Ed. 204 - Dez/24 e Jan/25

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Facilidades tecnológicas na gestão escolar Editorial

A tecnologia é, certamente, um dos fenômenos mais notórios na atualidade. Conexões, aplicativos e ferramentas digitais são palavras-chave que adentraram em todos os espaços nos últimos anos. Na educação, em especial, a multiplicidade de ferramentas facilitadoras tem adentrado cada vez mais nos variados espaços das instituições de ensino – não só como estratégia pedagógica, mas também na gestão escolar.

Os softwares de gestão, as ferramentas que oferecem a integração de dados e otimização de processos, os aplicativos que facilitam a comunicação entre escola e familiares, os relatórios completos e personalizados dos setores das escolas, e as funcionalidades digitais que garantem eficiência nas demandas do gestor e da gestora escolar, são alguns exemplos de praticidades que podem ser adotadas no cotidiano da gestão das instituições de ensino.

Para adentrar nesta temática, tendo como fio condutor as possíveis transformações que as tecnologias podem operar no contexto da gestão escolar, nesta edição bimestral da Direcional Escolas, que marca o final de 2024 e o início de 2025, trouxemos um especial sobre como aplicativos e funcionalidades digitais podem otimizar o cotidiano da gestão. Reunindo falas de especialistas que atuam na área e diretoras e diretores escolares, nosso intuito é reforçar a ideia apresentada por um dos entrevistados do especial: “a tecnologia está transformando a gestão escolar, tornando-a mais eficiente e integrada”, destacou Luiz Felipe Araújo, diretor de tecnologia e infraestrutura na Escola Vereda.

Encerramos este editorial desejando um ótimo 2025 para todas e todos, acreditando – e desejando – que este novo ciclo que se aproxima nos receba de forma afetuosa e com os braços abertos.

Boas festas e feliz 2025!

Rafa Ella Pinheiro Jornalista Responsável

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Diretor: Alex Santos

Público: Diretores e Compradores

Periodicidade: Mensal

exceto Junho / Julho e Dezembro / Janeiro

Jornalista Responsável:

Rafa Ella Pinheiro | MTB 0076782/SP

Circulação:

São Paulo capital e Grande São Paulo

Circulação revista digital: Todos os estados brasileiros

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A Revista do Gestor Escolar

Nesta Edição:

Coluna - Christian Coelho

A arte da comunicação – parte 2Hipercomunicação

Coluna - Roberta e Taís Bento

Uma inversão de paradigma, um enorme impacto no processo de inclusão: um caso real que vai inspirar uma transformação na sua escola!

Coluna - Fernanda King

Férias para quem mesmo?

Coluna - Erika Valesca

Como o pensamento crítico contribui para a formação integral das crianças na escola

Especial: Diálogos com a Gestão

Aplicativos e funcionalidades digitais no cotidiano da gestão escolar

Educação em Foco

Celulares vetados nas escolas

Dica: Fachadas

Atrativo visual

Dica: Formação Continuada

Gestão escolar na prática

COLUNA / CHRISTIAN COELHO

A ARTE DA COMUNICAÇÃO – PARTE 2

Hipercomunicação

foto cedida pelo colunista

A

palavra “ação” está no cerne de “comunicação” porque o processo envolve uma troca ativa entre emissor e receptor. Comunicar vai além de transmitir informações; requer interação, resposta e entendimento.

A comunicação eficaz gera ações, influências e mudanças, sendo um processo contínuo que tem como objetivo promover compreensão e transformação.

Dominar habilidades de comunicação oferece aos colaboradores de uma escola vantagens essenciais: maior liberdade de expressão, transparência e confiança, que, por sua vez, aprimoram tanto os processos pedagógicos quanto a comunicação andragógica, ou seja, o diálogo com colegas, famílias e potenciais alunos. Uma comunicação de excelência constrói um ambiente de aprendizado mais acolhedor e produtivo, tornando as interações com a comunidade escolar e os alunos mais eficazes e positivas.

A comunicação é o processo geral de transmissão de informações, ideias e sentimentos. A principal forma de comunicação é a linguagem, um sistema mais estruturado e formado por símbolos e regras.

3Cs (Communication, Connectivity and Communicability) e a hipercomunicação

Estudos recentes têm abordado a comunicação e seus diferentes aspectos, dividindo-a em três conceitos principais: comunicação, conectividade e comunicabilidade. Todos estão interligados, mas possuem significados distintos e afetam de formas diferentes a dinâmica da escola.

• Comunicação: Refere-se ao ato de trocar informações entre as partes, essencial para a interação entre alunos, professores, equipe gestora e famílias.

• Conectividade: É a capacidade e ferramenta de conexão, que viabiliza a comunicação. No contexto escolar, inclui a infraestrutura de tecnologia, redes sociais e ferramentas digitais que permitem interações rápidas e abrangentes.

• Comunicabilidade: Trata-se da clareza e eficácia com que as informações são transmitidas e compreendidas, reduzindo ruídos e evitando mal-entendidos.

O aumento da conectividade, com sua diversidade, alcance e velocidade, tem facilitado o fluxo de informações (comunicação) no ambiente escolar. Contudo, essa expansão também traz desafios, pois a quantidade de mensagens e a rapidez da troca de dados nem sempre favorecem a comunicabilidade. Pelo contrário, o excesso de informações pode prejudicar a compreensão, aumentar os ruídos e comprometer a escuta ativa.

Esses problemas levam a desentendimentos, falta de empatia e até polarização de opiniões, impactando negativamente a convivência e o aprendizado.

Escolas e hospitais, que dependem de interações interpessoais de alta qualidade e complexidade, são especialmente sensíveis e considerados locais de hipercomunicação.

Poucos espaços demandam tanto das nossas habilidades de comunicação como o ambiente escolar. Diariamente, as escolas são palco de interações múltiplas e variadas, envolvendo todos os membros da comunidade educacional.

A comunicação entre escola e família, entre professores e alunos, entre lideranças e colaboradores, e até entre as equipes de atendimento e possíveis novos alunos, é constante e intensa.

Essa comunicação torna-se ainda mais desafiadora porque, em muitos casos, ocorre em

público — como nas reuniões de pais e em sala de aula. Além disso, para impulsionar o engajamento, é comum que mantenedores, diretores, coordenadores e professores se comuniquem também pelas redes sociais, o que adiciona uma nova camada de complexidade à comunicação no ambiente escolar.

Este conteúdo é especialmente relevante para todos os profissionais de instituições de ensino, pois, no contexto atual, a capacidade de se comunicar bem é um grande diferencial. Hoje, não basta ter conhecimento técnico, uma formação sólida e experiência: é essencial saber se comunicar.

