Paráclito - Dezembro de 2017

Page 1

Edição:

2

O Paráclito

ANO 1 | DEZEMBRO DE 2017 | EDIÇÃO ECUMÊNICA.

“Alegre-se muito, cidade de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e vitorioso”

(Zacarias 9:9)

O Tempo do Advento

O Advento (do latim Adventus: “chegada”, do verbo Advenire: “chegar a”) é o primeiro tempo do Ano litúrgico, o qual antecede o Natal. Para os cristãos, é um tempo de preparação e alegria, de expectativa, onde os fiéis, esperando o Nascimento de Jesus Cristo. Numa perspectiva bastante realista, Jesus vem a todo o momento. A grande arte de viver do cristão consiste em saber localizá-lo, saber detectar a Sua presença no instante preciso da Sua chegada. Pode surgir apenas como o humilde carpinteiro; pensaremos também, à semelhança de Maria Madalena, que Ele é “um dos jardineiros”? De olhos mal abertos, equivocamo-nos com facilidade.., será possível que falhemos o contato com a Sua aparição? Cristo pode correr ao nosso encontro da forma mais estranha: na tarefa mais humilde e obscura, na atividade aparentemente desagradável, como pode também surgir na cintilação do triunfo ou simplesmente na mensagem da Boa-Nova brandamente segredada ao ouvido. “Virei outra vez”.

experiência. No momento da grande chamada são almas que respondem; não como vítimas que se precipitam para a morte, mas como a “noiva” que se presta para encontrar o “noivo” (S. João 3,29). Aqueles que O amaram e que d’Ele foram íntimos em vida, com Ele conviverão triunfalmente na morte! COROA DO ADVENTO

Mas, de olhos bem abertos contemplaremos continuamente na Sua aparição, aquela que esperamos. A vida do cristão mede-se e pesa-se por esta capacidade perceptiva de natureza espiritual; sabemos que Ele é Alguém cuja vinda afinal se processa continuamente. Mas um dia virá em que Ele surgirá “de repente”,

quando a alma transitar para regiões desconhecidas. Surgirá, sim, mas desta vez envolvido nas roupagens negras da morte. E então? Será que O reconheceremos? Possuiremos a lucidez e a acuidade suficientes para penetrar o terrível véu e exclamar: “É o Senhor!” Muitas pessoas têm tido essa felicíssima e gloriosa

A coroa comporta quatro velas nos seus cantos presas aos ramos formando um círculo. A cada domingo acende-se uma delas. As velas querem representar as várias etapas da salvação. 1º domingo: O perdão oferecido a Adão e Eva. Eles morreram na terra mas viverão em Deus. 2º domingo: A fé dos patriarcas. Eles acreditaram no dom da terra prometida. 3º domingo: A alegria do rei Davi. Ele celebrou a aliança e sua perpetuidade. 4º domingo: O ensinamento dos profetas: Eles anunciaram um Reino de paz e de justiça com a vinda do Messias.

Inagurada nova loja de artigos religiosos em Joinville/SC.

Adoremus Arte Sacra

Rua: Jaguaruna, 60 - Centro Fone: (47) 3013-0604


O Paráclito

2

Natal

Uma história de amor, quando sua mãe começou a perder memórias, ele encontrou um jeito criativo de salvá-las A relação de Tony Luciani com a fotografia começou depois que a mãe, Elia, caiu e quebrou o quadril – época em que ele, um pintor em tempo integral, decidiu cuidar dela e coincidentemente, comprar uma câmera para fotografar seu trabalho de arte. Enquanto sua mãe se recuperava, Tony percebeu que a memória dela já não era mais a mesma, se deteriorando aos poucos. Com a fotografia, ele decidiu criar uma série para homenagear a vida e as lutas de sua mãe contra a demência. A memória estava deixando-a, então ele queria gravar o quanto ela pudesse lembrar antes que não

restasse mais nada. O que o inspirou a fotografar Elia, foi um dia, enquanto tirava fotos no espelho do banheiro, ela aparecia de vez em quando na porta para observar o que ele estava fazendo. Quando ele pegou a câmera, Elia pulou na frente e levantou as mãos no ar. Na hora ele pensou: “Oh meu Deus, isso é tão grande”, contou ele ao site UpWorthy. E então, Tony começou a registrar o que ele passou a chamar de “Mamma, in the meantime” (“Mãe, nesse meio tempo”). A série de fotos se tornou interessante para Elia, a ponto de Tony estar pintando e ela dizer: “OK, estou entediada. Vamos fazer al-

