Ed. 184 - Dez/22 e Jan/

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Edição nº 184

ano 18 | Dezembro 2022 e Janeiro 2023 www.direcionalescolas.com.br

A Revista do Gestor Escolar

Um novo ciclo se aproxima Editorial

Anualmente, como em um ritual de passa gem, elegemos o último mês do ano como um período que suscita densas reflexões, retrospectivas de situações marcantes, avaliações e ponderações de atitudes acionadas ao longo do ano, bem como uma revisão de mudanças significativas pelas quais atravessamos. Para além das rememorações, também concentramos neste período a descrição de ideias, pla nos e planejamentos que serão adotados, em médio ou longo prazos, no novo ano que será iniciado em breve.

De modo geral, em um brevíssimo retros pecto, 2022 passou por alterações im portantes se compararmos com os anos anteriores do período pandêmico. No âmbito social, o aumento da população vacinada, inclusive de crianças e adoles

centes, contribuiu para a sensação de se gurança no retorno totalmente presencial às escolas. As eleições, que ocorreram no segundo semestre, nortearão os rumos que o país vai trilhar nos próximos anos. E especificamente na área educacional, a implantação do Novo Ensino Médio e os seus desafios ainda ressoarão em 2023. Assim como as discussões que envolvem os cuidados com a saúde mental, as atu alizações das propostas metodológicas, as relações com a tecnologia e o olhar atento para as demandas pós-pandemia.

Diante de tantas possibilidades, trouxe mos, neste especial da Direcional Escolas Dezembro/2022 e Janeiro/2023, algu mas reflexões, sugestões ou projeções so bre o que podemos esperar da educação em 2023. Para compor o especial, reuni

mos falas de profissionais que atuam em diversos setores da educação trazendo, em suas perspectivas, apontamentos que provavelmente serão sentidos e incorpo rados no próximo ano letivo.

Encerramos este editorial desejando um ótimo 2023 para todos e todas, acredi tando que este novo ciclo que se aproxima nos receba de forma afetuosa e com os braços abertos.

Boas festas e feliz 2023!

Nesta Edição:

Dica: Alimentação

Hábitos saudáveis na infância

08

O terceiro grande ator do cérebro límbico é o afeto

Coluna - Danilo Costa

Coluna - Christian Coelho 10 12

O dano irreparável de terceirizar a relação com as famílias

Fique de Olho

22

Coluna - Ademar Celedônio 28

Somos 8 bilhões de pessoas, e o que a educação tem a ver com isso?

Coluna - André Rímoli Costi

Qual a importância do esporte na retomada escolar?

Conversa com o Gestor

Novo ciclo: balanços e reflexões para o próximo ano letivo

Educação & diversão Dica: Programa High School

Educação internacional

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16 14 18

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Jornalista Responsável: Rafa Pinheiro | MTB 0076782/SP Circulação: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais Design Gráfico, Direção de Arte e Produção Gráfica: Polidori Estúdio

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FORNECEDORES

O TERCEIRO GRANDE ATOR DO CÉREBRO LÍMBICO É O AFETO

Aemoção é a reação pura e ime diata a um impulso, como a ale gria de reencontrar uma pessoa querida. O sentimento é quando esse estímulo se torna constante e é racionalizado. Assim, os momentos de ale gria transformam-se em felicidade. O afeto é como expressamos interna e externamente es ses estímulos, como por exemplo: um abraço e um beijo. Desta forma, é por meio do afeto que se manifestam os sentimentos e as emoções.

A palavra afeto deriva da expressão em la tim afficere, que significa afetar ou fazer algo para alguém. Podemos ter afeto por um objeto, uma pessoa, um animal, um lugar ou mesmo por uma ideia.

O afeto pode ser dividido em níveis de acordo com a sua complexidade. O afeto somático é expresso por meio de sensações fisiológicas in ternas, como a dor, calor e náuseas. De forma mais complexa, o afeto motor envolve o com portamento para com os outros, como o sorri so, a agitação e o choro. E por último, em um nível mais elevado, encontra-se o afeto verbal, que se manifesta pelas linguagens.

Os benefícios em dar e receber demonstra ções afetivas são vastos, proporcionam a

sensação de bem-estar por estimular a auto estima, aumentam a segurança e o sentimento de inclusão. Por outro lado, a falta de afeto pode ter consequências destrutivas, como a dificuldade em se relacionar, viver em socie dade, aumento da agressividade, ansiedade, depressão e até a morte.

As demonstrações afetivas mudaram durante a história da humanidade e variam de acordo com cada cultura: os homens russos se beijam, os brasileiros são cinestésicos, e os orientais são mais cerimoniais. Isto demonstra que po dem ser aprendidas.

Demonstração do afeto por meio da linguagem

As demonstrações afetivas por meio da fala são consideradas as mais complexas, pois re querem um grande esforço do neocórtex para serem formuladas. Para que isso ocorra, existe um desgaste energético do cérebro maior do que nas demais demonstrações afetivas.

Desde que sejam verdadeiros, os elogios são poderosas formas de expressar os sentimentos e afetos.

As pessoas reagem e são mais suscetíveis

Fica a dica – Chamar pelo nome (personalização)

O primeiro contato com uma pessoa, com objetivo de gerar o vínculo afetivo, de verá ser realizado por meio de um cumprimento precedido da personalização. Ex: Bom dia, meu nome é Marcelo, qual é o seu?

Além de o próprio nome ser a palavra mais escutada durante toda a vida de uma pessoa, a personalização, segundo a etologia, tem uma força muito grande na formação do vínculo afetivo inicial.

Por não estarem no topo da cadeia alimentar, os homens antigos começaram a se organizar em grupos como sistema de proteção. Quando chamamos uma pessoa pelo nome, resgatamos em sua memória hereditária a sensação de segurança e a convidamos para fazer parte de nosso clã.

a determinados estímulos positivos em rela ção a outros. A seguir, as principais formas de valorização pessoal:

Elogio por realização: Uma maneira de expressar palavras de afirmação é elo giando uma pessoa de forma específica. O elogio deve se concentrar na conquista ou realização do indivíduo.

Foco no comportamento: Enfatizar o reconhecimento de alguns traços comporta mentais positivos (atitudes) incentiva e faz com que as pessoas tentem repetir a atitude, como proatividade, organização, planejamento e iniciativa.