Dados reveladores sobre a comunicação nas escolas

Uma pesquisa realizada pela Explora Tendências e Evidências (Grupo Rabbit) em outubro de 2023 com 4.800 educadores de escolas particulares clientes da Rabbit, revelou que a comunicação interna (32%) foi citada como um dos três principais aspectos a serem aprimorados, junto com a gestão do tempo (38%) e o manejo da ansiedade (30%). Esses dados ressaltam o quanto a comunicação eficaz é fundamental no ambiente escolar, com impacto que ultrapassa os limites da escola e influencia diretamente as relações pessoais dos educadores.

Para mais informações e dicas sobre o mercado educacional, siga o Grupo Rabbit no Instagram: @gruporabbitoficial

O Colunista

Formado em comunicação, especialista em andragogia e neuropsicologia. Diretor do Grupo Rabbit Educação. www.rabbitmkt.com.br

CHRISTIAN ROCHA COELHO

COLUNA / ROBERTA E TAÍS BENTO

UMA INVERSÃO DE PARADIGMA, UM ENORME IMPACTO

NO PROCESSO DE INCLUSÃO: UM CASO REAL QUE VAI

INSPIRAR UMA TRANSFORMAÇÃO NA SUA ESCOLA!

cedida pelas colunistas

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Temos falado, com muita frequência, sobre a necessidade urgente de nos abrirmos para descobertas, experiências, pesquisas e exemplos com resultados positivos que se encontram fora da Pedagogia. Conhecer os fundamentos e pensadores da área em que escolhemos atuar continuará a ser essencial. Limitar nossos estudos, leituras e curiosidade em um único campo, contudo, é perpetuar um sentimento de impotência. Mais do que isso, é falhar em nosso papel de garantir educação de qualidade a todas as nossas crianças e adolescentes.

A inclusão é, sem sombra de dúvida, um ponto em que ainda estamos engatinhando. Precisamos encontrar maneiras de tornar esse processo mais eficaz, com menos estresse gerado para os professores, para as famílias e com mais oportunidades para o desenvolvimento pleno dos estudantes. Convidamos você para uma experiência única, incrível, que vai abrir um vasto campo de possibilidades dentro da sua escola, sem, no entanto, visitar outra escola: pouco antes da pandemia, tivemos o privilégio de visitar um parque diferente, inesquecível e encantador.

Como toda inovação disruptiva de alto impacto para a sociedade, o Morgan’s Wonderland não inventou nada. Simplesmente inverteu um conceito e, assim, mudou tudo. O que os pais da menina Morgan, que nasceu com limitações físicas e cognitivas, fizeram foi investir na criação de um parque inteiramente pensado para pessoas com deficiência. Na sequência, adaptaram o parque para que acompanhantes, familiares, cuidadores e todas as crianças pudessem também se divertir. Muito além dos brinquedos disponíveis, as pessoas que trabalhavam e se divertiam no parque no dia do nosso passeio foram a maior causa do meu encanto. Todos ali estão se divertindo, sem

preocupação alguma em se adaptar ou corresponder a algum padrão. Enfim, um lugar onde o “normal” são as diferenças.

Para minha surpresa, não são as pessoas com deficiência as que mais se divertem. Os mais felizes são aqueles que podem ter a certeza de que estão compartilhando momentos de prazer em família. Não é preciso ficar atento em relação à segurança e nem pensar se a cadeira de roda vai passar no espaço, se há pedras no chão para tropeçar, se há perigo de um susto inesperado para um autista, por exemplo. Assim como não é preciso consultar antecipadamente um funcionário para saber se você, ou a pessoa com deficiência que está em sua companhia, vai conseguir se divertir naquele brinquedo. Qualquer ajuste que possa parecer necessário é parte integrante da proposta. E isso vale para a roda-gigante, para os brinquedos que soltam água, para o passeio de trem, para o carrossel. Ah, se aplica também para as pessoas que sejam neurodivergentes, não somente para deficiências físicas.

Borboletas estão representadas de diversas formas por todo o parque. Elas são o símbolo da capacidade de mudança. A mensagem é clara: você também pode sair do seu casulo e voar. Todos voam, seja enquanto usam o balanço ou no giro do carrossel. E que viagem inesquecível!

Ao entrar no parque, as pessoas já são tratadas como super-heróis. Aquilo que no mundo dos chamados “normais” denomina-se “deficiência”, no Morgan’s Wonderland chama-se SuperPoder. Pode parecer simples demais. Acredite, porém, no poder avassalador de fazer uma pessoa que já sofreu preconceito acreditar que a diferença não é deficiência. Se ele tiver os estímulos e apoio necessários, pode se tornar seu superpoder. Morgan, a filha do

casal que construiu o parque, tem hoje 30 anos de idade cronológica. Sua idade mental é de aproximadamente 9 anos. Quando passeia e brinca pelo parque é geralmente reconhecida e as pessoas querem tirar foto com ela. Adivinha como ela reage: ela não quer tirar fotos. Ela não entende por que as pessoas querem tirar fotos ao invés de brincar.

Cada momento de um dia incrível de visita ao Morgan’s Wonderland deixa um arsenal de ideias, quebra de conceitos e muitas lições sobre como derrubar as barreiras que tornam tão desafiador o processo de inclusão na escola.

Você é nosso convidado para se juntar a nós e participar de uma visita guiada que faremos ao Morgan’s Wonderland em junho de 2025. As vagas são limitadas, ao contrário do impacto que essa experiência vai trazer para sua vida profissional e para o futuro dos seus estudantes! Caso tenha interesse em fazer parte, aguardamos seu contato no WhatsApp: (11) 93805-1719.

As Colunistas

ROBERTA E TAÍS BENTO

Especialistas na relação Família e Escola. São educadoras e fundadoras do SOS Educação. São responsáveis pelo maior Instagram do Brasil voltado para Gestores de Escola, Professores e Famílias com filhos em idade escolar: @soseducacao Autoras do livro “Socorro, meu filho não estuda!”, e do livro “Guia para Família Parceira da Escola no Pós Pandemia”, em parceria com o Instituto Ayrton Senna. Como palestrantes, viajam o mundo ajudando escolas a melhorar a relação com as famílias.

COLUNA / FERNANDA KING

FÉRIAS PARA QUEM MESMO?

Vai chegando o final do ano e tanto os alunos quanto os professores começam a contagem regressiva para as tão sonhadas férias. No entanto, para alguns gestores de escolas, é só o início de um período de grande reflexão sobre quais são os melhores rumos a tomar para o futuro ano letivo.

