
EDIÇÃO 5 - ANO 1 - JULHO 2023

CULTURA
ARTESANATO

DIVERSIDADE
QUEM BANCA A BANCA? QUEM BANCA A BANCA? QUEM BANCA A BANCA? A HISTÓRIA AFROINDÍGENA A HISTÓRIA AFROINDÍGENA A HISTÓRIA AFROINDÍGENA

EDIÇÃO 5 - ANO 1 - JULHO 2023
CULTURA
ARTESANATO
DIVERSIDADE
QUEM BANCA A BANCA? QUEM BANCA A BANCA? QUEM BANCA A BANCA? A HISTÓRIA AFROINDÍGENA A HISTÓRIA AFROINDÍGENA A HISTÓRIA AFROINDÍGENA
ANCESTRALIDADE QUILOMBOLA PELA ARTE
ANCESTRALIDADE QUILOMBOLA PELA ARTE
ANCESTRALIDADE QUILOMBOLA PELA ARTE
QUEM BANCA A BANCA?
RESGATANDO A HISTÓRIA AFRO-INDÍGENA
REVISITANDO HOMENAGENS
O FIM DA CULTURA DO ESCRITÓRIO? 30 36 12 04
EXPEDIENTE
A Revista Fora da Caixa é um produto editorial da disciplina Laboratório de Mídia Impressa desenvolvido pelos alunos do 6º período do turno noturno do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Esta edição foi produzida no semestre letivo 2022.2, entre os meses de janeiro e junho de 2023.
Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Arte (ICHCA)
Curso de Jornalismo
Endereço
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EDITOR-CHEFE
Marcelo Robalinho (MTE 13538/PE)
EDITORES RESPONSÁVEIS
Editor: Maria Abbondanza
Subeditor: Sávio Lopes
MONITORIA
Matheus Alexandre
REPORTAGEM
Gabriel Mileno
Leticia Sobreira
Maria Abbondanza
REVISÃO DE TEXTO
Marcelo Robalinho
Maria Clara Godoy
Maria Clara Tenório
Sávio Lopes
Teresa Cristina
NÚCLEO DE DESIGN
Editor: Cauê Silva
Subeditor: Gabriel Ferreira
Diagramadores:
Letícia Sobreira e Maykon Felipe
REVISÃO DA DIAGRAMAÇÃO
Caroline Oliveira
Maria Eduarda Lima
NÚCLEO DE REDES SOCIAIS
Editora: Emmanuely Geisyely
Subeditora: Teresa Cristina
Social Media: Victor Xavier
Descubra uma Alagoas fora da rota, caro leitor...
Quando se pensa em turismo em Alagoas, vem a imagem do litoral explorado bastante por propagandas e reportagens veiculadas na mídia. Pensar “fora da caixa” é conhecer mais de uma Alagoas para além das praias ou de lugares históricos do sertão alagoano, adentrando mais no estado, assim como exploramos um novo livro de história em capítulos instigantes ou viajamos por espaços geográficos desconhecidos de um território pouco explorado
Sabia, por exemplo, que a Serra da Barriga, conhecida nacionalmente e patrimônio cultural do Mercosul, é o lugar onde se localiza o famoso Quilombo dos Palmares, terra de Zumbi, tendo chegado a abrigar 20 mil negros e indígenas que sofriam de maus tratos e trabalho insalubre na época do Brasil Colonial?
Em visita ao Memorial Quilombo dos Palmares, uma viagem na história do país, a repórter Maria Villanova constatou que o espaço, mesmo que pouco divulgado, um tanto quanto ignorado pelo poder público resiste, como tantos negros que por lá passaram, revelando uma riqueza inenarrável São espaços que precisam de manutenção, estátuas de líderes que foram destruídas pelas chuvas jamais foram repostas, e totens de informações já não funcionam há muito tempo É essa história que tentamos decifrar.
Nesta “pegada”, a repórter Letícia Sobreira nos traz um panorama dos então descendentes daqueles que por lá viveram. Você sabia que uma das mais importantes esculturas de Alagoas reconhecida mundialmente é fruto de uma declaração de amor de artistas quilombolas?
Nossa reportagem de capa traz a figura de Dona Irinéia, patrimônio imaterial de Alagoas e musa de “O Beijo”, escultura que hoje reproduz em diversas formas, tamanhos e formatos, e homenageada do Museu da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), em União dos Palmares, na zona da mata alagoana. Ainda sobre o assunto, o repórter Sávio Lopes relembra a figura de Tia Marcelina, heroína de resistência dos terreiros e negros, em uma matéria que nos leva a questionar os motivos que levam personalidades a serem homenageados e lembrados, enquanto pessoas que realmente resistiam seguem apagados.
Por fim, convidamos o leitor a refletir um pouco mais sobre o passado, e pensar sobre o futuro, em duas produções que iniciam e finalizam esta edição Numa delas, a repórter Teresa Cristina decifra quem ainda mantém as antigas bancas de revista na cidade de Maceió, numa reportagem que mescla passado e presente e nos faz pensar na realidade observada nos demais municípios brasileiros. Já o repórter Gabriel Mileno apresenta, em outra, o futuro dos escritórios, refletindo sobre presente e futuro. Pensamentos, reflexões e conexões entre passado, presente e futuro A edição de Turismo e Cultura propõe uma viagem por uma Alagoas fora da rota conhecida.
Boa leitura!
Redação da 5° edição da Revista Fora da Caixa
Os textos veiculados nesta revista não representam a opinião da UFAL, nem do curso de Jornalismo.
Como os famosos quiosques de vendas de jornais e revistas se tornaram parte do nosso cotidiano e sobrevivem, depois de tantas mudanças e desafios no mercado
Por Teresa Cristina
Na região central, em praças, ruas e esquinas de uma cidade, independentemente se pequena ou
grande, metrópole ou interior, não é difícil encontrar uma banca de revistas. Sinônimo de informação, ponto de encontro, conversas, uma espécie de rede social das décadas passadas, as bancas começam sua história com os jornaleiros, inicialmente escravos, e depois imigrantes italianos que, com o passar do tempo, foram buscando um lugar fixo para se estabelecerem e facilitarem seus negócios.
A primeira banca brasileira foi fundada em 1860, no Rio de Janeiro, ainda no tempo do Brasil Império e quando a cidade fluminense era capital do país. O italiano Carmine Labanca foi responsável por trazer esse tipo de quiosque, bem diferente do que estamos acostumados hoje em dia. Naquela época, Carmine começou a vender os seus jornais em tábuas sustentadas por caixotes de madeira Não demorou muito para que outros jornaleiros do local adotassem o mes-
mo formato, que em 1910 passou a ser substituído por barracos de madeira.
Na década de 1950 do século 20, surgem as famosas estruturas de metal. Já eram consideradas um ótimo negócio, pois tinham público garantido, expandindo-se e tornando-se a principal ponte entre jornais e público, e contribuindo para a expansão, consolidação e credibilidade do jornalismo brasileiro por se converterem em pontos de venda fixos de publicações, primeiro nas grandes metrópoles e posteriormente nas demais cidades, e de encontro entre os interessados em informação e entretenimento. Tornaram-se tão memoráveis quanto capas de revistas, importantes como as principais manchetes de jornais e de um apreço tão grande quanto aquela cartela de figurinhas dos nossos personagens favoritos dos álbuns infantis.
