Ed. 196 - Mar/24

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Edição nº 196

ano 20 | Março de 2024 www.direcionalescolas.com.br

A Revista do Gestor Escolar

Sustentabilidade na prática

Nas últimas décadas, a urgência da criação de uma agenda sustentável com ações efetivas ganhou força em todos os setores sociais, inclusive na educação. Com o tempo, observamos o crescimento de ações pedagógicas, palestras, oficinas e atividades em escolas que apontam para o desenvolvimento social e a promoção de uma educação pautada pela sustentabilidade – e para um futuro sustentável.

O aumento dos debates sobre sustentabilidade anuncia (não só) uma preocupação intensa com o futuro que nos aguarda, como também a conscientização educativa, os critérios de equilíbrio ecológico, a construção de um pensamento socioambiental e o cuidado plural que deve existir do ser humano com o espaço que ele habita e transita. Assim, nasce uma nova perspectiva de abordagem que se estabe-

lece em sala de aula e na própria estrutura da instituição de ensino: a ecológica.

Com o intuito de fomentar o diálogo entre educação e sustentabilidade, nesta edição da Direcional Escolas produzimos um especial focando a nossa atenção em práticas sustentáveis que podem ser inseridas no cotidiano escolar. A escolha desta temática está alinhada ao Dia Mundial da Água – instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) por meio da resolução A/RES/47/193 de 21 de fevereiro de 1993 – o dia 22 de março como uma data oficial para realizar ações e atividades com o intuito de promover reflexão e mobilização social sobre o significado e a utilização da água em nosso planeta.

Além do Dia Mundial da Água, a ONU também divulgou, na mesma data, a

Declaração Universal dos Direitos da Água, um documento sobre as sugestões, medidas e informações necessárias para a solução dos problemas do uso da água, considerando-a um bem perecível. Que esta edição da revista incentive a conscientização e a inserção de boas práticas sustentáveis no dia a dia das escolas.

Boa leitura!

Direcional EscolasMarço de 2024 4
Editorial
Rafa Ella Pinheiro Jornalista Responsável

Nesta Edição:

Especial: AmbientalConscientização

Como inserir boas práticas sustentáveis no cotidiano escolar?

Bett Brasil 2024

Bett Brasil prepara edição com expansão de negócios e novidades no conteúdo

Dica: Robótica

Coluna - Leandro Rubim

Os avanços da “cultura” tecnológica no mundo da educação

Entrevista

Plataforma de leitura digital

Direcional EscolasMarço de 2024 6
10 Valorização do corpo docente Coluna - Christian Coelho 12 14 Educação inclusiva e adaptações razoáveis
26 30 18 16 25
Interdisciplinaridade: dos exames globais aos vestibulares locais Coluna - Célio Müller Coluna - Vinicius Beltrão
Conhecimento interdisciplinar

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Direcional EscolasMarço de 2024 8

VALORIZAÇÃO DO CORPO DOCENTE

Avalorização do corpo docente transcende o reconhecimento individual; representa um investimento estratégico na construção da identidade e posicionamento institucional da escola. Além disso, contribui para a formação de uma sociedade mais educada, informada e preparada para os desafios do futuro.

Nesse sentido, é essencial que a escola apresente regularmente seu corpo docente, destacando seus currículos, experiências e realizações, por meio de canais como redes sociais, site, agenda e eventos. Isso não apenas fortalece a reputação da instituição, mas também promove uma conexão mais sólida e positiva com a comunidade educacional.

Este reconhecimento eleva o status e a motivação dos educadores e contribui de maneira significativa para a qualidade do ensino e, consequentemente, para o progresso da comunidade como um todo.

Algumas razões destacam a importância desse reconhecimento:

Formação de cidadãos críticos: Valorizar os professores significa investir na qualidade da educação, preparando os alunos para enfrentar os desafios

do mundo com pensamento crítico e habilidades analíticas.

Motivação e dedicação: Quando os professores são valorizados, sentem-se mais motivados e dedicados ao seu trabalho. Isso se reflete positivamente no ambiente de aprendizado, estimulando os estudantes a se envolverem mais ativamente no processo educacional.

Atratividade da carreira: A valorização do educador contribui para tornar a carreira docente mais atraente. Isso é crucial para atrair profissionais qualificados, experientes e apaixonados pela educação, o que, por sua vez, beneficia a escola e os estudantes.

Melhoria na qualidade do ensino: Professores reconhecidos têm maior propensão a buscar desenvolvimento profissional contínuo. Isso resulta em uma melhoria constante na qualidade do ensino, com a adoção de práticas inovadoras e eficazes.

Bem-estar social e psicológico: A valorização dos professores contribui para o seu bem-estar social e psicológico. Isso cria um ambiente de trabalho mais saudável, reduzindo o estresse e promovendo um clima positivo nas escolas.

Exemplo para os alunos: Professores prestigiados servem como modelos positivos para os alunos, inspirando-os a respeitarem a educação e a buscarem conhecimento de maneira contínua.

Desenvolvimento sustentável: O investimento na estima dos professores está diretamente ligado ao desenvolvimento sustentável de uma sociedade. Profissionais bem preparados e respeitados desempenham um papel crucial na formação de uma geração capaz de enfrentar os desafios sociais, econômicos e ambientais.

O Colunista

CHRISTIAN ROCHA COELHO

Formado em comunicação, especialista em andragogia e neuropsicologia. Diretor do Grupo Rabbit Educação. www.rabbitmkt.com.br

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/ CHRISTIAN COELHO
COLUNA
foto cedida pelo colunista

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ADAPTAÇÕES RAZOÁVEIS

Em nosso trabalho de assessoria jurídica para instituições de ensino, quase diariamente nos deparamos com conflitos de interesse relacionados a situações derivadas da inclusão, e o motivo é quase uma imposição do mercado: por maior que seja o respeito e a atenção dos educadores aos alunos portadores de deficiência, é comum que as famílias tenham expectativas e exigências que podem diferir das condições de aprendizagem oferecidas pelas escolas.