Nas creches particulares, então, nem se fala… muitas não têm nem essa pausa! Emendam seus calendários ano após ano com cursos de férias para atenderem as demandas das famílias, que pedem que a escola não feche com o argumento de que eles precisam trabalhar. E, reféns da necessidade de manter alunos, as chamadas “escolinhas” concedem o benefício. Bom, o fato é que enquanto de um lado as famílias dos alunos se desesperam com o dilema “o que fazer com esta criança em casa por tanto tempo?”, de outro, os mantenedores quebram a cabeça com contas a pagar, qual sistema de ensino escolher, ou até mesmo pensando em quem demitirão ou manterão no quadro de funcionários para 2025.

É óbvio que todo ser humano precisa de uma pausa no trabalho para o bem da sua saúde mental. Entretanto, em muitos casos, os processos ainda dependem do trabalho do proprietário, especialmente se a escola for de pequeno porte. E esta é a grande realidade de muitas instituições de ensino no Brasil. É como diz o ditado: o olho do dono é que engorda o boi. Mas será que os diretores não merecem ter seus dias de descanso em paz? Podem e devem, mas os medos costumam rondar a cabeça agitada destes líderes. Hoje, mais de 70% dos empreendedores sofrem com algum tipo de transtorno de saúde mental, segundo matéria recente do SEBRAE.

A pressão financeira é o principal fator para a mente do empreendedor não descansar nunca. Contas a pagar e a responsabilidade de ter muitas famílias dependendo do seu negócio certamente são motivos suficientes para muita gente perder o sono. Lembram da pandemia? Eu não gosto nem de lembrar… as matrículas caindo e todo mundo sem saber como seria o dia de amanhã. No mínimo desesperador! E a preocupação com a perda de clientes vive em muitos até hoje. Um estudo feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) demonstrou que, apenas no período da pandemia, 30% dos empreendedores brasileiros buscaram apoio psicológico e iniciaram tratamento para Síndrome de Burnout.

Além disso, a falta de uma equipe confiável também faz com que muitos mantenedores não descansem nunca. Achar gente boa no mercado, treinar e delegar tarefas é um grande desafio – que ainda esbarra em conflitos geracionais, como a diferença de pensamento e visão de mundo das gerações Y e Z. A primeira tem mais “paixão” pelo trabalho, tendo dificuldade de estabelecer as fronteiras entre a vida pessoal e a profissional, enquanto a segunda é mais instável, trocando de emprego com muita facilidade. O convívio entre tantas diferenças no dia a dia não é nada fácil! E será que a geração Z está certa em não querer liderar e não gostar de assumir tantas responsabilidades que às vezes financeiramente nem compensam tanto assim? Ou será que são simplesmente adultos que “não cresceram” porque seus pais foram permissivos? Fica o eterno questionamento…

E para além destas questões existenciais, temos que focar no caminho para conseguirmos ter merecidos dias de folga em paz – o que, apesar de clichê, é sempre o mesmo: planejar,

delegar e criar processos. Não tem como fugir disso. O primeiro passo é buscar ajuda para entender que não somos eternos, tampouco insubstituíveis. Se livrar do medo da perda do controle é o primeiro passo para muitos empreendedores que têm dificuldade em delegar tarefas e que só confiam em sua própria capacidade de tomar decisões.

Lembre-se que tudo que escolhemos na vida gera efeitos a curto, médio e longo prazos. O empreendedor é mais resiliente e muito mais apto a lidar com as incertezas e frustrações da vida do que a grande maioria dos seres humanos – mas precisa entender que não é super-herói! Carregar o mundo nas costas vai trazer consequências à saúde cedo ou tarde. Muitos empresários não veem a necessidade de tirar férias, mas elas são imprescindíveis para aumentar inclusive a produtividade.

Muito se fala sobre o líder ser uma inspiração para os seus liderados. Mas no fim das contas, quem cuida de quem cuida? Muitas vezes, ninguém. Somos nós por nós mesmos. A liderança é extremamente solitária. Então, se você está nessa de viver só para a empresa, tente se priorizar um pouquinho e dizer um “eu mereço” de vez em quando. Treine sua equipe gradativamente para não depender de você. Seja o líder que forma novos líderes e assim, quem sabe, leve a vida de forma um pouco mais leve.

Pedagoga especializada em desenvolvimento infantil, diretora escolar do Petit Kids Cultural Center, CEO da King Consultoria Educacional, escritora e palestrante.

foto cedida pela colunista

COLUNA / ERIKA VALESCA

COMO O PENSAMENTO CRÍTICO CONTRIBUI

PARA A FORMAÇÃO INTEGRAL DAS

CRIANÇAS NA ESCOLA

Adisseminação de desinformação tem se tornado uma preocupação crescente, especialmente com o aumento do acesso das crianças a dispositivos e conteúdos digitais. No contexto educacional, a questão das fake news é cada vez mais relevante, e, como se viu na questão 45, da prova de Linguagens, códigos e suas tecnologias do Enem 2024, há um claro reconhecimento da importância de abordar esse tema desde cedo. O objetivo é desenvolver habilidades como o pensamento crítico e consequentemente o letramento midiático das crianças, preparando-as para identificar e questionar informações falsas.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já reconhece a importância da computação e do letramento digital na formação dos alunos, integrando essas competências nas diferentes etapas de aprendizagem. Este movimento é essencial para enfrentar a crescente onda de desinformação que afeta tanto adultos quanto crianças, pois o ambiente digital é, cada vez mais, parte do cotidiano infantil. Com o compromisso de propiciar condições de aprendizagem dessas habilidades de forma lúdica, os livros do SAS Educação em 2025 trazem questões para desenvolver o pensamento crítico.

As crianças, que muitas vezes, são expostas a conteúdos sem a devida mediação e, sem o desenvolvimento de habilidades críticas, podem ser facilmente influenciadas por informações erradas ou distorcidas ou conteúdos inadequados à sua idade. Como educadores temos o dever de contribuir para a formação integral dos alunos.

Este é um dos pilares para formar cidadãos capazes de tomar decisões, baseadas em dados confiáveis e com análises mais críticas. Isso deve acontecer em um

ambiente no qual os pequenos aprendam a questionar, investigar e refletir sobre o que leem, veem e ouvem.

O letramento midiático, que envolve a habilidade de interpretar e avaliar a informação proveniente de diversas mídias, é uma competência essencial. É assim que a criança começa a perceber que nem toda informação encontrada na internet é verdadeira, e passa a compreender como identificar as fontes confiáveis.