A professora de Comunicação e pesquisadora sul-africana Mehita Iqani, num
estudo etnográfico, no começo dos anos de 2010, sobre as bancas de revistas de Londres, na Inglaterra, denominou-as de “espaços de varejo” e “espetáculo semiótico”, ao mesmo tempo, devido ao grande volume de informações e signos visuais que esses estabelecimentos oferecem ao público. “Numa tarde qualquer, assim, é possível deambular por ruas agitadas, tomar café e/ou caldo de cana, dialogar com ambulantes, observar pessoas com ritmos, roupas, corpos e presenças distintas, ser atravessada/o por anúncios publicitários de diferentes qualidades, ouvir música e convocações sonoras de rádios, locutores de lojas, pregadores, entre outras Nesse percurso, pontuam as estruturas, geralmente metálicas, do que se convencionou chamar de ‘bancas de jornal’, por sua vez usualmente repletas de uma variedade de produtos, organizados de tal forma que parecem um ‘carnaval de coisas’”, comentaram os pesquisadores Bruno de Souza Leal e Daniel Macedo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no artigo “Bancas de jornal? Mesmice e adaptação nas paisagens das cidades”, de 2023
O avanço da Internet e a facilidade de acesso à notícia por ela proporcionado, reduziu a movimentação nas bancas, juntamente com o encarecimento do preço do petróleo, que aumentou consideravelmente o valor do papel dos anos de 2010 para cá Os comerciantes começaram a buscar outras alternativas para continuarem funcionando, investindo na venda de doces, cigarros, recarga de celular entre outras mercadorias, transformando as bancas em pequenas conveniências, lanchonetes e, em alguns casos, pontos de encontro entre colegas e amigos. A variedade de revistas ofertada nas bancas foi reduzindo e as edições de jornais impressos disponíveis para venda também foram diminuindo, assim como o público, sobretudo de periódicos de outros estados. Nos últimos anos, as bancas têm se tornado cada vez mais raras, tornando-se apenas recordações de um passado recente
A imprensa no Brasil surgiu no século XIX, com a chegada da família real portuguesa, sendo o último país da América Latina a conquistar uma imprensa nacional, demorando a se desenvolver por diversos fatores. Inicialmente, Portugal proibiu a imprensa na colônia, reprimindo as tentativas, como, em 1747, quando Antônio Isidoro da Fonseca, famoso tipógrafo de Lisboa que estabeleceu negócio no Brasil, montou uma oficina de impressão que logo foi fechada por uma ordem real. Um tipógrafo, para quem não conhece, é aquela pessoa responsável pela arte da criação na composição e impressão de um texto. Num passado bem distante do que a gente vive hoje em dia, antes do computador e dos soft-
wares, o tipógrafo ficava encarregado de montar o texto (“diagramar”) nas páginas de uma publicação impressa.
Em 1808, dois acontecimentos marcam o início da imprensa brasileira Primeiro, surge o jornal "Correio Braziliense", impresso em Londres pelo jornalista Hipólito José da Costa Apesar de levar meses para chegar ao Brasil, o jornal obteve grande repercussão na elite letrada e logo foi proibido no país. No mesmo ano, com a chegada da família real portuguesa, sentiuse a necessidade de uma imprensa nacional no novo endereço da realeza. Assim foi fundada a imprensa régia, composta de máquinas de impressão inglesas, responsável pelo jornal “Gazeta do Rio de Janeiro”, que trazia notícias favoráveis ao governo.
Apesar do pequeno avanço, o jornal não tinha regularidade e não alcançava a maioria da população por ser restrito à elite, e também pelo fato de apenas uma pequena parcela da sociedade saber ler Não satisfeitos com o atraso, a coroa também adotava uma censura prévia, lendo previamente tudo que era impresso. Os produtos que não seguiram as regras foram censurados e alguns estabelecimentos tiveram suas máquinas tipográficas destruídas, para evitar qualquer possível propagação de ideias contrárias ao governo da época.
Mesmo com tantas dificuldades, a imprensa brasileira resistiu à repressão e censura de diversos períodos históricos, conseguindo firmar, no século 20, algumas empresas de renome no mercado, como os Diarios Asso-
ciados, a Bloch Editores, o Grupo Abril e o Grupo Folha. Atualmente, o Brasil abriga o maior conglomerado de mídia da América Latina, o Grupo Globo
Responsáveis por levar informações para a população, os jornaleiros ou gazeteiros eram mais comuns e faziam parte da vida urbana brasileira na entrega e venda de jornais e revistas de casa em casa e na distribuição pelas bancas. Inicialmente, eles precisavam pegar os jornais de madrugada e andar pelas cidades durante o dia para vender os exemplares. Mais tarde, muitos foram se estabelecendo em locais estratégicos, surgindo assim as primeiras bancas de revista. Além de adultos, crianças exerciam a profissão, trabalhando exaustivamente.
Pensando em amenizar a situação, em 1940, Darcy Vargas (esposa do então Presidente da República, Getúlio Vargas) fundou a “Casa do Pequeno Jornaleiro”. Era, um lugar onde as crianças do Rio de Janeiro poderiam dormir, alimentar-se e ter acesso a cursos profissionalizantes, uma forma de evitar estagnar o crescimento desenfreado da população de rua no Brasil e combater a vulnerabilidade social vivida por crianças e adolescentes que entregavam jornais. Ao longo dos anos, com o surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a instituição foi deixando de ser um abrigo e se adaptando e investindo mais na educação dos jovens cariocas, sobretudo dos anos 90 e 2000 para cá, funcionando com o nome de “Fundação Darcy Vargas”.
Nas grandes cidades, as bancas passaram a fazer parte das cidades, da rotina do trabalhador apressado que parava para comprar o jornal, das memórias das crianças que queriam colecionar as revistas infantis, e tantas outras histórias Elas fazem parte de momentos e trazem memórias afetivas ligadas a entes queridos que já se foram, mas são lembrados com tanto carinho Memórias essas que, são passadas de geração para geração, assim como a tradição das bancas que passaram a se tornar negócios familiares.
É o caso de Fátima Menezes, que, com o marido, está tentando reerguer a Banca Santo Amaro, uma das primeiras de Maceió,
na capital alagoana, fundada em 1969, que era do seu sogro. Com o tempo, ele começou a adoecer e os filhos ajudaram a tomar conta do negócio Por conta da queda no movimento e a chegada da internet, o casal tem apostado em outros produtos, como sorvete, confeitos, brinquedos, pipoca, biscoitos, cartelas de jogo e cartinhas pokémon, para futuramente voltar a vender revistas e jornais. “O pai do meu esposo faleceu há pouco mais de um ano Como é um negócio hereditário, então meu esposo entrou no negócio. Aí, a gente aos poucos está retomando devagarzinho o trabalho da banca. A ideia é futuramente voltar a vender revistas e jornais”, conta Fátima, sonhando com novos tempos para a banca.