Afirmação do caráter: Todos nós aprecia mos traços positivos de caráter naqueles com quem trabalhamos – características como per severança, coragem, humildade, disciplina, in tegridade, paciência, bondade... O caráter vai além do desempenho e se concentra na nature za interna do indivíduo, por isso é considerado um elogio mais profundo.

Existem vários momentos e cenários em que as formas de reconhecimento acontecem. O líder tem que diversificar as estratégias e fi car atento, por meio dos sinais verbais e não verbais, quais estímulos de valorização cada indivíduo é mais sensível.

Momentos e cenários de valorização pessoal: Reconhecimento pessoal individu al. Elogio diante de outras pessoas (pequenos grupos). Afirmação por escrito (e-mail, bilhete, WhatsApp). Afirmação pública falada em reu niões. Afirmação pública por escrito – grupos, redes sociais, cartaz na sala dos professores.

O Colunista

CHRISTIAN ROCHA COELHO

Formado em comunicação, especialis ta em andragogia e neuropsicologia. Diretor do Grupo Rabbit Educação. www.rabbitmkt.com.br

foto cedida pelo colunista

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COLUNA / CHRISTIAN COELHO

COLUNA / DANILO

O DANO IRREPARÁVEL DE TERCEIRIZAR A RELAÇÃO COM AS FAMÍLIAS

Não há dúvida que nenhuma em presa terceirizada conhece me lhor as famílias do que o próprio mantenedor e o time de gestão da escola. A relação com as fa mílias é uma das atividades-fim das escolas. De fato, não há uma metodologia única ou fórmula mágica para as instituições engaja rem as famílias em prol do desenvolvimento pedagógico dos estudantes. Entretanto, ter ceirizar essa relação com certeza não é um caminho que deve ser cogitado.

A experiência que tive como mantenedor de uma rede de escolas no estado de São Paulo me fez enxergar que o setor é completamen te diferente dos demais setores da econo mia. A relação quase inexistente e estrita mente impessoal que temos com os serviços de telefonia, TV a cabo, internet – apenas para ficarmos em alguns exemplos, indicam que não há similaridades com as relações diárias, afetivas e completamente pesso ais que as famílias e estudantes constroem com os mantenedores, professores e demais colaboradores das escolas.

Ou seja, é um equívoco vislumbrar a possi bilidade de “encaixotar” na educação bá sica o serviço de telemarketing robotizado, impessoal (e muitas vezes abusivo), existente em outros setores. Isso está completamente fora de propósito.

Quando uma família deixa o seu filho nas dependências da escola sob a responsabi lidade do mantenedor, ela está deixando o maior bem da sua vida e demonstrando a sua confiança na instituição. Ao procurar a escola para resolver alguma questão, ela quer resolver com o responsável pela esco la e seria uma quebra de confiança muito grande o mantenedor não ter autonomia para sanar o problema e indicar que “para resolver isso, ligue para tal número”.

É até compreensível que o desespero e a ân sia para resolver os problemas financeiros da escola nos faça refletir sobre qualquer possi bilidade. Mas já adianto que a resolução de um problema não se faz com a criação de outros. A solução do sufoco financeiro não é terceirizar a relação com as famílias e nem a cobrança das mensalidades, afinal este é o maior ativo de uma instituição de ensino: co nhecer tão bem toda a comunidade escolar e construir relações sólidas.

Já disse e repito: a resolução de um pro blema não se faz com a criação de outros problemas.

Não é de hoje que ouvimos falar da indús tria do golpe amparado por call centers clandestinos. De acordo com a Truecaller Insights, companhia sueca especializa da em monitoramento e identificação de chamadas indesejadas (spam), houve um aumento de 58,9% do telemarketing abusi vo no Brasil, passando de 20,7 chamadas por mês para 32,9. Ou seja, em média, os brasileiros recebem mais de uma chamada de call centers por dia.

Além disso, o dado que chama mais aten ção é o crescimento de golpes. Em 2017, apenas 1% do volume total de chamadas indesejadas no Brasil eram ligações frau dulentas. Em 2021, esse número saltou para 16,9% do total.

Isso só reforça o tamanho do perigo ao terceirizar um serviço que, no caso das escolas, é o coração do negócio, é vital para a sua sustentabilidade.

Pode parecer alarmismo, mas podemos descer uma camada para exemplificar – e sem entrar no quesito fraude, que segundo a Febraban – Federação Brasileira de Bancos, cresceu 165% em 2021.

Todos temos acompanhado a questão ju rídica envolvendo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Desde agosto de 2021, empresas e colégios de todo o Brasil estão sujeitos à legislação e podem sofrer puni ções, que incluem advertências, bloqueios e multas de até R$ 50 milhões. Imaginem que os dados pessoais das famílias e dos estudantes estejam expostos dentro de uma infraestrutura de um call center que envolve centenas de pessoas e sistemas terceirizados circulando essas informações. Será que a sua escola está preparada para as sanções que citei anteriormente? Será que a empresa terceirizada vai assumir a responsabilidade sobre o vazamento de qualquer dado e ar car com as punições previstas em lei?

Correr esse risco é desnecessário. Há so luções capazes de garantir inadimplên cia zero para as escolas sem que haja contato com as famílias. Não há motivos para pânico.

De acordo com os autores do livro Escassez - Uma Nova Forma de Pensar a Falta de Recursos na Vida das Pessoas e nas Organizações, uma cabeça cheia de pro blemas financeiros resulta em performance prejudicada. Ou seja, a falta de dinheiro prejudica a nossa inteligência, sobrecarre gando a nossa cabeça e nos levando a to mar decisões ruins.

Não deixem que a sobrecarga os leve em direção ao perigo irreparável de terceirizar a relação com as famílias.

O Colunista

DANILO COSTA

É ex-mantenedor escolar, advogado forma do pela FGV-SP e fundador do Educbank, o principal ecossistema financeiro dedicado à educação básica.

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COSTA
foto cedida pelo colunista

COLUNA / ADEMAR CELEDÔNIO

SOMOS 8 BILHÕES DE PESSOAS, E O QUE A EDUCAÇÃO TEM A VER COM ISSO?

