Março de 2016

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Periodicidade: mensal - Circulação: Zona Leste - Ano: XVXI - Edição de março de 2016

Tiragem: 3000 - distribuição gratuita

Ressurreição de Cristo Página 3 editorial

Entre estações Com as águas de março fechando o verão, chega o outono para nos lembrar da efemeridade do tempo e da necessidade de nos renovarmos sempre, como árvores que todos os anos perdem as folhas, mas não perdem a essência, aguardando passar o tempo da sequidão para florir novamente majestosas. Neste mês, somos chamados a fazer memória do Mistério Pascal de Cristo, evento fundante de nossa fé, um tempo de reflexão, de introspecção, de desejo de mudança. Revivemos seu sofrimento para com Ele ressuscitar, para crer na vida; crer e viver o amor do Pai por nós; um amor a que temos direito, que já é nosso, e por isso, não podemos aceitar menos, como nos diz o texto da página 4. Falando em mudança, ele, que sempre cita a passagem do tempo para nos fazer refletir, apaixonado pelo novo, veio nos dizer que chegou a hora de se

Programação da Semana Santa Página 3

aventurar numa nova empreitada. Frei Romero deixou a administração da Paróquia para atuar na gestão financeira do Colégio São Francisco de Assis. A ele nosso profundo agradecimento pela dedicação, empenho e muito amor com que conduziu nossa Pompeia nesses dois anos. Não foram poucos os desafios e problemas, pois toda mudança exige desapego, amadurecimento e decisões que nunca agradarão a todos. Frei Romero disse muitos nãos e apoiou o rompimento de vários tradicionalismos arraigados nos movimentos pastorais e serviços desta igreja. Mas disse sim ao diálogo, às inovações e tentativas. Abraçou os que foram chegando e os convidou a fazer parte. Posso ouvi-lo dizendo: “É tempo de fazer novas todas as coisas”. Vá, Frei, crie, transforme, faça o novo. Por aqui também o faremos, dizendo sim à nossa missão pastoral e comunitária, como fizeram os sete

Anunciação de Nossa Senhora: O sim de Maria Página 5

frades capuchinhos que há 80 anos chegaram nestas terras mineiras para semear a paz e plantar o bem, a exemplo de São Francisco, colocando suas vidas a serviço do Senhor, tão bem lembrados na Página Franciscana (7). Que o nosso sim seja como o de Maria, ou o de São José: sem perguntas ou julgamentos. Sem medo de nos arrepender e, sobretudo, sem medo de seguir em frente. E quão grandioso foi o sim do Frei Vicente Pereira, nosso novo pároco, a quem acolhemos com carinho e renovada esperança nesta etapa que se inicia. Que Nossa Senhora do Rosário de Pompeia o abençoe e que Deus Pai o ilumine na condução do seu rebanho. Como magistralmente disse Guimarães Rosa, “o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”. Débora Drumond

Frades Capuchinhos, 80 anos Itinerância – Mineiridade – Serviço Página 7


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Informativo da Paróquia - Nossa Sra. do Rosário de Pompeia - Frades Capuchinhos - Março de 2016

20/03 início do outono

batismo

Imagem: https://goo.gl/tT58U1

Canção de Outono A Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia e os pais André Luiz de Lacerda Cruz e Luciana de Souza França Cruz assumiram o compromisso de conduzir pelo caminho do seguimento de Jesus sua filha Isabella França Cruz,

que passou pelo Batismo no dia 14 de fevereiro de 2016. Pelo batismo dessa pequenina, festejamos juntos o dom da vida e da fé. O rito foi presidido pelo Frei João Junior. Foto: Pastoral do Batismo

BOAS VINDAS

Perdoa-me, folha seca, não posso cuidar de ti. Vim para amar neste mundo, e até do amor me perdi. De que serviu tecer flores pelas areias do chão se havia gente dormindo sobre o próprio coração? E não pude levantá-la! Choro pelo que não fiz. E pela minha fraqueza é que sou triste e infeliz. Perdoa-me, folha seca! Meus olhos sem força estão velando e rogando aqueles que não se levantarão... Tu és folha de outono voante pelo jardim. Deixo-te a minha saudade - a melhor parte de mim. E vou por este caminho, certa de que tudo é vão. Que tudo é menos que o vento, menos que as folhas do chão...

A comunidade paroquial Nossa Senhora do Rosário de Pompeia acolhe com alegria o Frei Vicente, nosso novo pároco, e os freis Ismail e Plínio que integram a Fraternidade local dos freis e estarão trabalhando como cooperadores pastorais. Que o Espírito Santo conduza cada um no cumprimento de sua missão capuchinha.

SOLIDARIEDADE

Cecília Meireles, Poesia completa: Volume 2. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001. Extraído de www.pensador.uol.com.br.

