Boa conversa com um amigo católico - Leonardo de Chirico

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Rio de Janeiro, RJ

Boa conversa com um amigo católico

Traduzido do original em inglês: Tell Your Catholic Friend: How to Have Gospel Conversations with Love

Copyright © 2025 Leonardo De Chirico

Publicado originalmente por B&H Publishing Group Brentwood, Tennessee www.bhpublishinggroup.com

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por PRO NOBIS EDITORA, Rua Professor Saldanha 110, Lagoa, Rio de Janeiro-RJ, 22.461-220

1ª edição: 2025

ISBN: 978-65-81489-85-4

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo citações breves, com indicação da fonte.

Direção executiva

Judiclay Silva Santos

Conselho editorial

Judiclay Santos

David Bledsoe

Paulo Valle

Gilson Santos

Leandro Peixoto

Supervisão editorial: Cesare Turazzi

Tradução: Maiza Ritomy Ide

Revisão de texto: Thalles de Araujo

Capa: Filipe Ribeiro

Diagramação: Marcos Jundurian

Nesta obra, as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA), salvo informação em contrário.

As opiniões representadas nesta obra são de inteira responsabilidade do autor e não necessariamente representam as opiniões e os posicionamentos da Pro Nobis Editora ou de sua equipe editorial.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Chirico, Leonardo De Boa conversa com um amigo católico: como apresentar o evangelho em amor/Leonardo De Chirico; tradução Maiza Ritomy Ide. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Pro Nobis Editora, 2025.

Título original: Tell your catholic friend.

ISBN 978-65-81489-85-4

1. Catolicismo 2. Cristianismo - Essência, natureza, etc. 3. EvangelizaçãoIgreja Católica 4. Igreja Católica - Apologética 5. Igreja Católica - Doutrinas 6. Teologia católica I. Título.

25-281838

Índices para catálogo sistemático:

1. Evangelização : Teologia : Cristianismo 262 Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

contato@pronobiseditora.com.br www.pronobiseditora.com.br

CDD-262

Dedico este livro a Paul e Gertrud Stilli. Eles são um casal de missionários suíços (que servem na Operation Mobilization) cuja história é contada brevemente no Capítulo 2. No final dos anos 1960, eles bateram à porta do apartamento da minha família em Mântua, norte da Itália, fazendo ao meu pai e à minha mãe duas perguntas simples que Deus usou para mudar a vida deles e, consequentemente, a minha. (Eu era apenas uma criança pequena na época.) Eles trouxeram o evangelho para nosso lar. Embora seu domínio do idioma fosse limitado, contaram aos seus novos amigos católicos as boas novas de Jesus. Seu exemplo de zelo missionário em meio à vulnerabilidade humana foi o que Deus usou para impactar minha vida. Com este livro, quero encorajar todos os cristãos evangélicos a fazer o que eles fizeram naquela época: tenham uma boa conversa com seu(s) amigo(s) católico(s) sobre o verdadeiro evangelho!

De um lado, temos a necessidade de recuperar a veia apologética contra o catolicismo romano, perdida há muito e razão pela qual muitos se encontram despreparados para responder aos ataques dos apologetas papistas. Do outro lado, também temos uma necessidade enorme de nos dispormos a comunicar o evangelho da graça de nosso Senhor Jesus Cristo aos nossos interlocutores católicos romanos. Esta obra do Pr. Leonardo de Chirico nos conclama e nos mune do ferramental necessário para isso. Eu a recomendo com entusiasmo.

Alan Rennê Alexandrino Lima, pastor efetivo da Igreja Presbiteriana do Cruzeiro do Anil, em São Luís (MA)

Ao longo de mais de vinte anos evangelizando no Brasil e em países africanos de maioria católica, percebo como é difícil identificar claramente a mentira quando ela se parece demais com a verdade. Este livro é um recurso de muita ajuda, com dicas valiosas e práticas para nos ajudar na tarefa de pregar o evangelho aos nossos amigos católicos.

Juliana Pimenta, missionária da Cru Brasil atuando no ministério com estudantes universitários

Sumário

3. Atitudes bíblicas, terminologia e dicas para pregar o evangelho................................................

4. Perguntas frequentes enquanto testemunhamos .

Apêndice 1: Somente Cristo — Um sermão para todos, sobretudo para nossos amigos católicos ........

Prefácio à edição em português

Leonardo de Chirico é um presente de Deus para a igreja global: um pensador claro, amoroso e profundo; um pregador do evangelho e pastor de almas; um grande conhecedor da história e da teologia protestante. Honesto, caridoso e firme crítico ao catolicismo romano, Leonardo vem servindo a Cristo na posição de erudito, pastor e mentor de muitos que, como eu, buscam entender melhor o complexo mundo do romanismo.

Leonardo já escreveu diversos livros que ajudam a destrinchar o diverso e complexo universo que é a Igreja Católica Apostólica Romana — essa instituição milenar e global, que mistura o linguajar da Escritura com a tradição e com elementos do Império Romano e que adquire inúmeros sabores locais por onde se espalha na Terra.

Já me beneficiei enormemente de suas obras Não me refiro somente aos livros, mas também a palestras, artigos, aulas e conversas pessoais que revelam um teólogo cuidadoso e comprometido com as Escrituras Sagradas. Ele sempre busca ser justo com as críticas que faz, trazendo citações das obras e documentos oficiais da própria ICAR para o texto.

Nesta obra, Leonardo mais uma vez se prova muito útil. Trata-se de um livro para ajudar o público evangélico a compreender compassivamente o coração dos seus amigos católicos, e achar formas de conduzi-los ao conhecimento de Cristo. Ele se vale de poderosos insights apologéticos de autores reformados como Timothy Keller e Daniel Strange para nos apresentar um caminho muito promissor de engajamento evangelístico.

A linguagem é bem acessível e acompanhada de exemplos práticos. No primeiro capítulo, o autor nos leva a um panorama do que é o romanismo hoje, mostrando-nos de forma didática e direta o que é a ICAR. No capítulo 2, ele mostra o que a Bíblia ensina sobre ser um cristão, contrastando com a visão romanista. No capítulo 3, o autor nos mostra boas práticas, dicas e atitudes com as quais podemos levar as boas novas aos que estão ao nosso redor. Trata-se de um capítulo extremamente útil para pensarmos em ações e atitudes em nossos relacionamentos com os católicos. Leonardo nos chama a uma abordagem amorosa, profunda e clara. No último capítulo, o autor lida com algumas questões comuns e pertinentes a respeito dos limites de cooperação e comunhão entre protestantismo e romanismo.  Trata-se de um livro muito agradável de ler, direto ao ponto e enormemente útil. Pode ser lido individualmente, é claro, mas também será muito proveitoso para grupos de estudo e cursos de evangelismo e apologética. Que o Senhor Deus abençoe essa publicação!

