Ed. 197 - Abr/24

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Edição nº 197

ano 20 | Abril de 2024 www.direcionalescolas.com.br

A Revista do Gestor Escolar

Gestão Financeira em foco

Planejamento, monitoramento, fluxos, análise de planilhas, controles, gastos fixos e variáveis, programações, decisões, inadimplência, cobrança e a criação de rotas possíveis para sanar situações inesperadas que surgem semanalmente ou mensalmente: de maneira bem resumida, a área financeira de uma escola se depara com esses – e tantos outros – aspectos em seu cotidiano.

Para garantir uma gestão financeira saudável e com lucro, é indispensável seguir alguns caminhos para enfrentar os desafios e dilemas que emergem nesta área administrativa e que impactam todo o ecossistema escolar. A gestão financeira é considerada um dos pilares da administração escolar. Desse modo, os desafios e percalços para mantê-la eficiente, positiva e em sintonia com a gestão de outras áreas, são significativas. A área financeira compõe o conjunto

estrutural diverso de setores administrativos que garantem o bom funcionamento de um colégio, contribuindo para a entrega de uma educação de qualidade.

Nesta edição da Direcional Escolas, estreitamos o nosso olhar para a gestão financeira escolar e agrupamos, em um especial com esta temática, falas de diretoras/es e especialistas da área com reflexões sobre quais são os caminhos possíveis para se criar e manter uma gestão financeira saudável, controlada, planejada e monitorada. Longe do propósito de esgotar as discussões sobre esse tema amplo, este especial reúne apontamentos que podem ser incorporados e desenvolvidos de acordo com a necessidade de cada escola.

Na prática, seguindo a premissa de alcançar o sucesso nessa área, acreditamos que

há várias maneiras de se fazer uma gestão financeira, segundo as demandas particulares e do tamanho de cada instituição. E, nesse processo, é preciso reafirmar a importância de se manter uma escola financeiramente saudável, buscar um equilíbrio entre gestões administrativa e pedagógica, e olhar com atenção os controles e planejamentos financeiros. Afinal, se o objetivo de um colégio é oferecer uma educação de qualidade, uma boa gestão financeira é um dos trilhos que conduzem ao seu propósito final.

Boa leitura!

Rafa Ella Pinheiro

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Editorial

A Revista do Gestor Escolar

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EXPEDIENTE

Diretor: Alex Santos

Público: Diretores e Compradores

Periodicidade: Mensal exceto Junho / Julho e Dezembro / Janeiro

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Circulação revista digital: Todos os estados brasildeiros

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Nesta Edição:

Especial

Dica: Primeiros Socorros

Bett Brasil 2024

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10 Gestão de tempo: o grande vilão dos líderes educacionais Coluna - Christian Coelho 12 14 Educando para o amanhã preparando os jovens para os desafios futuros A importância da educação empreendedora A importância da educação empreendedora
- Eduardo Shinyashiki Coluna - Eliza Flauzino e Renan Abranches Coluna - João Martins e Lucilla Pimentel 26 28 18 16 24 Desafios no ensino regular Educação pública amplia o protagonismo na Bett Brasil
manter uma gestão financeira eficiente e saudável?
no ambiente escolar
Coluna
Como
Capacitação
Dica: Autismo e Educação

COLUNA / CHRISTIAN COELHO GESTÃO DE TEMPO: O GRANDE VILÃO DOS LÍDERES EDUCACIONAIS

foto cedida pelo colunista

Quando tudo faz parte da rotina diária, não há mais erros de previsões, g e rando menos liberação do neurotransmissor dopamina* e, consequentemente, menos ansiedade. Co m uma agenda de horários pré-determinados, conseguimos nos organizar melhor, e a chance de realizarmos nossas atividades aumenta. E não existe nada mais estimulante para o nosso cérebro do que a sensação de missão cumprida. Um dia no qual somos produtivos e conseguimos realizar a maioria das atividades que tínhamos proposto libera uma generosa dose de serotonina*, que nos motiva a acordar nos outros dias com vontade de trabalhar.

Po r outro lado, a previsibilidade libera menos dopamina no cérebro e reduz a expectativa de que o c orra algo de bom e diferente. E é a dopamina que nos motiva a nos movimentar em busca do novo, de algo melhor.

O ideal é termos uma agenda com horários pré-determinados para nos organizarmos melhor e ficarmos menos ansiosos, e buscarmos s a tisfação em atividades que estejam relacionadas aos nossos propósitos e hobbies para nos mantermos felizes.

*A dopamina e a serotonina são neurotransmissores essenciais do sistema nervoso central que regulam humor, comportamentos e f u nções fisiológicas. A dopamina está ligada a recompensas e motivação, enquanto a serotonina regula humor, sono, apetite e outras f u nções. Desregulações nesses neurotransmissores podem contribuir para distúrbios neuropsiquiátricos. Ambos desempenham papéis c om plementares na manutenção do equilíbrio neuroquímico e no suporte ao bem-estar emocional e físico.

A importância da Agenda da Vida - Uma agenda bem utilizada possibilita que as pessoas saibam o que esperar a cada dia, o que aumenta a previsibilidade e a segurança no ambiente de trabalho. Também permite que você se concentre em

su as tarefas sem distrações desnecessárias. Isso leva a uma utilização mais eficiente do tempo, o que amplia a produtividade e, consequentemente, a rentabilidade da escola.

Para criar o calendário, sugerimos a utilização da Google Calendar, q u e é um serviço de calendário on-line oferecido gratuitamente pela empresa Google.