Celebrações eucarísticas Matriz Nossa Senhora do Rosário de Pompeia Horário: segunda, às 7h ; de terça a sábado, às 7h e 19h; domingo, às 7h, 9h e 19h Endereço: rua Iara, 171 – Pompeia Capela São Judas Horário: domingo, às 19h30; dia 28 de cada mês, às 8h e 20h Endereço: rua Iara, 727 – Pompeia Capela Nossa Senhora Aparecida Horário: sábado e domingo, às 18h Endereço: rua Violeta, 555 – Esplanada Capela Nossa Senhora da Abadia Horário: Sábado, às 19h; domingo, às 9h Endereço: praça da Abadia, s/n – Esplanada Capela Nossa Senhora dos Anjos Horário: domingo, às 10h Endereço: rua Raimundo Venâncio da Silva, 15 – Santa Efigênia

expediente Pároco: Frei Vicente Pereira, OFMCap

Endereço: Rua Iara, 171 – Pompeia, Belo Horizonte/MG

Pastoral da Comunicação – Pascom: Andréa Matos David Tierro Débora Drumond Frei Márcio Silva, OFMCap Frei Romero Silva, OFMCap Helder Chaia Toledo Madalena Loredo Maurício Nascimento Osmar Abranches Patrícia Leal Renilson Leite

Telefone: (31) 3889 4980

Jornalista responsável: Débora Drumond

IMAGEM DA CAPA

E-mail: pascompompeiabh@gmail.com Facebook: www.facebook.com/paroquiapompeiabh Arte e impressão: Fumarc Gráfica Os artigos assinados não representam, necessariamente, a opinião do jornal. O Jornal O Rosário reserva-se o direito de editar os materiais recebidos.

Cordeiro. Vitral da Paróquia Sagrado Coração de Jesus – Ingleses. Por Cláudio Pastro, em Florianópolis (SC), Brasil. Imagem: www.scjingleses. blogspot.com.br


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DESTAQUE DO MÊS: SEMANA SANTA

PROGRAMAÇÃO DA SEMANA SANTA – 2016 17h30: Procissão de ramos seguida de Santa Missa na Capela de Nossa Senhora Aparecida 19h: Procissão de ramos seguida de Santa Missa na Capela de São Judas Tadeu 21/03 – SEGUNDA-FEIRA SANTA Via-sacra nas capelas de todas as comunidades, em direção à Igreja Matriz, seguida de Santa Missa, às 19h30 22/03 – TERÇA-FEIRA SANTA 19h: Santa Missa na Igreja Matriz. Logo após a missa, retirada solene das imagens de Nossa Senhora das Dores, que irá para a Capela de São Judas Tadeu, e de Nosso Senhor dos Passos, que vai seguir para a Capela de Nossa Senhora Aparecida 23/03 – QUARTA-FEIRA SANTA 19h: Celebração na Capela de São Judas Tadeu, seguida da procissão de Nossa Senhora das Dores em direção à Igreja Matriz, onde será realizado o Sermão do Encontro 19h: Celebração na Capela de Nossa Senhora Aparecida, seguida da procissão de Nosso Senhor dos Passos em direção à Igreja Matriz, onde será realizado o Sermão do Encontro 24/03 – QUINTA-FEIRA SANTA 9h: Missa da Unidade no Estádio Mineirinho 19h30: Missa do Lava-pés na Igreja Matriz, seguida pela Adoração do Santíssimo Sacramento Crucificação. Afresco de 1305, por Giotto, na Capella degli Scrovegni, Padova, Itália. Imagem: https://goo.gl/KUVf7E

Nos passos de Jesus... 18/3 – SEXTA-FEIRA 20h: Celebração Comunitária da Penitência na Igreja Matriz 19/3 – SÁBADO 15h: Santa Missa com a unção dos enfermos, em prol da preparação dos doentes para a Páscoa, na Igreja Matriz 20/3 – DOMINGO DE RAMOS 8h30: Procissão de ramos saindo da Comunidade da Pedreira, em direção à Igreja Matriz, onde será celebrada a Santa Missa 9h: Procissão de ramos seguida de Santa Missa na Capela de Nossa Senhora da Abadia 10h: Procissão de ramos seguida de Santa Missa na Capela de Nossa Senhora dos Anjos

25/03 – SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO 7h: Via-sacra dos Vicentinos, saindo da Igreja Matriz 15h: Celebração da Paixão de Cristo e oração por toda a humanidade, na Igreja Matriz, na Capela de Nossa Senhora Aparecida, na Capela de São Judas Tadeu, na Capela de Nossa Senhora da Abadia e na Capela de Nossa Senhora dos Anjos 19h: Momento de oração e silêncio com a encenação da Paixão de Cristo, na Igreja Matriz, seguido de procissão 26/03 – SÁBADO SANTO 20h: Vigília Pascal na Igreja Matriz, na Capela de Nossa Senhora Aparecida e na Capela de São Judas, seguida da procissão da Ressurreição 27/03 – DOMINGO DA PÁSCOA 9h: Celebração da Páscoa na Igreja Matriz e na Capela de Nossa Senhora da Abadia 10h30: Celebração da Páscoa na Capela de Nossa Senhora dos Anjos 18h: Celebração da Páscoa na Capela de Nossa Senhora Aparecida 19h: Celebração da Páscoa na Igreja Matriz 19h30: Celebração da Páscoa na Capela de São Judas Tadeu

Ressurreição de Cristo

Ressurreição de Cristo. Óleo sobre madeira, de 1502, por Rafael Sanzio. Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, Brasil. Imagem: https://goo.gl/TiYvRH

