Cumanana XXX-POR

Edição de outubro 2023

Número XXX

Cumanana Boletim Virtual da Cultura Peruana para a África

MINISTÉRIO DE RELAÇÕES EXTERIORES

Palavras do Vice-Ministro de Relações Exteriores (e) - Secretário-Geral, Embaixador Elmer Schialer Salcedo, por ocasião da celebração do 14º Dia da Amizade Peruano-Africana

Introdução O Dia da Amizade Peruano-Africana tem sido celebrado ininterruptamente todos os anos em outubro há 13 anos, com o objetivo de realçar os laços históricos e culturais do nosso país com a África, bem como a comunidade de interesses políticos, econômicos e sociais que nos unem.

Esta celebração foi instituída em 1986, pelo Decreto Supremo nº 0020-86-RE, em homenagem e memória do líder e estadista africano moçambicano Samora Machel, bem como daqueles que, tal como ele, dedicaram as suas vidas à gestão emancipadora da África, sendo definido o dia 19 de outubro como o Dia da Amizade Peruano-Africana.

Este evento destaca as valiosas contribuições do continente africano para o nosso patrimônio cultural e nos permite expressar a nossa profunda satisfação pela continuidade do vínculo histórico que existe com os povos da África. Além disso, promove o conhecimento das relações entre o Peru e a África em termos de história, cultura, e diplomacia.

Para a presente edição da Cumanana, incluímos como primeiro artigo o discurso proferido pelo Vice-Ministro das Relações Exteriores encarregado, Embaixador Elmer Schialer Salcedo, por ocasião da cerimônia de abertura da celebração da XIV edição do Dia da Amizade Peruano-Africana, organizada conjuntamente pelo Ministério das Relações Exteriores e pelas Embaixadas Africanas acreditadas no Peru, no Centro Cultural Inca Garcilaso.

O segundo artigo apresenta o discurso da senhora Presidenta da Mesa de Trabalho Afro-Peruana do Congresso da República, a Congressista Martha Moyano Delgado, durante a cerimônia realizada por ocasião do Dia da Amizade Peruano-Africana 2023, no Museu Nacional Afro-Peruano.

Ambos os discursos são uma mostra da importância que essas distintas instituições consagram ao estímulo e ao reconhecimento dos nossos laços com o continente africano; uma vez que, ao compreender a natureza destes laços, abre-se um leque de possibilidades e oportunidades para que as nossas sociedades possam desenvolver um vínculo mais dinâmico que envolva iniciativas e mecanismos de cooperação em benefício dos seus cidadãos.

Fuente: Dapa 2

Artigo 1:

Palavras do Vice-Ministro de Relações Exteriores (e) - Secretário-Geral, Embaixador Elmer Schialer Salcedo, por ocasião da celebração do 14º Dia da Amizade Peruano-Africana Lima, 19 de outubro de 2023 Centro Cultural Inca Garcilaso Senhoras e senhores; sejam todos bem-vindos; Fico muito grato em presidir esta cerimônia em que comemoramos o Dia da Amizade Peruano-Africana, instituído nesta data em 1986 em homenagem e memória do líder e estadista africano Samora Machel, e de todas as pessoas que tornaram possível a gestão emancipadora do continente africano.

Esta comemoração, que realizamos ano a ano, nos permitiu cultivar um espaço relevante de renovação dos laços históricos de amizade e cooperação que unem o Peru às nações africanas. Considero oportuna esta ocasião para compartilhar algumas reflexões sobre a nossa política exterior em relação à África.

A África, no seu conjunto, é a oitava maior economia do planeta, com perspectivas muito positivas de crescimento futuro. Destaco, por exemplo, a recente adesão da União Africana como membro permanente do grupo das vinte economias industrializadas e em desenvolvimento mais importantes, tornando-se o segundo bloco regional no G20.

Fuente: Dapa Do ponto de vista comercial, devo salientar o caminho que o continente africano iniciou para a construção de um mercado interno robusto com o estabelecimento do Acordo de Livre Comércio Continental Africano. Este mercado interno tem o potencial para ser o maior do mundo, estimando-se que, em 2050, 40% da população mundial viva na África.

Estes não são fatos de menor importância. O Peru está atento a esta tendência auspiciosa e estabeleceu como objetivo aumentar a sua presença na África, de forma progressiva e orientada para a conquista de benefícios mútuos, que permitam o desenvolvimento dos nossos cidadãos.

Para tanto, a diplomacia peruana promove ativamente a criação de novos espaços de promoção econômica, comercial, cultural, científica e tecnológica.

Esta maior projeção do Peru no continente africano está explícita, por exemplo, na próxima reabertura da Embaixada do Peru no Quênia, que pretendemos inaugurar formalmente em 2024. Esta será a sexta missão diplomática do Peru na África, e nos permitirá estabelecer novas parcerias com países desse continente; o que se soma às embaixadas de países africanos no Peru, tanto residentes como temporárias, que nos permitem continuar reforçando nossos vínculos.