Como o tema é muito extenso, vamos nos atentar para dois pontos principais, que continuamente acarretam dúvidas nos gestores.

Conforme o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146, de 6 de julho de 2015):

“Art. 2º / § 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará:

I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;

II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;

III - a limitação no desempenho de atividades; e

IV - a restrição de participação.”

A necessidade de avaliação terapêutica do educando não é função original da escola, pois o diagnóstico médico/ psicológico é notoriamente atribuição dos profissionais da área da saúde. Com base em laudo ou atestado, devidamente fundamentado, o educador pode desenvolver o planejamento focado no aspecto do ensino, que tem peculiaridades conforme o tipo de deficiência e as possibilidades de aplicação de métodos pedagógicos, por isso demanda uma atenção individual.

A outra questão que costumeiramente acarreta insatisfações é o entendimento dos limites – e os custos envolvidos – da adequação do trabalho em sala de aula. E isso também tem previsão na mesma norma legal:

“Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:

(...)

VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais.”

Se por um lado é verdadeiro que a família do aluno deficiente não pode receber qualquer cobrança adicional pelas adaptações, também a escola não está obrigada a arcar com despesas excessivas e desproporcionais no desenvolvimento da educação inclusiva. Nesse contexto, apenas para exemplificar, é razoável haver produção de material diferenciado, treinamento de docentes, elementos de acessibilidade como rampas e elevadores e até profissionais de apoio pedagógico ao deficiente quando comprovadamente necessários. Mas não haveria fundamento para se custear uma estrutura hospitalar num ambiente de colégio.

Boas aulas e sucesso! foto cedida pelo colunista

O Colunista

CÉLIO MÜLLER

É advogado especializado em direito educacional, sócio-fundador do escritório Müller Martin Advogados, autor do “Guia Jurídico do Mantenedor Educacional” e presta assessoria jurídica para instituições de todo o Brasil. contato@mullermartin.com.br

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CÉLIO MÜLLER
COLUNA /

INTERDISCIPLINARIDADE: DOS EXAMES

GLOBAIS AOS VESTIBULARES LOCAIS

Asociedade complexa e interconectada nos coloca diariamente situações desafiadoras que envolvem nosso conhecimento, nossa civilidade e humanidade. Neste contexto, a aprendizagem articulada em diferentes saberes que se integram surge como uma abordagem educacional essencial, capaz de proporcionar uma compreensão profunda e abrangente do conhecimento humano. Assim, fundamenta-se a ideia de que o conhecimento não é compartimentalizado, mas sim interligado e interdependente, integrando conceitos, métodos e perspectivas de diversas áreas do saber para compreender a complexidade do mundo contemporâneo.

É de suma importância discernir os conceitos: no multidisciplinar as disciplinas existem no mesmo lugar; no interdisciplinar elas estão no mesmo lugar e começam a dialogar entre si; no transdisciplinar elas dialogam entre si, até que se tornem uma coisa só.

A integração de diferentes disciplinas na prática educacional traz consigo uma série de benefícios tangíveis como uma compreensão mais abrangente e contextualizada dos problemas e fenômenos, capacitando os alunos para enfrentarem desafios complexos com uma visão mais ampla. Além disso, promove o desenvolvimento de habilidades transferíveis, como pensamento crítico, resolução de problemas e colaboração, que são essenciais para o sucesso pessoal e profissional em um mundo em constante transformação.

O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), conduzido pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), é um caso de exame que, para além das áreas de linguagens, matemática e ciências da natureza, criou questões interdisciplinares envolvendo todas as áreas do

conhecimento sob a alcunha da criatividade. São situações problema em que os estudantes precisam encontrar uma solução usando toda a gama de conhecimentos adquiridos ao longo da vida escolar. No Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é outro exemplo de avaliação que, embora organize as áreas de linguagens, matemática, ciências humanas e natureza, busca aferir o conhecimento acadêmico de forma interdisciplinar e pautada em situações cotidianas. Em ambos os casos, existe uma intenção de desenvolvimento humano e acadêmico por matrizes de competências e habilidades que se integram e convergem para trazer uma percepção de que o conhecimento está em constante transformação.

Ainda que, sob uma ótica mais ou menos elaborada, cada país tenha o seu exame interdisciplinar, que afere as capacidades acadêmicas do estudante para acessar o ensino superior como o Baccalauréat na França, o SAT nos Estados Unidos e o Gaokao na China. Essas grandes avaliações, de escala e impacto nacional, nos últimos anos têm influenciado muitas universidades a adotarem processos seletivos mais elaborados em etapas distintas para conhecer seus futuros estudantes. Renomadas e tradicionais universidades brasileiras como Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) exigem portfólio e entrevistas para cursos como Arquitetura e Urbanismo, Design, Música, Artes Cênicas e Visuais, Moda e até Gastronomia.

Além disso, as duas universidades paulistas têm integrado diferentes modelos de questões em outras fases de suas seletiva: a Unicamp tem cobrado questões de “ciências humanas” no bloco específico dos cursos de exatas e saúde, ao mesmo tempo que propõe questões de

matemática no bloco dos cursos das humanidades; a USP tem demonstrado forte inclinação para questões interdisciplinares já na primeira fase de seu vestibular, que em 2024 se organizou como uma prova única, sem a clássica divisão por disciplinas.

Há ainda instituições de ensino superior privadas que têm ressignificado seus processos para cursos extremamente tradicionais como Medicina, Direito e Administração. A adoção de métodos alternativos em vestibulares de faculdades privadas de ponta – como entrevistas e dinâmicas de grupo – tem feito alunos conciliarem os estudos das disciplinas tradicionais com outras estratégias de preparação. Os estudantes recorrem a palestras, debates, simulações de entrevistas, além de livros de ética e filosofia, para ir bem nos testes orais dos processos seletivos de escolas como Fundação Getúlio Vargas (FGV), Insper e Albert Einstein. Há interesse, inclusive em trabalhos sociais e voluntários, desempenho em Olimpíadas nacionais e projetos de empreendedorismo.

