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Epidemias em Portugal, Covid 19 e Cultura Maria Albertina Amaral amaralmar@gmail.com

A primeira Epidemia em Portugal data de 1188, logo seguida de uma outra em 1202, a qual matou a terça parte das pessoas no nosso país e que, devido às grandes chuvas que aconteceram de uma forma contínua, veio a causar grande fome. Estávamos em plena Idade Média e eis que, em 1310, surge a grande peste, matando igualmente muita gente de fome, pois esta calamidade fez diminuir a resistência das pessoas, o que vai contribuir para a difusão da Peste Negra, que entrou na Europa em 1347 e, em Portugal, em 1348, em tríplice forma, ou seja, a peste bubónica, a peste pulmonar e a peste intestinal. Matou grande número de pessoas e durou três meses, seguida de um novo surto em 1365. Em 1384, uma nova peste, o Tifo, atacou principalmente o exército que cercava Lisboa, com cerca de 150 a 200 mortes por dia. Em 1414, um novo surto de peste chega a Lisboa e Porto trazida por barcos estrangeiros da Ásia. Uma das vítimas deste surto foi a rainha Filipa de Lencastre. Em 1423, nova epidemia, agora localizada em Coimbra e seus arredores. Segundo o Cronista Rui Pina, «D. Duarte não assistiu às cerimónias do Funeral de seu pai D. João I, no Mosteiro da Batalha, por aí grassar grande Pestilência». Nas Cortes de 1434, afirma-se o mau estado de salubridade do País. Outras epidemias surgiram, sendo que a de 1478, por ter provocado muitas mortes, leva D. João II a mandar construir, na cidade de Évora, uma Casa de Saúde e ordenou várias medidas de Higiene. Em 1480, em todo o país, uma nova epidemia, que durou 17 anos e com grande incidência na área de Lisboa, talvez pela falta de higiene da capital. D. João II mandou fazer por toda a cidade fogueiras de alecrim, assim como, desinfetar as próprias casas dos doentes. Quando D. Manuel I sobe ao trono, durante quase um ano, não permaneceu em Lisboa devido à peste e, tendo encerrado as Cortes de Montemor-o-Novo, uma vez que a peste existia por todo o reino. De 1510 a 1514, nova epidemia, igualmente de origem desconhecida, o que leva D. Manuel a mandar construir cemitérios fora da capital e dar ordem de evacuação da cidade, no que não foi obedecido devido à dificuldade de a organizar. Em 1520, funda-se, em Lisboa, um Hospital próprio para doentes da peste. Em 1569, vindo de Veneza, surge a Peste Grande que matou 60 mil pessoas em Lisboa. E, assim, periodicamente, vão surgindo as epidemias em Portugal - até que em 1818 surge a mais mortífera das epidemias no país, a gripe pneumónica, também conhecida por gripe espanhola, com três ondas de 73


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