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Figura 12 - Torre Eiffel e Empire State Building

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homenagem ao feriado brasileiro, além da utilização de imagens de anos anteriores para apresentar que uma grande quantidade de apoiadores tiveram presente.

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Figura 11 - Torre Eiffel e Empire State Building

Toda esta desinformação não é simplesmente jogada na rede, as ferramentas de marketing que impulsionam as publicações são fundamentais para a construção da popularidade destas narrativas, “no Facebook e no Instagram, por exemplo, é possível pagar para que um conteúdo atinja mais pessoas, seja visto mais amiúde ou alcance certos públicos (segmentados por idade, gênero, localização e outros parâmetros)”. (MELLO, 2020) Tendo dito isso, e tendo em mente como as fábricas de fake news estão presentes, além do que já é feito, surge uma questão: quais as estratégias para combater essa onda de desinformação e conquistar mais credibilidade dentro do espaço digital? Primeiramente é necessário entender que a internet certamente democratizou muito as informações, entretanto, essa democratização ainda não atinge 100% da população brasileira, e que também formaram se diversas bolhas sociais, que agem de acordo com seus vieses de confirmação. Tendo dito isso, qual seria a função do jornalismo neste cenário? O primeiro passo é justamente furar as

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bolhas com conteúdo que sejam relevantes a todos os tipos de público, pois é através delas que se inicia o movimento de desinformação.

Que acaba trazendo como uma consequência um grande movimento de polarização, que devido a intensidade que passou a se viver nas redes sociais, aumentou exponencialmente. Até porque, independente do seu posicionamento político, hoje a sociedade num todo é muito mais engajada em questões de agenda pública, atividade que antes era apresentada exclusivamente pelo jornalismo. Porém existem alguns pontos que podem nos deixar esperançosos de uma recuperação da credibilidade jornalística, podemos dizer com um certo otimismo que este combate não é somente feito por jornalistas, a democratização de informação que a internet trouxe, citada acima tornou a sociedade ao menos um pouco mais crítica no que se diz respeito a realmente procurar informações. Como podemos ver na recente pesquisa feita pela Agência de Notícias, Reuters, que indica que 84% dos brasileiros ativos na internet se preocupam fortemente com as fake news . 30 Estes dados indicam uma mudança no comportamento dos consumidores, tornando muito mais difícil a produção de notícias falsas.

Um ponto que precisa ser agilizado urgente de maneira oficial é a regulação mais efetiva na filtragem de conteúdos que circulam por estas redes, como por exemplo, os filtros aplicados no Facebook, Instagram e Twitter, que incluiam um selo de aprovação do conteúdo quando se tratava da Covid-19, no caso das informações serem falsas, a publicação era bloqueada e excluída é uma opção bastante viável de evitar a disseminação e facilita a filtragem por parte dos usuários. A ampliação da informação é uma das mais importantes armas que o jornalismo possui no combate às fake news. Quando digo ampliar, me refiro ao sentido de ensinar verdadeiramente como funcionam as mídias. Ou seja, educar midiaticamente a sociedade, afinal, as atualizações constantes de ferramentas e sistemas digitais são difíceis de serem acompanhadas, ainda mais por um público que não foi educado para lidar com o acesso desta forma de comunicação. (MENEZES, 2020) Em outras palavras, ensinar a população como identificar notícias fakes, ergueria a credibilidade dos veículos

30 Disponível em: https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/sites/default/files/2020-06/DNR _ 2020 _ FINAL.pdf ; Acesso em: 24 de novembro de 2021;

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jornalísticos, que por sua vez precisam se colocar de maneira mais ativas nas mídias que esta população se encontra, como é o caso das redes sociais e plataformas digitais.

