Edição 130 - Revista do AviSite

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Editorial

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Sumário

26 A conectividade no campo

18 Ricardo Santin

Revista do AviSite e Agroceres Multimix se unem para o entendimento sobre a importância da tecnologia e seus impactos na avicultura.

assume a ABPA

Ele destaca em entrevista exclusiva à Revista do AviSite o que muda diante de sua gestão e os caminhos do setor produtivo de proteína animal

FACTA WPSA-Brasil 2020 apresentará visão 06 Conferência integrada entre saúde humana, animal e ambiental

07 Contagem regressiva para o X Encontro Técnico Avícola 10 Notícias Curtas 22 Brasil cresce na produção mundial de frango que a avicultura pode aprender com o caso de 24 Ocontaminação da Cervejaria Backer cooperativo mantém forte atuação em Santa 32 Sistema Catarina da eficácia in vivo do Floramax™-B11 34 Avaliação administrado via spray do quadro de Auditores Fiscais Federais 36 Recomposição Agropecuários é essencial para saúde pública e economia

38 Luiz Carlos Giongo assume a presidência do Nucleovet uso da água pelo agronegócio pode ser 42 Mau combatido com simples soluções 45 Opinião: Exportação e sustentação

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Avicultura paranaense supera expectativas e atinge crescimento acima de 6% na produção anual

Com total de 1,87 bilhão de cabeças de frango, estado registra recorde de abates para o mês de dezembro e no acumulado

46 Uso de pigmentantes na avicultura de corte 62 Ponto Final - Nélio Hand

Balanço 2019 / Estatísticas e preços 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61

Abertura Alojamento de matrizes Produção de pintos de corte Abate inspecionado de frango Exportação de carne de frango Disponibilidade interna Alojamento de pintainhas de postura Produção de ovos de galinha Exportação de ovos Exportação de ovos férteis Desempenho Frango Desempenho do Ovo Matérias-Primas

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Editorial

E se o mundo todo se tornasse vegano? “Seria ótimo para frear o aquecimento global, mas os cuidados para evitar a desnutrição em áreas carentes teria de ser redobrado” Na última semana de fevereiro, analistas do AviSite levantaram a seguinte questão, após repercussão de uma matéria da Revista Super Interessante: e se o mundo todo se tornasse vegano? Em matéria para a Super Interessante, da Editora Abril, o jornalista Alexandre Versignassi, especula em torno de um tema que, para os veganos, solucionaria os problemas surgidos com o aumento do aquecimento global do planeta: o fim da produção animal destinada à alimentação humana. Lembra, porém, que “uma humanidade que se tornasse vegana da noite para o dia teria um problema inicial: o que fazer com os animais criados para gerar alimentos? Pois – pontua – correspondem a uma biomassa da ordem de 675 milhões de toneladas, volume superior ao estimado para a população terrestre – algo ligeiramente superior a 500 milhões de toneladas. Mas – lembra Versignassi – resolvida a questão do meio ambiente, cria-se um problema social. E cita que é justamente o aumento no consumo de proteína animal nas últimas décadas que vem reduzindo a desnutrição na África Subsaariana: “Crianças de áreas rurais do Quênia que passaram a comer ovos, por exemplo, crescem 5% mais rápido que as que não têm esse prato em sua dieta”. Fica a reflexão e a melhor maneira de unir a necessidade da produção de proteína animal à uma consciência social e meio ambiental mais justa e igualitária. Para acessar a matéria o link é: www. super.abril.com.br/sociedade/e-se-o-o-mundo-todo-se-tornasse-vegano/ Mercado avícola: voltando nossas forças ao mercado avícola, em fevereiro as exportações de carne de frango in natura apresentaram desempenho que pode ser considerado acima do normal para um início de ano. Assim, por exemplo, para a terceira semana do mês (16 a 22, cinco dias úteis), os dados da SECEX/ME apontam embarques de mais de 88 mil toneladas, volume que corresponde a uma média diária de cerca de 17,6 mil toneladas e que eleva a média diária dos primeiros 15 dias úteis do mês para 17.342 toneladas (eram 17.208 toneladas/dia na semana anterior) e consigna, de momento, o segundo melhor resultado diário em quase um ano e meio. Em função desse desempenho, o volume acumulado em 15 dias soma 260,1 mil toneladas e projeta para a totalidade do mês (mais três dias úteis pelos padrões da SECEX/ME) algo em torno das 312 mil toneladas – resultado que, se confirmado, significará aumento de 3,5% sobre o mês anterior (301,6 mil toneladas em janeiro último) e de, praticamente, 8% sobre o mesmo mês do ano passado (289,2 mil toneladas em fevereiro de 2019), além de corresponder ao melhor fevereiro de todos os tempos. Vale aqui uma comparação: nos 12 meses encerrados em janeiro de 2020 as exportações brasileiras de carnes geraram receita 7,15% maior que a de idêntico período anterior, índice que gerou divisas ligeiramente superiores a US$17 bilhões. Perto de 46% desse valor vieram das exportações de carne bovina, cujo volume aumentou quase 15%. E como, paralelamente, ocorreu incremento de 5,21% no preço médio, a receita do setor foi um quinto maior, chegando aos US$7,8 bilhões. Na sequência vem a carne de frango, respondendo agora por cerca de 41,5% da receita cambial das carnes (dez anos atrás foram perto de 50%). Ela registrou aumento de 6,28% no volume e de 4,72% no preço médio, daí uma receita cambial 11,30% maior e muito próxima dos US$7,050 bilhões. A receita cambial da carne suína não chegou a 10% do total. Mas foi a que – em valores relativos – gerou maior incremento de receita: perto de 43% a mais. Porque, além de um aumento de quase 22% no volume, obteve um preço médio mais de 17% superior.

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Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

ISSN 1983-0017 nº 130 | Ano XI | Março/2020

EXPEDIENTE Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Natasha Garcia e Paulo Godoy (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Luciano Senise senise@senise.net Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

Os informes técnicoempresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.


Eventos Notícias Curtas

2020 Abril

Em setembro, Florianópolis sediará a 13ª edição do Simpósio da ACAV

07 a 09

Um dos maiores eventos científicos da avicultura industrial brasileira

Local: Chapecó, SC Realização: Nucleovet - Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas/SC Telefone: (49) 3329.1640 | (49) 3328.7825 E-mail: secretaria@nucleovet.com.br Site: www.nucleovet.com.br

A Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) – entidade de representação e defesa da indústria avícola barriga-verde – realizará neste ano, na cidade de Florianópolis, a 13ª edição do Simpósio Técnico da ACAV. O evento será desenvolvido no Centro Sul, no período de 15 a 17 de setembro, reunindo pesquisadores, técnicos, gestores, industriais e profissionais de todas as áreas da avicultura industrial. O coordenador geral do evento, Bento Zanoni, ressalta que o simpósio é reconhecido pelo alto nível técnico e científico, focalizando os temas de maior relevância na atualidade para a vasta cadeia da avicultura industrial e ao mesmo tempo, as inovações que surgiram no Brasil e no mundo. A programação oficial abordará incubação, matrizes de corte e nutrição. Informações podem ser obtidas pelo e-mail simposioacav@ gmail.com e pelo telefone (48) 9-9673-6155, além do site www. simposioacav.com.br e nas redes sociais.

21º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 12ª Brasil Sul Poultry Fair

Maio 12 a 14

Conferência FACTA Local: Expo Dom Pedro - Campinas, SP Realização: Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (FACTA) Site: www.facta.org.br/

Julho 21 a 23

X Encontro Técnico Avícola Informações nas Redes Sociais: @encontroavicola e facebook/ encontrotecnicoavicola Local: Vivaro Centro de Eventos - Maringá-PR Realização: Integra e Sindiavipar Telefone: (44) 3031-2057 E-mail: eventos@creventos.com.br

Setembro 15 a 17

13ª edição do Simpósio Técnico da ACAV Local: Centro Sul, Florianópolis (SC) Realização: Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) Telefone: (48) 99673-6155 E-mail: simposioacav@gmail.com Site: www.simposioacav.com.br

Outubro 06 a 09

Alimentaria Foodtech Barcelona, Espanha - Gran Via Venue www.alimentariafoodtech.com/en/

Novembro 04 e 05

Canadian Poultry Expo Countdown 2020 Stratford, Ontario https://poultryxpo.ca/ 17 a 20

EuroTier Local: Hanover/Alemanha Telefone: 49 69 24788 -263 E-mail: C.Iser@DLG.org Site: www.eurotier.com/en

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Eventos

Conferência FACTA WPSA-Brasil 2020 apresentará visão integrada entre saúde humana, animal e ambiental Evento será realizado em maio, em Campinas, SP

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37ª edição da Conferência FACTA WPSA-Brasil, que será realizada entre os dias 12 e 14 de maio em Campinas (SP), trará como tema principal “One Health”, ou Saúde Única, que apresenta uma visão integrada, considerando a indissociabilidade entre saúde humana, animal e ambiental. O conceito foi proposto por organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), reconhecendo que existe um vínculo muito estreito entre o ambiente, animais e a saúde humana. Segundo a presidente da FACTA, Irenilza de Alencar Näas, o conceito define políticas, legislação, pesquisa e implementação de programas, em que múltiplos setores se comunicam e trabalham em conjunto nas ações para a diminuição de riscos e manutenção da saúde. “Essa integração pode contribuir para a eficácia das ações em saúde pública, com redução dos riscos pa-

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ra a saúde global. Diante disso, a FACTA, sempre atenta às questões da atualidade e preocupada com a formação e capacitação dos envolvidos em todos os seguimentos da cadeia avícola, elaborou juntamente com seu corpo técnico, uma programação rica, abordando os diversos aspectos relacionados à Saúde Única e a sua aplicação na avicultura”, detalha.

Premiações O Prêmio José Maria Lamas da Silva, cujos trabalhos científicos serão apresentados no primeiro dia do evento, visa congregar pesquisadores e interessados na aplicação do conhecimento técnico-científico para melhoria do setor avícola brasileiro. Durante o evento haverá a tradicional premiação dos trabalhos orais e pôsteres, escolhidos por comissões formadas por técnicos e pesquisadores das diferentes áreas do conhecimento. Confira as normas e envie seu trabalho para o Prêmio José Maria Lamas da Silva, até o dia 16 de março, por meio do site do evento. Esta é uma excelente oportunidade para apresentar

suas ideias e resultados de pesquisa, além de apresentar ao setor produtivo a sua equipe. O Prêmio FACTA – Mérito Técnico e Científico também será entregue durante a Conferência FACTA WPSA-Brasil 2020, quando será homenageado um profissional com atuação destacada na avicultura. A votação está aberta até o dia 31 de março, também no site do evento. Para mais informações e inscrição, acesse http://www.facta.org. br/conferencia2020/.