Apopulação global atingiu 8 bi lhões de pessoas e deve conti nuar crescendo até 2086, se gundo o relatório Perspectivas da População Mundial 2022 da ONU (Organização das Nações Unidas). Foram 12 anos desde o 7º bilhão alcançado em 2010. Para termos uma di mensão dos números, no começo do sécu lo XIX a população mundial era cerca de 1 bilhão de habitantes.

Esse aumento na velocidade de cresci mento da população é uma boa notícia, porque decorre de um grande ganho da humanidade, que foi a redução da mortalidade, impulsionada justamente pelos avanços da ciência, que só foram possíveis com o aumento das escolas e a valorização da educação. Em meio às Revoluções Industriais, iniciadas por volta de 1760, criou-se a necessidade de capa citar mais as pessoas e elevar seus níveis intelectuais, resultando, então, em uma educação mais plural em relação ao que havia naquela época e na sala de aula.

O livro Longevidade – Uma breve histó ria de como e por que vivemos mais, de Steve Johnson, demostra de forma muito clara como aconteceu esta forte expansão demográfica. A expectativa de vida saltou de 35 anos no século XIX para 73 anos no século XXI. Sendo assim, não houve um estirão de longevidade, mas uma redução brutal na mortalidade. Vacinas, sanea mento básico, fertilizantes, antibióticos, transfusões de sangue, cloração da água, pasteurização do leite, anestesia, cinto de segurança e angioplastia foram algumas das invenções que pouparam e ainda poupam bilhões de vida.

Johnson destaca ainda alguns trabalhos de pessoas que não entraram para a his tória diretamente, porém, foram funda

mentais para a redução da mortalidade.

É o caso do londrino William Farr que, além de médico, era estatístico e aju dou a criar o campo da epidemiologia. Na epidemia de cólera, em 1866, em Londres, ele supervisionou os números de casos e mortes e conseguiu perceber padrões em determinadas regiões da ci dade. Ele chegou à conclusão de que a água de um poço artesiano utilizado por parte da população estava poluída pelo esgoto e sugeriu à prefeitura seu fecha mento, possibilitando uma redução drás tica no número de mortes pela doença na cidade, que logo depois construiu toda a sua rede esgoto em 6 anos. Entender os padrões da mortalidade se tornou tão eficaz para salvar vidas quanto qualquer intervenção médica tradicional.

Por outro lado, esse crescimento popu lacional coloca desafios enormes na ca pacidade de produção de alimentos e bens de consumo num mundo que tem limitações de recursos naturais, além de já termos, desde 1950, o debate em tor no do aumento acelerado da tecnologia e produtividade e os riscos para o meio ambiente e mudanças climáticas, fatores que exigem uma busca por caminhos mais sustentáveis para toda a sociedade. Por exemplo, toda a África tem 16,7% da po pulação mundial e é responsável por 3% das emissões de CO2, enquanto os EUA têm 4,5% da população e são causadores de 21,5% das emissões.

As baixas taxas de natalidade de países mais desenvolvidos também têm desafios para a manutenção dos seus níveis de produção, serviços e aposentadoria de sua população nos mesmos padrões ante riores, e alguns deles começam a facilitar a imigração de outros povos, a exemplo de Portugal, que aceita o nosso Exame Nacional do Ensino Médio em suas uni

versidades e vem facilitando a obtenção de vistos de trabalho para brasileiros.

A população do Brasil ainda crescerá até 2050 e esses desafios todos, apresenta dos pelo crescimento populacional, vão exigir cada vez mais investimento em tec nologia, educação e ciência, e podemos aproveitar para termos como projeto uma sociedade mais forte economicamente. Para isso, será fundamental que tenhamos também um plano de educação nacional melhor estruturado para darmos condi ções de estudo a todos.

Para mencionar apenas um dado como exemplo: apenas 5% das escolas públi cas possuem velocidade de conexão à internet indicada para uso pedagógico, em um mundo cada vez mais competitivo e acelerado pela tecnologia e indústria 4.0. Além disso, não agregamos valor aos nossos bens de exportação e uma parte disso se deve à má formação dos nossos jovens e profissionais. Temos ain da um forte negacionismo científico na sociedade, campanhas contra vacinas e teorias vazias de que a terra é plana toda hora aparecendo nas redes sociais e em outros canais. E esse último marco de 8 bilhões de pessoas é decisivo para começarmos a olhar para esses proble mas de maneira ordenada para comba tê-los e reforçar, mais uma vez, a impor tância da ciência, pois, se chegamos a 8 bilhões de habitantes na Terra, é porque a educação, a ciência e seus avanços são um fenômeno social de sucesso e que devem continuar crescendo.

O Colunista

ADEMAR CELEDÔNIO

Diretor de Ensino e Inovações Educacionais. Foi diretor do Colégio Ari de Sá por 10 anos e atua no SAS Plataforma de Educação desde 2015.

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foto cedida pelo colunista

QUAL É A IMPORTÂNCIA DO ESPORTE NA RETOMADA ESCOLAR?

ASociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que crianças e adolescentes pratiquem pelo me nos uma hora de atividade física diariamente. Isso porque o esporte tem um papel fundamental na formação infan tojuvenil, já que auxilia nos desenvolvimentos físico, motor e cognitivo, além de trabalhar as pectos emocionais e sociais.

Apesar dos benefícios da prática esporti va, o sedentarismo infantojuvenil vem cres cendo nos últimos anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), qua tro em cada cinco adolescentes não praticam atividade física em nível suficiente. Outra pes quisa, realizada pelo Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano Sul (CELAFISCS), aponta que apenas 44% das crianças brasileiras seguem a recomendação mínima de prática de desporto.

Hoje, os ambientes para praticar esportes são mais restritos do que antigamente, quando as crianças eram incentivadas a brincarem em espaços livres. Por essa razão, a escola tem um papel essencial em relação ao esporte. No ambiente escolar, devemos criar desafios que tirem os estudantes da zona de conforto durante a prática esportiva, o que desper ta o interesse deles pela atividade, estimula o aprendizado e transforma o ambiente em um espaço motivador, sempre integrando a proposta pedagógica da escola.

