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Manejo Nutricional da Endometriose Associada à Infertilidade: Revisão da Literatura
RESUMO: A endometriose é um distúrbio ginecológico complexo que afeta aproximadamente 20% das mulheres em idade reprodutiva, e sua etiologia é pouco compreendida. É definida como uma condição inflamatória caracterizada por tecido endometrial ectópico, que responde à estimulação hormonal e pode desencadear uma resposta inflamatória significativa que contribui para dor pélvica crônica e infertilidade. O presente estudo tem como objetivo, realizar uma revisão de literatura para fornecer e reunir informações sobre o efeito do manejo nutricional da endometriose na infertilidade. Para a coleta de dados foi realizada revisão de literatura que incluiu as seguintes etapas: identificar o tema e a ideia de pesquisa, encontrar a relevância dos artigos, ler e avaliar os artigos selecionados, interpretar os resultados obtidos e apresentar a revisão. Os resultados obtidos concentram-se em demonstrar as principais características dos alimentos que contribuem para a melhora da endometriose, aumentando a qualidade de vida, enquanto se observou que o manejo nutricional proporciona efeitos metabólicos e fisiológicos benéficos no tratamento da endometriose e interage com a qualidade de vida dos pacientes, evitando assim maiores consequências.
ABSTRACT: Endometriosis is a complex gynecological disorder that affects approximately 20% of women of reproductive age, and its etiology is poorly understood. It is defined as an inflammatory condition characterized by ectopic endometrial tissue, which responds to hormonal stimulation and can trigger a significant inflammatory response that contributes to chronic pelvic pain and infertility. The present study aims to conduct a literature review to provide and gather information on the effect of nutritional management of endometriosis on infertility. For data collection, a literature review was carried out, which included the following steps: identifying the research theme and idea, finding the relevance of the articles, reading and evaluating the selected articles, interpreting the results obtained and presenting the review. The results obtained focus on demonstrating the main characteristics of foods that contribute to the improvement of endometriosis, increasing the quality of life, while it was observed that nutritional management provides beneficial metabolic and physiological effects in the treatment of endometriosis and interacts with the quality of life. patients’ lives, thus avoiding further consequences.
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................ Introdução
A endometriose é uma doença inflamatória clínica e recorrente caracterizada pela presença de tecido endometrial funcional fora da cavidade uterina e do miométrio (SILVA et al., 2021). Afeta 5% a 15% das mulheres em idade reprodutiva. Como resultado, estima-se que mais de
70 milhões de mulheres no mundo sofrem de endometriose, o que pode caracterizar a doença como um problema de saúde pública (CHALUB; LEÃO; MAYNARD, 2020).
Segundo Kiesel e Sourouni (2019) a endometriose pode permanecer sem diagnóstico por 8-12 anos porque o estágio da doença não está relacionado à presença ou gravidade dos sintomas (KIESEL; SOUROUNI, 2019).
Já Marqui et al. (2020) relatam que uma proporção de mulheres com endometriose é assintomática (2% a 11%), mas na maioria das vezes apresenta sintomas significativos, principalmente: dor pélvica crônica, infertilidade, dispareunia profunda e evacuações periódicas e sintomas urinários, como dor ou sangramento durante os movimentos intestinais ou micção e dor menstrual.
A principal causa da endometriose não foi totalmente determinada, mas há evidências de que uma combinação de fatores genéticos, hormonais e imunológicos pode contribuir para a formação e progressão de lesões ectópicas na endometriose (TORRES et al., 2021). A teoria mais aceita para explicar o desenvolvimento da endometriose é a teoria da implantação, descrita por Sampson em 1927. Segundo ele, o refluxo do tecido endometrial pelas trompas de falópio ocorre durante a menstruação, seguido pela implantação e crescimento no peritônio e ovário.
Os principais sintomas associados são: dismenorreia, dor pélvica crônica ou dor aperiódica, dispareunia profunda, alterações intestinais cíclicas (distensão abdominal, sangue nas fezes, constipação, disúria e dor anal), alterações cíclicas do trato urinário (disúria menstrual, hematúria, frequência e urgência) e infertilidade (PODGAEC et al.,2018).
O diagnóstico específico da endometriose é a identificação e remoção de lesões endometriais por cirurgia laparoscópica. No entanto, a presença dessas lesões não é suficiente para excluir outros diagnósticos, pois a ausência de lesões evidentes não exclui o diagnóstico de endometriose (AGARWAL et al., 2019).
Mudança no estilo de vida e nutrição são as chaves para resultados de ouro. Os padrões alimentares ocidentais são caracterizados por alto consumo de alimentos processados e, por outro lado, baixo consumo de fibras. Como resultados desenvolvem condições inflamatórias de baixo grau e vias metabólicas prejudicadas (UCHOA; FIGUEIRA; DIAS, 2022).