Serviço Conferência FACTA WSPA-Brasil 2020 Data: 12 a 14 de maio de 2020 Hora: 8h Local: Expo D. Pedro - Av. Guilherme Campos, 500, Bloco II (Anexo ao Parque D. Pedro Shopping) – Campinas (SP). Tel.: (19) 3255-8500 E-mail: facta@facta.org.br Inscrições: http://www.facta.org. br/conferencia2020/.


Eventos

Contagem regressiva para o X Encontro Técnico Avícola Promovido de dois em dois anos, evento é um dos mais importantes do setor no país e expectativa é reunir mil participantes, em Julho, em Maringá (PR) para uma programação com 36 palestras focadas em atualização de tecnologias

E O evento será realizado na cidade de Maringá (PR), importante polo paranaense do setor. O X Encontro Técnico Avícola já é um dos mais importantes eventos especializados do país, promovido pela Integra e o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), o Encontro está programado para o período de 21 a 23 de julho no espaço Vivaro

m um ano que promete manter o ambiente favorável às exportações da carne de frango brasileira, a cidade de Maringá (PR), importante polo paranaense do setor, inicia contagem regressiva para a realização do X Encontro Técnico Avícola, um dos mais importantes eventos especializados do país. Promovido pela Integra e o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), o Encontro está programado para o período de 21 a 23 de julho no espaço Vivaro. A previsão é reunir mil participantes, entre especialistas e dirigentes de empresas, para uma agenda de 36 palestras em dois ambientes, a cargo de técnicos renomados e voltadas, principalmente, à atualização tecnológica. Em área anexa, haverá exposição de produtos e serviços. O astral positivo do segmento avícola se deve ao seu desempenho em 2019, quando bateu recorde de abates no estado, e às projeções otimistas para 2020. De acordo com o coordenador do Encon-

tro Técnico Avícola, Jeferson Vidor, o evento é também o momento para o setor debater e reavaliar suas estratégias visando a aproveitar as oportunidades que estão surgindo. No ano passado as indústrias paranaenses abateram 1,87 bilhão de cabeças, uma alta de 6,43% em comparação a 2018, de acordo com números do Sindiavipar. O estado liderou as exportações de carne de frango em 2019, quando embarcou 1,58 milhão de toneladas, montante que representa 38% do total exportado pelo Brasil. Ao mesmo tempo, as exportações de carne de frango do Paraná aumentaram 4,71% em relação a 2018. As projeções indicam que a produção e as remessas da proteína devem evoluir entre 4% e 6% em 2020. No ano passado, os principais países compradores da carne de frango paranaense foram a China (290 mil toneladas), África do Sul (139 mil) e Arábia Saudita (127,56 mil). Em receita, o valor chegou a US$ 2,56 bilhões, com aumento de 9,58% em relação a 2018 (US$ 2,34 bilhões). A Revista do AviSite

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ÚltimaEdição

As 4 notícias mais lidas no AviSite em Fevereiro

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EUA enfrentam dificuldades para fazer seu frango chegar à China A reabertura do mercado chinês ao frango dos EUA (depois de um embargo de cinco anos) está se revelando um grande desafio: devido ao Coronavírus, o acesso aos principais portos da China está prejudicado e a solução tem sido desviar a mercadoria para outros países.

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FAO: maioria dos alimentos tem alta de preço em janeiro; carnes foram a exceção De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em janeiro passado seu Índice de Preço dos Alimentos ficou em 182,5 pontos, aumentando 1,3 ponto (0,72%) em relação ao mês anterior, dezembro de 2019. A maioria dos alimentos acompanhados contribuiu para essa alta. A exceção ficou com as carnes, cujo preço médio no mês recuou quase 4%.

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Influenza aviária volta a preocupar o mundo avícola Nos seis primeiros boletins semanais da OIE os comunicados relatando casos de Influenza Aviária de baixa, média ou alta patogenicidade já estão próximos de meia centena. E pelo menos uma dezena e meia de países fez relatos a respeito à entidade mundial de saúde animal.

4

Representatividade do Reino Unido nas exportações brasileiras de carne de frango Menos de três dias depois de sua saída da União Europeia, o Reino Unido já procurou o Brasil e outros parceiros para discutir o futuro de suas relações comerciais. Os britânicos continuarão importando carne de frango, provavelmente mantendo sua relação com o Brasil nesse segmento.

Há 10 anos no AviSite www.avisite.com.br

Vendas externas de frango devem crescer pouco mais de 4% ao ano até 2020 Campinas, 19/03/2010 - Numa visão que se poderia chamar de “pessimista”, as exportações brasileiras de carne de frango não passarão, dentro de 10 anos, dos quatro milhões de toneladas, 10% a mais do que se exportou em 2009. Já numa visão sem dúvida “otimista” mas plausível, os negócios do Brasil com a carne de frango no mercado internacional podem mais do que dobrar e ultrapassar a casa dos oito milhões de toneladas/ano. Essas projeções (a partir de métodos estatísticos científicos) são da Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da Agricultura que, naturalmente, prefere ficar com o meio termo. Assim, antevendo que em 2010 a indústria avícola brasileira exporte ao redor de quatro milhões de toneladas de carne de frango, prevê para os próximos 10 anos uma expansão média anual da ordem de 4,3%, o que significaria chegar a 2020 exportando mais de seis milhões de toneladas de carne de frango, 65% a mais que em 2009. Mas a AGE também prevê que essa expansão não será linear. Assim, após crescer 10% em 2010 (o que parece plenamente viável, apesar do fraco desempenho no princípio do ano), o incremento das exportações em 2011 pode ficar em pouco mais de 8% e tornar-se negativo em 2012.

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Notícias Curtas

Empresas

JBS firma acordo de R$ 3 bi para exportar mais à China Em uma indicação de que os pedidos de descontos e renegociação de contratos com os importadores chineses são apenas uma “engasgada” do mercado de carne bovina do país asiático, a JBS assinou um acordo com o gigante chinês WH Group para exportar volumes expressivos. Em negociação há pelos menos três anos, o acordo prevê a exportação do equivalente a R$ 3 bilhões anuais de carne bovina a partir das unidades da Friboi, divisão de negócios que abrange as operações de bovinos e derivados da JBS no Brasil e que fatura cerca de R$ 30 bilhões por ano. No país, são 37 abatedouros sete autorizados a vender à China. Em entrevista ao Valor, o presidente da Friboi, Renato Costa, ressaltou a relevância do acordo, mesmo para uma companhia do porte da JBS. A parceria com o WH Group tem potencial para representar 12 mil toneladas de carne bovina exportadas por mês. É mais de 10% do que todos os frigoríficos brasileiros exportaram à China em dezembro, mês de venda recorde - 83,5 mil toneladas, conforme dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex). As primeiras cargas ao WH Group devem ser despachadas em março. Embora ainda tenha atuação tímida no negócio de carne bovina, o WH Group é um peso pesado na indústria de proteína. Com receita líquida de US$ 22 bilhões, o grupo é o maior

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produtor global de carne suína. Nos Estados Unidos, é dono da Smithfield, adquirida em 2013 por US$ 7,1 bilhões. Na China, principal consumidora mundial de carne de porco, controla a Shuanghui. No passado, o grupo chinês chegou a sondar frigoríficos brasileiros de médio porte para uma aquisição, mas as tratativas não evoluíram. De acordo com Costa, a parceria dará ao WH Group maior constância no fornecimento de carne. Até então, os chineses compravam carne do Brasil no mercado spot, mas os volumes demandados só fazem sentido em um contrato estruturado, agora viabilizado pela Friboi. Com o acordo, a JBS terá acesso a uma base ampla de clientes. Conforme o presidente da Friboi, o WH Group tem 60 mil pontos de venda na China. Inicialmente, o acordo abarcará carne bovina, mas a ideia é que a Seara, divisão que reúne os negócios de frango no Brasil, também se beneficie da parceria - os chineses são consumidores vorazes de pés de frango. Perguntado pelo Valor, o presidente da Friboi evitou fazer comentários sobre o movimento de renegociação de contratos capitaneado por importadores de carne da China. Costa frisou apenas que a Friboi tem um relacionamento de longo prazo com os clientes do país asiático e que, sazonalmente, a demanda da China volta a ganhar fôlego após as festivi-

dades do Ano Novo Lunar. O executivo também foi cauteloso quando abordado sobre o eventual impacto do coronavírus no país asiático - a preocupação dos investidores contaminou o mercado financeiro global. Na B3, o Ibovespa caiu 3,29% ontem. As ações da JBS, assim como a dos demais frigoríficos listados na bolsa, registraram forte desvalorização. Os papéis da JBS recuaram 6,83%, para R$ 27,30. A China e Hong Kong respondem por pouco mais 27% das exportações globais da companhia brasileira. Em meio às dúvidas de curto prazo, a tacada da JBS na China reforça a crença da companhia na demanda chinesa no médio e longo prazo. Afora os reflexos da epidemia de peste suína africana, que já fizeram a importação de carne pelos chineses disparar, a avaliação da JBS é que a demanda do país asiático só tende a crescer, especialmente devido às mudanças de hábitos e à urbanização da China. Para conhecer melhor o consumidor do país asiático, a JBS conta com uma equipe de mais de 15 pessoas no escritório de Xangai, conforme Costa. No ano passado, a Friboi lançou a marca de carne bovina Grain Valley, dedicada à China. A companhia brasileira também enviou funcionários das áreas de pesquisa e desenvolvimento ao país asiático para aprimorar os cortes. (Valor)


Matérias-Primas

Conab apresenta novo recorde de grãos que chega a 251 milhões de toneladas A produção de grãos no Brasil novamente supera as previsões de boa safra, como mostram os resultados do quinto levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). As lavouras de soja e milho, principalmente, impulsionam o volume total de grãos para mais um recorde histórico, com estimativa de 251,1 milhões de toneladas, uma variação de 3,8% sobre a safra passada e ganho de 9,1 milhões de toneladas. Para área total, espera-se um incremento de 2,5% , alcançando cerca de 64,8 milhões de hectares e acréscimo de 1,6 milhão de ha. O que marca esta previsão são as boas condições climáticas que favorecem a recuperação das lavouras,

abatidas na última temporada pela estiagem nos estados de maior produção. As culturas de primeira safra estão respondendo por 45,6 mil hectares, enquanto que as de segunda, terceira e de inverno, por 19,3 mil. As lavouras de soja, que ocupam uma área 2,6% maior, começam a ser colhidas com uma boa produtividade, mantendo a tendência de crescimento das últimas safras. A produção estimada é de 123,2 milhões de toneladas da oleaginosa, o que também representa um recorde na série histórica, graças à melhoria da distribuição das chuvas que sacrificaram a semeadura no início do plantio de muitos estados. Em Mato Grosso, maior produtor nacional, a colheita já está 25% finalizada, en-

quanto que em Mato Grosso do Sul e Goiás está no estágio inicial. A produção do milho de primeira, segunda e terceiras safras devem alcançar algo próximo a 100 milhões de toneladas, com um crescimento de 0,4%. A estimativa de área do milho primeira safra é de 4,25 milhões de hectares, 3,4% maior que o da safra 2018/19. O impulso deve-se às boas cotações do cereal no mercado. No Rio Grande do Sul, apesar do aumento de área, o rendimento deverá ser 1,8% menor, devido à estiagem que atinge a região. Na segunda safra, Mato Grosso já adiantou 20% da semeadura, bem à frente de outros estados. A expectativa é de um bom crescimento de área, graças à rentabilidade produtiva e às boas condições do tempo.

