Meu conto de fadas real
matéria especial
A Revista Celebrar ama interagir com você, leitor. Nesta edição, trazemos um conto de fadas da vida real. É a história de Luzilaine Nunes, contada por ela mesma, que nos inspira pela garra, pela superação e, principalmente, pelo amor do casal Conheci meu príncipe no final do ano 2001, Fábio Souza. Até mesmo para conhecê-lo foi uma grande batalha... Fui convidada para uma festa de 15 anos de uma amiga, fazemos aniversário na mesma data, 06/12. Eu também sonhava com uma festa de 15 anos; mas, naquela época, era impossível. Eu morava com meus pais e três irmãos, em um barraco de lona, em uma favela na cidade de Dourados. Muitas vezes, não tínhamos nem o que comer e, muitas vezes, dependíamos até de doações. Então, aquela festa tão almejada por todas as meninas dessa idade, para mim, teria que continuar sendo apenas um sonho! Nossa! Mas eu estava tão feliz por ter sido convidada
Eu saí correndo para abrir o pacote, e lá estava o vestido mais lindo que eu já tinha visto na vida! Quem me conhece sabe que vivo em costureiras fazendo ajustes até mesmo em roupas novas, mas aquele vestido era perfeito, não precisava mexer em nada. Quando vesti, foi como se ele tivesse sido feito para mim! Outro amigo do meu pai, chamado Miguel, comprou a sandália a prestação em uma loja e me deu de presente. Também ganhei maquiagem e penteado de um querido e amado amigo, Mario Espindola, a quem eu já havia ajudado em alguns eventos. Enfim, eu estava pronta para a noite que mudaria o rumo de toda a minha história. Quando bati os olhos no Fábio, eu entendi o porquê de tantos sacrifícios para estar ali naquela festa. Aquele Príncipe já havia sido separado para mim! No fim da festa, ele me acompanhou até em casa e nos beijamos pela primeira vez... Desde esse dia, nunca mais nos separamos.
para participar da valsa! Afinal, como também era meu aniversário de 15 anos, eu estaria também vivendo uma noite mágica.
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O Fábio foi convidado para ser o príncipe que dançaria a valsa com minha amiga. Eles não eram namorados; mas, como era o rapaz mais conhecido pela família e de confiança do pai dela, assim foi feito. Faltando dois dias para a festa, eu sentia meu coração despedaçado, não tinha condições de comprar um vestido nem o sapato para a festa e muito menos conhecia alguém que pudesse me emprestar. Todas as meninas à minha volta eram da mesma classe social, vivíamos com tão pouco, o que vestir era uma das menores preocupações. Condições de extrema pobreza. Mas nós tínhamos um valioso tesouro, chamado amizade verdadeira. Então, foi o que me salvou. Minha fada madrinha... Jandir César Machado era um grande amigo da minha família e sabia de tudo que acontecia em casa. No sábado de manhã, ele apareceu no meu humilde barraquinho de lona e trouxe um pacote. Disse para minha mãe, dona Francisca: “Consegui o vestido para sua filha ir à festa”.
Ele não se importou em namorar uma favelada, mesmo sendo criticado por muitos; afinal, a família dele tinha uma condição bem superior à da minha família. Mas a história verdadeira do Fábio não era tão linda como muitos imaginavam. Aos quatro anos de idade, o pai dele foi assassinado. A mãe ficou sozinha, com nove filhos, os quais foram separados, deixados em lares de adoção. Ele foi o primeiro a ser adotado e cresceu longe dos seus oito irmãos. Mesmo com um começo de vida tão trágico e triste, ele sempre foi o rapaz mais admirável do seu meio, muito estudioso, honesto e trabalhador. Namoramos quase dois anos. Sonhávamos em nos casar, fazer tudo certo, como manda o figurino. Eu era a única filha mulher do meu pai. Ah! Como eu queria dar