Mas como criar estratégias práticas para combater a desinformação na sala de aula?

Implementando práticas pedagógicas que promovam o desenvolvimento do pensamento crítico, aqui vai algumas dicas:

1 - Incentivar as crianças a buscarem mais de uma fonte de informação e a comparar as informações apresentadas, isso de maneira lúdica, utilizando recursos visuais, como ilustrações e vídeos, e facilitando o entendimento dos conceitos de “verdadeiro” e “falso” de maneira simples e acessível.

2 - Assembleias e rodas de conversas que propiciem discussões em um ambiente onde o questionamento seja estimulado. Aprofundar-se nas questões “como você sabe que isso é verdade?” ou “de onde vem essa informação?” ajuda a criança a entender que as informações precisam ser verificadas antes de serem aceitas como verdade.

3 - Observando a possível imersão das crianças no mundo digital. É essencial que a escola promova atividades que antecipem e ajudem as crianças a desenvolver habilidades para distinguir entre diferentes tipos de conteúdo online, incluindo a análise de notícias falsas e a explicação sobre a disseminação da desinformação.

Mas sabemos que o desafio de combater a desinformação não pode ser enfrentado isoladamente. Ele exige um esforço coletivo entre educadores, famílias e a sociedade como um todo. A educação na infância, em particular, é um momento chave para plantar as sementes do pensamento crítico, pois as crianças estão desenvolvendo “a todo vapor” suas habilidades cognitivas, emocionais e sociais.

Incorporar esses temas no currículo, como foi abordado neste Enem 2024, é uma maneira de destacar a importância da educação das crianças no enfrentamento dos desafios contemporâneos. Pode ser uma oportunidade para refletir sobre o papel dos professores na formação de futuros cidadãos críticos, capazes de distinguir e reagir à desinformação de maneira ética e responsável.

A sociedade do futuro exponencial depende da capacidade das novas gerações de pensar de maneira independente, questionar a veracidade das informações e compartilhar apenas aquilo que é confiável. Investir no desenvolvimento do pensamento crítico e no letramento midiático nas primeiras fases da educação é um passo fundamental para garantir que as próximas gerações possam não apenas lidar com a desinformação, mas também liderar a construção de um ambiente mais informado e ético para todos nós.

A Colunista

Especialista de Ensino e Inovações do SAS Educação. Pedagoga, psicóloga educacional, neuropsicopedagoga, psicopedagoga e especialista em metodologias de ensino. Atualmente atua com anos iniciais e ensino infantil. Apaixonada pela educação e pela primeira infância.

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cedida pelo colunista

ESPECIAL DIÁLOGOS COM A GESTÃO

APLICATIVOS E FUNCIONALIDADES DIGITAIS NO COTIDIANO DA GESTÃO ESCOLAR

Presente em variadas áreas sociais, as tecnologias apresentam facilidades que podem ser incorporadas em diversos segmentos, inclusive na educação. Desse modo, softwares, ferramentas e aplicativos digitais podem ser utilizados para otimizar, personalizar, analisar e integrar as demandas cotidianas que surgem na gestão escolar.

Atecnologia é, certamente, um dos fenômenos mais notórios na atualidade. Conexões, aplicativos e ferramentas digitais são palavras-chave que adentraram em todos os espaços nos últimos anos. Na educação, em especial, a multiplicidade de ferramentas facilitadoras passou a integrar cada vez mais o cotidiano das escolas e nos variados espaços das instituições – não só como estratégia pedagógica, como também na gestão escolar.

Os softwares de gestão, as ferramentas que oferecem a integração de dados e otimização de processos, os aplicativos que facilitam a comunicação entre escola e familiares, os relatórios completos e personalizados dos setores da instituição, e as funcionalidades digitais que garantem eficiência nas demandas do gestor e da gestora escolar, são alguns exemplos de praticidades que podem ser adotadas no cotidiano da gestão das instituições de ensino.

Para adentrar nesta temática, tendo como fio condutor as possíveis transformações que as tecnologias podem operar no contexto da gestão escolar, trouxemos nesta edição um especial sobre como aplicativos e funcionalidades digitais podem otimizar o cotidiano da gestão. Reunindo falas de especialistas que atuam na área e diretoras e diretores escolares, nosso intuito é reforçar a ideia apresentada por Luiz Felipe Araújo, diretor de tecnologia e infraestrutura na Escola Vereda, um dos entrevistados do especial: “a tecnologia está transformando a gestão escolar, tornando-a mais eficiente e integrada”. Confira!

Fabiana Brum Martins – Especialista em Gestão Empresarial e Educacional, Diretora Geral da Escola de Ensino Fundamental Divino Mestre, fonoaudióloga, professora e autora do livro “Liderança e Gestão de Pessoas: Uma nova Perspectiva para INSPIRAR-TRANSFORMAR e SERVIR”

“Na Escola Divino Mestre, a tecnologia é uma aliada essencial para a excelência no atendimento às famílias, estudantes e equipes. Com o uso de ferramentas digitais como o Diário Escola, otimizamos a comunicação e o acompanhamento pedagógico, garantindo uma gestão mais ágil e eficiente. Este aplicativo permite um relacionamento próximo com os pais, que podem acessar facilmente informações importantes como avaliações, atividades, calendário escolar e notas, promovendo uma parceria ativa no desenvolvimento dos alunos.

O Diário Escola também oferece funcionalidades que ampliam o suporte pedagógico, como registros personalizados do desempenho dos estudantes. Esses relatórios, detalhados e enviados diretamente aos responsáveis, permitem um acompanhamento assertivo e contínuo, fortalecendo o processo de aprendizagem. Além disso, a integração da plataforma com toda a equipe escolar possibilita uma análise comple -

ta do desenvolvimento de cada aluno, assegurando intervenções rápidas e eficazes quando necessário.

Utilizamos outras tecnologias de forma pedagógica e direcionada para cada faixa etária, através da disciplina de Educação Digital, algo inovador dentro do nosso currículo, garantindo que as ferramentas sejam adequadas às necessidades específicas de nossos alunos. Equipamentos como projetores, tablets, computadores e chromebooks são usados para enriquecer as aulas de forma interativa e inversa, ao mesmo tempo em que estamos atentos às pesquisas realizadas pelos estudantes, orientando-os a explorar conteúdos relevantes e seguros. Essa abordagem assertiva assegura um aprendizado ativo e conectado à realidade de cada faixa de desenvolvimento.