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Notícias Curtas Exportação

Representatividade do Reino Unido nas exportações brasileiras de carne de frango Como informou o jornal Valor Econômico, menos de três dias depois de sua saída da União Europeia o Reino Unido já procurou o Brasil e outros parceiros para discutir o futuro de suas relações comerciais. Naturalmente, os britânicos continuarão importando carne de frango, provavelmente mantendo sua relação com o Brasil nesse segmento. Mas uma das preocupações para quem – como o Brasil – exporta o produto para o Reino Unido recai sobre a possibilidade de abertura do mercado ao frango norte-americano. Não custa lembrar, desde o final do século passado a União Europeia (e, portanto, também o Reino Unido) mantém o frango abatido dos EUA sob embargo, usando para isso uma justificativa de ordem sanitária: o produto passa por uma higienização final com cloro. Mas com o Brexit e a (pelo menos aparente) amizade entre Boris Johnson e Donald Trump a perspectiva de uma abertura ao frango de Tio Sam torna-se mais realista. Ou não?

À primeira vista não, pois o Primeiro Ministro britânico já se manifestou contra essa possibilidade. Só que utilizando um argumento no mínimo estranho, pois confunde questão sanitária (ave abatida) com bem-estar animal (ave viva). Suas palavras, reproduzidas entre aspas conforme a imprensa europeia: “Entendo perfeitamente as preocupações [da União Europeia] com o frango clorado, porque não é uma questão de higiene, mas de bem-estar animal. E o que faremos é usar nossas negociações e convencer nossos parceiros: se eles quiserem negociar livremente conosco, obviamente deverão aceitar nossa abordagem quanto ao bem-estar animal”. Enquanto essa questão não é esclarecida, vejamos qual é a participação do Reino Unido nas importações brasileiras de carne de frango. Como mostra a tabela abaixo, nos últimos nove anos (2011 a 2019) elas giraram entre 55,8 e 89 mil toneladas anuais, a média desse perío-

R E I N O Evolução frango

do

do correspondendo a embarques mensais de, aproximadamente, 6 mil toneladas. Com tal volume, os britânicos têm-se colocado entre a 13ª e 19ª posição no ranking dos importadores brasileiros de carne de frango. E sua participação no total exportado pelo Brasil não tem chegado, na média, aos 2%. De toda forma é oportuno mencionar que as importações do Reino Unido estão concentradas nos industrializados e na carne de frango salgada, itens com maior valor agregado que a carne de frango in natura. Em decorrência, os britânicos têm se situado, no tocante à receita, entre os 10 principais importadores da carne de frango brasileira. Em 2019, por exemplo, 93% do volume importado pelo Reino Unido (58,2 mil toneladas) foram de carne salgada e de industrializados. Isso gerou receita cambial de US$216,8 milhões, valor que fez os britânicos ascenderem da 15ª (volume) para a oitava posição (receita).

U N I D O das

importações

Brasil

entre

de

2011

e

carne

de

2019

MIL TONELADAS

ANO

VOLUME

POSIÇÃO NO RANKING BRASILEIRO DE IMPORTADORES

% DO TOTAL EXPORTADO PELO BRASIL

2011

67,7

14ª

1,72%

2012

55,8

19ª

1,42%

2013

69,0

16ª

1,77%

2014

77,8

15ª

1,95%

2015

77,5

17ª

1,83%

2016

89,0

13ª

2,07%

2017

73,2

17ª

1,73%

2018

61,5

19ª

1,53%

2019

58,2

15ª

1,41%

Fonte dos dados básicos: SECEX/ME – Elaboração e análises: AVISITE

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Notícias Curtas Empresas

Unidade brasileira da Vetanco realiza Convenção de Vendas 2020

A Convenção de Vendas 2020 atingiu seus objetivos, preparando e fortalecendo a equipe para os desafios que o ano reserva

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Cumprindo com o objetivo de investir continuamente no desenvolvimento de seus colaboradores, a Vetanco Brasil realizou mais uma edição de sua convenção anual de vendas. O evento, que envolveu toda a equipe comercial e técnica, aconteceu entre os dias 10 e 14 de fevereiro na capital do estado catarinense. Nesta edição, o tema foi: FORTALECENDO NOSSA IDENTIDADE. Esse tema foi planejado visando o fortalecimento da característica que reconhecemos como um importante diferencial da Vetanco: O FOCO NAS PESSOAS, o olhar atento para as individualidades, para os valores de cada colaborador que compõe a Organização Vetanco. A Convenção de vendas é um momento importante no início de um ano que está começando cheio de oportunidades e desafios. O evento foi construído para

atender aos seguintes objetivos: Desenvolvimento para equipe técnica e comercial; Apresentação do plano comercial e metas para 2020; e Alinhamento do posicionamento estratégico, comenta Daiane Müssnich, Gerente de Planejamento e Administração, coordenadora geral do evento. O evento contou também com a presença do Vice-presidente da Vetanco S.A. Horacio Mancini, que fez a abertura do evento. Durante a semana, foram trabalhados temas referentes às estratégias de vendas, atualizações técnicas, apresentação de planos estratégicos e de metas, além de um trabalho vivencial, coordenado pela psicóloga Géssica Oltramari, que responde pelo setor de Gestão de Pessoas na Vetanco Brasil, que tratou do tema Cultura Organizacional Vetanco.


Perto de 46% desse valor vieram das exportações de carne bovina, cujo volume aumentou quase 15%. E como, paralelamente, ocorreu incremento de 5,21% no preço médio, a receita do setor foi um quinto maior, chegando aos US$7,8 bilhões.

Exportação

Na sequência vem a carne de frango, respondendo agora por cerca de 41,5% da receita cambial das carnes (dez anos atrás foram perto de 50%). Ela registrou aumento de 6,28% no volume e de 4,72% no preço médio, daí uma receita cambial 11,30% maior e muito próxima dos US$7,050 bilhões.

A receitaúltimos cambial da carne suína não chegou a 10% do total. Mas foi a que – em valores Receita cambial das carnes nos relativos – gerou maior incremento de receita: perto de 43% a mais. Porque, além de um aumento de quase 11% no volume, obteve um preço médio mais de 17% superior. 12 meses chega aos US$17 bilhões

Dados da SECEX/ME compilados pelo MAPA apontam que nos 12 meses encerrados em janeiro de 2020 as exportações brasileiras de carnes geraram receita 7,15% maior que a de idêntico período anterior, índice que gerou divisas ligeiramente superiores a US$17 bilhões. Perto de 46% desse valor vieram das exportações de carne bovina, cujo volume aumentou quase 15%. E como, paralelamente, ocorreu incremento de 5,21% no preço médio, a receita do setor foi um quinto maior, chegando aos US$7,8 bilhões. Na sequência vem a carne de frango, respondendo agora por cerca de 41,5% da receita cambial das carnes (dez anos atrás foram perto de 50%). Ela registrou aumento de 6,28% no volume e de 4,72% no preço médio, daí uma receita cambial 11,30% maior e muito próxima dos US$7,050 bilhões. A receita cambial da carne suína não chegou a 10% do total. Mas foi a que – em valores relativos – gerou maior incremento de receita: perto de 43% a mais. Porque, além de um aumento de quase 11% no volume, obteve um preço médio mais de 17% superior.

C A R N E S Volume exportado, preço médio e receita cambial em 12 meses FEVEREIRO DE 2019 A JANEIRO DE 2020 TIPO DE CARNE

VOLUME MIL/T

PREÇO MÉDIO

VAR.

% DO TOTAL

US$/T

VAR

RECEITA CAMBIAL US$ MI

VAR.

% DO TOTAL

INN

1.584,3

16,79%

22,24%

4.253,32

6,57%

6.738,4

24,46%

39,63%

TOT

1.876,7

14,43%

26,35%

4.158,15

5,21%

7.803,6

20,39%

45,89%

DE INN FRANGO TOT

4.121,8

7,40%

57,87%

1.642,37

5,47%

6.769,5

13,28%

39,81%

4.217,5

6,28%

59,21%

1.671,20

4,72%

7.048,2

11,30%

41,45%

INN

674,4

23,33%

9,47%

2.307,27

19,38%

1.556,0

47,23%

9,15%

TOT

765,6

21,60%

10,75%

2.184,25

17,56%

1.672,4

42,95%

9,84%

TOTAL CARNES

7.122,6

9,23%

100,0%

2.387,35

7,15%

17.004,0

7,15%

100,0%

BOVINA

SUÍNA

Fonte dos dados básicos: MAPA – Elaboração e análises: AVISITE INN = In Natura

A Revista do AviSite

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Notícias Curtas Empresas

Grupo de avicultores brasileiros visitam a CALPIS AMERICA e o IPPE 2020

Coordenados pela equipe técnica da Mixxnova e da Biogenic, os avicultores conheceram o laboratório e a fábrica exclusiva do probiótico CALSPORIN , líder de mercado, e visitaram a feira International Production and Processing Expo para aquisição de novos conhecimentos técnicos

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A Revista do AviSite


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A Revista do AviSite

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R308AP-LA-SPAN-12/2019


Entrevista

Ricardo Santin assume a ABPA

Ele destaca em entrevista exclusiva à Revista do AviSite o que muda diante de sua gestão na Associação Brasileira de Proteína Animal e os caminhos do setor produtivo