Sua escola está se adequando? Ou crê ser modismo?

O Colunista

VINICIUS BELTRÃO

É Coordenador de Ensino e Inovação Sênior do SAS Plataforma de Educação. Professor de Linguagens, autor e revisor crítico de material didático. Formado em Letras e MBA em Gestão Escolar, ambos pela Universidade de São Paulo (USP).

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COLUNA / VINICIUS BELTRÃO
foto cedida pelo colunista

COLUNA

OS AVANÇOS DA “CULTURA” TECNOLÓGICA

NO MUNDO DA EDUCAÇÃO

Sim, a inteligência artificial (AI), o metaverso e os inúmeros avanços tecnológicos estão no meio de nós, em todos os setores, inclusive na educação. Mas, apesar desta constante evolução, ainda enfrentamos uma grande barreira socioeconômica e cultural, tardando que essas conquistas alcancem os nossos clientes: os alunos.

O fato é que existe uma brusca diferença entre empresas que nascem digitais para as que têm que realizar a transformação digital, este segundo sendo o caso da maioria das escolas. O principal pilar de ressignificação é o cultural, e não a tecnologia em si. Um exemplo: Certa vez, em 2013, fui convidado a realizar uma capacitação tecnológica a docentes de uma escola particular, que se tornaria uma Apple Distinguished School. Após a dinâmica, fui acompanhar outras e uma especialmente me chamou a atenção: os docentes tinham que subir uma plataforma de 3 metros de altura e, de olhos vendados, se jogarem para trás, caindo em um colchão. Ali, entendi que, tecnologicamente, a educação necessitava muito mais do que treinamentos de uso de ferramentas, e sim de uma quebra da barreira da falta de confiança!

Todas as escolas têm acesso a sistemas, aplicativos e a um ecossistema enorme de possibilidades digitais e tecnológicas. O problema não é ter, mas sim saber como alinhar ao propósito do cliente. O escritor, líder e palestrante inglês-americano Simon Sinek, em seu livro “Comece pelo porquê”, ensina que existe um erro básico no pensamento lógico de muitas empresas: o não pensar no “porquê” na criação de soluções e produtos. A grande maioria das empresas pensa em “o quê” e “como”, mas sem a preocupação efetiva do propósito enraizado no público-alvo. Após mais de 20 anos trabalhando com educação e tecnologia, enxergo claramente

que faltam às escolas de todos os níveis a percepção de que o aluno é cliente, conhecer o que ele necessita, qual seu propósito e entregar soluções que tenham matching com esse propósito.

Enumero a seguir 3 dicas não tecnológicas, mas que, pasmem, fazem muita diferença na busca da inserção tecnológica na educação:

1 - Tratar o aluno como cliente é essencial para um entendimento das necessidades reais pelas quais o aluno está na escola. Muitas técnicas do mercado corporativo podem ser utilizadas. Atualmente, a análise de usabilidade e experiência é a mais efetiva. Por meio de profissionais de UX (user experience ), a escola entende os dados e comportamentos dos alunos e cria personas, ou seja, perfis de alunos que representem as diferentes características do todo. A partir dessa categorização, é possível conhecer melhor os propósitos de cada grupo e pensar em experiências e produtos direcionados, que, em sua maioria, possuirá a tecnologia como meio.

2 - Aproximar cada vez mais modelos de sucesso de engajamento provenientes do entretenimento às experiências educacionais, conceito este chamado de Edutainment, ou seja, entretenimento na educação. No geral, os alunos enfrentam dificuldades ao fazer a transição de vídeos no YouTube ou threads no Instagram e TikTok para uma experiência educacional que pode parecer “quadrada” e maçante. Não é o aluno que deve se adaptar à entrega das escolas, e sim as escolas que devem se aproximar do dia a dia do aluno ao implementar características do entretenimento e, assim, promover a imersão na busca pelo conhecimento. A aprendizagem personalizada, a gamificação, a conexão com o mundo real e com empresas, juntamente com a ágil adoção de tecnologias emergentes, são

possíveis! “Estar onde o aluno está”, e adaptar-se de acordo com suas preferências, são o “segredo do bolo”.

3 - Pensar em produtos digitais com a mentalidade de Digital First. Ainda pouco se compreende o conceito de produtos digitais e, na educação, o abismo é ainda maior que em outros mercados. Como citei anteriormente, é muito mais complexo realizar uma transformação digital do que nascer digital, e são pouquíssimos os players de educação que já nasceram digitais. São 3 os pilares da jornada digital: (1) Possuir uma cultura de Customer Life Cycle, analisando os comportamentos e necessidades digitais do cliente e atuando nessa base; (2) Promover insumos de futuro digital por meio de análise de tendências e evoluindo ao conceito de ecossistema de plataformas; e (3) Criar soluções e produtos por meio da economia criativa e abrindo possibilidades para negócios mais disruptivos.

Portanto, por mais que a IA ou outro avanço tecnológico invadam o espaço educacional, esses somente serão efetivados mediante a quebra de paredes culturais enraizadas em nossas escolas. De olho na tecnologia, mas com foco no avanço cultural das escolas.

O Colunista

É Diretor Executivo Acadêmico da Cultura Inglesa, Doutor em Engenharia Biomédica, Mestre em Sistemas Inteligentes e Bacharel em Ciência da Computação. Tem mais de 25 anos de experiência nos mercados de Educação, Tecnologia e Inovação.

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/ LEANDRO RUBIM
foto cedida pelo colunista

ESPECIAL: CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL COMO INSERIR BOAS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NO COTIDIANO ESCOLAR?