Os esportes ainda podem ser considerados uma importante atividade intelectual. Todas as modalidades esportivas são extremamen te complexas. Os alunos precisam não só conquistar uma preparação física adequada, como também ter boas estratégias e táticas para vencer os jogos. Por isso, os esportes

propiciam também desafios intelectuais, contri buindo para o desenvolvimento da inteligência humana no sentido mais amplo da palavra.

A prática esportiva tem um papel fundamen tal no combate ao sedentarismo, um problema que se agrava cada vez mais entre crianças e adolescentes devido ao uso excessivo de celulares, notebooks e tablets. Mas os be nefícios do esporte para a formação dos estudantes não param por aí.

Manter uma atividade física regular pode au mentar a consciência corporal, a imunidade e a resistência muscular, colaborar para o de senvolvimento da coordenação motora e do sistema cognitivo, contribuindo, assim, para um melhor desempenho em todas as disciplinas.

A prática da atividade física também auxilia nos desenvolvimentos social e emocional do estudante por meio da interação com colegas da mesma idade. Assim, os estudantes apren dem a trabalhar em equipe e assimilam valores como a resiliência e a empatia.

O esporte ainda permite ao estudante extra vasar e aprender a lidar com diferentes sen timentos e sensações e, ao mesmo tempo, gera bons ensinamentos, como a superação dos limites individuais, o comprometimento e a persistência para enfrentar situações de safiadoras. Por meio da prática esportiva, os professores também despertam nos estudantes o senso de responsabilidade e o desejo pela vitória, respeitando os adversários e as regras do jogo. Por último, os professores podem uti lizar as atividades físicas para incentivarem a autoestima, o autoconhecimento, a autonomia e a motivação dos estudantes.

Por tudo isso o esporte pode ser considerado um importante instrumento pedagógico, que

pode aumentar o rendimento escolar e contri buir para a formação do indivíduo.

É muito importante considerar a preferência das crianças e dos adolescentes no momento de escolher a modalidade esportiva. Respeitando a faixa etária de cada um, o esporte mais indi cado é aquele que faz bem para a saúde e que o estudante sente prazer em praticar.

A escola é uma das principais fomentadoras do movimento e da iniciação esportiva. Além dos fatores de saúde e educação, a comodi dade de um contraturno esportivo, cultural e artístico, na própria escola, gera comodidade, segurança e tranquilidade, aumentando víncu los fundamentais entre pais, alunos, colabora dores e gestores nessa retomada.

As atividades de educação física e/ou oficinas e cursos extras devem ser vistas como opor tunidades interessantes tanto para a saúde dos estudantes como para o resgate de com portamentos que foram suprimidos durante o período de isolamento. A busca por profissio nais e parceiros alinhados com esse propósi to trará segurança e impulsionamento dessa retomada e, tenha certeza, o caminho será mais curto. Parceiros alinhados com a pro posta pedagógica da escola e com os valores organizacionais, trarão essa sensação de uma extensão das atividades.

O Colunista

ANDRÉ RÍMOLI COSTI

Mestre em Administração de empresas com foco em competitividade de mercado, espe cialista em Treinamento Desportivo e Fisiologia do Exercício, e possui Licenciatura Plena em Educação Física - CREF: 7037-G/SP. CEO do Grupo ARC Sports.

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COSTI
COLUNA / ANDRÉ RÍMOLI
foto cedida pelo colunista

HÁBITOS SAUDÁVEIS NA INFÂNCIA

Aescola é um espaço privilegiado e multidisciplinar que consegue observar, diariamente, o desen volvimento de cada estudante. As instituições de ensino acompanham, em diversos níveis, os crescimentos físico e so cial dos estudantes, assim como se pre ocupam com o seu bem-estar, o cuidado com a alimentação e com a saúde.

A alimentação, em especial, tem sido o foco de vários estudos nos últimos anos, que apon tam dados alarmantes como o número elevado de crianças e adolescentes acima do peso ou obesos; deficiência de vitaminas e nutrientes essenciais em crianças em decorrência de prá ticas alimentares de baixa qualidade; além de problemas de crescimento. A solução eficaz para preencher essas lacunas e construir uma relação positiva com os alimentos é desenvol ver hábitos alimentares ainda na infância, em uma ação conjunta entre os pais e a escola.

“A escola deve ajudar a família em inúmeras situações, sendo a alimentação de qualidade uma das responsabilidades sociais que as ins tituições de ensino têm”, afirma Esther Cristina Pereira, pedagoga e diretora da Escola Atu ação, de Curitiba (PR). “Se usarmos bem as habilidades e possibilidades que professores e escola possuem, ajudamos a família, fazemos a diferença para o estudante e contribuímos para uma sociedade mais ativa”.

Segundo Manoela Richardz, nutricionista responsável pelo desenvolvimento do cardá pio dos alunos da Escola Atuação, a alimen tação é o principal fator para desenvolver alterações como diabetes, colesterol e obe sidade. “Tudo isso é resultado de um acúmu lo de problemas que vêm desde a infância e

perduram até a vida adulta e poderiam ser facilmente evitados com bons hábitos”.

Com isso, na prática, a escola oferece uma rotina alimentar adequada para cada idade. “Montamos um cardápio diferente todo mês, elaborado para que as crianças tenham uma maior adaptação e aceitação. Tentamos intro duzir itens mais saudáveis, como arroz integral. Além disso, a base dos alimentos, em geral, não possui ingredientes que possam causar al gum tipo de intolerância”, explica a nutricionis ta. Todos os dias são oferecidos ao menos um tipo de proteína, legumes e saladas frias, além do tradicional arroz e feijão e frutas em todas as refeições. Massas, molhos e pães são feitos na cozinha da própria escola, a fim de garantir produtos ainda mais frescos e saudáveis.

