O Lamparim - Informativo PET Enfermagem - Nº 21 - Ano 9 - Novembro de 2017

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O LAMPARIM -

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CRISE E POLÍTICA: IMPACTOS NA ENFERMAGEM

EDITORIAL A vigésima primeira edição do jornal “O Lamparim” apresenta informações referentes à crise e política, de interesse dos profissionais e estudantes graduandos ou pós-graduandos de enfermagem. Esta publicação é feita para você, leitor. Dessa forma, destacamos que você também tem espaço neste informativo.

Envie dicas, sugestões ou críticas para o email: petenfermagemufsm2013@gmail.com.

Contamos com sua contribuição!

PET CHARGE

Folha de São Paulo

CONTATOS Silvana Bastos Cogo (Tutora): silvanabastoscogo@gmail.com Laís Mara Caetano da Silva (Profa. colaboradora): laismara_silva@hotmail.com Bernardo Moro: bernardomro@gmail.com Bruna Caroline Ruppelt: ruppeltbruna@gmail.com Camila Martins Nacke: mailingcamila@gmail.com Carine Rieger Donel: donel.carine@gmail.com Daiana Cristina Wickert: daianacristinaw@gmail.com Hentielle Feksa Lima: hentielle@gmail.com Jordana Lima da Silva: jordanalimas@hotmail.com José Victor Eiróz dos Santos: zves@outlook.com Jozéli Fernandes de Lima: jozeli-lima@hotmail.com Kamila Caneda da Costa: kamilacaneda@gmail.com Karen Emanueli Petry: karen_petry08@hotmail.com Lívia Martins de Martins: liviamartinsm13@gmail.com Nathália Kaspary Boff: natty_kboff@hotmail.com Thailini Silva de Mello: thailinimello@gmail.com Thaís Brasil Brutti: thaisbrasilbrutti@hotmail.com Victória de Quadros Severo Maciel: victoriatrabalhos@outlook.com

EXPEDIENTE Informativo “O Lamparim” - Setembro/Outubro 2017; UFSM – Centro de Ciências da Saúde (CCS); Reportagem e Redação – PET Enfermagem; Organização dessa edição: Bernardo Moro e Victória Maciel; Diagramação e projeto gráfico: Victória Maciel; Revisão: Profª Drª Tutora Silvana B. Cogo e Profª Drª Colaboradora Laís Mara C. da Silva; Reuniões: Segundas e quartas a partir das 17h30min.

05 06 07

ÍNDICE REFORMA DA PREVIDÊNCIA: QUAIS AS MUDANÇAS?

REFORMA TRABALHISTA: O QUE AFETA AOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM?

O DESEMPREGO E A SAÚDE DO TRABALHADOR: DESAFIOS PARA A ENFERMAGEM

08

CRISE: IMPACTOS NA VIVÊNCIA ACADÊMICA

09

CRISE: IMPACTOS NA SAÚDE PÚBLICA

10 11 13 15 18 19

PET ESCLARECE: HPV

OS BRASILEIROS PRECISAM CONHECER MAIS SOBRE A SUA IDENTIDADE

CONHEÇA OS PROJETOS DO PET ENFERMAGEM

UMA ABORDAGEM ACERCA DA LIMINAR DO CONSELHO DE MEDICINA

ALTA ACADÊMICA

ESPAÇO DA COORDENAÇÃO DE ENFERMAGEM UFSM

05

REFORMA DA PREVIDÊNCIA: QUAIS AS MUDANÇAS? Texto: Lívia Martins A previdência, juntamente com as áreas da saúde e assistência social, está amparada e inserida na Constituição Federal no sistema de Seguridade Social.

Sendo assim, a previdência é uma contribuição mensal efetuada pelos trabalhadores - obrigatória para trabalhadores com carteira assinada e opcional para autônomos e empresários - que garantirá uma renda no momento da aposentadoria.

A previdência oferece benefícios como auxílio-doença, salário-maternidade e pensão por morte. Em 2016, o Governo Federal enviou uma proposta de emenda à Constituição ao Congresso Nacional, a PEC 287/2016, que propõe mudanças de caráter previdenciário que atingirão a maioria dos trabalhadores. Em carta aberta, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) declarou preocupação quanto as mudanças apresentadas na PEC287, as quais reduzem os valores dos benefícios e aumentam o tempo de contribuição para assegurar a aposentadoria.

Para o Cofen, a PEC 287 representa um risco à Saúde Coletiva, pois, a exigência de 25 anos de contribuição ou 70 anos de idade para o recebimento assistencial, torna a aposentadoria inalcançável para boa parte dos brasileiros, em especial para os profissionais de enfermagem, que estão expostos diariamente a riscos biológicos, longas jornadas e execução de procedimentos que exigem, além de habilidades técnicas e relacionais, vigor físico.

A proposta de emenda está em tramitação nas esferas governamentais e exige atenção da população quanto a manutenção de seus direitos assegurados por lei. No gráfico 1, ilustramos um comparativo de representação das mudanças que poderão ocorrer se a emenda constitucional referente a Reforma da Previdência for aprovada.

http://www.cofen.gov.br/cofen-alerta-sobre-impactos-da-reforma-da-previdencia_50277.html http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2119881

06

REFORMA TRABALHISTA: O QUE AFETA AOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM? Texto: Carine Donel

Aprovada pelo Decreto de Lei nº 5.452, de 1º de

o que é prejudicial para os(as) usuários(as),

maio de 1943, por Getúlio Vargas, a Consolidação

principalmente do Sistema Único de Saúde (SUS).