Por Rafa Ella Pinheiro / Fotos Divulgação

Os debates e as ações sustentáveis efetivas tornaram-se temas urgentes na atualidade. A criação de uma agenda sustentável tem ganhado força em todos os setores sociais, inclusive na educação. Dessa forma, é fundamental que a educação e conscientização ambiental, assim como a introdução de práticas sustentáveis, sejam incorporadas no cotidiano escolar e em todas as suas áreas, desde a gestão até o desenvolvimento pedagógico

Oaumento dos debates sobre sustentabilidade anuncia (não só) uma preocupação intensa com o presente e com o futuro que nos aguarda, como também a conscientização educativa, os critérios de equilíbrio ecológico, a construção de um pensamento socioambiental e o cuidado plural que deve existir do ser humano com o espaço que ele habita e transita.

Inserida como um dos 17 objetivos na resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) intitulada “Transformar o nosso mundo: Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável” e em vigor desde 1 de janeiro de 2016, a sustentabilidade foi colocada em um patamar de atenção e conservação mundial. O conjunto de 169 metas dos 17 objetivos contempla uma agenda envolvendo as áreas social, econômica e ambiental, assim como a implementação de projetos, a responsabilidade dos governos e a avaliação regular dos progressos.

Reconhecendo a escola como uma importante instituição social que atua diariamente na formação de cidadãos, é imprescindível que a gestão escolar, assim como o corpo docente e demais colaboradores/as, incluam a educação ambiental e as práticas sustentáveis no dia a dia – e não apenas em datas específicas ou em atividades pedagógicas pontuais. Dessa forma, tendo como foco ações práticas, neste especial compartilhamos reflexões e projetos que são trabalhados em diversos

espaços educacionais. Confira!

Lígia Pinheiro Paganini – Coordenadora pedagógica dos Anos Finais das escolas Lourenço Castanho

“A sustentabilidade é um tema urgente a ser tratado na escola contemporânea. Diante das crises climáticas e dos acordos estabelecidos por diferentes nações, fica cada vez mais claro que o planeta é de todos e que cada ação impacta na vida de cada um, ainda que separados por grandes distâncias.

São diversas as práticas que podem contribuir para o desenvolvimento de atividades sustentáveis no ambiente escolar. Podemos começar, de forma mais ampla, com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que hoje ditam ações mundiais para o combate aos problemas sociais aliado às políticas de meio ambiente na promoção de práticas sociais mais justas e eficazes. Trabalhar com projetos que estão conectados com diferentes objetivos do ODS traz reflexões eficazes e efetivas aos estudantes que conseguem, em suas produções, projetar diferentes ações e perspectivas para o agora e o futuro.

Além disso, a dinâmica do dia a dia da escola com a implementação de uma política sustentável com toda a comunidade escolar é uma das formas mais eficientes de contribuir para o ensino e a vivência da sustentabilidade. O trabalho com os ‘3 Rs’ (reduzir, reutilizar e reciclar) de forma prática, como o incentivo às trocas de livros e materiais entre alunos de séries diferentes, a reciclagem de lixo, a compostagem dos resíduos das refeições, entre outros, são formas efetivas dos estudantes verem a sustentabilidade acontecer e, mais do que isso, fazer dessas propostas hábitos comuns dentro da rotina.

O melhor caminho é aliar teoria e prática para que as atividades sustentáveis ganhem maior significado e, acima de tudo, tornem-se parte da vida escolar. Desta forma contribuiremos não só para uma escola melhor, mas também para cidadãos mais conscientes e ativos nas transformações que o mundo precisa.”

“Para inserir qualquer prática ou atividade no cotidiano escolar relacionada a atividades sustentáveis, temos que partir do princípio de que o estudante precisa ser convocado como protagonista desse processo. É ele quem vai conseguir, junto com os educadores, o tutor, o mestre e os seus colegas, olhar para as necessidades sustentáveis no momento em que ele está inserido. E conseguir estudar, pesquisar, viabilizar respostas autorais para esse contexto social que ele está vivendo. A primeira dica que dou é que a gente co-

Direcional EscolasMarço de 2024 18

Unidade Santos

loque o estudante no centro dessas decisões, dessas atitudes sustentáveis.

Para isso, o importante é fazer com que o estudante olhe para dentro da escola e o seu entorno. Por exemplo, tomar atitudes como adotar uma praça perto da sua unidade escolar e ali fazer ações que envolvam a comunidade. Não só a escolar, mas a local, para que atitudes sustentáveis sejam tomadas ali. Isso tem um impacto gigantesco não só para dentro, mas para fora do muro da escola. E aí está o sentido da educação: o educar para a vida não é para a vida do amanhã, mas a de hoje. Esse é um dos exemplos de boas práticas também.

E as boas práticas estão associadas aos hábitos que construímos no dia a dia. Desde o compromisso do estudante com o seu horário, com a escolha da sua vestimenta, seu estudo, seus projetos individuais e coletivos. Tudo isso passa por pensamentos e atitudes sustentáveis. Qual tipo de material vou utilizar? Qual preocupação social estou tendo? Que tipo de pesquisa estou fazendo? Todas essas atitudes cotidianas precisam estar envolvidas nessas reflexões sustentáveis. O estudante precisa ter, na sua prática diária como estudante, atitudes sustentáveis.

E cada vez que conseguimos que ele nomeie, quantifique, faça uma reflexão e até mude procedimentos de sua atitude cotidiana, estamos fazendo com que esse estudante seja sustentável, acima de tudo, em suas próprias ações. Que vão, com certeza, resvalar nas ações coletivas da escola, da família e da sociedade de forma geral. Então é colocar o estudante como protagonista, como autônomo e, principalmente, autoral nas suas respostas sustentáveis no mundo em que a gente vive hoje. É uma tamanha responsabilidade, que é sempre dividida entre a escola e a família.”

“Inserir práticas pedagógicas que envolvam a questão da sustentabilidade sempre é algo muito valioso e de fácil assimilação para os estudantes. Desde uma pintura com alguma planta, um alimento com algo reaproveitado, até um uniforme usado para um colega, se faz presente no dia a dia da escola; atitudes que comprovam que tudo pode ser reaproveitado se for trabalhado de maneira inteligente e com pensamento voltado ao futuro do planeta.

