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Figura 7 - Pesquisa do Google
Figura 7 - Sugestão de pesquisa Google
Este tipo de atuação dos algoritmo pode ser visto também fora das redes sociais, como é o caso da ferramenta de pesquisa do Google, que pré-determina os principais assuntos para você, isso sem contar que ao acessar suas configurações de controle de anúncios, você irá perceber que a empresa possui um verdadeiro arsenal de informações a respeito da sua vida, e apesar de parecer assustador tanta informação ser pública desta forma, porém pensando num sentido organizacional, ele é fundamental e muito positivo, afinal constitui a própria rede, gerando a direção correta que você pretende navegar na internet, com palavras mais diretas, seria impossível navegar na internet sem eles, seria como ir para o mar sem um mapa ou bússola. O verdadeiro perigo que deve ser analisado não se encontra na falta de privacidade, mas na pouca filtragem do que se pode ser publicado.
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3.1. COMO FUNCIONAM OS ALGORITMOS?
Como esse mecanismo pode ser aplicado em diversas áreas, existem algumas formas de utilizar os algoritmos, entretanto, o foco deles sempre será o mesmo: gerar e organizar informações que te interessam. Apesar disso, o seu funcionamento pode acabar variando bastante de plataforma, para plataforma, por exemplo, o Youtube trabalha com sugestões, baseando-se no que você assistiu anteriormente, desta forma ele cria uma comunidade interessada naquele conteúdo, o que faz o próprio conteúdo rodar pela comunidade.
Diferentemente do Tik Tok, sensação entre as últimas redes sociais, possui uma característica única, afinal, você pode até curtir as mesmas coisas que outra pessoa, porém o seu feed de explorar sempre será singular. Isso porque os vídeos são totalmente filtrado de acordo com suas preferências, por exemplo, um usuário da rede social que pertence a comunidade de animes , 13 que não curte Naruto , 14 porém se interessa muito por Dragon Ball , 15 não receberá conteúdos gerais sobre animes, mas somente aqueles que são focados na sua preferência. Isto vale para todos os conteúdos, inclusive os jornalísticos.
Isto acontece por conta da maneira a qual a inteligência artificial é programada, ou seja, os algoritmos do Tik Tok são feitos para aprender16 sobre os seus gostos, assim facilitando na hora de você receber sugestões da rede social e interagir com as publicações feitas na plataforma, transformando seu feed único. O Google por outro lado, constrói um quadro com todos os interesses que você tem, classificando cada um deles, porém este processo é feito ao longo do tempo que você utiliza o site. É possível acessar a quantidade de dados que a plataforma possui através das configurações de anúncio do site, onde as informações ficam divididas de acordo com os temas que você interage e aqueles que o próprio Google entende que você pode ter interesse por ser similar com o que já costuma consumir. Mesmo podendo acessar as configurações de anúncio, e até podendo vetar alguns deles, as sugestões de informação, no entanto, são filtradas somente pela plataforma. Isso porque, “mesmo quando usamos nossas configurações para informar ao Google quais anúncios queremos e quais não queremos ver, ele toma suas próprias decisões sobre o que nos mostrar.” (SUMPTER, 2018)
Além do Google, outras grandes empresas de serviços da internet também atuam com a construção de um quadro personalizado com seus interesses, como é o caso do Yahoo, da Microsoft, da Apple Inc. e do Facebook. Este último inclusive, com toda certeza é o local onde mais se pode ver a atuação em tempo real dos algoritmos, o ato de curtir uma publicação, faz com que o algoritmo da rede social entenda o que você consome, e automaticamente, o Facebook passa a sugerir conteúdos parecidos, ao mesmo que apresenta
13 animações de origem japonesa; 14 A obra ficcional criada por Masashi Kishimoto e distribuída pelo Estúdio Pierrot, relata a vida de um jovem ninja chamado Naruto Uzumaki; 15 Criado por Akira Toriyama, a história relata a jornada do garoto Son Goku em busca das esferas do dragão; 16 Este conceito é chamado de algoritmo de aprendizado, pois a programação vai aprendendo cada vez mais sobre algo, até que ela possa te recomendar exatamente o tipo de conteúdo a qual você se interessa;
anúncios de produtos relacionados as suas preferências. Como dito anteriormente, o maior problema do funcionamento desses algoritmos é justamente a falta de filtros no que se pesquisa, pública ou comenta. Essa falsa liberdade de expressão permite que diversas situações de cunho criminosos aconteçam, principalmente porque o engajamento das publicações não é baseado na quantidade de comentários ou avaliações positivas recebidas, mas sim no número de acessos que você recebe, seja no seu vídeo, post ou site. Ou seja, desde que você receba muitos acessos, não importa se você toma muito hate ou muito like , 17 afinal o que realmente influencia no engajamento é a visualização do conteúdo. É exatamente neste ponto que existe a falta de filtros, pois para a empresa administradora de um determinado site ou rede social tanto faz quem está correto na discussão, pouco importa se existem xingamentos ou ofensas racistas, mas sim a angariação de espectadores para aquele assunto, fazendo com que ele circule por cada vez mais perfis. Por exemplo, no ano de 2016, a Microsoft criou um perfil no Twitter para sua inteligência artificial, a Tay, como parte de um projeto que possuía o objetivo de interagir com jovens e adolescentes ativos na plataforma. Em menos de 24 horas ativos na rede, a inteligência artificial foi retirada do ar, pois por se tratar de um algoritmo de aprendizado, aquele robô começou a aprender costumes e falas nazistas, racistas e até sexistas. Em uma das publicações feitas pela Tay, a IA chegou a declarar que odiava judeus ou mesmo que Hitler nunca esteve errado. Como resultado, a Microsoft desativou o projeto e afirmou que só iria reativar quando puder antecipar e barrar este tipo de aprendizado que fere os princípios e os valores humanos. Apesar do caso da Tay ser mais escancarado do que o normal, diversas atitudes como era acontecem na internet, como relata Sumpter:
No entanto, as conclusões que os algoritmos tiram a nosso respeito podem ser discriminatórias Para investigar preconceitos de gênero, Amit e seus colegas inicializaram 500 agentes “masculinos” (que tiveram seu sexo configurado como sendo masculino) e 500 agentes “femininos” , que navegaram em sites prede-finidos relacionados a empregos. Depois dessas sessões de navegação, eles analisaram os anúncios mostrados aos agentes. Apesar dos históricos de navegação parecidos, os homens tiveram mais chance de receber um anúncio específico do site careerchange.com que tinha a chamada: “empregos com salários a partir de US$ 200 mil — somente executivos” . As mulheres tiveram mais chances de receber ofertas para sites de recrutamento genérico. Esse tipo de discriminação é descarada e potencialmente ilegal. (SUMPTER, David, 2018)
17 Like: Sistema de avaliação de uma publicação nas redes sociais, onde o usuário pode deixar um like no caso de gostar do conteúdo e um deslike no caso de não curtir.