Para além da introdução alimentar, da for mação de bons hábitos e da escolha correta dos ingredientes, desenvolver o “afeto” com a comida faz toda a diferença para uma ade quação nutricional que trará reflexos no futuro. “Às vezes, a alimentação em casa fica mais ‘li vre’, o que pode atrapalhar a construção de uma rotina de alimentação. Somado a isso, temos a questão da relação afetiva com a co mida. Momentos alegres, de comemorações ou em família, sempre remetem a um lanche, pizza ou hambúrguer, por exemplo, mas nes ses momentos é importante ter algo saudável também, justamente para criar esse afeto e memórias positivas com a comida, que farão toda a diferença na fase adulta da criança”, conclui Manoela. (RP)

SAIBA MAIS

ESCOLA ATUAÇÃO

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ALIMENTAÇÃO
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atuacao@escolaatuacao.com.br

ACAMPARK

(19) 3486-2065 contato@acampark.com.br www.acampark.com.br www.instagram.com/acamparkoficial

ACAMPARK

EDUCAÇÃO

CIDADE DO LIVRO

(11) 98659-5023 www.cidadedolivro.com.br www.instagram.com/passeiocidadedolivro

Utilizando o edutretenimento (união entre educação e entretenimento) como método de tra balho e desenvolvimento de projetos, o ACAMPARK assumiu, no último ano, após mais de dez anos desde a abertura da empresa – que à época levava o nome de Ecologic Park – a identidade definitiva de “um parque temático pedagógico, com a missão de oferecer entre tenimento educativo às crianças e adolescentes de todo o Brasil. O nome ACAMPARK vem da junção entre a tradição dos ACAMPAMENTOS e as atrações de um PARK temático”, comenta Marcelo Rivaben, diretor geral da empresa.

O entretenimento, conta Marcelo, é um interessante recurso que não só aumenta o interesse e o engajamento dos estudantes, como também é capaz de tornar o aprendizado mais dinâmico, divertido, empolgante e interessante. Com um local muito bem estruturado para receber as es colas – tanto para o Day Camp como para os acampamentos com pernoite – o diferencial do parque temático educativo são as atrações pedagógicas, com estudo do meio (1º ao 6º ano), imersão em inglês (1º ao 9º ano), e viagem de formatura do 5º e do 9º ano. “Além das atrações pedagógicas, o local conta com excelente infraestrutura de pousadas e restaurante, atividades de lazer, como piscinas com toboágua, tirolesa, trilha de aventura e equipe altamente qualificada para receber as escolas”, ressalta Marcelo Rivaben.

CIDADE DO LIVRO

“Fundada em 1997, a Cidade do Livro é u ma livraria tem á tica que já recebeu milhares de crian ç as e m um espa ç o ce nográ fico, que ajuda a formar desde cedo o h á bito da leitura”, con ta Claudio Fernandes Amadio, idealizador da Cidade do Livro. Apresentadas de forma lúdi ca, as atrações ocorrem em um ambiente coberto, seguro, em uma área de 2.000m2, reu nindo diversão e cultura, e proporcionando aos grupos escolares uma imersão no fantástico universo da leitura. A Cidade do Livro possui dois projetos que estão de acordo com a BNCC: Kids, direcionado aos alunos de Educação Infantil ao 3º ano; e Teens, para os estudantes do 4º ao 6º ano. No Projeto Kids, conta Claudio Fernandes Amadio, o passeio começa em uma livraria com uma coleção de livros gigantescos e os visitantes percorrem seis etapas do passeio. Já o Projeto Teens retrata uma editora abandonada e o trajeto aguça a curiosida de pelo universo dos livros e da leitura. E para incentivar ainda mais a leitura, há uma loja on-line exclusiva, “onde os pais compram os livros e as crian ç as recebem no dia do passeio, tudo separado individualmente e etiquetado com os dados”, garante.

“A Cidade do Livro é u m passeio único e importante para os alunos de Educa çã o Infantil e Fundamental I, pois o gosto pela leitura est á intimamente associado aos estímulos propicia dos à c rian ç a de sde os primeiros anos de vida. Acreditando que a leitura e o livro s ã o, e ntre outras coisas, ferramentas indispens á ve is para o desenvolvimento e a atua çã o pl ena do cida d ã o, d estacamos a import â ncia do livro como fonte inesgot á ve l de entretenimento, informa çã o, l azer e cultura”, finaliza o idealizador.

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OLHO
FIQUE DE
Imagem: Adobe Stock & DIVERSÃO
A relação entre educação e entretenimento tem se mostrado, cada vez mais, como uma potente ferramenta metodológica para o desenvolvimento educacional. Assim, o conhecimento transcende as salas de aula e explora, em atividades, passeios e plataformas digitais, uma forma interativa e lúdica que gera sentidos e experiências significativas. Neste especial do Fique de Olho, apresentamos empresas que propõem às escolas variadas maneiras de entrosamento com o aprendizado. Confira!

ESCAPE 60 EDU

(11) 3061-5158 contato@escape60edu.com.br www.escape60edu.com.br www.instagram.com/escape60edu www.instagram.com/escape60oficial

Com foco inicial em entretenimento para todas as idades, o Escape 60’ surgiu há mais de sete anos propondo uma atração interessante: em salas temáticas com cenários diversos os partici pantes precisam solucionar enigmas e mistérios para escaparem dos espaços em 60 minutos. Durante a pandemia de Covid-19, com as recomendações de segurança do distanciamento so cial, o Escape 60’ estreitou a sua relação com a educação e criou uma plataforma gamificada, direcionada para os estudantes do Ensino Fundamental I e II, com o conteúdo sendo trabalhado por meio de enigmas. “Não existe uma plataforma que tenha este propósito no Brasil”, afirma Jeannette Galbinski, diretora de marketing da empresa.

Tendo a BNCC como base, a plataforma Escape 60 Edu proporciona um conjunto de experiên cias aos estudantes, como o trabalho em equipe, a observação, o protagonismo, um conteúdo personalizado e inovador, o desenvolvimento da criatividade, além de um aprendizado divertido, desafiador e com muita emoção. “Temos o espaço Maker, onde o aluno ou o professor podem desenvolver seus próprios enigmas. E os professores têm na plataforma um acompanhamento em tempo real do progresso de cada aluno, da sala e por enigma ou assunto”, explica a diretora. “O gestor que compra os nossos produtos está levando para a escola uma ferramenta moderna, que tem como base as novas habilidades do século 21, além do engajamento dos alunos aprendendo de forma divertida”, completa Galbinski. Você aceita este desafio?