A ressurreição de Jesus é o alicerce sobre o qual o Cristianismo foi erguido. Negar a ressurreição é rejeitar todo o Cristianismo e sua Teologia,

nada fica de pé. Não fica pedra sobre pedra. Como disse o Apóstolo Paulo, “se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia é a nossa fé” (1 Cor 15, 14). É esse fato, testemunhado pelos quatro evangelistas, que faz os apóstolos relerem todos os atos e falas de Jesus e concluírem que a ressurreição é a realização de toda a mensagem de Jesus, de toda a vida d’Ele. Ele é o homem novo, o “Novo Adão”, no qual todos somos vivificados (1 Cor 15, 22; Rm 5, 14). Toda a Semana Santa, que começa com o Domingo de Ramos, se encaminha para o Domingo de Páscoa, que é o dia mais importante do Ano Litúrgico. A Páscoa é exatamente o ponto culminante dessa semana, a comemoração da ressurreição, ou seja, a vitória de Jesus sobre a morte. São Paulo, relendo Isaías (25, 8) e Oseias (13, 14), fez a clássica pergunta: “Tua vitória onde está, ó Morte?” (1 Cor 15, 55). Antes da ressurreição Jesus era chamado apenas de “Jesus de Nazaré”, mas após a vitória sobre a morte, Ele é o vitorioso do Pai, Ele é o Senhor, o Ungido esperado, o Messias. O livro dos Atos dos Apóstolos diz que “Deus o constituiu Senhor e Cristo” (At 2, 36); Ele é o “Senhor dos vivos e dos mortos” (Rm 14, 9). Toda Celebração Eucarística é a renovação da memória pascal de Cristo. Logo após a consagração do pão e do vinho, o presidente da celebração diz: “Eis o mistério da fé!”. Muitos pensam que o mistério da fé é a transformação do pão e do vinho em corpo e sangue de Jesus, mas o que se

proclama ali, naquele momento, é a centralidade da fé cristã: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”. Eis o centro da páscoa: a morte, a ressurreição e a nova vinda do Senhor! Ninguém viu, ninguém presenciou, ninguém registrou a ressurreição de Jesus. Os estudiosos não podem provar a ressurreição com as provas científicas de hoje. No entanto, o historiador pode verificar que houve homens e mulheres que pregaram a ressurreição de Jesus. Esse é um fato histórico. Historicamente a vida desses pregadores mudou, e eles mudaram a vida de milhares e milhões de pessoas. Isso é um fato histórico. Os pregadores insistiam em dizer que aquele que morreu crucificado foi o mesmo que ressuscitou (1 Cor 15, 3-4; At 2, 23-24). A ressurreição é muito mais do que a revivificação de um cadáver, como Jesus fez com o filho da viúva (Lc 7, 11-17), com a filha de Jairo (Mc 5, 35-43), com Lázaro (Jo 11). A ressurreição é a transformação radical da existência corporal para uma existência do espírito, é a corporalidade glorificada. Nesta Páscoa, como em todas as páscoas, em todas as épocas, somos chamados a ressuscitar com Cristo. Ismar Dias de Matos, professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas


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CATEQUESE PERMANENTE

Deus é pai Se tem uma coisa boa na vida é poder contar com alguém; ter uma pessoa em quem confiar; alguém que nos dê proteção e carinho na hora mais necessária. Pois bem! Este é o papel do pai. Ele que deu a vida, deve cuidar daquele que gerou; deve amar de tal forma e com tal intensidade que seu filho se sinta seguro em meio aos atropelos da vida. A segurança do filho não vem da proteção irrestrita de seu pai, mas do amor sem condições que ele lhe dedica. O amor sempre dá forças, reanima, enche de coragem na caminhada. O Credo rezado na missa todos os domingos afirma: “Creio em Deus Pai”. Crer em Deus Pai é crer que nossa vida não vem de nós mesmos e que estamos referidos a outro bem maior do que nós. Não demos a vida a nós mesmos; não viemos do nada, não somos fruto do acaso. Alguém, que nos ama, nos deseja e nos quer bem, deu-nos a vida e nos ajuda a sustentála. Alguém nos amou sem que merecêssemos, sem que pedíssemos, na mais pura gratuidade. Afirma a Primeira Carta de João: “Deus é amor; e nisso consiste o amor: ele nos amou primeiro” (1Jo 4,16.19). Apesar de afirmarmos constantemente que Deus é Pai, nem sempre entendemos muito bem o que isso significa. Quem teve péssimas experiências com o seu pai aqui na terra vai ter certamente dificuldades de aceitar a paternidade de Deus. Lembro-me de um catequizando adolescente que, ao ouvir falar que Deus é Pai, disse ao catequista: “Não, obrigado! Já tenho um que é difícil de aguentar e não vou querer outro”. É compreensível a reação do catequizando. Seu pai não era boa referência para ele: era violento, machista, alcoólatra... Quando dizemos que Deus é Pai, quase sempre as pessoas fazem esta conexão. Não sabem que o Pai do Céu que nos deu a vida é o pai por excelência. Logo, ele não é igual ao pai biológico. O pai biológico é que deveria ser como o Pai do Céu, amoroso, cuidadoso. Se ele não o é, há algo errado. Compartilhou do dom de Deus de gerar a vida e agora não ama como Deus, não cuida como ele, não sustenta sua criação. Deus é nosso Pai, disse Jesus diversas vezes: “Não vos preocupeis com o que comer ou beber... o vosso Pai que está nos céus sabe que precisais de tudo isso” (Mt 6,25.32); “Amai os vossos inimigos... assim vos tor-

