O Lamparim: Tecnologias em saúde, educação e enfermagem.

INFORMATIVO PET ENFERMAGEM N.25

O LAMPARIM

TECNOLOGIAS EM SAÚDE, EDUCAÇÃO E ENFERMAGEM 20 de dezembro de 2019

EDITORIAL

A VIGÉSIMA QUINTA EDIÇÃO DO JORNAL INFORMATIVO “O LAMPARIM” APRESENTA O TEMA RELACIONADO ÀS TECNOLOGIAS DE EDUCAÇÃO E SAÚDE PRODUZIDAS E UTILIZADAS NO INTUITO DE CONTRIBUIR E FAVORECER O CUIDADO REALIZADO PELOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. DESTACAMOS QUE VOCÊ LEITOR PODE CONTRIBUIR COM DICAS E SUGESTÕES PARA AS PRÓXIMAS EDIÇÕES DO NOSSO JORNAL. ENVIE UM E-MAIL PARA PETENFERMAGEMUFSM2013@GMAIL.COM. CONTAMOS COM SUA CONTRIBUIÇÃO!

CONTATOS Silvana Bastos Cogosilvanabastoscogo@gmail.com Laís Mara Caetano da Silvalais.silva@ufsm.br

Anne Louíze Menezes Xavier- annelmx12@gmail.com Bruna Caroline Ruppelt- ruppeltbruna@gmail.com Carine Rieger Donel- donel.carine@gmail.com Elisa Fortes Vilhalbaelisafortesvilhalba050298@gmail.com Hentielle Feksa Lima- hentielle@gmail.com José Victor Eiróz dos Santos- zves@outlook.com Jozéli Fernandes de Lima- jozeli-lima@hotmail.com Jully Martins Gomes Portela - jullymgportela@gmail.com

Kamila Caneda da Costa- kamilacaneda@gmail.com Lívia Martins de Martins- liviamartinsm13@gmail.com Luiza Camila Jerke- luizajerke@gmail.com Nathalia Kaspary Boff- natty_kboff@hotmail.com Victória de Quadros Severo Macielvictoriatrabalhos@outlook.com

EXPEDIENTE

INFORMATIVO “O LAMPARIM” DEZEMBRO DE 2019;

UFSM- CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE (CCS);

REPORTAGEM E REDAÇÃO - PET ENFERMAGEM;

ORGANIZAÇÃO: ANNE LOUÍZE MENEZES XAVIER, ELISA FORTES VILHALBA E JOZÉLI FERNANDES DE LIMA

REVISÃO: PROF

ª ª DR

SILVANA BASTOS COGO DR

ª

TUTORA E PROF

ª

COLABORADORA LAÍS MARA C DA SILVA:REUNIÕES-

SEGUNDAS E QUARTAS A PARTIR DAS 17H30MIN; SALA 1438- CCS

ÍNDICE COMPREENDENDO O CONTEXTO DAS TECNOLOGIAS NO CUIDADO EM ENFERMAGEM

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A ENFERMAGEM FRENTE ÀS TECNOLOGIAS DE SAÚDE: CARRO FACILITADOR DO CUIDADO

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JOGO “TRILHA DO ATO TRANSFUSIONAL”: A TECNOLOGIA QUE É SUCESSO COMO AÇÃO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE NO HUSM

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BRACELETE ASSISTIVO - UMA TECNOLOGIA DE AUXÍLIO À PESSOAS COM DIFICULDADE DE LOCOMOÇÃO

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CHEGA DE AGULHAS!

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PRÁTICAS SEGURAS PARA PREVENÇÃO DE LESÃO POR PRESSÃO EM CIRURGIAS ELETIVAS

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COMPREENDENDO O CONTEXTO DAS TECNOLOGIAS NO CUIDADO EM ENFERMAGEM Entrevista com a Enfermeira Doutora Elisabeta Albertina Nietsche Elisabeta Albertina Nietsche, possui graduação em Enfermagem e Obstetrícia, é professora titular da Universidade Federal de Santa Maria, pesquisadora do CNPQ e da FAPERGS. Faz parte do Sistema Nacional de Avaliação da Educação SuperiorSINAES do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas EducacionaisMEC. Atua ou já atuou como consultora "ad doc" de periódicos na Área da Enfermagem, Educação e Trabalho.

Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Em Enfermagem e Saúde, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, enfermagem, tecnologia, emancipação e tecnologia educacional, ética e bioética, cuidado e educação em saúde e enfermagem.

