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Nota do autor

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Cena 1 – CALOR

Cena 1 – CALOR

Ogrão profundo é a afirmação de uma identidade e uma diversidade cultural nossas. O menino Zinho vê seu pai abandonar a terra em que viviam. Já adulto, o jovem, movido pela angústia da perda, saí em busca do pai. A viagem que empreende pela caatinga proporciona o confronto com seus medos e bravuras, o amor e o sexo, sua religiosidade difusa e as gentes feitas de “poeira e sol”. A sua travessia/narrativa está encharcada de lirismo e da visão onírica do seu mundo, fundindo fantasia e realidade nas profundezas do sertão mítico. Zinho nos conta com seu linguajar e seu imaginário essa trilha e seus percalços, inventando e recriando palavras, reproduzindo expressões sertanejas que o autor ouviu de sua avó, aqui a Velha Donia, misturando um português arcaico a expressões populares, mergulhando no prazer carnal entre a natura pura e o desejo sacro, “porque o sagrado tá na vida, eu sei!”, ali na “gruta verde dos umbuzeiros”. Embebida pelos sons da caatinga e por um calor severo, a jornada de Zinho é a travessia de si mesmo.

Paulo Atto

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