Ed. 203 - Nov/24

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Educação socioemocional na prática

A temática socioemocional adentrou no interior dos processos, dos fluxos e das atividades educacionais. Esse complexo e denso tema, que envolve o estudo das emoções, é de extrema importância para a formação dos alunos e das alunas, além de estar presente em todas as 10 competências gerais propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a educação do século 21. Dessa forma, todas as escolas devem contemplar as competências socioemocionais em seus currículos.

Compreendida como um processo de entendimento e elaboração das emoções, a educação socioemocional desenvolve, de acordo com a CASEL (Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning), cinco competências fundamen-

tais: autoconsciência, autogestão, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável. Esse conjunto de competências, se bem trabalhadas nas escolas, beneficiam alunas e alunos tanto no desempenho escolar, como na identificação e elaboração de questões e conflitos emocionais.

O desafio que se coloca é: como inserir a educação socioemocional no cotidiano das instituições de ensino? A partir desse questionamento, produzimos um especial nesta edição da Direcional Escolas com apontamentos de profissionais que atuam em diversas áreas da educação sobre as possibilidades de ações/ atividades que podem ser implementadas para auxiliar no desenvolvimento da educação socioemocional.

Também nesta edição, a penúltima de 2024, trouxemos os artigos de opinião das colunistas Roberta e Taís Bento; estratégias de segurança no playground na coluna do especialista Eric Amorim; as formas de comunicação empregadas e assertivas na coluna do Christian Coelho; e os aspectos legais das formaturas e eventos de fim de ano abordados pelo advogado especializado em direito educacional Rafael Ribeiro. Nas matérias, além do especial, você também encontrará conteúdos sobre cultura maker e as características da contabilidade para as escolas.

Boa leitura!

Rafa Ella Pinheiro Jornalista Responsável

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Diretor: Alex Santos

Público: Diretores e Compradores

Periodicidade: Mensal

exceto Junho / Julho e Dezembro / Janeiro

Jornalista Responsável: Rafa Ella Pinheiro | MTB 0076782/SP

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A Revista do Gestor Escolar

Nesta Edição:

Coluna - Christian Coelho 12

A arte da comunicação – parte 1Formas de comunicação

Coluna - Roberta e Taís Bento

O Impacto da Solidão nas Escolas: Como a sociedade da solidão está afetando sua equipe, os professores e o resultado da sua escola

Coluna - Eric Amorim

O que toda escola precisa saber: Estratégias de segurança no playground

Dica: Consciência Negra

Antirracismo nas escolas

Coluna - Rafael Ribeiro

Aspectos legaisdas formaturas e eventos de fim de ano

Dica: Cultura Maker

Abordagem transdisciplinar

Especial: Diálogos com a Gestão

Como desenvolver a educação socioemocional no cotidiano das escolas?

Dica: Contabilidade

Assessoria especializada

COLUNA / CHRISTIAN COELHO

A ARTE DA COMUNICAÇÃO – PARTE 1

Formas de comunicação

cedida pelo colunista

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Existem quatro tipos de comunicação amplamente discutidos por especialistas. Considero que três deles – a comunicação passiva, agressiva e passivo-agressiva – quando utilizados em excesso ou fora de contexto, podem ser prejudiciais para a forma mais importante de comunicação: a assertiva.

Teste: A intenção não é classificar seu estilo de comunicação de forma fixa, pois tendemos a transitar entre diferentes estilos conforme a situação e necessidade. O objetivo deste exercício de autoavaliação é verificar sua tendência predominante de comunicação. Preencha com um “X” as questões abaixo e veja em qual coluna você marcou mais respostas: A, B ou C.

• Se você preencheu mais a coluna A, sua comunicação tende a ser passiva

• Se a maioria das respostas está na coluna B, sua tendência é agressiva

• Se a coluna C foi predominante, você tende a ter uma comunicação passivo-agressiva

Comunicação passiva: Você tem dificuldade em expressar seus sentimentos e pensamentos, o que bloqueia sua comunicação e reprime suas emoções. Isso pode resultar em doenças psicossomáticas, como depressão, síndrome do pânico, ansiedade, além de descontrole emocional, como explosões de raiva.

O que fazer? Reconheça a sua predominância; perceba quando você se desvaloriza; seja direto; estabeleça e deixe claro os seus limites; entenda que conflitos são normais e podem ser saudáveis; não busque aprovação constante de todos; valorize suas opiniões e necessidades; aprenda a dizer “não”; considere fazer terapia.

Comunicação agressiva: Você costuma não aceitar críticas, tenta impor sua opinião sobre as dos outros e tem dificuldade em demonstrar empatia.

O que fazer? Reconheça o seu comportamento; identifique o que deixa você agressivo e inseguro; respire fundo e faça pausas antes de reagir; coloque-se no lugar dos outros; expresse-se de forma clara e respeitosa, focando em soluções; não compare e nem foque demais nas falhas; escute as opiniões divergentes; peça feedback; considere fazer terapia.

Comunicação passivo-agressiva: Você tem dificuldade em manifestar suas opiniões e sentimentos, mas não consegue se controlar e acaba utilizando artifícios de linguagem.

O que fazer? Reconheça o seu comportamento; expresse seus sentimentos de forma clara e direta; use uma linguagem neutra e direta, sem ironia e sarcasmo; aprenda a dizer “não”; aborde os problemas sem procrastinar ou sa-

botar; valorize suas opiniões e pratique em pequenas interações; peça feedback; procure apoio profissional.

