Bloco de notas MD // setembro 2024

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Bloco de Notas do MD

J.P. MARQUES DOS SANTOS . NATURALISTA - PREPARADOR DUMA CORUJA SE FAZ UMA ESCULTURA

O caráter territorial do Museu do Douro, a sua assistência técnica, no âmbito das autarquias que compõem a região, aos diversos Museus, monumentos religiosos e coleções privadas ou desconhecidas, fazem com que o seu departamento de conservação receba espécies para tratamento muito invulgares nas instituições museológicas. Assim, o nosso colega Carlos Mota pediu-nos para radiografar uma coruja “empalhada”, porque tinha uma fratura das asas na estrutura interna, que precisava de localizar.

Quero desde já confessar que em 55 anos de prática com raios X me vi confrontado com muitas peças invulgares, a saber: múmias egípcias e peruanas, cabeças de índios brasileiros, capacetes celtas e romanos, etc., etc. Mas nunca nenhum trabalho proveniente de um taxidermista.

É nossa convicção de que antes de documentar qualquer peça é fundamental compreendê-la, levantar toda a informação disponível, usar a experiência anterior que nos ajude e que se aplique a um novo caso. Uma primeira pergunta se coloca:

Qual a diferença entre um embalsamento e uma taxidermia?

O embalsamento, praticado desde a antiguidade (Egipto e outras civilizações), procurava conservar o corpo, através de tratamentos químicos que o secassem e neutralizassem, depois de lhe retirarem o cérebro, o coração e as vísceras (geralmente a conservar num recipiente cerâmico à parte). A taxidermia (na origem grega significa “dar forma à pele”) procura criar uma estrutura de um animal morto para depois a forrar com a pele do mesmo, procurando dar a forma e atitude normal da espécie respetiva, sem qualquer recheio natural. Até recentemente o interior era preenchido com palha, donde se ter vulgarizado o termo “empalhar”, algo que atualmente não se aplica, sendo agora utilizados manequins de poliuretano.

O embalsamento de animais começou por cumprir funções religiosas, podendo verificar-se no Egipto incontáveis túmulos de milhares de espécies sagradas (crocodilos, cães, gatos e até bois (em cemitério próprio recentemente descoberto).

Na Europa, a partir do séc. XVIII, grandes nobres caçadores quiseram demonstrar os seus feitos criando galerias de taxidermias que ilustrassem a sua coragem, as suas viagens por territórios longínquos e faunas daí provenientes. Porém, os afetos com animais de companhia começaram a ser também conservados por donos que tinham beneficiado do seu amor e convívio, às vezes por várias dezenas de anos. Estas práticas vieram a criar o que se chamou, e ainda chama, “taxidermia artística”.

Tal criatividade e expressão artística não nos consta que alguma vez tenham sido reconhecidas entre nós portugueses, nem os museus nacionais lhe atribuíram nenhum valor pedagógico. Porém entendemos que se comete um grave erro nesta avaliação, motivada por desconhecimento ou preconceito com pilares na ignorância. Senão vejamos:

A abetarda-euroasiática, uma das aves voadoras mais pesadas do mundo, chegando os machos a atingirem 15 quilogramas e as fêmeas cinco. Quantos portugueses já viram, ou até sabem, que ela faz parte da nossa fauna? E o enorme abutre quebra-ossos, desaparecido do nosso território desde o séc. XIX mas tendo sido avistado cinco vezes desde 2011, desde Trás-os-Montes ao Algarve, graças ao programa espanhol de reinserção ibérica? Não se assustem, pode atingir 12,5 quilos de peso, 1,10 metros de comprimento e 2,75 a 3,08 metros de envergadura, sendo especialista na limpeza de cadáveres!

E quantos de nós já viram ou estiveram perto de um bando de flamingos, esse sonho cor-de-rosa com asas, cada um podendo atingir 1,5 metro de altura; só aqueles que vivem perto dos estuários do Tejo ou do Sado, onde costumavam vir passar o inverno, alguns milhares. Tive ocasião de os ver entrar no estuário do Tejo, em enormes filas indianas. Porém, ainda não se sabe bem a causa, começaram a nidificar em Portugal a partir de 2021, registando-se numerosos nascimentos. Não se podendo avaliar com rigor o seu número, é atualmente e sem dúvida de muitos milhares!

A biodiversidade é fundamental para a sobrevivência da vida na Terra e, consequentemente, da própria humanidade. Para sua defesa é essencial que a estudemos, defendamos e divulguemos. A divulgação, tantas vezes desprezada pela arrogância académica, é a condição que possibilita uma maior consciência social e política, essencial à maior disponibilização de meios para a investigação pura. Mas os muitos documentários que passam na televisão não são suficientes e eficazes? Não por diversas razões:

- São excessivos, indiscriminados, tanto se situam nas abas dos Himalaias como passamos de seguida para a África do Sul, ou os ursos brancos no Alasca, etc., raramente sobre a fauna portuguesa, as poucas exceções são quase todas estrangeiras, tudo numa fatiga de excessos em canais pouco vistos; não queremos diminuir a sua importância específica, mas atingem sobretudo os que já estão motivados e ganhos para estes temas, não sendo eficazes na captação de novos jovens interessados;

- As imagens em movimento são úteis para aqueles que deliberadamente procuram completar outros conhecimentos, indo mais longe na compreensão do modo de vida das diferentes espécies e na sua complementaridade, bem como na relação possível com os aglomerados humanos e com a sua exploração dos meios naturais, muitas vezes desenfreada e mercantilista, sem ter em conta as consequências a curto e médio prazo;

- Nada substitui o encontro a curta distância com as maravilhas da biodiversidade, com o espanto de um jovem (de qualquer idade) perante os animais que à noite frequentam o seu quintal, selvagens e livres, extraordinários nas qualidades que a evolução lhes concedeu para a sua sobrevivência, como são insubstituíveis para a manutenção de tantas das nossas paixões, como o mar, os lagos e rios, as

florestas, as flores e a reprodução das plantas, do ar que respiramos, do que nos alimentamos. E como estes nossos preciosos colaboradores precisam tanto dos nossos cuidados, no mútuo interesse de um planeta em que a vida se forjou na colaboração da atmosfera com a fauna e a flora, terra mãe que nos pariu a nós como seus curadores e nunca como seus algozes.

