Junho - 2015

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Periodicidade: mensal - Circulação: Zona Leste - Ano: XVIII - Edição de junho de 2015

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Do maná à eucaristia: solenidade de Corpus Christi Página 3

PALAVRA DO PÁROCO

Ápice da caminhada comunitária Estamos nos aproximando da festa de Corpus Christi. Momento forte que nos convoca à unidade, a partilhar a vida, a fé e a esperança. Esperança em um Deus que se faz pão e no seu total despojamento de amor nos alimenta. Alimento que nos fortalece na vivência da fé e da espiritualidade de comunhão! Cristo nos ensina, ao redor da sua mesa, que somos irmãos. Filhos e filhas de um único Deus que nos comunica seu transbordamento de amor, nos possibilitando participar de seu banquete. Nesse sentido, numa só voz, podemos cantar, com grande alegria e certeza: “Nós somos muitos, mas formamos um só corpo, que é o Corpo do Senhor, a sua Igreja; pois todos nós participamos do mesmo pão da unidade, que é o Corpo do Senhor, a Comunhão”. Portanto, é nesse espírito de unidade e comunhão que queremos celebrar este dia tão especial para todos nós cristãos. Na quinta-feira, depois da solenidade da Santíssima Trindade, a Igreja celebra

As festas juninas e os santos populares

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a solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo. “Sacrifício Eucarístico de seu Corpo e Sangue, memorial de sua Morte e Ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal, em que Cristo nos é comunicado em alimento, o espírito é repleto de graça e nos é dado o penhor da futura glória.” (SC, n.47). Por isso, o mistério da Eucaristia é inesgotável. No encontro com esse mistério podemos nos reconhecer e perdoar mutuamente, criar comunidade, multiplicar o amor e recolhê-lo para que nada se perca. Ele alimenta nossas comunidades e paróquia, em todos os momentos de nossa caminhada e história. Especialmente neste tempo em que estamos vivenciando nossas Assembleias. É na força da Eucaristia que vamos juntos construir um novo tempo. Tempo de aprender a ser, aprender a fazer, aprender a acolher e, sobretudo, aprender a amar tudo aquilo que Deus nos dá. Nessa dinâmica, devemos abrir nossos

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corações para que a docilidade do Espírito se faça presente em nossas ações, nos dando sabedoria e discernimento para acolher as aspirações e anseios de nossas comunidades. E, nessa partilha de dons, de sentimentos e sonhos, construiremos cada dia mais comunidades unidas, fortes e participativas. Pois um sonho que se sonha só é apenas um sonho, mas um sonho que sonhamos juntos se torna realidade. Unamonos, portanto, meus caros irmãos, pois depende de cada um de nós para que as “coisas” sejam, de fato, novas e boas, e se multipliquem entre nós. Assim crendo, possibilitamos a participação de todos. Frei Romero José da Silva, OFMCap

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Informativo da Paróquia - Nossa Sra. do Rosário de Pompeia - Frades Capuchinhos - Junho de 2015

FAÇA PARTE

7 DE JUNHO: DIA DA LIBERDADE DE IMPRENSA

Celebrações eucarísticas Matriz Nossa Senhora do Rosário de Pompeia Horário: segunda, às 7h ; de terça a sábado, às 7h e 19h; domingo, às 7h, 9h e 19h Endereço: rua Iara, 171 – Pompeia Capela São Judas Horário: domingo, às 19h30; dia 28 de cada mês, às 8h e 20h Endereço: rua Iara, 727 – Pompeia