Reconhecer suas dificuldades de comunicação é o primeiro passo para alcançar a assertividade. Esse estilo permite expressar opiniões, sentimentos e necessidades de forma clara e respeitosa. A comunicação assertiva promove relacionamentos saudáveis, reduz conflitos e melhora a autoestima, com clareza, respeito e confiança.

*A versão completa desta coluna será publicada em nosso site –direcionalescolas.com.br

O Colunista

Formado em comunicação, especialista em andragogia e neuropsicologia. Diretor do Grupo Rabbit Educação. www.rabbitmkt.com.br

COLUNA / ROBERTA E TAÍS BENTO

O IMPACTO DA SOLIDÃO NAS ESCOLAS: COMO A

SOCIEDADE DA SOLIDÃO ESTÁ AFETANDO SUA EQUIPE,

OS PROFESSORES E O RESULTADO DA SUA ESCOLA

Asolidão moderna é diferente de tudo o que as gerações anteriores já experimentaram. As redes sociais dinâmicas muitas vezes tomam o lugar das redes familiares. Temos robôs que funcionam como companhia para idosos e amigos virtuais que substituem os amigos humanos. Os jogos on-line mantêm as crianças sozinhas no quarto em vez de envolvidas em interações pessoais com os colegas. E tudo isso aconteceu tão rápido que poucos de nós perceberam o que essas mudanças provocaram na nossa vida social, nas nossas habilidades e em nosso estado de espírito. Na realidade, estamos sendo jogados de um lado para outro feito folhas ao vento, incapazes de manter a orientação, pois perdemos a noção do que é importante e de quem é importante para nós.

Dentro desse contexto, a parceria família-escola se torna um desafio, com demandas muitas vezes impossíveis de serem atendidas pela escola, ou posturas agressivas e de distanciamento dos adultos responsáveis, nos momentos em que a criança ou o adolescente mais se beneficiaria da consistência na relação de seus pais com o professor e com a gestão escolar.

Ao mesmo tempo, professores e colaboradores de diversos setores da escola sentem-se esgotados, exaustos e acreditam estar no trabalho a fonte única de tanta angústia e ansiedade.

Eis o porquê a Gestão Escolar é uma missão ao mesmo tempo tão desafiadora quanto essencial para que possamos encontrar um caminho para dias mais leves, em que possamos, como adultos responsáveis, juntos, educar toda uma geração de estudantes para um futuro em que as relações humanas possam cumprir seu papel na vida de cada um de nós.

Muitos países já reconheceram a solidão como uma questão de saúde pública. Programas de combate a esse sentimento estão sendo imple-

mentados em várias partes do mundo, mas a maioria das pessoas ainda não se dá conta do impacto que ele tem no cotidiano. A solidão, quando não abordada, exacerba conflitos, gera esgotamento emocional e impede o desenvolvimento de relações saudáveis.

Entendendo a Solidão, o Isolamento e a Solitude

Para entender como a solidão afeta o ambiente escolar, é importante diferenciar três conceitos: solidão, isolamento e solitude . O isolamento é o estado físico de estar afastado de outras pessoas, o que pode gerar sentimentos de angústia e abandono. A solidão, por outro lado, é um sentimento subjetivo de desconexão, que pode ocorrer mesmo quando estamos cercados por pessoas, como no caso de professores sobrecarregados ou pais que se sentem impotentes em relação a educação dos filhos. Já a solitude é o estado de estar sozinho, mas em paz, conectado consigo mesmo.

O grande desafio para as escolas é lidar com a solidão, que pode se manifestar em professores, alunos e pais de maneira silenciosa. A sobrecarga de demandas e a falta de interações genuínas aumentam esse sentimento, afetando diretamente o ambiente escolar.

Para combater a solidão, as escolas precisam criar espaços de interação genuína entre seus membros. Uma sugestão prática é criar momentos de encontro para os professores, como um “poço” simbólico, onde possam se reunir, compartilhar experiências e simplesmente conversar. Esses encontros não precisam ter um objetivo específico, além de reforçar as conexões humanas e oferecer um espaço de descanso emocional.

Além disso, promover atos de gentileza entre os membros da equipe e os alunos também pode ter um impacto significativo. Um projeto de “gestos de gentileza” pode ajudar a criar

uma cultura mais colaborativa e solidária, diminuindo o estresse e promovendo o bem-estar. Os gestores também são afetados pela solidão. Estão sempre cuidando de todos, mas muitas vezes negligenciam a própria saúde emocional. É fundamental que os gestores também tirem momentos de solitude, para se reconectar consigo mesmos e lidar melhor com as pressões do dia a dia.

Tirar uma pausa para ler essa coluna é também uma forma de se reconectar; praticar o autocuidado e interagir com pessoas queridas são fontes cientificamente comprovadas de energia e bem-estar. Nós, do SOS Educação, temos um grupo de Gestores com os quais temos encontros mensais sobre algum tema relevante para o momento, além de levar conteúdo, pesquisas e sugestões práticas, o objetivo é também ser essa rede de apoio e deixar esse sentimento de “você não está sozinho.”

Entender e combater a solidão nas escolas é essencial para promover um ambiente mais saudável e equilibrado para todos. Com pequenas mudanças no dia a dia, como a criação de momentos de conexão e gentileza, as escolas podem aliviar o peso dessa epidemia silenciosa e proporcionar uma experiência mais leve e positiva para professores, alunos e famílias.