As práticas sustentáveis são de grande importância no processo pedagógico dos estudantes. Mais do que nunca, levá-los a este pensamento empático de futuro e preocupação com o entorno de si, leva a uma maturidade com relação a ação e reação do que faço no meu cotidiano. Em nossa escola, temos projetos voltados a isso, desde a reciclagem propriamente dita em sua essência até o reuso de papel enviado dos pais para a escola. Simples atitudes que fazem a diferença para o planeta.”

“Em 2023, trocamos as válvulas dos banheiros de escolas da Inspira que estão no estado do Rio de Janeiro e em apenas um quadrimestre houve uma média de 38% de economia/redução no volume de água consumida, na relação entre a média de consumo em 2023 antes da instalação.

Também realizamos uma parceria com a ESGTech ‘Soma Vantagens’ para incentivar a conscientização ambiental e a des-

tinação correta de materiais recicláveis. Com o Programa Recicle nas escolas, conseguimos coletar mais de 720 kg de resíduos com os alunos de São Paulo. Isso representa uma economia de mais de 66 mil litros de água e a redução de 1.490 kg de CO2 na atmosfera.”

“O ambiente escolar forma os cidadãos e os novos profissionais que ingressarão no mercado de trabalho que está sendo moldado cada vez mais em torno de assuntos ligados a sustentabilidade, questões climáticas e os mais diversos impactos socioambientais decorrentes das atividades das empresas. Em torno destas questões surge o ESG e as ODSs, por exemplo. A tendência deste mercado demonstra que ele vai exigir cada vez mais a visão e o comprometimento com estas questões.

Nossa proposta é que a escola tenha uma política que desenvolva uma cultura para boas práticas de ESG e sustentabilidade, e promova junto aos alunos um processo pedagógico e participativo, envolvendo aulas, pesquisa, discussões, palestras e demais atividades lúdicas e pedagógicas ligadas ao ESG com trabalhos para pesquisar em revistas, jornais, sites e redes sociais sobre o tema, entrevistas com lideranças locais, empresários, profissionais autônomos do bairro e os pais ou responsáveis. E alinhado a tudo isso desenvolver uma ação convocando para um trabalho voluntário de sustentabilidade com proposta de ação conjunta em ESG, onde a instituição adquire o selo e promove ações sociais e ambientais em conjunto com os alunos, envolvendo os profissionais da escola, fornecedores, a comunidade local, pais e educadores. As ações podem ser de arrecadação para plantio de árvores, onde os alunos podem se organizar e mobilizar um dia para eles mesmos realizarem este plantio. Se arrecadarem recursos podem destinar para soltura de animais ou doação para instituições que trabalham com o tratamento de crianças

Direcional EscolasMarço de 2024 20
Carolina Batista Pereira Frizon – Diretora da Escola Atuação Thiago Arikawa – CEO Key Links Interconnect David Almeida – Diretor Executivo de RI e Planejamento Financeiro da Inspira Rede de Educadores Karla Lacerda – Educadora de formação diferenciada e diretora do Colégio Lumiar

e adolescentes com câncer. Podem arrecadar alimentos, mantimentos e agasalhos e destinarem para instituições que trabalhem com população em situação de rua, mulheres, idosos ou crianças em situações de vulnerabilidade.

É um convite para agir! Uma ação transformadora para todos, principalmente para os envolvidos que irão passar de espectadores para agente direto, uma mudança de um simples voluntário para se tornar um importante protagonista.”

“Inserir a sustentabilidade no cotidiano escolar como eixo norteador de práticas exige intencionalidade. Por isso, o Colégio Agostiniano Nossa Senhora de Fátima, em Goiânia, iniciou a implementação de práticas sustentáveis em projetos curriculares e transcurriculares. Essas práticas foram, muitas vezes, sugeridas pelos próprios alunos, que têm encontros regulares com professores e orientadores nos laboratórios de Biologia e Química para discutir ideias. Nessas conversas surgiram três projetos implementados com êxito.

Um deles é o ‘Projeto Sabão Limpinho’, que consiste no descarte adequado do óleo da cozinha do restaurante. Ele é transformado em sabão para ser utilizado na própria escola. Temos também a hidroponia (cultivo de hortaliças sem o uso de solo, apenas água e sais minerais, livre de conservantes), a coleta de água da chuva e a coleta seletiva. A água da chuva é usada na hidroponia e copos descartáveis são a base de sustento das plantas nesse cultivo. Desta maneira, alinhamos o aprendizado sobre descarte de resíduos de maneira adequada, reutilização, agricultura sustentável e nutrição. Ressaltamos que essas atividades não apenas ensinam habilidades práticas, mas cultivam um senso de responsabilidade ambiental e comunitária.

Outra maneira de aliar as práticas sustentáveis ao cotidiano escolar é a da mudança de hábitos orientada por meio de palestras, workshops, campanhas educativas e disciplinas curriculares que tratam da temática da sustentabilidade. No Ensino Médio, por exemplo, há a disciplina Vida e Sustentabilidade, na qual os alunos analisam o meio ambiente a partir da sala de aula, separando, por exemplo, o lixo em recicláveis e orgânicos.

É essencial envolver toda a comunidade escolar, incluindo educadores, colaboradores, alunos e pais, gerando parcerias e engajamento. Essa abordagem holística não só fortalece o compromisso com a educação e sustentabilidade, mas também gera uma cultura que valoriza e promove a proteção e manutenção do meio ambiente que ecoa além dessa geração.”

“A escola é um espaço modelo para a comunidade e sua rotina e suas práticas influenciam diretamente na sociedade. Isso faz com que a instituição de ensino seja o local certo para disseminar conceitos e tomar atitudes capazes de privilegiar a sustentabilidade ambiental. Desta forma é possível construir novos valores e atitudes para lançar as bases de um futuro melhor. Mais do que falar ou estimular os alunos a cuidarem do meio ambiente, é preciso praticar, no dia a dia, o que está sendo ensinado de forma participativa e essa coerência evidencia uma escola que contribui para a formação de pessoas conscientes.