Emilio Garofalo Neto, pastor da Igreja Presbiteriana Semear e autor de diversos livros

Introdução

Permitam-me apresentar alguns de meus amigos.1 Giulio é professor do Ensino Médio, muito estimado por alunos e colegas por sua competência acadêmica e raciocínio aguçado. Todos os domingos ele vai à missa e, se perguntado, identifica-se abertamente como católico. Ele é muito ativo em questões políticas, um militante da esquerda que apoia com veemência todas as lutas relacionadas com “direitos” (p. ex., comunidade LGBTQ+ e de imigrantes). Ficou intrigado com a perspicácia intelectual do Papa Bento XVI, mas não gostou de sua postura conservadora em relação a valores inegociáveis. Durante a semana, ele frequenta uma aula de ioga e, em seu apartamento, acende velas compradas na loja new age2 local para evitar a entrada de espíritos malignos. Às vezes, participa de aulas ministradas por um monge católico para aprimorar sua meditação transcendental.  Maria Pia é uma senhora idosa, doce e generosa. Participa semanalmente das atividades da paróquia católica local. Entre

1 Pessoas reais, cujos nomes foram alterados.

2 Movimento Nova Era, conjunto de princípios ocultistas e espiritualistas que surgiu na década de 1970.

os vizinhos, é conhecida como uma pessoa religiosa e devota. Em sua casa há imagens de santos e de Nossa Senhora, a quem reza regularmente. Há uns dias, minha mulher teve uma dor de garganta e, quando compartilhou seu problema com ela, Maria Pia tirou do armário da cozinha um pequeno frasco de azeite que tinha sido abençoado em um santuário dedicado a São Brás, o padroeiro das gargantas. Ela insistiu que minha esposa mergulhasse o dedo nele e massageasse sua garganta para ser curada. No mundo de Maria Pia, quando ela sente necessidade de alguma coisa, é aos santos e a Maria a quem recorre em busca de ajuda. Diz que foi isso que sua mãe lhe ensinou e é o que a Igreja Católica Romana a incentiva a continuar fazendo.

Giacomo é médico e trabalha como voluntário em uma instituição de caridade católica que ajuda os pobres e necessitados. Vai à missa todos os dias, muitas vezes levando consigo outras pessoas, sabendo que na Eucaristia elas efetivamente “encontrarão” Cristo. Admira o Papa Francisco e seu chamado para que a igreja se volte ao exterior e se engaje em missões. Carrega um exemplar do Novo Testamento na bolsa e seu dia é pontuado por orações a Nossa Senhora. Ao pensar sobre religiões em geral, Giacomo tem a mente aberta. Crê que todas as pessoas, em especial os pobres, são de uma forma ou de outra recipientes da graça divina, quer professem Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador ou não, quer recebam os sacramentos ou não, independentemente de sua religião. Giacomo acredita que somos “todos irmãos”.

O que essas pessoas têm em comum? Além de serem meus amigos em Roma, são todos católicos romanos. Os três foram batizados na Igreja Romana, participam de seus sacramentos e têm um senso de pertencimento a ela que está

Boa conversa com um Amigo Católico

muito ligado à sua identidade. Sim, eles exercem sua vida religiosa de maneiras diferentes. Quando observados em sua vida cotidiana, acreditam em coisas distintas e expressam o que é mais importante para eles de formas múltiplas. Ainda assim, responderiam “católico romano” sem hesitação à pergunta “Qual é a sua religião?”. Eles são diferentes, mas compartilham de uma mesma identidade. Em níveis variados de intensidade e integridade, o catolicismo romano marca o senso profundo de quem são. Mantenho continuamente conversas sobre o evangelho com eles, tentando compartilhar-lhes as boas novas de Jesus Cristo. Esta não é uma tarefa fácil, mas vale a pena prosseguir.

Tenho certeza de que minha experiência não é única. Todos nós conhecemos pessoas que professam ser católicas romanas. Podem ser amigos, colegas, familiares ou vizinhos. Podem ser praticantes ou nominais. Podem estar desconectados de sua igreja ou levar a sério sua lealdade a ela. Podem não ter interesse em iniciar uma conversa “espiritual” ou ser indiferentes a assuntos religiosos. Podem ser progressistas ou conservadores. Podem ser consistentes com aquilo que professam acreditar ou ter seu próprio sistema de crenças do tipo “salada de frutas”, em que elementos do catolicismo romano são combinados com religiões orientais ou práticas seculares. Isto quer dizer que os católicos romanos podem ser pessoas muito diferentes entre si. Como podemos comunicar-lhes o evangelho?

Sou pastor em Roma há quinze anos. Antes de vir para cá, sempre ministrei em um contexto majoritariamente católico na Itália, estando envolvido na vida da igreja, no evangelismo, no discipulado e na formação. Em meus trabalhos acadêmicos, o catolicismo romano tem sido o tema sobre o

qual tenho estudado e escrito muito. Interagir com amigos, vizinhos, livros e cultura católicos (teologia e prática) tem sido o privilégio e o desafio de toda a minha vida.

Na cidade em que a Santa Sé tem seu centro e onde se encontra o coração da Igreja Católica Romana, o ministério do evangelho é tão intenso quanto em outros lugares, com suas características únicas. De um ponto de vista histórico, Roma foi moldada pela Contrarreforma — ou seja, a oposição à Reforma Protestante. O evangelho ao qual a cidade foi exposta é obscuro e confuso. A leitura pessoal da Bíblia era proibida, o controle da igreja sobre a sociedade era obsessivo, o modo como as pessoas viviam sua fé era e ainda é repleto de elementos antibíblicos. Além disso, a onda moderna de secularismo adicionou outra camada de ceticismo, tornando a resistência ainda maior.

Roma é ainda mais singular porque aqui a Igreja Católica é também um estado político (o Vaticano), misturando, assim, religião e poder. Roma se assemelha à cidade de Éfeso descrita em Atos 19, em que o templo e os negócios estavam entrelaçados em uma aliança perspicaz. Edifícios religiosos, artes sacras, instituições eclesiásticas e escolas estão por toda parte. No entanto, o cristianismo bíblico é obscurecido. O catolicismo padrão em Roma é profundamente caracterizado pelas devoções a Maria e outros santos, mais do que por qualquer outra coisa. O catolicismo romano aqui está tão arraigado à cultura (p. ex., laços familiares e nacionalidade) que se torna indistinguível de identidades pessoais e sociais experimentadas no íntimo. O clima cultural é cético e, portanto, existem oportunidades para introduzir o evangelho com base no círculo virtuoso de sua proclamação, do testemunho pessoal e da vida na igreja. Esta última é fundamental

Boa conversa com um Amigo Católico para este objetivo porque une a crença e o pertencimento, a proclamação e o serviço, o pessoal e o comunitário, a contextualização criativa e a obediência à Palavra de Deus. Ao longo do caminho, acho que aprendi algumas lições sobre como fazê-lo, embora continue aprendendo.

É por isso que escrevi este livro: para ajudar pessoas como você, que já estão envolvidas ou que desejam se envolver no processo de evangelizar católicos, mas não sabem como fazer ou por onde começar. Este livro irá ajudá-lo em sua tentativa de testemunhar aos seus amigos católicos. Não fornecerá todas as respostas, mas espero que seja uma ferramenta útil para enfrentar as alegrias e os desafios de ser embaixador de Cristo junto aos católicos que vivem ao seu redor.

Como este livro será útil? Espero que de quatro maneiras, como indica este resumo dos capítulos.