Para alcançar os resultados esperados, é importante seguir as orientações abaixo:

• H o rários fixos – Inicie a montagem do calendário com as reuniões mais importantes e que não d evem ser canceladas. A direção deve priorizar as reuniões com a coordenação, secretaria, financeiro e vendas.

• O id eal é que a periodicidade das reuniões seja semanal ou, no máximo, quinzenal. Porém, a escola pode começar com as análises mensais até conseguir se organizar.

• Depois das atividades importantes, acrescente as demais tarefas da sua semana.

• Deixe espaços para gestão de crise, atividades esporádicas e para relaxar.

• Anote as atividades e prioridades pessoais, como ir ao médico, dia da academia, para fazer um hobby e ligar para um amigo.

• Torne a planilha pública para que todos saibam a rotina dos líderes e tente evitar as interrupções.

Disciplina – No início, é normal ter dificuldade em cumprir as atribuições nos horários e stabelecidos. Normalmente, realizamos nos primeiros meses cerca de 50% da programação, que melhorará com o passar do tempo q u ando os resultados positivos forem comprovados. É muito raro cumprir todas as tarefas de t erminadas devido à ocorrência de atividades emergenciais, como uma conversa com um p ai nervoso, uma demissão não esperada ou

um problema particular. O ideal é atingir de 70% a 80% das metas.

Re uniões mais eficientes – Existem diferentes tipos de reuniões de acordo com os envolvidos, temas, necessidades e periodicidade. Para o bter os resultados esperados nas reuniões de gestão, mantenha o horário agendado e limite o tempo de duração.

A importância da recepcionista – Tem o importante papel de filtrar as demandas dos líderes como entreposto entre as famílias e colaboradores e os líderes da instituição. Para que isso aconteça, alguns critérios devem ser seguidos:

• Listagem de horários – Entrada, almoço e saída dos líderes ajudam o 1º contato a ganhar t e mpo e impedem que o cliente descubra que, depois de esperar um tempão na linha, não será atendido porque a coordenadora está em horário de almoço.

• Ent endimento e diferenciação – É imprescindível que a equipe de atendimento tenha acesso a o calendário dos líderes e seja instruída a saber distinguir se as questões são realmente emergenciais ou se podem ser postergadas.

• A mu dança de conduta de não parar tudo para atender aos pais será mais facilmente compreendida se a recepcionista explicar que a pessoa re quisitada está ocupada atuando diretamente em uma ação que beneficiará o seu filho.

• Retorno – É importante salientar que a coordenadora deverá, assim que estiver livre, ligar p ara a família.

O Colunista

CHRISTIAN ROCHA COELHO

Formado em comunicação, especialista em andragogia e neuropsicologia. Diretor do Grupo Rabbit Educação. www.rabbitmkt.com.br

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COLUNA

EDUCANDO PARA O AMANHÃ: PREPARANDO OS JOVENS PARA OS DESAFIOS FUTUROS

Aeducação serve como um laboratório onde os alunos se preparam para viver plenamente suas vidas pessoais e profissionais. Uma avaliação recente sobre Capital Humano publicada pelo Fórum Econômico Mundial destaca que as escolas enfatizam excessivamente as habilidades cognitivas em detrimento do desenvolvimento do pensamento crítico, da resolução de problemas, da criatividade, da flexibilidade, da autonomia, da responsabilidade, da autoconfiança, das habilidades de comunicação e do reconhecimento dos próprios sentimentos e dos sentimentos alheios, do intercâmbio de ideias, da cooperação e da empatia, enfim, das competências socioemocionais.

Essa ênfase unilateral não é uma novidade. A maioria dos sistemas educacionais pelo mundo é avaliada como insuficiente na preparação dos jovens para o mercado de trabalho.

Estas competências mencionadas acima são as mesmas que o Fórum Econômico Mundial identifica como necessárias para obter um emprego na atualidade. Isso levanta a questão: estamos realmente preparando nossos filhos e alunos para o futuro que os espera?

A educação é a fundação para o desenvolvimento de qualquer ser humano. Hoje, o mercado de trabalho não busca apenas conhecimento técnico, mas também dá valor à competência emocional e à capacidade de se relacionar, essenciais para fazer a diferença no mundo.

Entre os elementos essenciais para a reflexão, está a empatia, uma competência

socioemocional que deve ser desenvolvida adaptativamente, de acordo com a idade dos alunos.

A palavra “empatia” vem do grego “empathos”, que significa “sentir dentro”, e se refere à habilidade de compreender as emoções de outras pessoas, colocandose em seu lugar.

Para fomentar maior empatia e sociabilidade, atividades como o teatro podem ser estimulantes, pois oferecem aos alunos a chance de vivenciar perspectivas diversas e entender o impacto de situações de exclusão ou discriminação.

Os estudos mostram que jovens empáticos possuem uma maior capacidade de alcançar sucesso profissional. Eles são mais orientados a objetivos, conseguem visualizar oportunidades e estabelecer parcerias, vivendo bem em comunidade.

Além disso, é vital reforçar o trabalho em equipe. Realizar tarefas escolares em grupo promove responsabilidade compartilhada, incentivando os alunos a apoiarem-se mutuamente. Esse modelo de “aprendizagem colaborativa” permite que estudantes com diferentes habilidades e desafios trabalhem juntos em projetos, aprendendo uns com os outros.

Essa cooperação ensina que o sucesso não é alcançado isoladamente, mas sim através da colaboração, levando a melhores resultados coletivamente. A motivação desenvolvida é de aprendizado e melhoria contínua, focada no coletivo em vez do individual, o que ajuda a reduzir o bullying e a fomentar um mundo mais solidário.