As Colunistas

ROBERTA E TAÍS BENTO

Especialistas na relação Família e Escola. São educadoras e fundadoras do SOS Educação. São responsáveis pelo maior Instagram do Brasil voltado para Gestores de Escola, Professores e Famílias com filhos em idade escolar: @soseducacao Autoras do livro “Socorro, meu filho não estuda!”, e do livro “Guia para Família Parceira da Escola no Pós Pandemia”, em parceria com o Instituto Ayrton Senna. Como palestrantes, viajam o mundo ajudando escolas a melhorar a relação com as famílias.

cedida pelas colunistas

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COLUNA / ERIC AMORIM

O QUE TODA ESCOLA PRECISA SABER:

ESTRATÉGIAS DE SEGURANÇA NO PLAYGROUND

Sabemos que o parque escolar é um dos locais mais atrativos e fator decisivo para novas matrículas, já que muitas famílias buscam o desenvolvimento motor de seus filhos. No entanto, adquirir brinquedos exige cuidados especiais para garantir a segurança dos alunos e proteger a instituição de problemas legais.

A segurança nos playgrounds é prioridade para a integridade dos alunos e proteção institucional. A instalação e manutenção adequadas, junto a práticas de segurança comportamentais, evitam acidentes e possíveis consequências legais. A seguir, abordaremos as medidas necessárias para assegurar um ambiente seguro.

Riscos ambientais:

Brinquedos e estruturas

Playgrounds são cruciais para o desenvolvimento infantil, mas podem apresentar riscos se mal projetados, instalados ou mantidos. Brinquedos devem seguir as normas da ABNT NBR 16071, que define requisitos de segurança.

Conformidade com a ABNT

Brinquedos devem seguir as especificações da ABNT, como altura permitida para quedas e espaçamento entre componentes. Materiais devem minimizar o risco de ferimentos, e partes móveis devem proteger contra aprisionamento de dedos.

Piso Anti-impacto

Para prevenir lesões, deve-se usar piso anti-impacto, conforme a ABNT NBR

16071-3. Esse material cobre o playground e reduz o impacto de quedas, protegendo as crianças.

Manutenção e registros

Manutenção regular garante a segurança dos brinquedos. Registros das inspeções formais demonstram que a escola está mantendo o ambiente seguro, protegendo-a de acusações de negligência.

Riscos comportamentais: Supervisão e combinados

Além dos cuidados com os brinquedos, o comportamento das crianças pode gerar riscos. Portanto, é essencial criar combinados e supervisionar o uso adequado dos brinquedos.

Estabelecimento de regras e combinados

Essas regras de comportamento incluem o uso adequado dos brinquedos e a atenção às normas de segurança. O ideal é formalizá-las em um plano de aula, integrando-as ao currículo escolar.

Supervisão constante

Supervisores devem estar sempre presentes no playground para prevenir comportamentos de risco. A ABNT recomenda supervisão contínua, especialmente em brinquedos altos ou com partes móveis.

Proteção jurídica e institucional

Ao adotar todas essas medidas, a escola não apenas protege os alunos de acidentes, mas também se resguarda juridica-

mente. A negligência na manutenção dos brinquedos ou falta de supervisão pode resultar em ações legais por responsabilidade civil.

Responsabilidade civil e penal

O Código Civil Brasileiro, no artigo 927, estabelece que a escola é responsável por danos a terceiros, incluindo acidentes escolares. Em casos de lesões graves, a instituição pode enfrentar sanções penais se houver negligência.

Prevenção de ações legais

Registros de manutenção e inspeção são fundamentais para comprovar que a escola tomou todas as medidas necessárias para garantir a segurança dos alunos.

Conclusão

A segurança no playground depende tanto de cuidados com os brinquedos quanto de comportamentos dos alunos. Seguir as normas da ABNT, realizar manutenções regulares e promover comportamentos seguros são essenciais para prevenir acidentes. Essas ações também protegem a escola juridicamente e demonstram seu compromisso com a segurança dos alunos, criando um ambiente seguro e acolhedor para todos.

O Colunista

ERIC AMORIM

Diretor do Grupo Impacto, desenvolvedor da Metodologia Projeto Anjo – Lições que salvam Vidas. Especialista em segurança escolar e com dez anos de investigação para desenvolver um ambente escolar mais seguro. www.impactoforschool.com.br

foto cedida pelo colunista

DICA: CONSCIÊNCIA NEGRA

ANTIRRACISMO NAS ESCOLAS

No cotidiano escolar, compreendido como um potente espaço para diálogos e compartilhamentos, inserir reflexões e ações que envolvam (não só) a percepção do racismo, como também práticas antirracistas, são demandas necessárias – e urgentes. A escola, vista como um espaço privilegiado para a constituição do sujeito, torna-se um campo de possibilidades para abordar as múltiplas diferenças que atravessam os estudantes, a problematização de uma visão única (colonial e eurocentrada) de mundo. Nesse sentido, se seguirmos a fala da filósofa e ativista estadunidense Angela Davis quando, em certo momento, ela disse que “numa sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”, como desenvolver práticas antirracistas no cotidiano escolar?

“Como o racismo invisibilizou na sociedade e apagou a história e todo o vestígio da ancestralidade dos brasileiros, a contação de histórias de literaturas que tenham personagens negros e sobre personalidades negras, ajudará na criação de um imaginário em que pessoas negras possuem valor e contribuem para a formação e desenvolvimento da nossa sociedade.

E como já comprovou a neurociência, a leitura de livros que retratem, não apenas as dores, dificuldades, o preconceito, mas também as vitórias e conquistas, apoiará a formação socioemocional da criança, produzindo a sensibilidade à dor do outro, aos seus anseios e, para a criança negra, o senso de pertencimento, beleza, visibilidade, que são necessários para acreditar em si mesmo e na beleza de quem se é”, diz David Santos, pedagogo e escritor.