das Leis do Trabalho (CLT), institui as normas

Quanto à gestação, a CLT garante que “a empregada

que regulam as relações individuais e coletivas de

gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a

trabalho e, desde sua aprovação, vários ajustes

gestação e a lactação, de quaisquer atividades,

foram realizados, visando adaptar o texto a

operações ou locais insalubres, devendo exercer suas

nuances atuais (BRASIL, 1943). Em 2016, a

atividades em local salubre” (BRASIL, art. 394-A,

reforma trabalhista foi aprovada pelos senadores e

1943). A reforma trabalhista prevê no Art. 394-A que

sancionada pelo Presidente Michel Temer,

sem prejuízo de sua remuneração, incluído o valor do

tornando-se a Lei nº 13.467, repercutindo em

adicional de insalubridade, a empregada deverá ser

modificações no âmbito da jornada de trabalho,

afastada de: II - atividades consideradas insalubres

intervalos, férias e o trabalho durante gestação e

em grau médio ou mínimo, quando apresentar

lactação.

atestado de saúde, emitido por médico de confiança

Afinal, quais as repercussões da Reforma

da mulher, que recomende o afastamento durante a

Trabalhista aos profissionais de enfermagem? A

gestação; III - atividades consideradas insalubres em

antiga jornada de trabalho era de, no máximo, 8

qualquer grau, quando apresentar atestado de saúde,

horas diárias e 44 horas semanais, com a Reforma,

emitido por médico de confiança da mulher, que

esta pode ser de até 12 horas, intercaladas por um

recomende o afastamento durante a lactação

período de descanso de 12 horas, como já era

(BRASIL, art. 394-A, 2017). Isto representa graves

realizado nos regimes de plantão. O Coren-RS,

riscos às profissionais de enfermagem, visto que o

que tem como competência zelar pelos

local de trabalho é, muitas vezes, de alta

profissionais de enfermagem do Rio Grande do

periculosidade.

Sul, entende que: Fatiamento de férias,

Então, na prática, as mudanças que afetam a

terceirização e desconto nos intervalos de

Enfermagem são observadas no que diz respeito ao

descanso, são apenas alguns exemplos de medidas

regime de férias, terceirização dos profissionais, e

que afetam diariamente as jornadas de trabalho

desconto dos intervalos de descanso, que podem

dos profissionais da saúde. Todo esse descaso gera

afetar a saúde mental dos trabalhadores e,

sobrecarga e culmina em desassistência,

consequentemente, o atendimento prestado ao usuário.

BRASIL. Decreto Lei n. 5.452, de 01 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho, Brasília, DF, maio 1943.

BRASIL. Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho, Brasília, DF, julho 2017.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM - RS. Coren-RS se posiciona contra a Reforma Trabalhista em seminário do Sergs, na Capital. Porto Alegre, RS, setembro 2017.

07

O DESEMPREGO E A SAÚDE DO TRABALHADOR: DESAFIOS PARA A ENFERMAGEM Texto: Bruna Ruppelt e Victória Maciel Um dos maiores impactos da recessão da

por exemplo, faz com que muitos atuem em mais de um

economia é o desemprego dos brasileiros, uma

local, exercendo uma carga horária mensal excessivamente

vez que as demissões cresceram acima das

longa. O profissional da enfermagem desempenha uma

contratações. Esse desemprego não é homogêneo,

função crucial no cuidado à saúde do trabalhador,

pois a cada dois desempregados, um se encontra

inclusive quando este se encontra em risco de desemprego

na situação de pobreza, e nas regiões

e atingido pelos problemas supracitados. Assim, embora

metropolitanas, a taxa de desemprego entre a

muitos profissionais da enfermagem mantenham sua rotina

população pobre chega a 24,3%, enquanto que

de trabalho adaptada à falta de recursos e condições

para a população não pobre a taxa alcança apenas

insatisfatórias, é imprescindível que a classe se mantenha

5,2%.

unida, lutando pelos seus direitos e demonstrando a

Diante desse cenário que reúne desemprego,

importância da presença desse profissional no Sistema

preocupações e poucas perspectivas de melhoria,

Único de Saúde e na Saúde Suplementar, visto que dos 3,5

a saúde do trabalhador que se encontra

milhões de trabalhadores da saúde brasileira, 1,6 milhões

desempregado é afetada de forma significativa.

atuam na Enfermagem (aproximadamente 20%

Os desequilíbrios mentais, por exemplo,

enfermeiros).

associados ao medo, ansiedade, depressão,

Em relação ao desemprego aberto, 10% dos profissionais

síndrome do pânico e ainda a falta de

da enfermagem entrevistados pela Fundação Oswaldo

pertencimento em relação à sociedade, são

Cruz (Fiocruz) com apoio do Conselho Federal de

demonstrações de problemas de saúde recorrentes

Enfermagem (Cofen), em 2015, relataram estar

observados em trabalhadores que se encontram

desempregados durante os últimos 12 meses, e a

em situação de desemprego. Somado a isso, em

dificuldade em possuir um vínculo empregatício foi

longo prazo é apontado que a perda de vínculo

descrita por 65% dos enfermeiros nesta mesma pesquisa.

empregatício pode acarretar problemas mais

A classe trabalhadora da Enfermagem, assim como

sérios, como o surgimento de gastrites, úlceras,

outras, ainda tem muitas lutas e metas a serem traçadas.

desenvolvimento de cânceres, estresse, fadiga,

Porém, as questões de desemprego, falta de recursos e má

etc. A Enfermagem também sente os abalos que a

condições de trabalho devem vir a ser discutidas

crise traz ao mercado de trabalho; o número

urgentemente pelos enfermeiros, técnicos e alunos da

reduzido de enfermeiros na equipe de

graduação de forma unida, para que cada vez mais, o

enfermagem (redução de 13,14% segundo o

profissional da enfermagem possa ser reconhecido e

Conselho Federal de Enfermagem),

valorizado pelo seu serviço e dedicação frente a sociedade.