FESTOU

FESTOU

(11) 94084-1577 www.festou.com.br

SITIOLÂNDIA

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Atuando na área do entretenimento infantil, a Plataforma Festou é uma startup, localizada em São Paulo, que disponibiliza para as escolas “um sistema de gestão e venda de ingressos para eventos internos e externos, oferecendo facilidade aos pais na aquisição dos ingressos e controle total do fluxo de vendas dos ingressos”, diz Walmir Fernandes, um dos fundadores e diretor da plataforma. Além do sistema de gestão, a Festou possui um portfólio de passeios escolares, in cluindo parques de diversão e buffets infantis, para todas as regiões de São Paulo.

Atendimento humanizado via chat para auxiliar em todo o processo é um dos diferenciais da plataforma, conta Walmir. “Oferecemos às escolas o pacote completo: automatização e gestão dos ingressos, portfólio de passeios escolares e até a oferta de eventos dentro das escolas, com atração, alimentação e gestão dos ingressos, tirando da escola toda a burocracia que tanto dificulta a vida dos gestores escolares”, ressalta Walmir Fernandes. “É muito gratificante perceber como a solução de gestão e venda dos ingressos escolares tem agradado os gestores de escolas. Mais de um gestor já nos disse que, em tempo de eventos grandes, chegam a ficar doentes de tanto estresse. Com a Plataforma Festou, todo o trabalho burocrático é minimizado, e os organizadores dos eventos se concentram na parte boa e criativa, que é cuidar do con teúdo dos eventos”, conclui Walmir. “É muito bom perceber as escolas subindo na plataforma o terceiro, quarto ou quinto evento, sinal de que estamos acertando com a nossa solução”, completa Marcelo Golfieri, também fundador da Festou.

SITIOLÂNDIA

Localizada em uma área de 74.000m² na Serra da Cantareira, em São Paulo, e conhecida por proporcionar um excelente atendimento ao público, a Sitiolândia Eco Park oferece atrações para crianças entre 2 e 11 anos, subdivididas entre as áreas pedagógica, ambiental, cultural, recreativa, esportiva e socioemocional. Com 25 anos de história, as múltiplas atrações do parque complementam as diretrizes do currículo pedagógico de uma maneira lúdica e divertida.

Gabriel dos Reis, COO da Sitiolândia, destaca as atividades que são trabalhadas ao longo do passeio pedagógico: cultura indígena, fazendinha, teatro ecológico, jardim sensorial, hor ta orgânica, estação ciências, casa reciclar, estudo dos biomas, arvorismo, tirolesa, labirinto, aventura dinossauro, aventura elefante, trilha, brinquedos eletrônicos, brincadeiras tradicionais, casa de pau a pique, aquário natural e os projetos mensais temáticos. “O gestor escolar pode esperançar boas expectativas desde o início até a conclusão do passeio”, diz. Segundo o Ga briel, o parque possui uma central de atendimento experiente para auxiliar em todos os aspectos do passeio. “Convidamos os gestores interessados a realizarem uma visita técnica no parque. Isso pode ocorrer em um dia de passeio pedagógico, em dias úteis, ou aos finais de semana, na abertura ao público, onde liberaremos cortesias de entrada para você e sua família. Será um prazer recebê-los para vivenciarem o nosso trabalho”, convida Gabriel dos Reis.

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Aeducação – e seus intrínsecos de senvolvimentos – é reconhecida como um denso processo ininterrup to de mudanças. E, se expandirmos essa ideia, temos visto muitas mu danças que ocorreram tanto no sistema educa cional como no cotidiano social. Em uma breve retrospectiva, o ano de 2022 teve importantes alterações. O aumento da população vacina da, incluindo crianças e adolescentes, contri buindo para o retorno às aulas presenciais; o início da implantação do Novo Ensino Médio e as discussões sobre o novo ENEM. Além das eleições, realizadas no segundo semestre, e que nortearão as decisões políticas nos próxi mos quatro anos.

Diante dessas mudanças – e de tantas outras, sem deixar de lado os efeitos em variadas áre as que ainda carregamos da pandemia de Co vid-19 – o que podemos esperar da educação em 2023? A partir dessa pergunta, trouxemos, neste especial que contempla os meses de de zembro/2022 e janeiro/2023, falas de profis sionais que atuam em diversas áreas refletindo sobre o próximo ano letivo. Confira:

“O ano de 2023 terá um novo Ministério da Educação e isso pode ser determinante para a retomada de políticas públicas estruturantes na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes, por conseguinte o direito à edu cação. Os últimos anos foram marcados não apenas pela pandemia da Covid-19 e seus efei tos sobre os sistemas de ensino, escolas, pro fessores, famílias e crianças, como também a volta de problemas que já tínhamos melhorado nas últimas décadas.

CONVERSA COM O

NOVO CICLO: BALANÇOS E REFLEXÕES PARA O PRÓXIMO ANO LETIVO

em uma perspectiva inclusiva e não clínica-mé dica como o decreto estimula.”

2023 é o ano também em que a sociedade ci vil, especialistas, famílias e inúmeros estudantes com deficiências aguardam a suspensão defini tiva pelo Supremo Tribunal Federal do Decre to 10502/2020. Este decreto presidencial de setembro de 2020 instituiu a Nova Política de Educação Especial. Não há dúvidas da neces sidade de revisão e aprimoramento da Política de Educação Especial em nosso país. Contudo, o decreto é inconstitucional ao prever que estu dantes com deficiência sejam avaliados, e que essa avaliação determine se eles devem ou não estar na escola comum. Além disso, ele carac teriza como educação serviços especializados segregados e clínicos. Em pouco tempo, o de creto abriu um precedente para o aumento de recusa velada de matrícula de estudantes com deficiências da rede regular de ensino, ou seja, exclusão escolar.

Com a perspectiva da suspensão definitiva do Decreto em 2023, o Brasil pode dar continui dade à política de educação especial no rumo certo: fazendo cumprir a meta 4 do Plano Na cional de Educação, em especial a ampliação do Atendimento Educacional Especializado, maior acessibilidade física na infraestrutura es colar e retomada da formação de professores

“O cenário educacional apresenta diversos de safios não somente para 2023, mas para os anos seguintes. O primeiro aspecto a ser consi derados é o fato de que os alunos ainda sofrem os efeitos do cenário pandêmico. Muitos deles encontraram dificuldades de aprendizagem durante os dois anos, por isso entendo que esse é um dos maiores desafios. É imprescindí vel, portanto, aplicar diferentes ferramentas de avaliações diagnósticas que permitam mapear as lacunas de aprendizagem, bem como cons truir planos de ação pedagógica para recupe rar essas lacunas.