1 - Como iniciou o interesse e aprofundamento pela área que envolve tecnologia e saúde? Conte para nós um pouco da sua experiência enquanto enfermeira pesquisadora.

Primeiramente, queria agradecer a oportunidade de falar sobre a temática tecnologia/saúde/enfermagem.

Meu interesse começou por ocasião do meu doutorado em que defendi a tese em 1999 “Tecnologia emancipatória: possibilidade ou impossibilidade para a práxis de enfermagem?" Desde essa época tenho me dedicado a essa temática com meus orientandos do doutorado e mestrado.

Recentemente a enfermagem está despertando para essa área, mas temos que buscar parcerias, principalmente de outras áreas que nos auxiliem nas tecnologias de produto. A partir de muitos estudos, foi possível desenvolver o conceito do que é tecnologia: o conjunto de processos concretizados a partir da experiência cotidiana e da pesquisa, para o desenvolvimento metódico de conhecimentos/saberes, organizados e articulados para o emprego no processo de concepção, elaboração, planejamento, execução/operacionalização e manutenção de bens materiais e simbólicos e serviços produzidos e controlados pelos seres humanos, com uma finalidade prática específica.

Portanto, a tecnologia serve para gerar conhecimentos a serem socializados, para dominar processos e produtos e transformar a utilização empírica, de modo a torná-la científica. Ainda, a tecnologia também apresenta uma proposição ou explicação de um modo de fazer. Ademais, recentemente no grupo de pesquisa é se trabalhado com o conceito de Tecnologias CuidativosEducacionais (TCE), sendo uma possibilidade inovadora de conceber e justificar tecnologias desenvolvidas/utilizadas, a fim de que estas transcendam a mera concepção de processos tecnológicos educacionais/assistenciais de modo isolado. A TCE exige que os profissionais despertem níveis de consciência prática/práxis durante o exercício de processos práticos, tornando o processo de cuidar indissociável do processo de educar na

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práxis dos enfermeiros. Ainda, quando se pensa em tecnologia, está presente na concepção das pessoas a banalização, visto que algumas tornamse grandes defensoras e, outras, demasiadamente contrárias.

Isso ocorre pela tendência que se tem em aderir uma concepção de tecnologia como meio material ou um produto que possa influenciar nas tarefas do cotidiano. Também, outro equívoco é a associação do conceito de tecnologia somente à era informatizada, o que deve ser desmistificado, pois se assim fosse, a história da tecnologia seria a de hoje, do início da Cibernética, da Robótica e da Informática.

2 - Em relação ao desenvolvimento do “Carrinho facilitador do cuidado”, como surgiu essa necessidade e como foi o processo de criação?

Este projeto emergiu de uma orientanda do mestrado, a Liege Cassenote, que enquanto acadêmica e profissional observou a necessidade de se construir uma tecnologia de produto para auxiliar na promoção de saúde e facilitar o cuidado prestado pelos profissionais de enfermagem na área hospitalar. A autora também justificou que o carrinho poderia evitar o contato direto de materiais de uso comum dos pacientes em situação de internação com as superfícies dos leitos reduzindo a transmissão cruzada de microorganismos. Com esse carinho, a intenção é de proporcionar uma tecnologia que facilite a disposição dos materiais utilizados para propiciar ao profissional a sistematização de um cuidado seguro, tanto no sentido de redução de efeitos resultantes de riscos ergonômicos para o trabalhador, quanto de redução de índices de infecção hospitalar.

3 - Com sua experiência e pesquisas sobre a temática, que tecnologias são mais utilizadas pelos profissionais de enfermagem e que facilitam o cuidado?

A enfermagem utiliza todos os aparatos tecnológicos de produto que são aquelas, que são identificáveis como: equipamentos e de processo, que são aquelas que incluem as técnicas, os métodos e os procedimentos utilizados para se obter um determinado produto.

Identifico na nossa área as tecnologias de administração/gestão, tecnologias de concepções, tecnologias de cuidado (técnicas, procedimentos, conhecimentos utilizados pelo enfermeiro no cuidado), tecnologias de educação, tecnologias interpretativas de situações de clientes, tecnologias de modo de conduta, tecnologias de processos de comunicação. No grupo categorial das Tecnologias de Administração incluem-se: formas de procedimento e organização de equipamentos, tempos e movimentos relativos ao trabalho da enfermagem, modos de fazer as operações sistematizadas e controladas, para contemplar os aspectos envolvidos no cuidado a assistência, o ensino e o gerenciamento, entre outros; Nas Tecnologias de Concepções se incluem os desenhos/projetos para a assistência de enfermagem, bem como uma forma de delimitação da atuação do enfermeiro; Na nomenclatura das Tecnologias do Cuidado foram incluídas técnicas, procedimentos, conhecimentos utilizados pelo enfermeiro no cuidado;As Tecnologias de Educação são aquelas que agrupam os meios de auxiliar a formação de uma consciência para a vida saudável; Nas Tecnologias Interpretativas de situações de clientes, se incluem: medidas tecnológicas de justificação dos cuidados que são próprios do papel

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do enfermeiro em que comprovam sua contribuição específica do domínio da saúde ao evidenciar os “problemas” de um cliente/pessoa, de uma família ou de uma coletividade, com clarificação profissional daquilo que deve ser feito para resolvê-los;Com as Tecnologias de Modos de Conduta estão incluídas as tecnologias indicativas de comportamentos profissionais ou de clientela, orientados a constituir-se em protocolos assistenciais.E no domínio das Tecnologias de Processos de Comunicação, são considerados os meios utilizados pelos profissionais como forma terapêutica e na prestação de informações, ou seja, todas as formas do profissional de clientela manterem relacionamentos entre si e com os outros.

4 - Na sua opinião, quais as fragilidades e potencialidades existentes relacionadas à tecnologia e enfermagem?

Para finalizar, o que você gostaria de dizer para os leitores do Lamparim sobre o tema?

“Se quisermos que a tecnologia seja usada criativamente para benefício da humanidade como um todo, precisaremos de um público esclarecido e apto a avaliá-la imparcialmente...

Algo que não temos atualmente” (Kneller, 1980, p.268-269).

As fragilidades: temos que ter cuidado: nem tudo é tecnologia e não devemos deixar “cair no modismo”. Tecnologia deve ter um processo de validação (juízes especialistas/público alvo) e também começarmos a avaliar aquilo que produzimos (eficácia/ eficiência).

Temos poucas tecnologias de produtos, e os fomentos para pesquisa são mais nessa área.

As potencialidades: enfermeiros possuem um vasto campo de pesquisa tanto na atenção primária à saúde quanto hospitalar. São pessoas capacitadas para desenvolver pesquisas em parceria para desenvolvimento de tecnologias.

Texto por: Bruna Caroline Ruppelt e Jully Martins Gomes Portela.

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A ENFERMAGEM FRENTE ÀS TECNOLOGIAS DE SAÚDE: CARRO FACILITADOR DO CUIDADO Para tanto, foi necessária a composição Entrevista com Liége de um grupo de pesquisadores para Gonçalves Cassenote

Liege Gonçalves Cassenote é Enfermeira pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA - 2013)E Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria (2017).

Atualmente atua como Enfermeira Assistencial na Unidade de Cirurgia Geral (UCG), no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM)/Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em unidade cirúrgica, pronto-atendimento e comissão de controle de infecção hospitalar).

1 - Conte um pouco de sua trajetória acadêmica percorrida até a criação e desenvolvimento do Carro Facilitador do Cuidado.

Toda inquietação cotidiana instiga a uma possibilidade de elaborar uma questão norteadora de pesquisa científica. Essa, desafia-nos a vivenciar o desconhecido em busca da construção do conhecimento.

A trajetória para a construção do protótipo do Carro Facilitador do Cuidado compreendeu busca exaustiva e criteriosa por embasamento científico, disciplina, trabalho em equipe e, sobretudo, crescimento pessoal. O fato de persistir às dificuldades encontradas, superar e equilibrar os desafios e compromissos da vida acadêmica, profissional e pessoal se destacou nesse processo.

nortear o planejamento e execução do estudo, o qual foi definitivo para a exequibilidade e êxito da proposta. A saber, a equipe de pesquisadores foi composta por: uma enfermeira pesquisadora, uma enfermeira doutora em filosofia em enfermagem, um pesquisador em sistema da informação e mestre em ciências da computação, um acadêmico do curso de sistemas de informação, um acadêmico do curso de tecnologia em fabricação mecânica e um acadêmico do curso de engenharia elétrica. Também, foi determinante a participação de auxiliares de pesquisa (acadêmicos de enfermagem integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisa em Enfermagem e Saúde – GEPES/UFSM) para a realização da coleta de dados da pesquisa.

Dessa maneira, foi possível agregar diferentes e críticos olhares às considerações dos participantes da pesquisa, a fim de que o processo ocorresse de forma organizada, sistemática e inovadora.

2 - Como surgiu a ideia do Carro Facilitador do Cuidado?

O princípio: durante uma aula da graduação, com mais quatro colegas e amigos, conversamos sobre a ideia de a enfermagem ter um carrinho que auxiliasse na prestação do cuidado. Foi criado um modelo ali, durante a aula mesmo.

Levamos aos nossos professores na época, os quais providenciaram a confecção do carrinho com apoio da referida

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faculdade em que cursamos a Enfermagem na época.

Anos depois, durante o período em que busquei refletir acerca do tema a ser pesquisado no mestrado, dirigi-me ao hospital municipal em que realizei as aulas práticas na graduação e perguntei sobre o carrinho aos profissionais de enfermagem. As respostas foram: “Ah, aquela mesa com rodinhas? Está ali, deixamos alguns materiais em cima.” ou “é... não teve muita utilidade... pois o tamanho não condiz com a realidade das nossas enfermarias” ou “é... não utilizamos muito...”, enfim.

Naquele momento, percebi a nossa insensibilidade daquela época, reflexo da imaturidade acadêmica: elaborar um modelo de produto a ser utilizado por profissionais de enfermagem, sem a participação deles. E, de forma impositiva, disponibilizamos para o uso.

Então surgiu a proposta da minha dissertação, com o objetivo de “construir uma tecnologia de produto sob a forma de protótipo com profissionais de enfermagem que atuam em uma clínica cirúrgica e clínica médica em um hospital universitário do Rio Grande do Sul”.Refleti e construí um novo modelo norteador, por meio de um esboço em forma de desenho, à mão, durante as orientações do mestrado. Socializei o mesmo com a minha orientadora (Enfª Profª Drª Elisabeta Albertina Nietsche), que acreditou na minha proposta.

Buscamos um referencial inovador metodológico para nortear a coleta de dados e construção do produto tecnológico (com a colaboração do Prof. Ms. Miguel Bauermann Brasil) e possibilitamos que os profissionais de enfermagem participantes da pesquisa opinassem sobre as características do modelo norteador novo do Carro Facilitador do Cuidado, removendo e/ou acrescentando detalhes.

Consequentemente, cabe ressaltar que, por meio da frequência predominante das respostas, em outro momento, foi realizada a validação das informações/alterações entre o grupo de pesquisadores com: literatura científica atual disponível, legislação vigente, normas regulamentadoras em saúde e observações realizadas no cenário de referência do estudo.

Inclusive, a denominação do Carro Facilitador do Cuidado foi colocada em votação. É interessante mencionar a singularidade em possibilitar que o público que utilizará o produto, tenha a oportunidade de opinar sobre ele e sua relevância para a sua atuação. E, assim, de forma complexa, gradual e inovadora, emergiu um novo modelo final completo em comparação ao modelo pensado no início da trajetória.

A riqueza de diferentes olhares e opiniões do grupo de pesquisadores e participantes do estudo foi definitiva para o sucesso dessa construção.

3 - Como foi o processo de registro da patente do Carro Facilitador do Cuidado?

Foi complexo e desafiador. Esse processo é incipiente na Enfermagem.

Para realização do depósito do pedido de patente, o passo inicial foi buscar conhecimento junto à Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia – AGITTEC/UFSM. Afinal, um produto só é patenteável se atender aos critérios de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial, em conformidade à Lei da Propriedade Industrial. Inicialmente em sigilo, foi construído um documento descrevendo as características inovadoras que o produto oferece, elaborada uma ilustração externa do protótipo e outra detalhada/fatiada das peças que

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o compõem (incluindo descrição de dimensões de tamanho, material, dentre outros, justificando o porquê das mesmas). Também, foi realizada busca na base de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para confirmação de que o Carro Facilitador do Cuidado possui realmente caráter inovador perante as produções encontradas neste Instituto que possui responsabilidade de conceder e garantir os direitos de propriedade intelectual sob invenções.

Também, foi realizado estudo bibliométrico descritivo nas bases de dados LILACS, BDENF e Scopus, a fim de realizar o mapeamento da produção científica sobre tecnologias produzidas e validadas por enfermeiros para o cenário hospitalar.