O

setor produtivo de proteína animal vive um momento único. Por um lado, uma oportunidade histórica para as exportações está aberta na Ásia em consequência à crise sanitária da Peste Suína Africana. Uma imensa lacuna foi aberta em mercados como China, Vietnã e outros mercados. É o que explica Ricardo Santin, que assume a Associação Brasileira de Proteína Animal, a ABPA, em abril. Ele aponta alguns receios pelo qual passa o setor: “O mesmo tempo, o caso se agrava com uma questão de saúde humana: o coronavírus, que pode aumentar ainda mais o déficit asiático por proteína animal”, ele diz. Acompanhe na sequência uma entrevista exclusiva com Ricardo Santin. Quais serão os principais desafios à frente da ABPA? O setor produtivo vive um momento único. Por um lado, uma oportunidade histórica para as exportações está aberta na Ásia em consequência à crise sanitária da Peste Suína Africana e Influenza Aviária. Uma imensa lacuna foi aberta em mercados como China, Vietnã e outros mercados. Ao mesmo tempo, o caso se agrava com uma questão de saúde humana: o coronavírus, que pode aumentar ainda mais o déficit asiático por proteína animal. Por outro lado, ainda perduram entraves logísticos e tributários, custos de produção frente às altas do milho e da soja, a oscilação cambial e outras questões que extrapolam as fábricas e as granjas, como as reformas tributárias e administrativas em andamento. Apesar das oportunidades, o mercado internacional segue altamente competitivo. E há a necessidade de construir novas vias para ganhar competitividade neste quadro pressionado. Esta equação é o nosso grande desafio. Fomentar oportunidades para o setor produtivo brasileiro no mercado internacional, assim como no interno, ao mesmo tempo em que trabalhamos para re-

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A Revista do AviSite

duzir obstáculos que impactem nossos produtos. Fortalecimento da imagem e competitividade será o nosso foco no trabalho à frente da ABPA. Vamos intensificar nossas ações para o reforço à reputação internacional do setor produtivo e qualificação do consumo de mercado interno. Em linha com o trabalho já desenvolvido pelo presidente Turra, atuaremos para superar os entraves que geram insegurança jurídica e prejudicam a competitividade. E, neste sentido, manteremos os esforços para a abertura de novas oportunidades para o Brasil em mercados da Ásia, África e América Latina, ao mesmo tempo em que expandimos nossa atuação em mercados já consolidados. O que mudará na estrutura de gestão? A partir de abril, assumirei a presidência. O presidente Turra assumirá o cargo de presidente do Conselho Consultivo. As diretorias serão reduzidas a quatro. Haverá, ainda, a otimização dos trabalhos de determinadas câmaras da ABPA, que atuam em sinergia de temas, com representação em São Paulo, Brasília, Bruxelas (Bélgica) e Pequim (China). As demais estruturas da ABPA seguirão no atual formato. Principais mercados para a avicultura brasileira para os quais ele buscará ampliação? Temos ambições especiais na China, com a habilitação de novas plantas para aves e suínos, genética e ovos, além da ampliação dos tipos de produtos exportados; no México, para abertura de suínos, genética avícola e ovos, além da constituição de uma cota fixa para carne de frango;, resolução do contencioso que temos com a Indonésia na OMC, viabilização das vendas de aves e de suínos para a Índia, reabilitação de plantas para a União Europeia, Abertura de mercados como Nigéria, Taiwan, Equador, entre outros. Houve um aumento das exportações avícola no ano passado (2019) e gostaria de saber se ele se mantém firme na expec-

tativa de ampliar ainda mais os números em 2020. Independente dos impactos na economia global com a epidemia de coronavirus, o setor produtivo segue otimista com os resultados do ano. Ainda há uma clara lacuna na oferta de proteína animal na Ásia, e a demanda internacional pelo produto seguirá pressionada ao longo deste ano. Neste primeiro bimestre de 2020, apesar das questões enfrentadas nos portos chineses, os embarques seguiram em patamares superiores aos registrados no ano passado e essa é a tendência para o restante do ano. Em 2019 os cinco principais produtos brasileiros de origem animal - boi, suíno, frango, leite e ovos – geraram um VBP (valor bruto da produção) de, aproximadamente, R$220 bilhões, valor quase 9% superior ao apontado para 2018. o Sr. acredita que estes números também registrarão aumento em 2020? Acredito que sim. Isto, ao menos em relação à carne de frango, ovo e carne suína. Para as carnes, as exportações seguirão impulsionando os resultados, sustentando valor de produtos e, consequentemente, a receita setorial. O fator câmbio contribuirá neste processo. Já no caso de ovos, a expectativa é de nova alta no consumo per capita deste ano. Se em 2019 alcançamos a média mundial, neste ano devemos superá-la, nos aproximando de 240 unidades per capita. Da mesma forma, acreditamos no processo de recuperação econômica do Brasil e o consequente aumento do consumo interno. Como está hoje o relacionamento da ABPA com o Mapa e em quais pontos ainda precisam evoluir? Temos um relacionamento maduro, de grande proximidade, porém dentro de regras de compliance. A Ministra Tereza Cristina conhece nosso setor, assim como os seus secretários, e tem apoiado os pleitos setoriais em favor do Brasil. Como em poucos momentos, a avicul-


tura e a suinocultura do Brasil estão constantemente na pauta de trabalho do MAPA. Este trabalho de excelência institucional permitiu à ABPA avançar em importantes conquistas para o setor produtivo, ao mesmo tempo em que estamos inseridos para consolidar em outros pontos valiosos para a cadeia produtiva. Considerado apenas o produto in natura, a carne de frango mantém-se como a maior geradora da receita cambial das carnes, respondendo por pouco mais de 40% da receita total. Como o Sr. avalia hoje a importância da avicultura no cenário econômico brasileiro? A Avicultura é uma das principais geradoras de emprego e renda para o país, especialmente nos municípios do interior. É o motor econômico de diversas regiões brasileiras. Possui papel estratégico, também, na garantia de segurança alimentar da população, gerando duas das proteínas mais consumidas no país: a carne de frango e o ovo, além de auxiliar na segurança alimentar de mais de 150 países em todo o mundo.

A economia brasileira tem na avicultura um de seus alicerces econômicos. Gera riquezas internas e receita cambial, sendo um dos principais responsáveis pelo saldo positivo da balança comercial brasileira. Com o último levantamento de 2019 (efetuado mensalmente pela Embrapa Suínos e Aves e tendo por base aviário com climatização positiva no estado do Paraná), o custo médio do ano ficou em R$2,85/kg, aumentando pouco mais de 1,5% em relação a 2018. O único senão, nessa história, é que o mesmo valor foi registrado três anos antes, em 2016, e continua correspondendo ao mais elevado custo da história do setor. É verdade que, frente a um custo nominalmente igual, o frango abatido foi comercializado por valor 10% superior (base: produto resfriado comercializado no Grande Atacado da cidade de São Paulo). Mas, em sua opinião, esse incremento teria sido obtido sem a acidental valorização das carnes em 2019? Como a ABPA avalia essa

Proteção na dose certa

situação e se existe um trabalho para equalizar estes números? O custo de produção é um dos pontos mais complexos em nossa atividade. É fato que o fator China ajudou a amenizar os impactos causados pela alta do milho. Há que se considerar, entretanto, que o setor está mais preparado para enfrentar as tormentas das altas produtivas, em comparação à 2016. Ampliamos nossa capacidade de importar insumos de produtores próximos, como Argentina e Paraguai. E estamos trabalhando para que o mesmo ocorra em relação aos Estados Unidos. Temos na ABPA um Grupo de Trabalho do Milho, que atua nesta e em outras frentes. Sob a tutela deste grupo estão, por exemplo, os estudos para melhoria da logística setorial dos grãos – um dos grandes obstáculos competitivos para dois dos maiores produtores nacionais, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Fato é que hoje estamos mais maduros e mais sólidos frente à estas tormentas. Dificilmente veremos ocorrer fatos como vimos naquele momento, como a suspensão de atividades de plantas.

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Produção

Avicultura paranaense supera expectativas e atinge crescimento acima de 6% na produção anual Com total de 1,87 bilhão de cabeças de frango, estado registra recorde de abates para o mês de dezembro e no acumulado

A As três principais regiões produtoras avícolas do estado foram a Oeste, responsável por 663,6 milhões de aves (35,42% do total); Norte Central, com 384 milhões de cabeças (20,49%) e o Sudoeste paranaense (363,1 milhões de aves e 19,38% dos abates) 20

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produção avícola paranaense superou as previsões otimistas do setor para 2019. Em um ano de recuperação econômica, o estado fechou o ano com recorde de abates de frangos, chegando a marca de 1,87 bilhão de cabeças. O número é 6,43% maior ao registrado em 2018, com 1,76 bilhão de aves, marcando o recorde para a produção em um ano. Os dados são do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar). Nas estatísticas do mês de dezembro, os índices seguiram a trajetória de crescimento, com acréscimo de 11,85% nos abates em relação ao mesmo mês em 2018. No total, foram 156,8 milhões de cabeças abatidas, ante 140,2 milhões em dezembro do ano anterior. Esta foi a melhor marca no décimo segundo mês do ano na história da avicultura paranaense.

As três principais regiões produtoras avícolas do estado foram a Oeste, responsável por 663,6 milhões de aves (35,42% do total); Norte Central, com 384 milhões de cabeças (20,49%) e o Sudoeste paranaense (363,1 milhões de aves e 19,38% dos abates). Segundo o presidente do Sindiavipar, Domingos Martins, os números reforçam o trabalho realizado pelos produtores na recuperação econômica do setor. “Juntos tivemos a capacidade de trabalharmos exatamente de acordo com a nossa demanda para projetarmos nossa oferta. Hoje a grande preocupação da avicultura paranaense é oferecer cada vez mais produtos, com as melhores condições possíveis”, afirma.