Quando crianças ensinam umas às outras, elas não só reforçam o entendimento do conteúdo, como também praticam a observação e a atenção ao próximo, decifrando emoções e “lendo” expressões faciais. Esse processo naturalmente promove a flexibilidade, a resiliência e a empatia, além de fortalecer a autoconfiança.

A empatia e as competências socioemocionais são essenciais para inaugurar uma nova fase na educação, mais integrada e eficaz, preparando os alunos para se tornarem cidadãos realizados, cooperativos, éticos e felizes.

Iniciar a mudança exige diálogo, implementação, experimentação, testes, inovação, ousadia e abertura para trabalhar juntos. Nós, pais e educadores, devemos estar dispostos a inovar. A união faz a força, e é possível ir além do desempenho escolar para também promover o desenvolvimento emocional das crianças, a fim de que se tornem adultos mais conscientes, seguros e, em última análise, mais realizados e felizes. foto cedida pelo colunista

O Colunista

EDUARDO SHINYASHIKI

Palestrante internacional, consultor, escritor e presidente do Instituto Eduardo Shinyashiki. Neuropsicólogo e Mestre em Liderança Educadora, é referência em desenvolvimento das Competências Socioemocionais, de Liderança e da Performance Humana. Para mais informações, acesse www.edushin.com.br

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/ EDUARDO SHINYASHIKI

COLUNA / ELIZA FLAUZINO E RENAN ABRANCHES

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO

EMPREENDEDORA

Ao longo das últimas décadas, não foram poucas as iniciativas no sentido de reformular o ensino brasileiro, alinhando-o às novas demandas do mundo contemporâneo, esse último cada vez mais conectado, globalizado e tecnológico. Entretanto, todas elas fracassaram absolutamente em suas propostas. A questão é: por que?

Da precariedade da infraestrutura, falta de planejamento na destinação dos recursos materiais e humanos, à qualificação insuficiente dos profissionais educadores, muitos são os motivos que explicam esse fenômeno. Porém, o mais relevante é de natureza estrutural. Nenhuma mudança proposta levou em consideração a necessidade de repensar o modelo educacional brasileiro. Ainda educamos crianças e jovens do século XXI aplicando fórmulas do século XVII.

O resultado é o óbvio ululante: estudantes desmotivados, incapazes de relacionar os conteúdos aprendidos às situações práticas do cotidiano e que encaram a escola muito mais como uma obrigação maçante do que uma oportunidade de crescimento pessoal e intelectual.

Nesse sentido, o ponto de partida para a verdadeira transformação no ensino deve reconhecer o indivíduo como um agente protagonista de sua própria história, um ser participativo na sala de aula e capaz de identificar naquilo que apren-

de os elementos formadores do mundo em que está inserido.

Por essas e outras razões, a educação empreendedora deixou de ser apenas um diferencial pedagógico para se tornar uma necessidade.

Como educação empreendedora entendemos a prática do empreendedorismo em sala de aula como um eixo que articula em torno de si o desenvolvimento de múltiplas habilidades que qualificam a criança para atender aos desafios da vida adulta em um mundo em constante transformação.

Entre essas habilidades, que constituem o perfil empreendedor, podemos mencionar a criatividade, a proatividade, a liderança, a comunicabilidade, a inteligência emocional e as responsabilidades social, ambiental e financeira. Efetivamente, habilidades essenciais para a vida.

A ideia central é a de uma educação capaz de formar indivíduos empreendedores, não apenas de seus eventuais negócios, mas, sobretudo, empreendedores bem-sucedidos de suas emoções, relacionamentos e do próprio conhecimento. Em outras palavras, encarar o empreendedorismo como uma instância formadora da consciência humana.

Nessa perspectiva, é fundamental considerar o aluno não mais como um mero receptor de informações, mas como um

agente construtor do conhecimento, numa relação dialética com a realidade, pela qual é influenciado e da qual participa ativamente, moldando-a a partir de suas intervenções e interações.

Por isso, quanto mais cedo se inicia essa formação na vida da criança, mais profundos, efetivos e duradouros serão os seus impactos sobre ela, mas também na sociedade em seu conjunto.

O mundo contemporâneo apresenta demandas para as quais já não se aplicam mais as velhas soluções. O mercado de trabalho, o meio ambiente e o universo da tecnologia não são os mesmos da geração de nossos avós. Portanto, compete às escolas, comprometidas com essa nova realidade, adequarem seus currículos, oferecendo um conteúdo abrangente e alinhado com essas necessidades, sob pena de caírem na obsolescência.

Os Colunistas

ELIZA FLAUZINO

Mãe, empreendedora há mais de duas décadas, mentora de negócios, escritora, palestrante, criadora da personagem Carangolina, idealizadora do programa Carangolina de Educação Empreendedora e sócia-fundadora da Tantão Educação.

RENAN ABRANCHES

Pai, professor de História e Filosofia, pedagogo com experiência em Pedagogia de Projetos, educador patrimonial, palestrante, diretor pedagógico e sócio-fundador da Tantão Educação.

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fotos cedidas pelos colunistas

COLUNA / JOÃO MARTINS E LUCILLA PIMENTEL

COMPAIXÃO, SOLIDARIEDADE

Nos últimos anos acompanhamos muitos avanços em vários setores da educação. As instituições educacionais, para sobreviver a concorrência do mercado e acompanhar as d emandas sociais, buscaram diferenciais em seus projetos pedagógicos e em suas estruturas físicas.