Banco Bradesco Agência: 0848-6 Conta: 3885-7

Capela Nossa Senhora Aparecida Horário: sábado e domingo, às 18h Endereço: rua Violeta, 555 – Esplanada Capela Nossa Senhora da Abadia Horário: quarta e sábado, às 19h; domingo, às 9h Endereço: praça da Abadia, s/n – Esplanada Capela São Rafael Horário: domingo, às 10h Endereço: rua Raimundo Venâncio da Silva, 15 – Santa Efigênia

as redações, as cartas, as tradições, as biografias, os sermões, as orações que se avolumaram juntamente com os novos cristãos foram cerceadas certamente, em seu início a liberdade de escrever e divulgar os textos é uma conquista me parece que as narrativas do amor e da paz estão sujeitas à proibições, … os romanos, … muitas perseguições liberdade de imprensa é um pressuposto do próprio conteúdo do texto evangélico; a boa notícia é livre por ser assim a boa notícia é mais do que livre, mais do que isso, libertadora a liberdade de imprensa entretanto não começa no texto começa no ledor, no leitor; ler com liberdade, com qualidade exegética, … a composição, buscar as melhores palavras, as palavras mais... … compromissadas, do instante plenificado onde seres humanos podem se comunicar sem temer as verdades, ou mesmo, sem evitar a Verdade liberdade de imprensa é um tipo de licença que não se precisa dar mas que se pode tomar; como aconteceu nas várias ditaduras militares ao longo da história da república brasileira, por exemplo por exemplo... a liberdade de imprensa trajeta a alfabetização o momento de aquisição da língua escrita e a concepção de que exercer a escrita, escrever... escrever... é se humanizar, e aguardar que tudo poderá ser escrito e ler é uma atitude pessoal de crescimento e de tudo que pode ser escrito, … eu não saberia, mas mesmo em silêncio me satisfaço com o poder que é dado ao meu irmão de poder escrever David José Gonçalves Tierro Ramos, mestre em Filosofia

EXPEDIENTE Pároco: Frei Romero José da Silva, OFMCap Pastoral da Comunicação – Pascom: Andréa Matos David José Gonçalves Tierro Ramos Débora Cristina de O. Drumond e Souza Frei Márcio José da Silva, OFMCap Frei Romero José da Silva, OFMCap Maria Madalena Loredo Neta Endereço: Rua Iara, 171 - Pompeia Belo Horizonte - MG Telefone: (31) 3889 4980

E-mail: pascompompeiabh@gmail.com Site: www.paroquiadapompeia.org.br Arte e impressão: Fumarc Gráfica Os artigos assinados não representam, necessariamente, a opinião do jornal. O Jornal O Rosário reserva-se o direito de editar os materiais recebidos.

A disputa do Sacramento (La disputa del Sacramento). 1509. Pintura em afresco por Rafael Sânzio. Museu do Vaticano, Itália. (Imagem: Reprodução: http://es.wikipedia.org/wiki/La_ disputa_del_Sacramento)


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DESTAQUE DO MÊS

Do maná à eucaristia: solenidade de Corpus Christi É muito claro o desejo de Jesus de estar sempre presente em nosso dia a dia, quando Ele quis se fazer nossa comida e nossa bebida. Ele se nos apresenta como o “Pão da Vida”: “quem comer deste pão viverá eternamente”! (Jo 6, 48-52). E não poderia ser diferente para Aquele que nasceu em Belém, que significa, em hebraico, “Casa do Pão” (Beit-Lehém). Um detalhe interessante: ali ele nasceu num estábulo, numa cocheira, no lugar onde ficavam os animais; sua mãe, profetizando, colocouo dentro do cocho onde os animais comiam, isto é, na manjedoura. Muitos anos depois Ele nos disse: “Meu corpo é verdadeira comida; meu sangue é verdadeira bebida”! Podemos também ver os sinais de Jesus-Pão no maná com que Deus Libertador alimentou seu povo no deserto, após a saída do Egito. Moisés disse ao povo: “Este é o pão que o Eterno vos dá para comer.” (Ex 16, 11-20); “E os filhos de Israel comeram maná durante quarenta anos, até chegarem aos confins do país de Canaã.” (Ex 16,35). Jesus faz alusão àquele antigo maná, colocandose como um novo: “Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram; [...] o Pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo.” (Jo, 6, 52). O maná pode, seguramente, ser visto como um sinal da Eucaristia, sobretudo quando lemos a ordem que Moiséis deu ao Sumo Sacerdote Aarão: “Toma um vaso e coloque nele o maná; coloca-o, depois, diante do Senhor, para se conservar pelas vossas gerações. E Aarão colocou o vaso com maná