Exportações acompanharam avanço anual Crescimento significativo também foi registrado na exportação


Crescimento significativo também foi registrado na exportação avícola geral. O Paraná se manteve como principal exportador de carne de frango do país, com 38% do volume total. O estado embarcou 1,58 milhão de toneladas ao exterior, número 4,71% superior em relação a 2018 (1,51 milhão de toneladas)

avícola geral. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Paraná se manteve como principal exportador de carne de frango do país, com 38% do volume total. O estado embarcou 1,58 milhão de toneladas ao exterior, número 4,71% superior em relação a 2018 (1,51 milhão de toneladas). Com isso, o estado registrou crescimento acima do total nacional, que ficou na casa dos 2,39% , com 4,16 milhões de toneladas, ante 4,06 milhões no ano anterior. Considerando as exportações apenas no mês de dezembro, o Paraná alcançou aumento de 32,27% em comparação ao décimo segundo mês de 2018. No total, foram 152,37 mil toneladas de proteína enviadas, contra 115,19 mil toneladas no mesmo mês do ano anterior. Os principais países compradores

da carne de frango paranaense foram a China (290 mil toneladas), África do Sul (139 mil t.) e Arábia Saudita (127,56 mil toneladas). Em receita, o valor chegou a US$ 2,56 bilhões, com aumento de 9,58% em relação a 2018 (US$ 2,34 bilhões). As marcas atingidas pela avicultura paranaense em 2019 trazem otimismo ao setor, que espera um crescimento de 4 a 6% em produção e exportação para este ano, como ressalta Martins. “As peculiaridades que o planeta apresenta relacionadas a escassez de proteína animal favorecem o Brasil, pois somos grandes produtores, e especialmente o estado do Paraná. No cenário nacional, acredito que teremos um ótimo 2020 para a avicultura, com a expectativa de crescimento da economia. Este avanço impulsiona o consumo, e com isso nós crescemos também”, finaliza. A Revista do AviSite

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Energia Elétrica na granja

Brasil cresce na produção mundial de frango A utilização de novas tecnologias no manejo, como controle de aclimatação e iluminação, tem resultado em uma melhora no aumento da produtividade

Marcos Preussler, Gerente de Agronegócio da Sices Solar

O

Brasil figura entre os maiores produtores mundiais de carne de frango e sua produção vem crescendo ano a ano. Segundo dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) em 2019 exportamos cerca de 4,212 milhões de toneladas. Esta receita cresceu 2,8% em relação a 2018. Do total das 13.851 milhões de toneladas produzidas pelo Brasil, o que nos colocou em 3 lugar na produção mundial, o Brasil arrecadou cerca de US$ 6, 994 bilhões no setor produtivo de aves de corte. A China é um dois maiores importadores brasileiros, seguidos de Japão e Oriente Médio. A Agroindústria Brasileira da criação de aves concentra nos estados do Sul os seus maiores produtores, tendo

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Fonte: https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/cias/estatisticas/frangos/brasil

no ranking de maior produção o Paraná, seguido por Santa Cataria e Rio Grande do sul. Na cadeia produtiva brasileira estão produtores rurais, laboratórios de genética, indústrias de ração e frigoríficos. Em 1960 iniciou-se no Brasil a implantação de uma forma de produ-

ção chamada Integração. Neste modelo de negócio os frigoríficos adiantam os pintinhos, as rações e os remédios para os produtores rurais. Em troca, eles se comprometem a comercializar os frangos prontos para o abate exclusivamente com a empresa que forneceu essa matéria-prima. Neste modelo de sistema, a compra de insumos em escala permite a redução de custos de produção, bem como cria modelos para avanços na implementação de novas tecnologias de produção. A utilização de novas tecnologias no manejo como controle de aclimatação e iluminação tem resultado em uma melhora no aumenta da produtividade. Estes equipamentos, por outro lado, estão condicionados ao fornecimento e qualidade da energia elétrica nas diferentes regiões do Brasil, sendo em algumas vezes, empecilho para a construção de aviários que demandem maior uso de eletricidade, por motivos de falta de rede, ou rede insuficiente.


Neste setor que está acostumado a utilização de inovação, a energia fotovoltaica já esta presente em algumas propriedades. Este sistema permite reduzir custos fixos com energia, além de, ajudar o meio ambiente reduzindo a emissão de CO2. Há dois tipos de sistemas fotovoltaicos, os On Grid e os OFF Grid. No sistema On Grid, o sistema precisa ler primeiramente a rede de energia para poder acionar o sistema fotovoltaico e iniciar a produção de energia, transformando a luz do sol em corrente continua nos módulos fotovoltaicos. Depois esta energia passa pelo inversor de tensão e é transformada em corrente alternada. Este equipamento fornece energia para o consumo inter-

no da propriedade e o excedente é injetado na rede. Já o sistema Off Grid não depende de rede elétrica. O inversor faz somente a função de fornecer energia somente para o consumo de um ou vários equipamentos, dependendo da potencia ao qual o sistema foi projetado. Este sistema pode utilizar baterias para armazenagem de energia.

Bibliografia ht t p : // w w w. s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ a r t t e x t & p i d = S 0 1 0 3 -20032018000300467&lng= en&nr m=iso http ://abpa-br.com.br/setores/ avicultura/resumo

http://abpa-br.com.br/noticia/artigos/todas/receita-de-embarques-de-carne-de-frango-cresce- 64 -em-2019-2990 ht t p : // w w w. s c i e l o . b r / s c i e l o . php?script=sci_arttext&pid= S0103-20032018000300467&lng=en&nrm =iso https://revistagloborural.globo. com/colunistas.html https://avicultura.info/pt-br/expor tacao - ca r ne - de -f ra ngo -brasil-2020/ https://www.aviculturaindustrial. com.br/imprensa/crescimento-da-avicultura-passa-pela-atualizacao-da-legislacao-do-setor-no/20190408-114159-r845 http://www.agricultura.gov.br/assuntos/producao-animal/boas-praticas-e-bem-estar-animal/aves http://abpa-br.com.br/setores/avicultura https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/publicacoes https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1031847/calculo-simplificado-do-custo-de-producao-do-integrado-suinos-e-frangos-de-corte https://g1.globo.com/economia/ a g r o n e go c io s / g lo b o - r u r a l / n o t i cia/2019/05/19/frango-40-conheca-o-condominio-de-granjas-que-produz-7-milhoes-de-aves-por-ano.ghtml ht t p : // w w w. s c i e l o . b r / s c i e l o . php?script=sci_arttext&pid= S0104-530X2006000100015 A Revista do AviSite

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Produção e Saúde

O que a avicultura pode aprender com o caso de contaminação da Cervejaria Backer A Revista do AviSite foi conversar com a consultora Dione Francisco, da Agroqualitá para traçar um paralelo envolvendo o caso da cervejaria com a avicultura. Ela explica que, “Precisamos falar de food fraud e food defense"

O

Brasil foi surpreendido neste início de ano com a notícia da contaminação na Cervejaria Backer. A questão que fica é: como uma substância altamente tóxica (dietilenoglicol) foi parar em cervejas artesanais produzidas em Belo Horizonte? Dezenas de pessoas morreram.

Dione explica que o Brasil já registrou outros casos tanto de food defense quanto de food fraud e também com relação aos produtos avícolas. “Eu creio que seja importante primeiro deixarmos claro as diferenças entre ambos e também com relação às ferramentas de qualidade que a maioria das empresas avícolas já utilizam”, diz

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A Revista do AviSite

A intoxicação provoca sintomas como mal-estar e dores abdominais. Os rins começam a parar de funcionar e depois aparecem sintomas neurológicos: problemas na visão e paralisia facial, que pode aumentar e chegar ao corpo inteiro. Nos casos mais graves, a pessoa só respira com a ajuda de aparelhos. Entre o Natal e as duas primeiras semanas deste ano, ninguém sabia o que estaria causando esses sintomas, e o número de casos aumentava. A cervejaria Backer, diz que não usa essa substância, e sim uma outra, chamada monoetilenoglicol. “O monoetilenoglicol é liberado, é um produto que é fiscalizado, inclusive não é um produto proibido”, diz Paula Lebbos, diretora de marketing da Backer. A Revista do AviSite foi conversar com a consultora Dione Francisco, da Agroqualitá para traçar um paralelo envolvendo o caso da cervejaria com a avicultura. Ela explica que, “Precisamos falar de food fraud e food defen-


se. Além das mortes que são irreparáveis, a empresa ainda tem que tratar da sua imagem que está sendo desacreditada pelos consumidores e também amarga um grande prejuízo com os quinhentos mil litros de cerveja parados em seus tanques. No Brasil temos a impressão de que isso jamais

Dione Francisco explica que quando falamos de food defense nos referimos a um grupo ou indivíduo que quer causar um dano a empresa, seja a sua marca e/ou aos seus produtos. Esses indivíduos podem ser desde concorrentes, colaboradores insatisfeitos até terroristas

acontecerá com nossas empresas, mas não é bem assim. No caso da cervejaria ainda há muito para se investigar e definir se foi um caso de food fraud (no qual a empresa tem um ganho econômico) , food defense (um colaborador insatisfeito) ou ainda uma falha dos procedimentos de segurança dos produtos”, disse a especialista. Dione explica que o Brasil já registrou outros casos tanto de food defense quanto de food fraud e também com relação aos produtos avícolas. “Eu creio que seja importante primeiro deixarmos claro as diferenças entre ambos e também com relação às ferramentas de qualidade que a maioria das empresas avícolas já utilizam”, diz. “Quando falamos de food defense nos referimos a um grupo ou indivíduo que quer causar um dano a empresa, seja a sua marca e/ou aos seus produtos. Esses indivíduos podem ser desde concorrentes, colaboradores insatisfeitos até terroristas”, explicou. Ela afirma que no Brasil o mais comum são colaboradores insatisfeitos e essa é a grande diferença que temos das demais ferramentas de qualidade usadas até hoje, porque quando pensamos em perigos aos alimentos pensamos nos intrínsecos às matérias-primas, ao processo e produto acabado, mas não levamos em consideração a má intenção de uma pessoa em colocar um perigo nos alimentos. “Tivemos há pouco um caso de um consumidor que encontrou um pedaço de faca quebrada em um pacote de peda-

ços de frango, possivelmente este seja um caso de food defense, pois pelo processo de produção seria difícil acontecer algo assim”, disse. “O que ocorre é que a ferramenta de food defense é relativamente nova para nós, ela foi desenvolvida pelos Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro e agora que está sendo exigida por várias normas de certificação, mas independente da empresa possuir ou não uma certificação ela terá ganhos ao implementar, como ter formas de mitigar o risco de algum ataque deliberado e estar preparado para situações como a citada. No caso de food fraud temos a situação inversa, a empresa ou as empresas tem um ganho econômico com a fraude, seja um fornecedor que pode , por exemplo, vender um produto diluído, com troca de matérias-primas por uma de menor qualidade ou então a própria empresa coloca no mercado um produto fraudado, como por exemplo, um produto que ela saiba que está contaminado”, afirmou e Dione completa: “No caso de fraude a análise dos fornecedores e fundamental para a empresa não adquirir matérias-primas com menor qualidade e ter assim, seu processo produtivo prejudicado, podendo chegar esses produtos até o mercado consumidor. É bom lembrar que temos o código de defesa do consumidor no qual também se enquadram os produtos alimentícios. Em resumo, essas duas ferramentas se somam às de qualidade já implantadas nas empresas”. A Revista do AviSite

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Tecnologia

A conectividade no campo Revista do AviSite e Agroceres Multimix se unem para o entendimento sobre a importância da tecnologia e seus impactos na avicultura