Dificuldade de concentração e atenção – cer cados de mídias sociais, de conflitos internos, externos e de excesso de tarefas, os alunos têm mostrado uma dificuldade de concentra ção além da já existente. Estamos olhando um cenário que requer intervenções pedagógicas diferenciadas e aulas mais dinâmicas (metodo logias ativas, recursos tecnológicos, etc.)

Outro desafio que posso mencionar está rela cionado à implantação da reforma do Ensino

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GESTOR
Diante de tantos fatos marcantes que atravessamos ao longo deste ano, sem abandonar os efeitos da pandemia de Covid-19 que ainda ressoam em variadas camadas sociais, o que podemos esperar da educação em 2023?
Raquel Franzim – Diretora de educação e cultura da infância do Instituto Alana Cláudio Falcão – Diretor do Sistema de Ensino pH

Médio e ao novo ENEM, que terá sua aplica ção em 2024. Embora existam lacunas e inter rogações sobre esse processo, como a divulga ção da matriz do novo ENEM, já temos acesso a documentos que apontam para uma direção diferente do que se imaginava num primeiro momento.

O uso de recursos tecnológicos no ensino é outro ponto relevante. Durante a pandemia, escolas e professores avançaram muito no que tange à utilização desse tipo de recurso. Com a volta do cenário presencial, não podemos des cartar esses aprendizados. Os ganhos relati vos à escola e à produção de diagnósticos são imensos e devem continuar. Não é um caminho fácil e nem constante, retrocessos acontecem e adaptações são necessárias, no entanto, trata -se de um elemento primordial para a forma ção de uma geração nativa digital.”

étnico-racial também será um grande desafio, pois já não é mais possível deixar de combater o racismo estrutural no país e as escolas têm papel determinante nesta luta.”

“O setor educacional privado tem enfrentado inúmeros desafios cotidianos e o próximo ano não será mais calmo. Não se pode mais adiar o enfrentamento do alinhamento da BNCC com os currículos praticados pelas instituições esco lares, portanto, a concretização de um projeto centrado na construção de competências deve sair do papel, e a prova definitiva dessa mu dança será a avaliação.

Além disso, o gestor já não pode mais tomar decisões com base na intuição ou impressão, é necessário obter dados concretos e organi zados sobre os resultados das ações pedagó gicas. Portanto, além de foco na construção e avaliação de competências, será preciso regis trar, organizar, analisar dados e gestar planos de ação a partir deles. E estes procedimentos são inegociáveis quando a escola pretende encarar seriamente as defasagens que a pan demia criou. Um mapeamento objetivo que vá além de um diagnóstico apressado é urgente!

Por outro lado, no âmbito das novas deman das, as escolas não poderão se furtar do en frentamento da questão da diversidade, e não basta ter em seu quadro discente alunos com deficiência, será preciso saber com clareza como apoiar seu desenvolvimento. A questão

“O uso das tecnologias educacionais e o de senvolvimento das competências socioemocio nais são grandes temas para o ano de 2023. Para estimular o engajamento estudantil, ges tores escolares, diretores, professores, devem inserir as tecnologias, que já fazem parte da vida dos estudantes, por meio de experiências criativas que façam sentido para o trabalho docente e os levem ao uso responsável dessas ferramentas e o desenvolvimento do senso críti co sobre os conteúdos disponíveis.

Na mesma medida, a saúde mental de jovens e crianças nunca esteve em tanta evidência. O tema se tornou de grande importância e abre um caminho fundamental para que os estudan tes aprendam a lidar com as próprias emoções, em um mundo altamente conectado, veloz e mutável. Vale destacar que, o comprometimen to com o desenvolvimento de competências so cioemocionais é a base da orientação pedagó gica nacional por meio da BNCC, assim como nos Projetos de Vida, descritos na parte flexível do currículo do Novo Ensino Médio.

É com este olhar que a Árvore tem entre suas iniciativas o Sentir, programa de educação so cioemocional, desenvolvido em parceria com o Educa. Por meio de uma trilha de aprendi zados, orienta a comunidade escolar e ajuda os alunos a desenvolverem novas habilidades para lidar com os conflitos da vida contem porânea, os desafios da vida pessoal, assim como as exigentes demandas do mercado de trabalho.”

“Se 2022 foi o ano em que os itinerários for mativos do Ensino Médio entraram em vigor, 2023 vai ser marcado pela continuidade da consolidação dessa mudança. E aqui desta camos o quinto itinerário, de formação técni ca e profissional, como umas das opções de flexibilização curricular. Ainda que os estados (principais responsáveis pela oferta de Educa ção Profissional e Tecnológica na rede pública)

estejam trabalhando para ampliar e democra tizar a oferta de Educação Profissional e Tec nológica (EPT), essa modalidade ainda é pouco difundida.

Um relatório que a Organização para a Co operação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), elaborado a pedido do Itaú Educa ção e Trabalho, mostrou que a média de jo vens em cursos técnicos é de 42% nos países membros da OCDE, enquanto no Brasil, ainda é de apenas 11%. Pesquisa recente do Atlas das Juventudes, também realizada com apoio do Itaú Educação e Trabalho, revelou que quase metade dos 16 mil jovens entrevistados consi deram que os conteúdos mais importantes na escola estão relacionados à preparação para o mundo do trabalho. Esse é um desejo deles, que precisamos atender.

Em 2023, há muito a ser feito por todas as fren tes envolvidas com educação, para resgatar e fortalecer esse direito fundamental das crian ças e dos jovens. Além das ações de responsa bilidade direta das instituições de ensino nesse sentido, cabe acompanhar de perto a agenda nacional sobre esse tema, principalmente em políticas direcionadas a fortalecer a Educação Profissional e Tecnológica, que garantam opor tunidades de futuro para as juventudes.

