O Paráclito - Setembro de 2018

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Edição:

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O Paráclito

“Se teu irmão pecar contra você sete vezes num dia e sete vezes vier para lhe dizer perdão: “Estou arrependido”, perdoe-lhe .(Lc 17,41)

ANO 1 | SETEMBRO DE 2018 | ECUMENISMO E MISSÃO

por D. Sumio Takatsu

A confirmação

Na Igreja há atos pelos quais celebramos o Evangelho de Deus, a nossa salvação e relacionamos, de modo especial, eventos e fases decisivos de nossas vidas. Há, por exemplo, nascimento, passagem decisiva para a idade adulta, casamento, e morte.

Relacionamos o Batismo com o nascimento Com efeito, por meio do nascimento viemos ao mundo, que é criado por Deus, onde Ele age, aos olhos da fé e onde também deixamos de acolher a Sua vontade e isso tem consequência destruidora. Por isso, Deus enviou seu Filho Jesus Cristo ao mundo para a salvação desse mesmo mundo. A Igreja é um dos “sinais” importantes de que Deus já está agindo, em Cristo, para que a sua vontade e o seu plano permeiem toda a Criação. A ação que expressa a vontade e o plano de Deus denominamos de reinado de Deus. Reinado parece expressar melhor o Reino, porque o Reino parece expressar o lugar do que a vontade e o propósito de Deus. O reinado de Deus foi revelado na vida, morte e ressurreição de Jesus. Nascemos, mediante o Batismo, para o reinado de Deus e somos recebidos por Cristo, na sua Igreja, que é um dos “sinais” importantes do reinado de Deus.

• membros do Corpo de Cristo, a Igreja • novas criaturas Todas essas figuras ou imagens do que somos têm a ver com a comunidade, a Igreja, que aponta para o reinado de Deus. Em poucas palavras, por meio do Batismo fazemos parte da comunidade que sinaliza o reinado de Deus. Quem nasce cresce e quer assumir o seu lugar na família, no mundo. É uma fase crítica. (É bom sempre ter uma palestra por parte de gente que entende psicologia e antropologia, para compreender a fase da puberdade). E a Igreja associa essa fase com a Confirmação por duas razões. (Talvez haja mais).

Somos feitos, por meio do Batismo:

1) Praticamos o Batismo infantil E a maioria dos candidatos ao Batismo em nossas paróquias é crianças. São recebidas, por meio do Batismo. Quando foram batizadas, não confessaram a fé e não assumiram seus lugares por elas mesmas, mas o fizeram, mediante seus fiadores. Vão gradualmente crescendo e assumindo o seu lugar. Então, é preciso marcar um momento para declarar a sua fé em público e assumir por si mesmos o seu lugar na Igreja. A Confirmação é, assim, a renovação dos votos batismais.

• filhos e filhos adotivos de Deus • herdeiros do Reino de Deus

2) Os adultos batizados crescem na fé A vida de fé é um processo dinâmico. Esperamos o

seu crescimento. É preciso marcar o crescimento, em dado momento. É verdade que um adulto pode ser batizado e confirmado, ao mesmo tempo. Mas acontece que, nem sempre, o Bispo é quem preside o Sacramento do Batismo. Diga-se de passagem que alguém que foi batizado e confirmado, ao mesmo tempo, ou confirmado há muito tempo, e que deseja mais tarde renovar esses votos querendo marcar uma fase de crescimento há para eles a renovação dos votos batismais num batizado ou numa confirmação quando o Bispo estiver presidindo. Nesta altura da conversa, surge, naturalmente, a questão, por que só o Bispo pode confirmar os

candidatos à Confirmação? Pois o Bispo Diocesano é o Pastor principal da Diocese e representa juntamente com o Evangelho e missão e ensino e serviço o nosso elo com os apóstolos. A Igreja sucedeu aos apóstolos no Evangelho, na missão no ensino, na vida da Igreja, no serviço e no ministério. Então, os candidatos à Confirmação devem revisar o que foi feito no seu Batismo. Então, trata-se de uma revisão geral do ensino sobre o Batismo e dos votos batismais. Como se trata de ato pelo qual assumimos o nosso lugar na Igreja, devemos conhecer, em termos gerais, o que entendemos pela Fé Cristã, a Igreja, a organização de nossa Igreja e a responsabilidade financeira da Igreja.