“Há quem acredite que as práticas antirracistas são aquelas escancaradas, diretas. Grande engano. A prática antirracista no ambiente escolar deve começar desde a educação infantil e com atitudes simples, mas que fazem a diferença na formação do caráter dos pequenos. No ‘cantinho das bonecas ou dos brinquedos’ colocar bonecas negras já é um exercício de antirracismo. Nesse mesmo contexto, entregar para brincar de casinha uma boneca negra a uma criança branca também. Crianças precisam ser ensinadas sobre diversidade e respeito desde cedo e as brincadeiras são uma forma incrível de construir essa mentalidade antirracista.

Além disso, a contratação de professores, diretores e coordenadores negros também mostra na prática o antirracismo dentro do ambiente escolar. Entender que é preciso colocar os negros em posições de destaque na escola – e fugir do clichê da tia da cantina, da moça da papelaria, do inspetor da escola – para que os alunos negros se reconheçam nessas posições de poder e, assim, adquiram autoconfiança para serem eles também aquilo que desejarem. Outra sugestão de prática antirracista é adotar livros de autores negros nas aulas de literatura ou histórias cujos protagonistas sejam negros”, destaca Alcione Balbino, consultora em diversidade.

COLUNA / RAFAEL RIBEIRO

ASPECTOS LEGAIS DAS FORMATURAS E

EVENTOS DE FIM DE ANO

Oencerramento do ano letivo traz consigo momentos de celebração. Formaturas e festas de fim de ano são marcos importantes na vida escolar, mas também podem representar desafios jurídicos para as instituições de ensino. Como gestor educacional, é fundamental estar preparado para garantir que esses eventos sejam não apenas memoráveis, mas também legalmente seguros.

1. Planejamento e contratos

O primeiro passo é um planejamento cuidadoso. Defina claramente quem será responsável pela organização do evento: a escola, uma comissão de alunos ou uma empresa terceirizada.

Independentemente da escolha, é crucial ter contratos bem elaborados que especifiquem: responsabilidades de cada parte envolvida; custos e o que está incluso; política de cancelamento e reembolso; medidas de segurança a serem adotadas.

Se a escola não for a organizadora direta, é essencial que o contrato isente a instituição de responsabilidades relacionadas à organização e custos do evento.

2. Uso de imagem e privacidade

Muitas escolas desejam registrar e divulgar esses momentos especiais. Contudo, é imprescindível obter autorização por escrito para o uso de imagens de alunos e participantes. Prepare um termo de consentimento claro e objetivo, explicando como e onde as imagens serão utilizadas.

3. Segurança do evento

A segurança deve ser prioridade máxima. Se o evento ocorrer nas dependências da escola: verifique se o seguro da instituição cobre esse tipo de atividade; elabore um plano de emergência detalhado; considere a contratação de segurança adicional, se necessário. Para eventos externos, certifique-se de que o local esco-

lhido possui todas as licenças necessárias e seguro adequado.

4. A questão das bebidas alcoólicas

Este é um ponto sensível. A presença de álcool em eventos escolares, especialmente com menores de idade, pode trazer sérias implicações legais.

Recomenda-se: evitar completamente a presença de bebidas alcoólicas em eventos com menores; caso o evento seja organizado por terceiros e inclua álcool, assegurar que a responsabilidade pela distribuição e controle esteja definida no contrato; implementar um sistema de verificação de idade; orientar os responsáveis sobre a importância de monitorar o consumo.

5. Acessibilidade e inclusão

Garanta que o evento seja acessível a todos os alunos, incluindo aqueles com necessidades especiais.

Isso pode envolver: escolha de locais com acessibilidade adequada; providenciar intérpretes de libras, se necessário; adaptar atividades para incluir todos os alunos.

6. Discursos e apresentações

Oriente alunos e professores sobre o conteúdo apropriado para discursos e apresentações. Embora a liberdade de expressão deva ser respeitada, é importante lembrar que o evento representa a instituição e deve refletir seus valores.

7. Aspectos financeiros

Se a escola estiver envolvida na gestão financeira do evento, mantenha registros detalhados de todas as transações. Transparência é fundamental para evitar questionamentos futuros.

8. Termo de responsabilidade

Para eventos fora da escola, considere a adoção de um termo de responsabilidade a ser assinado pelos pais ou responsáveis. Este documento pode ajudar a proteger a instituição em caso de incidentes durante o evento.

9. Normas sanitárias

Mesmo com a melhora no cenário da pandemia, é prudente estar atento às recomendações das autoridades de saúde locais e implementar medidas sanitárias apropriadas.

10. A importância da assessoria jurídica especializada

Navegar por todas essas questões legais pode ser desafiador. É aqui que uma assessoria jurídica especializada em direito educacional se torna fundamental.

Investir em orientação jurídica preventiva é muito mais eficaz e econômico do que lidar com problemas legais após o evento. Um advogado especializado pode fornecer a tranquilidade necessária para que você se concentre em criar uma experiência memorável para seus alunos e suas famílias.

Lembre-se: o objetivo é celebrar as conquistas dos alunos de forma segura e responsável. Com o planejamento adequado e o suporte jurídico correto, sua instituição pode oferecer um evento inesquecível, protegendo ao mesmo tempo seus interesses e sua reputação.

Celebrando o presente, construindo o futuro: sua escola no caminho da excelência!