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A Revista do AviSite


A

o olharmos atentamente para a história da agricultura percebemos que ela própria foi um salto tecnológico crucial para humanidade. Historiadores, pesquisadores e cientistas avaliam a revolução agrícola como um dos principais marcos que definiram os caminhos de nossa sociedade, possibilitando que o grupo de nômades caçadores e coletores se fixasse e pudesse ter o controle da produção de seus próprios alimentos, criando as primeiras cidades e civilizações. E desde o início a tecnologia não mais parou. Depois de séculos de acúmulo de conhecimento sobre a produção e domesticação de plantas e animais, as máquinas agrícolas criaram um novo salto, trazendo enorme contribuição para aumento da produtividade no campo. Elas também permitiram a produção em longa escala. Já nos dias atuais, quem faz e ainda promete fazer muito pela melhoria da atividade agrícola são as tecnologias digitais na chamada agricultura 4.0. Criando uma avicultura moderna, conectada, na qual as pessoas e as máquinas estejam integradas, com o trânsito de dados e informações transitando em velocidades inimagináveis, com análises em tempo real daquilo que é mais importante para o processo produtivo. E foi para ‘desvendar’ os mistérios do impacto da tecnologia e da conectividade no campo que a Re-

vista do AviSite, em parceria com a Agroceres Multimix, foi conversar com pesquisadores e players do mercado. Uma série de matérias especialmente desenhada para manter o avicultor atualizado sobre o futuro do setor, que já começou. Fernando de Castro Tavernari, Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, aponta que a avicultura de corte é bastante desenvolvida e menos heterogênea, fruto de inovações e interesses comerciais ao longo dos anos. Ele explica que o termo inovação, que é bastante amplo, pode ser dividido em: radical, incremental ou disruptivo. “A inovação radical pode ser descrita como algo novo; pode ser um produto ou processo desenvolvido para uma área pouco aproveitada pela indústria. A inovação incremental é uma melhoria em um produto ou processo, o que pode ser muito útil a curto prazo. Já a inovação disruptiva está mais focada em um novo modelo de negócio e não só em um produto, trata-se de um processo gradual que altera o mercado existente e se torna acessível a todos”, disse. Tavernari explica que, sob a ótica do novo, inovação radical ou disruptiva, em termos de ativos (produtos) duas inovações têm repercutido nos últimos anos, que é a produção de carne em laboratório (com comercialização regulamentada no exterior) e a tecnologia CRISPR ajudando na sexagem das aves. “São duas tecnologias com alta capacidade de ino-

var e transformar a avicultura, que existem, mas ainda não são amplamente utilizadas. Acho importante acrescentar que o desenvolvimento de uma solução pode ser considerada uma inovação na pesquisa, mas para a mercado avícola acredito que a inovação deve ser considerada quando a solução é adotada no setor produtivo. Como exemplo: a primeira prensa a funcionar usando o processo de extrusão produzindo peletes cilíndricos foi desenvolvida em 1910, mas o processamento de ração só se tornou realidade entre as décadas de 70 e 80, quando a solução se tornou uma inovação para o mercado”, detalha. “A avicultura de corte brasileira sempre esteve em expansão e modernização. A todo instante recebemos informações da construção de novos galpões, maiores e automatizados, graças aos novos equipamentos desenvolvidos, a internet das coisas, ao uso de inteligência artificial, entre outros. Contudo, julgo importante um melhor alinhamento entre as instituições de pesquisa no Brasil e a indústria para o desenvolvimento de novas tecnologias”, aponta o pesquisador. “Acredito que a maior parte da interação entre a indústria avícola e as instituições de pesquisas brasileiras são para o incremento de tecnologias já existentes (produzidas no exterior) ou mesmo testes de produtos, são inúmeros os artigos publicados com avaliação de produtos. É necessário desenvolvermos no país melhores modelos de

Alguns exemplos do impacto da tecnologia no campo - Melhoramento genético; - Bioinformática; - Pré-produção; - Agricultura de precisão; - Equipamentos diversos na produção; - Comunicação geral; - Melhorias na logística e transporte na pós-produção. (Fonte: Evelise Martins da Silva, Pesquisadora)

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Tecnologia

O que é agricultura 4.0? - A Agricultura 4.0 é um conjunto de tecnologias digitais integradas e conectadas por meio de softwares, sistemas e equipamentos. - Essa integração é capaz de otimizar a produção agrícola em todas as suas etapas. - Melhoria do monitoramento, gestão e controle da produção agrícola, com redução de custo e menos desperdícios. - Reflexos diretos na produtividade e rentabilidade (Fonte: Embrapa)

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desenvolvimento de inovação em parceria entre as empresas ligadas à avicultura e as instituições de pesquisa para que tenhamos mais tecnologias nacionais no setor”, explica. De acordo com o pesquisador Ricardo Hayashi, drones, robótica, inteligência artificial são termos que até pouco tempo atrás estavam associados à ficção científica, mas que estão cada vez mais presentes em nosso agronegócio. Eles fazem parte de um novo conceito, a agricultura digital ou agricultura de precisão, que integra a coleta de dados no campo com técnicas de modelagem computacional, permitindo tomadas de decisão mais assertivas aos produtores. A promessa é que as novas tecnologias aumentem a produtividade, reduzam custos e impactos ambientais, e evitem desperdícios na agricultura, tornando o agronegócio mais sustentável. Além da ciência e da inovação, temos algo disruptivo: novos arranjos, tudo cada vez mais integrado, novas formas de atuação das esferas pública e privada em um novo modelo de relacionamento. A afirmação é da chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá. Segundo ela, o maior desafio no campo, nos dias atuais, talvez seja o de integrar diversas tecnologias para que o Brasil continue a ser protagonista da produção e exportação agropecuária. “As soluções relacionadas à agricultura 4.0 promovem um trabalho mais conectado e automatizado. Com isso, a tomada de decisões na fazenda passa a ser orientada em dados retirados do clima, da terra, da lavoura e do mercado em geral”, explica. A Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things, IoT), é uma rede de objetos físicos, veículos, prédios e outros que possuem tecnologia embarcada, sensores e conexão com rede capaz de coletar e transmitir dados. Ela emergiu dos avanços de várias áreas como sistemas embarcados, microeletrônica, comunicação e sensoriamento. De fato, a IoT tem

recebido bastante atenção, tanto da academia quanto da indústria, devido ao seu potencial de uso nas mais diversas áreas das atividades humanas. A Internet das Coisas, em poucas palavras, nada mais é que uma extensão da Internet atual, que proporciona aos objetos do dia-a-dia (quaisquer que sejam), mas com capacidade computacional e de comunicação, se conectarem à Internet. A conexão com a rede mundial de computadores viabilizará, primeiro, controlar remotamente os objetos e, segundo, permitir que os próprios objetos sejam acessados como provedores de serviços. Todavia, estas possibilidades apresentam riscos e acarretam amplos desafios técnicos e sociais. A busca constante pela produtividade e eficiência no segmento de proteína animal estimula as empresas a desenvolverem soluções cada vez mais focadas na gestão do negócio. É o que explica Hivna de Brito, Marketing Manager da Big Dutchman. De acordo com ela, a implementação de Sistemas de Gestão seguindo as diretrizes da Tecnologia 4.0 hoje já é uma realidade no campo. A coleta de dados via sensores e análise dos mesmos através de “cloud systems” permite a tomada de decisões, remota e imediata, por um smartphone ou tablet. “As grandes indústrias se beneficiam desta tecnologia e integram os controladores aos próprios sistemas. Desta maneira é possível, de maneira ágil, atingir altos índices de produtividade e redução de custos”, diz. “O principal impacto desta transformação para o produtor está diretamente relacionado a melhoria da produtividade, tendo maior lucratividade para o mesmo e integradora, que se beneficiará com maior controle de produção, consumo de ração e tempo de abate. Já os consumidores perceberão nas gôndolas dos supermercados preços mais baixos da proteína”, afirma Hivna. Nos últimos tempos, a avicultura nacional passou por um processo de


inovação impressionante. Segundo Ricardo Ribeiral, Presidente do Sindirações, hoje o Brasil é uma referência para os principais países produtores do mundo na parte de sanidade, biosseguridade, nutrição, manejo e ambiência. “No caso da nutrição, os principais vetores de mudança e de inovação têm sido os consumidores e a evolução genética. Ambos vêm pressionando a nutrição cada um com seu direcionamento”, afirma Ribeiral. “No âmbito dos consumidores, a pressão por bem-estar animal e por dietas com menos antibióticos e livres de promotores de crescimento têm levado as empresas de nutrição a intensificarem suas pesquisas na busca de soluções que contemplem essas necessidades”, diz. Probióticos, simbióticos, óleos essenciais, enzimas, nano tecnologias, além de vários estudos de novas composições nutricionais e de diferentes manejos estão sendo desenvolvidos, validados e implementados no mercado de aves, para atender essa demanda do consumidor, detalha Ricardo Ribeiral. Ele ainda explica que, no âmbito da genética, a pressão é ainda mais intensa. “O perfil genético das aves vem se atualizando e aprimorando cada vez mais rápido e a nutrição precisa estar preparada para otimizar esses incrementos genéticos”, diz. Nesta linha, Marco de Almeida, Diretor da Hendrix Genetics na América do Sul, aponta que o desafio da produção de alimentos exige antecipação de necessidades produtivas por parte de uma casa genética; antecipação que exige inovação continuada em direção a demandas clássicas de produtividade, tais como: a quantidade de ovos por ave alojada, eficiência alimentar, resistência de casca, longevidade e resistência a doenças dos animais, qualidade dos alimentos destinado a con-

sumo final e outros. “Os melhoramentos fisiológicos genéticos têm sido notáveis, por exemplo, nos idos de 1960 uma tonelada de ração levaria as aves a produzir cerca de 5.000 ovos, atualmente, a mesma tonelada produz mais de 10.000 ovos”, diz. “Sob o ângulo da produtividade existem diversas inovações em andamento e as que parecem oferecer maiores contribuições aos criadores e consumidores são relacionadas a ciclos de produção mais longos e sustentáveis; persistência produtiva; uso de insetos como nutrição alternativa dos animais, reduzindo concorrência por grãos; edição gênica ética, visando maior resistência a patógenos; e reprodução de animais com comportamento coletivo mais dócil, como alternativa já comprovadamente viável ao tratamento de bico”, destaca. Ele ainda afirma que é de se observar que mesmo sob o prisma da produtividade a necessidade de antecipação inovadora não deve, em hipótese alguma, se restringir a aspectos quantitativos na busca do combate à escassez alimentar: obrigatoriamente deve considerar fatores de saúde do alimento, bem-estar animal e sustentabilidade. Ainda sob esse foco, Eduardo Souza, Vice-Presidente de Pesquisa e Desenvolvimento da Aviagen, destaca que a evolução da indústria avícola nos últimos 100 anos foi impressionante. Em todas as áreas: saúde (vacinas e medicamentos), nutrição (exigências nutricionais e dietas balanceadas), equipamentos (incubatórios, granjas e abatedouros), técnicas de manejo e genética. “Na decisão de compra, valores tradicionais, tais como: preço, sabor e conveniência, estão cedendo espaço para alguns novos valores, como: saúde e bem-estar, segurança alimentar, transparência e impacto social. Ca-