no tabernáculo” (Ex, 33-34). Eis a origem do nosso Sacrário! A Igreja celebra uma solenidade para nos lembrar esse Pão solene e salutar: é a celebração de Corpus Christi, que foi instituída por Urbano IV, em 11/08/1264. A celebração, também recomendada pelo Código de Direito Canônico (cân. 944), acontece sempre na quinta-feira após a festa da Santís-

sima Trindade - que se celebra no domingo depois de Pentecostes -, 60 dias depois da Páscoa; será no próximo dia 4 de junho. A celebração teve início por causa da religiosa agostiniana, Santa Juliana de Cornillon (11931258), ou Juliana de Liège, que disse ter visto a Virgem Maria pedindo para que ela realizasse uma grande festa com o intuito de honrar o corpo de Jesus na Eucaristia, e revelou isso ao cônego Tiago de Troyes, de Liège (Bélgica), que mais tarde tornou-se Urbano IV, papa. São tradicionais as procissões na solenidade de Corpus Christi, com as ruas transformadas em tapetes coloridos, grandes e belos, verdadeiras obras de arte, para a passagem de Jesus Eucarístico. Os fiéis, com essas procissões, revivem a experiência do êxodo do Povo de Deus no deserto, rumo à Terra prometida, a caminhada sustentada pelo maná, que é uma prefiguração do Cristo Eucarístico que caminha conosco e nos alimenta. Na solenidade do Corpo Eucarístico de Jesus, é bom lembrarmos que a Igreja, segundo a revelação dada ao apóstolo Paulo (1 Cor 12,27; Ef 1,22-23), é o Corpo místico de Cristo. Para que isso seja uma realidade plena e, sobretudo, prática, cada um de nós, membro desse corpo, necessita de estar ligado à Cabeça, que é o próprio Senhor Jesus. Glória a Jesus na Hóstia Santa! Ismar Dias de Matos, professor de filosofia e cultura religiosa na PUC Minas

PARTICIPE DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA DE CORPUS CHRISTI, NO DIA 4 DE JUNHO, ÀS 16H, NA PRAÇA DA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE POMPEIA.

As festas juninas e os santos populares

Quem em Minas Gerais nunca participou de uma festa junina? Mesmo que não tenha participado, provavelmente, se desafiado, saberá falar alguma coisa sobre elas: em qual época do ano acontecem; como é a decoração dos lugares onde são realizadas; qual a indumentária apropriada; quais são os pratos típicos; quais músicas são tocadas e o que se dança, e principalmente, quais pessoas são homenageadas. Comecemos pelo último desafio: nas festas juninas homenageamos São João, Santo Antônio e São Pedro, os santos ditos populares, mas isso só depois que o catolicismo passou a ser a religião oficial do Ocidente, pois em sua origem era uma festa pagã. Teve início no Egito antigo, quando celebravam o início da colheita, início do verão. Depois da dominação do Império Romano sobre o Egito, a tradição da festa foi espalhada na Europa, principalmente na Espanha e em Portugal. A presença da festa junina em terras brasileiras, com uma incidência bem marcante na região Nordeste, explica-se pela presença portuguesa no nosso processo de colonização. Assim como outras datas, a festa junina (que antes era conhecida como joanina por causa de

São João) também passou a fazer parte do calendário católico e homenageia os três santos mais reverenciados no mês de junho: no dia 13, santo Antônio; no dia 24, são João; e no dia 29, são Pedro. O primeiro, além de casamenteiro, é invocado para encontrar coisas perdidas. Português, de uma família tradicional de Lisboa, foi ordenado sacerdote aos 23 anos. Seu nome de batismo era Fernando de Bulhões e se tornou Antônio quando ingressou na Ordem de São Francisco de Assis. Começou a fazer os primeiros milagres na África, onde foi pregar o evangelho.

