2 minute read

Dra. Jane Maluf

JANE MALUF

“Como havia poucas mulheres Delegadas, a gente precisava se impor pelo respeito.”

Advertisement

Brava, valente, mas gentil. Assim ficou conhecida a Delegada Jane Maluf pela bandidagem e pelos colegas de Polícia Civil. Hoje, aos 68 anos, a belorizontina Jane continua sendo gentil e muito simpática. “Era preciso ser brava naquela época. Como havia poucas mulheres Delegadas, a gente precisava se impor pelo respeito. E nós sempre fomos muito respeitadas”, diz ela. O desejo de criança era ser médica, mas optou em fazer vestibular para psicologia. Enquanto aguardava o resultado, prestou vestibular e acabou sendo aprovada para o curso de Direito, em Divinópolis/MG. Em 1974, concluiu o curso e, no ano seguinte, passou no concurso para Delegada de Polícia Civil de Minas Gerais. Jane Maluf nunca foi designada para trabalhar fora da capital, tendo exercido a função na Superintendência-Geral de Polícia Civil, no Instituto de Criminalística, na Divisão de Tóxicos e Entorpecentes (por onde ficou quase 12 anos), na Seccional Sul, na Seccional Centro e na Central Operacional de Telecomunicação da Polícia Civil (CEPOLC). Jane Maluf analisa que na sua época, a Polícia Civil e as leis eram mais rígidas e, por isso, a figura do Delegado de Polícia também era mais respeitada. “Antes o Delegado tinha mais autonomia e, por isso, havia mais estímulo para trabalhar. Hoje, além da maior flexibilidade das leis, a Polícia Judiciária é monitorada pelos novos Direitos Humanos. É por tudo isso que sou muito solidária aos Delegados de hoje que lutam contra tudo, inclusive contra a falta de recursos humanos e materiais nas delegacias. Falta investimento institucional na valorização das carreiras.” A Delegada lembra com emoção as primeiras mulheres da classe. “Antes de mim havia três mulheres: Leda Terezinha, Ivete Braúna e a Maria Pinho Tavares. Comigo entraram mais cinco. Portanto, essas nove mulheres abriram o caminho para as que vieram depois e atualmente estão brilhando na Polícia Civil”. Em toda a sua carreira, ela contou com os amigos e com a equipe para trilhar sempre o melhor caminho profissional. “Eu amo a instituição. Não sinto saudades da Polícia Civil, mas sim dos colegas.” Ela se aposentou em 2003 e descobriu o lado prazeroso da vida ociosa. “Pois é. Estou fazendo tudo aquilo que não tinha tempo para fazer, enquanto estava na ativa. Na verdade, quando ainda era Delegada, participei do grupo Algemas de Ouro, fundada pelo Dr. Dionê e formado por Delegados. Durante cinco anos eu toquei afoxé.” Nos últimos anos, Jane Maluf divide o seu tempo dedicando-se à filha, à mãe e também às amizades, à dança de salão, à hidroginástica, à pintura, à música e ao canto de coral. Para o futuro, ela planeja continuar viajando e conhecer mais do Brasil e do mundo. Aquela Delegada brava deu lugar a uma senhora extrovertida e de bem com a vida, cujo sorriso passou a ser o passaporte para conhecer novas pessoas.

A entrevista com a Dra. Jane Maluf foi publicada na edição número 15 da Revista dos Delegados, em 2016.

This article is from: