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ENCONTRO FEMININO ABADÁ CAPOEIRA, ADRIANA REJANE GUALBERTO SILVA (PROFESSORA CAMALEOA) E ALESSANDRA MACHADO CARDOSO MELO (INSTRUTORA ORQUÍDEA
Por Adriana Rejane Gualberto Silva (professora Camaleoa) e Alessandra Machado Cardoso Melo (instrutora Orquídea)
foto Thiago August
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Na Capoeira sempre existiu mulheres que fizeram história juntamente com os homens, porém em um ambiente extremamente masculino, no qual os homens são a maioria, as mulheres ainda tinham pouca voz e, muitas vezes, tinham suas opiniões silenciadas pelo sistema machista existente também na Capoeira. O Encontro feminino surgiu a partir do aumento significativo das mulheres na Capoeira e da necessidade de organizar e dar voz a tantos talentos que nela sempre existiram. O primeiro encontro foi em 2010, formado por grandes lideranças femininas e a participação de instrutoras, graduadas e alunas. Desde essa época, o encontro feminino entrou para as atividades anuais fixas do calendário. O encontro feminino enaltece, valoriza e ajuda o despertar dos múltiplos talentos que há nas mulheres capoeiristas, podendo dessa forma aperfeiçoar a técnica, através dos treinos, aumentar a conexão feminina e ser um espaço de fortalecimento de uma com as outras. Um dos grandes feitos desses encontros foi o surgimento de competições femininas e também o festival de cantigas, onde as mulheres cantam e compõem suas próprias músicas de capoeira, sempre acompanhadas de boas cantadoras, tocadoras e um coral simplesmente sensacional. Através dos festivais as mulheres construíram a ideia de realizar o primeiro CD Feminino em 2013, com as músicas e cantigas campeãs dos festivais, geralmente são músicas com letras que retratam o dia a dia feminino dentro e fora da capoeira.

fotos professora Camaleoa

Apesar de ser um encontro totalmente voltado para as mulheres, feito e organizado por elas, os homens têm participação nas aulas e cursos, além de ajudar na divulgação, e ao longo desses anos vêm cada vez mais aprendendo a respeitar o lugar das mulheres na Capoeira. A experiência dos encontros também ajudou as mulheres a reconhecer que o corpo feminino é capaz de realizar todos os movimentos que a Capoeira propõe, não há diferença na realização dos golpes, floreios e até mesmo velocidade, vimos que a força é talvez a única diferença dentro da Capoeira que existe entre homens e mulheres, esse é um fator que não se compete, porém a malícia e habilidade que existe na capoeira faz com que a mulher tenha igual desempenho diante dos homens. Contudo, sabemos que a Capoeira é uma luta de resistência, assim como nós mulheres resistimos estar nesse ambiente. A Capoeira é para todos: homens, mulheres, crianças, idosos e também é um espaço inclusivo e democrático.


Fotos Professora Camaleoa
Fato é que a Capoeira é uma luta de libertação, criada no Brasil colônia pelos escravizados vindos da África. Ela se tornou parte da História responsável por ajudar os negros a se libertarem dos cativeiros e se organizarem como parte de grandes feitos nas lutas que representavam o que havia de África no Brasil, por esse motivo a Capoeira no mercado escravo teve importantíssima força para ajudar na libertação dos negros e suas lutas ajudaram o Brasil a reconhecer que a libertação dos negros era um dos fatores fundamentais para a Independência do Brasil. Desde essa época encontramos registros, apesar de serem poucos, pois sabemos que naquela época muitos feitos femininos foram ignorados e silenciados, várias mulheres contribuíram e lutaram junto à Capoeira para a libertação dos negros, e desta forma continuamos nessa luta de resistência para que as mulheres sejam cada vez mais valorizadas e reconhecidas, por elas lutamos para que o Brasil seja igual para todos, independentemente de serem homens ou mulheres.

Fotos Rui Zilnet