- Os parques naturais em reservas demarcadas, os jardins zoológicos de novo tipo, com assistência regular de departamentos veterinários, essenciais para programas de reprodução e recuperação de espécies ameaçadas, são insubstituíveis, mas embora sejam de grande valor pedagógico não concedem a intimidade visual que traduz uma primeira aproximação de encantamento e afeto de um jovem, que lhe permita circular à volta, que lhes mostre que existem aves que mergulham e peixes que voam, que à distância de um braço se lhes possa salientar a beleza das penas, o brilho das escamas, o trabalho dos insetos, a segurança dos pelos e como todos esses atributos nos são preciosos, com quem aprendemos a nos salvaguardar do frio e do calor, da fome e da doença, do repouso e da meditação que a beleza nos provoca.

- Por mais documentários que nos sejam proporcionados sobre a investigação das espécies aquáticas nada substitui o Oceanário de Lisboa, que se gaba de ser a instituição cultural com maior número de visitantes (mais de um milhão anualmente), nem a memória histórica do Aquário Vasco da Gama, nem todos os aquários que vão surgindo pelo país.

- Nenhuma criança se esquece da primeira visita que fez ao Jardim Zoológico de Lisboa.

Então quais os instrumentos pedagógicos que nos faltam? Esta pergunta será considerada quando examinarmos, documentarmos e entendermos o que motivou esta nossa busca de informação: A Coruja!

Uma primeira observação chama a nossa atenção para a elegância e leveza como foi situada esta ave, asas abertas num voo de que parece aterrar; as patas, muito poderosas, agarram-se a um belo pedaço de tronco oblíquo bifurcado que por sua vez encaixa numa placa horizontal, coberta de pequenas pedrinhas e terra, fixados com cola e verniz, de cores brilhantes (ver imagem 1). Uma etiqueta sólida bem colocada, cuja base foi impressa tipograficamente e manuscrito o seu preenchimento (o que demonstra que este tipo de intervenção era muitas vezes feito) (ver imagem 2). E que nos diz esta mensagem? Dá-nos muita informação:

- O autor vem identificado como “J.P. Marques dos Santos” e auto qualifica-se como Naturalista e Preparador;

imagem 1

- O que preenche manualmente esta etiqueta assegura-nos, confirma o que já tínhamos concluído, é que este autor tinha uma perspetiva, um rigor e uma atitude verdadeiramente científica, não só na metodologia de que dispunha, mas também na informação que quis preservar para o futuro, a saber:

N.C. (nome científico) TytoAlba

N.V. (nome vulgar) CorujadasTôrres

D. (data) março–1939S. (sexo) símbolodemasculino

LOC. (localidade) Pinhão

Laboratório – FarmáciaMarquesdosSantos– Valongo

A radiografia tinha como objetivo principal ver o tipo de estrutura bem como localizar a fratura nas asas; porém não eram de desprezar as informações que pudéssemos obter do tipo de recheio, ou se restava algo do respetivo cadáver. Sabendo que a dita estrutura era metálica, com alto poder de absorção da radiação X, esta seria sempre visível com qualquer tipo de penetração, e assim fiquei livre de empregar 20 kW, baixa penetração, o que a minha experiência me recomendava para ossos finos e tecidos orgânicos quimicamente solidificados. Escolhi uma posição debaixo da ampola (esta do hospital trabalha na vertical da mesa, até à distância máxima de cerca de 1m e 20), que possibilitasse o máximo de leitura, equilibrando o conjunto com um acrílico que apoiasse o tronco (ver imagens 1 e 3). O resultado em RX ultrapassou as nossas expectativas.

imagem 2

Não só a fratura da estrutura foi localizada com toda a precisão, como se obteve uma leitura bastante elucidativa do esqueleto da ave. No corpo distinguem-se diversos pequenos núcleos: não nos parece que sejam palha, cuja transparência à radiação não permitiria, em princípio, qualquer visibilidade, também não aparentam ser matéria orgânica. Não podemos, pois, tirar conclusões acerca do enchimento. Mas o esqueleto já nos disse muito sobre a metodologia do naturalista.

As primeiras fotografias da nossa ave foram feitas depois da radiografia e a imagem 01 procura precisamente enquadrar da mesma forma que o documento radiográfico. Então optei por um fundo cinzento que, não sendo excessivamente escuro permitisse uma boa leitura do tronco de árvore. Mas a maior revelação foi a presa que pende da pata direita da coruja, que a identifica como predadora especializada (caça pássaros, roedores, insetos e demais presas que chega a engolir inteiras).

Mas a nossa coruja merecia uma documentação fotográfica que a identificasse e traduzisse o seu enquadramento natural; foi pois essencial procurar qual tinha sido a intenção do autor ao manipular a sua forma, ao privilegiar um ângulo favorito. A imagem 04 não oferece quaisquer dúvidas, e fazendo cair a noite na sua retaguarda atingimos a plenitude de leitura para que foi concebida. Eis, na nossa opinião, como se conjugam uma escultura ao vivo, com uma fotografia que a interpreta.

E estamos perante os instrumentos pedagógicos, que usados pelo indispensável animador humano em presença, podem contribuir decisivamente para provocar

emoções, interesse, curiosidades e consciência em jovens de qualquer idade, da importância das formas de vida que nos coexistem, da beleza e sabedoria que possuem, da fantástica evolução da vida, dos mistérios que procuramos decifrar investigando e partilhando. Da riqueza da Cultura e da Ciência!

Que podemos concluir das informações que recolhemos sobre esta tipologia e esta peça? A data em que foi feita e a utilização do esqueleto faz-nos pressupor que estamos perante uma fase de evolução entre o embalsamento e a taxidermia, mas é inegável que o autor exerceu já um critério artístico na caracterização e apresentação da espécie. O voo, a cabeça, as asas, as garras, a presa. Em nossa opinião estamos prante o dealbar da taxidermia como forma de arte. Quem foi J. P. Marques dos Santos? Estamos a procurar averiguar. Sabemos que trabalhou no Pinhão, no laboratório da sua farmácia, e forçosamente em espécies da demarcada região do Douro. O inventário das suas obras terá muito para nos dizer.