O Colunista

Advogado especializado em Direito Educacional, pós-graduado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Roteirista e coapresentador do AJUD-Escola/Apoio Jurídico Direcionado junto com Célio Müller. É sócio do escritório Müller Martin Advogados, onde assessora diversas instituições de ensino em todo o Brasil. contato@mullermartin.com.br

foto cedida pelo colunista

DICA: CULTURA MAKER

ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR

Achamada cultura maker, acionada por meio de um movimento que promove uma experimentação prática em sala de aula, adentra cada vez mais no cotidiano das escolas como uma forma de propiciar relações outras entre ensino-aprendizado. Estimulando a criatividade, a colaboração e a interação, a cultura maker – ou o “ensino mão na massa”, como alguns dizem – reforça a importância em propiciar experiências significativas em sala de aula.

Rodrigo Rodrigues, coordenador de TEC do Colégio Pensi, afirma que a cultura maker tem impactos profundos e positivos nos processos de aprendizagem, principalmente ao permitir que os alunos e as alunas se vejam como protagonistas do próprio aprendizado. “Ao adotarmos metodologias inspiradas na cultura maker, promovemos o desenvolvimento da autonomia, permitindo que estudantes façam associações entre os conteúdos das diversas disciplinas e seus próprios projetos”, destaca.

Partindo de uma abordagem que integra as atividades maker ao currículo regular, conta Rodrigues, o Colégio Pensi, localizado no Rio de Janeiro, trabalha com projetos interdisciplinares, aplicando o conhecimento teórico de disciplinas como Matemática, Ciências e Língua Portuguesa em contextos práticos, como nos projetos de TEC - Tecnologias e Experiências Criativas, que incluem desde a construção de jogos interativos, eletrônica até soluções em cidadania digital.

“Essa abordagem favorece a transdisciplinaridade, de modo que os alunos não apenas aprendam os conceitos teóricos, mas também os coloquem em prática de maneira

criativa e colaborativa, como acontece no Projeto Integrador”, diz o coordenador. “Por exemplo, ao trabalharem em projetos como o Mural Eletrônico ou o Jogo de Verificação de Fake News, os estudantes aplicam conhecimentos de tecnologia e ética digital ao mesmo tempo que desenvolvem habilidades de resolução de problemas, pensamento crítico e criatividade, todas previstas na Base Nacional Comum Curricular”, completa.

Desse modo, o movimento de inserção da cultura maker na rotina pedagógica deve ser trilhado a partir de um planejamento sistêmico que contemple as competências gerais previstas na BNCC e o currículo da instituição, e não apareça apenas em projetos pontuais ou em atividades extracurriculares. Outro ponto a ser observado são as dinâmicas alteradas e as relações estabelecidas com o próprio processo de aprendizagem e as suas avaliações.

Segundo Rodrigues, o desenvolvimento da cultura maker na escola favorece a implantação de rotinas de avaliação diferenciada. “No Pensi, as avaliações projetuais não medem apenas o conhecimento teórico, mas também o desenvolvimento das competências e habilidades previstas na BNCC, como colaboração, criatividade e resolução de problemas. Avaliamos não apenas os produtos finais, mas também o processo de aprendizado, garantindo que os alunos e as alunas tenham uma visão ampla de seu desenvolvimento e possam ajustar suas práticas ao longo do caminho”, finaliza. (RP)

COMO DESENVOLVER A EDUCAÇÃO SOCIOEMOCIONAL NO COTIDIANO DAS ESCOLAS?

Presente em todas as dez competências gerais propostas pela Base Nacional Comum Curricular, a educação socioemocional está incorporada nas demandas do ensino para a contemporaneidade. Desse modo, todas as escolas devem contemplar as competências socioemocionais em seus currículos, que podem ser trabalhadas de modo transversal às disciplinas a fim de proporcionar uma formação integral

As competências socioemocionais passaram a fazer parte dos processos, dos fluxos e das atividades educativas. Caracterizada como uma temática densa e complexa, a educação socioemocional, reflete a urgência de discutir as emoções – e as suas elaborações – no contexto de formação integral das/os estudantes. Presente em todas as competências gerais propostas pela BNCC, indicando que todas as escolas do país devem contemplar as competências socioemocionais em seus currículos, a educação socioemocional desenvolve habilidades, como autoconsciência, autogestão, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável.

O desafio que se coloca é: como inserir a educação socioemocional no cotidiano das instituições de ensino? A partir desse questionamento, apresentamos neste especial apontamentos de profissionais que atuam em diversas áreas da educação sobre as possibilidades de ações/atividades que podem ser implementadas para auxiliar no desenvolvimento da educação socioemocional. Confira!

“Acredito que a primeira ação que qualquer escola precisa implementar para cuidar do socioemocional é a formação da gestão e dos educadores. Percebo que existem lacunas no currículo e na formação dos profissionais de educação, seja na pedagogia ou na licenciatura, onde o socioemocional não recebe a devida atenção. Por isso, a gente precisa realmente aprender a educar para o socioemocional. Isso significa aprender os conceitos e a criar ex-

Aron Freller – Comunicador, educador e Diretor de Novas Conexões da Electi periências de aprendizado que, efetivamente, desenvolvam as competências dos estudantes. Mas também desenvolver o próprio socioemocional. Como costumamos falar na Electi, antes de se tornar um bom educador, um bom facilitador, é preciso se tornar uma boa pessoa. Então, desenvolver as pessoas é o principal aspecto para poder fazer um trabalho socioemocional completo nas escolas.

