
4 minute read
Figura 9 - Algoritmos e a Comunicação
aqueles que relutam na utilização de robôs dentro do jornalismo, principalmente quando se leva o ponto de vista da manutenção do emprego do jornalista.
Durante uma entrevista com a revista Forbes, Mathias Doepfner, CEO da Axel Springer - uma das maiores editoras digitais da Europa, dona de diversas marcas de mídia, como o Bild, maior jornal da Alemanha -, disse: “O uso do jornalismo automatizado, em que artigos são gerados por inteligência artificial, não representa um risco ao trabalho dos jornalistas ”.19 De acordo com ele, muitos jornais já utilizam esse método para produzir artigos que contém dados muito extensos, ou mesmo para notas e notícias mais curtas. O próprio Bild faz uso da tecnologia para cobrir as partidas de futebol das ligas alemãs inferiores.
Advertisement
Figura 9 - Algoritmos e a Comunicação
Entretanto, esta não parece ser uma tendência a ser adotada pelas principais empresas jornalísticas do Brasil. Além de poucas pesquisas acadêmicas, os diretores dessas
19 Resposta dada a Forbes; Disponível em: https://forbes.com.br/negocios/2018/06/jornalismo-automatizado-nao-ameaca-profissionais/ Acesso em: 16 de novembro de 2021;
companhias, olham para a inclusão da tecnologia nos procedimentos de produção do jornalismo com muito ceticismo, mesmo que entendam que a incorporação de algoritmos dentro do jornalismo é algo bastante promissor. De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade Metodista de São Paulo (ARAÚJO, 2017), os gestores destas empresas de mídias entendem que a utilização dos algoritmos se dá muito mais para compreender o que o consumidor deseja adquirir, e não para dizer o que ele deve consumir. Ou seja, no entendimento deles, os algoritmos são mais uma ferramenta para vender mais os seus produtos ou mesmo para aumentar a audiência, já que é possível saber o que o seu público quer consumir. Outro ponto que leva a descrença de um potencial crescimento a curto prazo, é justamente os custos e as questões legais. Além do custo elevado, alguns gestores destacaram questões legais e normativas, já que a tecnologia algorítmica altera substancialmente o sistema produtivo de notícias (ARAUJO, 2017).
Observando pelo ponto apresentado pelo autor da pesquisa, fica mais evidente o porquê ao invés da inclusão desta nova tecnologia, as empresas estão focadas em se movimentar para conquistar a credibilidade nas redes sociais. Pois as mesmas enxergam muito mais potencial de crescimento a curto prazo, isso sem falar no custo mais baixo do que incorporar uma nova tecnologia, que demandaria, além do investimento para a instalação, a preparação dos profissionais para operarem neste novo sistema. Outro ponto abordado pelas empresas foi a questão de notícias falsas, os diretores apontaram que os algoritmos apenas recolhem as informações disponíveis na web e as distribuem sem que haja qualquer tipo de apuração se os dados recolhidos são verídicos. É compreensível que exista este entendimento por parte destas empresas, afinal as fake news ganharam proporções de compartilhamento absurdas, sendo espalhadas pelos mais diversos meios de comunicação, desde as redes sociais aos portais independentes. Isso reforça a busca pela credibilidade de informações, não apenas por parte dos leitores, mas também por parte dos gestores dos veículos midiáticos que temos no país.
---------------------------- Capítulo II - Trolls, Bots e Fake News ----------------------------
4. TROLLS, BOTS E FAKE NEWS
Seja no universo digital ou fora dele, um dos temas mais discutidos atualmente na mídia e por grande parte da sociedade são as fake news. Podendo ser atrelada a diversas áreas, como: saúde, política e economia, este tipo de notícia tem se propagado cada vez mais, ao ponto que o termo foi considerado a palavra do ano em 2017, e acabou por ser adicionado ao dicionário da editora britânica Collins. Mas o que são de fato as fake news? Para entender o que são, seus funcionamentos e o porquê delas existirem, primeiro é necessário entender o que de fato são notícias. O termo que vem do latim notitia , 20 possui como significado, notoriedade, conhecimento e reputação, interpretando de maneira mais abrangente, podemos dizer que, notícias são informações sobre algum acontecimento ou assunto que interesse à população. Elas podem ou não ser disseminadas através de um meio de comunicação. Também é importante esclarecer que existem casos onde a informação não está correta, porém não se trata de notícias falsas.
Por exemplo, erros de ortografia podem acabar mudando um sentido de uma frase, e erros acontecem, porém, o fato de ter mudado o sentido não significa que foi feito de maneira intencional para alterar a composição original da notícia. Consequentemente é correto presumir que, as fake news são notícias que possuem a características de ser intencionalmente falsas, e de serem produzidas a fim de enganar o público leitor. De maneira mais específica, as fake news tratam-se de notícias distorcidas ou mesmo criadas para desinformar, nem sempre estando ligadas a notícia verídica. De acordo com a jornalista britânica Claire Wardle (2017), as fake news podem ser divididas em sete categorias.
20 Em sua etimologia, a palavra “NOTÍCIA” , destaca-se no latim como notitia, relacionando-se a notus como particípio do verbo noscere, que remete à ideia de conhecer, com raiz no indo-europeu *gno, no que diz respeito a saber algo;