Morreu em Pádua, na Itália, em 13 de junho de 1231. O segundo, o Batista, primo de Jesus, o precursor do Messias e consagrado por Ele como o último dos profetas (Mt 11,11-14), nasceu no dia 24 de junho e por esse motivo é lembrado nesse mês. Mas também o é no mês de agosto, no dia 29, quando se faz memória do seu martírio. E o terceiro santo popular, o pescador de homens, que se tornou apóstolo de Jesus; o primeiro bispo de Roma e o primeiro papa da Igreja Católica, a pedra sobre a qual Jesus edificou a sua Igreja. Assim como Santo Antônio, o dia em sua homenagem é o mesmo de sua morte, que aconteceu em Roma, no ano de 64 d.C. Como esse espaço não é suficiente para respondermos aos desafios lançados no início do texto sobre as festas juninas, deixo para o leitor a tarefa de buscar as respostas. Mais do que isso, sugiro que procurem participar das festas juninas promovidas no bairro em que mora, principalmente daquelas promovidas por sua paróquia. E vivam santo Antônio, são João e são Pedro! Andréa Matos R. M. Castro Advogada e doutora em ciências sociais


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CATEQUESE PERMANENTE

Se eu quiser falar com Deus... nho insubstituível. Por isso, na catequese, costumase rezar em todo encontro. Começamos e terminamos nossos encontros rezando. Essa é uma prática do povo católico. As reuniões são sempre abertas por um momento orante. Mas como orar com as crianças, os jovens e os adolescentes de nossa catequese hoje? Será que basta ensinar o Pai-nosso e a Ave-Maria ou a Oração ao Espírito Santo? Seria suficiente decorar a Oração do anjo da guarda, o Credo (que na cultura de muitos espanta os demônios) ou outras orações que desde cedo aprendemos a recitar? Aí é que mora o problema. Quando falamos em oração, normalmente pensamos nessas preces decoradas ou em outras práticas de piedade, tais como o terço ou as novenas. Mas existe uma gama de possibilidades de oração, para além dessas práticas mais regulares. A Catequese permanente quer redescobrir essas práticas, sempre presentes na vida cristã, e revalorizá-las. Mais que ensinar orações decoradas, a catequese quer ensinar a orar. Para orar é preciso criar uma atitude de abertura e acolhida. A catequese tem como função colocar o catequizando em comunhão com Deus, proporcionar seu encontro com Jesus, ou seja, proporcionar ocasião para a experiência cristã de Deus. Para isso, não basta ensinar orações. É importante deixar a oração brotar do coração, afinal orar é conversar com Deus. Se orar é conversar com Deus, então precisamos pouco a pouco crescer no conhecimento de Deus, na amizade com ele. A gente normalmente conversa com os conhecidos, com os amigos, com aqueles

Não dá para ser discípulo de Jesus por obrigação, mas sim por opção

A oração (La preghiera), 1866. Óleo sobre tela, por Niccolo Cecconi. Coleção privada (Imagem: Reprodução - http://www.invaluable.com/artist/cecconi-niccolo-426a95xdpp)

Pode ser a família mais desligada de religião, mas, se ela mantém algum resquício de profissão de fé, normalmente os pais rezam com os filhos em algumas ocasiões ou ensinam a eles rezar. À noite, antes de dormir, a mãe ensina ao filho juntar as mãozinhas e agradecer a Deus por mais um dia ou, quando algum parente encontra-se enfermo, ela convida o filho a rezar por sua recuperação. Para aquele que crê, rezar é uma necessidade antropológica, ou seja, faz parte de sua vida e ela não pode ser pensada sem tal. A oração acalma, dá esperança, anima, enche