Com a migração do público para a internet, muitas editoras passaram a se inserir no meio e começaram a disponibilizar produtos on-line que pudessem cativar e manter seu público, além de ser um meio mais econômico e lucrativo. Assim, muitos veículos de comunicação deixaram de imprimir suas publicações e entraram no universo digital, investindo em assinaturas on-line e nas famosas “paywall”, um método de monetização de conteúdos escritos ou audiovisuais que restringe o acesso nas plataformas de mídia através de um pagamento (espécie de assinatura digital)
Um exemplo foi a Gazeta de Alagoas, que, em 2018, aos 84 anos de existência, deixou de circular sua versão impressa diária, optando, em vez disso, pelas edições no formato digital, e aos sábados pela edição impressa semanal Na época, a direção explicou que a mudança fazia parte da “evolução natural dos meios de comunicação que estão transformando completamente o jornalismo”. A plataforma impressa foi adicionada ao site “Gazetaweb”
Num estudo sobre a dinâmica das bancas de Belo Horizonte, em Minas Gerais, nas últimas décadas, a jornalista Cláudia Fonseca percebeu transformações no funcionamento variando entre as memórias de um passado, vinculadas à decadência da indústria editorial, sobretudo do impresso, de um lado, e portas de entrada para as novidades da cidade, de outro “A singularidade da banca está no fato dela se localizar na rua Ao instituir-se como uma ambiência comunicacional na paisagem ur-
bana, ela faz acontecer de forma peculiar uma articulação entre o tempo da atualidade e o espaço urbano. Ela faz com que os homens compartilhem o espaço e, simultaneamente, um tempo dos acontecimentos atuais”, reflete a pesquisadora no capítulo “A cidade em comunicação: paisagens, conversas e derivas em Belo Horizonte”, publicado no livro “De banca em banca: percursos entre catástrofes cotidianas”, da Editora da UFMG, em 2023
INSTITUI-SE COMO AMBIÊNCIA COMUNICACIONAL NA PAISAGEM URBANA, ARTICULANDO O COMPARTILHAMENTO DO ESPAÇO E DO TEMPO DOS ACONTECIMENTOS”
CLÁUDIA FONSECA
JORNALISTA E PESQUISADORA DA UFMG
Esse novo modo de pensar afetou diretamente as clássicas bancas de jornais Os exemplares de revistas e jornais impressos foram diminuindo e reduzindo mais a variedade de produtos nas vitrines das bancas e por consequência seu público. “A chegada da Internet para o nosso segmento foi muito difícil, muito complicada. Hoje a revista não é mais o foco das bancas. A gente vai se virando com outras coisas”, afirma Josivan Silva, proprietário da Banca Fina Cultura Revistas de artesanato e caçapalavras e álbuns de figurinhas dos times de futebol no período de copas do mundo são alguns dos itens mais procurados hoje.
Banca Fina Cultura, uma das poucas que ainda recebe e vende revistas na capital alagoana Revistas de artesanato e caçapalavras são os produtos mais procurados da banca
A pandemia da covid-19 trouxe uma nova realidade cheia de desafios para todos, incluindo as bancas de revistas de Alagoas, que sofreram mais esse revés com o fechamento da única distribuidora de revistas que ainda atuava no estado. Com isso, a revenda só pode ser realizada por distribuidoras de outros estados, um orçamento muito maior e não lucrativo. Muitos donos de banca tiveram que deixar de vender revistas por conta do alto investi-
mento. É o caso de Sandra Oliveira, que trabalha no meio há 18 anos e desde a pandemia do novo coronavírus parou de vender revistas. “Quando a distribuidora fechou, a gente ficou sem receber revista Se quiser, a gente tem que pagar uma taxa para trazer do Recife (Pernambuco) para cá. E não está dando para a gente, pois a despesa está muito alta. Eu sinto muito por não vender mais revistas Eu queria continuar vendendo, só que não veio mais nenhum distribuidor para Maceió desde então”, diz Sandra.
PUBLICAÇÕES QUE AINDA
ATRAEM PÚBLICOS
PARA AS BANCAS
Os famosos álbuns de figurinhas ainda são uma fonte lucrativa para as bancas em períodos de Copa do Mundo. Conhecidos por conquistar crianças e adultos, os álbuns fazem parte de uma tradição passada de geração em geração, proporcionando uma experiência única, até então insubstituível O último grande evento do tipo, a Copa do Mundo de 2022, atraiu milhares de pessoas, conquistou crianças e adultos que procura-
vam as bancas para comprarem álbuns e figurinhas, uma tradição que a internet não foi capaz de substituir Em 2018, a Panini, distribuidora do álbum da Copa, vendeu 1 bilhão de dólares em produtos relacionados ao evento “Na época, a gente bateu recorde. Teve dia que o pessoal procurava figurinha e não tinha mais”, lembra Givaldo de Melo, dono da Banca Fórum.
As famosas revistinhas estão por todos os lugares. Não é difícil encontrá-las, sendo vendidas em bancas, filas de supermercados, livrarias ou por ambulantes nas ruas. Elas fazem sucesso há mais de 100 anos e não perdem a popularidade Mesmo com as difi-
culdades enfrentadas pelas bancas de revistas, as palavras cruzadas e caça-palavras não deixaram de movimentar o mercado, e hoje são o carro-chefe das bancas e uma das principais fontes de lucro em termos de publicações pelo passatempo que elas proporcionam para as pessoas.
Com mais de 60 anos de história, a revista de palavras cruzadas Coquetel continua sendo uma das mais vendidas do país Por mês, são mais de 90 títulos (revistas e livros) que a empresa oferece para todo o país. São
jogos, palavras cruzadas, caça palavras, criptogramas, sudoku e desafios de lógica alguns dos títulos oferecidos. Seu principal público são as pessoas da terceira idade, que costumam usá-las como entretenimento e de forma de exercitar a mente e nunca abandonaram também o hábito de comprar nas bancas. “Minha mãe sempre pede pra eu passar em alguma banca e comprar caçapalavras para ela quando eu venho para Maceió”, conta Larissa Alves, uma frequentadora de bancas na cidade de Maceió.
Os caça-palavras são a principal fonte de renda dos donos de bancas Com 75 anos de história a revista de palavras cruzadas Coquetel continua sendo uma das mais vendidas do país
Por Maria VillaNova
Emoções e ancestralidade marcam a visita ao Memorial Quilombo dos Palmares, fora da rota de turismo tradicional de Alagoas
Que Alagoas é uma terra rica, ninguém duvida Praias de mar quente e azul e areia branca de uma beleza única Todavia, resu-
mir Alagoas ao seu litoral, comumente visto em propagandas e anúncios como algo paradisíaco, e ignorar que há outros pontos turísticos carregados de significado, é desrespeitoso e propicia o esquecimento de lutas do passado que auxiliaram na formação do Estado e do Brasil como um todo. Na contramão do turismo comercial, o turismo histórico e ancestral vem cheio de significados e traz um convite à reflexão sobre a sua existência e aqueles que lá viveram e por ele lutaram
Um dos maiores símbolos da resistência negra, o Memorial Quilombo dos Palmares, ainda é pouco divulgado ao turista e à população em geral A pergunta é: por quê? A resposta vem de um processo de anos. O apagamento da cultura afro-indígena é decorrente do chamado “branqueamento nacional”, iniciado com o fim da escravidão e a chegada de imigrantes europeus para trabalhar nas lavouras de café, entre o final do século XIX e o começo do XX, e tão persistente até os dias de hoje.