4 - Na sua opinião, qual o impacto do Carro Facilitador do Cuidado na prática dos profissionais de Enfermagem?

A proposta da utilização do Carro Facilitador do Cuidado na prática dos profissionais de enfermagem compreende a oportunidade de qualificar a assistência prestada, a fim de colaborar para a promoção de um ambiente mais agradável ao paciente, à medida que se reduz ruído ao utilizar rodas com material siliconado, por exemplo. Há agilidade em disponibilizar um dispenser para álcool gel com sensor próximo ao profissional, durante a realização de procedimentos. A abertura das tampas das lixeiras com uso de sensor possibilitam reduzir o contato do profissional com materiais contaminados. O dispositivo que possibilita cortar a fita adesiva utilizada em procedimentos de maneira prática, no ato do uso, reduzindo contato com demais superfícies com microorganismos antes da colagem na pele do paciente.

O uso de dois andares do produto, sendo o andar debaixo com paredes laterais fechadas para reduzir o descontrole do manuseio de roupas hospitalares limpas por familiares e pacientes.

Espera-se a repercussão positiva deste produto tecnológico perante a prevenção de transmissão cruzada de infecções hospitalares, a redução do (re)trabalho no cotidiano da atuação (acesso ágil e próximo aos materiais), a possibilidade de redução e/ou evitar a ocorrência de acidentes de trabalho (com a disponibilização de local adequado e próximo ao profissional para descarte seguro dos resíduos), dentre outros.

E, indo além do impacto na prática dos profissionais de enfermagem, a construção do Carro Facilitador do Cuidado sob a forma de dissertação de mestrado, socializada de forma sistematizada, reflete na disseminação de um método promissor e inovador para posteriores pesquisas e avanços em Enfermagem.

Estimular e valorizar o protagonismo dos profissionais de enfermagem na solução das necessidades cotidianas da assistência prestada pode refletir em uma Enfermagem mais comprometida, coesa e resolutiva. Porém, é necessário ressaltar que nenhuma tecnologia de produto, por si só, é capaz de promover mudanças. Associado a isso, cabe o estímulo ao comprometimento, à ética, a seriedade, a construção e a atualização do conhecimento técnicocientífico.

Texto por: Lívia Martins de Martins e Luiza Camila Jerke.

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JOGO “TRILHA DO ATO TRANSFUSIONAL”: a tecnologia que é sucesso como ação de Educação Permanente no HUSM

Entrevista com a Enfermeira Cláudia Rosane Perico Lavich e a Pedagoga Ariane Wollenhoupt da Luz Rodrigues.

O Núcleo de educação Permanente em Saúde (NEPS), do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) é vinculado a Divisão de Gestão de Pessoas e tem por objetivo fomentar ações de educação permanente balizadas pela Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Esse serviço auxilia no planejamento, organização, acompanhamento e avaliação das ações educativas desenvolvidas na instituição.

Do mesmo modo, propicia espaços de discussão e trocas de experiências entre profissionais para que os mesmos possam produzir e reafirmar seu conhecimento.

Neste setor foram entrevistadas a Enfermeira Cláudia Rosane Perico Lavich e a Pedagoga Ariane Wollenhoupt da Luz Rodrigues, que contaram ao Programa de Educação Tutorial (PET) Enfermagem um pouco sobre o jogo intitulado “Trilha do Ato Transfusional”.

Cláudia relata que a ideia da criação de um jogo já tinha sido ventilada pela equipe do NEPS, no entanto, se concretizou após sua participação em um evento sobre Educação Permanente em enfermagem promovido pela Universidade de São Paulo (USP), e lá foram discutidas temáticas como novas tecnologias na educação como simulações realísticas, simulações cênicas e jogos educativos.

Esse evento, somado às leituras sobre tecnologias e a identificação de necessidades de capacitações sobre assuntos do cotidiano no hospital, principalmente ao ato transfusional e Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde ( IRAS) surgiu a ideia do desenvolvimento de um jogo que abordasse tais temas.