É importante deixar a oração brotar do coração, afinal orar é conversar com Deus

de paz. Mas por que a oração faz tudo isso? Porque ela gera comunhão com Deus. Quando a gente ora ou reza – orar e rezar são sinônimos – todo nosso ser fica predisposto à ação de Deus; nosso coração se abre para a ação divina; nossa vida é colocada nas mãos dele. Esse gesto de confiança e entrega tem efeitos salutares sobre nós. Nosso cérebro se revigora e se prepara para os turbilhões da vida. Então, rezamos, mas não só para pedir graças a Deus (a cura de um parente, por exemplo). Rezamos porque não sabemos viver sem rezar; porque a pessoa de fé tem necessidade de cultivar sua amizade com Deus, de se relacionar com ele, de lhe falar dos seus problemas, de suas conquistas etc. No caminho de discipulado que a catequese quer ser, a oração tem lugar de destaque. Afinal, não dá para ser discípulo de Jesus por obrigação, mas sim por opção, porque se quer entrar em relação com ele, ser seu amigo, ficar mais próximo dele. E neste caso, a oração apresenta-se como um cami-

que nos são íntimos. Não puxamos assuntos com desconhecidos, a não ser em raros casos. O diálogo fecundo se dá com aquele que amamos, com alguém em quem confiamos. Aí se dá uma coisa maravilhosa: a oração gera conhecimento de Deus, coloca em comunhão, faz surgir uma bela amizade com ele. E, quanto mais conhecimento dele ou quanto mais nos tornamos amigos, mais vontade de orar, de estar ao seu lado lhe falando de nossa vida, nossas angústias e conquistas. Forma-se um círculo fecundo e crescente. Por isso, na catequese, não podem faltar bons momentos de oração. E, para isso, as orações decoradas não são a melhor fórmula, apesar de terem seu valor. A catequese vai se esmerar em ajudar os catequizandos a se expressarem espontaneamente com Deus, a lhe falar de coração aberto. Então, nenhum pai ou mãe deve se preocupar se seu filho não aprender as orações da tradição católica logo nos primeiros anos de catequese. Ele vai aprender essas preces naturalmente, à medida que elas forem acontecendo nos encontros, à medida que o catequizando for mergulhado na comunidade eclesial. Mas não se preocupem os pais: apesar de não aprender as orações, os mandamentos, os sacramentos, as práticas de piedade como novenas, terços e rituais litúrgicos, ele vai aprender a confiar em Deus, ele vai sentir seu amor, ele vai experimentar a alegria de ser discípulo de Jesus, ele vai abrir seu coração para um diálogo fecundo e transformador com o Pai do Céu que o ama. Ele vai aprender a conversar com Deus. Isso é muito mais importante que qualquer outra aprendizagem. Se a catequese conseguir essa façanha, já estará de bom tamanho e já terá atingido sua finalidade. Solange Maria do Carmo Mestre em teologia bíblica e doutora em teologia catequética


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12 DE JUNHO – SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

O sentido teológico da devoção ao Sagrado Coração de Jesus No Antigo Testamento, a palavra coração (leb), no caso do ser humano, tem dimensão fisiológica e antropológica: significa o órgão anatômico e, também, simboliza a sede dos sentimentos, das emoções, dos desejos e das aspirações. O coração é “espaço” íntimo e oculto do ser humano. É o centro das decisões, da responsabilidade, do conhecimento e da atividade da vontade. Portanto, o vocábulo leb, em seu aspecto antropológico, representa a interioridade, a racionalidade e a moralidade. O coração (leb) não designa uma parte ou uma dimensão do ser humano, mas o representa em sua totalidade. O ser humano todo é coração. Em sintonia com o Antigo Testamento, o Novo Testamento, com o vocábulo grego kardia, conserva significado análogo ao termo hebraico leb. No plano antropológico, o coração, pela sua importância fisiológica, pode ser compreendido como o símbolo que representa a realidade da totalidade do corpo. Aqui o termo símbolo consiste na presença da própria