“Ao tratar da história do povo negro alagoano, você trata de uma história que a população brasileira não quer tratar: a escravidão e o racismo Com a escravidão, você vai trazer uma discussão voltada para o trabalho que essa população foi submetida e nunca indenizada. E essa população vive em uma situação de desigualdade econômica e exclusão social em virtude desta nossa sociedade escravocrata. Se você voltar a resgatar a história de Palmares, é incômodo para essa população patrimonialista, patriarcal. Não há interesse. A omissão é cômoda”, explica o professor Zezito de Araújo, um dos mais antigos integrantes do Movimento Negro Alagoano
Surgido entre o final da década de 70 e o começo da década de 80, nos corredores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), o Movimento Negro Alagoano buscava o resgate de sua história, contundamente apagada, e representatividade através de seus monumentos e heróis. Um dos momentos mais importantes foi a discussão acerca do Memorial Zumbi, em 22 de agosto de 1980, com a determinação de seu resgate para valorizar a história do Quilombo dos Palmares, através de um polo turístico.
E COMO CHEGAR?
São diversas as empresas de turismo que oferecem passeios para as praias, e também é notória a propaganda realizada para visitação de todo espaço litorâneo, diferente do que ocorre com o Memorial do Quilombo dos Palmares. Quem deseja visitálo encontra bastante dificuldade, devendo aguardar o serviço de micro-ônibus com destino à União dos Palmares, município que fica localizado na zona da mata de Alagoas, a 73 quilômetros da capital.
Chegando em União, a subida ao Memorial é possível por meio da contratação de um guia e transporte, agendados previamente Uma outra alternativa é se deslocar à cidade de carro de passeio e ir ao Memorial por conta própria. Entretanto, muitas das explicações são perdidas. A visita guiada é um diferencial Algumas empresas menores de turismo promovem passeios em datas pontuais ao Memorial É o caso da Startup Onilè, de resgate e memória negra, do empresário Diego Bára Onã, que promove, a cada 45 dias, o passeio “Na Trilha de Palmares”. Uma imersão na história, na memória e nos saberes que envolve ancestralidade afro-indígena.
“Meu sonho é que a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo entendam que isso também é um roteiro a ser divulgado, e não somente as praias. Conhecer a própria história, que é de Alagoas e do Brasil A gente tem muitas coisas aqui que podem ser aproveitadas e dar um valor maior a esses patrimônios materiais e imateriais”, diz Diego. A partida para União dos Palmares é tran-quila, via BR-104, demorando aproximadamente uma
hora e meia para chegar à cidade A subida ao Memorial não é fácil. Curvas, ladeira íngreme e a reflexão sobre tudo começa neste momento: escravos maltratados, fracos e com feridas subiam a Serra da Barriga a pé O quão desesperador era a falta de liberdade naquela época de outrora.
Na chegada ao Memorial, já somos recepcionados com uma placa em que se apresenta como “Parque Memorial Quilombo dos Palmares”, algo questionado pelo movimento negro alagoano, conforme nos pontua o professor Zezito de Araujo, do Movimento Negro Alagoano. “Não se usa o nome parque, mas sim memorial Falar de parque dá uma ideia de lazer. E, para nós, negros, a Serra da Barriga foi e é um espaço de resistência e reflexão, da luta do povo negro brasileiro”, pontua Zezito. A visita foi guiada pela palmarina Dandara Thais, professora de geografia e cultura afroindígena e também descendente local O contato com as terras quilombolas vem desde o berço e hoje sua história se entrelaça com as vivências do Memorial Dandara, por exemplo, não é seu nome de batismo, mas acrescentado à identificação graças a uma revelação aos 4 anos de idade.
“A SERRA DA BARRIGA FOI E É UM MEMORIAL DE RESISTÊNCIA E REFLEXÃO, ALÉM DE SÍMBOLO DA LUTA DO POVO NEGRO BRASILEIRO”
INTEGRANTE DO MOVIMENTO NEGRO ALAGOANO
Ao iniciar o passeio no Memorial Dandara, ela faz uma saudação à terra, e uma reverência aos seus ancestrais. De joelhos, curva-se suavemente, tocando suas mãos no solo em que muitos batalharam e tombaram. “Essa é uma forma de resgatar a minha ancestralidade, de pedir permissão para contar a história, de pedir proteção aos meus ancestrais, e de reverenciar o palco de tanta luta e história”, explica Dandara O
A partir daí, o resgate histórico começa: tomamos conhecimento que foi a princesa Aqualtune a verdadeira fundadora do Quilombo dos Palmares, contrariando os livros de história, que creditam à Zumbi, seu neto. Princesa no Reino do Congo durante a dinastia dos Kinzala, ela foi capturada e trazida como escrava para o Brasil após uma sangrenta batalha colonial com Portugal. Tendo desembarcado no Recife, foi levada
sar de ser uma pessoa negra, e de alguma forma a gente ter contato com essas histórias na escola, mas teve muita informação ali que eu não fazia ideia e que foi muito bom ter conhecido. Uma coisa que me marcou muito foi a questão d lid feminina no quilombo assim, q do zero”, conta o jornalista Barbosa, na sua primeira visita a
A próxima parada é o Onjó Cr amplo espaço de árvores, com jaqueira no centro, palco da sangrentas em defesa do Qu respeito à memória dos que p vida defendendo o Quilombo, n se aproximar da árvore, nem Seu tronco é grande, robusto e os negros que ali lutavam para p terras do invasores. Esse espaço acessado inteiramente em 20 d quando se comemora o Dia da Negra, em que grupos de candomblé e diversas outras matrizes africanas se reúnem p a memória e espírito da fundaram o Quilombo de Palm são realizados, com reza, dança batendo. Seguimos e entramos
Muxima dos Palmares, uma r da casa dos líderes e de vigilânc com grandes torres. Apesar des era um espaço único, mas coleti líder era de livre acesso aos que
Saindo do local, nos dirigimos a Acaiene, nomeado assim em ho filho de Ganga Zumba Ali, n Dandara nos conta a h tombamento e da invasão do Q Palmares. Nessa invasão, ocorrida em 1694 e
liderada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, que destruiu de vez o espaço de resistência, quando viam que não havia mais saída e que seriam novamente escravizados, muitos negros e negras se jogavam do alto d t i t d A i lib t
Muxima dos Palmares: torre alta para observação e segurança e onde o Conselho do Quilombo se reunia
Imagem:MariaVillanova
LEMBRANÇAS
MEMÓRIAS DA
O ponto principa
A visita à lagoa Gameleira Sagra mais afastada, j chegada dos alg uma árvore típic no Quilombo er era um pedaço d amada África.