Entendendo que cada realidade é única e que cada sociedade local tem suas características, as instituições buscaram, inclusive, modelos para garantir seu espaço em meio ao enfrentamento de fusões, de um mercado agressivo, de gr upos econômicos poderosos e de exigências de suas comunidades.

Frente a todos esses desafios há um aspecto que consideramos essencial e que deveria ser COMUM e PRIORITÁRIO em todas as realidades: considerar a pessoa humana em primeiro lug ar. Antes mesmo que qualquer tecnologia, que qualquer hard e/ou software e investimentos físicos e/ou pedagógicos.

O valor da pessoa humana, mais ainda nos tempos atuais, deveria ser o grande valor e diferencial de qualquer projeto político pedagógico.

O o lhar para o humano, para as relações entre as pessoas, para as resoluções de conflitos e para o respeito às diferenças, deveria pautar todos os pilares dos projetos pedagógicos e de formação.

Pode parecer óbvio e lugar comum, mas as pautas socioemocionais e todos os programas que estão debruçados sobre o tema, nos deixam claro: as relações humanas estão em conflito e, muitas vezes, esquecidas em alguns cenários educacionais.

S e rá que um aluno pode ser ignorado, não enxergado ou realmente não reconhecido em sala de aula?

O q ue significa verdadeiramente incluir?

Há muitas formas de se lidar com a inclusão, não apenas nos referindo a casos que, por distintas razões, necessitam de uma atenção especial, ou os casos atípicos, como síndromes ou transtornos de diversas ordens.

Co mo acreditar em uma inclusão afetiva, acolhedora e transformadora?

A riqueza do ambiente escolar e também suas dificuldades residem na multiplicidade de comportamentos, de visões de mundo, de síndromes e/ou de estereótipos. E neste emaranhado de contextos está a complexidade humana, que se faz e se enriquece nas relações com os outros.

Somos o resultado de nossas relações, de nossas histórias e muitas delas construídas no ambiente escolar. Ambiente este que necessita de espaços para escuta, de abertura e olhar atento aos outros. Pensamos que as palavras compaixão e solidariedade p o deriam resumir nossas reflexões.

Como conseguir se colocar no lugar do outro? Como ser-com-os outros?

O que entendemos por compaixão no ambiente escolar?

É o sentimento de uma pessoa que se coloca pronta a compreender o estado emocional de outra, sente empatia e a acolhe com o desejo de que ela supere seus sofrimentos ou o estado desolador no qual se encontra. Entendemos que a c o mpaixão vem acrescida da ação solidária que se refere ao ser-com-os-outros. Ação esta que se encontra numa “ética da compreensão”. Segundo Morin e Viveret (2013, p. 15), “a compreensão humana comporta o entendimento não só da complexidade do ser humano, mas também das condições em que são modeladas as mentalidades e praticadas as ações”.

Isto significa que as interrelações no ambiente escolar, para que sejam saudáveis, precisam da

compreensão dos acontecimentos que ali se encontram, de modo que todos que dele participam p ossam se colocar disponíveis ao exercício da escuta atenta e, assim, não se colocar intolerante ou indiferente ao próximo.

D eixamos aqui provocações para que cada um/a que se sentir tocado/a pense em situações cotidianas que possam levar seus alunos, parceiros d e t rabalho, gestores e outros que participam do espaço escolar ao exercício da compaixão, da solidariedade e da compreensão.

Estamos indo contra a maré de pensarmos igual aos outros, de pertencermos só às mesmas bolhas ou tribos, de pertencermos aos grupos virtuais ou reais que pensam da mesma forma sem diversidade ou senso crítico. Assim, refletindo sobre com o estabelecemos vínculos relacionais, como lidamos com nossas interrelações faremos nosso papel na sociedade enquanto educadores.

Incitar nossos alunos, parceiros, educadores e famílias ao exercício da aceitação dos outros é não termos medo de sermos cancelados pela violência de grupos radicais que massificam o pensar, manipulam um agir tantas vezes pulsional, ir refletido e repudiam preconceituosamente quem tem outro ponto de vista, e este por não compartilhar em anular a presença daqueles que são considerados “estranhos”.

Os Colunistas

PROF. DR. JOÃO CARLOS MARTINS

Doutor em Psicologia da Educação, Mestre em Educação, Sociólogo, Historiador, Administrador Escolar, Psicopedagogo, Educador e Gestor. Atualmente Diretor Executivo da Rede de Educação Missionárias Servas do Espírito Santo.

PROFª. MS. LUCILLA DA SILVEIRA LEITE PIMENTEL

Mestre em Filosofia da Educação e Mestre em Comunicação e Cultura Midiática. Psicopedagoga, Assessora em Educação, Membro-sócio do Instituto Juan Drogrett e Membro da JCM Consultoria em Educação.

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E COMPREENSÃO fotos cedidas pelos colunistas

COMO MANTER UMA GESTÃO FINANCEIRA

EFICIENTE E SAUDÁVEL?