À pergunta que nos fizeram: “pode fazer uma radiografia desta coruja?”, esta é a resposta que demos e que aconselhamos como método, certos que os amigos e colegas que hão de vir a irão certamente aperfeiçoar; mas sim, “posso radiografar essa coruja”, com todo o prazer!

imagem 4

Esta coruja faz parte integrante da coleção de taxidermia da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, depositada no Museu do Douro, ao abrigo do contrato estabelecido entra ambas as instituições a 31 de julho de 2023.

FAZ FALTA SABER CRIVO

O CRIVO recebeu durante os meses de julho e agosto a visita de vários alunos de diversos estabelecimentos de ensino da região em contexto de ocupação de tempos livres no período das férias de verão. As crianças e jovens participaram em oficinas organizadas pelos artistas residentes no CRIVO, nas áreas da sustentabilidade ambiental, construção de instrumentos musicais e doçaria, tendo sido certamente uma experiência enriquecedora para todos.

Foi iniciado no passado dia 31 de julho o atelier Mãos da Avó – Artes e fios entrelaçados, direcionado para o público sénior e orientado pela formadora Esmeralda Pereira, que irá trabalhar o aproveitamento de desperdícios. O atelier decorrerá todas as quartas-feiras, das 14H30 às 18H00.

Se está interessado inscreva-se através do email crivo@museudodouro.pt

EXPOSIÇÃO PERMANENTE DOURO: MATÉRIA E ESPÍRITO

Douro: Matéria e Espírito foi concebida como uma síntese temporal e geográfica da Região Demarcada do Douro (RDD). Estruturada como a grande porta de entrada no Douro, apresenta as singulares características da geomorfologia da região, determinantes fatores históricos e o engenho do Homem que fundaram os alicerces da especialização deste território na produção vinícola. É a combinação de fatores naturais e humanos que Douro:MatériaeEspíritoexpõe.

DESTAQUE EXPOSIÇÃO

PERMANENTE

EVOLUÇÃO

DO COPO DE VINHO DO

PORTO

Designação: Cálices de vinho do Porto

N.º inventário: MD/M-003163 a 3166

Material: vidro

Dimensões: A 115 x ø 56 mm; A 122 x ø 58 mm; A 141 x ø 62 mm; A 156 x ø 62 mm;

Marca/Local: ARC e sem marca

Datação: Séc. XX

Inscrições: IVP: Gravação na base do copo, MD/M003164; ARC: Impressão em alto- relevo na base do copo, MD/M-003166

Descrição:

Diversos tipos de copos oficiais usados para servir o vinho do Porto ao longo do século XX, pertencentes ao IVDP e incorporados na coleção do Museu. No gabinete de provas do Instituto do Vinho do Porto eram usados na análise sensorial do vinho do Porto, para avaliar os aromas e a cor. Eram igualmente usados nas provas e nas campanhas de incentivo ao consumo do vinho do Porto.

Dos modelos mais pequenos, tipo cálice, ao atual copo oficial, desenhado por Siza Vieira, procurou-se sempre o formato mais adequado, que permitisse apreciar corretamente os poderosos aromas e sabores do vinho do Porto.

O vinho do Porto deve ser servido em pequenas quantidades, por isso mesmo, o corpo do copo é também mais pequeno e estreito no topo de forma a permitir que os aromas se libertem.

MD/M-003163 ©2021, MD https://tinyurl.com/3ky6wwty

MD/M-003164 ©2021, MD https://tinyurl.com/4r5jv9au

MD/M-003165 ©2021, MD https://tinyurl.com/yu4jrjs8

MD/M-003166 ©2021, MD https://tinyurl.com/37ev2jxm

EXPOSIÇÕES ITINERANTES

MUSEU DO DOURO

VIA ESTREITA, DE CARLOS CARDOSO

Auditório Municipal de Vila Flor

> Até 9 de setembro

COR NO DOURO – NATURA ARTIS

MAGISTRA, DE LENI VAN LOPIK

Ecoteca de Mirandela

> Até 9 de setembro

DOURO LUGAR DE UM ENCONTRO

FELIZ, ANTÓNIO BARRETO

Centro Interpretativo da Mulher Duriense

> Até 16 de setembro

MEMÓRIA DE UM OLHAR, DE NOEL MAGALHÃES

Museu do Ferro e do Território de Torre de Moncorvo

> Até 29 de setembro

MITOS, DE CARLOS CARDOSO

CITICA - Centro de Inovação Tecnológica

INOVARURAL de Carrazeda de Ansiães

> Até 22 de setembro de 2024

*As datas apresentadas poderão sofrer alterações de acordo com a agenda do Museu do Douro e/ou dos locais mencionados

RUI PIRES NA COLEÇÃO MUSEU DO

DOURO

Museu Diocesano de Lamego

> Até 30 de setembro

CONCURSO INTERNACIONAL DE FOTOGRAFIA 2022

Museu do Vinho de São João da Pesqueira

> Até 25 de setembro de 2024

JAIME SILVA NA COLEÇÃO MUSEU DO DOURO

Bienal de Arte Contemporânea de Trás os Montes

Museu de Arte Sacra de Macedo de Cavaleiros

> Até 31 de outubro

COLEÇÃO CARLOS CABRALRÓTULOS

El Corte Inglés de Vila Nova de Gaia

> Abertura a 12 de setembro

RUI PIRES NA COLEÇÃO MUSEU DO DOURO (EXPOSIÇÃO DE EXTERIOR)

CITICA - Centro de Inovação Tecnológica

INOVARURAL de Carrazeda de Ansiães

> Abertura 26 de setembro

INAUGURA

EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA

O SONHO DE MAGALHÃES

DOMINIQUE PICHOU

Nesta santos esquecidos, azulejos do passado, o ouro dos retábulos barrocos, bacalhau seco, marinheiros corajosos que regressam das Índias, etc., sucedem-se numa alegre e colorida miscelânea. Este cortejo de personagens imaginárias constitui uma homenagem sincera e afetuosa do pintor Dominique Pichou ao pouco que conhece e ama de Portugal e do Douro, onde vem recorrentemente.