Tel: (47) 3467 - 2430 Uma publicação:

Te r

Diretor: Nilo S. Junior nilojunior@ecclesiaortodoxa.org

Diagramação: Christian Pacheco

diagramaçao@folhadearaquari.com.br

ida Catarine

n

nove línguas só para poder conversar corretamente com as pessoas. E você acredita que Elia nunca viajou, apesar de ter aprendido tantas línguas? Bem, Tony achou que podia dar isso à mãe, através das fotos. Sobre a série de fotos: “Ela se sentiu digna novamente”, disse Tony ao site. “Como se sua vida não tivesse terminado. E sua vida não terminou – e ela provou isso uma e outra vez”. Infelizmente, Elia não lembra mais o nome do filho. Mas para Tony foi uma oportunidade de passar três anos dizendo adeus a ela, o que faz se sentir muito grato.

Terravida Catarinense Indústria Ltda

se

v ra

Espediente:

O Paráclito

gumas fotos.” “Ela me contaria essas histórias e eu anotaria as ideias e apresentaria as imagens na minha cabeça”, explicou Tony. Então eles foram recriando as memórias dela. Elia esquecia o que tinha feito há dez minutos, mas se lembrava de sua infância, de coisas que aconteceram 70, 80 anos atrás. Saber das histórias da juventude de sua mãe foi muito gratificante para Tony. Ele sempre admirou a mãe. O pintor contou que quando era criança, ela havia trabalhado em uma fábrica de costura. Na época, como encarregada de 50 costureiras, Elia aprendeu a falar oito ou

Essências Florais e Fitoflorais - Suplementos alimentares, Vitaminas e Minerais.

-

Rua Santa Catarina, 5060 - Bairro SC - Joinville/SC Fones: (47) 30316031 - 999649395 E-mail: terravida.catarinense@gmail.com Site: www.terravidacatarinense.com.br


