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Slams Corpo Grita
Iasmyn Santos e Rejane Arruda
Vazio que preenche sentimento. Eu sou o mundo. E tudo o que nele há... Eu sou o estranho no meio de tantos normais. Eu sou o grito pela liberdade. Eu sou a sociedade que oprime, ofusca e ataca. Eu sou o grito pela liberdade, sou o silêncio e as observações de quem fere. Eu sou aquele que respeita o direito do próximo e espera a sociedade crescer, pra perceber, que somos todos iguais. Sim. Somos todos iguais.
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Fig.1: Iasmyn Santos e Rejane Arruda no Slam Corpo Grita

Ester Domingos e Felipe Viana
Que que ela ta falando? Olha! Ela é surda... Gente!... Ah, você é surda? Tadinha! Ela não fala... Você vai conseguir crescer... Será que ela vai conseguir fazer faculdade? Tadinha, não consegue falar. Olha, eu conheço um médico que pele ode te curar desse problema. Que vc acha? Não entendeu.....Não entendeu.... A opressão é tanta que as vezes dá vontade de tirar o coração do peito e com a faca que eu carrego na minha cintura, matá-ç0, mata-lo, mata-lo, mata-lo... Matar-me?! ... Você é surda, coitadinha! Você é surda, será que vc vai conseguir se formar? Você precisa ir em um médico, existe hoje tecnologias, que te implantam e te fazem ouvir.... Eu quero ter uma familia. Senhor, eu tenho uma familia eu vou trabalhar muito. Eu tenho essa vontade sim... Opressão, opressão! Coitadinha! Mas ela escuta. Ela não fala, ela não sabe se comunicar (Grito).
Fig.2: Ester Domingos no Slam Corpo Grita


Tainá Arruda e Rhayllander Herique Bill
Escola. Adentro minha sala de aula. Sento. Bla bla bla bla. Português. Blab bla bla. Português. Bla bla bla (grito) Bla bla bla bla Português. Libras? Libras? Oi? Surda? Surda, sim! Bla bla bla bla, Libras (Som de estar sugando algo) Libras Libras Libras.
Fig.3 e 4: Rhayllander Herique Bill e Tainá Arruda no Slam Corpo Grita


João Leno e Simone.
Bem, no passado, nasceu um bebê... Ohhhh um bebê... Um bebê tão pequenininho... da palma de uma mão.... vocês conseguem imaginar... palma de uma mão... Coitadinho do bebê... o médico olhava aquele bebê... Ah vai morrer... A mãe olhava aquele bebê.. Ah meu filho, meu filho... Da palma de uma mão... Como pode isso... O bebê cresceu, cresceu.. ficou
forte, com saúde, muito forte. Ele ouvia sim! Ele não falava! Ficava sozinho, sozinho... Oh!...
As pessoas sim.. , não queriam ficar perto dele... Mas um dia veio uma menina, perto de mim, e me deu um chocolate... Que alegria. Agora estou feliz, alguém chegou perto de mim... E depois vieram mais mais amiguinhos e eu fiquei muito feliz. Uau que felicidade! Eu ouço, mas não falo. Eu falo com Libras. Este sou eu, muito obrigada.
Fig. 5: João Leno no Slam Corpo Grita



Pedro Witchs e Mara Correia.
Já desci. Por todo esse corpo. E não vi. Quem me botou aqui. Mas se conhecer de verdade, coragem. Que coragem? Hei de ter, quando tão bem notarem. Que não tem esse trem de. Homem? Pois, tu és. Natural que sejas. Mas, é algo, mais que a tua mão.
Fig. 6: Mara Correia e Pedro Witchs no Slam Corpo Grita
Dione e Cassio.
Nasci bebê surdo. Minha mãe tentava analisar. Tentava, tentava, olhava, olhava,
olhava e não entendia. Foi crescendo, crescendo, crescendo. Comecei a perceber e observar que podia falar com as mãos. O surdo sorri feliz.
Fig. 7: Cassio no Slam Corpo Grita

Raphaella Vasconselos e Claudia Vieira.
Um alguém só meu... escapa. Um alguém inteiro... me escapa. Meu par perfeito.... Ilusão. Sou filha da africa. Negra, surda, mulher, lésbica empoderada, feminista. Surdo e ouvinte, surdo e ouvinte. Igual, desigual, desigual, igual. Comunique-se. Lingua Brasileira de Sinais. Eu e você, você e eu... Um par perfeito.
Fig. 8: Claudia Vieira e Raphaella Vasconcelos no Slam Corpo Grita

Arlene Batista e Claudia Vieira.
Na relva do campo eis que surge uma flor. Mas, que bela flor!. E dela surgiram outras flores. Cheirosas, maravilhosas. Interagiam entre si, visualmente. Lingua Brasileira de
Sinais. Porém, nem todos gostaram daquelas flores. Arrancaram suas pétalas, destruiram seu cheiro, mataram sua alegria. E o tempo passou. Passou. As suas raízes resistiram, e fizeram brotar uma nova flor. Flores? Varias flores... preencheram o jardim. Novas cores, novos cheiros, novos amores. Porque viver é resistir.
Fig. 9: Arlene Batista no Slam Corpo Grita

Ana Maria Botelho, Rhaylander Herique Bill e Thalia Lino.
Quero acordar a cidade! Quero acordar a cidade que dorme nos homens. E depois, acende-las todas, com luzes e sombras, risos e ruídos, gritos e sussurros, cheiros e calores, ventos e dores, alegrias e paixões. E que tudo dure um minuto. Que seja uma centelha, um brilho, um toque, um aviso, uma lembrança.