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Artigos

A palavra do Bispo Dr. Humberto maiztegui Gonçalves

Bispo da Diocese Meridional Igreja Episcopal Anglicana do Brasil

E o Verbo se fez carne e acampou entre nós” (João 1.14)

Ninguém sabe como foi que o cristianismo chegou nas Ilhas Britânicas. Mas, a n te s d e ex a m i n a r a s muitas teorias sobre como isso aconteceu, o mais importante é reconhecer que logo se inculturou – isto é, se integrou à cultura do povo – dentro

de um processo que ideologicamente chamamos de “encarnação”. Da mesma forma em que o Evangelho segundo São João descreve a revelação de Cristo que se fez carne, isto é igual a todas as pessoas e criaturas. Por isso a encarnação é o caminho como as pessoas

Anglicanismo e encarnação anglicanas tem buscado viver o discipulado cristão. Quando participamos do Grito das Pessoas Excluídas, unindo nossas vozes de for m a ec u mê n ic a com irmãs e irmãos de outras de nom i n açõ e s c r i s t ã s , pessoas de boa vontade de outras tradições religiosas e pessoas sem religião, em favor daquelas que tem sua dignidade e vida negadas por sistemas econômicos, políticas injustas, preconceitos e violência , então vivemos a encarnação que nos caracteriza como pessoas anglicanas.

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Quando vemos as pessoas imigrantes refugiadas como irmãs, superando barreiras culturais e religiosas, então vivemos a encarnação. Q u a ndo ve mos e m pessoas em situação de rua alguém igual a nós, e não temos pena, mas vamos ao encontro de Cristo na vida de cada pessoa, então vivemos a encarnação. Que Deus, Nosso Pai Materno, Deus Emanuel – Deus Conosco – e a Divina Ruah – Sopro de Vida e Espírito da Missão – nos a n i me d i re t a me nte no discipulado da encarnação.

24º Grito do Excluídos, Desigualdade gera violência Nosso grupo participou do momento de reflexão Bíblica durante o 24º Grito dos Excluídos no dia 7 setembro. Com a participação do Movimento Ecumênico das Igrejas, movimentos sociais, diversas pastorais, e Centro

dos Direitos Humanos todos unidos na caminhada por mais justiça, menos exclusão o tema deste ano é “Desigualdade gera violência, basta de Privilégios.” “Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai!

Espediente:

O Paráclito Tel: (47) 3467 - 2430 Uma publicação:

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Venham e recebam o Reino que o meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo. Pois eu estava com fome, e vocês me deram comida; estava com sede, e me deram água. Era estrangeiro, e me receberam na sua casa. Estava sem

roupa, e me vestiram; estava doente, e cuidaram de mim. Estava na cadeia, e foram me visitar.” Mateus 25:3436 Logo após momento de partilha o movimento acompanhou o desfile cívico pela Avenida Beira Rio.

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Especal IEAB

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PERGUNTAS SOBRE A IGREJA ANGLICANA CONTINUAÇÃO

4. O QUE E A COMUNHAO ANGLICANA? Este e o nome que se da a família de Igrejas Independentes que descendem da Igreja da Inglaterra ou que se identificam com o Anglicanismo e que se encontram em plena comunhão umas com as outras. Hoje a Comunhão Anglicana consta de cerca de 80 milhões de fieis agrupados em 32 Igrejas Autônomas (ou Províncias) e 24 Igrejas Associadas, espalhadas por cerca de 170 países. As comunicações internacionais se mantem através do Conselho Consultivo Anglicano, a Conferencia dos Primazes e outros órgãos permanentes ou temporários. O Arcebispo de Cantuaria representa histórica e espiritualmente esta união de interesses afins e tradições comuns, mas não tem na pratica poder administrativo além de sua própria província. Tradicionalmente a cada dez anos ele preside a reunião de todos os bispos do mundo conhecida como “Conferencia de Lambeth”, cargo histórico e honorifico que ocupa segundo o principio anglicano do “primus inter pares” (primeiro entre os iguais).

