O Paráclito Julho de 2018

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O Paráclito

ANO 1 | JULHO DE 2018 | ECUMENISMO E MISSÃO

Essas provações são para mostrar que a fé que vocês têm é verdadeira. Pois até o ouro, que pode ser destruído, é provado pelo fogo. Da mesma maneira, a fé que vocês têm, que vale muito mais do que o ouro. (1 Pedro 1,7)

Deus é o único que realmente pode suprir nossas necessidades emocionais Quantos de nós vivemos dentro de relacionamentos que nos destroem? E não estou aqui falando apenas de relacionamento amoroso, pode ser qualquer tipo de relacionamento: mãe, filho, irmão, amigos… Muitas pessoas que deveriam estar ao nosso lado, nos apoiar e ajudar em um momento de fraqueza, são as primeiras que nos puxam para baixo e nos levam para um lado mais escuro e vazio. Muitas vezes essas pessoas não têm consciência das suas atitudes. Elas nos magoam, nos ferem, nos entristecem sem mesmo saber que estão fazendo tão mal para gente. Isso pode acontecer com bastante frequência e de formas diferentes. Por exemplo, às vezes tivemos um dia difícil e a única coisa que queríamos ouvir era “Como foi seu dia?”, mas não é isso que acabamos ouvindo. Um outro exemplo é

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quando estamos passando por algum momento difícil, no trabalho ou na vida pessoal, e decidimos abrir o nosso coração para alguém que simplesmente dilacera o nosso coração, ainda mais através da incompreensão e egoísmo, porque no fim acaba sendo a respeito da pessoa e não mais sobre você e seus sentimentos. Pessoas têm o poder de nos destruir, através de uma palavra, de um gesto, ou até a ausência deles, podendo levar nosso coração ainda a mais sofrimento. Mas o pior de tudo isso é que é normal. Pessoas são pessoas. São pecadoras, assim como você e eu. Falham, erram, magoam, machucam a gente. A grande diferença é a nossa atitude em relação a elas. O nosso comportamento pode nos destruir ou nos ajudar a crescer. A forma com que lidamos com o outro e todos os seus defeitos é que irá fazer toda a diferença. Primeiro: temos que tomar a decisão de respeitar. As pessoas são diferentes, pensam diferente, agem diferente. E está tudo bem pois nós respeitamos esse fato. Aprender a respeitar que o outro muitas vezes não tem para te dar aquilo que você precisa é um ponto chave. Entender que nem sempre

o outro está pronto para suprir as suas necessidades está tudo bem também. O outro é humano, falho e muitas vezes pisa na bola. Pessoas têm atitudes e opiniões divergentes e cabe a nós entendermos e aceitarmos. Segundo: as pessoas são falhas, mas Deus não é. Ele é o único que realmente pode suprir nossas necessidades emocionais. Deus conhece o nosso coração e Ele sabe exatamente do que precisamos. Então, eu sugiro que você vá aos pés do Pai e ali chore e derrame todas as lágrimas da dor, do sofrimento, da angústia, da injustiça. Ele vai te ouvir, Ele vai te confortar, Ele vai te orientar e guiar os seus passos na direção que você deve ir. Deus é perfeito e sim, podemos contar com Ele! Quão confortante é ter

um lugar para correr depois de uma jornada longa e cansativa. Que alegria sinto no meu coração em ter a certeza de que existe um Deus que cuida de mim, e se importa de verdade com os meus problemas e desafios. Ele sim é capaz de me ouvir, me entender e me acolher em seus braços de amor. Ele para de fazer qualquer coisa só para me escutar. Ele sim me entende e me traz conforto. Então não espere nem mais um momento para você também se jogar aos pés daquele que pode te confortar e te ajudar, de verdade e da maneira que você precisa. Pare de esperar alguma coisa de pessoas. Elas nunca serão capazes de suprir nossas necessidades por inteiro pois, simplesmente, são pessoas. Deus sim pode todas as coisas e Ele pode hoje confortar o seu coração. O que você está esperando para desfrutar desta bênção?