Depois da formação dos profissionais, podemos pensar em como desenvolver os estudantes e as famílias. E acredito que é necessário um olhar transversal e cultural da escola para isso. É ótimo que a escola tenha um bom material e uma aula na grade para falar do tema, mas essa transformação é mais potente se for completa. Os estudantes precisam ver que os adultos daquele ambiente se comportam e se tratam de maneira acolhedora, cuidadosa, não violenta e propositiva em todos os momentos e que isso se reflete na cultura da escola como um todo.

Na Electi, trabalhamos com três premissas principais: o cuidado com os educadores, o desenvolvimento de trilhas flexíveis e a formação de

comunidades de aprendizagem com a cultura de paz. Os educadores participam de formações no início, ao longo do trabalho e contam com encontros regulares de escuta, acolhimento e adaptação das trilhas com a nossa assessoria pedagógica. Já o material dos estudantes, brincamos de chamar de ‘não-material’, porque ele é diferente do que conhecemos no mercado e trabalha a partir das experiências propostas, servindo como registro e acompanhamento do processo de aprendizagem individual e coletivo. As trilhas foram construídas com metodologias de projetos, para que cada turma tenha o percurso mais adequado para seu desenvolvimento e cada escola possa adaptar o trabalho à sua identidade. Nossa comunidade de aprendizagem está crescendo e é aberta e gratuita, para realmente transformarmos a sociedade como um todo.

Não nascemos para vender material para as escolas, nascemos para transformar cultura e cuidar das pessoas. Por isso, a Jornada SER envolve toda a comunidade escolar, incluindo a gestão da escola, os educadores, os estudantes e as famílias, proporcionando um ambiente mais seguro, acolhedor e de desenvolvimento para todos.”

“Uma das iniciativas mais impactantes é o voluntariado, que oferece aos alunos a oportunidade de atuar em projetos comunitários, desenvolvendo a empatia e a responsabilidade social. Ao envolver-se em ações voluntárias, os jovens passam a compreender a importância da cooperação e da solidariedade, ao mesmo tempo que exercitam

a comunicação e a gestão de emoções em situações reais.

Outra atividade relevante é o teatro, que possibilita aos alunos vivenciarem diferentes emoções e explorar sua expressividade. Ao interpretarem personagens e histórias, os estudantes têm a chance de trabalhar questões como autoestima, autoconsciência e habilidades de comunicação, fundamentais para o desenvolvimento socioemocional. O teatro também promove a integração, o respeito às diferenças e o trabalho em equipe.

Além disso, o xadrez pode ser uma excelente ferramenta para o desenvolvimento cognitivo e emocional. Ao estimular a concentração, a paciência e o raciocínio estratégico, essa prática também contribui para a gestão de frustrações e a resolução de problemas de forma equilibra-

da. Da mesma forma, olimpíadas esportivas e culturais, ao promoverem desafios saudáveis e competitivos, incentivam o trabalho em equipe, o respeito ao próximo e a superação de limites pessoais, reforçando habilidades socioemocionais cruciais para a vida em sociedade.

Essas atividades, quando implementadas de maneira planejada e contínua, criam um ambiente educacional que valoriza tanto o aprendizado acadêmico quanto o desenvolvimento integral dos alunos, preparando-os para uma atuação ética e colaborativa no mundo.”

Ana Crispim – Gerente de pesquisa do Laboratório de Ciências para Educação (eduLab21) do Instituto Ayrton Senna

“O Instituto Ayrton Senna trabalha com metodologias e ferramentas para o desenvolvimento de competências socioemocionais dos estudantes nas escolas. Uma delas é o SAFE – Sequencial, Ativo, Focado, Explícito, que

traz uma estrutura com características essenciais a toda abordagem intencional de desenvolvimento socioemocional no contexto escolar.

Este método prevê que o trabalho com as competências socioemocionais deve ser realizado com base em quatro premissas: Sequencial, atividades sequenciais e estruturadas considerando a complexidade do tema, por exemplo, trabalhar atividades que vão do menos para o mais complexo de forma gradual; Ativo, atividades com uso de metodologias ativas, promovendo a participação e autonomia dos estudantes no que se busca desenvolver; Focado, com base no desenho de atividades direcionadas que garantam tempo e intencionalidade para o estudante refletir e exercitar a(s) competência(s) em desenvolvimento; e Explícito, por meio de atividades que explicitem quais competências são foco do desenvolvimento e quando elas estão sendo mobilizadas nas atividades propostas.

Além do SAFE, trabalhar o Duplo Foco é uma outra oportunidade para desenvolver as competências socioemocionais de forma integrada com os componentes curriculares. Por exemplo, ao realizar uma aula de matemática, é possível articular as atividades e conhecimentos com a importância de desenvolver competências como foco e persistência para resolver

Gilmar da Silva Ferreira – Diretor do Colégio Católica Machado de Assis

problemas complexos. Na prática, para articular o desenvolvimento socioemocional aos objetivos de aprendizagem do componente curricular é necessário considerar três etapas: sensibilização e autoavaliação, por meio da apresentação da competência socioemocional que será o foco de desenvolvimento daquela aula ou atividade; desenvolvimento e acompanhamento, com a participação dos estudantes nas atividades propostas, por meio de metodologias ativas; e, por fim, a autoavaliação final e registros, por meio da reflexão e registro sobre os avanços, aprendizagens e melhorias. Essa reflexão pode ser oral e compartilhada.”