O coração é o símbolo, e Jesus Cristo, a realidade simbolizada realidade simbolizada. O símbolo não é um substituto de uma realidade ausente, mas a automanifestação da realidade simbolizada. Por meio da devoção ao coração de Jesus tem-se acesso aos principais mistérios da fé cristã: à pessoa de Jesus Cristo, à trindade, à Igreja, aos sacramentos. Assim, onde está o coração humano encontra-se a totalidade do ser. O coração é o símbolo fisiológico e antropológico da realidade global da pessoa. Cada parte do corpo pode expressar o ser humano na sua totalidade, uma vez que tem em si a força, as propriedades e a função simbólica do todo, ou seja: a parte é co-substancial do todo. No plano cristológico, o coração de Jesus Cristo é o símbolo-realidade da integralidade de sua pessoa, história e missão. O coração é o símbolo, e Jesus Cristo, a realidade simbolizada. A devoção ao coração de Jesus não significa um culto dirigido pontual e especificamente ao seu coração fisiológico, enquanto órgão divorciado da sua totalidade corpórea, humana e divina. Não é culto a um membro da anatomia de Jesus Cristo, isolado do conjunto da história de sua vida e de seu mistério. O coração é o símbolo-realidade da totalidade humanodivina de Jesus Cristo. Segundo o Papa Pio XII, na encíclica Haurietis aquas (1956), a veneração ao coração de Jesus “funda-se no fato de que o seu coração, sendo parte nobilíssima da natureza humana, está hipostaticamente, perfeitamente, unido à pessoa do Verbo de Deus. Portanto, é mister tributar-lhe o mesmo culto de adoração com que a Igreja honra a pessoa do próprio Filho de Deus encarnado.” A veneração ao coração de Jesus é símbolo da comunhão com todos os crentes, porque a Igreja é continuadora do mistério de Cristo. Assim, como onde está uma Pessoa Divina da Trindade está toda a Trindade, logo a devoção ao coração de Jesus Cristo, enquanto símbolo de sua realidade-totalidade, é uma adoração à própria Trindade. Adorando o coração de Jesus Cristo, eu adoro o Deus-comunhão que assumiu radicalmente a condição humana. O cora-

Sagrado Coração de Jesus (Sacro Cuore di Gesù). Óleo em tela, por Paolo De Matteis (attr. a). Piana del Cilento 1662 - Napoli 1728 (Imagem: Reprodução: http://www. farsettiarte.it/it/asta-0165-1/paolo-de-matteis-attr-a-sacro-cuore-di-gesu.asp) ção de Jesus é símbolo do mistério trinitário do Criador. Nele, está condensada a história de Deus, que fez comunhão com os seres humanos. É o símbolo-realidade da história do amor do Pai pela humanidade. A vida e obra de Jesus Cristo prolongam-se na Igreja e nos sacramentos. Então a veneração ao coração de Jesus é símbolo da comunhão com todos os crentes, porque a Igreja é continuadora do mistério de Cristo. Como a Igreja se concretiza e se atualiza nos sacramentos,

Nele, está condensada a história de Deus, que fez comunhão com os seres humanos logo o coração de Jesus é símbolo da atuação da graça de Deus nos sinais sensíveis da nossa realidade espaçotemporal. Enfim, por meio dessa devoção tem-se acesso aos principais mistérios da fé cristã: à pessoa de Jesus Cristo,

à Trindade, à Igreja, aos sacramentos etc. No coração de Jesus estão abrigadas a história da relação de Deus com os seres humanos e a história da relação destes com Deus. Pe. Renato Alves de Oliveira, doutor em teologia pela Universidade Gregoriana (Roma) e professor de teologia da PUC Minas Artigo publicado em 07/06/2013, em http://www. arquidiocesebh.org.br/site/opiniao_e_noticias.php?id_ opiniao_e_noticias=5683#sthash.50a9tFNT.dpuf

Oração Concedei, ó Deus Todo-Poderoso, que, alegrando-nos pela solenidade do Coração do vosso Filho, meditemos as maravilhas de seu amor e possamos receber, desta fonte de vida, uma torrente de graças. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.