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Artigos

A palavra do Bispo Dr. Humberto Maiztegui Gonçalves Bispo da Diocese Meridional Igreja Episcopal Anglicana do Brasil

Se há uma unanimidade na opinião pública é que “vivemos tempos difíceis”, ou como geralmente se diz “tempos de crise”. Esse tempo faz parte da história humana, tanto quanto os tempos de bonança, de harmonia, de florescimento e crescimento. Sabemos que há três formas de entender o tempo, sendo que as três aparecem na revelação bíblica: o kairós (que é o momento ou “tempo oportuno”), o crônos (que o tempo histórico, ou lapso de tempo) e o eon (que o período de tempo, o tempo onde um processo inicia, se desenvolve e conclui). Todo tempo inclui esses t e m p o s ! Po r é m o m a i s importante de todos é o kairós, que Jesus anuncia quando proclama, no começo de seu ministério público: “ ‘O tempo é chegado’, dizia ele. “O Reino de Deus está próximo.

Arrependam-se e creiam nas boas novas!” (Marcos 1.15). Jesus anuncia que cada tempo exige uma atitude! O tempo que ele veio inaugurar, o “eon” do Reino, se inicia com o “kairós” do arrependimento de fé na boa notícia! Isso é independente de quanto tempo levará! De fato, este tempo já leva quase 2000 anos, e não sabemos quanto tempo mais levará – isto é o crônos - como disse o próprio Jesus: “Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai. Fiquem atentos! Vigiem! Vocês não sabem quando virá esse tempo” (Marcos 13.32,33). Vivemos no Brasil e no mundo um tempo de crise, que exige de nós fé na Boa Nova, e qual seria a Boa Nova? Esta Boa Nova é o amor solidário, comprometido e engajado! O amor que vê cada pessoa

Tempos difíceis como um projeto divino. Onde “eu” como pessoa me vejo como projeto divino, se completando na relação com as outras pessoas. A começar por onde este projeto parece não estar dando certo (isso é o arrependimento). Se tiver consciência que o projeto de Deus em mim não deu certo e precisa ser corrigido e transformado, verei que não sou diferente de qualquer outra pessoa, inclusive daquelas mais excluídas, abandonadas, desprezadas, banidas, torturadas, de nossa sociedade. Então, buscaremos no exemplo do próprio Jesus, na sua generosidade, no seu amor solidário, comprometido e engajado a Boa Nova para este momento, e daremos sentido a cada momento das nossas vidas, levando sentido à vida de outras pessoas. Sem dúvida que esta atitude

é completamente oposta ao ódio, a discriminação, ao preconceito, à exclusão, à violência, à intolerância. Este tipo de atitude só acrescentam desgraça à desgraça, maldade à maldade. A humanidade é capaz disso também! Mas, a humanidade também sou “eu” e só posso combater estes males fora de mim, se os identificar e superar dentro de mim. Não sabemos quanto tempo vai levar. O tempo cronológico não interessa, mesmo que peçamos para Deus que o sofrimento seja abreviado. Interessa como o construímos a partir de nossa consciência de kairós (a cada momento) e de eon (de processo, projeto, construção). Lembremos disso, busquemos o exemplo de Jesus, e acreditemos que um novo tempo de justiça, paz, harmonia e verdadeira felicidade sempre é possível!

Como as crianças nos ensinam a levar a vida com simplicidade Vivemos em um mundo de intensas dores e ansiedades. Porém, não significa que devemos deixar tudo isso ditar as regras sobre nossa existência. Pelo contrário, precisamos reagir submetendo nossa vida a uma outra lógica, que não nos permitirá ser totalmente engolidos por essa enorme onda de agitação e ansiedade. O ser humano é, no reino da vida, o único ser dotado de pensamento (razão). Ele é o único capaz de não se permitir determinar pelo meio em que vive e pelos

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seus instintos. Assim, pode construir uma realidade nova e melhor, que mais eficazmente corresponda à sua autêntica realização. O homem não é uma massa de manobra que será sempre escrava do tempo e de suas frágeis tendências. Não. Ele é muito mais e foi criado para ir mais longe, pois possui a “dinâmica força da vida” dentro de si. Não será possível uma vida sem tensões e sofrimentos, e sobre isso já falamos. Mas como gerir esses sofrimentos e tensões tão comuns em nossa vida? Aqui, não me sinto