No período de Janeiro a Fevereiro de 2019, a enfermeira Cláudia e a Pedagoga Ariane desenvolveram o modelo do jogo, seu layout, dinâmica, regras/instruções. Ao mesmo tempo, as enfermeiras do Serviço de Hemoterapia do HUSM, foram contatadas para produzir o conteúdo a ser desenvolvido no jogo. Após essa produção, o jogo foi adaptado e encaminhado para teste piloto junto ao Núcleo de Educação Permanente em Enfermagem (NEPE), esse, instituído por meio de portaria, e conta com a participação de um enfermeiro de cada setor de atuação da enfermagem no HUSM. No momento do teste piloto, foi solicitado que os integrantes do NEPE jogassem com o olhar crítico, na tentativa de analisar cada questão isoladamente. O jogo recebeu algumas sugestões que foram adaptadas. Da mesma forma, o jogo passou pela avaliação das chefias dos setores e contou também com contribuição do serviço de vigilância em saúde do HUSM que conta com uma equipe

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multiprofissional de: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e pessoal administrativo. Além disso, foi encaminhado para uma unidade piloto (Hemato-oncologia) que contou com a participação de 100% da equipe de enfermagem em que a mesma fez uma avaliação por escrito destacando pontos positivos e negativos dessa nova tecnologia de aprendizagem.

Finalmente, em junho de 2019, o jogo foi encaminhado para 18 setores do HUSM que operam com o ato transfusional.

O jogo, feito de material que possibilita a limpeza e desinfecção, pode ser jogado por no mínimo duas pessoas e no máximo por três equipes de seis profissionais. Ele apresenta questões relacionadas ao ato transfusional, além de simulações, e “prendas” para tornar o jogo mais interativo e divertido. Além disso, ele possui um guia do facilitador em que contém questões comentadas a fim de fundamentar as discussões.

Pode ser jogado pelos profissionais do HUSM, bem como por estudantes e residentes que estão em prática no hospital. O jogo permaneceu por 90 dias nos setores e contou em média com 500 participantes.

Recentemente, em um evento organizado pela EBSERH sede, realizado em Brasília, o desenvolvimento do jogo educativo foi considerado uma inovação frente a necessidade de capacitação dos funcionários.

Esse jogo propicia a manutenção da educação permanente de forma dinâmica, visto que as instituições públicas de saúde se deparam com muitos desafios quando se trata de

capacitação e qualificação de funcionários como grande demanda de trabalho, superlotação, exigências legais entre outras. Além disso, o acesso aos jogos permite a aproximação e o envolvimento de diferentes profissionais durante a realização destes.

Cabe destacar que o NEPS, juntamente com o serviço de Vigilância em saúde do HUSM está desenvolvendo o jogo “Batalha contra as IRAS”que está em processo de validação. Este tem o mesmo formato de um jogo de Batalha Naval, porém eliminando os germes causadores de infecções!

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CURIOSIDADE! Após o sucesso da “Trilha dos Cuidados com o Ato Transfusional”, o serviço de Hemato-Oncologia demonstrou grande interesse nessa nova tecnologia e buscou junto ao NEPS auxílio para desenvolver um jogo que abordasse temáticas pertinentes a essa especialidade.

O jogo foi criado e conta com cinco baralhos distintos, cada um abordando uma temática, e foi intitulado: “Jogo dos Pares Hemato Oncologia”. Até o momento, já foi capacitada 100% da equipe do setor de Hemato-Oncologia em dois baralhos do jogo.

Texto por: Anne Louíze Menezes Xavier, Elisa Fortes Vilhalba e Victória de Quadros Severo Maciel.

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BRACELETE ASSISTIVO - UMA TECNOLOGIA DE AUXÍLIO À PESSOAS COM DIFICULDADE DE LOCOMOÇÃO

Entrevista com o acadêmico de Engenharia Biomédica, Thayson de Oliveira Orlandi Com o intuito de cumprir com o objetivo proposto por uma disciplina de graduação, os alunos do curso de Engenharia Biomédica Thayson de Oliveira Orlandi, Felipe Boemo e Pedro Machado Wurzel, idealizaram uma tecnologia assistiva para idosos. O projeto se constitui como a construção de um bracelete assistivo que auxiliará pessoas com dificuldade de locomoção, com enfoque em pessoas idosas, a realizarem uma travessia segura pelas ruas.

Atualmente, o projeto está em desenvolvimento, recebendo monitoria semanal via internet e recebendo as melhorias necessárias para que no futuro, o bracelete se torne acessível e utilizado pelos idosos brasileiros.