Fiocruz e Cofen. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/pesquisa-inedita-traca-perfil-da-enfermagem_31258.html STACCIARINI, J. M. R; TRÓCCOLI, B. T; O estresse na atividade ocupacional do enfermeiro. Rev Latino-Am Enfermagem; 9(2): 17-25; março, 2001.

FILHO, F. H. B; A crise econômica de 2014/2017. Estud. Av; 31,89; São Paulo, jan./abr. 2017.

PINHEIRO, L. R. S; MONTEIRO, J. K; Refletindo sobre desemprego e agravos à saúde mental. Cad. psicol. soc. trab. v.10 n.2 São Paulo dez. 2007.

08

CRISE: IMPACTOS NA VIVÊNCIA ACADÊMICA Texto: Bernardo Moro e José dos Santos

Ao longo do tempo, as Instituições de Ensino

Entretanto, as condições dos docentes nas IES

Superior (IES), desde o Plano Diretor no governo

particulares não são diferentes das que ocorrem nas

do Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2003),

públicas. Segundo dados da Fundação Getúlio

foram cada vez mais relacionadas ao setor

Vargas (FGV) em 2016, enquanto a as instituições

empresarial, aderidas a tecnologias de

privadas crescem, não há repasse dos lucros aos

comunicação e se tornando ambientes

professores.

competitivos. No atual período, as instituições

IMPACTOS NA UNIVERSIDADE

públicas se expandem em estrutura física, em

FEDERAL DE SANTA MARIA

interiorização e aumentam o número de estudantes por meio do programa federal de

Seguindo a tendência nacional, a Universidade

Reestruturação e Expansão das Universidades

Federal de Santa Maria (UFSM) também sente os

Federais (REUNI). Entretanto, a recessão e os

efeitos da crise econômica. No primeiro trimestre de

cortes de verba federal têm afetado as finanças

2017, a UFSM sofreu cortes equivalentes a mais de

das instituições e estas se veem sem condições de

R$1bilhão. Houve até mesmo a sinalização de uma

renovar e, até mesmo, manter a própria

possível paralisação das atividades acadêmicas

infraestrutura física. Esta falta de condições afeta

devido à falta de pagamento de alguns serviços

negativamente a estrutura para dar apoio aos

terceirizados. Reflexo disso foi que, em abril deste

estudantes, o que tem contribuído para as

ano, cerca de 68 vigilantes contratados foram

evasões. Além disso, pelas condições, tem se

dispensados. Além disso, a UFSM conta com cerca

priorizado apenas o ensino em detrimento da

de 30 obras em andamento e que podem ser afetadas

pesquisa e da extensão; e esse ensino é em cursos

pela atual conjuntura econômica, e corre o risco de

cada vez mais rápidos para atender o mercado

não conseguir realizar novos empenhos.

e/ou através da Educação a Distância (EAD).

Em contrapartida, a UFSM ainda é destaque entre as

Outra situação gerada pelos cortes é a

universidades do Brasil e do Mundo. Conforme o

precarização em relação aos salários dos

ranking divulgado pela companhia britânica

funcionários e isso já é visto na terceirização dos

Quacquarelli Symonds (QS), a UFSM está entre as

trabalhadores auxiliares. Estes ficam propensos a

900 melhores universidades do mundo, levando em

contratos sem direitos trabalhistas básicos e

conta critérios como reputação acadêmica, reputação

proteção. Em relação à crise, ocorre o contrário

entre empregadores e quantidade de citações dos

com IES particulares, é um dos setores nos quais

trabalhos acadêmicos.

mais houve crescimento BM&FBovespa e mais se beneficiaram de programas do governo.

MANCEBO,

D.

Crise

Universidade

do

Político-Econômica Estado

do

Rio

de

No

Brasil:

Janeiro

Breve

(UERJ),

Análise

2017.

Da

Acesso

Educação

em:

Superior.

21/10/2017.

09 CRISE: IMPACTOS NA SAÚDE PÚBLICA Texto: Jozéli Lima e Camila Martins O conceito de saúde hoje é ampliado, não se

As condições das estruturas físicas hospitalares e

restringindo às unidades de saúde, hospitais e

das Unidades Básicas de Saúde nem sempre são

profissionais da área. Esse conceito inicia-se com

as ideais, as mesmas se encontram sem

acesso à moradia, saneamento básico, educação,

manutenção preventiva e/ou corretiva,

alimentação, emprego e lazer. São itens de direito

funcionando muitas vezes em locais improvisados

do cidadão e que influenciam na qualidade de

e inadequados sem as devidas instalações

vida passando por uma boa condição de saúde. A

elétricas, sanitárias e hidráulicas, pondo em risco

carência desses serviços torna o cidadão

aqueles que lá frequentam.

vulnerável, expondo-o com maior facilidade à

O atendimento aos usuários também se limita

perda de saúde. Ademais, a sociedade brasileira

com a falta de equipamentos, mobílias, exames

ainda se distancia da caminhada pela prevenção,

laboratoriais incluindo medicamentos básicos

o que leva muitas vezes o sujeito a crescer a

para diabetes, hipertensão ou vermífugos. Tanto

procura pelos serviços de saúde, e em grande

na atenção hospitalar quanto na atenção básica os

parte, saturando a atenção hospitalar por algo que

brasileiros padecem nas filas mendigando por

poderia ser resolvido na atenção básica.

atendimento com resolutividade.