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autorizado a despejar sobre você receitas (ou frases) prontas. Ao contrário, desejo apenas propor caminhos que o possibilitem pensar e, posteriormente, encontrar ferramentas que o auxiliem neste processo. A felicidade está em pequenos gestos Gosto de contemplar o jeito como as crianças percebem a vida e as dificuldades nela presentes. Para elas, as coisas são simples e descomplicadas, e quase sempre elas acabam encontrando soluções fáceis e bem humoradas para cada tensão que encontram. Elas não possuem a pretensão de querer reter, instantaneamente, a felicidade debaixo dos braços, mas a buscam experimentar em pequenas porções, a partir de cada pequena coisa que a existência lhes proporciona. No universo delas, a felicidade está em pequenos gestos:

em uma partida de futebol com os amigos, em uma brincadeira na rua ou em uma refeição cheia de comidas gostosas etc. Enfim, elas conseguem viver bem cada momento, sendo inteiras (e felizes) em cada fragmento. Com elas podemos aprender algo? Acredito que aprender a viver com simplicidade sem complicar os fatos, lutando para separar cada coisa e as experienciando uma de cada vez é um concreto caminho para uma boa gerência de tensões (um caminho para a maturidade). Percebo que uma boa e diária dose de paciência revestida de otimismo, diante de nossa vida e de seus muitos desafios, também nos possibilita bem lidar com nossas frustrações, ensinando-nos a não nos desesperarmos diante das momentâneas derrotas que o dia a dia nos apresentará.

(Extraído do livro “Construindo a felicidade”)


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Especal IEAB

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3 PERGUNTAS SOBRE A IGREJA ANGLICANA 1.O QUE E A IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DO BRASIL? A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) e o fruto da uniao da Igreja nacional reformada da Inglaterra (Church of England) que mantinha capelanias no Brasil para atendimento dos britanicos que aqui residiam e das missoes fundadas pela Igreja Protestante Episcopal dos Estados Unidos da America (descendente da mesma Church of England) na America Latina desde o seculo XVIII. Com a emancipacao das missoes brasileiras em 1907, abriu-se o caminho para a criacao de uma nova Igreja nacional e independente da americana. A evolucao natural do mundo pos-guerra facilitou o acordo entre a Igreja Inglesa e a Missao Brasileira, que cedeu suas capelanias a nova Igreja em 1955. Hoje a IEAB esta presente em todo o territorio nacional, atraves de suas 79 paroquias e 124 missoes, em 7 dioceses. Com dedicacao e acreditando sempre no poder invisivel e superior do Espirito Santo, a IEAB, emana forca espiritual aos seus membros atraves de sua doutrina, do exemplo de seu clero, dos ensinamentos e sermoes, dos servicos religiosos, da oracao e da administracao dos sacramentos. E sempre partindo do principio que a Igreja nao deve negligenciar nem enfatizar um ou outro aspecto dos ensinamentos de Cristo de acordo com os seus interesses e comodidade.