Este tipo de estratégia é fundamental para evitar outra onda de notícias falsas como a que aconteceu nas manifestações do dia 7 de setembro de 2021. Até porque, em 2022 teremos novas eleições presidenciais, e tendo em mente que durante as últimas eleições para o cargo de chefe máximo do poder executivo, houveram milhares de notícias falsas, é muito provável que um movimento similar se repita. Afinal, uma das peças centrais para essa recente popularização das fake news é justamente o atual presidente - que em seu mandato caótico teve diversas dessas notícias atreladas a sua figura -, e que estará presente como candidato nas próximas eleições. Este é um ponto de extrema importância, pois seja na campanha, durante a pandemia ou mesmo no último Dia da Independência, Jair Bolsonaro sempre manteve a postura de defender seus vieses de confirmação, independente se as suas afirmações fossem ou não falsas. O presidente manteve cada uma delas enquanto lhe convinha, podemos citar como exemplo, o caso em que Bolsonaro ridicularizou o Coronavírus", ao declarou que a Covid-19 não o mataria devido ao conta de seu histórico de atleta, afinal não passava de uma "gripezinha", ou mesmo as indicações do uso de Cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento da doença, voltando atrás dizendo que jamais teria dado este tipo de declaração.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo um dos termos mais utilizados por jornalistas, jornais e governantes, as fake news se tornaram um fenômeno com uma proliferação tão intensa, que podemos inclusive compará-la com um vírus. Somente neste ano de 2021, além das diversas informações falsas sobre a Covid-19 tivemos uma grande quantidade deste tipo de conteúdo circulando pelas redes sociais dos brasileiros no dia 7 de setembro. A fim de entender qual a atual posição do jornalismo neste cenário e como ele pode ser relevante no combate às fake news, este trabalho buscou através de uma pesquisa empírica entender os funcionamentos do jornalismo digital em si, qual o papel dos algoritmos na sociedade e como às fake news interferem no trabalho jornalísticos. Durante o estudo percebemos que apesar da internet ter facilitado o acesso à informação para todos, e do jornalismo estar nela a um certo tempo, é fato que ele demorou um pouco para se adaptar a essa nova era digital que é encabeçada pelas redes sociais. No processo para entender como o jornalismo digital funciona, foi apresentado um pouco da sua história e como três dos jornais mais acessados do Grupo Globo de Comunicação trabalham, passando pelo tipo de portal que eles se encaixam (FERRARI, 2003), e apresentando também o design e a regularidade desses jornais nas redes sociais. Local onde, os produtores de notícias falsas, que sempre estiveram ocupando um lado mais obscuro da informação, assumiram o protagonismo e passaram a atuar nele com cada vez mais força, desenvolvendo novas técnicas de proliferação para a disseminação de fake news.

Conforme analisamos, podemos chegar a conclusão de que o processo de disseminação de fake news, além de possuir diversas motivações - que podem ir desde vantagem política a benefícios financeiros -, as etapas do processo possuem um objetivo em comum, descredibilizar a imprensa, a fim de alavancar os próprios conteúdos falsos. Para isso, os produtores de fake news se valem de todos os métodos possíveis, chegando ao ponto de se utilizarem de violência verbal e digital (MELLO, 2020) Dentro deste cenário, também temos a atuação direta e indireta dos algoritmos, que desempenham um papel fundamental na construção de engajamento dentro das redes sociais, isso porque as sequências de ações pré-programadas, acabam beneficiando muito mais

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conteúdos pelo fato de serem populares. Entretanto, esse engajamento não possui filtros de regulação, no que se diz respeito a conteúdos inverídicos, dando abertura para os produtores de fake news disseminar em seus conteúdos à vontade. O próprio Google é uma plataforma muito recorrente no uso de algoritmos de aprendizado, quando o assunto é propaganda, afinal basta que você pesquise algum assunto nunca pesquisado antes para diversos anúncios relacionados com a pesquisa aparecerem durante a sua navegação. Através da pesquisa também percebemos que nem todo uso de bots é ruim, e que esta tecnologia não se encontra somente nos sites e redes sociais, mas também em muitas outras áreas, como é o caso dos disparos de ligação telefone e SMS do telemarketing, e dos chatbots utilizados pelas empresas para filtrar qual a necessidade do contato feito pelo cliente. E que a relação dos algoritmos com o jornalismo, tem aumentado bastante, ao ponto de se originar uma área de especialização do jornalismo relacionada a utilização de robôs para automatizar os processos jornalísticos. Processos esses, que já são bastante utilizados em outros países para lidar com notícias e artigos que contenham uma quantidade massiva de dados, ou mesmo para redigir notas e notícias mais simples. Mas que aparentemente não é de tanto interesse dos principais conglomerados da comunicação, que hoje buscam pela volta da credibilidade de seus jornais. Os resultados deste estudo demonstram também que o jornalismo não pode mais fugir da necessidade de se encontrar presentemente ativo nas redes sociais, pois essa é uma forma de ao menos equilibrar a balança de informações. No que se diz respeito aos algoritmos, ao menos durante a pandemia, pode-se notar uma filtragem de conteúdo por parte das redes sociais, não no sentido de censura, mas sim de verificação da veracidade daquelas publicações, o que com certeza pode ser levado como um ponto positivo para a comunicação e o jornalismo. Ainda sim, precisamos ser realistas e entender que o processo para alcançar a credibilidade dos veículos de informações dentro dessas plataformas tende a ser muito complicado, visto que os perfis dos usuários são moldados de acordo com suas preferências, fazendo com que não apenas se formem mais bolhas sociais, como também haja grande atuação do viés de confirmação.

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Entretanto, um lado esperançoso que podemos ter desta situação é o senso crítico que aumentou com a chegada da internet. Como apontado durante o estudo, 84% das pessoas ativas na internet passaram a se preocupar com a questão das fake news. Além disso, ressalto a importância da implementação de um ensino midiático, ou seja, a criação de uma forma de ensinar as pessoas como lidar com as novas mídias que vem surgindo. Afinal, como apresenta (MENEZES, 2020) o público não é educado para lidar com este tipo de acesso a comunicação, ainda mais se levarmos em conta a constante evolução das ferramentas digitais. Levar uma educação midiática, além dificultar para os produtores de fake news, ergue a credibilidade do jornalismo digital.

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REFERÊNCIAS

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