Além disso, o usuário, ao procurar o Sistema

As situações geradas pela crise na saúde pública

Único de Saúde (SUS), tem se deparado com a

ferem a dignidade do povo e dos profissionais

decadência da saúde pública em todos estados

que são obrigados a conviver diariamente com as

brasileiros que vem sido assistida em completa

consequências de um subfinanciamento do SUS,

inércia ao longo dos anos pelos sucessivos

recursos mal administrados, interferência política

governos brasileiros. Essa realidade se difere do

e principalmente a corrupção que refletem na

que determina o art. 196 da Constituição Federal

saúde de todos que dependem desse sistema.

de 1988, onde saúde é um direito de todos e um

Existem caminhos que podem ser seguidos,

dever do Estado.

porém, não são soluções para tal descaso com a

A crise na saúde pública é observada em três

saúde pública. O foco na prevenção permite

aspectos que envolvem a deficiência na estrutura

desinflar a atenção hospitalar e evitar o

física, a falta de disponibilidade de material-

envelhecimento em situações desfavoráveis, que

equipamento-medicamentos e a carência de

resultaria num futuro menos catastrófico que o

recursos humanos. Essa realidade antes pertencia

atual vivenciado. É necessário também uma

à periferia de grandes cidades e à zona rural que

gestão próxima aos profissionais que trabalham

possuíam uma menor assistência governamental.

pela população e, acima de tudo, continuar

Porém, ela se dispersou atingindo grandes

lutando, ainda que desacreditados, contra a

centros, levando à atual crise na saúde pública.

corrupção que desmonta nosso sistema.

MENDES, Á. N.: Tempos turbulentos na saúde pública brasileira: os impasses do financiamento no capitalismo financeiros.

São Paulo, 2012. 131 p.

FACHIN, P.; Sucateamento do SUS é a consequência da lógica capitalista e sua influência na política. Saúde e Ciência. 2017

10

HPV: Vírus do Papiloma Humano Texto: Hentielle Lima e Kamila Caneda

O Human Papiloma Vírus, mais conhecido como

O esquema vacinal é composto por três doses,

HPV, é um vírus que vive na pele e nas mucosas

com intervalo de zero, dois e seis meses, onde são

dos seres humanos, tais como: vulva, vagina,

todas garantidas pelo Sistema Único de Saúde -

colo de útero e pênis. Quando afeta os órgãos

SUS. A vacina oferecida pelo SUS protege contra

genitais, acaba se transformando em uma

os 4 tipos de vírus HPV mais comuns no Brasil.

infecção sexualmente transmissível (IST), além

Após a vacinação o corpo produz os anticorpos

de apresentar complicações como câncer de colo

necessários para combater o vírus e assim, caso a

de útero (4ª principal causa de morte por câncer

pessoa seja infectada, ela não desenvolve a

em mulher no Brasil), câncer de pênis e verrugas

doença, ficando protegida. Além da vacina, há

genitais, com lesões na boca e garganta em

outras formas de prevenção possíveis como:

alguns casos. Por isso, a principal causa de

realização do Exame clínico, Exames

transmissão do HPV é a relação sexual sem

laboratoriais, Papanicolau/Preventivo ou Captura

proteção de preservativos, tanto feminino quanto

híbrida, com o objetivo principal de obter um

masculino.

diagnóstico precoce, para o tratamento ser o mais

A infecção por HPV é muito comum na

eficiente possível.

população, em homens e mulheres. Estima-se que

Por fim, o PET Enfermagem reforça a ideia que a

até 80% das mulheres sexualmente ativas sejam

prevenção primária é o melhor e mais seguro

infectadas ao longo de sua vida com um vírus

método para diminuir os fatores causais do HPV e

HPV, com prevalência máxima em mulheres

promover, de uma forma eficaz, a promoção da

jovens com até 25 anos de idade. Diante disso, o

saúde para a população em geral.

Ministério da Saúde (MS) tomou uma medida de caráter prevencionista e temporário, ampliando a

A VACINA É SEGURA! PREVINA-SE!

vacinação de HPV para a população jovem e

*Contraindicações: Em casos de gravidez, alergia

adulta, entre 15 e 26 anos, de ambos os sexos,

aos componentes da vacina, casos de febre ou

nos municípios que possuem as doses em

doença aguda a vacina não é indicada. Caso

estoque, a fim de atingir o maior número de

necessite de maiores informações, procure o

pessoas imunizadas.

serviço de saúde mais próximo de você.

Ministério

da

Saúde,

Acesso

em

20

2017. de

<https://goo.gl/SaF9Sd>

Novembro

de

2017.

11 "OS BRASILEIROS PRECISAM CONHECER MAIS SOBRE A SUA IDENTIDADE" Entrevista: Daiana Wickert, Thaís Brasil e Thailini Mello

"Nenhum ser humano consegue viver sozinho" Widerson Mesilas

O estudante do 2º semestre de enfermagem da

No Haiti, cursava Medicina e Bioquímica, e atuava

Universidade Federal de Santa Maria, Widerson,

como professor de Química em uma escola.