O caminho para alguns buracos e terra batida. Qu enlameado, de d faz outra reverê gameleira branca os olhos Fala so estar diante de carregada de sig que exala histór olhos ao entend
espaço a todos q estiveram. O esp g p indescritível. Impossível não sentir a energia e a força que a lagoa nos traz Lá, mulheres usavam para os seus rituais, lavar roupa e buscar águas para curar as feridas Eram as águas sagradas da região que lavavam as crianças recém-nascidas. A gameleira branca abençoando o local, e fazendo lembrar da terra mãe, de seus antepassados.
MEMORIAL QUILOMBO MEMORIAL QUILOMBO
DOS PALMARES DOS PALMARES
Endereço:
Estradão, 15025 - União dos Palmares, AL, CEP. 57800-000
Toda a visita ao Memorial dos Palmares mostra o quão rica é a história e cultura e o quão valioso é o turismo afro-indígena, tão pouco abordado quando se fala no turismo alagoano Momentos de grande emoção e reflexão, além de um convite ao resgate da história negra do nosso país
Horário de funcionamento: 08:00 às 17:00. Todos os dias. Entrada Gratuita
START-UP ONILÉ
Instagram: @rotaspretas.onile
Contato: (82)98815-0638
Luta por sobrevivência marca a história de remanescentes Luta por sobrevivência marca a história de remanescentes quilombolas em Alagoas através da arte quilombolas em Alagoas através da arte
Em 523 anos de Brasil, acreditar que o sistema escravagista da era Colonial não deixou feridas abertas neste país stá mais que comprovado: É tolice. Aqui, na terra que deu vida ao maior quilombo da América Latina, segundo o Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), somamos 72 comunidades certificadas de remanescentes quilombolas São cerca de 6.800 famílias de descendentes legítimos de um povo que foi arrancado de seu lar em nome da ganância, carregando as consequências até os dias atuais.
Em Palmeira dos Índios, segundo maior município do Agreste alagoano situado a cerca de 136 quilômetros da capital Maceió, fica localizado o Povoado Tabacaria. “Tabacaria é como um pedacinho da África”, dizia Amaro Félix, quilombola de olhar tranquilo e voz suave, que se foi no ano passado. Amaro foi a maior liderança local, presidiu a Associação de Desenvolvimento da Comunidade Remanescente de Quilombo Tabacaria (ADRQT) e participou ativamente das reivindicações pelo reconhecimento de seu território.
O Quilombo Tabacaria foi a primeira comunidade quilombola a ser devidamente certificada em Alagoas e é a única devidamente titulada até hoje. Ela é remanescente da luta travada por Aqualtune, Ganga Zumba, Dandara, Zumbi e tantos guerreiros. A exemplo deles, Tabacaria construiu sua própria história de resistência, enfrentando ameaças de fazendeiros, a fome, a seca e todo tipo de condição de vida desumana. O Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) do Quilombo de Tabacaria foi publi-
As mãos dos artesãos e descendentes de quilombolas, agora livres, produzem a arte
cado em 2007. Já a Portaria nº 326, de 1º de outubro de 2008, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), publicado no Diario Oficial da União, reconhece e declara oficialmente o território como remanescente de quilombo. Somente em 2009, o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto de desapropriação dos posseiros que dominavam o território da comunidade, devolvendo aproximadamente 410 hectares de terra para as pessoas que historicamente ocupavam aquele lugar antes de seus antepassados serem arrancados da sua terra-mãe.
Tabacaria é parte dos chamados “Mocambos de Palmares”, quilombos que se formaram e se espalharam nesta região nos séculos 16 e 17, quando os colonizadores ex-
ploravam o litoral e zona da mata do território hoje pertencente a Alagoas e Pernambuco para o cultivo da cana-deaçúcar. As pessoas africanas escravizadas que conseguiam fugir dessa condição se refugiavam em pequenos territórios que ainda não tinham sido ocupados pelos invasores europeus. Um panorama que revela, pelo menos, 300 anos de luta e resistência dos quilombolas em nosso Estado e escancara as origens da desigualdade social entre os afrodescendentes e os descendentes dos europeus no Brasil.
A conquista do reconhecimento das terras quilombolas em Alagoas não aponta apenas uma vitória institucional, mas também a continuação da luta por condições de existência dignas “As pessoas aqui não sabiam o que era um vaso sanitário, porque
Gerson Paulino, mestre do reisado, busca perpetuar as toadas marcam a luta negra
dentro dos barracos que moravam não existiam banheiros. As necessidades fisiológicas tinham que ser feitas no meio do mato”, lembra Maria Silva, Secretária
Estadual da Mulher e dos Direitos
Humanos. À época, Maria era superintendente regional do Nordeste da Fundação Cultural Palmares, órgão do Governo Federal responsável por promover a cultura de matriz africana no Brasil Nos últimos anos, o Tabacaria, assim como muitos outros quilombos pelo estado, conquistou casas de alvenaria, energia elétrica, cisternas e o orgulho de não abaixar a cabeça diante das adversidades
“Serra da Barriga, cadê nosso amigo?
Faz 300 anos que ele faleceu
Nosso amigo é Zumbi dos Palmares
Ele foi embora e nunca mais voltou
Ele foi, mas deixou os quilombolas
P’ra vencer a luta e ser vencedor”
A letra entoada por Gerson Paulino, de 77
anos, mestre de reisado (também chamado de folia de reis) da Tabacaria, aponta o direcionamento de um povo que também sabe usar a arte para driblar o sofrimento. A pele negra maltratada pelo sol tem histórias para cada marca registrada pelo tempo. Seu Gerson é parte de um povo que tenta sobre-
viver na terra do pau-brasil, há mais de 300 anos, do açoite e arrasto de correntes até a semi-escravidão dos boias-frias. Ocorre que, em busca de condições de sobrevivência melhores e em cenários de pouca oportunidade de emprego e estudo, é comum que jovens quilombolas saiam de sua terra natal para servir de mão de obra para o trabalho braçal em outras localidades. Para enfrentar essa realidade, a economia criativa tem impulsionado quilombolas em todo estado, em especial através da arte e do artesanato.
Em 2021, Alagoas perdeu, aos 83 anos, outra ilustre ceramista quilombola que moldou seu nome na história: Marinalva Bezerra. Também mestre do Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas, Marinalva começou em seu ofício ainda menina. De família humilde, herdou o conhecimento sobre o manuseio do barro para ajudar no sustento de casa. E foi assim que, da terra vermelha retirada do Rio Mundaú, Marinalva começou a registrar a história viva de Alagoas.
Com as mudanças advindas da modernidade, os utensílios de barro migraram para o status de artesanato. Mas ainda assim, a prática milenar desse trabalho manual que atravessou gerações resiste e tem sido alternativa para muitos remanescentes quilombolas Foi do barro das margens do rio que muitas famílias resistiram, fazendo da terra o seu sustento, assim como dona Marinalva, que carregava nas mãos a delicadeza de quem molda no tato a própria arte e a força de uma ancestralidade que rompeu com as correntes da escravidão
“Só sei fazer o primeiro nome, que me ensinaram, aí eu coloco lá” Essa fala simbólica é de Irinéia Rosa Nunes da Silva. Dona Irinéia, como é conhecida, hoje com 75 anos, recorda que começou a trabalhar com esculturas de barro há 46. “Eu comecei fazendo promessas. É que o povo fazia a promessa, e pedia para eu fazer as peças para eles entregarem p’ro santo, sabe? Depois eu fui pegando o gosto e comecei a tentar outras coisas”, lembra a artista de reconhecimento internacional.
