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Impacto da Desnutrição Energético-Proteica na Saúde do Paciente Hospitalizado
Resumo: A desnutrição é o desequilíbrio metabólico causado pelo aumento das necessidades energético-proteica e de outros nutrientes, sendo considerado um dos principais problemas de saúde pública em escala mundial. No âmbito hospitalar, a desnutrição energético-proteica (DEP) é uma realidade altamente prevalente. O objetivo deste estudo foi apresentar, por meio de uma revisão bibliográfica, alguns estudos sobre a DEP no âmbito hospitalar, evidenciando seus principais impactos na saúde do paciente hospitalizado. A desnutrição pode acarretar consequências como retardo da cicatrização, aumento de infecções, anorexia, sarcopenia, depressão, alterações hormonais, imunodeficiência, além de maior tempo de internação e readmissão após alta. Por isso, um acompanhamento nutricional adequado, precoce e durante todo o período de internação, é de extrema importância para reduzir essas consequências e promover uma melhor qualidade de vida.
ABSTRACT: Malnutrition is the metabolic imbalance caused by increased energy-protein needs and other nutrients and is considered one of the main public health problems worldwide. In the hospital environment, protein-energy malnutrition (PEM) is a highly prevalent reality. The objective of this study was to present, through a bibliographic review, some studies on PEM in the hospital environment, highlighting its main impacts on the health of hospitalized patients. Malnutrition can have consequences such as delayed healing, increased infections, anorexia, sarcopenia, depression, hormonal changes, immunodeficiency, as well as longer hospital stays and readmission after discharge. Therefore, adequate nutritional monitoring, early and throughout the hospitalization period, is extremely important to reduce these consequences and promote a better quality of life.
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a desnutrição é definida como o desequilíbrio celular entre o suprimento de energia e os nutrientes e o uso destes para o crescimento, manutenção e funções específicas do corpo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1997).
Diante disto, a desnutrição pode ser compreendida como um problema social e de saúde pública que ocorre quando o organismo não recebe o aporte energético-proteico necessário para um desenvolvimento saudável. É um fenômeno multifatorial associado à falta ou dificuldade de oferta e acesso (físico e econômico) aos alimentos, à má qualidade da alimentação, à carência de minerais e vitaminas, bem como a precárias condições de saneamento básico, que aumentam a exposição da população ao risco de contrair doenças (AQUINO; PHILIPP, 2011).
A nível hospitalar, a desnutrição resulta de uma relação entre a doença subjacente, alterações metabólicas relacionadas com a doença e reduzida disponibilidade de nutrientes por menor ingestão alimentar e/ou absorção prejudicada e/ou aumento das perdas (BARKER et al., 2011).
A internação hospitalar é utilizada como estratégia importante para tratamento de condições críticas de saúde bem como recuperação de indivíduos enfermos. Entretanto a longa permanência hospitalar acarreta em custos elevados para o sistema de saúde como também o aumento do risco de infecções e comorbidades pelos pacientes internados (RUFINO, 2012).
Durante a internação, há piora do estado nutricional em 20% dos pacientes previamente desnutridos moderados, em 33% dos previamente desnutridos graves e em 38% dos pacientes eutróficos (JANSEN et al., 2013).
A desnutrição em pacientes hospitalizados ainda possui uma alta prevalência na maioria dos hospitais, variando de 15% a 60%, dependendo da população estudada, o tipo de hospital, e os métodos utilizados para a investigação do estado nutricional (MERHI, 2012).
O reconhecimento do fator de risco é crucial para a prescrição de uma terapia nutricional adequada. Sabe-se que aproximadamente 30% dos pacientes são admitidos com algum grau ou risco de desnutrição e que outros 30% ficam desnutridos durante a hospitalização. Embora qualquer paciente possa desenvolver um quadro nutricional debilitado durante o período de internação, algumas condições clínicas e/ou fisiológicas favorecem o desenvolvimento da desnutrição (ESPANHOL; FILHO, 2019).
A resposta ao estresse gerado pela desnutrição, como a ingestão diária alimentar diminuída em longo prazo, faz com que o organismo utilize reservas do tecido muscular e adiposo e para produzir energia, levando a mudanças na composição corporal, redução da funcionalidade nos demais órgãos e sistemas, alterações sanguíneas, nos demais órgãos e sistemas e a um estado metabólico frágil (SAUNDERS; SMITH, 2010).
Além do impacto negativo sobre os processos fisiológicos do indivíduo, altas taxas de desnutrição promovem aumento do tempo de permanência dos pacientes em ambiente hospitalar, a incidência de complicações pós-operatórias, como infecções e retardo na cicatrização
Impacto da Desnutrição Energético-Proteica na Saúde do Paciente Hospitalizado
de feridas, além de aumentar a taxa de mortalidade e consequentemente dos custos hospitalares (MARCADANTI et al., 2011).
A desnutrição em pacientes hospitalizados contribui para o agravamento do diagnóstico e faz com que sucumbam mesmo após alta. Readmissões, sobrevida a longo prazo, úlceras por pressão são consequências acarretadas pelo indevido acompanhamento nutricional tendo impacto deletério na sobrevida do paciente por até 3 anos (SOUZA et al., 2015).
Mesmo com uma condição sustentável e um rápido crescimento das técnicas de avaliação nutricional e métodos de diagnóstico, o grau de prevalência da desnutrição é elevado tanto em meio hospitalar como na sociedade, com consequências tanto para o doente como para o hospital (KRUIZENGA et al., 2005).
Segundo Duarte et al. (2016), as situações de risco nutricional, além da ingestão diminuída, restrição e oferta hídrica, instabilidade hemodinâmica, diminuição da absorção e interação fármaco-nutriente, pode se dar pela dificuldade dos profissionais de saúde em atender todos os pacientes em relação ao cuidado nutricional, levando à falta de avaliação nutricional e o acompanhamento deste paciente.
Para evitar tais ocorrências, é imprescindível a atuação da equipe interdisciplinar, principalmente do nutricionista, acompanhando, intervindo e possibilitando a identificação precoce e tratamento adequado para esses pacientes, pois no ambiente hospitalar esse cenário é de grande relevância clínica. A intervenção nutricional pode minimizar estes efeitos negativos, melhorando o prognóstico, reduzindo a taxa de morbimortalidade, infecções, custos hospitalares, período de hospitalização e readmissões.
Devido à alta prevalência da desnutrição no âmbito hospitalar e os impactos negativos que ela acarreta à saúde do paciente, este estudo tem como objetivo apresentar os impactos mais relevantes da desnutrição no paciente hospitalizado.
......... Materiais e Métodos ...............
Foi realizado um levantamento bibliográfico de artigos científicos com ênfase nos últimos dez anos, 2012 a 2022. Os estudos publicados anteriormente a esse período foram utilizados quando apresentavam relevância para a revisão. Os artigos pesquisados foram indexados