Ao integrar tecnologia de ponta à educação e à gestão escolar, oferecemos um diferencial que transforma a experiência de aprendizado e fortalece a conexão entre escola e família. Assim, reafirmamos nosso compromisso em proporcionar uma formação completa, com excelência acadêmica e o desenvolvimento de habilidades essenciais para o século XXI e para vida dos nossos estudantes.”

“A tecnologia está transformando a gestão escolar, tornando-a mais eficiente e integrada. Na Vereda, desenvolvemos um sistema interno para atender as necessidades da escola. Essa solução é responsiva e acessível em diversos dispositivos, permitindo que professores registrem dados como frequência, notas e ocorrências comportamentais de forma prática e ágil.

Luiz Felipe Araújo – Diretor de tecnologia e infraestrutura na Escola Vereda

Essa flexibilidade melhora o fluxo de informações entre sala de aula e equipe gestora, otimizando processos pedagógicos.

Nos bastidores, o sistema auxilia na operação escolar, com registro de ocorrências médicas, gestão de espaços e equipamentos, e maior controle na saída de alunos. Por meio de chamadas automatizadas e validação com fotos e documentos, o processo de retirada é mais seguro e preciso, garantindo eficiência e tranquilidade para as famílias.

Outro ponto forte é a centralização de dados na nossa Central de Serviços Compartilhados (CSC), que permite uma visão integrada das operações escolares. Assim, identificamos rapidamente problemas e tomamos ações imediatas, como corrigir ausências de informações ou resolver questões com famílias, mantendo tudo alinhado.

Além disso, a análise de dados em larga escala favorece decisões estratégicas mais assertivas. Com informações detalhadas, a gestão pode atuar com maior precisão, tanto no cotidiano quanto no planejamento de longo prazo, sempre em busca de uma educação mais moderna e eficiente.”

“A tecnologia transformou a gestão escolar na BBBaby & Kids, oferecendo soluções que otimizam processos e aproximam famílias e escolas. Um exemplo prático é o Aplicativo Diário Escola, que revolucionou nossa forma de comunicação com os pais e trouxe uma enorme eficiência à gestão financeira.

Com o Diário Escola, garantimos uma comu-

nicação em tempo real, compartilhando informações importantes como recados, eventos e fotos das crianças, tudo de forma simples e acessível. Além disso, o aplicativo oferece automações que poupam trabalho administrativo, como envio de boletos, acompanhamento de pagamentos e integração de dados financeiros, eliminando retrabalhos e permitindo maior foco no pedagógico.

Essas funcionalidades tornam o cotidiano mais prático, proporcionando uma experiência mais transparente e eficiente para todos os envolvidos na comunidade escolar. Sem dúvida, a tecnologia é uma aliada indispensável para escolas que buscam modernidade e excelência na gestão.”

“A tecnologia tem transformado a gestão escolar, tornando-a mais eficiente e integrada, ao otimizar processos administrativos, pedagógicos e a comunicação com a comunidade escolar. Entre as principais soluções tecnológicas, destacam-se os aplicativos de CRM, que aprimoram a gestão do relacionamento com as famílias; os sistemas de ERP, que centralizam operações financeiras, gestão de matrículas e apuração de impostos; e os softwares de LMS, que possibilitam a gestão da aprendizagem, promovendo um acompanhamento mais eficaz do progresso dos estudantes e facilitando a personalização do ensino.

No ecossistema de soluções digitais do Poliedro, o P+ se destaca como uma plataforma robusta, que reúne diferentes ferramentas projetadas para atender às diversas demandas educacionais relacionadas a um LMS. O P+ App, por exemplo, facilita uma comunicação integrada e eficiente entre gestores, professores, alunos e famílias. Já o Marketing Pro apoia as escolas na criação de campanhas de marketing, no fortalecimento do posicionamento digital e no desenvolvimento de peças publicitárias.

Entre as soluções pedagógicas do P+, ferramentas como o Livro Digital, o P+ Conteúdo e o módulo de Avaliações oferecem suporte essencial ao diagnóstico, planejamento e personalização do ensino. O Livro Digital, em particular,

inclui um avançado recurso de acessibilidade, com menus inclusivos que garantem a usabilidade para todos. Com essas soluções, o Poliedro entrega uma plataforma integrada que combina eficiência administrativa com excelência pedagógica.”

“Hoje, a tecnologia ocupa um papel central na transformação de diversos setores, incluindo a educação. Na Bobby Soluções, acreditamos que inovação não é apenas sobre adotar o que há de mais moderno, mas sim sobre criar ferramentas que simplifiquem processos e encantem gestores, professores, pais e alunos. Nosso compromisso é claro: oferecer soluções práticas e acessíveis que respeitem as diferentes realidades das escolas, sempre com o olhar no futuro, mas os pés firmes nas necessidades do presente.

Com o Bobby Educ, revolucionamos a gestão escolar ao integrar tarefas administrativas e pedagógicas em uma única plataforma intuitiva. Nossas ferramentas foram pensadas para facilitar a rotina escolar, como a agenda digital, que conecta pais e alunos em tempo real, e o reconhecimento facial para controle de frequência, trazendo segurança e praticidade ao dia a dia. Além disso, o Bobby Analytics combina avaliação personalizada com trilhas gamificadas de aprendizagem, permitindo que alunos aprendam de forma divertida enquanto professores recebem planos de aula otimizados.

Sabemos que o futuro da educação exige mais do que inovação tecnológica: ele pede equilíbrio. Por isso, nossas soluções foram desenhadas para agregar valor sem roubar o protagonismo de quem realmente importa no processo educacional. Queremos que a tecnologia libere tempo e energia para o que mais importa: a qualidade do ensino e as relações humanas que transformam vidas.

Na Bobby, acreditamos que a tecnologia deve servir às pessoas, e não o contrário. Nosso objetivo é construir uma educação conectada, eficiente e acessível, sem perder de vista o papel essencial de professores e alunos. Afi-

Gabriel Serpa – Diretor de Inovação do Poliedro Educação
Dauro Borges e Rodrigo Alexandrino –Fundadores da Bobby Soluções Educativas

nal, inovação verdadeira não é sobre o que podemos mudar, mas sobre o que podemos melhorar juntos.”

“Podemos condensar a tecnologia para uso na gestão escolar em três categorias de aplicativos:

A primeira é a da gestão da escola como um negócio. É primordial ter um bom ERP para analisar o controle financeiro, as cobranças, despesas, os bons indicadores. Nesse ERP, é importante abranger a relação com os professores, pois é a equipe que está na linha de frente e garante a qualidade da entrega. Além disso, hoje é fundamental a gestão de redes sociais e do CRM.