24 anos, proveniente do Haiti, compartilha sobre

Na entrevista, relatou não entender como o Brasil,

a sua trajetória de vinda ao Brasil e a

um país tão diversificado e miscigenado, possui

universidade.

preconceito racial. Acredita que os brasileiros

Widerson relata que estudava sobre o Brasil

precisam conhecer sobre sua identidade,

desde pequeno, lia sobre a história do país e

relembrando o processo de colonização, afinal, o

imaginava que seria um lugar interessante para a

Brasil é fruto de imigrantes. Fala também que

troca de experiências intelectuais, pois acredita

entende um pouco o porquê do preconceito social,

que estas fundamentam a diversidade.

pois considera o capitalismo um fomentador desse

Sua chegada ao Brasil foi na cidade de Caxias do

preconceito. Diz ter muito orgulho de ser quem ele

Sul/RS, passando por Chapecó/SC e após Santa

é, que se sente honrado de ser negro e haitiano,

Maria/RS. Veio com o intuito de estudar,

entretanto, para ele, o preconceito se torna

conhecer novos costumes e mostrar um pouco da

amedrontador quando perdem-se oportunidades pela

sua própria cultura.

cor da sua pele ou nacionalidade.

12 Relata não ter medo de explorar lugares novos e

Além disso, o acadêmico elogia as políticas públicas

que o universo não tem limites, que viajar pelo

da UFSM, como também a infraestrutura e

mundo e conhecer pessoas e culturas é muito

oportunidades que a instituição oferece. A UFSM

interessante. Com espírito especulador, julga que

possui um programa de reserva de vagas para

o mundo é para ele e que todos têm direito de

refugiados e imigrantes, a resolução nº 041 de 2016

viajar e de viver em qualquer país. Relata que o

(UFSM, 2016). No total, cerca de 17 universidades

fato de estar longe da família é um ponto

brasileiras (públicas e privadas) fazem parte do grupo

negativo da experiência, pois sente falta de tomar

da Agência da Organização das Nações Unidas para

café junto dos familiares, tem saudade de um

Refugiados (Acnur), que fornece um suporte para o

sorriso e de um abraço, mas diz se sentir

estudo, como benefícios no ingresso, auxílio

conectado com a família graças à tecnologia.

financeiro, aulas de português (TOLEDO, 2017).

Quando questionado sobre a sua adaptação em

Widerson finaliza a entrevista dizendo acreditar que

Santa Maria, menciona que até então está

o meio acadêmico é um ponto de partida para o

observando, se adaptando aos poucos, mas que

ensino e que é impossível viver sem educação; que a

percebe que as pessoas não são egoístas, seus

universidade é uma arma transformadora, de

colegas o ajudam e o incluem nas atividades

transmissão de conhecimento, de integração de

acadêmicas, e ele considera isso um ponto

pessoas, formadora de opiniões, e que isso é

positivo para sua acomodação na cidade.

importantíssimo, pois se a mudança não começar no núcleo da educação e do conhecimento, por onde irá começar?

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Resolução n. 041 de 10 de novembro de 2016. Institui o Programa de Acesso à Educação Técnica e Superior da UFSM para Refugiados e imigrantes em situação de vulnerabilidade e revoga a Resolução n. 039/10. Gabinete do Reitor da Universidade Federal de Santa Maria.

Disponível em: <http://site.ufsm.br/arquivos/uploaded/uploads/8de07789-d9fb-439c-9bf5-d89a378954a4.pdf>.

Acesso em: 19 out. 2017.

TOLEDO, L. F. Cresce nº de universidades brasileiras que acolhem refugiados. Jornal O Estado de São Paulo, 2017. Disponível em: <http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,cresce-n-de-universidades-brasileiras-queacolhem-refugiados,70001984155>. Acesso em: 19 out. 2017.

13

CONHEÇA OS PROJETOS DO PET ENFERMAGEM Texto: Jordana Lima, Nathália Boff e Karen Petry O Programa de Educação Tutorial (PET) incentiva a

multidisciplinariedade e ampliação do conhecimento.

melhoria da graduação por meio da tríade ensino,

Os projetos coordenados pelo grupo PET utilizam-se da

pesquisa e extensão. O grupo PET enfermagem, atua

metodologia participativa, a qual possibilita a troca de

fortemente nas atividades de extensão, por acreditar

saberes de forma horizontal. As atividades são realizadas

que um dos papéis como acadêmicos é disponibilizar

empregando jogos interativos, rodas de conversa e

o conhecimento para fora da universidade.

atividades dinâmicas. Além disso, a abordagem de

Atualmente, o grupo PET enfermagem atua em quatro

diferentes temáticas oportuniza a aproximação da

projetos de extensão, os quais trabalham com diversos

universidade com a comunidade do centro do estado, o

públicos e oportunizam aos acadêmicos envolvidos,

que contribui não apenas para a visibilidade da

desenvolver habilidades de oratória, criatividade,

enfermagem, como também do grupo PET.

CONHEÇA NOSSOS PROJETOS DE EXTENSÃO ADOLESCER Em 2007, surgiu o projeto pioneiro do grupo PET Enfermagem, o Adolescer, o qual vem sendo desenvolvido desde então. O projeto visa promover espaços de reflexão com o público adolescente acerca do debate de temas atuais e que estão em conformidade com seu interesse. Acreditamos ser de suma importância oportunizar o contato com esse público, tendo em vista que há pouco envolvimento tanto por parte do meio acadêmico como dos profissionais de saúde.

Atualmente, são realizadas duas edições anuais na escola Lourenço Dalla Corte, localizada no bairro São José, com as turmas de 7º e 8º ano. Cada edição teve seis encontros, onde foram abordadas as temáticas de drogas, sexo e relacionamentos, “bad”, profissões e “bullying”, sendo estas elencadas pelos próprios alunos.

O projeto pode contar com a participação de voluntários de diferentes semestres.

MENTE ABERTA O projeto Mente Aberta, o antigo “PET vai à escola”, visa atender a demanda da comunidade, podendo ser acionado por escolas, pela coordenação do curso, demais grupos PET, entre outros. É um espaço que visa preparar e atualizar o público sobre diferentes temáticas, como quedas na terceira idade, período gestacional, doenças crônicas, dentre outras. As atividades, geralmente, ocorrem de forma esporádica, de acordo com a procura, não possuindo datas fixas.

