ciclone março 2016

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As palavras do meu avô Ali, no meio daquela praia, a chuva caía na minha cara pálida, quando avistei um rapazinho. Ele olhava à sua volta e viu um dia triste de inverno, uma praia deserta… Até as ondas do mar estavam bravas como se estivessem fartas de pertencer àquele lugar… mas ele sabe que, quando o sol voltar, a alegria se irá espalhar de novo. Estava a olhar muito, muito atentamente para ele, até que avistei um grupo de jovens que caminhavam para o rapaz. Estavam a discutir, mas eu não percebia bem o que diziam, parecia que estavam a ameaçá-lo de algo. No dia seguinte, ao acordar, fui à janela para ver os primeiros raios de sol. A praia continuava triste… mas o que me espantou é que vi, de novo, o rapazinho, por isso, decidi ir ter com ele. Estava de novo a chorar. Cheguei perto e disse: - Olá, eu ontem estive a olhar para ti e percebi que estavas triste e também parecias um pouco assustado. Queres falar comigo? - Olá, desculpa, não te posso contar, mas obrigada por te preocupares.

mudares de ideias, eu moro ali, naquela casa em frente. Ele agradeceu. Ao fim da tarde, fui andar de bicicleta ao pé da praia e vi, outra vez, o referido rapaz, com outros. Estavam, mais uma vez, a discutir e, a dado momento, só vi o rapazinho a bater na cara de um jovem. Fui logo ter com eles. Levei o rapazinho para junto do meu avô e ele explicou tudo. O meu avô, tristonho, disse-lhe: - Mesmo que os rapazes te façam mal, tu não podes fazer-lhes o mesmo. Tu és um rapaz bondoso. Nunca te esqueças do que te vou dizer: FAZ O BEM SEMPRE! Aquele rapaz nunca mais se iria esquecer da bela frase que o meu avô lhe disse como conselho. Todos os dias eu o encontro, estamos juntos e somos muito amigos. É uma amizade que permanecerá no meu coração.

Era uma tarde quente de setembro quando, ali, no meio daquela imensa praia cheia de magia e mistério, avistei um rapazinho só. Sentado sobre a areia, deixava cair lágrimas de tristeza, enquanto o olhar vazio apontava o horizonte, bem para o fundo do mar. Enquanto observava o rapazinho, pensava em como a vida me estava a correr bem… ser dono do mais conceituado restaurante da cidade, mas sobretudo por ter uma família maravilhosa, na qual nunca faltou amor. Comecei a sentir compaixão por aquele pequeno e inocente miúdo. O que havia de fazer? ... Ponderei em ir ter com ele e abordá-lo cuidadosamente, para que não pensasse que lhe queria fazer mal. Realmente, acho que qualquer um no estado dele, frágil e desamparado, não seria capaz de fugir de quem o quisesse ajudar. Então, cheguei-me ao pé dele, sentei-me e, de repente fui invadido pela onda de tristeza e solidão do rapaz que, pouco a pouco, me fui habituando. Esse pequeno indivíduo, de pele gelada, tinha as suas roupas todas molhadas e rasgadas. Decidi interrogálo: 10 - Então, rapaz, o que se passou? Não tens

família? Numa pronúncia difícil de perceber, ele respondeume soluçando: - Eu vinha num grande ferryboat da Síria com a minha família e mais quinhentas pessoas. Fugíamos da guerra e da destruição, mas sofremos um naufrágio. Desde aí, já não me lembro de nada. Acordei nesta praia sem saber onde estava. Não sei o que fazer nem a quem pertenço… A partir daí, todos os dias, me encontrava com o miúdo na praia. Para além dos bens essenciais de que necessitava, procurava dar-lhe carinho e espaço para ele exprimir as suas angústias. Ao longo do tempo, fui criando laços de afetividade com o rapaz. À medida que a confiança e amizade cresciam entre nós, aquele rapaz sem esperança tornava-se o meu menino. Certo dia, propus-lhe que fizesse parte da minha família e, a partir daí, ele deixou de ser o rapaz da praia e passou a ser mais um filho, mais um tesouro.

Marta Pereira - 7º B

Vicente Lopes, 7º A


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