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Dr. Ediraldo José Marques Bicalho Brandão

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Dr. Kid Moreira

Dr. Kid Moreira

“A Polícia deve servir ao Estado e não ao Governo.”

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Éassim que o Delegado aposentado, Dr. Ediraldo José Marques Bicalho Brandão, expressa sua sabedoria comentando a complexa missão da Polícia. Além de ser referência no estudo do Direito Processual Penal, Dr. Ediraldo é um dos mais respeitados Delegados da Polícia Civil de Minas Gerais. Sua longa trajetória profissional passa por Jacutinga, Lima Duarte, Cataguases, Mariana e Belo Horizonte. Formou-se em Direito pela UFMG em 1961. Em 1963, aos 28 anos, ele fez seu ingresso no quadro da PC, onde atuou em quase todos os

postos da corporação. Foi Delegado Adjunto da Delegacia Especializada de Segurança Pessoal (atual Delegacia de Homicídios), titular da Delegacia de Furtos e Roubos, da Delegacia de Trânsito e Acidentes, Chefe da Coordenadoria Geral de Segurança, professor de Direito Penitenciário e Diretor da Academia de Polícia, Chefe do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Chefe do Departamento de Investigação, Chefe do Departamento de Criminalística, Chefe do Departamento de Registro e Controle Policial, Diretor da Casa de Detenção Dutra Ladeira e Corregedor Geral de Polícia. Um histórico invejável com muitas recordações. “Tenho mais saudades dos meus companheiros. Foram 40 anos de atividade efetiva na Polícia Civil. Recebo muita visita de ex-detetives. Na minha vida sempre trabalhei em equipe e tive a sorte de encontrar pessoas maravilhosas.” Casado, pai de 4 filhos e 6 netos, Dr. Ediraldo, aposentado desde 2002, afirma: “não me arrependo de absolutamente nada na minha carreira; uma carreira modesta, mas feita com muito amor.” Falando com a clareza e a lucidez que o caracteriza, Dr. Ediraldo diz que “há cerca de 40 anos, a Polícia Civil era mais profissional. O quadro da Polícia Civil era super enxuto, mas era altamente eficiente. Na década de 80, por exemplo, a população de Minas Gerais era 13 milhões e havia uma expectativa de que a Polícia Civil atingisse 11 mil profissionais. Hoje as funções de chefia se multiplicaram e o número de policiais civis na ativa continua sem atingir o número ideal, apesar do maior número de habitantes e de comarcas. O salário do policial civil é frustrante e indigno. Tenho preocupação com o futuro do nosso país, das nossas crianças brasileiras. Não é a polícia que vai resolver o problema da violência. A solução, todo mundo sabe, é a educação em tempo integral e o resgate dos valores da família”. A passagem pela Penitenciária Dutra Ladeira também foi bastante marcante para Dr. Ediraldo. “Passei dois anos e meio na Dutra Ladeira. Neste período, não vi nenhum preso de classe média alta. Tinha alguma coisa de errado nisso, não é? E continua tendo. Jamais humilhei um preso. Não temo pela minha vida, porque sempre respeitei o preso. Aquele que cometeu o crime tem que pagar por ele, como determina a lei. Recebo regularmente a visita de muitos ex-detentos. Sempre fui muito rigoroso, principalmente comigo mesmo, na defesa dos valores que meus pais me deram, a honradez e a honestidade. A polícia só tem sentido se a sua atuação for honrada. Foi preservando esses valores que abri mão de alguns cargos importantes.” Na tranquilidade de sua casa em Belo Horizonte, goza do carinho e admiração da família, dos ex-alunos, dos colegas e dos amigos que conquistou na vida. “Continuo cuidando da minha saúde, faço minhas caminhadas e leio muito. Também continuo torcendo muito para aqueles que continuam trabalhando para impedir que a criminalidade em Minas atinja um estado patológico.”

A entrevista com o Dr. Ediraldo José Marques Bicalho Brandão foi publicada na 3ª edição da Revista dos Delegados, em 2009.

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