2.FOI A IGREJA DA INGLATERRA, DA QUAL 3. COMO PODEM SER VOCES CATOLICOS E PROTESTANTES AO MESMO A IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DO TEMPO? BRASIL E DESCENDENTE, FUNDADA POR O termo “protestante” se usa para a Igreja Anglicana porque esta participou HENRIQUE VIII NO SECULO XVI? da Reforma religiosa do Seculo XVI e se identificou com muitos dos seus Nao, de nenhuma maneira. A Igreja postulados teologicos e biblicos. E tambem para distingui-la da Igreja de Roma Anglicana e parte da Igreja Primitiva constituida e das Igrejas Ortodoxas que tambem tem bispos. Mas isso nao significa que ha 2.000 anos, quando Cristo comissionou seus somos simplesmente uma das igrejas protestantes que surgiram da Reforma. apostolos para batizarem em nome da Trindade Essas igrejas fizeram uma ruptura maior com o passado que a nossa. A palavra e pregarem a Boa N ova em todo o Mundo sob o “protestante” nao significa necessariamente oposto de “catolico”, e certamente poder do Espirito Santo. Nos cem anos seguintes, o oposto a “papista”. Catolico significa universal e nos somos parte da Igreja os apostolos, seus associados e seguidores Universal de Cristo. Refere-se tambem a antiga Fe Catolica expressa nos levaram a Palavra e fundaram Igrejas em varios Credos Historicos - e nos sustentamos isso. De maneira que podemos afirmar lugares e tambem escreveram os Evangelhos com todo o direito que somos catolicos e protestantes. Ou ainda que somos e os livros que hoje conhecemos como o Novo Catolicos Reformados. A Comunhao Anglicana, da qual a Igreja Episcopal Testamento. A Doutrina Crista na Inglaterra Anglicana do Brasil e parte, e Catolica porque preservou a fe e a ordem desde esta presente desde o Seculo III, atraves de os tempos primitivos: o triplice ministerio de bispos, presbiteros e diaconos; Igrejas celtas e missionarias que surgiram apos os sacramentos do Batismo e da Santa Eucaristia, conforme instituidos por a legalizacao do Cristianismo por Constantino. Jesus Cristo; os Credos (Apostolico e Niceno) como profissao de fe; e a enfase Com a invasao da Gra-Bretanha pelos Anglo- nas Escrituras Sagradas como meios suficientes para a redencao, assim como Saxoes, estas comunidades passaram a existir a tradicao da Igreja reunida no Livro de Oracao Comum. E Protestante e na clandestinidade, devido a perseguicao dos Reformada quando descartou e continua combatendo os abusos instituidos invasores. Mesmo com a conversao destes ao pelo alto clero na Idade Media e pela enfase na fe pessoal sob o poder do Cristianismo no Seculo VI, e devido tambem a Espirito Santo de Deus. condicao insular da Gra-Bretanha, esta Igreja continuou semi-independente de Roma ate a chegada de Santo Agostinho em 597. A partir dai, e por quase um milenio, a Igreja da James Watson Morris/ Arquivo IEAB Inglaterra, como toda a cristandade ocidental, reconhecia o papa como seu bispo-chefe, apesar das diferencas. Na epoca da Reforma do Seculo XVI, a Igreja da Inglaterra finalmente rechacou as pretensoes politicas e autoritarias do papado, mas nao a Fe Catolica e Apostolica que sempre observou. Esta foi uma reforma de dentro para fora, que de nenhuma maneira interrompeu a continuidade da Igreja e tampouco nenhuma de suas ligacoes com o passado primitivo da Igreja de Cristo.

Confira mais perguntas na próxima edição!


4 Missões no norte de SC recebem visita pastoral do bispo O Paráclito

Notícias

No último dia 15 de julho, as Missões Anglicanas no norte catarinense de Joinville, Timbó e Pomerode receberam a visita Pastoral do Bispo Humberto Maiztegui, da Diocese Meridional. Em Joinville a Missão começou a desenvolver-se a partir do início deste ano, nascida através de um período de conversas entre o Padre Ortodoxo (Alexis) Nilo Silva Junior e o bispo Humberto. Ao final do ano de 2017 o

No sábado (14/07) foi realizado o primeiro culto da Igreja Anglicana em Joinville, na Paróquia Luterana dos Apóstolos da (IECLB) e contou com a presença de membros, familiares, simpatizantes e visitantes. O bispo Humberto estava acompanhado do Reverendo Paulo Duarte de Araranguá e do casal Adicel e Nisabeth de Canoas. No domingo a comitiva partiu para Timbó e Pomerode

sacerdote pediu desligamento de suas funções junto a Igreja Ortodoxa Grega da América para dar inicio ao processo de reconhecimento de ordens na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. “Eu me senti acolhido e rapidamente me identifiquei com o anglicanismo, uma Igreja inclusiva que busca viver de forma simples o Evangelho de Cristo. Vi no ethos anglicano, a forma de ser e viver o cristianismo da Igreja, um caminho para exercer melhor meu ministério.” Afirma o sacerdote.

onde os trabalhos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil iniciaram aproximadamente a dois anos, na cidade de Timbó. A

segunda visita do Bispo contou com duas celebrações festivas. A primeira, na Capela do Lar de Idosos Elza Benz em Timbó, onde o lar cede o espaço para um momento de celebração ecumênica. E a segunda celebração foi em Pomerode, na Casa da Solidariedade, que é um centro de recuperação para dependentes químicos. Os cultos finalizaram com o hino tradicional que dizia: “vamos nós trabalhar, somos servos de Deus, nosso mestre seguir no caminho dos céus...

No labor, com fervor, a servir, a Jesus. Com firmeza e fé e com oração, até que volte o bom Senhor.” Segundo Lucas Schumacher, responsável pela Missão em Timbó e Pomerode “Este é, portanto nosso desafio como cristãos anglicanos! No labor e com fervor, servir a Jesus e através dos seus ensinamentos, levar a prática da fraternidade e da caridade que sempre nos apontam para o novo Reino que já pode começar aqui e nesta vida.” Afirma Lucas


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