Primeiro, o livro esboçará um mapa histórico, teológico e espiritual do catolicismo romano: o que é, de onde veio e como difere do cristianismo bíblico. Se vamos nos deparar com pessoas que se identificam como católicos romanos, é importante ter uma visão panorâmica da realidade milenar e ainda contemporânea do catolicismo romano: sua perspectiva institucional, estrutura doutrinária, sistema sacramental, práticas devocionais e difusão global. Nem todos os católicos romanos têm a mesma compreensão de seu próprio mundo religioso, mas todos participam dele em algum sentido. Para apresentar o evangelho a eles, devemos pelo menos estar cientes do que torna o catolicismo romano o que ele é. Além disso, a complexidade das diversas vertentes e faces regionais do catolicismo romano pode com facilidade levar a um julgamento parcial e seletivo do que está em jogo do ponto de vista do evangelho. O Capítulo 1 fornecerá uma breve

definição do catolicismo romano e também explicará por que, biblicamente falando, não se trata de mais uma denominação cristã, mas sim de um desvio do cristianismo bíblico.

Segundo, o livro abordará o desafio que enfrentamos ao apresentar o mesmo evangelho bíblico a diferentes tipos de católicos. Quando interagimos com nossos amigos católicos, estamos conversando com pessoas que, embora se sintam bastante confortáveis em se identificar com o catolicismo romano, personificam essa associação de múltiplas maneiras. Não existe uma forma única de experimentar e manifestar a fé católica romana. Cada história é diferente porque cada pessoa é única. Apesar desta realidade, não se deve perder de vista o fato de que, biblicamente falando, por fim, ou estamos em Cristo ou não estamos. Ou nascemos de novo ou não. É importante estarmos atentos aos diferentes tipos de católicos e adaptarmos nosso testemunho em conformidade, mas temos o mesmo evangelho para compartilhar com pessoas que estão espiritualmente perdidas. As pessoas não serão salvas por serem católicas tradicionais, populares, carismáticas ou seculares, mas por nascerem de novo pela fé somente em Cristo. Isso é o que de fato importa.

Terceiro, ampliando ainda mais a reflexão destas páginas, nossa jornada continuará explorando atitudes e estruturas úteis que podem facilitar conversas sobre o evangelho com nossos amigos católicos. As “linguagens de expiação” de Tim Keller serão referidas como narrativas do evangelho que podem ser úteis para nos conectar às pessoas enquanto compartilhamos o evangelho. Em seguida, apresentam-se brevemente os “pontos magnéticos” de Dan Strange a fim de testar sua adequação em nossos esforços evangelísticos junto aos católicos. Reunindo sabedoria a partir dessas percepções,

Boa conversa com um Amigo Católico sugerirei quatro dicas para comunicar o evangelho que são sensíveis a diferentes contextos e indivíduos. Elas combinam convicções evangélicas e as melhores práticas que resultam do meu estudo de quase três décadas sobre o catolicismo romano e da minha própria experiência no testemunho do evangelho aos católicos.

Por fim, o último capítulo encerrará diferentes tópicos do livro, abordando (e possivelmente respondendo a) perguntas frequentes que surgem em nosso relacionamento com amigos católicos. Podemos orar junto com eles? É aconselhável unir forças na ação e evangelização comuns? O que devo fazer se for chamado para debater o evangelho perante um público de maioria católica? Quais perguntas os amigos católicos costumam fazer quando respondem ao evangelho, e quais perguntas os protestantes apresentam ao testemunhar a seus amigos católicos? Que ferramentas podem ajudar em nossas conversas com católicos?

O catolicismo romano e o mundo em que seus amigos vivem

Se quisermos expor a nossos amigos católicos as boas novas de Jesus, é importante que tenhamos uma noção de como é o catolicismo romano. É possível defini-lo? É possível capturar o cerne da cosmovisão católica romana em uma descrição breve? O “catolicismo romano” obviamente é um universo muito rico e complexo. O risco da simplificação excessiva, quando não da caricaturização, é sempre uma armadilha a se evitar.

A história centenária, e em andamento, do catolicismo romano dificulta a compreensão de sua impressionante trajetória histórica. Sua perspectiva doutrinária é o resultado de múltiplas estratificações e desafia leituras simplistas. Uma rápida olhada no Catecismo da ICAR, de 1992, expõe um sistema multifacetado e matizado de crenças e práticas que formam sua visão de mundo espiritual. Suas devoções alcançam todas as esferas da vida, moldando toda a jornada humana, do nascimento à morte. Sua realidade global abrange uma enorme variedade de povos e tradições, tornando-a um

O catolicismo romano e o mundo em que seus amigos vivem

verdadeiro e universal corpo “católico”. Ao mesmo tempo, porém, o elemento “romano” está organicamente ligado a ele, conectando todo o sistema a uma estrutura religiosa e política muito específica. Instituições eclesiásticas bem estabelecidas estão entrelaçadas a movimentos dinâmicos. O sistema católico romano não é estático nem monolítico, mas existe em um processo contínuo de desenvolvimento, expandindo-se sem se fundamentar, por fim, nos ensinamentos das Escrituras. Este é o mundo em que vivem nossos amigos católicos.

Três razões pelas quais o catolicismo romano está longe do evangelho

O discurso do presidente da Evangelical Theological Society é um barômetro útil para medir para onde sopra o vento na teologia evangélica norte-americana. Em 2021, o presidente Al Mohler dedicou seu discurso na 73ª convenção anual em Fort Worth, Texas, às tentações que confrontam a teologia evangélica contemporânea.3 Na visão de Mohler, a teologia protestante ou evangélica atual enfrenta quatro tentações: o fundamentalismo, o ateísmo, o catolicismo romano e o liberalismo. Estas palavras não devem ser encaradas levianamente. A trajetória da teologia evangélica nem sempre foi pacífica; é crucial que se compreenda os principais perigos que a cercam.

O mais interessante para este livro é o fato de Mohler ter incluído o catolicismo romano como sendo uma das

3 Para obter um resumo, veja https://www.sbts.edu/news/in-presidentialaddress-mohler-outlines-four-temptations-facing-the-evangelical-theological-society/

Boa conversa com um Amigo Católico principais tentações enfrentadas pelos cristãos evangélicos. Durante séculos, o catolicismo romano foi considerado o antagonista teológico por excelência do cristianismo evangélico. Nas últimas décadas, contudo, esta percepção diminuiu de maneira gradual e os limites se tornaram confusos. Na atualidade, muitos evangélicos têm uma percepção muito sentimental em relação ao catolicismo romano. Alguns o confundem com uma das muitas denominações cristãs, talvez um pouco mais estranha que as outras; outros, assustados com os crescentes desafios da secularização, veem Roma como um baluarte para a defesa dos valores cristãos; outros, ainda, talvez procurando legitimidade na mesa ecumênica e inter-religiosa, ignoram as diferenças teológicas realçando o que parece unir a todos.

