir disso, produzir pinturas em tela com o retrato das personalidades estudadas.
Com o projeto, além de estudarem figuras importantes para o país, os estudantes entenderam o valor de celebrar a diversidade e as diferentes narrativas que compõem a cultura do Brasil, assim como refletiram sobre a necessidade de combater o racismo.
Fotos: EM Professora Elsir Bernadete Gaya Müller/Divulgação
CONSCIÊNCIA E ARTE
As turmas do terceiro e quinto anos da Escola Municipal Professora Maria Tereza Leal, junto com a professora de História e Arte, Patrícia Rodrigues Tavares Botelho, participaram da confecção de colagens com texturas durante o projeto de Consciência Negra.
O objetivo era trabalhar os diferentes tipos de cabelo (como liso, ondulado, cacheado e crespo) e estimular a autoestima de meninas e meninos negros. Também foram fabricadas artes têxteis e com miçangas.
Para contemplar o projeto, foi realizada uma oficina de percussão, a contação da história da abayomi e uma apresentação de maculelê.
Fotos: EM Professora Maria Tereza Leal/Divulgação
Confira algumas das produções das escolas da rede municipal.
CMEI Professora Adélia de Souza Fernandes
CEM Professora Natalina Sabel do Amaral
CEM Professora Maria de Lourdes Antunes
CEM Professora Natalina Sabel do Amaral
CMEI Laci Ana de Borba Cesário
CMEI Portal do Saber
CMEI Bruce Cranston Kay
CMEI Bruce Cranston Kay
CEM Professora Maria Regina Gazaniga Da Costa
CMEI Professor José Dos Passos Lemos
CMEI Portal do Saber
CMEI Professora Kátia Regina Gazaniga de Souza
CMEI Professora Isabel Flores Pagani
CMEI Professora Alciréia Da Conceição Couto
CMEI Professora Didymea Lazzaris de Oliveira
CEM Professora Giovana Soares da Cunha - Extensão
CMEI Professora Bernardete Maria Sedrez da Silva
CMEI Professora Bernardete Maria Sedrez da Silva
CMEI Professora Didymea Lazzaris de Oliveira
CMEI Professora Maria Carlota Vieira
CMEI Professora Rosana de Fátima Gaya Barreto
CMEI Professora Maria da Silva Santos
CMEI Professora Maria da Silva Santos
CMEI Professora Regina Marly da Costa
CMEI Professora Nazir Rodrigues Rebelo
Centro Educacional Professora Maria de Lourdes Couto Cabral - CAIC
ROSILENE SOUZA MARTINS - SUPERVISORA ESCOLAR DO CMEI BRUCE CRANSTON KAY
Historicamente no Brasil, houve inúmeras tentativas de apagamento da história do povo negro. Tivemos a queima de documentos sobre a escravidão, em que muitas referências foram eliminadas; nossas contribuições sofreram omissões nos livros didáticos, nos quais quase nunca estivemos presentes; sofremos uma distorção da cultura negra que muitas vezes associa nossos movimentos como algo ruim; ou ainda com a insistente tentativa de desqualificar o tema. No entanto, nossa cultura pulsa para além destas feridas, por isso, falar sobre a história do povo negro é um ato de resistência.
Compreender a importância da Consciência Negra é promover uma percepção histórica e reconhecer a significativa contribuição deste povo na construção de nosso país.
No âmbito educacional, promover uma educação antirracista é fundamental para traçarmos um futuro melhor. E isso deve começar desde a Educação Infantil, empoderando nossas crianças, valorizando a beleza dos diferentes fenótipos e fortalecendo a identidade de cada uma, com base no respeito e na diversidade, tendo a noção de que conhecer, respeitar e valorizar as diferenças é o primeiro passo para transformar o mundo.
Representando uma história de resistência e de ancestralidade, as bonecas abayomi se tornaram um símbolo de autoestima e afetividade — o nome, de origem iorubá, é traduzido para “encontro precioso” ou “aquele que traz alegria”.
Feitas apenas com nós em tiras de tecido, são um convite para imaginação e vínculo com histórias que atravessam gerações. Em novembro, no mês que celebra a Consciência Negra, crianças da rede municipal colocaram a mão na massa e produziram suas próprias bonecas. E você pode fazer o mesmo! Confira o passo a passo:
Materiais:
• 1 retalho de tecido preto liso para o corpo (45cm × 25cm);
• 1 retalho de tecido preto liso para os braços (33cm x 7cm);
• 1 retalho estampado para o vestido (28cm x 14 cm);
1) ESTRUTURA: faça um nó bem firme em uma das pontas do retalho;
2) PERNAS: na outra extremidade do tecido, corte ao meio até chegar aproximadamente 1cm antes do nó — formando as pernas. Nas pontas dessas duas tiras, franza e faça um nó em cada uma para formar os pés;
Leia o QR Code e conheça algumas das produções do Centro de Educação Complementar (CMEC) Cidade da Criança e do Centro Municipal de Educação Infantil Professora Didymea Lazzaris de Oliveira.
3) TRONCO E CABEÇA: acima das pernas, no meio dos tecidos, forme um nó bem forte. Após isso, puxe um pouco do tecido para cima, formando uma bolinha, e arrume um nó para estrutura a cabeça;
4) BRAÇOS: com o retalho para os braços, enrole o tecido no sentido do comprimento (o lado maior), e dê um nó em cada ponta. Passe a tira pronta por trás do tronco da boneca e amarre bem para ficar firme;
5) ROUPA: dobre o retalho do vestido ao meio e faça um corte no formato de um pequeno triângulo na parte dobrada. Neste buraco, passe a cabeça da boneca e vista a roupinha.
6) PRENDA O VESTIDO: amarre a cintura da boneca com o cinto para ajustar o vestido.
7) TURBANTE E CABELO: dê uma volta na cabeça da boneca com a faixa para o turbante e a amarre cruzando as pontas ou fazendo um laço. O tecido que ficar acima do acessório pode ser cortado em pequenas mechas para formar o cabelo.
Foto: CMEI Professora Didymea Lazzaris De Oliveira/Divulgação