Os alunos levaram a ideia do projeto para o Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica, realizado em Búzios - RJ, e lá, o projeto foi selecionado para o primeiro Camp de Inovação, ficando entre os 10 melhores de todo o país.

O aluno Thayson Orlandi, aprimorou a proposta e concretizou este projeto como Trabalho Final de Graduação, apoiado pela sua professora e orientadora Maria Isabel Veras Orselli.

Satisfeitos com o sucesso da tecnologia, o projeto do Bracelete Assistivo foi selecionado no Academic Working Capital, do Instituto TIM - São Paulo/SP, e foi selecionado entre os 33 melhores do Brasil. O foco do Instituto é impulsionar os projetos finais de graduação para se tornarem futuras microempresas, o que contribui com o aumento da produção científica do país.

Texto por: Kamila Caneda da Costa.

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CHEGA DE AGULHAS O TEMPO TODO! O uso da IA, a inteligência artificial, tem passado dos filmes de ficção e se tornado realidade nas nossas vidas. Na área da saúde, tal tecnologia tem grande potencial de tornar mais ágil o que é de processo manual e fornecer com maior precisão os resultados esperados.

No processo crítico de adoecimento, todo cuidado pode ser crucial para a sobrevida do indivíduo doente. O balanço hídrico, o controle de diurese e até mesmo a concentração glicêmica.

Neste, o que há de mais avançado é o sistema balanceado de infusão de insulina.

O aparelho vem sendo testado desde 2008 pela empresa detentora da patente, a Admetsys Corporation, e tem como previsão de término do ensaio clínico o final do ano de 2020.

Curios@?

Entre nos sites a seguir para saber mais especificidades da tecnologia, como ela vem sido testada e conhecer a empresa que trabalha com tecnologias avançadas de sistemas metabólicos!

Teste: https://ichgcp.net/clinicaltrials-registry/NCT01291719 Empresa: https://admetsys.com/

Como funciona?

Automaticamente o sistema drena da punção venosa uma pequena quantidade de sangue a cada poucos minutos, mede o nível de açúcar no sangue, libera o drenado e, se necessário, infunde insulina, glicose ou os dois a fim de regular os valores totais de glicemia entre 80 a 180 mg/dL. O sistema informatizado possibilita que os níveis de glicose de todas as pessoas submetidas sejam monitoradas simultaneamente em um mosaico de informações em dispositivos como tablets.

Sabe qual o ramo da ciência das profissionais responsáveis por sugerir esse tipo de dispositivo? Exato! Pensou em cuidado, pensou em Enfermagem.

Além da diminuição da dor, o produto tem grande vantagem ao aplicar exatamente a quantidade necessária para regular a glicemia, o que reduz gastos e melhora a qualidade de vida da pessoa com problemas metabólicos.

Texto por: José Victor Eiróz dos Santos.

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PRÁTICAS SEGURAS PARA PREVENÇÃO DE LESÃO POR PRESSÃO EM CIRURGIAS ELETIVAS Entrevista com Thaís Dresch Eberhardt

Thaís é Licenciada e Bacharela em Enfermagem.

Especialista em Gerenciamento de Enfermagem em Clínica Médica e Cirúrgica e em Acupuntura. Mestra em Enfermagem.

Doutoranda do Programa de PósGraduação em Enfermagem (PPGEnf) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Bolsista Demanda Social da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

1 - Aborde de maneira breve qual a temática da pesquisa que você está realizando.

A pesquisa aborda a temática de prevenção de lesões por pressão (LP).

Estamos estudando, especificamente, a prevenção dessas lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico. Estamos avaliando a eficácia de duas coberturas (espuma multicamadas de poliuretano com silicone comparada ao filme transparente de poliuretano) na prevenção de lesões por pressão decorrentes do posicionamento cirúrgico em calcâneos de indivíduos hospitalizados submetidos a cirurgias eletivas.

2 - A ideia de realizar essa pesquisa surgiu de alguma vivência ou necessidade que você notou no serviço?

A ideia de realizar esta pesquisa surgiu da vivência enquanto enfermeira, da necessidade de saúde, a partir de

a partir de leituras e discussões com os orientadores e no grupo de pesquisa.

No contexto da enfermagem perioperatória, o enfermeiro é responsável, dentre outras atribuições, pelo planejamento e pela implementação de intervenções de enfermagem que minimizam ou possibilitam a prevenção de complicações decorrentes do procedimento anestésico cirúrgico.