E o que é essa tal de IOT? É a Internet das coisas (Internet of Things). São tecnologias que conectam informações coletadas através de equipamentos instalados no ambiente. A Revista do AviSite

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Tecnologia

“Novos insumos, tecnologias em equipamentos nas granjas, introdução de novos processos na linha de produção, a inovação é pauta permanente na avicultura nacional. Esta preocupação é uma constante, não apenas nos investimentos e aplicação de novas técnicas, como também no debate com o Poder Público para a criação e atualização de legislações” Ricardo Santin (ABPA)

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da vez mais aumenta o número de consumidores interessados em saber de onde vem seu alimento e como ele é produzido. Muito acertadamente, o consumidor quer estar mais informado. Neste contexto, toda a cadeia produtiva precisa ser transparente. Nossa contribuição, como casa genética, é informar à sociedade como o processo de seleção funciona, como os objetivos de seleção são considerados de forma balanceada para melhorar as características de grande impacto econômico (como peso, conversão alimentar e rendimento), mas também como contempla aspectos de impacto social como a não utilização de antibióticos, e a contínua visão em critérios de bem-estar animal e sustentabilidade”, aponta Eduardo. Já o Diretor Geral da Hy-Line do Brasil, Tiago Lourenço, aponta que o programa de melhoramento da poedeira comercial, extensos conjuntos de genes são testados e selecionados para atender às exigências do mercado e devem ser previstos com, pelo menos, 5 anos de antecedência. “Os resultados de campo confirmam uma tendência genética positiva contínua na produção de ovos e uma melhor eficiência alimentar que pode ser convertida em sustentabilidade e economia de diversos recursos, inclusive menor área necessária para produção de mais ovos”, diz. “O bem-estar animal e a adaptação para criação fora de gaiolas dominam as necessidades futuras do mercado. O comportamento de nidificação e a tendência mínima a desenvolver bicagem ou canibalismo sem tratamento de bico são os principais atributos, juntamente a cascas mais fortes para ciclos de produção mais longos sem muda devem ser combinadas com ossos melhores e fígados mais saudáveis”, relatou. Há forte implementação de inovações nos processos produtivos, tanto no campo, quanto na fábrica, aponta Ricardo Santin, Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal. “Novos insumos, tecnologias em equipamentos nas granjas, introdução de novos processos na

linha de produção, a inovação é pauta permanente na avicultura nacional. Esta preocupação é uma constante, não apenas nos investimentos e aplicação de novas técnicas, como também no debate com o Poder Público para a criação e atualização de legislações”, relata Santin. Ele ainda destaca os impactos dessa transformação para o produtor e para o consumidor final. “Mais produtividade e mais tecnologia nos processos reforçam a segurança e, ao mesmo tempo, redução de custos para o consumidor. Um produto obtido com melhores índices de produtividade implica em custos reduzidos. A constante inovação nos diversos processos é um alicerce importante para a segurança alimentar e para a segurança dos alimentos para o consumidor do Brasil e do mundo”, afirma.

A transformação digital do campo O avanço tecnológico, associado à internet das coisas e a uma geração que nasceu com habilidades de compreender o mundo digital com grande facilidade, deverá transformar todas as formas como tomamos decisões hoje, aponta Irenilza Nääs, Presidente da FACTA No passado, o produtor rural, incluindo o avicultor, se desenvolveu com o conhecimento das gerações passadas, abrangendo inclusive experiências de regiões com características bem diferentes das nossas no Brasil. “Nos últimos vinte anos houve a incorporação das inovações tecnológicas, inicialmente de forma lenta e gradual. Mas o mundo mudou e os avanços tecnológicos, sobretudo aqueles que têm como suporte a tecnologia da informação, que foi barateando com o passar dos anos, permitiram que os produtos e processos inovadores pudessem ser absorvidos na agricultura como um todo e, na avicultura em particular. São hardwares e softwares que associados a sensores e controladores, permitem entender situações de


campo e prover suporte à decisão inclusive em tempo real”, é o que explicou Irenilza Nääs, Presidente da Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas, FACTA. Ela explica que o avanço tecnológico, associado à internet das coisas e a uma geração que nasceu com habilidades de compreender o mundo digital com grande facilidade, deverá transformar todas as formas como tomamos decisões hoje. Este futuro, segundo ela, já começou e faz parte de nossa vida em pequena ou larga escala, talvez até sem que não nos demos conta disto. “O debate desta perspectiva e os impactos que tais transformações devem causar nos processos decisórios dos setores da agricultura, inclusive na avicultura, precisam ser discutidos e aprendidos. Tornar esta tecnologia acessível, simples e intuitiva, é o grande desafio

das indústrias do mundo digital. Precisamos preparar as empresas, produtores e demais profissionais que atuam na avicultura para esta realidade”. Irenilza Nääs, Presidente da FACTA Irenilza aponta ainda que a avicultura 4.0 avança devagar, mas a passos firmes. De acordo com ela, já é possível realizar várias tarefas dentro de um centro de produção avícola de forma eletrônica e mecanizada, programada e com controle à distância. “Existem, no Brasil e no mundo, várias soluções e vários pesquisadores em busca de aumentar este potencial de decisões mais precisas e em tempo real. Nas universidades brasileiras várias start-ups são criadas justamente visando este mercado agrícola novo.”, destacou. “Uma das novidades que a inovação 4.0 traz para a avicultura é a extensão das funcionalidades dos sistemas tradicionais de produção, integran-

do processos às plataformas digitais e suas tecnologias. No setor da avicultura, que adota soluções inovadoras para incrementar seu potencial de produção e exportação, a adoção desta nova geração de tecnologias não pode deixar de acontecer, com o risco de se afastar de produtividade que tem hoje”, destaca a presidente da FACTA, Irenilza de Alencar Nääs. As perspectivas de diversas autoridades do setor avícola mostram que a inovação assume elevado grau importância para o desenvolvimento do mercado e na busca por produtos que atendam as exigências do consumidor final. E essa foi apenas a primeira parte da série especial de matérias produzidas através da parceria entre a Revista do AviSite e Agroceres Multimix, que ainda trará exemplos reais de tecnologia aplicada a favor da produção agrícola e ideias que mudaram a forma de produzir frango com qualidade e em escala comercial. A Revista do AviSite

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Cooperativismo

Sistema cooperativo mantém forte atuação em Santa Catarina Qualificação profissional e preparação dos cooperados para o futuro são prioridades do Sistema OCESC/SESCOOP-SC Luiz Vicente Suzin, Presidente da OCESC e do SESCOOP/SC

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studar as mudanças e as transformações dos novos tempos, a melhoria contínua dos processos e aperfeiçoar produtos e serviços para atender a demanda das cooperativas. Essa é a fórmula para manter e ampliar as conquistas do cooperativismo afirma o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP/SC) Luiz Vicente Suzin ao analisar as expectativas para esta nova década. De acordo com o dirigente, o cooperativismo caminha pela senda que trilha há muitos anos de trabalho e de busca permanente de atualização conceitual e tecnológica. “Precisamos ser

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eficientes em todas as áreas para permanecermos competitivos no embate com as empresas mercantis nos segmentos da agricultura, da indústria, do comércio e da prestação de serviços”, avalia Suzin. Exemplo desse posicionamento é a preparação para o futuro, principalmente pelo crescente uso das novas tecnologias, com a tendência pela automação e pela robotização. “Essas novidades estão chegando cada vez com mais velocidade. Uma das nossas preocupações é capacitar os cooperados para esses novos tempos. Nesse aspecto, as Cooperativas e o Sescoop/ SC fazem permanentes investimentos em treinamento, qualificação e requalificação”, complementa.

O resultado das constantes qualificações promovidas pelo Sescoop/SC é a ampliação da participação feminina e de jovens no sistema cooperativista. Para Suzin, eles trazem coesão e motivação, além de elevarem a qualidade das ações direcionadas a organização do quadro social. “A participação da mulher no quadro social das cooperativas de Santa Catarina cresceu nos últimos anos. Atualmente, 38% dos associados às cooperativas (936.597 cooperadas) são mulheres e 16% dos associados (391.384 jovens) tem idade de até 25 anos. Então, o engajamento deles é uma realidade no nosso cooperativismo” enfatiza. Para Suzin o sistema cooperativista pode evoluir ainda mais, contudo, para que isso se concretize é necessário que o Governo vislumbre o cooperativismo como um setor de alto interesse social e comprovada eficiência econômica, que trabalha para o bem-estar da sociedade, criando empregos e gerando riquezas. “Mais do que políticas públicas, o Governo deve abandonar a ideia de aumentar a carga tributária ou retirar programas de incentivos a setores essenciais, como a agricultura”, enaltece. O dirigente antecipa ainda que as parcerias com o poder público devem aumentar nos próximos anos. “No campo da pesquisa agropecuária o setor tem que ser mais ouvido. Uma das possibilidades é o estabelecimento de convênios no que concerne à transferência de tecnologias”, explica ao reforçar que a OCESC está aberta para uma relação produtiva com outras entidades, como FIESC, FAMPESC, FACISC, FECAM FAESC e FETAESC, na busca de objetivos comuns.


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Informativo Técnico Empresarial

Avaliação da eficácia in vivo do Floramax™-B11 administrado via spray O objetivo do estudo foi o de quantificar a colonização do papo e do intestino por cepas probióticas presentes no FloraMax™-B11 em frangos de corte após aspersão do produto em pintinhos no incubatório Msc. Fabrizio Matté - Consultor Técnico - Vetanco Brasil

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aterial e métodos: Frangos de corte (54), linhagem Ross, com 1 dia de vida foram submetidos a aspersão de FloraMax™-B11 (0,6g/100mL - 0,6%). Cada caixa contendo 100 aves foi aspergida via spray com 15-20mL de FloraMax™-B11 diluído em água pura desprovida de desinfetantes (cloro). Após o tratamento os animais foram encaminhados para o Laboratório de Medicina Aviária-LMA/UEL (LMA) para colheita de material e análises. Os tratamentos estão descritos na Tabela 1. Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética No Uso de Animais – CEUA/UEL N° 14676.2019.56. Assim que as aves chegaram ao LMA, nove aves por grupo foram sacrificadas e colhidos os papos e intestinos (duodeno, jejuno íleo e cecos) para a determinação da população de Lactobacillus spp (UFC/mL). Para a determinação (UFC/mL) da população de Lactobacillus spp. presentes no papo e intestino, os órgãos foram macerados e diluídos em PBS (pH 7,2) e na sequencia realizado a diluição seriada e plaqueamento em ágar

Tabela 1. Descrição dos tratamentos.