ATÉ 30 DE SETEMBRO

EXPOSIÇÕES VIRTUAIS

ARQUITETURAS DA PAISAGEM VINHATEIRA

Em 2007, o Museu do Douro levou a cabo um inventário indicativo das arquiteturas da paisagem do Douro, centrado nas formas históricas de armação do terreno para o cultivo da vinha. Estas empregam muros de pedra seca, distinguindo-se dois tipos: pré e pós-filoxera. São estas que formam o mosaico da paisagem, juntamente com outras culturas, como a oliveira, as árvores de fruto e hortas. Convidamos o público a conhecer esta exposição virtual onde se abordam os diferentes tipos de armação do terreno e a sua implementação na paisagem vinhateira.

https://tinyurl.com/ynz7bych

EXPOSIÇÃO MÉDIA DURAÇÃO

COLEÇÃO NATÁLIA

FERREIRA-ALVES

E JAIME FERREIRA-ALVES

Esta coleção, agora ao público, reúne um conjunto de obras doadas ao nosso Museu, por Natália e Jaime Ferreira-Alves que, durante a sua vida profissional, se dedicaram ao estudo da arte, tendo por isso um natural gosto colecionista.

As pinturas expostas são da autoria de Mónica Baldaque, pintora com quem os colecionadores estabeleceram uma relação de amizade, e cujas obras se centram na paisagem do Douro.

A partir deste mês está igualmente patente uma secção dedicada a

outras obras pertencentes a esta coleção, nomeadamente um conjunto de desenhos da cidade do Porto e do rio Douro, da autoria do arqueólogo amador inglês William Tipping (1816-1897).

Com o objetivo de dar a conhecer o acervo doado ao Museu, esta coleção estará patente ao público ao longo ano de 2024.

©2024, MD

EXPOSIÇÃO MÉDIA DURAÇÃO

BIENAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE TRÁS-OS-MONTES

A doação feita por Jaime Silva ao Museu do Douro, em 2023, que resultou na exposição “Jaime Silva na coleção Museu do Douro”, está presente na Bienal de Arte Contemporânea de Trás-os-Montes, até 31 de outubro, no Museu de Arte Sacra de Macedo de Cavaleiros.

Esta Bienal conta com a participação de mais de 150 artistas e, para além de Macedo de Cavaleiros, pode ser também visitada, nos municípios de Alfândega da Fé, Freixo de Espada à Cinta e Vinhais.

INCORPORAÇÕES

LITOGRAFIAS DO BARÃO DE FORRESTER

Este mês destacamos a integração na coleção do Museu do Douro, ao abrigo do protocolo entre o Museu e o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, de quinze litografias aguareladas desenhadas por Joseph James Forrester. Este conjunto, datado de 1835, representa uma série de vistas e locais emblemáticos da cidade do Porto, constituindo um importante documento para a história da cidade e do rio Douro, representado em algumas das imagens.

Porto Visto do Monte da Arrábida. ©2024, MD

DOAÇÃO AMIGOS DO VENTOZELO

Foram incorporadas na nossa biblioteca seis edições do programa “Artes & Ideias em Ventozelo”, um projeto da associação Amigos de Ventozelo, que tem como objetivo a promoção, divulgação e defesa da Quinta de Ventozelo e da Região do Douro, das suas belezas naturais, produtos e recursos, através da intervenção artística e do debate de ideias.

Agradecemos a oferta de cinco catálogos resultantes de exposições individuais feitas por artistas plásticos e do 3.º caderno de sete debates “Conversas em Ventozelo”.

COLEÇÃO MUSEU DO DOURO CONSERVAÇÃO

CADERNOS DE ESTATÍSTICA

DOADOS PELA CASA DE SANTO ANTÓNIO, BRITIANDE, LAMEGO

Os CadernosMensaisdeEstatísticae

Informação foram editados pelo Instituto do Vinho do Porto nos anos 50 do séc. XX. Dado o estado debilitado em que se encontravam realizou-se um acondicionamento à medida. Esta solução foi concebida para possibilitar a preservação dos documentos, mas também para facilitar a vigilância regular do seu estado de conservação.

A capilha exterior foi executada em papel acid-free cortado à medida, com laterais em Melinex® e rematado com fecho íman. Esta opção de acondicionamento favorece a ventilação neces-

sária a estes cadernos que exigem uma vigilância atenta e continuada, uma vez que identificámos um grave ataque de insetos bibliófagos, entretanto resolvido através de desinfestação.

Os Cadernos podem ser manuseados e consultados de forma segura na Biblioteca do Museu do Douro, através de marcação prévia.

Mais informações no site: https://colecoes.museudodouro.pt/#/

Processo de Acondicionamento ©2024, MD

COLEÇÃO MUSEU DO DOURO

COLEÇÃO IVDP

Este mês retomamos o destaque da coleção IVDP dedicado às empresas exportadoras de vinho do Porto e cujo foi preservado durante décadas pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto. No portal de coleções do Museu do Douro é possível consultar o espólio inventariado e, progressivamente digitalizado pelo Museu para divulgar a história da região.

A. PINTO DOS SANTOS JUNIOR & Cª

Empresa armazenista de vinhos fundada em 1872, em Vila Nova de Gaia. À semelhança de outras empresas que laboravam no setor, além de vinho do Porto, comercializavam também vinhos tintos de mesa e, nas primeiras décadas do século XX, exportava para o Brasil vinhos e azeites.

Através de imagens da autoria de Emílio Biel e da Fotografia Alvão, pertencentes ao Centro Português de Fotografia, é possível documentar a sua atividade de armazenista e exportador de vinho do Porto e de participações em exposições internacionais, das quais de destaca a Exposição Universal de

Anvers (Bélgica), que decorreu entre 05 de maio e 5 de novembro de 1894, e que abrangia uma área 265.000 m2, atraindo cerca de três milhões de visitantes. Portugal foi um dos países participantes, com 110 expositores, divididos por categorias, desde fotografia a silvicultura, passando pelo comércio, indústrias químicas, metalúrgicas, alimentares e de vestuário.

A atividade desta casa exportadora surge como extinta na Alfândega do Porto em 1948, possivelmente a data de venda à Barros Almeida, que atualmente integra o grupo Sogevinus.