O fato de Mohler dizer que o catolicismo romano é uma tentação e, portanto, um perigo contra o qual devemos ter cuidado, é um sinal de vigilância espiritual. Indica que mesmo nos EUA — onde a confusa, na melhor das hipóteses, iniciativa “Evangelicals and Catholics Together” [Evangélicos e Católicos juntos] está em curso desde 19944 e onde as diferenças entre católicos e evangélicos são cada vez mais vistas como uma questão de nuances e não de substância — ainda é possível encontrar vozes de evangélicos que clamam por discernimento teológico.

4 Veja meus artigos “Christian Unity vis-à-vis Roman Catholicism: A Critique of the Evangelicals and Catholics Together Dialogue”, Evangelical Review of Theology v. 27, n. 4, 2003, p. 337-352; e “Evangelicals and Catholics Together (1994–2015)”, Vatican Files (9 mar. 2015). Disponível em: https://vaticanfiles.org/ en/2015/03/103-evangelicals-and-catholics-together-1994-2015/.

A seguir estão algumas das declarações de Mohler a respeito do catolicismo romano.

“Ser protestante é compreender que uma das perguntas que sempre teremos que responder é por que não somos católicos.”

Mohler argumenta, com razão, que ser evangélico significa não ser católico romano. As duas identidades são mutuamente exclusivas. Ou somos um ou outro. As teologias e práticas dos evangélicos e dos católicos surgem de diferentes convicções básicas sobre Deus, a Bíblia, o pecado, a salvação, a vida cristã, etc. Nos últimos anos, do lado católico, alguns quiseram argumentar que é possível ser um “católico evangélico”,5 combinando as duas identidades e tornando-as compatíveis. Mohler diz que não. Ou somos um ou outro, e se somos um, não podemos ser o outro. Os evangélicos são tentados a adaptar sua identidade evangélica, mas o resultado seria negá-la.

“Acredito que ir para a Igreja de Roma é abandonar o evangelho do Senhor Jesus Cristo. Creio que é aderir a uma igreja falsa que se baseia em pressupostos falsos e idólatras.”

O catolicismo romano não é uma das muitas opções de igreja possíveis para um crente nascido de novo em Jesus Cristo que deseja crescer e permanecer fiel à Palavra de Deus. Pelo contrário, seguir o catolicismo romano é, em

5 George Weigel, Evangelical Catholicism: Deep Reform in the 21st-Century Church (New York: Basic Books, 2013). Veja minha crítica, Leonardo De Chirico, Same Words, Different Worlds: Do Roman Catholics and Evangelicals Believe the Same Gospel? (London: IVP, 2021), p. 24-27.

Boa conversa com um Amigo Católico certo sentido, ir contra o evangelho. O sistema de Roma é falho do ponto de vista teológico e sua igreja é espiritualmente enganosa. Estas são palavras fortes de Mohler, que contrastam com a linguagem “ecumenicamente correta” tão comum na atualidade. No entanto, são palavras verdadeiras que precisam ser ditas e repetidas para evitar a tentação de se desviar e também levar outros ao erro.

“Ser evangélico é reconhecer que não temos uma segunda opção. Não temos alternativa. Ficamos apenas com a Bíblia e a Bíblia em sua totalidade como a Palavra de Deus.”

Para alguns evangélicos, a estrutura de autoridade de Roma é uma tentação na qual podem encontrar refúgio. Em um mundo em que as instituições tradicionais estão abaladas (p. ex., família, nações e religiões) e onde tudo está em constante ruptura, saber que existe um magistério, um papa e um centro estável pode se tornar algo muito atraente. A fé evangélica, diz Mohler, embora faça parte da história da igreja fiel e cultive um senso de pertencimento à igreja global, está, por fim, submetida somente às Escrituras. Uma confiança inabalável no Deus da Palavra — e, portanto, na Palavra de Deus — é o que constitui a fé evangélica. Roma não substitui a falta de confiança na Palavra de Deus e não deve ser um substituto para aqueles cuja fé está fundamentada somente em Cristo, baseada somente nas Escrituras.

Uma breve definição do catolicismo romano

O que podemos dizer sobre o catolicismo romano como um todo? Nas últimas décadas, importantes pesos pesados

O catolicismo romano e o mundo em que seus amigos vivem

da teologia católica romana contribuíram de maneira útil para a tarefa de identificar o cerne do catolicismo romano: pense em Karl Adam ( The Spirit of Catholicism , 1924), 6 Romano Guardini (Vom Wesen katholischer Weltanschauun, 1924),7 Henri de Lubac (Catholicism, 1938),8 Hans Urs von Balthasar ( In the Fullness of Faith: On the Centrality of the Distinctively Catholic, 1975)9 e Walter Kasper (The Catholic Church, 2012),10 citando apenas alguns. A busca por destacar a essência do catolicismo romano é profundamente sentida dentro dele mesmo.

As mentes mais brilhantes do catolicismo romano contemporâneo tentaram analisar o que é essencial à sua própria fé. O que a teologia evangélica tem a dizer sobre isso? Podemos participar da discussão sobre a natureza do catolicismo romano a partir de uma perspectiva externa? Em tempos marcados pelo ecumenicamente correto, podemos dizer algo que ouse ser crítico a partir de uma perspectiva bíblica?

6 Karl Adam, The Spirit of Catholicism, trad. Dom J. McCann (New York: Macmillan, 1929). [A essência do catolicismo, trad. Tasso da Silveira (Petrópolis: Editora Vozes, 1942).]

7 Romano Guardini, Vom Wesen katholischer Weltanschauung (Basel: Hess, 1953).

8 Henri De Lubac, Catholicism: Christ and the Common Destiny of Man, trad. Lancelot C. Sheppard – Irmã Elizabeth Englund (São Francisco: Ignatius Press, 1988).

9 Hans Urs von Balthasar, In the Fullness of Faith: On the Centrality of the Distinctively Catholic , trad. E. T. Oakes (São Francisco: Ignatius Press, 1988).

10 Walter Kasper, The Catholic Church: Nature, Reality and Mission, trad. Thomas Hoebel (Edimburgo: Bloomsbury, 2015). [A Igreja Católica: Essência, realidade e missão, trad. Nelio Schneider (São Leopoldo: Unissinos, 2012).]

Boa conversa com um Amigo Católico

As conversas sobre o evangelho com amigos católicos se beneficiam mais da transparência e da honestidade. É mais respeitoso falar a verdade em amor do que escondê-la atrás de uma tela de gentileza que não aborda questões decisivas, mesmo que estas sejam dolorosas de discutir. Com grande aproximação e uma certa dose de coragem dada a complexidade da tarefa, sugiro esta definição provisória:

O catolicismo romano é...

um desvio do cristianismo bíblico  consolidado ao longo dos séculos,  refletido em sua instituição imperial romana,  baseado em uma teologia antropologicamente otimista e em uma eclesiologia anormal  definido por seu sistema sacramental,  movido pelo plano católico (universal) de absorver o mundo inteiro,  e que resulta em uma religião confusa e distorcida.

Ao sugerir esta definição, estamos abordando, de um ponto de vista evangélico, o catolicismo romano como sistema. Não estamos lidando com os católicos romanos (mais sobre isso na seção final do capítulo), nem com doutrinas e práticas específicas.11 Cada linha da definição pode ser explicada suscintamente.