Por Rafa Ella Pinheiro / Fotos Fee Bubblegum e Divulgação

Planejamento, fluxos, análise de planilhas, investimentos, controles, gastos fixos e variáveis, inadimplência, cobrança e a resolução de situações inesperadas: a área financeira de uma escola se depara com esses – e tantos outros – aspectos em seu cotidiano. Desse modo, para garantir uma gestão financeira saudável e com lucro, é indispensável seguir alguns caminhos para enfrentar os desafios e dilemas que emergem nesta área administrativa e que impactam todo o ecossistema escolar

Ainstituição privada de ensino é uma empresa que oferece, como principal produto, uma educação de qualidade. E, como uma empresa, para alcançar esse propósito, com uma experiência positiva tanto para estudantes como para pais e/ou responsáveis, diversas áreas devem ser analisadas e planejadas com cautela. A gestão financeira é considerada um dos pilares da administração escolar. Os desafios e percalços para mantê-la eficiente, positiva e em sintonia com a gestão de outras áreas, são significativas. Nesse sentido, a área financeira compõe o conjunto estrutural diverso de setores administrativos que garantem o bom funcionamento de um colégio, contribuindo para a entrega de uma educação de qualidade.

A partir dessa ideia, neste especial apresentamos reflexões de diretoras/es e especialistas da área sobre os caminhos possíveis para manter uma gestão financeira saudável, controlada, planejada e monitorada. Longe do propósito de esgotar as discussões e as particularidades sobre esse tema amplo, este especial reúne apontamentos que podem ser incorporados e desenvolvidos de acordo com a demanda de cada escola. Confira!

“Processos de Gestão Financeira, Administrativa e Pedagógica, podem coexistir? Este vem se apresentando como um grande desafio para as instituições de ensino na educação básica privada. E de antemão devo lhe responder: não só podem como devem coexistir a cada momento, a cada tomada de decisão da instituição. Como nosso objetivo por hoje é buscar

Alzir Camargo – Diretor administrativo e financeiro do Colégio Rita de Cássia (Santos/SP)

uma luz sobre Gestão Financeira, eu desafio você a pensar em controle, planejamento e resultado financeiro saudável, sem nunca esquecer do objetivo fim das empresas de educação, que acredito seja a formação de uma geração de discentes que possa encarar a vida com algum senso crítico, realização e discernimento para que possa desempenhar seu papel na sociedade. E aí teremos sem dúvida um enorme desafio, que requer um grande investimento.

Para que este investimento seja contínuo e possa trazer os resultados desejados (crescimento da instituição, desenvolvimento dos colaboradores e lucro), não podemos negligenciar o monitoramento sistemático de temas, como: custos fixos e variáveis, despesas fixas e variáveis, margem de lucro bruta e líquida, EBITIDA, etc. Quando esses dados fundamentais estão disponíveis, você terá como respeitar alguns conceitos básicos em Gestão Financeira: Controlar, Analisar, Planejar e também Investir Entendam que esses itens não possuem um sentido cronológico entre eles, e sim pertencem a um pensamento sistêmico onde analisamos e tomamos decisões para cada um deles como parte de um todo, inclusive decisões de cunho

administrativo (processos), e pedagógico.

É natural que se procure fórmulas prontas, plataformas tecnológicas com respostas (dados) imediatas, planilhas de custeio, etc. Tudo isto existe e pode ser adquirido no mercado com custos bem variados e até sem custos. Mas tenham em mente que dados e informações são elementos que somente nos permite chegar a algum resultado se conseguirmos traduzi-los em estratégias assertivas.

Das teorias de gestão financeira, das estratégias macro, que por vezes se mostram tão distantes da nossa rotina, não poderia deixar de lado algumas inquietações sempre presentes no dia a dia das instituições de ensino privado. E sendo assim, algumas perguntas jamais podem ficar sem respostas, como:

1. Eu conheço com detalhes minhas receitas e despesas e qual o peso de cada uma delas em meu negócio? Eu conheço o custo de cada aluno por segmento? Por exemplo: o seguimento do Ensino Fundamental – anos finais precisa ter quantos alunos por turma, para que eu consiga alcançar financeiramente os números planejados? Será que a turma do 8º Ano do Ensino Fundamental, que tem 19 alunos, está contribuindo positivamente para o resultado do seguimento ou está dependendo da turma do 9º Ano que tem 28 alunos?

2. Conheço o percentual de participação do custo de minha folha de pagamento no custo total da instituição?

3. As parcerias que mantenho traduzem uma receita direta ou indireta que justifique sua pre-

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ESPECIAL

4. Tenho claro quais os tributos estão sendo recolhidos, e se estão de acordo com a característica de cada receita (Planejamento Fiscal)?

Os questionamentos são muitos, e como vimos acima podemos definir inúmeros caminhos e estratégias para uma gestão financeira saudável. Porém, nunca sem as atividades de: controle, análise, planejamento e definição clara dos objetivos em relação ao tipo e momento de investimento a ser realizado. Vale ainda ressaltar que todo planejamento e investimento não deve nunca se descuidar do maior e mais valioso capital das instituições: o CAPITAL HUMANO.”

“Mantenedores e diretores de escolas possuem uma rotina muito agitada, atuando em diferentes áreas, do tema mais estratégico ao caso específico de um aluno. Mas o foco principal é sempre garantir um ensino de qualidade, o que torna essencial uma gestão financeira adequada. Nesse cenário, é preciso definir anualmente, entre junho e julho, o orçamento para o ano seguinte, levando em conta perspectivas para o período de matrículas, que costuma começar entre setembro e outubro, a depender da região. Além de um orçamento bem definido, é imperativo manter, ao longo de todo o ano, um bom controle do fluxo de caixa, da folha de pagamentos, do índice de inadimplência e do pagamento a fornecedores, entre outros itens, para assegurar um dia a dia mais tranquilo, sem grandes surpresas.