Cronologia

1872 – Fundação da empresa 1889 – Assina a Representação contra a Real Vinícola 1894 – Grand-Prix na Exposição Universal de Anvers, Bélgica (informação diário do governo e presente nos rótulos da marca)

1897 – Diploma de Honra na exposição de Bruxelas 1907 – Inscreve-se em nome individual como negociante exportador sob o número 55 na Alfândega do Porto 1912 – Rua da Bica 12, Vila Nova de Gaia

1926 – Rua Pereira da Costa 12, Vila Nova de Gaia 1934 – Rua da Bica 10 1935 – Idem; armazéns idem; pontuação 2 na LOEVEP 1941 – Rua Pereira da Costa 12, Vila Nova de Gaia 1948 – Extinta

Fonte: PINTÃO, M.; CABRAL; C. - Dicionário ilustrado do vinho do Porto. GUIMARÃES, J.A.G.; GUIMARÃES, S. – Prontuário Histórico do Vinho do Porto.

Cápsula, rótulo e contrarrótulo que compõem a garrafa do vinho Triumphante entregues ao IVP para dar cumprimento ao artigo 7º, do decreto nº. 22.461 (que cria o IVP), que decreta a organização de um arquivo ou registo de todas as marcas de exportação. MD-M-007842 ©2024, Col. MD/IVDP https://tinyurl.com/4er328zn

https://tinyurl.com/5n7rbb4c

Vinho Lacrima Christi ©2024, MD

PATRIMÓNIO RDD

JOÃO DE ARAÚJO CORREIA

UM TESTEMUNHO BREVE

João de Araújo Correia nasceu em Canelas do Douro, no primeiro dia do ano de 1899, numa casa branca, na rua da Fonte.

Quando nasci, na alva de janeiro

Quandonasci,naalvadejaneiro, uma bruxa, que andava no telhado, veio ter com minha mãe e deu-lhe este recado: Vai ser um desgraçado, porque nasceu com alma de poeta. E cumpriu-se o meu fado… A bruxa foi profeta.

Assim escreveu, no seu único livro de poesia Lira Familiar. Mas foi com a publicação de Sem Método – notas sertanejas, em 1938, que mostrou a sua alma de poeta. Poeta pela sensibilidade, pela espontaneidade, pela elegância de linguagem e pela fina ironia. Ele não escreveu poemas em prosa mas o seu estilo tem uma graça toda poética. Um estilo que vai manter ao longo da sua profícua e longa obra literária. Esse primeiro livro, que a crítica acolheu com muitos elogios, constitui, pelas aguarelas que apresenta, uma enorme tela do seu quotidiano, do seu Doiro, das suas inquietações.

João de Araújo Correia estudou na Régua, completou os estudos no Porto e aí se formou na Faculdade de Medicina. Interrompeu o curso durante uns anos por razões de saúde, período durante o qual se cultivou, leu muito e iniciou a sua colaboração nos jornais e periódicos regionais e nacionais. Depois de concluído o curso, e já casado, instalou-se na Régua, na íngreme rua de Medreiros, e aí viveu até ao fim dos seus dias.

João de Araújo Correia foi médico e escritor, assim, por esta ordem. Exerceu a sua profissão sem que ela o afastasse da vocação de escritor. Aliás, a peregrinação clínica auxiliou-o na escrita, fornecendo-lhe temas e o que é mais importante a observação da vida, mergulhando-o nos filões do humanismo e da sensibilidade.

“A minha vocação não é ver doentes. É ver homens. Vê-los em seu labor e em seu descanso. Ver o que fazem e pensam para lhes interpretar ações e silêncios como escritor”.

Escrever era-lhe já imperioso. Por isso, desses contactos e desse conhecimento fez brotar, nos seus contos e novelas, uma galeria de heróis agarrados à terra como raízes, que desenharam com suor e sofrimento esta paisagem única que é o Douro. Deu voz a quem a não tinha: aos trabalhadores pobres - cavadores, almocreves, carreiros e aos valentes e valentões que puxam da faca numa refrega, aos galegos, aos oprimidos por agiotas, aos que conseguiram, a custo, forrar um dinheirito e aos derrotados da vida. Mas

também aos fidalgos, aos feitores, aos endinheirados e aos avaros. Um atlas humano rico, variado e universal. Dele se diz que pretendia ser um “detonador de consciências numa perspetiva social e cívica”. Nesse sentido, a imprensa local e nacional foram os veículos usados para exercer essa cidadania.

No Boletim VidaporVida , dos Bombeiros Voluntários da Régua, instituição a que esteve ligado desde criança levado pela mão do pai, manteve uma longa colaboração. As crónicas aí publicadas vieram a dar origem ao livro PátriaPequena , e, na nótula de abertura, o autor apresenta-as como “setas de papel disparadas pelo meu arco, sempre insofrido, contra fealdades e vícios de cunho provinciano” que afetavam a Régua e arredores. Sempre se mostrou sensível aos desvarios ecológicos, aos atentados contra o património, denunciou erros urbanísticos e não suportava o desleixo e a inércia a que os assuntos públicos eram votados.

Como os cavadores revolveu terra, lançou sementes, viu desabrochar umas e morrer outras, mas a sua lavoura foi sempre apaixonada e nunca insensível.

Por natureza própria, feitio e formação recusou a rotulagem de qualquer escola literária ou ideologia. Refugiou-se no seu eremitério e dele fez o seu porto de abrigo. Privilegiou

sempre a sua independência e fez da liberdade de expressão e pensamento a sua bandeira. Para ele “arte sem liberdade, não é arte”.

Questionado sobre a permanência quase exclusiva dos vastos cenários durienses na sua obra, João de Araújo Correia afirmou: “A minha obra é regional, é sobre uma região e a região é tão forte e toca-me a mim tão profundamente que corria o risco de, se escrevesse sobre outra, não respeitar as suas características. Estas eu conheço e é portanto sobre elas que eu escrevo, o que não quer dizer que aquilo que eu transmito não seja universal”.

João de Araújo Correia não tem um espaço físico que perpetue a sua memória, a sua vida e obra de valor nacional, como seria de se esperar e o escritor merecia. Hoje, para encontrar João de Araújo Correia é preciso procurar nos espaços e cenários exteriores. São eles que mais falam do escritor.