11 Para apresentações úteis das doutrinas e práticas católicas romanas a partir de uma perspectiva protestante, veja Ray Galea, Nothing in My Hand I Bring: Understanding the Differences between Roman Catholic and Protestant Beliefs (Kingsford: Matthias Media, 2007); Norman Geisler e Ralph MacKenzie, Roman Catholics and Evangelicals: Agreements and Differences (Grand Rapids, MI: Baker Books, 1995); R. C. Sproul, Are We Together? A Protestant Analyzes Roman Catholicism (Sanford,

Um desvio do cristianismo bíblico

Esta definição contradiz uma narrativa bem estabelecida na autocompreensão do catolicismo romano; ou seja, que ele é — em razão do mecanismo de sucessão apostólica — a personificação legítima e ortodoxa do cristianismo apostólico. Os outros são cismáticos (ortodoxos orientais) ou hereges (protestantes), que romperam a linha ininterrupta do catolicismo romano e se desviaram de seu tronco. Como argumentaram os reformadores protestantes do século 16, esta leitura deve ser invertida. O catolicismo romano não é o cristianismo bíblico em sua forma original e apostólica, mas um afastamento dele. Seus desenvolvimentos sacramentais, hierárquicos e devocionais consolidaram-se em sua estrutura dogmática, que se desvinculou do evangelho. O catolicismo romano revela-se um desvio consolidado em um sistema dogmático antibíblico (dogmas marianos, infalibilidade papal), entrelaçado com um estado político (o Vaticano) com o qual a igreja não deve ser confundida. A visão pública do catolicismo romano assemelha-se mais à aspiração de um império do que à missão da igreja de Jesus Cristo.

Em sua obra Treatise on the True Church and the Necessity of Living in It [Tratado sobre a verdadeira igreja e a necessidade de viver nela], publicado em Genebra em 1573, o reformador italiano Pedro Mártir Vermigli (1499-1562) defendeu exatamente este ponto: “nós [os protestantes] não abandonamos

FL: Reformation Trust, 2012) [Estamos Juntos? Um protestante analisa o Catolicismo Romano (São Paulo: Edições Vida Nova, 2023)]; Gregg R. Allison, 40 Questions about Roman Catholicism (Grand Rapids, MI: Kregel, 2021).

Boa conversa com um Amigo Católico a igreja, mas fomos até ela”.12 A Reforma Protestante foi necessária para retornar ao evangelho que o sistema romano havia corrompido. O cristianismo bíblico, nunca adormecido na história apesar da presença de múltiplas corrupções, experimentou um novo florescimento durante a Reforma e os subsequentes avivamentos evangélicos.

Sendo um desvio do cristianismo bíblico, o catolicismo romano nem sequer é uma denominação legítima. Dado que seu sistema dogmático (confuso em pontos cruciais), sua estrutura institucional (com uma entidade política em seu cerne) e suas práticas devocionais (muitas emprestadas do paganismo) se afastaram da verdade do evangelho bíblico, a Igreja Católica Romana não pode ser considerada uma denominação entre outras. Embora o cristianismo evangélico tenha padrões bíblicos pelos quais aceita congregações reformadas, batistas, metodistas, luteranas e independentes, entre outras, a Igreja Romana pertence a outra categoria. Nenhuma denominação tem um chefe religioso e líder político; nenhuma denominação tem dogmas irreformáveis com pouca ou nenhuma evidência bíblica; nenhuma denominação tem uma estrutura imperial como Roma. Portanto, o catolicismo romano não é uma denominação entre outras.  O catolicismo romano se baseia em um mecanismo de sucessão institucional que garantiu a continuidade monárquica de um papa para outro por meio de um sistema bem refinado, mas que, em sua falta de adesão ao evangelho de Jesus Cristo e de fidelidade à Palavra de Deus, adotou desvios que se tornaram um sistema autorreferencial.

12 O texto pode ser encontrado em Biblioteca della Riforma italiana, ed. Enrico Comba (Firenze: Claudiana, 1883), p. 81.

Consolidado ao longo dos séculos

Além de ser um desvio do cristianismo bíblico, o catolicismo romano se consolidou ao longo dos séculos. Ele não tem uma data de nascimento, um momento preciso que coincida com seu início. Em vez disso, houve fases e transições históricas que tiveram um impacto particular em seu desenvolvimento.

A “virada constantiniana” do século 6 foi um desses momentos-chave. Naquele século, o Imperador Constantino concedeu liberdade religiosa aos cristãos com o Edito de Milão (313 d.C.). No entanto, também deu benefícios financeiros e sociais à igreja a ponto de ela perder a independência e se integrar ao sistema imperial. A “virada constantiniana” culminou com a promulgação do cristianismo como a religião do Império Romano por Teodósio I (380 d.C.). O cristianismo tornou-se parte do que significava ser cidadão romano, e os não-cristãos eram perseguidos. A igreja gradualmente assumiu uma forma institucional romana, aumentando as reivindicações de poder do centro sobre as periferias. Foram bispos romanos como Dâmaso I e Sirício que tomaram para si o papel de papas, que se assemelhava ao de um imperador eclesiástico. Em vez de serem líderes religiosos piedosos, eles passaram a ser associados a intervenientes políticos. Depois desta era crucial, as vestes imperiais tomadas pela Igreja Romana nunca foram abandonadas. Pelo contrário, foram legitimadas por uma eclesiologia que as considerou parte da natureza da igreja dada por Deus. O afastamento de uma forma bíblica de igreja — composta por convertidos a Jesus Cristo, que praticava o sacerdócio de todos os crentes, em redes de igrejas ligadas, mas não dentro de uma estrutura hierárquica

Boa conversa com um Amigo Católico

— foi gradual, progressivo e, tragicamente, irreversível para o catolicismo romano. A partir das reivindicações de autoridade de Dâmaso I e Sirício, Roma passou a reivindicar para si as “duas espadas” do governo (espiritual e política) de Bonifácio VIII (1230-1303). Demorou séculos para que se chegasse ao dogma da infalibilidade papal de 1870, segundo o qual o Papa foi elevado a uma categoria de mestre infalível quando falava ex cathedra (literalmente, “da cadeira”, isto é, exercendo seu ofício magisterial). Desde os primeiros desenvolvimentos depois da “virada constantiniana” até à perspectiva atual, a estrutura da Igreja Romana se tornou imperial.  Outro momento decisivo na história da Igreja Católica Romana foi o desenvolvimento e entrega do título de “mãe de Deus” a Maria (theotokos). O pronunciamento em Éfeso (431 d.C.) que deu origem a uma explosão da mariologia foi duas vezes elevado à categoria de dogma: em 1854, com o dogma da imaculada concepção de Maria, e em 1950, com o dogma da assunção corporal de Maria. De um título destinado a apoiar a plena divindade de Jesus Cristo, o catolicismo romano fez da mariologia um pilar antibíblico de sua prática dogmática e devocional. Essa mariologia tem repercussões nas doutrinas católicas de Cristo, do Espírito Santo e da igreja; em suma, ela se estende a toda a fé católica. Esta heterodoxia tornou o catolicismo romano permeável à absorção de elementos pagãos.