Passamos a vida a “pão com queijo” sem saber que temos direito a muito mais. Imagem: http://goo.gl/25Z2AC

nareis filhos de vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,4445); “Orai assim: ‘Pai Nosso que estás nos céus...’” (Mt 6,9). E Jesus continua: Se Deus é nosso Pai, não devemos temer nada. Ele cuida dos pardais, não cuidará de nós? (cf. Mt 10,28-31). Somos os seus filhinhos, diz a Primeira Carta de João: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus. E realmente o somos” (1Jo 3,1). Extensa é a lista de textos da Escritura que mostram essa filiação divina, mas bastam estas citações. Deus é Pai, não como nosso pai terreno certamente, do qual podemos – infelizmente! – ter péssimas referências. Ele é o doador da vida; aquele que nos amou e nos gerou na mais plena liberdade, sem nenhuma obrigação de fazê-lo. Ele é um pai amoroso e querido, não um juiz implacável e justiceiro. Ele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por nós, como é que com ele não nos daria tudo? Nós somos os filhos queridos de Deus e ninguém pode nos condenar, nem nos amedrontar (cf. Rm 8,31-39). Por isso somos convidados a viver em comunhão com ele (cf. Jo 17,20-21), a viver a vida nova que ele nos oferece. Precisamos cumprir o dito popular: “Tal pai, tal filho”; ou ainda outro: “filho de peixe, peixinho é”. Nisso consiste a alegria completa: em viver essa filiação na mais plena confiança de que somos amados ao infinito; Deus é Pai e não nos abandona; ele nos conhece e nos ama como somos. Infelizmente, porém, passamos às vezes a vida toda sem saber deste amor e deste cuidado de Deus. Até parece aquela história do português e sua família

que resolveram voltar para a terrinha natal. Depois de cansado de viver longe da pátria, Manoel, que era padeiro, reuniu a família e disse: “Vamos voltar para Portugal!”. Manoel, Maria e seus seis filhos se animaram. Em tempos que avião não existia, apenas navios para cruzar os mares, Manoel vendeu sua padaria e, com o dinheiro, comprou as passagens de navio para toda a família. Antes, porém, encheu alguns sacos de pão e colocou queijo dentro. Seria o alimento da viagem. Ele e seus filhos nem se arriscavam a sair do navio, para não serem tentados a frequentar o restaurante e ver todas aquelas maravilhas às quais não tinham acesso. No primeiro dia – que delícia – pão com queijo. No segundo dia, pão com queijo, ainda bem saboroso. No terceiro dia, pão com queijo. No quarto dia, pão com queijo. No quinto dia, o pão com queijo não descia mais. Mas era preciso se esforçar, pois ainda havia muito mar pela frente. Então, pão com queijo... queijo com pão... pão com queijo... e já ninguém aguentava mais ver aquele pão velho, seco... aquele queijo maduro, com cheiro forte... Então Joãozinho, o filho mais novo, depois de 25 dias de viagem não aguentou mais. Fugiu do quarto e aventurou-se pelo navio até chegar no restaurante. Faltavam apenas dois dias para chegar em Portugal, mas ele estava desesperado. Sentou, comeu, bebeu... e nem se preocupou com a conta. Já não aguentava mais pão com queijo. Na hora do acerto, o garçom apelou: “Como assim não tem dinheiro?”. Joãozinho só tinha a passagem no bolso. O garçom pegou a passagem, olhou e sorriu. “Não esquente a cabeça, menino; no preço da passagem, estão incluídas todas as refeições!”, disse a Joãozinho que tremia de medo. Manoel e sua família tinham direito a um banquete e passavam dias a pão com queijo. Nós, filhos de Deus, temos direito a seu amor. Na passagem pela vida, já está incluído este direito: direito de filiação. Não passemos a vida toda à base de “pão com queijo” quando temos direito a muito mais. Deus é nosso Pai; viver na sua presença e experimentar seu amor é direito nosso. Solange Maria do Carmo Mestre em Teologia Bíblica e doutora em Teologia Catequética

22 DE MARÇO: DIA MUNDIAL DA ÁGUA

Água transformada em lágrima... de esperança

“O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar” (Papa Francisco). Imagem: http://goo.gl/KgvGAZ

