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A endometriose pode causar infertilidade de várias maneiras, como alterações imunológicas; efeitos hormonais na ovulação e implantação do embrião; alterações nos hormônios prolactina e prostaglandinas que afetam negativamente a fertilidade; dificuldade no transporte do óvulo pela tuba uterina, devido a aderências; receptividade endometrial, a endometriose libera substâncias que impedem a implantação do embrião (CAMPOS et al., 2021).
Estima- se que a taxa de fecundidade de casais em idade reprodutiva seja de 15 a 20%, já a taxa em mulheres com endometriose não tratada possui estimativa de 2 a 10%. Estudos contemporâneos evidenciam que em um grupo de mulheres com endometriose classificada como mínima e leve, segundo a classificação da ASRM, cerca de 50% poderão engravidar sem nenhum tipo de tratamento, já em mulheres com grau moderado, apenas 25% conceberão espontaneamente (DUARTE et al., 2021).
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Manejo nutricional: endometriose x infertilidade
A qualidade da dieta afeta significativamente o desenvolvimento e prognóstico da endometriose (JURKIEWICZ- PRZONDZIONO, 2017). Diversos estudos evidenciam como o consumo de diferentes grupos de alimentos pode interferir no desenvolvimento e no manejo dessa patologia. Para a alimentação contribuir com a melhora dos parâmetros da endometriose, deve haver a presença dos ácidos graxos ômega-6, que induzem a produção de prostaglandinas pró-inflamatórias, do ômega-3 e dos compostos funcionais no controle da inflamação (JURKIEWICZ-PRZONDZIONO et al., 2017).
É importante ressaltar que as deficiências nutricionais resultantes da baixa ingestão de vitaminas e minerais derivados de frutas e hortaliças contribuem também para o aumento do risco para a progressão de doenças inflamatórias, dentre elas a endometriose. O baixo consumo de nutrientes como o Ácido Fólico, Zinco e Vitamina B12 pode influenciar na modificação do DNA, causando formação anormal de genes que ocasionam inflamação e crescimento celular, possíveis mecanismos base para o desenvolvimento da doença (DA SILVA; BLANCH, 2021).
A Vitamina E também é uma aliada importante para a prevenção do dano tecidual e de estresse oxidativo, pois auxilia na inibição da propagação das células endometriais fora da cavidade uterina. Já a Vitamina C apresenta papel antioxidante, auxiliando na cicatrização devido sua ação como cofator na biossíntese de colágeno, sendo mais uma vitamina que ao ser ingerida em quantidades ideais, atua positivamente na prevenção e recuperação das lesões (DA SILVA; BLANCH, 2021).
Foi realizado um estudo com mulheres que possuem endometriose, para avaliar a relação de alguns fatores dietéticos com o risco e progressão da doença, diante disso, observou-se um consumo de vegetais e ômega- 3 reduzido e um aumento na ingestão de carne vermelha, café e gorduras trans (UCHOA et al., 2022).
Nirgianakis et al. (2021) investigaram a eficácia da intervenção dietética no tratamento da doença e chegaram a conclusão que em pacientes com elevados níveis de dores, a suplementação de vitamina D, E e C causou uma redução significativa dos limiares de dor e fatores inflamatórios (MCP-1, RANTES e IL-6). Por outro lado, não foi possível observar com clareza os benefícios da suplementação isolada da vitamina D (UCHOA et al., 2022).
A combinação de nutrientes (vitaminas B6, A, C e E, cálcio, magnésio, selênio, zinco, ferro, lactobacilos e ácidos graxos ômega-3 e -6) também contribuiram positivamente para a redução da dor e melhora a qualidade de vida nessas mulheres (HUIJS; NAP, 2020). Entende-se, portanto, que o perfil dietético e a alimentação adequada são de grande importância e de maior destaque no manejo da patologia. É dito na literatura que a dieta mediterrânea e as dietas com baixo teor de glúten, de Níquel (Ni) e Fermentable Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides and Polyols (FODMAP) demonstraram melhora nos sintomas gastrointestinais relacionados à endometriose além de serem predominantes em fontes antioxidantes e anti-inflamatórias (NIRGIANAKIS et al., 2021).
Vários tratamentos derivados de plantas vêm sendo estudados no meio científico como, os extratos de ervas, compostos bioativos e fitoterápicos (MERESMAN et al., 2021). Os polifenóis são compostos bioativos que possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, vastamente elucidados, e outras atividades em estudo sob a saúde reprodutiva e influências na etiopatogenia da endometriose (GOLABEK et al., 2021).
.......... Considerações Finais ............
Diante do exposto, observou-se que a alimentação se torna uma boa aliada que proporciona múltiplos benefícios. Visto que, a adoção de certos padrões alimentares pode reduzir o risco de endometriose e controlar os sintomas clínicos. Estudos mostraram que mulheres cuja dieta é deficiente em nutrientes como ácido fólico,
Manejo Nutricional da Endometriose
Associada à Infertilidade: Revisão da Literatura vitamina B12 e zinco interferem na metilação do DNA, e mulheres que ingerem carne vermelha, gorduras animais e gorduras trans têm maior risco de contrair a doença. Em outra perspectiva, estudos têm demonstrado que a ingestão de laticínios, ácidos graxos ômega-3, frutas e vegetais, e a ingestão de algumas fontes como: tiamina, ácido fólico, vitamina C e vitamina E, mas por outro lado, o efeito da suplementação de vitamina D isoladamente não pôde ser observado.
Dado que a endometriose afeta muito a qualidade de vida da mulher, e há evidências científicas de que a nutrição tem impacto em sua origem e progressão, mais pesquisas são fundamentais para explicar melhor a relação entre dieta e patogênese da doença.
Sobre os autores
Profa. Dra. Liejy Agnes dos Santos Raposo Landim – Nutricionista. Mestre em Alimentos e Nutrição/ UFPI. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina, Piauí, Brasil.
Profa. Dra. Ana Caroline de Castro Ferreira Fernades Macêdo – Nutricionista. Mestre em Alimentos e Nutrição/UFPI. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário Santo Agostinho –UNIFSA, Teresina, Piauí, Brasil.
Ana Clara Rebelo Lago; Fabianna Micaelle Silva e Silva; Joara Neusa Sousa Moura; Layne dos Santos Fontinele; Loren Carine Alves Barros; Maria Eduarda Rego Mendes; Rayza Maria Pereira Guimarães - Discentes do Curso Bacharelado em Nutrição pelo Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina, Piaui, Brasil. .
PALAVRAS – CHAVES: Dietoterapia. Endometriose. Infertilidade.
KEYWORDS: Diet therapy. Endometriosis. Infertility. ........................................................
RECEBIDO: 17/11/22 – APROVADO: 28/2/23
Nutritional Management of Infertility
Associated Endometriosis: Literature Review
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