Helena Gil

Julho 2024

eusoupaisagem – educação e território

A base da ação assenta na pesquisa de relações de experiência entre as pessoas e as paisagens.

Aposta-se na criação de contextos de experimentação, com caráter de continuidade, para a presença de crianças, adolescentes, jovens, adultos e seniores em atividades de experiência e conhecimento.

Pesquisa-se com o território e a paisagem, com o corpo e o lugar, em diálogo e tensão com diferentes linguagens e falas.

Interpelam-se as paisagens e as pessoas com o teatro, com a dança, com o vídeo, com a imagem animada, com a escrita, a geografia, a antropologia e a literatura, com a arquitetura paisagista e o cinema, com o desenho, com a fotografia e com o som.

eusoupaisagem é, desde 2006, um convite, uma convicção e uma vontade para atuar e refletir sobre a educação neste território e nestas paisagens.

CAFÉ CENTRAL. Mostra em cartazes | Museu do Douro, Peso da Régua Agosto 2024

Café Central. Mostra em cartazes. ©Paula Preto. 2023

CARTAS DA LIBERDADE E DA PAISAGEM. Projeto com escolas. 2025 . 2024 . 2023

eusoupaisagem é o programa de educação do Museu do Douro que, nestes anos, aposta na troca de cartas, de dife rentes modos, tamanhos e conteúdos: cartas escritas, car tas dançadas, cartas fotografadas, cartas faladas ou sus surradas… e outras, a imaginar em conjunto, para se estar e conhecer as paisagens do território que constitui a Região Demarcada do Douro.

Há dez anos, perguntamos: Que relações existem entre a liberdade e a paisagem?

E agora 10 anos depois, no tempo de 50 anos de democra cia em Portugal, o que encontramos de relevante para fazer, para pensar, para perguntar, para conhecer melhor as paisa gens do Douro, quem as faz, quem as habita: O que mudou? O que está igual? A que temos de dar mais atenção?

O que importa cuidar?

Cartas da liberdade e da paisagem é a temática guarda -chuva deste programa que agrega as diferentes atividades e projetos, oficinas e caminhadas com o serviço educativo do Museu do Douro. As abordagens educativas do eusou paisagem são necessariamente plurais e democráticas, mis turam experiências nas paisagens que se habita ou visita, com recurso a diferentes linguagens e modos de expressão.

Os programas do eusoupaisagem são realizados com grupos de Educadores e Professores: Educação Pré-Escolar, Ensino Básico e Secundário e Ensino Técnico-Profissional, dos con celhos da Região Demarcada do Douro e em parceria com tecido associativo local e regional: Associações, Bandas Filarmónicas, Ranchos Folclóricos e outros coletivos durienses.

Cartas da Liberdade e da Paisagem – Projeto com escolas. Ilustração Sónia Borges. ©2024

PRÁTICAS PARTILHADAS

O que pode ser a paisagem? O que pode ser a liberdade? São as perguntas que orientam, o programa de partilha de experiências com as educadoras do Agrupamento de Escolas Diogo Cão, Vila Real e os seus grupos da primeira infância.

DOISMAISUM

Programa de oficinas e pequenas caminhadas, com recurso a linguagens performativas e visuais, dirigido a grupos do Pré-Escolar, Ensino Básico e Secundário dos concelhos da Região Demarcada do Douro.

Práticas Partilhadas. Pré-escolar Agrupamento de Escolas Diogo Cão, Vila Real. ©MD 2024.
Doismaisum. Agrupamento de Escolas João de Araújo Correia, Peso da Régua. ©MD 2024.

Público Comum.

Centro Escolar de Lamego Nº1. Agrupamento de Escolas Latino Coelho, Lamego. ©MD 2024.

PÚBLICO COMUM

Programa de experiências na paisagem urbana e não urbana, em articulação com o Centro Escolar de Lamego N.º 1, para percorrer e conhecer diferentes espaços no território local e regional.

O QUE É QUE HÁ AQUI? | BIBLIOTECAS

Programa de oficinas de escrita e fotografia, leitura e movimento, em parceria com professoras/es bibliotecários do Agrupamento de Escolas de Santa Marta Penaguião e do Agrupamento de Escolas João de Araújo Correia, Peso da Régua.

Bibliotecas. Eb2,3 de Peso da Régua. Agrupamento de Escolas João de Araújo Correia. Peso da Régua. ©MD 2024.

GRAVAR TERRITÓRIOS

Como podemos e como queremos paisajar? Como podemos saber mais da vida humana e mais que humana que nos rodeia e de que fazemos parte? O programa paisajar é preparado previamente com associações ou coletivos locais que solicitam apoio e parceria ao serviço educativo do Museu do Douro.

Este programa, realizado com a fotógrafa Paula Preto, parte de uma iniciação básica à fotografia e ao vídeo e tem como ação base caminhar para conhecer, de mais modos, as pessoas e os lugares.

O gravar territórios, em 2025, decorre no concelho de Mirandela, com jovens estudantes da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Carvalhais | Mirandela.

Gravar Territórios. Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Carvalhais | Mirandela. ©MD 2024

PAISAJAR

Como podemos e como queremos paisajar? Como podemos saber mais da vida humana e mais que humana que nos rodeia e de que fazemos parte? O programa paisajar é preparado previamente com associações ou coletivos locais que solicitam apoio e parceria ao serviço educativo do Museu do Douro.

Paisajar. Escola Secundária João de Araújo Correia. Agrupamento de Escolas João de Araújo Correia, Peso da Régua. ©MD 2024.

[Carta de uma mulher chamada Mariana, nascida em Beja, para uma mulher de nome Maria, ama de sua filha Ana]

Senhora Maria

Espero que esta a vá encontrar de saúde em companhia dos seus e de quem mais deseje que eu graças a Deus ao fazer desta cá vou indo com a ajuda do Senhor uns dias melhor outros pior que isto aqui pelas cidades não é o mesmo que por aí nas nossas terras onde todos se conhecem a consideração é outra e ainda se dá a saudação que como o senhor prior diz todos somos filhos de Deus mas aqui não parece. Senhora Maria mando-lhe ajuntado a estas linhas o dinheiro que havíamos ajustado todos os meses para a criação da minha Ana de quem tantas saudades sinto mas estou mais descansada com ela aí em bons ares e posta de outra maneira em sítios limpos e bons pois com a desgraçada vida que levo mais pecado havia em tê-la comigo do que a deixar à senhora Maria que sei mulher de asseio e apesar de poucas falas e gestos largos não lhe faltam coração e lágrimas que bem as vi quando aí fui deixar a menina e ela se me apendurou ao pescoço a pedir que me não fosse dela.