A segunda é a dos aplicativos para interação, seja com alunos ou pais, estes os contratantes do serviço, os usuários, as partes interessadas. Atualmente, tem cada vez mais aplicativos que possibilitam o acompanhamento, o histórico escolar, documentos, comunicação, status, pontos de alerta.

A terceira categoria é a dos aplicativos que estão diretamente ligados ao processo educacional, que são os utilizados dentro de sala de aula, seja para geração de atividades, para acompanhamento de trabalhos, criação de experiências mais customizadas, imersivas e tecnológicas.”

Um dos principais benefícios foi a melhoria da comunicação entre escola, pais e alunos, assim as informações do calendário escolar, boletim, frequências, ocorrências e boletos de pagamento ficam disponíveis para consulta. Os pais também podem entrar em contato pelos canais exclusivos através do aplicativo (Fale com a Escola).

Os estudantes podem tirar dúvidas sobre as tarefas escolares através da função ‘Chat’, onde o professor pode se comunicar com o aluno em tempo real. Outra inovação é a rede social exclusiva para a escola, podendo divulgar as conquistas dos alunos e os eventos da instituição.

Para escolas com grande circulação de pessoas no início e final das aulas, temos a função de ‘Entrada e Saída de alunos’, que permite indicar se o responsável está próximo da instituição e sua distância, facilitando a saída dos estudantes.”

“Como em muitos outros setores, a educação está passando por uma verdadeira revolução. A tecnologia, especialmente a Inteligência Artificial (IA), vem transformando o dia a dia das salas de aula por meio de ferramentas que automatizam tarefas administrativas, personalizam o ensino e fornecem insights valiosos sobre o progresso pedagógico dos alunos.

Sabemos que para os professores o tempo é um recurso valioso e é exatamente nesse ponto que a IA pode fazer a diferença, por exemplo, ao automatizar tarefas repetitivas, como criação de avaliações, planejamento de aulas e correção de provas. Um estudo da McKinsey apontou que entre 20% e 40% do tempo gasto nessas atividades pode ser otimizado com a tecnologia existente. Isso representa até 13 horas por semana que poderiam ser dedicadas ao aprimoramento das práticas pedagógicas.

tempo, aprimora a capacidade dos educadores se concentrarem em atividades que exigem uma abordagem mais humana, como o acompanhamento personalizado de cada aluno.

Na Maieutics.AI, vivenciamos essa transformação. Em menos de um ano, nossa plataforma já ajudou mais de 13 mil professores brasileiros a criar mais de 100 mil questões personalizadas de forma eficiente, economizando tempo e energia. Já impactamos mais de 1 milhão de alunos com nosso software que, através da inteligência artificial generativa, analisa os materiais fornecidos pelos docentes e gera questões inéditas e alinhadas ao conteúdo programático. Criada por professores e para professores, a nossa plataforma simplifica o processo avaliativo, permitindo a criação de avaliações dinâmicas em minutos.

Ao olharmos para o futuro, temos certeza de que a IA continuará a desempenhar um papel crucial na educação, fortalecendo a prática pedagógica e proporcionando um ensino de qualidade. Estamos orgulhosos de contribuir para essa mudança e acreditamos que estamos apenas no começo dessa jornada. Tenho certeza de que o impacto será ainda maior nos próximos anos, à medida que mais educadores adotarem a IA como uma parceira valiosa em sala de aula.”

“A tecnologia ganhou um grande destaque na gestão escolar nos últimos anos, o Aplicativo Acadesc acompanhou esta evolução e melhorou sua performance acrescentando várias funcionalidades para o gestor.

No entanto, um dos grandes desafios do setor educacional é a resistência às novas tecnologias. A IA não veio para substituir o papel do professor, mas para fortalecê-lo. Ela oferece suporte ao liberar tempo valioso e, ao mesmo

Arthur Igreja – Especialista em Tecnologia e Inovação
Rodrigo Streithorst – CEO da Maieutics.ai
Lilian Cavalcanti – Analista de Sistemas na Fannys Informática

EDUCAÇÃO EM FOCO

CELULARES VETADOS

NAS ESCOLAS

Ouso de aparelhos celulares no espaço escolar, especialmente nas salas de aula, alcançou o centro de intensos debates, motivados, sobretudo, por aspectos negativos que a utilização de smartphones pode afetar em todo o processo e desenvolvimento estudantil. O interesse em debater essa temática em âmbito nacional teve o seu início em 2015, com o Projeto de Lei 104/15, que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos (como celulares e tablets) em todos os anos da educação básica (do ensino fundamental ao ensino médio) nas escolas das redes pública e privada. O PL 104/15 foi aprovado no final de outubro último pela Comissão da Educação da Câmara dos Deputados e agora segue para ser analisado pela Comissão de Constituição, de Justiça e de Cidadania (CCJ). Para o projeto de lei se tornar lei federal, ainda será avaliado pelo Senado.

O interesse pela proibição dos aparelhos eletrônicos também surgiu em contextos estaduais. No início letivo deste ano, entrou em vigor um decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes que vetou a utilização dos aparelhos dentro e fora das salas de aula nas escolas da rede pública municipal do Rio de Janeiro. Em entrevista à CNN, Renan Ferreirinha, secretário de Educação do Rio de Janeiro, destacou efeitos positivos após implementação da medida, como por exemplo o aumento do foco dos alunos.

Em São Paulo, no início de novembro último, o Plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) aprovou o Projeto de Lei 293/2024 que veta o uso de dispositivos eletrônicos com acesso à internet por estudantes de escolas das redes pública e privada do Estado de São Paulo. A utilização será permitida apenas “quando houver necessidade pedagógica” e “para alunos com deficiência que requerem auxílios tecnológicos específicos”. O PL 293/2024 segue para sanção do governador Tarcísio de Freitas.

Para adentrar nas discussões que envolvem o tema, conversamos com a Luciana Soares Chagas, professora da licenciatura em Pedagogia da Universidade Veiga de Almeida e coordenadora de área do projeto Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) da UVA na escola municipal São Tomás de Aquino (RJ). Confira abaixo a entrevista.

Direcional Escolas: Recentemente as discussões sobre o uso de celulares nas escolas reacendeu um debate sobre a funcionalidade do aparelho na escola, se ele é um vilão ou pode ser um agregador no processo de aprendizagem. Como você avalia esse debate?