Irinéia Nunes da Silva é patrimônio vivo de Alagoas
ARTISTA COMO NOME DE MUSEU
Dona Irinéia cresceu e vive até hoje no quilombo Muquém, no município de União dos Palmares, Zona da Mata de Alagoas, a mesma terra onde viveram Dandara e Zumbi dos Palmares. Reconhecida como Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005, Irinéia explorou o bairro diversas vezes ao lado de seu falecido marido, Antonio Nunes, o Toinho, que juntos inspiraram e criaram a obra “O Beijo”, da qual há uma réplica de seis metros de altura na Lagoa da Anta, Praia de Jatiúca, em Maceió. A mestre já che-
gou a levar a sua arte para o resto do país em exposições em metrópoles, como Recife, São Paulo e Rio de Janeiro, e fora do Brasil.
A importância de Dona Irinéia é tão grande que ela virou nome de museu A galeria sobre arte e resistência negra, do Museu Muquém, situado no Campus V da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), em União dos Palmares, leva seu nome e conta um pouco da sua história e de tantas outras mulheres negras quilombolas que fizeram arte. Ao visitante, é possível enxergar um enorme painel com uma caricatura de Dona Irinéia e suas artes de barro, feitas pelo artista alagoano Joe Santos. Uma homenagem singela a quem tanto abrilhanta a arte alagoana através de seus beijos, bonecos, cabeças e esculturas.
E não há como falar de Dona Irinéia sem citar seu grande amor, Toinho, inspirador e que a fez musa inspiradora Por isso, o museu tem um espaço dedicado ao casal, em especial ao seu beijo, a famosa obra de arte. Também é possível observar atentamente a escultura “Jaqueira”, em todos seus detalhes. Infelizmente, Dona Irinéia não consegue mais produzi-la. “O barro não secava direito, sempre quebrava, entendi como sinal de que não era p’ra tentar”, diz A escultura retrata um momento triste em Alagoas: as enchentes de 2011, em que mais de 40 pessoas subiram em cima de uma jaqueira para proteger-se e sobreviver das inundações em União dos Palmares.
A PRÁTICA MILENAR DO TRABALHO MANUAL COM O BARRO, QUE VEM ATRAVESSANDO GERAÇÕES, RESISTE E TEM SIDO OPÇÃO PARA MUITOS REMANESCENTES QUILOMBOLAS.
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COMUNIDADE
NEGRA DE ALAGOAS
Endereço: BR 104, km 36, Bairro Industrial. CEP: 57800-000, União dos Palmares - AL.
Horário de funcionamento:
Terça a Domingo, das 07:00 às 17:00
Telefone: (82) 3281-3650
Instagram: @museumuquem
Por Sávio Lopes
Personalidades e eventos homenageados em localidades conhecidas de Alagoas
Você já parou para se perguntar quem foi Fernandes Lima, que nomeia a principal avenida da capi-
tal Maceió, em Alagoas? E qual o sentido de dar nome a uma escola com a data que marcou o Golpe de Estado no Brasil em 1964? Ao analisar nomes de personalidades homenageadas, vemos histórias de opressão, perseguição religiosa e até assassinato
É curioso percebermos o quanto a história foi ocultada ou nem sequer registrada e as homenagens permanecem paradas no tempo, sem terem suas histórias revisitadas mesmo depois de anos, com novos entendimentos sobre questões. Eternizam-se nomes que, hoje em dia, seriam execrados por suas atitudes, trazendo à tona que o direito de ser lembrado é tão somente daqueles que tiveram dinheiro e influência. Apesar de ter participado de movimentos para libertação daqueles que foram escravi-
zados e possuir longa carreira política que trouxe avanços para o interior, José Fernandes de Barros Lima foi um dos principais integrantes de uma milícia armada chamada “Liga dos Republicanos Combatentes”. Esse grupo foi responsável por um dos maiores massacres motivados por intolerância religiosa no Brasil: o Quebra de Xangô, ocorrido em 1912.
Com a abolição da escravidão e a luta pela liberdade de crença do povo negro, surgem as primeiras casas de culto de religiões africanas. A elite branca pressionava o então governador, Euclides Malta, a perseguir e fechar os terreiros. Diante deste cenário de tensão, a organização “Liga dos Republicanos Combatentes” passa a inflamar os ânimos publicando em jornais mentiras acerca do funcionamento dos cultos de candomblé, umbanda e outras religiões de matrizes africana, associando-os
ao governador Malta, acuado, foge para o Recife. Toda e qualquer mazela, como o aumento da violência, diminuição das vendas de umo comércio e doenças, era associada aos cultos dos negros. Diante do cenário flamejante, na madrugada do dia 2 de fevereiro daquele ano, ocorreu o levante que desembocou na Quebra de Xangô. Nesse triste episódio, cerca de 150 terreiros em Alagoas foram atacados e destruídos, tendo seus objetos sagrados queimados em praça pública. Houve torturas e espancamento de pais e mães de santo, dentre eles Tia Marcelina. Descendente do Quilombo dos Palmares, a Yalorixá Tia Marcelina era reverenciada como a principal mãe de santo de Alagoas e uma das principais disseminadoras do candomblé no Estado. Aos 80 anos, ela foi espancada por um oficial da Liga e acabou falecendo.
No dia 4 de fevereiro, o Jornal de Alagoas, que fazia oposição ao Euclides Malta, publicou uma matéria sob o título “bruxaria”, indicando uma estratégia usada para perseguir os terreiros No trabalho de conclusão de curso de História pela Universidade Federal de Alagoas intitulado “O Quebra de Xangô de 1912: uma reflexão histórica”, Rodolfo Barbosa Pimentel aponta
que outros jornais adotaram a mesma estraestratégia de perseguição aos terreiros, com a utilização de termos como “casas de feitiçaria barata”, “antros endemoniados”, “covis” e lugares que predominam “o vício e a indolência impera” Com a renúncia oficial de Malta em março de 1912 e a vitória dos democratas nas eleições seguintes, Fernandes Lima tornou-se vice-governador de Alagoas em 12 de junho de 1912, permanecendo no cargo até 1915 Anos em que os terreiros e as manifestações religiosas de matrizes africanas tiveram que funcionar na clandestinidade, marcados pela violência e perseguição sofrida. Por ser conhecido como “o construtor de estradas de Alagoas”, Fernandes Lima foi homenageado ao dar nome à principal avenida de Maceió, capital do Estado, com mais de 4,6 km de extensão e sendo uma via de acesso a diversos bairros.