Por se tratar de uma doença inflamatória, a qualidade da alimentação em mulheres com endometriose é fundamental para o manejo dos sintomas, tratamento e prognóstico da doença. Dietas baseadas em compostos antioxidantes, como vitamina C, vitamina E, vitamina D e ômega-3, demonstraram reduzir a dor pélvica, além de reduzir marcadores inflamatórios. Em contraste, o alto consumo de carne vermelha aumenta os níveis de estradiol, que por sua vez aumenta a inflamação, podendo levar a maiores riscos de desenvolvimento (DE ALMEIDA; FRANCO; DE ALMEIDA, 2021).
Nessa perspectiva, o presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura para fornecer e reunir informações sobre o efeito do manejo nutricional da endometriose na infertilidade.
............... Metodologia ....................
A metodologia utilizada neste estudo foi uma revisão narrativa da literatura, que incluiu as seguintes etapas: identificar o tema e a ideia de pesquisa, encontrar a relevância dos artigos, ler e avaliar os artigos selecionados, interpretar os resultados obtidos e apresentar a revisão. Artigos originais foram utilizados como critérios de inclusão, e artigos que desviassem do tópico “Manejo Nutricional da Endometriose Associada à Infertilidade”. O estudo utilizou palavras-chave em português e inglês dos artigos das bases de dados: Google Acadêmico, Scielo, PubMed, publicados na revista de 2017 a 2022, com os descritores: “Endometriose”, “Infertilidade” e “Dietoterapia”.
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Resultados e Discussão
Endometriose
A endometriose (CID10-N80) é uma doença ginecológica inflamatória crônica que afeta de 6 a 10% das mulheres em idade fértil. A apresentação clínica é variável e pode ser assintomática ou apresentar dor pélvica crônica, dismenorreia, infertilidade e outros sintomas. É definida como um distúrbio estrogênio dependente (KALAITZOPOULOS et al., 2021).
Caracteriza-se pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina, que induz uma resposta inflamatória crônica, podendo ter várias áreas de implantação, sendo mais comumente encontrada no peritônio pélvico, ovários, septo retovaginal, ligamentos uterossacros e, por fim, na prega vesicouterina (FERRERO; BARRA, MAGGIORE, 2018).
Nutritional Management of Infertility
Associated Endometriosis:
Literature Review
O fator genético, as modificações de substâncias produzidas pelas glândulas endócrinas e pelo sistema imunológico contribuem para a progressão da endometriose. Existem muitas teorias sobre a etiologia desta doença nos meios acadêmicos, entre as quais, destaca- se a menstruação retrógrada, a metaplasia do celoma, a origem de células-tronco e a disseminação linfática e vascular (FERRERO; BARRA, MAGGIORE, 2018).
Um achado claro na endometriose grave é a lesão pélvica. À medida que a doença progride, a distorção e perda da anatomia pélvica funcional, como nos ovários e nas trompas de falópio, podem prejudicar a união do embrião e gametas, dificultando a fertilização (YAZDANI et al., 2018).
Esta patologia contém diferentes estágios, que vão de mínimo à grave e pode ser classificada em superficial ou profunda. O diagnóstico padrão ouro é cirúrgico por videolaparoscopia, podendo também ser através de exame ginecológico, tais como exame de toque, exame de ultrassom, etc. e deve ser realizado o mais rápido possível, para prevenir uma possível infertilidade, sendo esse o grau mais avançado da doença (CALDEIRA et al., 2017).
Estima-se que 6 a 10% das mulheres em idade fértil, 50 a 60% das adolescentes e adultas sofram de dor pélvica e até 50% das mulheres inférteis são afetadas por esta condição. No entanto, pode ser subdiagnosticada em seus estágios iniciais ou em mulheres inférteis assintomáticas e oligossintomáticas (ROSA E SILVA et al., 2021).
Infertilidade
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a infertilidade é caracterizada pela incapacidade de um casal em idade reprodutiva engravidar dentro de um ano, com relações sexuais frequentes, ao menos seis vezes por mês sem utilizar métodos contraceptivos (PODGAEC et al., 2018).
É importante ressaltar que um dos principais motivos da infertilidade feminina é a endometriose, uma alteração onde ocorre o crescimento anormal de tecido endometrial. As células endometriais possuem a capacidade de se implantarem fora da cavidade uterina. Devido à patologia é gerado um tecido fibroso que possui capacidade para cobrir os ovários e impossibilitar a liberação normal do óvulo, causando oclusão das trompas de falópio. A endometriose pélvica acomete os ovários, os ligamentos úteros sacrais, fundo de saco, septo reto-vaginal, peritônio útero vesical, cérvix, umbigo, as hérnias e apêndices (MEIRELES et al., 2019).