A cada dia se torna mais comum lermos notícias sobre desastres, como falta de água, contaminação do solo, enchentes ou deslizamentos causados pela degradação do meio ambiente, por isso não podemos esquecer que a atual geração será o poder de tomar decisões para salvar o planeta.

Para que essa cultura seja trabalhada na

escola, algumas atitudes, mesmo que pequenas, são realizadas:

Evitar o desperdício de água: como é essencial conscientizar a todos sobre a urgência de economizar água, fixamos mensagens que incentivem essa economia nos banheiros e bebedouros.

Economizar energia elétrica: usamos avisos próximos a interruptores e tomadas pedindo que apaguem as luzes e desliguem os ventiladores ao sair do espaço.

Reduzir o uso de papel: economizar esse material diminui o efeito negativo que o homem tem sobre a natureza, já que muitas árvores são derrubadas para a extração da celulose, por isso, trocamos a papelada rotineira por um sistema de gestão automatizado que permite a digitalização de relatórios, boletins, diários de classe, dentre outros documentos. Estimulamos o uso racional de papel de todas as maneiras. Imprimimos documentos somente quando for imprescindível. E os alunos usam toalhas individuais para lavar as mãos.

Implantar coletores seletivos: para dar destinação certa a cada resíduo produzido em seu meio, é preciso haver lugares determinados para as sobras e os resíduos. Adotamos coletores coloridos, com especificações e cores para cada tipo de lixo.

Cultivar uma horta coletiva.”

Projetos interdisciplinares

Uma mistura de geociência, artes e sustentabilidade: essa foi a proposta do projeto “Pintura com solos do Cerrado”, realizado pelo professor Bruno Cardoso Silva, do Colégio Católica Brasília, que analisou a composição do bioma da região de Brasília de forma artística e social. Em síntese, o professor colheu amostras do solo, que é rico em diferentes pigmentações. Esse material passou pelo laboratório onde foi processado e virou uma pasta, com várias tonalidades, base para tintas naturais. Com essas tintas em mãos, os estudantes fizeram pinturas de animais típicos do cerrado e expuseram as obras no pátio do colégio. “A prática dos conteúdos de educação ambiental permite ao estudante vivenciar os problemas ambien-

Direcional EscolasMarço de 2024 22
Samuel Nascimento Nunes – Professor e Coordenador de Área (Biologia) do Colégio Agostiniano Nossa Senhora de Fátima Renata Corrêa – Diretora Pedagógica STELLA Escola

tais locais e dividir espaço geográfico com mais consciência e responsabilidade social e ambiental”, defende o professor de geografia.

O último projeto realizado misturou geografia com conceitos de eletrônica. Primeiro os estudantes montaram circuitos de papel, explorando eletricidade e seus componentes. Depois, estudaram a cultura dos povos Pré-Colombianos (8ª série) e Recursos Minerais (7ª série) e criaram desenhos, ilustrações e maquetes com o tema. Então integraram LEDs e circuitos nos trabalhos, transformando a experiência do aprendizado.

Dia Mundial da Água

A escolha da temática do especial desta edição está alinhada ao Dia Mundial da Água – instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) por meio da resolução A/RES/47/193 de 21 de fevereiro de 1993 – o dia 22 de março como uma data oficial para realizar ações e atividades com o intuito de reflexão e mobilização social sobre o significado e a utilização da água em nosso planeta.

Além do Dia Mundial da Água, a ONU também divulgou, na mesma data, a De-

claração Universal dos Direitos da Água, um documento sobre as sugestões, medidas e informações necessárias para a solução dos problemas do uso da água, considerando-a um bem perecível. Que esta edição da revista incentive a conscientização e a inserção de boas práticas sustentáveis no dia a dia d as e scolas.

SAIBA MAIS

Para conhecer os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil e as principais atividades das Nações Unidas no país, acesse: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

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Projeto “Pintura com solos do Cerrado”, do Colégio Católica Brasília

Com o propósito de ser o elo de conexão de toda a comunidade educacional para debater, conhecer, aprender e propor novas ideias e caminhos para a educação brasileira, vem aí a Bett Brasil, maior evento de Inovação e Tecnologia para Educação na América Latina.

Em 2024, a Bett Brasil cresceu em área de exposição, superando 44 mil metros quadrados nos pavilhões Verde, Branco e Azul do Expo Center Norte, em São Paulo. Na sua 29ª edição, o evento vai acontecer de 23 a 26 de abril, com a participação de mais de 300 players públicos e privados, que apresentarão serviços, soluções e produtos para o ecossistema educacional. A visitação é gratuita.

Na parte de conteúdo, mais de 400 palestrantes e especialistas compõem o Congresso de Educação Básica, Ahead by Bett, Fórum de Gestores, Bett Startups, workshops e demais atividades que ocorrerão simultaneamente em 12 auditórios.

“A Bett Brasil é um espaço de conhecimento, troca de experiências, networking e negócios. Especificamente sobre a área de exposição, sabemos que muitos negócios são gerados durante o evento e um número muito significativo de transações, investimentos e contratos ‘nascem’ nos corredores da Bett e se concretizam no pós-evento, ao longo do ano. E isso envolve empresas brasileiras e internacionais atuantes no mercado de educação, tanto para o setor público como para o privado”, diz a diretora geral da Bett Brasil, Claudia Valério.

Novidades na forma e no conteúdo

Neste ano, a Bett Brasil traz entre suas atrações o Congresso de Educação Básica, workshops, área de Educação Pública, Fórum de Gestores,

BETT BRASIL PREPARA EDIÇÃO

COM EXPANSÃO DE NEGÓCIOS E NOVIDADES NO CONTEÚDO

Maior evento de Inovação e Tecnologia para Educação na América Latina está de casa nova no Expo Center Norte e será realizado de 23 a 26 de abril; veja como participar

Arena Startups, Fórum Ahead (dedicado à Educação Superior e Profissional), Bett Talks e o Bett Conect@ (programa de reuniões entre instituições de ensino e provedores de soluções educacionais).