5. QUAL A FUNCAO DO TRIPLICE MINISTERIO DE BISPOS, PRESBITEROS E DIACONOS E A PARTICIPACAO DOS LEIGOS NA IGREJA? O bispo tem grandes responsabilidades em vários níveis. Em primeiro lugar ele e o pastor principal e primeiro missionário da diocese. Preside a Eucaristia, ordena homens e mulheres ao ministério sagrado, confirma e celebra outros atos litúrgicos. Além disso, tem outras funções administrativas em sua diocese. A palavra “bispo” significa “supervisor”. Os presbíteros são os lideres espirituais e pastorais das congregações locais e são assistidos por diáconos e lideres leigos. A palavra “presbítero” significa “ancião”. Os diáconos, além do citado auxilio ao presbítero, exercem também tradicionalmente o ministério com os pobres e enfermos e o trabalho missionário, sob a orientação do bispo. A palavra “diácono” significa “aquele que serve a mesa”. A IEAB ensina que os leigos são também ministros chamados a participar no ministério de Cristo no Mundo. A Palavra “leigo” significa “povo de Deus”. Depois de muitos estudos e um processo de seleção, alguns leigos são escolhidos para ministérios especiais e para isso recebem a ordenação do bispo como ministros leigos.

6. QUAIS SAO AS DIFERENCAS ENTRE AS CHAMADAS IGREJA ALTA E IGREJA BAIXA? As congregações locais (e seu clero) podem desenvolver diferentes estilos de culto e de ênfase cerimonial no ensino e interpretação da missão da Igreja. Nos sentimos orgulhosos por esta liberdade que permite tais variações dentro da mesma comunhão, e agradecidos pelos movimentos que a cada geração procuram renovar a vida da Igreja. Os termos “Igreja Alta” ou “Anglo-Católica” e “Igreja Baixa” ou “Evangélica” se usam cada vez menos. Ambos se referem a momentos históricos que formam a tradição anglicana. O primeiro, conhecido como Movimento de Oxford, tratou de recuperar aspectos valiosos da Fe e Pratica Católicas desatendidos no tempo da Reforma. Já o Movimento Evangélico buscou afirmar e manter os preceitos reformados da centralização nas Escrituras Sagradas e a conversão pessoal. Hoje em dia existem paroquias chamadas “tradicionalistas”, com uma postura centrada no anglo-catolicismo e praticas solenes e outras ditas “renovadas” que seguem a linha evangélica dos dons e carismas do Espirito Santo. Ambas são parte da mesma Igreja e todas contribuem para o seu equilíbrio e saúde espiritual. No Brasil esta situação praticamente inexiste, pois a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil se encontra virtualmente no meio das duas tendências, porem os episcopais anglicanos é livres para congregarem na paroquia de sua eleição, segundo esta responda a suas necessidades e interesses. 7. POR QUE OS SERVICOS RELIGIOSOS SAO ACOMPANHADOS POR UM LIVRO? A liturgia da Igreja se “diz por um livro” desde os primeiros tempos cristãos e a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil não faz mais que seguir esta pratica antiga e histórica. O Livro de Oração Comum e uma compilação de muitas fontes antigas e algumas relativamente moderas, e reconhecido internacionalmente como o melhor livro religioso em qualquer idioma, excetuando somente a própria Bíblia. Mas nosso clero não esta tão atado a ele que não possa usar outras orações ou procedimentos reconhecidos ou mesmo promover cultos e orações de forma extemporânea. Por outro lado o uso do Livro de Oração Comum nos protege do risco de um culto centrado somente na opinião e vontade do sacerdote ou celebrante em detrimento da doutrina da Igreja como um todo e da participação da comunidade. E isso nenhuma outra Igreja permite de maneira tão completa como a Igreja Anglicana. Dai o nome “Livro de Oração Comum”, quer dizer, comunitária.


