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Figura 3 - Perfil de “O GLOBO” divulga matéria sobre o 7 de setembro
Quando olhamos para a história do nosso jornalismo, e a maneiras como produzimos informação ao longo do tempo, um padrão sempre se repete, as mídias são compostas por conglomerados, na maioria dos casos, derivados de empresas familiares, como o Grupo Globo da família Marinho e o Grupo Bandeirantes de Comunicação, pertencente a família Saad. Com o digital não poderia ser diferente, afinal os grandes jornais já existentes entenderam a necessidade futura de se obter informações cada vez mais rápido, e migraram suas mídias para o online. Apesar de no início empregar aos conteúdos digitais a função de entregar o máximo de informações para os leitores, porém sem aprofundar os acontecimentos das notícias, com o intuito de levar os usuários a consumirem os seus principais produtos. E mesmo as mídias digitais conquistando cada vez mais seu espaço, até assumindo um certo protagonismo nas informações diárias de uma parte da sociedade, ainda existe a cultura de linkar um produto a outro de mais relevância, essa prática é muito comum de ser ver em redes sociais, por exemplo.
Figura 3 - Perfil de “O Globo”divulga matéria sobre o 7 de setembro de 2021:
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A principal diferença a ser notada pela entre os meios anteriores e o digital, pode ser notada na forma como os donos dos grandes serviços de imprensa do nosso país começaram a conduzir seus produtos. O primeiro ponto que fortalece essa mudança de padrões é que financeiramente o jogo é outro, e por isso é necessário se adequar aos moldes da internet, caso contrário, seu portal pode não ter a relevância esperada, por exemplo, a inserção de publicidade dentro de um site é muito mais simples que a de um jornal. Isso sem falar que os portais jornalísticos concorrem com os outros portais, muitos deles focados em
entretenimento e que com certeza terão mais tráfego que os focados em informação, por isso a necessidade de se adequar aos moldes. Além da mudança nos paradigmas financeiros deste modelo de negócio, com a massificação de informações, os usuários passaram a necessitar de conteúdos com maior qualidade, fazendo com que as empresas abandonassem o modelo que utilizavam os materiais digitais para linkar com seus os principais produtos, para produzir com mais qualidade, com um design8 mais acessível e claro, que seja financeiramente mais viável. Como foi citado anteriormente, a internet fez os usuários se tornarem mais críticos, exigindo maior qualidade, e uma das fonte deste comportamento vem da cultura participativa, onde o público-alvo de um determinado produto fica tão emergido nele, que começa a participar dos processos de produção dele. Isso não quer dizer que eles estejam produzindo para o desenvolvedor daquele produto, mas que, eles começam a criar suas próprias versões. É importante salientar que a criação funciona de maneira bem mais livre em outras áreas, como o cinema, por exemplo. De acordo com Jenkins (2006) “os fãs sempre foram os primeiros a se adaptar às novas tecnologias de mídia.” Claro que neste caso ele se refere a estrutura de produção do cinema, em particular ao caso de Star Wars9 (1977), onde jovens que cresceram maravilhados pelos personagens do longa, quando cresceram desenvolveram suas próprias versões de Guerra nas Estrelas. O interessante é que a cultura de participativa não se restringe somente às produções cinematográficas, hoje é muito comum que notícias de grandes portais sejam vistas em mídias alternativas, a conectividade gerada pelo mundo digital permitiu a inserção do internauta, até mesmo no jornalismo. Afinal, é super comum abrirmos o Twitter, o Facebook e até mesmo o Instagram - que normalmente é voltado para lifestyle - e nos depararmos com perfis de pessoas comuns informando acontecimentos com base no conteúdo publicado nos grandes portais. No quebra-cabeça do funcionamento do jornalismo digital, é exatamente este conceito que chama atenção, a organização em portais. De uma maneira bem simples, para ser considerado um portal, um site precisa atender alguns seguintes requisitos, como a inserção de fóruns, pesquisas onlines e chats, além claro dos conteúdos comuns em sites, como textos, imagens, vídeos e etc. Este é conceito que tem muita relação com o senso de comunidade, um grande site pode não ser um portal, simplesmente por não possuir essa conectividade com
8 Aconcepção de um produto (neste caso um produto da comunicação), ou seja no que se refere à sua forma física e funcionalidade. 9 Star Wars: Franquia do tipo space opera estadunidense criada pelo cineasta George Lucas