Todo o evento será regido pelo tema principal: “Inovação como Propósito: Educação em Diálogo com as Transformações Sociais”, que norteará todos os debates e diálogos, com participação ativa do público. Serão discutidos os seguintes subtemas: Equidade com Qualidade, Cultura Digital, Conexões Humanas, Aprendizagem Transformadora, Inteligência Socioemocional e Futuros Sustentáveis.

“Os auditórios são espaços dedicados ao diálogo sobre o papel da educação como catalisadora de transformações ativas e significativas na sociedade. Ao destacar a ‘inovação com propósito’, ressalta-se a importância de não somente adotar novas abordagens e tecnologias educacionais, mas de fazê-lo com um propósito bem definido, voltado para o bem-estar social e a favor de uma transformação eficaz e emocionalmente positiva. De forma geral, a intenção é estimular e encorajar a convergência de opiniões distintas para alcançar um entendimento comum e construtivo”, descreve a diretora de Conteúdo da Bett Brasil, Adriana Martinelli.

Entre as novidades, o evento abre espaço exclusivo para a Educação Pública, com área de

exposição e palestras gratuitas aos visitantes. Outra inovação é o protagonismo dos estudantes de escolas públicas e privadas, que terão atividades especiais e espaço nos palcos da Bett. “Em cena, haverá um momento dedicado à escuta atenta de estudantes com seus variados perfis e experiências, refletindo a pluralidade e a diversidade presentes nas escolas brasileiras”, revela Martinelli.

Entre os mais de 400 palestrantes estão personalidades nacionais e internacionais e inspiradores da área de educação, como o diretor de Inovação Educacional da Peer-Ed, Les Foltos; a neuropsicóloga e diretora da NeuroConecte, Adriana Fóz; a diretora-executiva de criação na Map Brasil, Deh Bastos; o psicólogo e fundador da Educa, Rossandro Klinjey; o criador do canal Manual do Mundo, Iberê Tenório; a CEO da Newfield Consulting, Alicia Pizarro Dominguez; o jornalista da Rádio CBN, Milton Jung; a deputada federal, Tabata Amaral; o escritor e fundador da Escola da Inteligência, Augusto Cury; a professora titular de Jornalismo da Universidade Zaragoza, Carmen Marta Lazo; e o fundador da Agência Sophya, Pedro Cortella

Para saber mais sobre a programação e se inscrever, acesse: brasil.bettshow.com

SAIBA MAIS

Data do evento:

de 23 a 26 de abril de 2024

Local:

Expo Center Norte

Site:

https://bettbrasil.com.br/2024/

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BETT BRASIL 2024
foto: Divulgação

CONHECIMENTO INTERDISCIPLINAR

Odenso processo educacional destaca, especialmente na atualidade, a emergência de novas/outras metodologias, desenvolvimentos, interações e formatos que englobam a relação ensino-aprendizado e que sejam praticados em sala de aula. Compreendendo que as múltiplas experiências de ensino, as metodologias ativas e os planos de ensino flexíveis e personalizados estão em expansão – e cada vez mais presentes no cotidiano escolar – utilizar ferramentas diversas e multidisciplinares que contemplem as demandas dos/as estudantes integra as características educacionais para a contemporaneidade.

N os desdobramentos que transitam nas salas de aula, observamos algumas alterações significativas como, por exemplo, a crescente inserção de projetos qu e t rabalham com a robótica no plano educacional. No contexto da expansão de múltiplas experiências, a robótica educacional adentrou as instituições com o int uito de propor interessantes relações com o conhecimento. Aliando a teoria e a prática, a robótica consegue trabalhar conceitos e aplicações de diversas disciplinas, propiciando uma aula dinâmica, envolvente e multidisciplinar.

M aria Carolina Araujo, Diretora de Ensino do Anglo Alante, destaca que a robótica como ferramenta educativa pode imp actar diretamente no desenvolvimento dos/as estudantes. Por meio da robótica, ela diz, além de uma aprendizagem prática mais “mão na massa” sobre diversas áreas (como Ciências, Tecnologia, Enge-

nharia, Artes e Matemática), “é possível d e senvolver competências fundamentais para uma formação mais completa dos alunos, como comunicação, pensamento crítico, colaboração, resolução de problemas e liderança”.

N e sse sentido, a partir dos primeiros anos da infância os/as estudantes p o dem começar a ter contato com a robótica, já que estímulos são fundamentais para o desenvolvimento desde pequenos. “É nessa fase que habilidades como a atenção, a motivação, o aut ocontrole, a sociabilidade devem ser trabalhados por meio de atividades adequadas à idade”, afirma a diretora. “Por esse motivo, o ensino de robótica deve e star presente desde a Educação Infantil. No Anglo Alante, a partir do Infantil 3, os alunos já possuem um tempo destinado na grade para o assunto”, completa.

D e acordo com a diretora, a escola tem parceria com um programa de robótica de uma empresa especializada na área, com um tempo na grade destinado ao tema para os alunos da Educação Infantil e todo o Ensino Fundamental. O programa se utiliza de conjuntos da LEGO Edu cation, possibilitando que alunos resolvam problemas em equipe e criem robôs. “As aulas despertam muito interesse e costumam ser os momentos de m aior empolgação entre os alunos, pelas possibilidades de trocas divertidas e de aprendizados. Além disso, ao final do ano, temos um evento voltado para Ciência e Tecnologia no qual os alunos apresentam seus projetos desenvolvidos para t o da a comunidade escolar, o que gera

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DICA: ROBÓTICA
Imagem: Adobe Stock

ainda maior comprometimento durante as aulas”, completa.