Dentre as complicações, observa-se, na prática, que a LP é uma das mais prevalentes. Corroborando a vivência prática, a literatura aponta uma incidência de 77% de LP em pacientes submetidos a cirurgias eletivas em um hospital de ensino. As LPs são consideradas um problema de saúde pública, considerando as altas taxas de incidência, além de interferir em vários aspectos da vida do indivíduo e demandar tratamento prolongado e oneroso. A orientadora desta pesquisa é a Profa. Dra. Suzinara Beatriz Soares de Lima, professora associada do departamento de enfermagem da UFSM e Chefe da Divisão de Enfermagem do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). O coorientador é o Prof. Dr. Paulo Alves, professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), Porto, Portugal, o qual é referência mundial na temática e nos auxilia com sua expertise na prevenção de LP. A partir das discussões com os orientadores, no grupo de pesquisa e leituras da literatura científica, entendemos a necessidade de avanço no conhecimento nesta área e delineamos a pesquisa.

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3 - Cite as contribuições que esse projeto/pesquisa possui para a sociedade?

Atualmente, ainda não está estabelecido na literatura científica e guias de recomendações internacionais qual a melhor cobertura para a prevenção de LP. Esperamos, com os resultados desta pesquisa, contribuir com o avanço do conhecimento científico na área, produzindo evidência científica forte para apoiar ou não o uso das coberturas em calcâneos para prevenir LP decorrentes de posicionamento cirúrgico. O desenho do estudo é de um ensaio clínico randomizado (ECR) autocontrolado, ou seja, avaliamos as duas coberturas no mesmo paciente, uma cobertura em cada calcanhar, de forma aleatória (realizamos sorteio para decidir qual cobertura será utilizada em cada calcâneo). Nesse sentido, é um estudo que possui a potencialidade de produzir evidência científica forte para responder a problemática de pesquisa.

Além disso, possibilitamos e incentivamos a participação de alunos da graduação. Atualmente, temos na equipe de coleta de dados, sete alunas da graduação em enfermagem, possibilitando a vivência na pesquisa e o aprendizado. Também, com as parcerias internacionais estabelecidas, com o Prof. Paulo por meio da coorientação e por meio de acordo de cooperação financeira com empresa da Suécia, além de auxiliar na internacionalização do PPGEnf, estamos auxiliando na visibilidade do Brasil e da UFSM internacionalmente.

4 - Quais coberturas você escolheu para desenvolver essa pesquisa? E qual o motivo de ter escolhido essas coberturas?

As coberturas escolhidas para a pesquisa foram a espuma multicamadas de poliuretano com silicone (intervenção) comparada ao filme transparente de poliuretano (controle).

A escolha da espuma multicamadas de poliuretano com silicone foi realizada por meio de revisão da literatura. Além disso, foram respeitadas as as normativas éticas, em especial a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 466/2012, a qual traz que a efetividade de um novo método terapêutico deve ser testada comparando-o com os melhores métodos profiláticos, diagnósticos e terapêuticos atuais. No entanto, a definição de “melhor método” não fica evidente na resolução e se trata de uma discussão complexa. Para a definição do “melhor método” utilizado como controle ativo neste estudo, foi realizada revisão da literatura acerca das coberturas para prevenção de LP em calcâneos, consulta ao protocolo do HUSM, avaliação do contexto clínico dos possíveis participantes da pesquisa.

Considerando que a maior preocupação ética seria que o grupo controle não fosse privado de método preventivo que reconhecidamente deveria ser realizado, com base nas avaliações supracitadas, optou-se por utilizar, como controle ativo, o filme transparente de poliuretano, o qual já era protocolo do HUSM na prevenção de LP em calcâneos.

5 - Qual a forma de abordagem do paciente?

Os pacientes que atendem aos critérios de seleção são convidados a participar da pesquisa; aqueles que apresentam nível de consciência alterado ou comunicação verbal prejudicada, tem abordados os seus acompanhantes

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familiares presentes no momento da visita. Neste momento são explicadas a natureza da pesquisa, os objetivos, os procedimentos, riscos e benefícios.

6 - A escolha do paciente é feita de que forma?

Durante a fase de elaboração do projeto de pesquisa, definimos critérios de seleção. Então esses critérios são aplicados aos pacientes e caso eles atendam a todos os critérios, são convidados a participar da pesquisa.

Texto por: Hentielle Feksa Lima e Nathalia Kaspary Boff.