Neste mês de março é comemorado o Dia Mundial da Água. Que a água é a fonte da vida todos nós já sabemos. Além de ser indispensável para a continuação da vida, liturgicamente simboliza a vida. No início, o Espírito de Deus pairava sobre as águas (Gn 1,2), de onde emergiram a terra e todos os seres vivos e, das águas do batismo, santificadas pelo Espírito Santo, emergem novas criaturas, o renascimento para uma vida nova se dá pela água e pelo Espírito (Jo 3,5). A Campanha da Fraternidade Ecumênica (CF) deste ano tem como tema “Casa comum, nossa responsabilidade”, e como lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual

riacho que não seca”, com um forte apelo para o cuidado com o saneamento básico, chamando a atenção para sua importância para a garantia de desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida para todos. A nossa casa comum é a Terra e, para que ela sobreviva, é necessário o cuidado com a água que faz parte dela, indispensável à vida de todos os seres vivos que a habitam. Esta é a quarta vez que a Campanha da Fraternidade é ecumênica, dada a relevância e a urgência do tema, com clara influência e estímulo na Laudato Si, a segunda encíclica do Papa Francisco, de 24 de maio de 2015, cujo nome foi inspirado na invocação de São Francisco de Assis: “Louvado sejas, meu Senhor”. Nessa encíclica o Papa conclama a todos e a cada um de nós – indivíduos, famílias, coletividades locais, nações e comunidade internacional a uma “conversão ecológica”. Ele assevera que “o urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar” (13). Dentre tantos pontos importantes, devido à brevidade deste artigo e à riqueza dos apontamentos feitos pelo Papa, chamo a atenção para esse trecho da Encíclica: “Devemos considerar também a poluição produzida pelos resíduos, incluindo os perigosos presentes em variados ambientes. Produzem-se anualmente centenas de milhões de toneladas de resíduos, muitos deles não biodegradáveis: resíduos domésticos e comerciais, detritos de demolições, resíduos clínicos, eletrônicos e industriais, resíduos alta-

mente tóxicos e radioativos” (21). Pensemos na extensão da poluição causada pela tragédia de Mariana, que completa quatro meses, sua repercussão mundial, não só a repercussão midiática, mas também ecológica, já que estamos falando de uma casa comum. Além das pessoas vitimadas, que perderam muitas coisas materiais, entes queridos e também parte de suas identidades, a água comemorada no dia 22 deste mês, recebeu algo aproximado a 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, um dramático exemplo do que disse o Papa no trecho que transcrevi. Daí a oportuna Campanha da Fraternidade deste ano e urgência de proteção da nossa casa comum. A tarefa é para todos e todas, mesmo que nos sintamos, como diz o ditado, apenas como “uma gota d’água”, é dessa gota que a “fonte que brota” e o “riacho que não seca” (ditas no lema da CF/2016) estão precisando. Sejamos, pois essa gota d’água, não só em comemoração ao Dia Mundial da “irmã” Água, mas por zelo à nossa casa comum. Convido a todos, pela pertinência com o assunto aqui tratado, que ouçam a música “Cacimba de Mágoa”, gravada por Gabriel O Pensador e Fala Mansa, que pode ser acessada no endereço https://goo.gl/LMX2ae. Que a letra da canção e as imagens do clipe nos impulsionem à consciência ecológica e, como diz a letra, que o que tem acontecido até aqui, “não polua a esperança que nasce dentro de nós”. Andréa Matos R. M. Castro Advogada e doutora em Ciências Sociais


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25 DE março: anunciação de nossa senhora

O sim de Maria

A Anunciação. Óleo sobre madeira, de 1475, por Leonardo Da Vinci. Galleria degli Uffizi, Florença, Itália. Imagem: http://goo.gl/JZvioQ

Como aurora, assim é a salvação de Deus para toda a humanidade! Eis que uma exatidão cronológica contribuiu para fixar a Solenidade da Anunciação nove meses antes do nascimento do Senhor. Assim, em 25 de março, comemora-se a festa da Anunciação, isto é, da Encarnação do verbo, data com a qual se dá início à história não de um povo ou de uma civilização, mas de toda a humanidade remida em Cristo.

No anúncio do anjo Gabriel e aceitação de Maria ecoam as mais preciosas palavras da Escritura: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). O mistério da fé é tão grande que Maria, perante esse anúncio, fica assustada. O anjo então lhe diz: “Não tenhas medo, Maria!” e a jovem humilde de Nazaré consagrada ao Senhor Deus que se achava tão aquém, em Cristo sente-se forte, e o medo desaparece. Pelo “Sim” dado por Maria, Deus reata a nova e eterna aliança com a humanidade, por meio de seu Filho Unigênito, com elos eternos de misericórdia. A exigência da aliança é em todos os tempos a mesma: a obediência na fé. A promessa da presença, bênção e graça que Deus faz em toda a aliança, alcança seu ponto culminante na pessoa de Jesus. A celebração da Anunciação é o momento no qual, a exemplo do “Sim” de Maria, possamos nós como membros da Igreja congregados na fé, nos associarmos à obediência de Cristo, vivendo o verdadeiro sentido pascal da Anunciação, pois Deus nos oferece a salvação contando com a nossa correspondência. Ele espera o nosso “Sim”, e espera também a nossa perseverança por toda a vida. Patrícia Machado Leal