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Notícias

Este casal de idosos foi separado pela doença. Mas a atitude dos médicos surpreendeu a todos No dia 8 de agosto, um italiano chamado Mario, de 83 anos, foi internado no Hospital Schiavonia, na região de Pádua, para tratamento de uma infecção respiratória crônica. Isso por si só não seria nada fora do comum ou mesmo digno de nota … exceto pelo fato de sua esposa Elisa, de 64 anos, também ter sido internada no mesmo hospital e no mesmo quarto 10 dias depois. Quando Mario foi hospitalizado, Elisa, que está passando por um grave declínio cognitivo, ficou ansiosa e agitada em casa. A distância prolongada do marido surtiu um efeito negativo e a abalou mentalmente. Por isso, os médicos decidiram dar ao casal o melhor remédio

possível: a forte união entre marido e mulher, construída ao longo de mais de meio século de casamento. Eles não quiseram deixar marido e mulher separados no hospital, como seria o recomendado pelo protocolo; decidiram unir o casal e reconstruíram o ambiente familiar, o que foi fundamental na recuperação dos dois pacientes. Talvez esses médicos tenham se lembrado da advertência de Jesus para não separarmos o que Deus uniu, ou talvez tenham sido inspirados pela sabedoria humana, que reconhece a riqueza vital dos relacionamentos e sua grande influência em nosso bem-estar. Independentemente disso, a decisão dos médicos pode

Área Provincial II realiza retiro de partilha ministerial De 14 a 16 de setembro aconteceu a Partilha M i n i s te r i a l do C EA , d a Á r e a P r ov i n c i a l I I , d a Igreja Episcopal Anglicana do B r a s i l , e m C u r i t i b a , reunindo as dioceses DARJ, DASP e do Paraná- DAPAR, teve como f ac i l i t ador M a rc e l o B a r ro s , c o m o tema: Comunhão na Missão. Clérigos e leigos participaram da partilha que foi realizada na Casa de Retiros do Provincialado das Irmãs da Divina P r ov i d ê n c i a n o B a i r r o A h ú a o l a d o d o c e n t ro de Curitiba, que possui uma grande área verde de bosque preservado local i de a l p a r a m e d i t a ç ã o e retiros. Nas palavras do bispo da diocese do Paraná Naudal Alves Gomes a Igreja busca sempre uma maior vivencia do Evangelho “A comunhão é o objetivo do próprio

Reino de Deus entre nós. Viver comunhão é viver a Boa Nova - Evangelho aqui e agora.” No s ábado (15) na Catedral de São Tiago em Curitiba, foi o momento do lançamento do livro “convers ando com o Evangelho de Marcos”, de Marcelo Barros, Cladilson Nardino e outros autores j ove n s . P a ro q u i a n a s e diversas pessoas se fizeram p re s e nte s e adq u i r i r a m o exemplar autografado pelos autores.

ter contribuído para reduzir o tempo de internação da dona Elisa e do senhor Mario. Esta história inspiradora nos faz refletir que a área médica está bem posicionada para redescobrir e melhorar a dimensão relacional e psicológica de um paciente, obtendo um sentido mais aguçado de sua dignidade

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humana. Os humanos não são mônadas, nem nós somos almas separadas dos corpos. E o que podemos dizer sobre relacionamentos marido/ mulher ou pais/filhos? Eles estão entre os mais próximos e inseparáveis. Com esperança, iniciativas como essas se tornarão mais comuns nos cuidados de saúde.


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