O Paráclito

Mensagem de Natal

A Finalidade da Encarnação Adaptado pelo Bispo Ioannis de Santa Catarina Quando Abraão, o pai da ao caminho da salvação e nos fé, acreditou em Deus e no dar bons exemplos. Jesus Se que Ele falou, ele não apoiou fez homem para nos conecta sua fé em nenhum critério a Ele, para unir nossa frágil e humano. Com efeito, ele mórbida natureza humana à teve a coragem de pensar e Sua Divindade. A Natividade agir contra as evidências. de Cristo testifica o evento de Abraão assumiu a certeza que nós atingimos o propósisem qualquer apoio, sem to final de nossa existência qualquer prova. Isso mudou não meramente através da os rumos da humanidade fé e na pratica do bem, mas que passou da fatalidade para fundamentalmente através a fidelidade, abrindo assim as do poder redentor da encarportas para a encarnação do nação do Filho de Deus, no Filho de Deus na humani- qual passamos a coabitar. dade, uma vez que a humaniE quando examinamos dade não hesitou em Abraão, profundamente os mistérios a dar seu filho a Deus. O sac- do advento do Filho de Deus, rifício de Isaac por seu pai é podemos sentir que está lito primeiro ato da natividade: eralmente em concordância o Criador recebe permissão com o mistério da Comunde sua criatura para juntar-se hão. Na Sagrada Comuna ela. Na fidelidade do Patri- hão do Corpo e do Sangue arca Abraão, o plano divino de Cristo, o homem se une está inscrito: uma vez que o à natureza Divina de Cristo, patriarca dá seu filho em sac- juntando-se a Ele, nessa inrifício, Deus entrega seu filho timidade espiritual, o homem único para resgatar a humani- é plenamente transformado. dade a pureza primordial, Simultaneamente na Sagrada na posteridade de Abraão, Comunhão, o cristão se une no tempo favorável através também aos outros membros Maria! Na parábola sobre a da Igreja, formando assim o ovelha perdida Jesus figura Corpo místico de Cristo. o amor de Deus pela ovelha Devemos entender que perdida, a humanidade, Ele o homem está enfermo não mostra com clareza sobre o apenas espiritualmente, mas objetivo da vinda do Filho de também fisicamente: toda a Deus ao mundo. O amável natureza humana está prejPastor sem hesitar cheio de udicada pelas transgressões preocupação deixa as noven- às Leis Divinas. É essencial ta e nove ovelhas que estão a restaurar o homem por insalvo e empreende uma jor- teiro e não somente seu lado nada em busca daquela que espiritual. A necessidade se desgarrou: a humanidade integral da comunhão com perdida pelas transgressões. Ele. Jesus em Sua mensagem Carregando-a em seus om- sobre o Pão da vida, assim bros e trazendo-a de volta declara: “Em verdade, em após encontrá-la. Deus com verdade, vos digo: se não Seu amor e poder restaura no comerdes a carne do Filho homem a santidade, o paraí- do Homem e não beberdes so perdido. O Filho de Deus seu sangue, não tereis a vida uniu-se a nossa natureza, de em vós. Quem come minha acordo com as palavras do carne e bebe meu sangue Profeta Isaías, “E no entan- permanece em mim, e eu to, eram nossos sofrimentos nele.” (João. 6:53-56). Assim que ele levava sobre si, nos- como na mensagem sobre a sas dores que ele carregava.” videira, Cristo elucida Seus (Isaías 53:6). discípulos que precisamente Cristo fez-Se homem não na união estreita com Ele o unicamente para nos instruir homem

recebe alentos imprescindíveis para o progresso espiritual e a santificação: “Permanecei em mim, como eu em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podereis fazer.” (João. 15:4-5). Desta maneira, a finalidade da encarnação do Filho de Deus consiste na regeneração física e espiritual do homem. Numa constante renovação espiritual em Cristo, pois: os justos resplandecerão como o sol”. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por Ele e sem Ele nada foi feito. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1:1-3:14).

3

No mundo agitado pelas e necessidades do cotidiano, sobrecarregado pelo gosto e preferências parciais que a vida moderna nos trouxe: da matéria sobre o espírito ou do humano sobre o divino, esquecemos o verdadeiro sentido da Natividade do Senhor. Jesus não é mais o personagem principal da festa. “Senhor, que neste Natal, milhares de pessoas possam encontrar-se com Jesus, a razão do Natal, assumindo com ele um compromisso de vida. Que as festas e os presentes não escureçam as mentes, mas que todos possam ter um encontro verdadeiro com Cristo. Deus, em sua paciência, espera e inspirar cada homem onde quer que esteja, ao “salto” da fé incondicional, como aconteceu com o Patriarca Abraão. E assim que se perceba este evento em nossas vidas, Deus conceberá Emmanuel, Deus conosco.

Filocalia

Assim como os mandamentos gerais contêm em si todos os mandamentos particulares, também as virtudes gerais englobam em si as virtudes particulares. Aquele que vendeu tudo o que tinha e distribuiu aos pobres e que de um só golpe se tornou indigente, cumpriu de uma vez tudo o que exigem os mandamentos particulares. Ele já não precisa dar a quem pede, nem se afastar de quem vem lhe pedir emprestado. Também aquele que ora todo o tempo encerrou a tudo nesta prece. Ele já não tem necessidade de louvar o Senhor sete vezes por dia120, no por do sol, pela manhã e ao meio-dia, por que já cumpriu tudo o que a regra nos manda orar e cantar nos momentos e nas horas determinadas. SANTO PADRE SIMEÃO O NOVO TEÓLOGO(Filocalia 117-119)


O Paráclito

Hesíquia

4

“A ORAÇÃO DO CORAÇÃO”