Para os/as gestores/as que pretendem criar laboratórios de robótica nas escolas, uma dica importante, segundo a diretora do Anglo Alante, é pensar em espaços que sejam multiuso, já que um laboratório de robótica não precisa ser criado exclusivamente para esse fim. “Sabemos que muitas vezes as escolas não possuem tantos ambientes físicos disponíveis, por isso, p rojetar uma sala em que diversas áreas possam usufruir do espaço é um dos principais diferenciais para conseguir aplicar o p rograma de forma consciente e eficaz.

e inovador”, comenta o professor Guilherme Netto. Dessa forma, a partir dessa a b ordagem, a robótica contempla não apenas o aprendizado das ciências e tecnologia, mas também explora a criatividade e incentiva busca por soluções in ovadoras de problemas.

Inspirados em ideias de exploração espacial e colonização de outros planetas, os/as estudantes se dedicaram a c riar um robô capaz de semear com eficiência e sustentabilidade. O uso de peças de Lego para construir o “Robô Semeador” demonstra a preocupação com o meio ambiente e a capacidade

Um exemplo é criar um laboratório dividido em estações com materiais de ciências, robótica, artes...”, destaca.

T E CNOLOGIA EDUCATIVA E INOVADORA

No Colégio Marista Colatina (ES), a robótica desempenha um papel fundamental n o d esenvolvimento estudantil e essa importância tem sido evidente, sobretudo no p rojeto de construção do robô semeador, que tem conquistado a boa aceitação e participação dos/as alunos/as.

Compreendendo que a robótica não se resume à montagem de peças mecânicas e eletrônicas, mas também envolve planejamento, organização e raciocínio lógico, a “m agia não surge da junção de materiais, mas da mente humana aplicando c o nhecimentos para criar algo funcional

de utilizar recursos disponíveis de forma inteligente e inovadora.

O p rojeto do robô permite aos/às alunos/ as entenderem a importância da automação e da tecnologia na agricultura, em grandes plantações e na agricultura familiar. O projeto possibilita, também, a ex pansão da ideia inicial, modificando os controles de Lego para uma placa de programação de Arduino e a utilização de e ne rgia solar, por exemplo, destacando a preocupação com a sustentabilidade e a eficiência energética, conceitos essenciais para o futuro da agricultura. (RP)

SAIBA MAIS

COLÉGIO MARISTA COLATINA atendimento@direcionalescolas.com.br

MARIA CAROLINA ARAUJO

comunicacao@angloalante.com.br

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Alunos do Colégio Marista Colatina durante a construção do Robô Semeador

PLATAFORMA DE LEITURA DIGITAL

As ferramentas tecnológicas e as suas funcionalidades diversas, especialmente aquelas voltadas ao ambiente educacional, adentraram gradativamente nas salas de aula. Nos últimos anos, surgiram plataformas digitais que incentivam a leitura de modo interativo, além de c o ntribuir com a formação integral e crítica de leitoras/es. Para saber mais sobre as plataformas, conversamos com a Talita Fagundes, gerente pedagógica e especialista em conteúdos didáticos multimodais. Confira abaixo trechos da fala da entrevistada:

BENEFÍCIOS

Devido à interatividade e multimodalidade, as plataformas de leitura de livros digitais ajudam a aumentar o interesse do aluno pelo processo de aprendizagem. Além disso, essas plataformas auxiliam a equipe pedagógica na elaboração de aulas mais ricas, pautadas em metodologias ativas, o que permite que o docente possa personalizar o ensino, algo muito p ositivo para a formação.

FAIXA ETÁRIA

Alunos de todos os segmentos podem ter acesso às ferramentas e plataformas digitais. O c uidado e a diferenciação está: a) no tempo de uso, b) na intencionalidade pedagógica, c) no formato do conteúdo digital e d) no nível de autonomia do momento do uso.

UTILIZAÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR

A escola tem um papel fundamental na construção da cultura digital, da autonomia digital e na educação para um uso ade q uado das tecnologias. O educador,

ao escolher recursos digitais para suas aulas, que trabalhem diferentes elementos e m o delos, incluindo a leitura, vai permitindo que os alunos construam essa crescente de contato com a tecnologia.

A s f erramentas digitais costumam, por si, gerar maior engajamento dos alunos por serem m ais atrativas e dinâmicas. Quando o professor inicia uma aula com um game de desafio, ou com um OED (Objeto Educacional Digital) que desperta o interesse pelo tema que será trabalhado e, em seguida, pede para os alunos fazerem uma pesquisa nos livros digitais sobre esse determinado tema, ele e stá usando a tecnologia com uma intencionalidade bem definida e estimulando o seu uso para fins educacionais.

FACILIDADES E INTERAÇÕES

Uma plataforma digital educacional de qualidade permite que os alunos, jovens e crianças, tenham acesso a diferentes recursos multimodais e interativos. O que o livro físico não permitiria. Quando falamos d e interação, estamos tratando de inúmeras possibilidades: interação do aluno com os c onteúdos e com as informações, interação dos alunos entre si, interação dos alunos com os professores. E quando falamos d e recursos multimodais, estamos tratando de livros, games, vídeos, áudios, simuladores, atividades, animações, sites. Tudo curado e com o rig or acadêmico que as grandes empresas de educação, editoras e especialistas em Educação e Tecnologia podem construir. (RP)

SAIBA MAIS

TALITA FAGUNDES

talitafagundesdeoliveira@gmail.com

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ENTREVISTA Imagem: Pexels
Direcional EscolasMarço de 2024 32 ACESSÓRIOS (VENTILADORES, BEBEDOUROS), ARTIGOS ESPORTIVOS, PROTETOR DE COLUNA
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de 2024 33 BRINDES, CAPOEIRA, CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS, GRAMA SINTÉTICA, PISO PARA PLAYGROUND
Direcional Escolas
Março
Direcional EscolasMarço de 2024 34 COMUNICAÇÃO VISUAL E FACHADAS, MESA DIGITALIZADORA, PLAYGROUNDS, SUPRIMENTOS PARA COPIADORAS E IMPRESSORAS

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