Mas limitar a razão que sustenta a vontade de aprofundar nossas relações com os países africanos a um argumento econômico-comercial seria reducionista, e nossa aproximação com a África não é reducionista.

Definitivamente, estreitar os laços do Peru com os países da África, parte da compreensão da nossa situação comum de países em desenvolvimento e, nessa base, na necessidade de enfrentar os desafios globais através de soluções globais.

Partimos de uma visão compartilhada para reforçar o multilateralismo e a aplicação do direito internacional; para defender a democracia e o estado de direito.

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Fuente: Dapa

Adicionalmente, e sem sombra de dúvida, a aproximação do Peru com o continente africano também se sustenta no reconhecimento e apreço da contribuição desse continente para a formação da identidade peruana, uma vez que somos uma sociedade miscigenada e diversificada.

De fato, a contribuição do continente africano para a formação desta nossa identidade é evidente em manifestações tão variadas como a música, o folclore, a arte, a gastronomia, todas, motivo de orgulho nacional.

Senhoras e senhores Antes de concluir, gostaria de estender os meus agradecimentos às embaixadas da Argélia, Egito, Marrocos e África do Sul, coanfitriãs deste evento, que colaboraram com apresentações artísticas, degustações e diversas exposições.

Em especial agradeço a disponibilização dos filmes que serão projetados neste centro cultural e no Ministério da Cultura na próxima semana, no âmbito do festival de cinema organizado por ocasião do Dia da Amizade Peruano-Africano. Estendo um convite a todos os presentes para participarem.

Da mesma forma, agradeço aos representantes do Ministério da Cultura por terem possibilitado a participação no dia de hoje do Ballet Folclórico Nacional, permitindo uma maior visibilidade do VIII Festival de Cinema Peruano-Africano.

Senhoras e senhores; Que este dia seja mais um testemunho do nosso compromisso em preservar e promover a amizade peruano-africana. Declaro inaugurada a 14ª edição do Dia da Amizade Peruano-Africana e convido vocês a desfrutar do programa organizado por ocasião desta celebração.

Muito obrigado.

Fuente: Dapa

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Artigo 2:

Discurso de Ordem da Presidenta da Mesa de Trabalho Afro-Peruana do Congresso da República, Congressista Martha Moyano Delgado, na Cerimônia por ocasião do Dia da Amizade Peruano-Africana 2023 Lima, 20 de outubro de 2023 Museo Nacional Afro-peruano Boa noite, Saudações calorosas a todos.

Hoje celebramos a Amizade entre a África e o Peru e esta realidade se materializa e se mantém viva na história do Povo Afro-Peruano.

Desde 1986, o Estado peruano comemora o Dia da Amizade Peruano-Africana todo 19 de outubro, devido à morte de Samora Machel, líder africano, antigo presidente de Moçambique e fundador de sua independência.

Mas é também uma data para reconhecer todos os laços históricos, sociais e econômicos que unem o Peru aos povos africanos. Sem esses laços, nossa identidade peruana não estaria completa.

E é assim que a História do Peru é também composta por personagens afrodescendentes.

O tráfico de escravos, entre os séculos XVI e XIX, arrancou homens e mulheres do continente africano para trazê-los aos Andes, e para todo o continente americano. Eram vistos como mão de obra escravizada, comercializados e até, em muitos casos, animalizados. Nesse ponto, vale a pena lembrar o significado do termo "mulato" e a sua relação com a geração híbrida de animais. Foi assim que os nossos antepassados também sofreram esta animalização.

No entanto, não podemos nem devemos contar esta história a partir de um lugar de lamentação.

As vidas de muitos personagens, homens e mulheres, nos ensina que os valores que os africanos e afrodescendentes realmente transmitiram foram:

Fuente: Museu Nacional Afro-Peruano

A resiliência, essa capacidade de sobrelevar as adversidades, com a qual se pôde transformar em música e dança as experiências da vida quotidiana.

E, a busca permanente pela liberdade, que tornou possível, por exemplo, que as mulheres africanas e afrodescendentes buscassem primeiro comprar a sua própria liberdade para garantir a liberdade de seus filhos e descendentes.

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Fuente: El Comercio

Aqueles personagens como Martín de Porras, Úrsula de Jesús, Francisco Congo, José Manuel Valdés, Pancho Fierro, Tomasita de Alcalá, Catalina Buendía de Pecho, Alberto Medina Cecilia, Alfredo Maldonado, Nicomedes e Victoria Santa Cruz, entre muitos outros mais, enchem a nossa história do legado africano no Peru, daquilo que significa a Amizade Peruano-Africana. É por isso que, nestes 19 anos, a Mesa de Trabalho Afro-peruana do Congresso da República, a qual tenho a honra de presidir, desenvolveu um trabalho incansável para a visibilidade do Povo Afro-peruano.