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ACONTECEU NA PARÓQUIA Batismo

Projeto Leitura na Praça

A comunidade da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia acolhe com alegria os pequeninos Alice, Arthur, Giovanna, Gael, Laryssa e Maria Luiza, que receberam o sacramento do batismo na Matriz no dia 12 de abril de 2015, com a celebração do Frei Lázaro.

O Projeto Leitura na Praça completa, no mês de maio, seis anos de atividade. A Praça da Abadia, nas manhãs de domingo, a partir das 9h30, é o local de encontro da comunidade. As crianças leem com seus pais, brincam, se divertem e podem até levar livros emprestados para casa.

COZINHA FÁCIL

Arroz doce aromatizado

A Creche Grazia Barreca Castagna agradece aos colaboradores, diretores e amigos da câmara Municipal de Belo Horizonte pelo sucesso do café em comemoração ao Dia das Mães; às diretoras Izabel, Sandra e Eliane pelo bazar, que tem promovido uma maior integração da creche com a comunidade; e ao programa Sesc Mesa Brasil, pela valiosa contribuição na alimentação das crianças.

12 DE JUNHO: DIA DOS NAMORADOS CAÇA-PALAVRAS

(Heart kids. Obra de Romero Brito. Imagem: Reprodução)

Em alguns países, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, o Dia dos Namorados é conhecido como Dia de São Valentim – The Valentine’s Day – e é comemorado no dia 14 de fevereiro. O Dia de São VALENTIM é uma festa em memória de dois mártires cristãos, mas a sua ori-

gem estaria numa FESTA romana em que se homenageava JUNO, a deusa romana das mulheres e do CASAMENTO. No Brasil, o DIA DOS NAMORADOS é comemorado no dia 12 de junho, por ser véspera do Dia de SANTO ANTÔNIO, santo português com tradição de casamenteiro. Nessa data, os CASAIS celebram sua união, trocam PRESENTES, procuram fazer dela um dia especial, enviando FLORES, saindo para jantar, trocando mensagens carinhosas. Não importa a forma como cada um expressa seu CARINHO e seu amor e comemora esse dia: se com uma SERENATA, um CARTÃO ou uma MENSAGEM de Whats App, com um buquê de flores ou com uma flor do campo, um chocolate. O importante é demonstrar e vivenciar o que se sente pela pessoa que ama, em gestos e palavras. Não deixe de expressar o seu AMOR!

Ingredientes: 1 xícara e ½ de arroz cru 2 litros de leite 1 lata de leite condensado 1 vidro de leite de coco 1 lata de creme de leite sem soro cascas finas de 2 limões cascas finas de 2 laranjas 2 paus de canela 6 cravos Canela em pó a gosto

Modo de preparo: Coloque as cascas de limão, as de laranja, a canela em pau, o cravo e o arroz em um litro de leite frio e deixe cozinhar. Mexa de vez em quando para o leite não derramar. Vá adicionando leite quente, na medida em que for secando, até ficar cozido e cremoso, com pouco caldo. Acrescente o leite condensado e o leite de coco. Desligue e coloque o creme de leite. Sirva quente ou gelado, com canela em pó.

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13 DE JUNHO – DIA DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA

Frei Antônio e todos nós: guardiães e propagadores do Evangelho

Santo Antônio de Pádua e o Menino Jesus. 1656, por Guercino, Bolonha, Itália. (Imagem: Reprodução: http://en.wikipedia.org/wiki/Anthony_of_Padua#/media/File:Guercino_Antonio_Bambino.jpg)