O primeiro passo para alcançar o sucesso na gestão financeira é tratar o assunto com a atenção e o profissionalismo necessários. Uma equipe especializada, capaz de entender as demandas e o contexto da escola, pode ser um diferencial nesse processo, que inclui acompanhar e conciliar os recebimentos ao longo do mês, realizar os pagamentos em dia, oferecer atendimento de qualidade e eficiência, e diversificar as formas e condições de pagamento. O uso de ferramentas inovadoras tam-

bém surge como alternativa interessante. Um exemplo são softwares que auxiliam no controle das informações. Recentemente, surgiram soluções financeiras feitas especificamente para a gestão escolar, incluindo plataforma de meios de pagamento com conciliação automática (com boleto, pix e cartão), acompanhamento instantâneo de todos os pagamentos, aplicativo de atendimento para as famílias realizarem pagamentos e negociações na palma da mão e antecipação garantida das mensalidades. Dentre as opções do mercado, a plataforma isaac, do grupo Arco Educação, reúne todas essas soluções.

A visibilidade e o acesso a esses dados financeiros são essenciais, inclusive para que as escolas estejam preparadas para diferentes cenários, tanto para períodos de insegurança, quanto para momentos de oportunidades de expansão. O resultado dessa soma de esforços é uma escola que se desenvolve, se destaca no mercado e tira os planos do papel, o que impacta diretamente na retenção e captação de alunos.”

Fabrício Alves – Diretor Regional do Colégio e Curso pré-vestibular Physics (Paraná e Amapá)

“Para criar e manter uma gestão financeira saudável, controlada, planejada e monitorada em uma escola, é fundamental seguir alguns passos e considerar diferentes aspectos:

1. Orçamento detalhado: Desenvolver um orçamento detalhado que leve em conta todas as despesas e receitas da escola, incluindo salários, materiais escolares, manutenção de infraestrutura, utilities, capex, entre outros.

2. Controle de custos: Monitorar de perto os custos operacionais e administrativos, buscando maneiras de reduzir gastos desnecessários e otimizar recursos.

3. Monitoramento financeiro: Realizar análises financeiras regulares para avaliar o desempenho financeiro da escola e fazer ajustes conforme necessário. Para esse monitoramento trabalhamos com vários indicadores, como: percentual de inadimplência e o acompanha-

mento real x orçado das linhas do orçamento.

4. Qualidade acadêmica e de satisfação: Acompanhamos mensalmente indicadores como a pesquisa de satisfação discente, inscrições de alunos em olímpiadas, número de medalhas conquistadas, aprovações em universidades, aprovações em cursos de alta concorrência como Medicina, ITA e IME. Também fazemos duas vezes por ano, em todas as nossas unidades, uma pesquisa e satisfação dos pais e responsáveis utilizando a metodologia do NPS (Net Promoter Score).

5. Comunicação: Manter uma comunicação constante com funcionários e colaboradores, compartilhando nossos desafios, indicadores e reforçando a nossa cultura. Para conseguir essa comunicação eficiente temos reuniões semanais, como o Comitê de Operações (COMOPS) e o Comitê Comercial (CCOM).

6. Capacitação dos Diretores: Investir na capacitação dos Diretores, através da academia de direção, congresso dos diretores, palestras, aulas, avaliação 360° e feedbacks estruturados, para garantir que tenham as habilidades necessárias para administrar os recursos de forma eficaz e solucionar problemas.

7. Modelo de rede: Participar de uma rede de escolas proporciona benefícios, como compartilhamento de melhores práticas, poder de compra coletiva e redução de custos operacionais.

Identificar áreas prioritárias para investimento, como atualização de tecnologia educacional, treinamento de professores e melhorias na infraestrutura física é fundamental. Adotando uma abordagem estratégica e analítica, podemos criar e manter uma escola financeiramente saudável e eficiente, ao mesmo tempo em que investimos nos recursos necessários para promover o sucesso dos alunos.”

“O caminho para criar e manter uma gestão financeira escolar saudável é, na verdade, um só: ter uma visão prática e clara de todas as entradas e saídas de valores. Somen-

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sença destes em nossa instituição?
Paula Jorge – Diretora Geral de Soluções de Finanças e Gestão do Grupo Arco Educação Lucas Faleiros – Diretor de Sucesso do Cliente

te com essas informações será possível, então, dar os próximos passos na construção de uma gestão eficiente.

Criar um orçamento anual realista, com estimativas de receitas e despesas, te fará visualizar os limites financeiros da escola e, consequentemente, possibilitará a criação da estratégia de crescimento que o mantenedor deseja.

Pela experiência adquirida, sei que não é tão simples conseguir controlar todas as entradas e saídas de valores, mas sei também que o parceiro ideal pode apoiar – e muito – o processo. O isaac é a maior plataforma de gestão financeira feita para escolas, ou seja, é muito mais do que uma garantidora. Com ele, é possível ter uma visão prática e transparente de todo o financeiro da escola, além de receber o impulso necessário para dar o próximo passo.

Eu vejo que, hoje, muitas escolas têm resistido à modernização de sua gestão e acabam presas a processos que tomam muito tempo da equipe e tornam tudo mais complicado. Então, minha última dica é: entenda que a sua equipe pode ter seu dia a dia facilitado e, assim, focar mais na missão de educar.”

“Para estabelecer e manter uma gestão financeira saudável, é crucial que os professores es-

Luciana Ikedo - Educadora Financeira, autora do livro “Vida FinanceiraDescomplicando, economizando e investindo”, da Editora Loyola

tejam familiarizados com esse tema. Apesar da inclusão da educação financeira na grade curricular, ainda é comum encontrarmos professores endividados, sem nenhum planejamento financeiro para emergências e que dependem exclusivamente da aposentadoria oficial do INSS para garantir seu futuro.