Um terceiro momento crucial foi o Concílio de Trento (1545-1563), quando a Igreja de Roma rejeitou oficialmente a mensagem da Reforma Protestante, anatematizando o chamado para retornar ao evangelho bíblico da salvação somente pela fé em Cristo, com base somente no ensino das Escrituras. O catolicismo “tridentino”, ou seja, o catolicismo

romano relançado em Trento, agravou o afastamento romano do cristianismo bíblico, tornando-o mais resistente e menos disposto a ouvir os apelos da Reforma — consolidando de fato seus compromissos não bíblicos em todas as áreas da teologia cristã, da doutrina da salvação à doutrina da igreja, da cristologia à espiritualidade.

Por fim, a longa parábola das digressões não pode omitir o último quilômetro na história do catolicismo romano, a era que se seguiu ao Concílio Vaticano II (1962-1965).

Sem negar nada de seu passado, a Igreja Romana atualizou e desenvolveu ainda mais sua doutrina e prática de forma dialógica, absorvente, abrangente, mas não purificadora.

Toda a estrutura romana do passado foi reafirmada pela justaposição de um perfil “católico”: leve, ecumênico, aberto a absorver tudo e todos. Para muitos, as mudanças introduzidas pelo Vaticano II pareciam um verdadeiro ponto de virada; na realidade, foi apenas mais uma etapa no egocentrismo de um sistema que não quer se reformar segundo a Palavra de Deus, mas sim se relançar em uma nova fase histórica sem perder nenhum de seus princípios antibíblicos.

Decaído em sua instituição imperial romana

A Igreja Católica Romana apresenta-se como uma instituição hierárquica, de cima para baixo, dividida entre uma classe restrita de clérigos e uma grande massa de leigos. O sacramento da ordem é reservado aos primeiros, bem como a autoridade de ensino e governo, enquanto os últimos são relegados a um papel sacramentalmente marginal como executores. Esta divisão entre uma grande base de leigos e um pequeno círculo de clérigos é contrária

Boa conversa com um Amigo Católico à natureza bíblica da igreja, que é um corpo formado por vários membros, todos sob uma única cabeça, que é Cristo, e a seu serviço. A mesma estrutura hierárquica é encontrada na classe dos clérigos, dividida entre padres, bispos, arcebispos e papas, todos em uma linha hierárquica. Essa característica da instituição eclesial não é bíblica, mas imperial. Reflete a cultura imperial romana e seu conceito de exercício de poder, que forjaram de maneira decisiva a estrutura da Igreja de Roma.

O papado é a instituição que melhor reflete essa origem imperial.13 Mesmo as leituras mais generosas do papel de Pedro na igreja primitiva, conforme descrito no Novo Testamento, não são capazes de justificar o surgimento do papado como o ofício mais elevado da igreja. Em vez disso, o papado assemelha-se ao ofício do imperador, transposto para uma instituição religiosa. Muitos títulos papais são traduções eclesiásticas de títulos imperiais. Pense, por exemplo, em “Sucessor do Príncipe dos Apóstolos (ou seja, Pedro)”, “Sumo Pontífice da Igreja Universal”, “Primaz da Itália” e “Soberano do Estado da Cidade do Vaticano”. São títulos imperiais. São papéis políticos. Na linguagem utilizada e na cultura a que estão subjacentes, estes títulos têm a ver com a política do Império Romano, não com o exercício da responsabilidade na igreja de acordo com o evangelho. Em que parte da Bíblia se fala de um chefe humano da igreja que seja “príncipe”, “pontífice”, “primaz” e até mesmo “soberano” de um estado? Fica claro que estamos diante de uma transposição de títulos estranhos à

13 Mais sobre isso em meu A Christian Pocket Guide to the Papacy: Its Origin and Role in the 21st Century (Fearn: Christian Focus, 2015).

igreja de Jesus Cristo porque derivam da ideologia política de um império humano.

Pense em como o recente Catecismo da igreja católica (1992) define e descreve o papel do papa romano. No parágrafo 882 é dito que “em virtude do seu cargo de vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja, o pontífice romano tem sobre a mesma Igreja um poder pleno, supremo e universal, que pode sempre livremente exercer”.14 Poder pleno, supremo e universal — este é um poder imperial não definido pelas Escrituras, que, ao contrário, limita todos os poderes dentro e fora da igreja. Veja o parágrafo 937, em que lemos: “O Papa está revestido, por instituição divina, do poder supremo, plenário, imediato e universal para o governo das almas”.15 O poder ainda é falado e definido em termos imperiais, exceto por atribuí-lo à vontade divina!

O papado é fruto de uma concepção imperial, no topo da qual está o imperador (papa), cercado por um senado de aristocratas (cardeais e bispos) que governam homens livres (sacerdotes) e uma massa de escravos (leigos). O catolicismo romano assumiu a estrutura imperial e a reproduziu em sua própria autocompreensão e organização interna. A tragédia é que também revestiu esta estrutura imperial com um imprimatur divino, como se descesse diretamente da vontade de Deus, tornando-a imutável. Qualquer tentativa de justificar biblicamente a estrutura imperial da igreja é uma reflexão tardia, que tenta, em vão, ver o catolicismo romano como

14 Catecismo na Igreja Católica (1992), n. 882. Disponível em: https://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/ prima-pagina-cic_po.html. 15 Ibid., n. 937.

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o desenvolvimento orgânico da igreja do Novo Testamento. Em vez disso, a Igreja de Roma é filha do Império Romano. Quando o império caiu, das suas cinzas emergiu a estrutura eclesiástica que perpetrou sua ideologia por séculos, até aos dias atuais.

Baseado em uma teologia antropologicamente otimista e em uma eclesiologia anormal

Na base da teologia católica romana estão uma teologia antropologicamente otimista e uma eclesiologia anormal, os dois eixos principais de todo o sistema teológico católico romano.

O primeiro eixo diz respeito à relação entre natureza e graça ou, como Gregg Allison a chamou — de forma útil em seu livro Teologia e prática da Igreja Católica Romana — de “interdependência natureza-graça”.16 O catolicismo romano reconhece a criação de Deus (natureza) e tem um senso da graça de Deus. A natureza existe, assim como a graça divina existe em relação a ela. O que falta neste esquema é uma compreensão bíblica e, portanto, realista do pecado. Em uma cosmovisão bíblica, o primeiro ato da criação é seguido pelo segundo ato, a quebra da aliança entre Deus e a humanidade por causa do pecado. Este segundo ato tem efeitos devastadores e em cascata sobre toda a vida. O catolicismo romano, embora mantenha uma doutrina do pecado, não a tem de maneira biblicamente radical. Embora considere o pecado uma doença grave, não o considera morte espiritual.

16 Gregg R. Allison, Roman Catholic Theology and Practice: An Evangelical Assessment (Wheaton, IL: Crossway, 2014), p. 42-67. [Teologia e prática da Igreja Católica Romana (São Paulo: Edições Vida Nova, 2018).]

Para o catolicismo romano, a natureza, antes e depois do pecado, é sempre capax dei (isto é, capaz de conhecer a Deus e de acolher o dom que ele faz de si mesmo), intrínseca e constitutivamente aberta à graça de Deus.