As primeiras comunidades cristãs apreenderam dos ensinamentos do Cristo que “não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai da boca” (Mt 15,11), ou seja, o interior do homem é o lugar onde podem ser fomentados tanto o bem quanto o mal. São Francisco de Assis quis que a Regra de Vida dos frades fosse exatamente “seguir a doutrina e os vestígios de nosso Senhor Jesus Cristo” (RnB 1,1). Portanto, ao ser interpelado com a que se tornou a célebre máxima franciscana “reconstrói a minha casa” (LTC 5, §13,7), Francisco de Assis pôde perceber que é exatamente o coração o lugar privilegiado onde a pessoa passa a ser constituída de forma virtuosa. Os primeiros homens que desejavam ardentemente viver com o pobre de Assis (1Cel §37,4; 2Cel §19,2) assimilaram, cotidianamente, essa dinâmica de Francisco: a pessoa deve re-construir a casa interior de forma bem alicerçada (Mt 7,24). Por isso mesmo, Frei Antônio de Pádua, ao ingressar no grupo, também teve que entrar nessa laboriosa dinâmica de um novo jeito de ser e de viver. Para ensinar teologia aos frades, pois era um teólogo profundíssimo, Francisco de Assis solicitou a Frei Antônio que o espírito de oração e de devoção não fossem extintos (Ant, 2). Mas no que consistia o espírito de oração e que devoção era essa? Certamente, não podemos igualar o que entendemos por devoção hoje com a devoção lembrada por Francisco de Assis. Sobre os ministros da Palavra de Deus e como deve ser um pregador, São Francisco costumava alertar: “O pregador tem que haurir primeiro nas orações feitas em segredo aquilo que depois vai derramar em palavras sagradas. Tem que se afervorar primeiro por dentro, para não proferir palavras frias.” (2Cel §163,3).

Frei Antônio, “a quem Francisco chamava de seu bispo” (AtF, 44,1), cuidadosamente, burilou a sua sólida formação teológica e doutrinal com o que continha no seu coração: “espírito e vida” (Jo 6,63). Tal espírito de oração e devoção eram convicções interiores assentadas a partir do Evangelho. Não havia apenas as letras dos evangelhos, mas sim o espírito do Evangelho de Cristo. As palavras do Cristo transmitidas aos primeiros discípulos, difundidas pelas primeiras comunidades e re-significadas num carisma específico inaugurado por Francisco de Assis, encontraram em Frei Antônio um receptáculo e, ao mesmo tempo, um propagador. O Reino de Deus já se fazia presente em seu íntimo de tal forma que era inevitável não perceber a fertilidade de seu coração na acolhida à Palavra de Deus a ponto de frutificar abundantemente (Mc 4,1-8). A sua pregação continha e testemunhava o que Francisco de Assis, diligentemente, solicitou: o espírito de oração e devoção (1Cel §48,9). Era exatamente isso que dava impulso à sua augusta e perspicaz intervenção teológica e que causava tanta admiração e adesão por parte de seus interlocutores. Certo dia, ao pregar em um concílio diante do papa Gregório IX e dos cardeais, “o papa, estupefato por coisas tão profundas das escrituras divinas apresentadas por Santo Antônio, disse: ‘Verdadeiramente ele é a arca do testamento e o armário das escrituras divinas’” (AtF, 44,4). Frei Antônio tornou-se um renomado e admirado pregador da Ordem (LM 13, §10,4; AtF, 44) e as suas palavras e ações provocavam um transbordar, ininterrupto, de corações novos e bem edificados (LL 1, 24; AtF, 44,2). Sem dúvida, privilegiarmos somente a dimensão da devoção popular denominando-o como o “santo casamenteiro” nos faz desperdiçar o encanto e a beleza de uma vida vivida em sua profundidade: um coração constituído e inteiramente plasmado pelos ensinamentos do Cristo. Certamente, ao olharmos e contemplarmos tal dimensão desse famoso santo franciscano faz também de nós, desejosos de carregar em nós os ensinamentos virtuosos de Jesus Cristo, convictos discípulos e destemidos missionários. E, ao carregar em nós a Boa-Nova do Mestre de Nazaré e aplicarmos tais riquezas em nossa sociedade, somos guardiães e propagadores de uma Palavra que é viva, eficaz e atuante. Frei Márcio OFMCap


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Informativo da Par贸quia - Nossa Sra. do Ros谩rio de Pompeia - Frades Capuchinhos - Junho de 2015


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