Luciana Soares Chagas: O debate sobre o uso de celulares nas escolas reflete um dilema contemporâneo entre o potencial transformador das tecnologias e os desafios que ela apresenta em ambientes de aprendizagem. A meu ver, a questão central não é se os celulares são vilões ou aliados, mas como são integrados às práticas pedagógicas no ambiente escolar. Os aparelhos podem trazer distração, desigualdade, risco de cyberbullying e dificuldades de controle, mas permite acesso ao conhecimento de forma interativa e dinâmica, além de possibilitar personalização do aprendizado, aumento das habilidades digitais e o engajamento. O desafio sempre será equilibrar educação digital com políticas claras e o uso pedagógico planejado das tecnologias, com supervisão e diálogo. Para mim, celulares não são vilões nem aliados, mas, sim, uma ferramenta, que, dependendo de como usada, pode contribuir significativamente para aprendizagem ou criar barreiras. O foco deve estar na formação de uma cultura tecnológica consciente.

Direcional Escolas: Em um plano mais amplo, podemos afirmar que esse debate que reascendeu nos faz questionar, também, as formas como as metodologias pedagógicas estão sen -

do trabalhadas em sala de aula e até mesmo o interesse de alunos pelo conteúdo... ou pelo menos de como esse conteúdo é transmitido?

Luciana Soares Chagas: Sim. O debate traz reflexões sobre como as metodologias pedagógicas estão sendo empregadas e como influenciam o engajamento dos alunos com o conteúdo. A maneira como o conhecimento é transmitido pode impactar diretamente o interesse e a participação dos alunos. Um exemplo é a metodologia mais tradicional, baseada em aulas expositivas e centrada no professor, que pode não ser tão eficaz para atrair a atenção de um aluno hoje imerso em um mundo altamente digital e interativo. Por outro lado, a metodologia ativa como aprendizagem baseada em projeto, gamificação ou uso de tecnologia educativa pode tornar o aprendizado mais significativo ao conectar os conteúdos escolares com a realidade do aluno, estimulando, assim, sua curiosidade. Não é possível limitar o debate ao que está sendo ensinado, mas também como o conteúdo está sendo ensinado. Adaptar as formas de ensino para dialogar com os interesses e as necessidades dos jovens é uma realidade e um dos grandes desafios da educação contemporânea.

Direcional Escolas: De fato, estamos cada vez mais conectados aos aparelhos celulares e as funcionalidades que eles disponibilizam. A proibição de celulares nas escolas pode impactar positivamente o desempenho estudantil?

Luciana Soares Chagas: A proibição do uso do celular em escolas é um tema amplamente debatido. Alguns pontos são importantes e envolvem aspectos positivos e desafios. Precisamos focar no impacto desempenho estudantil. A proibição do uso pode reduzir distrições, melhorar o engajamento em sala de aula e ajudar no desenvolvimento de habilidades interpessoais. A ausência do celular incentiva a

interação face a face. E o aumento do tempo dedicado aos estudos: sem o acesso imediato às distrações digitais, o aluno pode direcionar mais tempo e energia às tarefas escolares.

É importante ressaltar, entretanto, que a proibição completa do uso do celular pode trazer desafios. Celulares podem ser ferramentas pedagógicas valiosas quando usados corretamente. Permitem acesso a recursos educativos, pesquisas rápidas, aplicativos de aprendizagem interativos... A regulamentação do uso das escolas, com o estabelecimento de horários e finalidades especificas de uso, pode ser um caminho mais equilibrado e produtivo.

Direcional Escolas: Na sua análise, há impactos negativos no projeto de lei nº 293/2024 que proíbe o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos por estudantes? Quais?

Luciana Soares Chagas: Acredito que, dependendo da forma como o projeto for adotado na prática, pode trazer alguns impactos negativos. A proibição pode acabar restringindo o uso de recursos pedagógicos modernos, como gamificação e aplicativos educacionais, e limitar práticas mais inovadoras. Muitos professores integram tecnologias como smartphone e tablet nas aulas para tornar o aprendizado mais dinâmico e interativo. As ferramentas digitais também permitem acesso rápido a conteúdos atualizados. Um segundo ponto seria a dificuldade de promover a educação digital. Um caminho pode ser o ensino do uso responsável da tecnologia, de forma ética e produtiva. A proibição também pode aumentar a exclusão digital, perpetuando a desigualdade educacional. Olhando para a relação entre familiares e crianças, o celular hoje é uma ferramenta importante na comunicação importante para acompanhamento do bem-estar dos filhos no período escolar. Uma proibição rígida pode causar ansiedade e dificultar a comunicação, particularmente em situações de emergência. Embora o projeto tenha intenção de melhorar o foco do estudante, uma proibição completa pode ser contraproducente se não for acompanhada de uma estratégia educativa. Acredito que o mais benéfico seria implementar uma política que regulamente o uso consciente e pedagógico do dispositivo, integrando-o de maneira equilibrada à rotina da escola.

Direcional Escolas: Se pudermos repensar a forma como o celular e outros dispositivos eletrônicos são utilizados em sala de aula, você acredita que esses aparelhos, se bem utilizados com ferramentas e metodologias direciona -

das, podem ser auxiliares no processo de aprendizagem em sala de aula?

Luciana Soares Chagas: Quando utilizados de forma planejada e intencional, os dispositivos eletrônicos podem ser aliados poderosos no processo de aprendizagem. A integração em sala de aula depende de abordagem pedagógica que maximize benefícios enquanto minimize possíveis distrações. Dispositivos eletrônicos podem permitir o acesso a conteúdos diversificados, atualizados, multimídia e em tempo real; a bibliotecas digitais. Isso enriquece a aprendizagem, que pode ser personalizada, por meio de aplicativos e plataformas educacionais usados para atender a diferentes estilos e ritmos de aprendizagem. O aluno pode avançar de forma individualizada. O engajamento e a interatividade obtidos com jogos educacionais digitais e quizzes, por exemplo, são fantásticos. Tudo isso aumenta o interesse do aluno e torna o aprendizado mais dinâmico e efetivo. O desenvolvimento das habilidades digitais no mundo atual é essencial, e o dispositivo em sala de aula pode ajudar a desenvolver competências de pesquisa, análise crítica e colaboração digital. Como ferramentas de colaboração, temos aplicativos como o Workspace do Google, o Teams da Microsoft e outros, que permitem que alunos trabalhem em equipe à distância, promovendo cooperação e aprendizado em grupo. Tecnologias assistivas presentes nos dispositivos, como ampliação de texto, leitor de texto e tradutor, também podem ajudar alunos com necessidades especiais. É preciso acompanhar se o uso não está sendo direcionado para redes sociais e jogos fora do contexto educativo. Outro ponto é que nem todos os alunos têm acesso aos mesmos recursos, o que pode gerar desigualdades. Há que se ter um grande cuidado. Na formação dos professores, é necessário capacitá-los de forma eficiente e alinhada. Se usados corretamente, dispositivos eletrônicos podem transformar a sala de aula em um espaço mais inovador, participativo e conectado com o mundo real. O segredo está no equilíbrio entre o uso da tecnologia e o foco pedagógico.