Por essa razão, o catolicismo romano é permeado por uma atitude que confia na capacidade da natureza de exteriorizar a graça (o pão que se torna o corpo de Cristo, o vinho que se torna seu sangue, a água do batismo e o óleo da unção que transmitem a graça), na capacidade de uma pessoa de cooperar e contribuir para a salvação com suas próprias obras, na capacidade de outras religiões de serem caminhos para Deus, na capacidade da consciência de ser o ponto de referência para a verdade, e na capacidade do Papa de falar de maneira infalível quando o fizer ex cathedra.

Em termos teológicos, de acordo com esta visão, a graça intervém para elevar a natureza a seu fim sobrenatural, pressupondo sua capacidade imaculada de ser elevada. Mesmo que enfraquecida pelo pecado, a natureza mantém sua capacidade de interagir com a graça porque esta está indelevelmente inscrita naquela. O catolicismo romano não distingue entre a graça comum, com a qual Deus protege o mundo do pecado, e a graça especial, com a qual Deus salva o mundo. Portanto, o catolicismo romano está permeado por um otimismo de que tudo o que é natural pode ser agraciado.

O segundo eixo da teologia católica romana trata do relacionamento entre Cristo e a igreja. Nos termos de Allison, trata-se da “interconexão Cristo-igreja”. O catolicismo romano ensina que depois da ascensão de Jesus Cristo ressuscitado à direita do Pai, há um senso de que Jesus está de fato presente em seu “corpo místico”, a igreja, que está

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ligada de maneira inseparável à instituição hierárquica e papal da Igreja Romana. Para o catolicismo romano, a encarnação de Cristo não terminou com a ascensão, mas continua na vida sacramental, institucional e docente da igreja. A Igreja Romana exerce os ofícios reais, sacerdotais e proféticos de Cristo em um sentido real: por meio dos sacerdotes que agem in persona Christi (na pessoa de Cristo), a igreja governa o mundo, dispensa a graça e ensina a verdade.

As prerrogativas de Cristo são assim transpostas à igreja: o poder da igreja é universal, seus sacramentos transmitem graça ex opere operato (pela obra realizada) , em razão de serem promulgados, e seu magistério é sempre verdadeiro.

A distinção bíblica entre a cabeça do corpo, Cristo, e os membros de seu corpo, a igreja, é confundida pela categoria católica romana de totus Christus (Cristo inteiro), o Cristo total que inclui ambos. As consequências desta confusão poluem o modo como a igreja se concebe e como atua.

A igreja místico-sacramental-institucional-papal é concebida de forma inflada e anormal.

O catolicismo romano funciona dentro destes dois eixos: o otimismo subjacente, que se baseia em uma interdependência entre natureza e graça, e o papel de liderança da instituição eclesiástica romana, que se baseia na interligação entre Cristo e a igreja.

Definido por seu sistema sacramental

O sistema sacramental é a verdadeira infraestrutura operacional do catolicismo romano. A sacramentalidade se refere à ideia de mediação: visto que a natureza é intrinsecamente capaz de ser elevada pela graça, a graça não é recebida imediata ou externamente, mas sempre por meio de um

veículo. A graça divina é transmitida à natureza por meio dos sacramentos. Do ponto de vista sacramental da Igreja Católica Romana, a graça do batismo é concedida com água, a graça da extrema unção com óleo, a graça da ordem com a imposição das mãos e a graça da Eucaristia com pão e vinho consagrados. A graça não pode ser recebida somente pela fé, mas sempre por meio de um elemento natural concedido pela igreja, que atua em nome de Cristo e a transforma de um mero elemento natural na “presença real” da graça divina.

Portanto, são necessários dois elementos para um sacramento católico romano: um elemento físico e a ação da igreja, que acredita ter ela mesma a tarefa de transfigurar a matéria e transmitir a graça. A interdependência entre a natureza e a graça significa que a graça entra na natureza e por meio da natureza; a interconexão entre Cristo e a igreja significa que a Igreja de Roma a dispensa em nome do próprio Cristo. Visto que é Cristo quem opera pelos sacramentos da igreja, eles têm um efeito ex opere operato, pelo próprio fato de serem transmitidos, tornando secundários a confiança em Cristo e o arrependimento do pecado por parte do destinatário.

O Concílio de Trento (1545-1563) projetou a estrutura sacramental da Igreja de Roma, do batismo à extrema unção, em resposta à Reforma Protestante, que enfatizou que a obra de Cristo é recebida somente pela fé, por meio da obra do Espírito Santo. A estrutura é composta por sete sacramentos — batismo, confirmação, confissão, eucaristia, ordem, casamento, extrema unção — que acompanham a vida humana do nascimento à morte. A Igreja Romana dispensa a graça de Deus em todas as fases da vida. Alguns sacramentos são administrações de graça recebidas de uma vez por todas, como o batismo, a confirmação, a ordem, o casamento e

Boa conversa com um Amigo Católico a extrema unção, enquanto outros são recebidos de forma cíclica e repetida, como a confissão e a eucaristia. Desta forma, a graça de Deus torna-se real e difundida por meio da ação da igreja. Para o Concílio de Trento, ser excluído dos sacramentos por excomunhão, cisma ou pertencimento a outras religiões equivalia a ser excluído da graça.

Embora não negasse o sistema tridentino, o Concílio Vaticano II (1962-1965) acrescentou uma ênfase importante. O último Concílio desviou a atenção dos atos sacramentais da Igreja Católica para a essência sacramental da igreja. Na famosa definição do concílio, “a Igreja, em Cristo, é como um sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (Lumen Gentium 1). Assim, a própria igreja é um sacramento, isto é, a “presença real” de Cristo. A igreja expressa unidade com Deus e unifica toda a raça humana. Por esta razão, Roma pode tratar a todos como irmãos e irmãs. Aqueles que Trento considerava excluídos da graça, porque foram excluídos dos sacramentos, a Igreja de Roma agora considera como irmãos e irmãs já impactados pela graça, ainda que de forma misteriosa, e já de alguma forma ordenados à Igreja Católica. Dos sacramentos como atos específicos à sacramentalidade da igreja como um todo, é aqui que se encontra hoje a Igreja Católica Romana.  O evangelho reconhece a bondade da criação, mas também a natureza radical do pecado. O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus se elas não lhe forem ensinadas (1Co 2.12-15). A carne ou a natureza pecaminosa não recebem graça; é o Espírito quem dá vida (Jo 6.63). Jesus instituiu as ordenanças do batismo e da Ceia do Senhor como “palavras visíveis”, segundo a bela expressão do reformador

O catolicismo romano e o mundo em que seus amigos vivem

italiano Pedro Mártir Vermigli,17 que testemunham a graça recebida pela fé, não como objetos por meio dos quais a graça é tornada presente por uma igreja que acredita ser a extensão da encarnação de Jesus Cristo.

Movido pelo plano católico (universal) de absorver o mundo inteiro

O Credo dos apóstolos descreve a igreja como “católica” no sentido da universalidade, que se estende por todo o mundo, mas o significado dado à catolicidade pela Igreja de Roma vai além da universalidade da igreja.