Não se esqueça do leite a ver se ela deita altura e cores melhoradas pois tão fraquinha me saiu das carnes que não sei como vingou.

Nem que me mate por aqui na vida o dinheiro há-de chegar para médicos se a senhora Maria vir caso disso. Ainda ontem um senhor que é doutor muito fino de palavras e de modos me disse «não estejas triste rapariga que sem a tua filha até estás melhor e com o corpo que tens.» Mas a senhora Maria sabe o gosto que eu tomei de viver ao pé da minha Ana, coi-

tadinha mas como podia dar-lhe criação sem arranjar dinheiro e eu para nada sirvo a minha mãe sempre me atirou à cara e agora me deita ao desprezo isso me mata e não tenho entranhas que aí me ponham hoje de cara levantada.

Bem melhor valia ter aceitado ir para companhia da senhora Dona Mariana mas metia-me susto o convento e as maneiras más que ela tinha e tão velha sempre a gritar com a gente e a bater com a bengala a quem lhe corria perto e os hábitos tão compridos a arrastar pelo chão. Antes me valera afinal essa desgraça senhora Maria já que a gente tem de ser desgraçada porque é essa a vontade do senhor e ele sabe bem o que faz e a minha cruz foi ainda deitar ao mundo uma menina que um homem se cria doutra maneira sem mais preceitos e para ser feliz pois a mulher é sempre desgraçada como eu.

Senhora Maria vou terminar por hoje com muitas recomendações aos seus muitos beijos à minha Ana coitadinha.

Obrigada.

Adeus esta que se assina Mariana 17/4/71

Barreno, Maria Isabel; Costa, Maria Velho da; Horta, Maria Teresa: Novas Cartas Portuguesas, pág. 115-116, Publicações Dom Quixote – Setembro de 2022 (reimpressão)

MuD

A Rede de Museus do Douro, ao unir diferentes tipos de espaços museológicos, pretende também contribuir para a sua divulgação junto das comunidades de visitantes. Seja aproximando a comunidade local dos seus espaços, seja divulgando estas estruturas a quem nos visita, esta publicação é também um incentivo para partir à descoberta do território duriense. Através de diferentes coleções, os espaços aderentes permitem conhecer outras facetas do Douro, um território cuja paisagem é património Mundial!

As Idades da Terra - Um diferente olhar sobre o território

Integrado na Rede de Museus do Douro, o centro interpretativo “As Idades da Terra” permite uma diferente visão sobre as abordagens que se fazem sobre o território, tendo como centralidade o Douro. Associado a esta ligação e pertença em rede, o centro distingue-se pela sua singularidade e diversidade geológica, pela virtuosa coleção de fósseis e por marcantes testemunhos da humanização e romanização, com destaque para a Ara Votiva dedicada ao deus Júpiter.

Esta última presença constitui uma importante referência, não só arqueológica, como simbólica, visto a identidade do seu poder protetor face às

trovoadas, ventos e temporais, que a divindade totémica maronesa representava e representa, poder ser combatido através do antigo deus Júpiter que veio, com o cristianismo, ser substituído por Santa Bárbara, mantendo-se o intemporal perfil sagrado do afloramento ou miradouro como hoje se apresenta. O mesmo espaço é exemplar para se identificar o cerco montanhoso envolvente (Alvão, Marão, Montemuro, Meadas e Santa Helena), que no seu conjunto enclausura o vale vinhateiro do Douro, determinando o seu microclima e a natureza das suas produções agrícolas e de diferentes ecossistemas naturais que sustentam a sua diversidade e suportaram a própria candidatura à classificação pela Unesco, em 2001.

Este centro interpretativo favorece ainda a viagem pelos diferentes e antigos centros produtores de cerâmicas (seja em atmosfera oxidante e redutora, como se evidencia ao longo da EN2, destacando-se a cor preta das suas produções, ou as loiças vibrantes do sul do país com a alegria das cores e diferentes gramáticas, geometrias e motivos decorativos), representando cerca de três dezenas de produções, hoje, na sua maioria, já desaparecidas. Do mesmo modo, salienta-se também a curiosidade de alguns centros da zona raiana com Espanha terem sido desenvolvidos por mulheres, como aconteceu no planalto mirandês e na Beira Interior.

Nestes artefactos de distantes períodos, emergem datações e marcas associadas à presença dos judeus sefarditas, perseguidos pela inquisição, mas que nos legaram diferentes e fortes testemunhos, hábitos e tradições, que se manifestam neste espaço.

O centro interpretativo “As Idades da Terra”, cuja procura provém 90% do mercado americano, constitui também o ponto de partida para o conhecimento da história de Portugal, bem como dos valores da nossa gastronomia e profunda hospitalidade. Tenta-se, através dos seus conteúdos ir de encontro aos valores da Cátedra Unesco, procurando transmitir a educação, ciência e cultura, constituindo estes também os nossos compromissos culturais, que se manifestam nos eventos realizados para a comunidade local, através das “Conversas na 2”, que têm decorrido trimestralmente, fazendo a convergência entre o conhecimento científico e a sociedade.

Informações úteis

Horário de Funcionamento: Segunda-feira a domingo das 10:00-12:30 e 15:00-18:00 | Marcação prévia

Preçário 5€ com prova de vinho do Porto

Contactos: soengapt@gmail.com 932 594 086

Rua Dr. Amândio Figueiredo 1964, Assento 5030-046 Cumieira

http://www.comena2.pt

https://www.facebook.com/comena2 https://www.instagram.com/come.na2

MUSEU DO CÔA E PARQUE ARQUEOLÓGICO

DO VALE DO CÔA

No Museu do Côa, durante o mês de setembro.