“No Colégio Rio Branco, temos o Projeto Convivência, para os anos iniciais do Ensino Fundamental, em que os próprios alunos conversam sobre as questões da sala de aula. No 8º

ano do Ensino Fundamental, o componente curricular Jovem Perspectiva apresenta dilemas da juventude, como autoimagem, bullying, redes sociais, entre outros. Na Monitoria, os alunos aprendem a se regular, cuidando de outros alunos menores, em atividades da escola. Há um conjunto de oportunidades para que crianças e jovens sejam fortalecidos, e é no dia a dia que essas oportunidades dentro da escola se constituem, inclusive com os desafios.

E na parceria a ‘quatro mãos’ que a família pode nos ajudar a fortalecer seus filhos sem protegê-los excessivamente. O que percebemos e temos conversado muito abertamente com os pais é que, superprotegendo, estamos criando pessoas cada vez mais frágeis, menos tolerantes à frustração e com muita dificuldade de perseverar nesse mundo complexo e desafiador.

O desenvolvimento socioemocional das crianças e dos jovens desempenha um papel crucial na construção de habilidades sociais universais que vão além do conhecimento acadêmico. Ao investir no reconhecimento e no autocontrole das emoções, as crianças aprendem a lidar com desafios, desenvolver resiliência e estabelecer relacionamentos saudáveis. A partir de práticas que envolvem a comunicação assertiva e acolhedora, a resolução de conflitos e

o incentivo ao pensamento crítico, crianças e jovens têm a oportunidade de se desenvolverem e se tornarem cidadãos mais conscientes e empáticos. Essas habilidades não apenas beneficiam a vida escolar e familiar, mas também formam a base de uma sociedade que valoriza o respeito e a igualdade.”

Eliza Flauzino - Mentora de negócios e autora infantil e Renan Abranches - Pedagogo e Educador. Ambos, pais educadores e fundadores da Tantão Educação

“Em 1999, Jacques Delors, professor francês de política e economia, entregou o relatório final da Comissão Internacional sobre Educação, vinculada à UNESCO, intitulado Educação: um Tesouro a descobrir. Nele, eram apresentados e explorados os Quatro Pilares da Educação. Pensados como um conjunto de quatro macro habilidades a serem desenvolvidas pelas crianças e jovens, os Quatro Pilares,

Esther Carvalho – Diretora-Geral do Colégio Rio Branco

desde então, têm pautado o debate educacional em vários países do mundo, incluindo o Brasil. São eles: Aprender a Conhecer, Aprender a Fazer, Aprender a Conviver e Aprender a Ser.

No campo da Inteligência Socioemocional, o pilar Aprender a Conviver aborda, de modo especial, o domínio das relações humanas, a compreensão e o respeito pelas diferenças e individualidades, a empatia, o comportamento afetivo e a alteridade. Nas palavras do próprio relatório, sua proposta é a da ‘descoberta progressiva do outro’. ‘Outro’, aqui, compreendido como o singular na sua etnia, expressões culturais, nacionalidade, convicções ideológicas e religiosas, entre outras manifestações da multiplicidade humana. Nota-se que o relatório compreende o conhecimento como base e elemento primordial da tolerância e convivência profícua: não se pode respeitar e compreender aquilo que se ignora. Por outro lado, este mesmo conhecimento, para tornar-se efetivo, deve ser elaborado na comunicação ativa, na construção cotidiana. Longe de ser um saber teórico, é uma racionalidade que se constitui na prática: aprender a conviver, convivendo.

Reconhecendo nos Quatro Pilares o fundamento para uma educação real, apropriada às demandas do nosso tempo, entendemos que é na Pedagogia de Projetos que está o caminho para o correto desenvolvimento dessas novas diretrizes. A partir dela, é possível trazer o conteúdo teórico para o cotidiano do aluno e, numa relação pautada pela dialética, capacitar a criança para elaborar conceitos abstratos a partir de situações práticas. Assim, abordagens como a escuta ativa, dinâmicas de grupo que possibilitem a prática da empatia, bem como a Educação Empreendedora, que, entre outras coisas, desenvolve no estudante o senso de grupo e a responsabilidade compartilhada, são caminhos possíveis, que têm se mostrado muito bem-sucedidos na formação socioemocional, dentro das escolas.

Em um mundo cujas demandas são, a cada dia, mais dinâmicas, a Educação precisa estar aberta ao novo. Fórmulas e soluções do passado já não encontram o mesmo significado, e a reformulação de processos e metodologias é uma necessidade real. Não se trata de um processo simples ou fácil. Mas é necessário, se quisermos preparar as próximas gerações para os desafios que encontrarão pela frente.”

“Sabemos que o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas sobre o tema socioemocional são urgentes e fundamentais,

Andreia Rossi – Educadora parental, psicopedagoga e mãe atípica

entretanto, é possível implementar pequenas estratégias e ações que darão um pontapé inicial para garantir este aprendizado de nossas crianças e jovens. Neste sentido, pensando no desenvolvimento integral e não só acadêmico, oferecer aos estudantes atividades como roda de conversas, onde os estudantes possam compartilhar experiências, dificuldades e conquistas se torna um espaço seguro e acolhedor, motivando essa troca, pois a escuta das histórias do outro pode ser algo que alguém também vivencia e não saiba como lidar. Implementar um programa de tutoria emocional, onde alunos mais desenvolvidos em determinadas áreas possam contribuir com os alunos com menos conhecimentos ou habilidades no assunto, pode criar um ambiente de maior suporte entre os pares. Essa tutoria irá desenvolver um espaço onde os estudantes possam desenvolver habilidades de liderança, e não menos importante e significativo, podem oferecer segurança e acolhimento aos colegas em momentos de vulnerabilidade. Por meio de aprendizagens cooperativas, os estudantes terão a capacidade de desenvolver a motivação, além de aprenderem a importância do trabalho em equipe, respeitando suas singularidades e potenciais individuais do ser humano.