14 Neste ano, contamos com a parceria da Sociedade Espírita Francisco Costa, que possui o Projeto Maternidade Responsável (PROMARE) que tem como finalidade realizar encontros com gestantes desenvolvendo atividades de educação em saúde. O grupo PET Enfermagem colabora com o projeto abordando as temáticas relacionadas ao período gravídico, mais especificamente fisiologia fetal, tipos de parto (cesárea e vaginal) e trabalho de parto, além de amamentação e cuidados com o recém-nascido.

Vale lembrar que esta ação do projeto é a única que é fixa, ocorrendo nas segundas-feiras pela parte da tarde e, assim como o “Adolescer”, está aberto para a participação de acadêmicos do curso de Enfermagem.

COMEMORAPET O ComemoraPET, desenvolve suas atividades direcionadas à crianças inseridas na Instituição Beneficente Lar de Mirian e Mãe Celita. Os alunos pertencentes ao grupo PET realizam encontros pontuais em datas comemorativas como Páscoa, Festa Junina, Dia das Crianças e Natal, abordando assuntos como práticas de educação alimentar, higiene pessoal, “bullying”, dentre outros. Atividades como essas são importantes visto que proporcionam um espaço de ludicidade para as crianças institucionalizadas, além de fomentar a responsabilidade social e o contato do petiano com essa realidade. A participação de acadêmicos é sempre bem-vinda.

EXTENSÃO RURAL O projeto Extensão Rural é direcionado a produtores rurais da região central do Rio Grande do Sul em conjunto com diferentes grupos PET (Engenharia Elétrica, Odontologia e Educação Física). Oportuniza a prática interdisciplinar, poucas vezes proporcionada pela graduação. O PET Enfermagem é responsável por realizar um minicurso sobre noções básicas de primeiros socorros, o qual inclui acidentes com animais peçonhentos, choque elétrico, parada e reanimação cardiopulmonar, intoxiação por agrotóxicos, afogamento, engasgo e queimadura. Os acadêmicos integrantes do grupo PET Enfermagem realizam exposição com materiais audiovisuais e bonecos para prática de reanimação pulmonar e manobra de desobstrução das vias aéreas. O projeto Exntesão rural é o único que é realizado apenas por integrantes do grupo PET.

15 UMA ABORDAGEM ACERCA DA LIMINAR DO CONSELHO DE MEDICINA

Entrevista com a Enfa. Dra. Liane Beatriz Righi; Conduzida pelas acadêmicas petianas Thaís Brasil, Lívia Martins, Hentielle Lima e Daiana Wickert.

Conte-nos sobre sua atuação na Enfermagem: "Ingressei no curso em 1981 e concluí em 1984.

em um projeto financiado por um conjunto de

Foram mais de 5.000 horas em quatro anos. Na época,

Igrejas alemães em parceria com a Fundação de

poucas notícias a respeito de políticas de saúde ou

Integração e Desenvolvimento do Noroeste do

atendimento que não fosse no espaço do hospital. As

Estado do RS (Fidene – atualmente mantenedora da

práticas nos “postos de saúde” pareciam desprovidas

UNIJUÍ). Foi um tempo anterior ao SUS e também

de importância, sem exigências maiores. Então, a

anterior a Legislação do Exercício Profissional da

grande descoberta do mundo do trabalho foi a

Enfermagem (1986). Vejam que muitas coisas

existência de outros espaços, especialmente a atenção

importantes para a criação do SUS estavam

básica, a gestão local e a participação da comunidade

acontecendo nesse período: o início do processo de

ou controle social. Meu último ano de faculdade

municipalização através das Ações Integradas de

coincidiu com o movimento “Diretas Já” e meu

Saúde (AIS) , a criação das Secretarias Municipais

primeiro ano de trabalho com a eleição (no Colégio

de Saúde de das Comissões Interinstitucionais

Eleitoral – não houveram eleições diretas em 1985) de

Municipais de Saúde – CIMS (precursoras dos

Tancredo Neves, naquele que seria o primeiro governo

Conselhos Municipais)... Em 1986 aconteceu a 8ª.

não militar. Na saúde, descobríamos propostas para

Conferência Nacional de Saúde e eu estava lá. Foi

mudança do denominado modelo de atenção. Neste

importante para a minha formação. Trabalhamos

contexto (político e institucional) vivi na radicalidade

nas incubadoras locais do SUS, em espaços de

a crise da formatura. Em Ijuí, tive notícia de um

muita potência e produção, mas também

movimento de “Saúde da Comunidade” e soube que o

vivenciamos as condições anteriores ao SUS, como

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ajuricaba,

a inexistência do direito à saúde. Em 1986 assumi a

junto com a COTRIJUÍ e Prefeitura Municipal

Secretaria de Saúde do município de Alecrim,

estavam organizando atendimentos na área

depois veio a pós-graduação em Saúde Pública, o

rural. Aceitaram que eu conhecesse a experiência e foi

trabalho como docente, a coordenação da saúde no

aí que tive contato com os conceitos de saúde

município de Chapada (1992-1994), o doutorado em

comunitária, trabalho em equipe, educação em saúde e

Saúde Coletiva na Unicamp. Em 2008 ingressei no

participação da comunidade. Meu primeiro trabalho

Serviço Público Federal e nesta década trabalhei na

foi na Prefeitura Municipal de Braga, RS

UFPel, UFRGS e UFSM."