MUSEU DO IMAGINÁRIO DURIENSE (MIDU)

Durante o mês de setembro, no Museu do Imaginário Duriense (MIDU)

» Exposição “17 Anos a Contar Histórias” TEATRAÇO

Patente até dia 31 de outubro de 2024.

INFORMAÇÕES ÚTEIS:

Horário de funcionamento: Todos os dias das 09:00 às 17:30

Bilhete: 7€

Passaport Mud: 20% desconto.

Contactos: museugeral@arte-coa.pt 279 768 260

Rua do Museu | 5150 – 620

INFORMAÇÕES ÚTEIS:

Horário de funcionamento: - segunda a sexta: 9:00 às 12:30 | 14:00 às 17:30 - sábados, domingos e feriados: mediante marcação prévia

Bilhete: gratuito.

Contactos: museum@cm-tabuaco.pt 254 787 019

Rua Macedo Pinto, 5120 Tabuaço

ADEGA DAS GIESTAS NEGRAS

O Museu - "Adega das Giestas Negras " é uma adega de MDLXXV (1575), data gravada na padieira da porta, recuperada e adaptada a Museu em 2006, situado no coração da Quinta dos Mattos. Tem dois lagares (de 12 e 4 pipas) e uma dorna, todos em xisto, uma prensa de fuso, em madeira de castanho, com cerca de oito metros de comprimento, com mais de 300 anos. Aqui estão expostas muitas peças antigas, pertença da família, relacionadas com a atividade vitivinícola.

Durante o mês de junho estarão ao dispor dos visitantes, para além da visita guiada ao museu, programas de visita guiada às instalações de vinificação e envelhecimento, bem como a degustação dos seus vinhos.

PROVA DE VINHOS WINE TASTING

Marcação / booking / reservátion:

- 10:00 - 16:00 - segunda a sexta-feira / monday to friday / du lundi au vendredi

- sábado por reserva / saturday by reservation / samedi sur reservation

INFORMAÇÕES ÚTEIS:

Horário de funcionamento: - segunda a sexta: Das 10:00 às 16:00; Aos fins de semana sob marcação prévia;

Bilhete: 5€, inclui visita e prova de vinho do Porto Passaporte Mud: 20% desconto

Contactos:

254 920 214 | 965 519 991 coimbrademattos@gmail.com Casa da Calçada, n.º 65 | 5050 – 042 Galafura

© site CM Peso da Régua

MUSEU DO VINHO, S. JOÃO DA PESQUEIRA

- Exposição Concurso Internacional de Fotografia 2022 “20 anos do Douro Património Mundial”, patente até 25 de setembro.

CIMI | CENTRO INTERPRETATIVO DA MÁSCARA IBÉRICA

Durante o mês de setembro, encontram-se patentes ao público as seguintes exposições:

- Exposição do 1º Raid Fotográfico "Caretos de Lazarim na Alcaria de Mazes";

- Exposição "Máscara de Lazarim Identidade de uma comunidade";

- Exposição “artesãos de máscaras de Lazarim”

- Exposição "Entrudo de Lazarim - Domingo-gordo e Terça-feira Gorda";

- Exposição "BUUU por detrás da Máscara"

- Durante os meses das férias escolares teremos também disponível um conjunto de atividades para todas as idades.

Horário de funcionamento:

-De segunda a domingo: das 10h00 às 18h00

Bilhete: 4€

Passaport Mud: 20% desconto

Contactos: mvp@sjpesqueira.pt 254 489 983

Avenida Marquês de Soveral, n.º 79 5130 – 321 S. João da Pesqueira

Horário de funcionamento:

- terça a domingo: 10:00 às 12:30 e das 13:30 às 17:00

Bilhete: gratuito

Contactos: cimi@cm-lamego.pt 254 090 134

Rua José de Castro, 5100-584 Lazarim

MUSEU DA OLIVEIRA E DO AZEITE

Exposição Temporária de Fotografia "Paisagens do Azeite de Trás-os-Montes e Alto Douro"

As fotografias expostas, cuidadosamente selecionadas, capturam a essência das paisagens que moldam a produção de azeite na região de Trás-os-Montes e Alto Douro e demonstram que este produto é mais do que um ingrediente gastronómico, é tradição, herança cultural e testemunho da vida rural.

Através desta mostra, não se espera apenas celebrar a beleza das paisagens, mas também promover uma maior reflexão e compreensão da importância cultural e económica do azeite para esta região e para as suas gentes.

A exposição "Paisagens do Azeite de Trás-os-Montes e Alto Douro" é uma iniciativa

realizada no âmbito do programa Alma do Azeite, parceria entre a Câmara Municipal de Mirandela, APPITAD - Associação dos Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro e IPB - Instituto Politécnico de Bragança.

O concurso de fotografia que deu origem a esta exposição foi apresentado ao público durante as comemorações do Dia Mundial da Oliveira, a 26 de novembro de 2023, quando o Município de Mirandela se associou ao Projeto Europeu Olive4All e à Rede Nacional de Comemoração do Dia Mundial da Oliveira, para assinalar o dia e a sua importância.

A estará patente até 31 de dezembro.

Horário de funcionamento:

- Segunda a domingo: Dias úteis das 9:00 às 18:00.

Bilhete: gratuito.

Contactos: moa@cm-mirandela.pt 278 993 616Morada: Travessa D. Afonso III, 48, 5370- 516 Mirandela facebook.com/moa.mirandela

Novidades de setembro. na Loja do Museu do Douro.

http://loja.museudodouro.pt/

LOJA DO MUSEU

Facebook: www.facebook.com/acompanhia.pt Através do e-mail: info.acompanhia@gmail.com

Reservas: 93 215 01 01

PRISMA DO VISITANTE

Ficha técnica:

Título: Museu do Douro

Subtítulo: Bloco de Notas do MD

Nome do Editor: FUNDAÇÃO MUSEU DO DOURO

Periodicidade: mensal

URL: https://issuu.com/museudodouromd ISSN 2795-5877

Bloco de Notas do MD newsletter

geral: (+351) 254 310 190 | loja: (+351) 254 310 193 geral@museudodouro.pt www.museudodouro.pt

Rua Marquês de Pombal

5050-282 Peso da Régua

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Bloco de notas MD // setembro 2024 by museudouro - Issuu