Cem anos depois, em fevereiro de 2012, o então governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, assinou um pedido de perdão oficial do Governo de Alagoas a todas as comunidades negras e terreiros de matrizes africanas, depois da realização de um cortejo que saiu da Praça D. Pedro II até a Praça dos Martírios, no centro de Maceió. “Frente a esses episódios horrorosos, o que secou mesmo foi nossa memória e, junto com ela, nossa própria identidade perdeu parte de seu brilho. Secou parte de nossas culturas populares, com a perda de importantes lideranças e artistas do povo, detentores de práticas e saberes ancestrais impregnados ao nosso imaginário e nas coisas do cotidiano ” , afirmou o ex-governador. No discurso, Teotônio destacou a importância das casas de cultos afro-brasileiros pela sua prática específica de culto religioso e por funcionarem também como verdadeiros celeiros de criatividade e de cidadania.
“Os territórios das crenças são espaços de vida comunitária abertos às diferenças de toda ordem. No caso dos cultos afrobrasileiros, aprende-se desde cedo o respeito aos idosos, portadores de saberes herdados de seus ancestrais, o respeito às crianças, patrimônio de toda a comunidade e, por isso, responsabilidade de todos. E o mais importante, aprende-se a ter orgulho de si mesmo, pelo desenvolvimento de um forte sentido de integrar um grupo cultural maior, seja Nagô, Angola, Gêge e as muitas outras nações que formam a riqueza das religiões africanas”. Para o ex-governador, a conquista de um futuro digno para Alagoas exigia revisitar o seu passado para corrigir os erros cometidos. “O ‘Quebra’ apresentase como um momento de prevalência dos sentimentos de violência e intolerância que precisam ser superados, em nome de uma sociedade democrática e inclusiva”, disse ele na época do perdão.
Na edição do dia 4 de fevereiro de 1912, o Jornal de Alagoas se referia à “bruxaria” ao tratar dos templos religiosos de matrizes africanas Na capa, o periódico escreve no português da época: “Xangô em acção - A oligarchia e o ‘oghum’O povo invade os covis - Documentos preciosos - Um bode sacrificado - Exposição de ídolos e bugigangas”
A forma como essas homenagens são prestadas aos senhores representantes de uma elite dominante, rica, escravocrata e de uma sociedade que ignora minorias e as persegue, mostra a importância da compreensão de algo que Jeferson Santos da Silva traz na sua tese de doutorado “O que restou é folclore: o negro na historiografia alagoana”, defendida na Pontificia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que depois se tornou livro publicado pela Imprensa Oficial de Alagoas.
A continuidade da história da população negra desaparece dos registros por sempre ser colocada apenas num lugar de um passado vergonhoso a ser esquecido, desaparecendo com os registros das lutas. O apagamento dessas lutas nos livros ou sequer a documentação delas, sobretudo quando fogue do interesse das elites em certos momentos da nossa história, serve para marcarar as desigualdades e as injustiças que ainda persistem na sociedade brasileira
A homenagem a pessoas que necessitam ter suas trajetórias revisitadas pela perseguição
ou contribuição direta em episódios sangrentos de nossa história, a lembrança de datas que deveriam ser ensinadas como épocas extremamente repressivas e não comemoradas e a exaltação a figuras que deveriam ser gradativamente revistas e substituídas pelos nomes dos que lutaram e morreram na mãos deles ou dos ideias que defendem Talvez, essa possa ser uma forma de se fazer justiça à memória dessas pessoas.
HOMENAGEM À DITADURA?
A data de 31 de março foi escolhida para os registros como o dia do início do golpe militar de 1964 no Brasil, já que o dia correto (1º de abril) poderia ser alvo de piadas e brincadeiras com o “dia da mentira”. Entretanto, foi um período em que posicionamentos contrários ao regime imposto eram duramente perseguidos e alguns até mortos, com o passar dos anos, sobretudo a partir da publicação do Ato Institucional nº 5, o AI-5, em dezembro de 1968, no governo do general Costa e Silva.
Escola Municipal de Educação Básica 31 de Março registra no nome o dia oficial do golpe militar brasileiro de 1964
A memória daqueles que contribuíram para a educação do país e foram torturados e mortos ou de professores impedidos de lecionar ou mesmo de estudantes, de se formar são violentadas diante de data considerada tão dura e cruel para muitos. Em Arapiraca, um dos principais municípios do agreste alagoano, a Escola de Ensino Fundamental 31 de Março tem escrito em seu Projeto Político-Pedagógico, na parte em que descreve a história do colégio, o seguinte trecho: “Este nome dado em alusão à revolução de 1964”. Para que não conhece, o PPP é um instrumento elaborado pelas escolas com o objetivo de apontar como elas realizarão sua função educativa. Porém, segundo uma funcionária da instituição que pediu à nossa reportagem para não ser identificada, normalmente alegam que o nome da escola se dá por conta da data de inauguração dela.
FORA DA CAIXA
Em resposta à Fora da Caixa, a Secretaria de Educação de Arapiraca informou que, na atual gestão municipal, os nomes escolhidos para as unidades educacionais levam em consideração a relevância das atividades pedagógicas promovidas por profissionais que fizeram história e contribuíram com a educação da cidade “Assim, citamos nomes de escolas como Professora Luiza Santana, Professora Berenice Miranda, Professora Olga Tavares e Professor Mário César, em função de docentes que dignificaram a educação pública municipal. Quanto à Escola 31 de Março, seu nome se deu em virtude do dia da fundação, de acordo com o regimento da própria instituição de ensino”, afirma a Assessoria de Imprensa do órgão.
Com a colaboração de Marcelo Robalinho
Registro das manifestações estudantis ocorridas na ditadura militar brasileira na década de 60
Por Gabriel Mileno
Centro de Inovação do Jaraguá traz coworking gratuito e equipamentos modernos para startups como apoio ao desenvolvimento de ideias inovadoras
Já ouviu falar de The Office? Uma das sitcoms mais famosas no mundo narra a história de membros de uma empresa fictícia de papelaria dos Estados Unidos que aos poucos se unem e tornam o espaço de trabalho um ambiente dinâmico, acolhedor e divertido.
De compartilhar o mesmo micro-ondas da copa a dividir experiências pessoais, os personagens dessa série de televisão que faz humor de situações cotidianas desfrutam de um ambiente empresarial que tinha tudo para ser só mais um escritório qualquer. Mas, no decorrer da série, ela se mostra muito “fora do cubículo”, ou “fora da caixa”, para usar um linguajar tão da nossa revista, tornando-se o local de trabalho ideal e ganhando a simpatia dos telespectadores, sejam eles fãs ou não da série.
Mas qual a relação entre a sitcom e o Centro de Inovação do Polo Tecnológico do Jaraguá? Simples! Os dois locais permitiramse apresentar uma ideia de proximidade, de conjunto e de equipe para quem trabalha lá. Na papelaria fictícia, a proposta inicial não era de ser uma empresa diferente, mas, com a liderança humanizada do gerente regional Michael Scott (personagem vivido em The Office pelo ator Steve Carell) um rumo totalmente diverso foi tomado.
Já o Centro de Inovação do Polo Tecnológico do Jaraguá (CIPT) foi pensado desde o princípio como um espaço de coworking, com direito a bastante interação social, flexibilidade e espaços orgânicos de trabalho e estudo. É um equipamento público moderno para quem deseja estudar, além de oferecer estrutura para startups e empreendedores.