16

Quais foram os desafios enfrentados na

(especialmente política, gestão e planejamento –

profissão durante a sua trajetória? Se você

que é a área de concentração do meu doutorado) nos

fosse traçar um comparativo sobre como era

cursos e farmácia, fisioterapia e medicina, com maior carga horária neste último.

a valorização da enfermagem com os dias de hoje, quais os aspectos destacáveis?

Na década de 1980, eram poucos os enfermeiros que trabalhavam na área de Saúde Pública. Nosso grande desafio era a inclusão do cargo de Enfermeiro nos municípios e a discussão- nas câmaras de vereadores – dos salários. O desafio era grande porque estávamos em um contexto em que gestores tinham uma expectativa em relação a nossa atuação na promoção e educação para a saúde e na organização do SUS. Na verdade, a minha geração (somos muitos e muitas) participou de movimento estudantil, criticou a forma de ensino (era uma crítica bastante desfocada, mas indicava a despolitização) precisou aprender fora da Universidade e depois de algum tempo retornou.

Eu destacaria, em relação aos desafios, a falta de um Plano de Carreira, Cargos e Salários no SUS e um piso salarial condizente com a carga horária e anos da

Pensando a partir dos conceitos de campo e núcleo, há saberes que estão no campo da saúde (que são simultaneamente saberes necessários a formação do enfermeiro e do médico) e há também saberes que são específicos da minha formação em saúde coletiva. Assim, é uma participação na borda, no entre. Gosto da ideia de que o Departamento de Saúde Coletiva atua no entre: entrecursos, entredisciplinas e, por isso, pode explorar os encontros interprofissionais ou interdisciplinares.

Minha inserção na universidade – com poucas exceções – é marcada pelo ensino da saúde coletiva em diferentes cursos da saúde. De certa foram, construí nestes espaços minha trajetória.

Como você percebeu a reação dos alunos da Medicina diante da liminar que visa suspender a Lei 7.498/86, que regulamenta

graduação, residências, mestrados e doutorados. Estas

o Exercício Profissional de Enfermagem.

situações, inclusive, são determinantes para a

Há alguma vivência ou experiência

qualidade nos serviços de saúde. Na atenção básica,

marcante, destacável e/ou relevante sobre

sabemos que é alta a rotatividade dos enfermeiros.

Como é ser Enfermeira e ministrar aulas à Medicina?

essa situação que queira compartilhar?

A restrição do exercício da enfermagem não interessa a ninguém que tenha o mínimo de seriedade. Foi uma atitude desastrosa e espero que

Talvez a pergunta fosse como é ser enfermeira e não ministrar aulas à enfermagem... Há cinco anos não trabalho mais com a graduação em Enfermagem, pois na UFRGS trabalhei com o bacharelado em Saúde Coletiva e no Departamento de Saúde Coletiva trabalho com os conteúdos relacionados ao campo da saúde coletiva

sirva para colocar em discussão a atuação da enfermagem, sua formação e necessidade para a organização da atenção à saúde. Além dos interesses de uma parcela da categoria médica, o que está em pauta representa uma disputa de modelos de atenção. A Lei do Exercício Profissional de Enfermagem,

17 ao diferenciar o que o Enfermeiro faz em Equipe e

incluindo alunos dos cursos da saúde: o enfermeiro/a

o que faz individualmente, marca um avanço muito

enfermeira que está na atenção básica tem, no

importante. A proposta de diminuir a autonomia

mínimo sete anos de formação, que é a soma da

dos Enfermeiros é uma proposta para diminuir o

graduação e residência. Houve uma mudança rápida

SUS. Nós defendemos o trabalho de uma equipe,

na formação da enfermagem e a sociedade não

defendemos que a equipe conheça a sua população,

acompanhou. Assim como os meios de comunicação

defendemos que o trabalho se paute no

tendem a ver o enfermeiro/ a enfermeira na década

reconhecimento de há ações específicas de cada

de 60 (sem graduação ao lado de doutores/ médicos

categoria (Núcleo de Atuação e Responsabilidade) e

graduados), os usuários do SUS também podem (e

há ações comuns a diferentes categorias (Campo de

acho que tendem a) ver o trabalho do enfermeiro

Atuação e Responsabilidade). Os conceitos de

com algo bom, mas que está no lugar em que – não

campo de núcleo foram propostos por Gastão

fosse a restrição de recursos – estaria um médico

Campos, na década de 1990, e é muito interessante

especialista. Isso é muito grave porque também

ver que a Lei do Exercício Profissional da

imprime forma de discurso aos trabalhadores de

Enfermagem está em sintonia com um movimento

saúde e aos agentes do Judiciário.

que vai desencadear no SUS, na ampliação da

Hoje, seguem dois modelos: o dos SUS, com equipe

atenção básica, no trabalho em equipe e na

(e enfermeiros) na atenção básica e o privado, com

ampliação da clínica.

entrada nas especialidades médicas. Qual o modelo conhecido (e reconhecido) pelos segmentos que

Em relação a liminar, comente sobre os

fazem as notícias, criam os seriados, escrevem as

possíveis impactos para a sociedade.

Leis, aceitam ou não os pedidos das corporações? É

(pontos negativos/positivos):

interessante ver que as evidências científicas indicam que o modelo com atenção básica forte é mais

Não é coincidência que o questionamento da atividade dos enfermeiros e enfermeiras se dê em um momento de questionamento do SUS, da retração de recursos, da proposta de planos populares... O que está sendo disputado é o modelo de atenção que não está dissociado do Papel do Estado e dos Propósitos de um governo (estou usando Mário Testa para defender esta perspectiva). Então, não é toda a medicina, mas uma parte da medicina (que segue acumulando muito poder) que sente-se legitimada pelo atual contexto e recoloca a proposta que sempre defendeu. O impacto da restrição da ação dos enfermeiros é a volta ao modelo de atenção dos anos 70. Penso que precisamos dialogar mais com a sociedade,

adequado, mas o mercado aliado as corporações sustenta formas de assistência fragmentadas. Então, eu penso que precisamos ampliar os espaços para esta discussão, na Universidade e fora dela. Contudo, isso exige velocidade, os processos são acelerados e não esperam projetos de extensão ou pesquisas.