19 DE MARÇO: DIA DE SÃO JOSÉ Quando por volta dos 30 anos, São José e outros jovens, que eram da tribo de Davi, foram chamados pelo sacerdote do templo. Uma virgem que habitava o templo chegava à idade de se casar. Era Maria. Os pretendentes já sabiam das virtudes angelicais de Maria, e ficaram encantados. Todos traziam um bastão nas mãos. O sacerdote orou a Deus e pediu que fizesse florescer o bastão daquele que iria desposá-la. O bastão de José foi o único a florescer. José seria seu esposo. Maria tinha apenas 14 anos e precisava morar com seus pais até a hora de habitar com seu esposo, e esse período, cerca de um ano, era chamado de noivado. Apareceu-lhe então o anjo Gabriel, e por obra do Espírito Santo, foi iniciada em seu ventre a gestação do Nosso Divino Redentor logo após Maria sagrar: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1.38). Maria logo se dirigiu à casa de sua prima Izabel e lá ficou por três meses. Ao voltar, José percebeu a gravidez, e sendo conhecedor das virtudes de Maria, não suspeitou de infidelidade, ficando sem entender o fato. Isso lhes trouxe dificuldades. Eles não coabitavam, e as autoridades poderiam fazer questionamentos. José decidiu ir para longe dali, receoso de mentir às autoridades e de colocar Maria constrangida. Decidiu partir logo ao raiar da luz. E enquanto dormia, veio-lhe o anjo de Deus Gabriel avisar-lhe: “José, filho de Davi, não temas receber Maria como esposa porque isso que nela se operou é obra do Espírito Santo” (Mt 1,20). José foi tomado de grande alegria por ser merecedor de grandiosa missão: participar na criação do Filho do Altíssimo. Algumas reflexões, de acordo com o amor expressado por Cristo no evangelho: Como nos portamos diante dos infortúnios? Com lamentação, angústia e depressão ou com fé e tranquilidade? Como agimos ao saber da gravidez de um casal ainda sem matrimônio? Ficamos com raiva, monólogos enérgicos e discriminação ou procuramos, no diálogo, dar compreensão, apoio e educação? E quanto a falar a verdade? Somos sempre sinceros nas respostas ou inventamos respostas ao gosto de hábitos e culturas já estabelecidas? Hélder Chaia Toledo

CRECHE GRAZIA BARRECA CASTAGNA São José, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, é o patrono da Igreja Católica e protetor da Sagrada Família. Padroeiro dos operários, carpinteiros, marceneiros e agricultores, é também o santo de devoção dos cearenses. Segundo a tradição, caso chova no dia de São José, é sinal de que o ano será de muita chuva, garantindo a safra e a mesa farta. Imagem: São José - Xilogravura de Hamurabi Batista. Juazeiro (CE), Brasil. http://goo.gl/59kEq0

Fé no Santo Um homem em seu roçado Lamentava a sequidão E de tanto desolado Pela seca do sertão Pôs na prece o seu lamento E viu naquele momento Lágrimas molhar o chão.

Quanto mais ele chorava Na prece se lamentando Muito mais terra molhava E via o chão encharcando E a terra ressequida Agora dava guarida Para a semente ir plantando.

Sentiu o seu corpo suado Com o esforço que fazia E olhando pro seu lado Viu o milagre que havia O céu em sua beleza Bendizia a natureza Com a chuva que caia.

O homem pisou o chão Fez covas com o pé Semeou ali um grão Na prece botou mais fé

Olhou pro céu com alegria E agradeceu mais um dia Desse santo São José.

Autor: Lucarocas. Fortaleza, 19 de março de 2013.Texto: http://goo.gl/NHNsUG

O carnaval da creche Grazia foi de muitas cores e alegria. E não tem nada melhor do que ver o sorriso estampado no rosto das nossas crianças. Convidamos a todos para conhecerem nossa instituição, o que para nós será um prazer. Aproveitamos para agradecer ao terço dos homens pela valorosa ajuda. Que Jesus os abençoe! Direção da Creche Grazia Barreca Castagna


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30 DE MARÇO: DIA MUNDIAL DA JUVENTUDE

“Jovem, a vida vale a pena! Bote fé, bote esperança, bote amor!”

(Papa Francisco) o amanhã, é ser livre. E nessa liberdade, é possível ser um jovem sonhador, ainda que não acredite em grandes transformações, é possível mudar o mundo com ações simples e mais honestas, no dia a dia. Porque os jovens são o futuro, a construção do amanhã, e assim sempre será; com os erros e acertos que são preparados, e encontram o amadurecimento para a vida. Mas o jovem é experimentador e inexperiente, quer afirmar seu jeito de ser e ser reconhecido, mas é vulnerável e influenciável. Quer se encontrar com amigos com ideais em comum, quer estar com a galera. Aceita facilmente o novo e cria rapidamente transformações. Responsáveis e preguiçosos, bandidos e marPorque os jovens são o futuro, a construção do amanhã, e assim sempre será; com os erros e acertos que são preparados, e ginalizados, que futuro construirá essa juventude, encontram o amadurecimento para a vida. Imagem: https:// cada vez mais precoce? Se nos preocupamos com goo.gl/VGqch6 a vida saudável da sociedade futura, é bom saber que nossos jovens não precisam de julgamentos e A juventude da internet, nas redes sociais; a ju- críticas, necessitam de mais amor e atenção. Aqueventude das ruas, das manifestações; a juventude dos les que não sonham, que perderam a esperança, que sonhos, por um mundo melhor; a juventude da far- matam e morrem, precisam saber que não estão em ra, sem trabalho e responsabilidades; a juventude da um mundo só de consumismo. A Igreja, o governo, igreja, que lidera e mantém viva a fé cristã; a juventu- as escolas têm essa responsabilidade, mas é a famíde marginalizada, do tráfico e da violência; a juventu- lia que precisa ser bem cuidada e administrada. Os de do jeito que você pensou e não foi citada, porque valores morais precisam ser cultivados entre pais e é impossível falar de tantas faces, de tantas caras, de filhos, através do diálogo e da paz. O poder da intantos jovens. Porque não há um jeito mais correto de formação impede que os jovens acreditem no que ser jovem, não há um jeito mais correto de ser huma- se distancia muito da realidade. Então, o evangelho precisa ser claro, e os pais não podem esperar pela no, na verdade. Pode ser considerada uma fase, mas a juventude juventude dos filhos para apresentá-los um Jesus é mais um jeito de ser. E é melhor que seja pensada que é real. Porque é na fé e na família que, jovens ou assim. Há pessoas que são e serão eternamente jo- não, encontramos força. vens. E por que não? Porque ser jovem é viver com vigor, “sem medo”; é não se preocupar com a idade e Renilson Leite

