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Dr. José França Tavares
Dr. José França Tavares é um daqueles Delegados que marcaram época na Polícia Civil de Minas Gerais, apesar de também ter a discrição como um dos traços de sua personalidade. Ele é mineiro de Tabajara, distrito de Inhapim, de onde a família se mudou quando tinha apenas 40 dias de vida e, por isso, as lembranças mais importantes da infância e da juventude são de Caratinga e Cataguases. Aos 81 anos e gozando de razoável saúde e boa memória, Dr. França conta que, antes de se ingressar na Polícia Civil, já foi bancário e trabalhou numa fábrica de tecidos, em Belo Horizonte. Sua trajetória na Polícia Civil começou em 1963, nomeado Delegado de Polícia. Trabalhou em Areado,
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Três Pontas, Boa Esperança, Varginha, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí, Juiz de Fora e Belo Horizonte. Na Capital, ele atuou na Delegacia Especializada de Acidente de Veículo. Além disso, ele foi chefe do órgão que deu lugar ao Deoesp e Corregedor-Geral de Polícia concluindo sua dedicação à Segurança Pública na Secretaria de Estado de Interior e Justiça, em 1997. Sempre dedicado a aprender mais, formou-se também em Letras, dividindo seu tempo de folga com a docência, lecionando português em Pouso Alegre, Três Pontas e Boa Esperança. Dr. França também emprestou sua capacidade aos alunos da Acadepol dando aula em disciplinas ligadas às atividades do Detran-MG. “Naquela época não havia esse volume todo de inquéritos que há hoje. Tinha delegacia que eu fazia oito, dez inquéritos por mês. Não só eu, mas vários colegas também desempenhavam outras atividades além da de Delegado de Polícia”. Mesmo com o volume menor de inquéritos, Dr. França Tavares ressalta as dificuldades encontradas no exercício profissional naquele tempo devido à falta de recursos humanos e materiais. “A maneira com que a Polícia Civil trabalha hoje é muito diferente da época em que eu era delegado. Eu trabalhei em lugar que era eu sozinho. Eu não tinha nem carcereiro. Os recursos eram poucos. Fui ter viatura de polícia para usar quando fui para Pouso Alegre, em 1970, ou seja, sete anos após me tornar delegado. Até então não existia viatura. Foi a primeira vez que trabalhei com uma equipe, que tive companheiros de trabalho”. Analisando o atual momento da PC, Dr. França acredita que a instituição cresceu mais em inteligência do que em estrutura e, como um conselho à atual Chefia da PCMG, ele diz que “é preciso dar mais atenção ao interior, que continua abandonado”. Ao relembrar os momentos da carreira, Dr. França menciona que sempre procura valorizar os companheiros de trabalho que caminharam ao seu lado. “Eu sempre procurei ser muito companheiro dos companheiros.” Dos vários colegas de que sente saudades, ele cita Dr. Maurílio Naback, Dr. Hervê de Campos Vargas, Dr. José Antônio de Moraes, Dr. Arlindo Coutinho Júnior e Dr. Oliveira Santiago Maciel. Após a aposentadoria, Dr. José França Tavares tem se dedicado a cuidar da saúde. Provando ser o mesmo homem vigoroso que atuou com proficiência na luta pela segurança pública, o delegado segue superando outros desafios ao longo da vida. Ele venceu dois cânceres e passou por algumas cirurgias no coração. “Dizem que se a gente vivesse uma segunda vez, mudava muita coisa, mas se não cometesse os mesmos erros, cometeria novos erros. Então, em algum momento você vai errar, mas que não seja proposital para prejudicar ninguém e quanto a isso eu tenho a consciência tranquila”. Perguntado se ainda tem sonhos por se realizar, ele responde satisfeito: “Com todos os meus problemas de saúde cheguei aos 81 anos. Já está bom demais. Sonhos agora? Só com os netos”.