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Dra. Ana Maria Ribeiro Vieira
SAÚDE E LIBERDADE
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Aos 70 anos, ela reúne simpatia, elegância, inteligência e bom humor. Formada em Português, tradutora de Italiano, Bacharel em Direito, Delegada de Polícia e autora de livros. Essa é a Dra. Ana Maria Ribeiro Vieira, mãe de três filhos e avó de três netos. Vivendo em Nova Lima, sua cidade natal, ela tem hoje a companhia dos livros e da fiel Nina, uma cadela lhasa Apso, amigável e educada. A história da Dra. Ana começa com um desejo: o de ser professora e que ela realizou por mais de 20 anos. Com o magistério, ela venceu a resistência do pai que insistia para que ela fosse dona de casa. “De fato, aos 10 anos, eu realmente já sabia conduzir uma casa como uma verdadeira dona de casa. Mas, para mim, os dois valores mais importantes da vida são a saúde e a liberdade”. Ela casou-se pela primeira vez ainda jovem. Tão jovem que precisou que o pai autorizasse por escrito a união. Do magistério, ingressou na Faculdade de Letras da UFMG. Além do Português, tornou-se especialista em Italiano. Para acompanhar o marido pelo interior, veio a primeira renúncia: desistir do Mestrado em Teoria da Literatura, na UFMG, em Belo Horizonte, para o qual ela já estava aprovada. Dra. Ana Maria conta que, em 1983, em Araxá, durante um evento sobre Segurança Pública, conheceu uma Delegada de Polícia. Tratava-se da Dra. Merle Gleice Mello Campolina Pontes. “A sua elegância, o seu poder e a sua desenvoltura, me deram um outro sonho na vida: também ser uma Delegada de Polícia.’’ Dois anos depois, morando em Frutal, no Triângulo Mineiro, decidiu fazer o curso de Direito em São José do Rio Preto/SP, concluindo-o em Sete Lagoas, 1989, aos 42 anos de idade. “O Direito tornou-se uma grande paixão”, garante ela que também se tornou especialista em Direito Administrativo e Direito Constitucional. Em 1990, ela estava aprovada no concurso de Delegada de Polícia. Em sua trajetória como policial civil, trabalhou em Inhaúma, Sabará, Contagem e,
em Belo Horizonte, na Acadepol, Detran e na SPGF, onde se aposentou em 2012. Durante toda a sua carreira, conseguiu manter um equilíbrio entre as atividades de formação como docente, bacharel em Direito e policial civil, sempre preocupada em contribuir com a melhoria da prestação do serviço público. Além de tradutora de obras italianas para o
português, Dra. Ana Maria é autora de dois livros. Um sobre o ensino de literatura em sala de aula e outro que é um manual sobre Improbidade Administrativa nas licitações e contratos, ambos com registro na Biblioteca Nacional. Em 1989, prestando trabalho para a Acadepol, a Dra. Ana Maria fez a revisão e atualização da Lei Orgânica da Polícia Civil, baseando-se no novo ordenamento jurídico, promovido a partir do novo texto constitucional federal. “Esse trabalho me trouxe muita satisfação porque requeria um aprofundamento em duas áreas ligadas à minha formação, reunindo meus conhecimentos linguísticos e jurídicos”. Outro trabalho do qual se orgulha é a monografia escrita em 1997 intitulada “Acadepol/MG – Órgão formador e informador de Doutrina. Uma proposta de Reformulação de Currículos”, que ela tristemente acredita que jamais tenha sido lida ou aplicada pelos diretores da Academia de Polícia. “Na verdade, posso afirmar que, ainda hoje, a Polícia Civil aproveita muito pouco do conhecimento e dos talentos dos policiais”, afirma ela. E completa: “A nossa polícia precisa se modernizar, combatendo a descontinuidade de programas, valorizando de verdade os policiais e ampliando o espírito de Corpo Institucional”. Dra. Ana Maria garante que só se aposentou porque, na época, precisou fazer uma cirurgia que a debilitou demais. “Eu tinha 64 anos e certamente poderia trabalhar mais por pelo menos uns 6 ou 7 anos.” Em uma autocrítica profissional, ela considera que foi muito comprometida e dedicada. “Nunca perdi prazo. Fui enérgica, sem ser rude e sempre me cobrei como cobrei dos outros, com uma carga maior sobre mim do que sobre os outros. Sinto saudades dos colegas, das companhias e da produção intelectual, mas estou feliz.” Essa é a disposição da Delegada Ana Maria, que cuida ainda de traduções de italiano e mantém um blog na internet (Blog da Tuná, seu apelido de infância), com crônicas e artigos sobre temas diversos e atualidades no Brasil e no mundo. Nas horas de folga, por assim dizer, ela faz regularmente Pilates, caminha e corre. Também viaja muito com os filhos, vai ao cinema, integra uma confraria de vinho que se reúne no Alma Chef e assiste a shows na capital. Aos 70 anos, com uma vida plena de realizações, Dra. Ana Maria ainda se guia pelos seus sonhos, o que serve de inspiração para todas as gerações.
A entrevista com o Dra. Ana Maria Ribeiro Vieira foi publicada na edição número 25 da Revista dos Delegados, em 2018.