Depois da conclusão do Vaticano II, o teólogo protestante italiano Vittorio Subilia publicou um livro no qual foram examinados os documentos aprovados pelo Vaticano II e foi fornecida uma interpretação geral do catolicismo romano que emergiu do Concílio.18 O catolicismo romano do Vaticano II renunciou às pretensões teocráticas herdadas dos longos séculos de sua história e, em vez disso, investiu maciçamente no aumento de sua catolicidade. Não tem mais a pretensão de dominar o mundo de forma absolutista, por isso procura permeá-lo e modificá-lo de dentro para fora. Não lança mais anátemas contra a modernidade, mas se esforça para penetrá-la e promovê-la. Não impõe mais seu poder de maneira coerciva, mas tenta exercê-lo com elegância. A Igreja de Roma carece de um forte apoio popular quando o assunto é doutrina e moral, por isso tenta manter sua capacidade de

17 Joseph McLelland, The Visible Words of God: An Exposition of the Sacramental Theology of Peter Martyr Vermigli, A. D. 1500-1562 (Edinburgh: Oliver and Boyd, 1957).

18 Vittorio Subilia, La nuova cattolicità del cattolicesimo (Torino: Claudiana, 1967).

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influenciar, condicionar e dirigir indiretamente a sociedade. Não pode mais se dar ao luxo de uma disputa acirrada com o mundo; para não ser relegada a um canto, aceita a sociedade moderna a fim de permeá-la de dentro para fora.

Em uma metáfora militar, pode-se dizer que as táticas do catolicismo romano não são mais as de colisão frontal, mas de fechar as asas. O objetivo não é a aniquilação, mas a incorporação. O objetivo não é a conquista, mas a absorção por meio da expansão dos limites da catolicidade. Tudo está sob a jurisdição do catolicismo romano.

Esta nova catolicidade reside na capacidade de incorporar ideias divergentes, valores diferentes e movimentos heterogêneos, integrando-os ao sistema romano. Se a fé evangélica escolhe somente a Escritura, somente Cristo e somente a fé, o catolicismo romano não os contesta, mas acrescenta a eles — Escritura e tradição, Cristo e a igreja, graça e sacramentos, fé e obras. Na verdade, o catolicismo romano tem uma estrutura tão ampla que pode acomodar tudo, uma tese e sua antítese, uma instância e outra, um elemento e outro.

Na cosmovisão católica romana, a natureza é conjugada à graça, a Escritura à tradição, Cristo à Igreja, a graça aos sacramentos, a fé às obras, a vida cristã à religião popular, a piedade evangélica ao folclore pagão, a filosofia especulativa às crenças supersticiosas, o centralismo eclesiástico ao universalismo católico. O evangelho bíblico não é seu parâmetro; portanto, o catolicismo romano está sempre aberto a novas integrações em sua expansão progressiva.

O critério básico do catolicismo romano não é a pureza do evangelho nem a autenticidade cristã, mas a integração

de qualquer particularidade em um horizonte universal a serviço de uma instituição romana que detém as rédeas.

E que resulta em uma religião confusa e distorcida

Agora que examinamos os diversos elementos da minha definição de catolicismo romano, é hora de fechar o círculo, chegando a uma conclusão provisória. Então, o que pode ser dito sobre a perspectiva doutrinária, os padrões devocionais e a estrutura institucional do catolicismo romano como um todo? Pode-se dizer que o catolicismo romano é uma religião confusa e distorcida.

Seu “princípio formal”, ou fonte de autoridade, não é apenas a Escritura, mas a Palavra de Deus em conjunto com a tradição da igreja, que acaba se enquadrando no magistério da Igreja Romana. Não tendo a Escritura como autoridade máxima, o catolicismo romano só pode ser biblicamente confuso, ambíguo e, por fim, errôneo. Cada um de seus principais usos das Escrituras, por mais linguisticamente aderentes à Bíblia que sejam, é atravessado por um princípio contrário à Palavra de Deus.

Seu “princípio material”, ou ensinamento primário, não é a graça de Deus recebida somente pela fé que salva o pecador, mas um sistema sofisticado que mescla a graça divina com a atuação de uma pessoa por meio do recebimento dos sacramentos da igreja. O catolicismo romano fala de pecado, graça, salvação e fé. No entanto, emprega estes termos não de acordo com seu significado bíblico, mas distorcendo-os segundo seu próprio sistema sacramental. Os termos são os mesmos, mas, por não serem definidos pelas Escrituras, seu significado está repleto de divergências internas. De um

Boa conversa com um Amigo Católico ponto de vista fonético são iguais, mas teologicamente são diferentes dos utilizados pela fé cristã.

Algumas distorções do catolicismo romano são óbvias, como os dogmas marianos que não tem qualquer respaldo bíblico, atos de devoção derivados de práticas pagãs e a instituição do papado, que é filho do Império Romano. Outras são mais sutis e sofisticadas, incluindo os desenvolvimentos doutrinários acumulados ao longo dos séculos, a eclesiologia e os ensinamentos católicos romanos sobre a salvação.

À luz dessas distorções generalizadas, até mesmo o que os católicos romanos parecem ter em comum com os cristãos bíblicos deve ser cuidadosamente questionado. Como diz o documento “Uma abordagem evangélica para compreender o catolicismo romano” da Italian Evangelical Alliance:

A concordância doutrinária entre católicos e evangélicos, que se expressa em uma adesão comum aos Credos e Concílios dos primeiros cinco séculos, não constitui uma base adequada para dizer que existe uma concordância quanto aos fundamentos do evangelho. Além disso, os desenvolvimentos no seio da Igreja Católica durante os séculos seguintes levantam a suspeita de que essa adesão possa ser mais formal do que substancial. Esse tipo de observação também pode ser verdadeiro em relação à concordância entre evangélicos e católicos no que diz respeito a questões éticas e sociais. Há uma semelhança de perspectiva que tem suas raízes na graça comum e na influência que o cristianismo em geral exerceu ao longo da história. Contudo, uma vez que a teologia e a ética não podem ser separadas, não é possível dizer que haja um entendimento ético comum — as teologias subjacentes em suma são diferentes. Como não há uma concordância básica quanto aos fundamentos do evangelho, mesmo quando se trata de questões éticas

A Pro Nobis Editora nasceu da visão de servir à igreja brasileira mediante a literatura cristã de qualidade. O ministério da Pro Nobis tem por alvo especial ajudar os batistas brasileiros na missão de edificar a igreja e anunciar o Evangelho ao mundo. Para tanto, o conhecimento de suas raízes históricas e herança teológica é fundamental. Existem excelentes editoras evangélicas no Brasil, com as quais juntamos forças nesse trabalho de servir ao povo de Deus.

Mas por que Pro Nobis? Trata-se de uma expressão em latim que significa POR NÓS. Na tradição cristã, essa expressão se relaciona com a obra de Jesus Cristo em nosso favor. A cruz é o símbolo maior e mais sublime da fé cristã, o coração do Evangelho. O Deus Trino fez uma aliança de redenção em favor de seu povo eleito, salvo pelo sangue do Cordeiro. Nosso alvo é edificar a igreja para que ela prossiga na missão de proclamar “o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3.8).

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