COZINHA FÁCIL

Brigadeiro de churros

Imagem: http://goo.gl/SW2f25

Ingredientes: 1 lata de leite condensado 2 colheres de sopa de doce de leite 1 + 1/2 colher de sopa de canela 2 colheres de sopa de creme de leite 1 colher de sopa de manteiga Açúcar e canela para polvilhar Doce de leite para decorar Modo de preparo: Em uma panela, misture o leite condensado, o doce de leite, o creme de leite, a manteiga e a canela. Mexa até o brigadeiro desgrudar da panela e então coloque em um recipiente e deixe esfriar por aproximadamente uma hora na geladeira. Enrole e polvilhe com açúcar e canela. Com um bico de confeiteiro, decore com doce de leite.

Fonte: www.tastemade.com.br

CAÇA-PALAVRAS

8 de março: Dia Internacional da Mulher Muitos eventos marcaram a lheres nas LUTAS por direitos que HISTÓRIA de luta das mulheres: incentivaram a Organização das organizações femininas de moNações Unidas (ONU) a assinar, vimentos operários para proem 1945, o primeiro acordo intestar contra jornadas extensas ternacional firmando PRINCÍPIOS demais e salários medíocres, de igualdade entre homens e para reivindicar melhores conmulheres. Em 1977, o 8 de março dições de TRABALHO e o fim do foi reconhecido oficialmente pela trabalho infantil; manifestações ONU. Que essa seja mais uma em prol da igualdade econôdata para se pensar as discriminamica e política, do DIREITO ao ções, VIOLÊNCIAS – físicas e movoto e da IGUALDADE de gêne- Imagem: https://goo.gl/YMLZpw rais – que as mulheres sofrem, e ros. Um incêndio numa FÁBRIlutar para que tenham fim. E que CA têxtil de Nova York em março de 1911, quando morreram carbonizadas cerca seja também momento de HOMENAGEM a todas as mulheres, cada uma com sua de 130 OPERÁRIAS, teria motivado a criação do Dia Internacional da Mulher. Mas história, sua FORÇA e sua BELEZA. foram todos os eventos - anteriores e posteriores a este - de atuação das muMadalena Loredo V V D I A I N T E R N A C I O N A L M B I L I S B T A E M E R D A B S A D U T E O O U I S A E O T I A C I R B A F L E L L I V M G A S P A R N B A A M H A P D S E A I R O T S I H T N A R U E R E O O A N P R H N T R H G G R N L R P A N R C T C K E D U Y E C E F U H E D A G R T L U I I I Ç A P L U N O E E A L N H L I X L A A S A M U O R T R A B A L H O O P L J S E A W I T A A W I G U A L D A D E A A E N D A I G K I D A O A F I A R I S E N L O O E A N B E L E Z A R Y N O T O N E A D R N E U V N A E R D A B A F X C R I F I N L E C T M A R I F O R Ç A A I A R D R O L Z M A P R I N C I P I O S A R O G I O M L E L E S I E Q S L E A Y I E L X I T L I R Ç M U S I C A A U E C C S A V D A K I M C F R X A S M V N O G Y T C H O M E N A G E M V P M U C O H D Ç I N Z D K U G D L O D L S E T Ç A R O Z R P A O F L C I U S N O P E R A R I A S H G

DICA DE LEITURA O Sol é para Todos, de Harper Lee

Imagem: http://goo.gl/JqoM70 Um livro sobre racismo e injustiça - a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.


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Informativo da Paróquia - Nossa Sra. do Rosário de Pompeia - Frades Capuchinhos - Março de 2016