Penso que precisamos agir com urgência. Nosso departamento é parceiro porque entende que não se trata de uma defesa apenas de interesses da enfermagem. A restrição da atuação dos enfermeiros põe em risco gestantes, hipertensos, diabéticos... Põe em risco o SUS. A quem isso pode interessar? A repercussão junto aos espaços de gestão do SUS e Conselhos de Saúde mostra a dimensão do problema.

18

Alta acadêmica

Turma 77 do Curso de Graduação em EnfermagemUFSM

Aos nossos queridos colegas, que ao longo desta caminhada tornaram-se amigos, fica nosso sentimento de gratidão. Frente a tantos desafios e novidades do início da vida acadêmica, tornamo-nos apoio uns dos outros, e mesmo sem perceber, construímos laços de amizade e cumplicidade. Nesta trajetória passamos por momentos de incertezas e adversidades acadêmicas e pessoais, contudo, isso nos fortaleceu como turma e nos fez amadurecer, impedindo-nos de desistir dos nossos sonhos. Durante estes quatro anos de convivência, nós também tivemos oportunidades de crescer e consolidar vínculos não só durante as aulas e estágios, como também entre rodas de amigos, festas, conversas e confraternizações. Entre um mate, uma cerveja ou um café, compartilhamos histórias de vida e risadas que para sempre lembraremos.

Neste momento, estamos prestes a seguir novas direções e talvez o destino nos afaste fisicamente uns dos outros. No entanto, nosso grande objetivo está perto de se tornar realidade, e sabemos que os laços de união que construímos jamais serão desfeitos. É com muita alegria e carinho que a comissão de formatura da 77ª turma de enfermagem deseja a todos sucesso e determinação para encarar os próximos desafios e etapas que virão pela frente.

Autoras: Amanda Pradella, Camila Hausen, Lidiane Carvalho e Renata da Rosa.

Organização: José dos Santos e Caren da Silva Bertoldo (ex petiana).

19 ESPAÇO COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENFERMAGEM - UFSM

Texto: Laís Mara Caetano da Silva e Silvana Bastos Cogo

O profissional enfermeiro deve estar apto para atender as

pelo Núcleo Docente Estruturante (NDE), os quais

exigências do mercado de trabalho que apresenta novos

possibilitaram aos discentes e docentes do curso de

cenários, resultantes do desenvolvimento tecnológico dos

enfermagem, (re) pensar as atividades propostas na grade

serviços de saúde, da mudança da pirâmide populacional, curricular, com o intuito de ajustar as fragilidades, reforçar com o aumento da população idosa, do aumento das

as potencialidades e considerar as sugestões para o

doenças não transmissíveis, o que revela a necessidade de processo de reestruturação curricular. Neste ano, ocorreu a formação de enfermeiros generalistas e aptos a lidarem

avaliação docente e discente do 1º, 2º, 3º e 4o semestres.

com as novas demandas apresentadas pela sociedade.

Durantes os encontros foram destacados aspectos

Pensando nisso, o currículo do curso de enfermagem da

importantes, que evidenciaram a necessidade de remanejar

UFSM é pautado em um modelo que busca estabelecer

aspectos que qualifiquem a lógica de aprendizado dos

uma base teórica e filosófica nos semestres iniciais do

acadêmicos, os quais revelaram ainda a importância da

curso, por meio do oferecimento de disciplinas básicas nas

integração entre os diferentes sujeitos que compõem o

áreas biológica e social, mescladas com momentos

curso para refletir sobre aspectos que possam aprimorá-lo.

voltados ao aprendizado de políticas de saúde e da área de

Destacamos, por fim, que a Coordenação do Curso de

enfermagem, partindo para um envolvimento progressivo

enfermagem, gestão 2017–2019, composta pela

com a atuação do profissional enfermeiro, o que leva em

Coordenadora Laís Mara Caetano da Silva e pela

conta a missão do curso, que é de promover ensino,

Coordenadora Substituta Silvana Bastos Cogo, assumem o

pesquisa e extensão visando à formação cidadã de

compromisso de buscar da melhor forma possível

profissionais de enfermagem capazes de intervir na

propiciar a discussão sobre a (re)estruturação do currículo

sociedade com a perspectiva de torna-la democrática,

do curso de enfermagem na perspectiva de atender as

justa, equânime e solidária, possibilitando aos indivíduos

demandas do mercado e que estejam de acordo com as

vida de melhor qualidade. Sob esse enfoque, em 2016, foi

diretrizes curriculares. Reitera-se ainda a abertura da

instituído o novo currículo do curso aos estudantes de

coordenação para receber as demandas dos estudantes, e

enfermagem. Assim, sabendo que a reforma curricular é

conversar sobre a melhor maneira possível de enfrenta-las.

um processo dinâmico, pautado nas evoluções sociais,

Trata-se de um momento intenso, de aprendizado pessoal e

educacionais, econômicas e políticas, no decorrer do ano

voltado ao futuro profissional, que deve ser enfrentado

de 2017, foram realizados seminários de avaliação do

com alegria. Desfrutem-no com sucesso, e contem

novo currículo, organizados e coordenados

conosco!

Santa Maria, quinze de dezembro de dois mil e dezessete.