Com o avanço da tecnologia dos produtos financeiros e a facilidade de acesso aos bancos digitais, torna-se imperativo que as escolas e instituições de ensino acompanhem essa evolução, permitindo que professores, alunos e pais aprendam a escolher e utilizar essa ampla oferta de serviços.

Para uma vida financeira saudável, é essencial

ter controle e planejamento. A contabilidade mental é falha e a maioria das pessoas não sabe exatamente quanto ganha e gasta. O uso automático do crédito em conta e a facilidade de uso dos cartões de crédito, débito e pix muitas vezes fazem com que os recursos financeiros sejam mal geridos.

A escola pode contribuir trazendo para a sala de aula diferentes ferramentas de controle financeiro, como planilhas eletrônicas, aplicativos ou até mesmo o método tradicional do caderno de anotações. Essas ferramentas auxiliam no controle e representam o primeiro passo para o planejamento financeiro. A partir desse ponto, os sonhos podem ser transformados em metas e os objetivos de curto, médio e longo prazos se tornam mais claros e alcançáveis.”

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DICA: PRIMEIROS SOCORROS

CAPACITAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR

Oespaço físico escolar é um dos principais ambientes que milhares de estudantes transitam durante um longo período de suas vidas. Com isso, para além do plano pedagógico, a escola deve fomentar diariamente um cuidado considerável: o zelo pela saúde de todos e todas. As características que indicam a sensação de uma escola segura, de forma plena e irrestrita, se transformaram na atualidade, sobretudo nos últimos anos, com a implantação nas escolas da Lei Lucas.

Em outubro de 2018 foi sancionada a Lei 13.722/18, determinando que professores/ as e funcionários/as de escolas (públicas e privadas) de ensinos infantil e básico, e estabelecimentos de recreação infantil, devem ser capacitados/as em primeiros socorros. A Lei federal, conhecida como “Lei Lucas”, define que os cursos de primeiros socorros sejam ofertados anualmente, tanto para a capacitação como para a reciclagem do aprendizado.

Carlos A. Rodrigues, enfermeiro especializado em Atendimento Pré-Hospitalar e instrutor de cursos de primeiros socorros, indica que a capacitação de professores/as e funcionários/as tem como objetivo identificar e agir preventivamente em situações de emergência e urgência médicas, até que o suporte médico especializado se torne possível. “Um bom curso de primeiros socorros deve ter prioritariamente uma quantidade maior de práticas em relação as teorias, e quantidade grande de equipamentos para treinar de forma repetitiva professores/as e funcionários/as”, destaca.

“Um bom conselho: fujam de cursos 100%

on-line de primeiros socorros, são úteis somente para pessoas que moram em áreas remotas do Brasil e que não tem acesso a um curso prático. No caso das instituições de ensino, podem até contratar um curso semipresencial, mas que ofereçam mais práticas do que teorias. Vale destacar que os estabelecimentos de ensino são obrigados a afixar em local visível a certificação que comprove a realização da capacitação de que trata a Lei Lucas e o nome das pessoas capacitadas”, completa Rodrigues.

Algumas dicas podem ser seguidas para os/ as gestores/as implementarem essa capacitação, já que é uma lei federal e o não cumprimento das disposições da lei implicará em notificação, multa e cassação do alvará de funcionamento ou da autorização concedida pelo órgão de educação.

Eric Amorim, especialista em Segurança Escolar, elenca algumas sugestões na hora de buscar capacitações especializadas. “O instrutor deve ser obrigatoriamente da área da saúde. Observe o material didático para acompanhamento e armazenagem do conteúdo transmitido. Os recursos devem ser de qualidade e proporcional ao número de participantes. E o mais importante: busque informações nas redes sociais e/ou com outras instituições, para ser algo assertivo para sua escola e não um conteúdo genérico”, aconselha Amorim. (RP)

SAIBA MAIS

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CARLOS A. RODRIGUES contas22brasil@gmail.com
ERIC AMORIM eric.amorim79@gmail.com

DESAFIOS NO ENSINO REGULAR

OTEA – Transtorno do Espectro Autista pode ser definido, em linhas gerais, como um transtorno de neurodesenvolvimento que reflete em interação e comunicação sociais e em comportamentos atípicos. O autismo não se concentra em um único transtorno, mas sim em um espectro amplo de manifestações, e que variam em cada indivíduo, especialmente em graus de intensidade e gravidade.

Caracterizado por padrões de comportamento repetitivos, interesses restritos e dificuldades na comunicação, Claudiana Tavares, professora do Instituto Âncora Educação nas áreas de formação de professores e educação especial inclusiva, nos conta que as características do autismo podem variar de pessoa para pessoa. “Alguns indivíduos com autismo têm habilidades intelectuais excepcionais em áreas específicas, enquanto outros podem ter deficiências cognitivas significativas. O autismo geralmente vem acompanhado por comorbidades como o TDAH e a deficiência intelectual, por exemplo”, diz Tavares.

O diagnóstico do TEA pode ser alcançado por meio da observação do comportamento e do histórico de desenvolvimento da pessoa. Por ser um espectro, a avaliação é multidisciplinar e o laudo é emitido por um médico especialista, assim como os encaminhamentos necessários seguindo o DSM 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Algumas vezes o processo de avaliação do diagnóstico pode ser demorado, conta a pedagoga, mas é importante que, com o diagnóstico ou não, pais e/ou responsáveis iniciem as terapias assim que perceberem as inabilidades nos/nas filhos/as.