página franciscana

FRADES CAPUCHINHOS, 80 ANOS Itinerância – Mineiridade – Serviço idade missionária que se encontra no coração da Espiritualidade Franciscana, ela é a grande oportunidade da pregação pelo exemplo de vida e pelas palavras. “Pregue sempre o evangelho. Se necessário, use palavras”. A frase, atribuída a Francisco de Assis, significa que nosso compartilhar do Evangelho deveria ser solidamente fundamentado em boas obras’.1 Dessa forma, não nos faltam grandes exemplos que, com toda humildade e confiantes na proteção do Senhor, se lançaram ao projeto missionário. Desde então todo esse movimento nunca mais parou. ‘ “Eu quero partir, quero ir bem longe!” O jovem camponês apoiara o braço no cabo da enxada e dirigia o olhar ao longe, bem além do horizonte de suas terras. Ao pai que o observava e questionou, respondeu: “Os nossos campos são grandes, a família é numerosa e unida. Mas eu sinto que isto não me basta. Um dia eu partirei. Quero ser missionário” ‘ 2. Esse mesmo desejo que motivou o Cardeal Massaia, grande Frade Menor Capuchinho que dedicou sua vida à Missão e a propagá-la, continuou a ecoar entre os campos desse mundo e pôde ser ouvido, inclusive, na ilha da Sicília, Itália, na Província dos Capuchinhos de Messina. É nessa terra siciliana que a nossa história começa e, ao mesmo tempo se mistura. Era o ano de 1935. Todos os preparativos para a nova missão já haviam sido feitos e os sete missionários estavam prontos a deixar sua amada terra e, ao atravessar o Oceano Atlântico, aportarem em terras desconhecidas para encaminharem-se para a Missão que os esperava. Não sabiam a língua, não sabiam os costumes, somente ouviram dizer sobre o Brasil e algumas das particularidades que cercavam essas terras tropicais. Ainda assim, o estado de Minas Gerais os esperava e era para lá que, após breve parada, seguiriam. Frei Teodósio de Castelbuono, Frei João Batista de Catania, Frei Clemente de Maleto, Frei Odorico de Resuttano, Frei Conrado de Troína, Frei Liberatto de Catania e Frei Leão de São Mauro chegaram finalmente ao seu destino, às 13h30 do dia 6 de fevereiro do 1936, quando, louvando a Deus, iniciaram sua tão sonhada missão. A partir de então, 55 foram os missionários que vieram da Itália para as terras mineiras e se dedicavam ao povo que encontravam, se apaixonaram por essas terras e fizeram das suas vidas grandes testemunhos de minoridade e serviço. Não será possível apagar da memória de tantas pessoas e de tantos lugares as típicas figuras dos Capuchinhos de então; suas “veneráveis barbas”, seu hábito marrom, seu cordão, o santo Terço que sempre seguia atado à cintura, as sandálias gastas de tanto andar, a austeridade que viviam e a capacidade de trabalhar que possuíam. Tudo isso faz parte do imaginário, eternizado pelos exemplos, dos grandes Missioná-

Os sete freis pioneiros. Em pé: Liberato de Catania, Clemente de Maletto, Conrado de Troina, Leão de São Mauro Castelverde. Sentados: João Batista de Catania, Teodoro de Castelbuono e Odorico de Resuttano. Imagem: arquivo

rios Capuchinhos nas terras das Minas Gerais. Dos grandes trabalhos e exemplos, surgiram jovens que se encantaram por esse modo de vida, quiseram também seguir Jesus como fez Francisco de Assis e assim se fizeram Capuchinhos. O sonho da missão cresceu e tornou-se Província independente da Província-Mãe de Messina, mas os laços fraternos nunca se desfizeram. Agora independente e responsável pelos locais onde viviam os frades, era hora de assumir, com reverência, os frutos da missão de tantos corajosos Capuchinhos. Hoje, 80 anos depois da chegada dos sete primeiros, é tempo oportuno de olhar reverente a história e trazê-la ao coração com profundo sentimento de gratidão, não somente a nós Frades Capuchinhos hoje, mas a todo o povo que tem convivido conosco e os outros lugares em que já não residimos, mas que continuamos habitando os corações e as memórias. Que a gratidão do coração seja, neste ano jubilar para a Província dos Frades Menores Capuchinhos de Minas Gerais, um sentimento que nos una de Poços de Caldas a Salto da Divisa, de Uberlândia a Governador Valadares, e assim nós atualizarmos na

história o mesmo canto de ação de graças cantado por tantos frades e que ecoa nas montanhas e planícies das Minas nesses anos. Enfim, celebremos juntos agradecendo o dom da vida e da vocação de tantos frades que já passaram pela Província nesses 80 anos e rezemos para que o Senhor da messe continue convidando jovens e colocando nos seus corações o desejo de serem frades, semeando a paz e promovendo o bem. Ser Capuchinho é confiar no Senhor e colocarse a seu serviço, é encantar-se pela simplicidade cotidiana, é estar apaixonado pelo Reino de Deus e ser parte importante dele. Ser Capuchinho é viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e assim ser missionário, pois essa é a nossa Regra e a nossa Vida.

Frei Glaicon G. Rosa, OFMCap 1 Pró-Vocações Franciscanas, Província Francis-cana da Imaculada Conceição do Brasil. <<http://goo.gl/xhiUiQ>> 2 A Missão no coração da Ordem. Carta circular a todos os Frades da Ordem sobre a Missão. <<http://www.capuchinhos.org/missoes/ documentos-e-artigos/documentos-dos-capuchinhos/394-amissao-no-coracao-da-ordem-carta-circular-no-5>>


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Informativo da Paróquia - Nossa Sra. do Rosário de Pompeia - Frades Capuchinhos - Março de 2016

(31) 9 8883-5357 - Oi (31) 9 8106-2789 - Claro (31) 3658-5357 E-mail: contvasconcelos@oi.com.br

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