Uma coisa é fato: o amor muda o mundo. Nações investem pesado em campanhas e ações para promover a paz mundial, mas isso poderia ser facilmente alcançado, e de uma maneira muito barata, se cada criança e jovem tivesse a oportunidade de aprender sobre os sentimentos e acolhimento das próprias emoções e das emoções do colega ao lado. Ensinar crianças e jovens sobre educação emocional é contribuir para adultos bem-sucedidos emocionalmente.”

para Ciência

preceitua e endossa ao longo de todo o documento a necessidade de abordar dez competências gerais, que estabelecem intersecções tanto semânticas quanto pedagógicas com as competências socioemocionais. Assim, o desenvolvimento de competências socioemocionais é um forte aliado e potencializador da implementação da BNCC nas escolas.

Isso posto, podemos citar os Programas Socioemocionais como uma alternativa para endereçamento dessa necessidade, por meio dos quais é possível obter uma estrutura e um conjunto de recursos, atividades e estratégias pedagógicas que facilitam o processo de ensino e aprendizagem desses componentes tanto para estudantes quanto para professores e que permitem alcançar o objetivo educacional delineado. Além disso, é necessário oferecer múltiplas experiências de aprendizagem, de modo a contemplar diferentes perfis e inteligências.

Para que isso seja possível, é necessário que o Programa apresente uma metodologia sólida, estruturada, com objetivos bem definidos, recursos compatíveis com cada segmento, bem como a possibilidade de trabalhar as competências de maneira gradual e progressiva desde a primeira infância até o Ensino Médio. A ideia de um currículo em espiral pode ser uma excelente abordagem já que os contextos relacionados à mobilização das competências de natureza socioemocional vão se complexificando, se entrelaçando e respondendo a diferentes demandas.”

“Antes de tudo, é necessário pautar-se na premissa de que as competências socioemocionais precisam ser incorporadas aos currículos de toda Educação Básica de maneira intencional, transversalmente às disciplinas curriculares para que a formação integral seja uma realidade possível e pactuada por todas as escolas do país. A Base Nacional Comum Curricular

O especial na íntegra será publicado em nosso site – direcionalescolas.com.br

SAIBA MAIS
Thaís Lenhardt – Coordenadora de Soluções Pedagógicas da Mind Lab e Doutora em Educação

ASSESSORIA ESPECIALIZADA

Aárea financeira é considerada um dos pilares da administração de uma instituição de ensino. Garantir uma gestão financeira eficiente demanda uma atenção especial em relação a planejamentos, organização, transparência, obrigações fiscais e uma minuciosa administração do orçamento. Dessa forma, os desafios e percalços para mantê-la eficiente, positiva e em sintonia com a gestão de outras áreas são significativas. E, para alcançar essa saúde financeira equilibrada, algumas assessorias especializadas externas podem ser acionadas, como a contabilidade para a escola, por exemplo.

FERRAMENTA DE GESTÃO

Para o contador Ricardo Souza, a contabilidade para escolas possui características específicas que vão além das obrigações fiscais, podendo atuar, inclusive, como uma ferramenta estratégica e eficaz de gestão. “A contabilidade faz um controle completo das receitas, como mensalidades e outras fontes de renda, e das despesas, incluindo folha de pagamento de professores, manutenção e investimentos. Além disso, deve estar alinhada às convenções coletivas do setor educacional, respeitando regras trabalhistas, como o cálculo de horas-aula, benefícios dos professores e resguardando os direitos das escolas”, diz o especialista.

Na prática, o trabalho da contabilidade auxilia diretamente na gestão ao realizar análise de custo por sala de aula, elaborar estratégias tributárias que otimizam o pagamento de impostos, criação de planejamento financeiro e mapeamento da inadimplência, e ajustes periódicos nas mensalidades. “Outro ponto crucial é a blindagem patrimonial,

protegendo os ativos da escola contra riscos financeiros e trabalhistas. A contabilidade para escolas permite que a instituição tome decisões baseadas em dados financeiros, receba planos de ações realistas garantindo uma saúde financeira equilibrada e planejando seu crescimento, investimentos e expansão de maneira segura”, destaca o contador.

TERCEIRIZAÇÃO ESPECIALIZADA

A terceirização da contabilidade para escolas é uma escolha benéfica, tendo como principal fator o trabalho e o mapeamento de profissionais especializados na área. Para o/a gestor/a que pretende buscar serviços de contabilidade para as escolas, o especialista alerta: “é importante escolher um parceiro que realmente entenda o setor educacional e traga soluções que façam a diferença no dia a dia da escola”.

Para garantir o sucesso dessa parceria, Ricardo Souza lista algumas dicas: opte por uma contabilidade que já tenha experiência com escolas; escolha uma contabilidade cuja direção tenha sido mantenedora de instituições de ensino; empresas que oferecem consultoria financeira personalizada ajudam a planejar reajustes de mensalidades, otimizar despesas e garantir uma gestão mais eficiente. “Isso significa mais tempo para focar no que realmente importa: a educação. Com esses cuidados, os gestores e as gestoras garantem não apenas uma contabilidade eficiente, mas uma parceria estratégica humanizada e experiente!”, finaliza. (RP)

Imagem: Mikhail
Nilov

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