Ações que impactam positivamente a sociedade também são o foco do Centro de Inovação com as iniciativas que vão desde eventos de arte e música até palestras e workshops É como diz o slogan do espaço: “Um lugar para empreender e viver”. Além disso, uma de suas funções é promover a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, graças ao apoio do governo e de instituições privadas, atraindo talentos e investimentos para o nosso estado.
Esses espaços, que são um pontapé inicial para quem deseja começar uma empresa ou
startup, conseguem fomentar o mercado das mais diversas áreas, não se limitando somente à tecnologia. O Nordeste, de acordo com os dados do Startupbase, concentra apenas 13,1% de todas as startups do Brasil em 2022 “O Centro de Inovação possibilita isso e, ao mesmo tempo, o contato com outras startups, por permitir networking e a troca de conhecimentos entre essas empresas. Algumas ainda fornecem serviços essenciais que acabam ajudando ou resolvendo o problema que alguma startup esteja enfrentando”, diz Allana Christine, integrante da Amitis, um destes negócios nascentes atuando na temática agrícola.
Somente 39,6% das empresas independentes receberam algum tipo de investimento financeiro, sendo que 13,3% vieram de fomento público. Esses dados de quantidade, perfil e investimento em startups evidenciam que esse ecossistema no Nordeste ainda tem um longo caminho a percorrer para alcançar um nível de maturidade e desenvolvimento semelhante aos ecossistemas de outras regiões do Brasil e do mundo
ÁREASCOMMAISSTARTUPSNOBRASIL
Edtechs(educação)
Fintechs(finanças)
HealthtecheLifeScience(saúdeebem-estar)
Tech(desenvolvimentodesoftware)
Retailtech(varejo)
Amitis e a Yellow Kite são empresas que funcionam ou participam ativamente das atividades no Centro de Inovação
A Amitis, startup de Allana, combate a má distribuição de alimentos pela microagricultura, recebendo apoio do Centro de Inovação do Polo Tecnológico (CIPT). A Yellow Kite, agência digital de Carina Oiticica e Marcos Paulo da Costa, oferece estratégias de marketing e tem sede no centro. Essas empresas ilustram a variedade de setores e o potencial de desenvolvimento de ideias no CIPT, destacando seu papel como catalisador de inovação e empreendedorismo em diferentes áreas.
MADE IN ALAGOAS
A sede do CIPT está localizada no Jaraguá, bairro antigo e cheio de histórias que hoje abriga um dos maiores impulsionadores do desenvolvimento tecnológico e profissional da cidade Para explicar a escolha e importância do bairro, é preciso refletir sobre o passado Devido ao desenvolvimento
dos estabelecimentos do Jaraguá que Marechal Deodoro deixou de ser capital da antiga Capitania de Alagoas, uma das capitais do Brasil fundada no período colonial, em 1817, com o desmembramento da Capitania de Pernambuco. No seu lugar, a capital foi transferida para a antiga vila de Maceió, em 1839, elevada à condição de cidade Com a proximidade do Porto de Maceió, o Jaraguá se tornou um marco do comércio varejista e, posteriormente, um complexo de cultura, educação, arte e lazer, tornando-o perfeito para abrigar, já nos tempos atuais, estabelecimentos que misturam empreendimento com cultura, provocando mais uma mudança na história de Alagoas
Sob gestão da Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti), o Polo Tecnológico do Jaraguá tem um espaço amplo e moderno com 6.130 m² de área construída, sendo composto por 42
salas que acomodam empresas de qualquer tamanho, além de três salas de reunião, sendo uma por andar. O espaço também dispõe de um auditório com capacidade para 330 pessoas, além de 92 vagas de estacionamento O primeiro andar funciona como uma cabine de estudo, onde é possível também trabalhar. Para usar, basta realizar
o cadastro na recepção São disponibilizadas mesas, cadeiras, sofás e espaços que suprem as necessidades das pessoas que vão lá. Letícia Rodrigues, estudante de medicina, é uma das frequentadoras do local. Ela afirma que consegue se concentrar melhor estudando fora de casa. Nesse sentido, o espaço lhe proporciona tranquilidade.
A estudante Letícia Rodrigues vai com frequência ao CIPT para estudar com mais tranquilidade
quatro salas de informática, duas salas de treinamento e uma cafeteria, que oferecem estabilidade para o desenvolvimento dos projetos e facilita a integração e colaboração entre empresas e parceiros, oportunizando chan-ches de networking.
Já utilizam desse espaço algumas corporações, como, por exemplo, a Hemav, multinacional espanhola que trabalha com inteligência artificial para o setor agrícola, a Handtalk, que promove acessibilidade digital, e a Fort3 Solar, que trabalha com pesquisa em energia solar.
Além das empresas, há instituições parceiras tanto de ensino quanto de aceleração. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/AL) e a Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) são algumas instituições parceiras que ajudam os empreendedores e a população no avanço social.
Entre os eventos realizados no edifício, destaca-se o Mentoring Meet, uma iniciativa que ocorre mensalmente na última sextafeira do mês, sempre com foco em um determinado tema O objetivo é oferecer su-
porte à aceleração de startups, pequenas, médias e grandes empresas com a realização de workshops, palestras, mentorias individuais e em grupo. O encontro também serve como espaço para networking entre empreendedores
A Allana Christine cita os editais que a sua startup já participou, entre eles o Lagoon Startups, uma parceria entre a Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (SECTI) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), que utilizou e disponibilizou o espaço do CPIT para ministrar mentorias para as empresas participantes.
Além de iniciativas fixas, como o OxeTech, que visa capacitar e empregar pessoas em empresas registradas no Polo e a nível mundial, existem outras que ocorrem de acordo com demandas específicas, organizadas por entidades externas, como o curso de Imersão Tecnológica para Mulheres, que está em sua primeira edição
LUGAR PARA EMPREENDER E VIVER
É interessante observar que as startups estão surgindo nas mais diversas áreas. Isso mostra que há oportunidades de negócios em diferentes setores, o que acaba gerando oportunidades de emprego e pesquisa No entanto, é preciso destacar que a maioria das empresas ainda não recebeu investimento financeiro, o que pode ser um obstáculo para a sua consolidação no mercado Apesar das dificuldades enfrentadas, é devido à estrutura do Centro de Inovação do Polo Tecnológico do Jaraguá que trabalhar e se divertir parecem
caminhar lado a lado, igual ocorre na série televisiva The Office O espaço propício para a população e as empresas cadastradas transforma e reflete diretamente na produtividade e na oportunidade de crescimento profissional e pessoal. Indo muito além de um espaço empresarial qualquer, o CIPT não segue o padrão excludente e limitante das empresas mais tradicionais. O futuro, pelo visto, é agora.
Endereço:
R. Melo Póvoas, 110, Jaraguá, Maceió, Alagoas, CEP. 57022-230
O CIPT é aberto 24h
Site: alagoasdigital.al.gov.br/servico /2131 Amitis Instagram: @oamitis
Site: www.amitis-horta.com
Site: www.yellowkite.com.br/