No contexto do ensino regular, os/as estu-

dantes com TEA atravessam uma variedade de adversidades no cotidiano escolar. Segundo Claudiana Tavares, alguns dos principais desafios que estudantes autistas podem enfrentar incluem: dificuldades de comunicação, dificuldades de interação social, sensibilidade sensorial, rigidez comportamental, necessidade de apoio individualizado, bullying e exclusão social.

“Para incluir e atender alunos/as com TEA de forma adequada, a gestão escolar e a equipe pedagógica devem adotar uma abordagem abrangente e colaborativa. Aqui destaco alguns procedimentos que podem ser adotados: capacitação e sensibilização da equipe pedagógica e da gestão escolar; avaliação das necessidades individuais de estudante com TEA; desenvolvimento de Planos de Educação Individualizados (PEI) com base na avaliação das necessidades; implementação de estratégias de apoio; promoção de um ambiente inclusivo; e a colaboração com os pais”, elenca a professora.

Envolver os pais e/ou responsáveis nos processos de inclusão escolar do/a estudante autista é essencial. “Com esse envolvimento, é possível criar um ambiente de apoio e colaboração que promova o sucesso acadêmico e o desenvolvimento holístico da criança. Ao adotar esses procedimentos e promover uma abordagem colaborativa e centrada no/a aluno/a, a gestão escolar e a equipe pedagógica podem criar um ambiente que atenda às necessidades educacionais de estudantes com TEA”, finaliza Tavares. (RP)

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SAIBA MAIS CLAUDIANA TAVARES claudianasbu@hotmail.com

BETT BRASIL 2024

EDUCAÇÃO PÚBLICA AMPLIA O PROTAGONISMO NA BETT BRASIL

Setor terá área exclusiva na 29ª edição da Bett Brasil, com exposições de soluções, lounge para troca de experiências entre gestores públicos e palestras sobre os desafios e perspectivas na educação pública

Os avanços já conquistados e os desafios futuros para elevar a qualidade da educação pública no país em equidade para todos são questões de interesse para toda a comunidade educacional e a sociedade em geral. Os recentes resultados do Censo Escolar 2023, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelam que ainda são muitas as demandas que exigem atenção nos próximos anos, no curto, médio e longo prazos.

Por exemplo, na educação básica, em relação a 2022, houve uma redução de 500 mil matrículas nas escolas públicas, enquanto a rede privada expandiu 4,7%, chegando próximo ao nível observado em 2019, antes da pandemia. Os dados mostram também que cerca de 8,8 milhões de brasileiros de 18 a 29 anos não terminaram o ensino médio e não frequentam nenhuma instituição de educação básica. Considerando todas as faixas etárias a partir dos 18 anos, são mais de 68 milhões de pessoas sem escolarização básica no país.

Por outro lado, a educação em tempo integral registrou um aumento no percentual de matrículas na educação básica de 18,5% (2022) para 21% (2023) na rede pública, percentual mais próximo à meta do Plano Nacional de Educação, que é de 25%. O ministro da Educação, Camilo Santana, declarou que a ampliação da

oferta de jornada em tempo integral é uma das prioridades do Governo Federal para garantir a permanência do jovem na escola, com investimentos na ordem de R$ 4 bilhões.

Educação pública na Bett Brasil

No sentido de expandir e impulsionar o diálogo sobre a rede de ensino pública no país, a Bett Brasil, maior evento de Inovação e Tecnologia para Educação na América Latina, apresentará entre as novidades da sua 29ª edição uma área exclusiva e gratuita dedicada à educação pública.

O espaço contará com uma área de exposição para projetos de impacto desenvolvidos por entidades e organizações não governamentais, lounge para troca de experiências entre gestores públicos e auditório com palestras ao longo de quatro dias.

Entre os palestrantes confirmados, estão: Igor de Alvarenga, secretário de Estado de Educação de Minas Gerais; Herbert Lima, secretário de Educação do Município de Sobral; Alan Porto, secretário de Estado de Educação de Mato Grosso; Claudia Costin, presidente do Instituto Singularidades; Yohansson Nascimento, vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB); Julia Sant’Anna, diretora-executiva do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB); Chico Soares, professor emé-

rito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Allan Pevirguladez, professor da rede municipal do Rio de Janeiro; Renilda Peres, superintendente da Fundação Getúlio Vargas (FGV); Helber Vieira, pesquisador do Inep; Renato Filho, prefeito de Pilar (AL); e Diego Calegari, secretário Municipal de Educação de Joinville.

Nas pautas das palestras estão assuntos, como: educação inclusiva, principais projetos de lei em 2024, formação de gestores escolares, educação profissional, investimentos estratégicos em tecnologia, educação socioemocional, relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e combate ao extremismo em sala de aula, entre outros.

O acesso à área de Educação Pública é gratuito a todos os visitantes da Bett Brasil, que será realizada de 23 a 26 de abril, no Expo Center Norte, em São Paulo. Para saber mais e se inscrever, acesse: brasil.bettshow.com

SAIBA MAIS

Data do evento: de 23 a 26 de abril de 2024

Local: Expo Center Norte

Site:

https://bettbrasil.com.br/2024/

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Direcional EscolasAbril de 2024 32 COMUNICAÇÃO VISUAL E FACHADAS, CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS, SOFTWARE DE GESTÃO, SUPRIMENTOS PARA COPIADORAS E IMPRESSORAS
Direcional EscolasAbril de 2024 34 GRAMA SINTÉTICA, MESA DIGITALIZADORA, PISO PARA PLAYGROUND, PLAYGROUNDS

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