SAIBA MAIS

PROJETO DE LEI N. 104/15 https://www.camara.leg.br/ proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2814554&filename=Avulso%20PL%20104/2015

PROJETO DE LEI N. 293/2024 https://www.al.sp.gov.br/spl/2024/04/ Propositura/1000549285_1000689688_ Propositura.pdf

ATRATIVO VISUAL

Estética, identidade e comunicação visuais são elementos necessários para todas as instituições de ensino. A comunicação visual de uma escola – tanto interna como externa – agrega aspectos de ferramenta de marketing, de criatividade, da missão e dos valores do colégio, aproximação com seu público-alvo, captação de novos alunos, assim como memórias significativas e afetivas que foram construídas com o espaço.

ÁREA EXTERNA

Na área externa, o conjunto estético das fachadas, em especial, é uma importante área comunicativa e que deve ser pensada e projetada com atenção. “A comunicação visual externa é muito importante”, diz Claudinei Aguila, empresário da área de comunicação visual, “pois é através dela que grande parte dos clientes decidem conhecer o colégio e optam por matricular o seu filho na instituição de ensino. A fachada é uma das partes mais importantes do marketing de uma escola, já que ela está fazendo a publicidade do colégio por 24 horas com o custo fixo”, completa.

De acordo com o empresário, uma pesquisa realizada pelo Sebrae apontou que uma fachada bonita e atraente é responsável pelo aumento de 40% no faturamento de uma escola. “Todo mundo quer ver o seu filho estudando em um colégio bonito, com design diferente e elegante”, afirma. E para ter uma fachada atraente, Aguila indica alguns elementos e materiais que podem ser utilizados: o ACM é um material versátil com custo-benefício interessante e traz uma beleza se mesclado com letras caixa em relevo, elementos 3D vazados decorativos, iluminação por LED, tanto das luminárias embutidas como o neon LED pode ser utilizado como um conjunto atrelado.

BUSCANDO FORNECEDORES

Para as gestoras e os gestores escolares que pretendem reformular a identidade visual externa da fachada, o empresário do setor ressalta algumas dicas que podem ser seguidas. No momento da busca por fornecedores que trabalham com esse segmento de comunicação visual, a principal recomendação é fazer uma busca detalhada de empresas sérias, olhar o histórico das empresas e checar se a empresa escolhida cumprirá a proposta e entregará um trabalho visualmente bonito. Essa busca minuciosa, diz o empresário, previne problemas futuros, como empresas que não oferecem a solução ideal em comunicação visual, com uma fachada ineficaz e feita com materiais de baixa qualidade, além de empresas que não entregam aquilo que apresentaram como layout de projeto.

“É importante checar muito bem as empresas e buscar referências, ligar para alguns dos serviços que eles fizeram e confirmar se realmente é uma empresa idônea. Verificar a avaliação da empresa no Google e também no site Reclame Aqui pode ser como uma ferramenta nesse processo de busca, entendendo o que os clientes acharam dos serviços e as reclamações encontradas”, alerta Aguil.

“E salientar que quem compra preço não compra qualidade. Quem faz errado faz duas vezes. Desconfie do barato, pois ele pode sair muito caro!”, finaliza. (RP)

DICA:

GESTÃO ESCOLAR NA PRÁTICA

Com o objetivo de apoiar gestores, gestoras e profissionais de educação no aprimoramento de suas competências na gestão escolar, o Instituto Unibanco, a Diretoria de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV DGPE) e o FGV In Company, lançam o quarto curso on-line da trilha “Gestão Escolar na Prática”, que terá como tema norteador a dimensão administrativo-financeira.

Gratuito e com 48 horas de atividades assíncronas, o curso está dividido em três unidades: “a escola como uma organização social”, “gestão dos processos administrativos” e “gestão orçamentária e financeira”. As atividades podem ser realizadas de maneira autoinstrucional, o que garante flexibilidade aos profissionais, e reúnem videoaulas, podcasts, infográficos e apostila digital, além de exercícios, indicações de leituras e avaliação realizada por meio de pós-teste individual.

De acordo com Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco, os conteúdos são voltados para o desenvolvimento de habilidades e aprofundamento de conhecimentos em pontos essenciais da gestão escolar. “Esta trilha formativa visa contribuir para que o profissional compreenda as funções primordiais de gestão, o que inclui atividades e processos administrativos, assim como a rotina e o fluxo de trabalho. A formação também procura ajudá-lo a enxergar a escola como uma organização cujas atividades administrativas e financeiras devem ser orientadas à aprendizagem. Essa orientação é fundamental para que uma instituição de ensino consiga atingir o seu propósito maior, que é oferecer educação de qualidade, com equidade para todos”.

Além do curso que aborda a dimensão administrativo-financeira, a trilha formativa “Gestão Escolar na Prática” conta também com outras três formações, já disponíveis e focadas em Gestão Pedagógica, Gestão Político-Institucional e Gestão Pessoal-Relacional. Ao terminarem as aulas, os participantes receberão uma declaração de conclusão, comprovando as horas cumpridas e os conteúdos trabalhados na formação.

No Brasil, apenas um quinto dos diretores e das diretoras de escolas concluíram algum curso de formação continuada em gestão escolar em 2023, como apontou o estudo “Perfil dos(as) diretores(as) escolares e desafios da gestão escolar nas redes de ensino”, do Instituto Unibanco. Apesar da preparação para o exercício da função gestora na escola estar crescendo, ainda há um grande caminho a ser percorrido. Formações sobre os desafios da gestão financeira e de aspectos administrativos na escola são altamente demandadas pelas equipes escolares, tanto pela complexidade da temática quanto pela relevância de ferramentas práticas que reduzam a sobrecarga cotidiana destes profissionais.

SAIBA MAIS

Curso Gestão Escolar na Prática: a dimensão administrativo-financeiro –https://observatoriodeeducacao. institutounibanco.org.br/formacoes

Os demais cursos de gestão (Pedagógica, Político-Institucional e Pessoal-relacional) estão disponíveis no mesmo link.

Imagem:

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