Escrito por Henri Nouwen

Oração e ministério

Como nós, que não somos monges nem vivemos no deserto, praticamos a oração do coração? Como ela influencia nosso ministério cotidiano? A resposta a essa pergunta está na formulação de uma disciplina definitiva, uma regra de oração. As características da oração do coração que nos ajudam a formular essa disciplina: — A oração do coração alimenta-se de orações breves e simples. — A oração do coração é incessante. — A oração do coração inclui tudo. — Alimenta-se de Orações Breves No contexto de nossa cultura verbosa, é significativo ouvir os monges do deserto nos aconselhando a não usar palavras em excesso: «Perguntaram ao aba Macário: ‘Como se deve rezar?’ O ancião respondeu: ‘Não há, em absoluto, necessidade de fazer longos discursos; basta estender a mão e dizer: Senhor, como queres e como sabes, tem misericórdia. E se o conflito ficar mais ameaçador, dizer: Senhor, ajuda. Ele sabe muito bem do que precisamos e nos mostra sua misericórdia.»

João Clímaco é ainda mais explícito: «Quando rezar, não procure se expressar em palavras extravagantes pois, quase sempre, são as frases simples e repetitivas de uma criancinha que nosso Pai do céu acha mais irresistíveis. Não se esforce em muito falar, para que a busca de palavras não lhe distraia a mente da oração. Uma única frase nos lábios do coletor de impostos foi suficiente para lhe alcançar a misericórdia

PARTE I I

divina; um pedido humilde feito com fé foi suficiente para salvar o bom ladrão. A tagarelice na oração sujeita a mente à fantasia e à dissipação; por sua natureza, as palavras simples tendem a concentrar a atenção. Quando encontrar satisfação ou contrição em determinada palavra de sua oração, pare nesse ponto.» Essa é uma sugestão muito útil para nós que tanto dependemos da capacidade verbal. A tranqüila repetição de uma única palavra ajuda-nos a descer com a mente ao coração. (Também a base da OC, nota da autora do site). Essa repetição nada tem a ver com mágica. Não tem o propósito de enfeitiçar Deus, nem de forçá-lo a nos ouvir. Pelo contrário, uma palavra ou sentença repetida com freqüência ajuda-nos a nos concentrar, a nos mover para o centro, a criar uma tranqüilidade interior e, assim, a ouvir a voz de Deus. Quando simplesmente ten-

KANONION

tamos ficar sentados em silêncio e esperar que Deus nos fale, nos vemos bombardeados por intermináveis pensamentos e idéias conflitantes. Mas quando usamos uma sentença bastante simples como: “Ó Deus, vem em meus auxílio”, ou “Jesus, mestre, tem piedade de mim”, ou uma palavra como “Senhor” ou “Jesus”, é mais fácil deixar as muitas distrações passarem sem nos deixarmos iludir por elas. Essa oração simples, repetida com facilidade, esvazia aos poucos nossa vida interior apinhada e cria o espaço sossegado onde habitamos com Deus. É como uma escada pela qual descemos ao coração e subimos a Deus. Nossa escolha de palavras depende de nossas necessidades e das circunstâncias do momento, mas é melhor usar palavras da Escritura. Quando somos fiéis a essa oração simples e a praticamos com regularidade, ela nos conduz devagar a

uma experiência de descanso e nos abre à presença ativa de Deus. Além disso, em um dia muito atarefado, podemos levar essa oração conosco. Quando, por exemplo, passamos, no início da manhã, 20 minutos sentados na presença de Deus com as palavras: “O Senhor é meu pastor”, elas lentamente constroem em nosso coração um pequeno ninho para si mesmas e ali ficam o restante de nosso dia atarefado. Até enquanto falamos, estudamos, cuidamos do jardim ou construímos alguma coisa, a oração continua em nosso coração e nos mantém conscientes da orientação onipresente de Deus. A disciplina não é agora dirigida para um discernimento mais profundo do que significa chamar Deus de nosso Pastor, mas para a íntima experiência da ação pastoral de Deus em tudo que pensamos, dizemos ou fazemos. (Continua na proxima edição.)


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.