Desde a organização dos Congressos Nacionais Afro-Peruanos, cuja primeira edição foi em 2004, data do 150º aniversário da abolição da escravatura no Peru, até hoje, quando estamos prestes a celebrar o V Congresso Nacional Afro-Peruano.

Devemos recordar, neste sentido, o trabalho que foi necessário para declarar por Lei o Dia da Cultura Afro-Peruana, celebrado todo dia 4 de junho desde 2006; e também o "Perdão Histórico" em 2009, um instrumento legal pelo qual o Estado Peruano, através de um decreto do Poder Executivo, pediu perdão ao Povo Afro-peruano pelos abusos, exclusão e discriminação cometidos contra eles desde a época colonial até a atualidade, se comprometendo a gerar políticas públicas.

Também não podemos esquecer a criação do Museu Nacional Afro-Peruano em 2009, este espaço que constituí o único museu sobre temas afrodescendentes na região latino-americana, que pertence ao Estado.

Há também a Pastoral Afro-Peruana, cuja presença e resistência sempre foi um dos nossos baluartes.

Estes são os quatro pilares históricos da Mesa de Trabajo Afro-peruana: o Dia da Cultura Afro-Peruana, o Perdão Histórico, o Museu Nacional Afro-Peruano e a Pastoral.

Mas, neste momento queremos ir mais longe. No âmbito da Agenda 2023-2028 "Rumo aos 500 anos de presença afrodescendente no Peru", iniciamos ações para o reconhecimento, valorização e visibilidade da nossa cultura e o desenvolvimento do nosso povo.

No âmbito educativo e de formação, estamos realizando Capacitações em instituições e escolas, com estudantes e docentes de diferentes regiões, para difundir e ensinar sobre a história do Povo Afro-peruano.

De forma complementar, iniciamos o reconhecimento dos Lugares da Memória e da Cultura do Povo Afro-Peruano, identificando aqueles espaços em toda a extensão do nosso território que contam a história dos nossos antepassados e que hoje são espaço vivo para a memória. De Yapatera a Acarí, passando claro por Lima, Callao, Cañete e Chincha, a história do Povo Afro-peruano está em todo o território nacional.

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Além disso, iniciamos a elaboração de diagnósticos e propostas sobre diferentes áreas da vida do Povo Afro-peruano através da conformação de Grupos de Trabalho sobre Saúde, Educação e Justiça; e temos realizado reuniões com os titulares dos sectores para abordar soluções conjuntas para as problemáticas dos afro-peruanos. A Mesa de Trabalho Afro-Peruana do Congresso da República sempre quer e busca fazer parte das soluções.

Em todas estas iniciativas, certamente, convidamos todos vocês a cooperar e participar. Especialmente nosso Ministério de Relações Internacionais e nossos representantes dos Estados Africanos aqui presentes. Acreditamos firmemente que, graças ao trabalho em conjunto, os benefícios para os afrodescendentes sempre serão maiores, e esse será o produto real desta Amizade Peruano-Africana.

Fuente: Congreso.gop.pe

Finalmente, estamos convencidos que quando um afrodescendente assume uma responsabilidade deve ficar um legado, algo que se possa ver e sentir.

Como o legado que nos deixaram nossos ancestrais africanos, hoje queremos continuar construindo essa história adiante. Uma história que também olha para a África, para todos os afrodescendentes, e para o Povo Afro-peruano para construir um país melhor.

Muito obrigada.

Fuente: Shutterstock

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CHAPANA Ingredientes 1 kg de mandioca ½ litro de melaço 3 colheres de chá de erva-doce 1 ½ colher de sopa de canela em pó 1 colher de sopa de cravo em pó 8 folhas de bananeira

Preparo Rale a mandioca com o lado mais fino do ralador (você pode também usar uma centrífuga ou processador de alimentos).

Ponha a mandioca ralada em uma peneira e espere escorrer todo o líquido (você pode também espremer com as mãos até tirar todo o líquido e agilizar o processo).

Coloque a massa da mandioca escorrida em uma vasilha e adicione a erva-doce, a canela, o cravo e mexa bem até incorporar tudo e obter uma mistura homogênea.

Em seguida, adicione o melaço e continue mexendo até obter uma mistura homogênea.

Em uma mesa limpa e plana, estenda as folhas de bananeira, corte pedaços de aproximadamente 30 x 40 cm, pegue uma quantidade média de massa e envolva a massa com um pedaço da folha de bananeira; não esqueça de amarrar com um barbante.

Depois de preparadas, coloque as chapanas já formadas em uma panela com água e deixe cozinhar por uma hora em fogo médio.

Retire as chapanas depois de passada uma hora e sirva.

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