Neste novo ano que se inicia, debates pú blicos e coletivos devem ser direcionados a ações como a recomposição da aprendizagem pós-pandemia, a constituição de uma Política Nacional de Educação Profissional e Tecnoló gica, novo ENEM, financiamento da EPT, Plano Nacional de Educação, entre outras medidas urgentes para contribuir com a formação dos jovens e promover a inserção digna no mundo do trabalho.”

“Do ponto de vista do Novo Ensino Médio, o Colégio Anglo Chácara Santo Antônio está se guindo o caminho da implantação, avançando ano a ano, e com previsão de se concretizar em 2024. Ao meu ponto de vista, a experiência trazida de 2022 ajuda a melhorar em 2023,

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Sônia Barreira – Diretora pedagógica da Bahema Educação André Sampaio – Especialista Árvore e Professor de Ensino Médio Diogo Jamra – Gerente de articulação do Itaú Educação e Trabalho

ainda existam problemas decorrentes da pan demia, mas a ideia é que com o passar do tem po, as coisas vão melhorando. Esperamos um 2023 desafiador, porém melhor do que 2022.”

principalmente na disciplina de Itinerários For mativos, composta por uma série de novidades na forma do conteúdo, e em como é trabalha do. Para muitos professores, isso poderá trazer algumas dificuldades, o que é muito natural. A ideia é que no próximo ano, durante as reu niões pedagógicas, nós consigamos alinhar todas as dúvidas, e ter um ano melhor, com o material sendo rodado com mais eficiência, a partir da experiência de 2022.

O ano de 2022 prometia ser mais tranquilo com o abrandamento da pandemia, e que as coisas voltariam ao normal. Mas, pelo contrá rio, foi um ano muito desafiador nas questões emocionais, em relação as dificuldades de aprendizado e entre os alunos. Entendemos que as consequências dos dois anos de pan demia não seriam totalmente superadas em 2022. Ainda achamos que no ano de 2023

“Entendemos que em 2023, o trabalho so cioemocional deve ser ainda mais forte em todas as escolas, considerando os inúme ros produtos e materiais didáticos que tra tam deste tema e que estão disponíveis para consulta e adoção. Isso comprova a grande tendência de 2023, o que era antes feito de forma intuitiva agora ganha plataforma, apli cativos e consultorias que auxiliam escolas e estudantes neste trabalho. O mesmo deve acontecer com a educação financeira, que ganhou enorme relevância devido ao impacto econômico que afetou muitas famílias.

Para o Ensino Médio, 2023 será o segundo

ano de implantação dos Itinerários Forma tivos. Todas as escolas aprenderam muito sobre os conteúdos, modelos de aula e áre as de interesse dos alunos, e para 2023 é esperado que consigam aprimorar o currí culo de cada uma das áreas gerando maior engajamento por parte dos estudantes. Uma grande expectativa é um entendimento mais claro de como será o novo ENEM, haja vista que cada escola pôde optar pelas temáticas e área de conhecimento que tivessem maior aderência por parte dos estudantes.

Com professores e estudantes já readapta dos ao modelo presencial, 2023 deverá ser o ano da retomada do ritmo de estudo. E jun tamente com a evolução do contato social, a utilização de metodologias de ensino di ferenciadas, que possibilitem a interação, a colaboração, a construção da autonomia e do protagonismo dos alunos, é fator funda mental para o desenvolvimento completo do estudante. Escolas que tragam essa inovação terão melhores resultados e conseguirão aten der de forma mais holística às necessidades de uma sociedade em transição.”

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Lucas Seco – Diretor do Colégio Anglo Chácara Santo Antônio Victor Hugo Santana – Diretor da rede de escolas Luminova

Aeducação tem sido guiada, espe cialmente nos últimos anos, sob as fortes influências da globalização. Economia, política, mercado de tra balho, profissões e o âmbito educacional estão, cada vez mais, em conformidade com as cor rentes globais. Na prática, as demandas con temporâneas apontam para o desenvolvimento de uma educação internacional, para além do domínio de um segundo idioma.

De acordo com Victor Vasques, gerente de marketing e vendas do setor, atravessamos um período fortemente influenciado pelo mercado, no qual o ensino bilíngue não representa um diferencial significativo, “é necessário ofertar um diploma como o de High School, que abre portas no Brasil e no mundo, seja no mercado

EDUCAÇÃO INTERNACIONAL

de trabalho ou em universidades”, diz. Dessa forma, a internacionalização do currículo (ou o programa de High School voltado para o En sino Médio) responde a uma dupla demanda, tanto do mercado como dos anseios das famí lias e dos próprios estudantes.

Em uma breve definição, Vasques afirma que “o High School é a possibilidade de alunos brasileiros acessarem o melhor da educação internacional e conquistarem diferenciais re levantes em seus currículos ainda no Ensino Médio”, conta Vasques. “Além da fluência na língua inglesa, do contato com profes sores estrangeiros e do desenvolvimento de habilidades diversas, o High School é uma vivência cultural que possibilita aos estudan tes explorarem matérias que não existem em

currículos brasileiros”, complementa.

Para os/as gestores/as que desejam implemen tar o programa na instituição, Vasques sugere algumas dicas: “Os bons programas de High School são aqueles que não somente ofere cerem diferenciais relevantes em termos aca dêmicos e de diplomas, mas também que se adaptam às expectativas da sua comunidade escolar. Pergunte por formatos de operação, se a precificação é em real, sobre a flexibili dade dos horários de estudo e o conteúdo de marketing compartilhados”. (RP)

SAIBA MAIS

VICTOR VASQUES vemcvasques@gmail.com

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DICA:
PROGRAMA HIGH SCHOOL
Imagem: Adobe Stock
Direcional EscolasDezembro 2022 e Janeiro 2023 30 ACESSÓRIOS (VENTILADORES, BEBEDOUROS), AGENDA DIGITAL, BRINQUEDOS EDUCATIVOS, CONTABILIDADE, GRAFITE E PINTURAS ARTISTICAS
Direcional EscolasDezembro 2022 e Janeiro 2023 32 BRINQUEDOS ESPUMADOS, GRAMA SINTÉTICA, PLAYGROUNDS
Direcional EscolasDezembro 2022 e Janeiro 2023 34 ATIVIDADES EXTRACURRICULARES, PLANO DE SAÚDE, TOLDOS E COBERTURAS

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