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Gráfico 1. Determinação de Lactobacillus spp. (Log UFC/mL) no papo de frangos de corte quatro horas após receber FloraMax™-B11 via spray. 1 - Controle negativo não foi utilizado antimicrobianos e FloraMax™-B11; 2 – FloraMax™-B11 spray; 3 – FloraMax™-B11 spray + Ceftiofur in ovo; 4 - Ceftiofur in ovo; 5 – FloraMax™-B11 spray + Gentamicina in ovo; 6 - Gentamicina in ovo. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P<0,05). rogosa (Acumedia) seguido de incubação a 37°C por 48h. Os dados foram submetidos à análise de variância, seguido de teste de comparação de médias, Scott-Knott, adotando 5% de significância.

RESULTADOS: No gráfico 1 estão expressos os valores (Log UFC/mL) de Lactobacillus spp. quantificados nos papos dos animais. Os grupos FloraMax™-B11 spray, FloraMax™-B11 spray + Ceftiofur in ovo e FloraMax™-B11 spray + Gentamicina in ovo, apresentaram as maiores médias, 1,37, 1,05 e 1,31 respectivamente e diferiram (p<0,05) dos demais grupos que não receberam FloraMax™-B11. Quanto à determinação de Lactobacillus spp. nos intestinos das aves (Gráfico 2), foi possível observar que os grupos 1, 4 e 6 foram aqueles que apresentaram menor contagem bacteriana diferindo significativamente dos grupos que receberam FloraMax™-B11 (2; 3; 5). Indicando que o fornecimento de FloraMax™-B11 permite uma colonização intestinal precoce e que a presença dos antimicrobianos (Ceftiofur - 3 e


Gráfico 2. Determinação de Lactobacillus spp. (Log UFC/mL) no intestino de frangos de corte quatro horas após tratamentos. 1 - Controle negativo - não foi utilizado antimicrobiano e FloraMax™-B11; 2 – FloraMax™-B11 spray; 3 – FloraMax™-B11 spray + Ceftiofur in ovo; 4 Ceftiofur in ovo; 5 – FloraMax™-B11 spray + Gentamicina in ovo; 6 - Gentamicina in ovo. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P<0,05).

Gentamicina - 4) não inibiram a população de Lactobacillus spp. Observou-se neste estudo que os animais que receberam FloraMax™-B11 apresentaram uma população significativamente maior de Lactobacillus spp. em rela-

ção aos animais que não receberam as cepas probióticas. A colonização intestinal precoce por bactérias ácido lácticas permite efeitos positivos, já que acelera a estabilidade da microbiota e protege contra bactérias patogênicas e oportunistas (SEIFI et al., 2017; GRIMES et al., 2008), além disso, modulam a resposta imune das aves (BRISBIN et al., 2010; ROCHA et al., 2012), dessa forma, infere-se que os animais que receberam FloraMax™B11 podem apresentar uma melhor resposta frente a infecções por patógenos intestinais como Salmonella spp. (ANDREATTI FILHO et al., 2006), Campylobacter spp. (STERN et al., 2001) e Clostridium spp. (DECROOS et al., 2004 ) CONCLUSÃO: A aspersão de cepas probióticas do FloraMax™-B11 via spray aumenta a colonização por bactérias ácido lácticas no papo e intestino dos pintinhos. A utilização de cepas probióticas no primeiro dia de vida permite uma colonização precoce do intestino das aves.

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Fiscalização

Recomposição do quadro de Auditores Fiscais Federais Agropecuários é essencial para saúde pública e economia Na avicultura, de acordo com o estudo da FGV, a piora na defesa agropecuária pode acarretar queda de até 90% nas exportações de frango caso haja surtos de influenza aviária no país

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valor bruto da produção agropecuária brasileira cresceu consideravelmente entre 2000 e 2019: de R$ 232 bilhões para R$ 630,9 bilhões, um crescimento de quase 300%. Contudo, o número de Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Affas), profissionais responsáveis pela fiscalização de produtos de origem animal ou vegetal que circulam no país ou são exportados, caiu de 4.040 servidores para apenas 2.543 em 2019, cerca de 40%. Os Affas são parte essencial da fiscalização e garantem tanto a segurança alimentar da população quanto o sucesso econômico da agropecuária. São eles que atestam a qualidade de toda a cadeia produtiva nacional, fiscalizando desde sementes e defensivos agrícolas, locais de produção, armazenagem, transporte até o abate e assegurando a qualidade do produto abatido, no caso de animais. Também são os Auditores Fiscais Federais Agropecuários os responsáveis pela fiscalização de todas as bebidas consumidas no País, tanto as pro-

Antônio Andrade Diretor de Política Profissional do Anffa Sindical

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duzidas aqui – alcoólicas e não alcoólicas -, quanto as importadas. Não é difícil notar que a queda no número de profissionais coloca em risco a produção agrícola brasileira, a segurança alimentar e a saúde de quem consome os produtos produzidos no país. Essa é também a conclusão de estudo feito pela FGV, em 2017, sobre a eficiência do trabalho dos Affas. Segundo o trabalho, caso a reposição da mão de obra não seja feita, a eficiência da fiscalização agropecuária estará comprometida. A defasagem no quadro de Affas tem efeitos muito visíveis. Segundo relatório de auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União em 2017, havia 10.656 estabelecimentos produtores de bebidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Contudo, houve apenas 2.224 inspeções. Se fizermos as contas, cada estabelecimento é inspecionado, em média, a cada quatro anos apenas. Um exemplo mais drástico ainda é a área de produtos de uso veterinário, como vacinas e antibióticos. Foram 141 inspeções para 3.595 estabelecimentos registrados no mesmo ano, o que resulta em uma inspeção a cada 25 anos, em produtos que efetivamen-


te deixam resíduos nos alimentos consumidos pela população. Com um número tão baixo de inspeções, fica muito mais difícil detectar desvios ou mesmo fraudes antes que os produtos cheguem ao consumidor – podendo causar graves danos à saúde. Em casos de crise, são os Affas que decidem de forma cautelar que os estabelecimentos devem retirar das prateleiras produtos potencialmente contaminados, evitando o seu consumo pela população. O impacto econômico também pode ser grande. Na avicultura, de acordo com o estudo da FGV, a piora na defesa agropecuária pode acarretar queda de até 90% nas exportações de frango caso haja surtos de influenza aviária no país. Em valores de 2017, o prejuízo seria de R$ 18,59 bilhões – e maior ainda em valores atualizados. É importante lembrar que o perigo de entrada da doença ainda é real, pois foram registrados surtos em 2020 em

O perigo de entrada da doença ainda é real, pois foram registrados surtos em 2020 em países como a China, Ucrânia e Índia

países como a China, Ucrânia e Índia. O relatório divulgado pelo TCU afirma que é necessária a contratação de 1.562 Auditores Fiscais Federais Agropecuários para que a fiscalização seja feita de forma satisfatória. Em 2017, o Mapa realizou concurso com 300 vagas na área de inspeção animal para médicos veterinários. A medida foi essencial, sim, mas ainda está aquém do que precisa ser feito, já que as demais áreas da fiscalização não foram contempladas. Além do mais, com a Reforma da Previdência, muitos Affas buscaram a aposentadoria para manter seus direitos, aumentando a necessidade de recomposição do quadro. Os Auditores Fiscais Federais Agropecuários são servidores essenciais ao sucesso da agropecuária brasileira. A realização de novos concursos para a carreira, como defende constantemente o Sindicato dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), é essencial, já que sua atuação não pode ser substituída por profissionais terceirizados. A carreira de Affa é típica de Estado, o que impede que o trabalho seja feito por pessoas terceirizadas. Além do mais, vários países do mundo que compram o produto agropecuário brasileiro não permitem que a inspeção seja feita por mão de obra terceirizada. A terceirização, portanto, além de colocar a saúde pública em risco, inviabiliza a exportação, uma das molas propulsoras da recuperação econômica vivida no momento pelo país. É essencial que os profissionais responsáveis pela fiscalização sejam autônomos para fazer cumprir as normas vigentes. A realização de concursos para recomposição de quadro de auditores fiscais federais agropecuários é fundamental para que vidas não sejam perdidas. Esse custo é incalculável. Sobre os Auditores Fiscais Federais Agropecuários O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) é a entidade representativa dos integrantes da carreira de Auditor Fiscal Federal Agropecuário. Os profissionais são engenheiros agrô-

O relatório divulgado pelo TCU afirma que é necessária a contratação de 1.562 Auditores Fiscais Federais Agropecuários para que a fiscalização seja feita de forma satisfatória

nomos, farmacêuticos, químicos, médicos veterinários e zootecnistas que exercem suas funções para garantir qualidade de vida, saúde e segurança alimentar para as famílias brasileiras. Atualmente existem 2,5 mil fiscais na ativa, que atuam nas áreas de auditoria e fiscalização, desde a fabricação de insumos, como vacinas, rações, sementes, fertilizantes, agrotóxicos etc., até o produto final, como sucos, refrigerantes, bebidas alcoólicas, produtos vegetais (arroz, feijão, óleos, azeites etc.), laticínios, ovos, méis e carnes. Os profissionais também estão nos campos, nas agroindústrias, nas instituições de pesquisa, nos laboratórios nacionais agropecuários, nos supermercados, nos portos, aeroportos e postos de fronteira, no acompanhamento dos programas agropecuários e nas negociações e relações internacionais do agronegócio. Do campo à mesa, dos pastos aos portos, do agronegócio para o Brasil e para o mundo. A Revista do AviSite

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Nucleovet/ SBSA

Luiz Carlos Giongo assume a presidência do Nucleovet Inclusão e cooperação estão entre as metas da nova gestão que tem como desafio atrair novos profissionais e dar continuidade para os projetos

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Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas elegeu a nova Diretoria Executiva, Conselho Fiscal e Deliberativo para os próximos 2 anos. A eleição realizada em Assembleia Geral Extraordinária, conforme Edital de Convocação previsto no estatuto da entidade, elegeu no final de 2019 a nova diretoria que ficara à frente do Nucleovet na gestão 2020/2021. A entidade que realiza anualmente os Simpósio Brasil Sul de Avicultura, Suinocultura e Bovinocultura de Leite, é uma das mais ativas do país, com atividades científicas, técnicas e sociais. Para o médico veterinário Luiz Carlos Giongo, liderar o time de profissionais voluntários do Nucleovet será uma enorme honra e alegria “Aqui trabalhamos unidos em prol de um bem maior, congregando veterinários e zootecnistas que atuam em diversas áreas, como a da cadeia de proteína animal, fiscalizatória e regulamentar, animais de companhia, saúde animal e, por extensão a saúde humana. Seremos uma diretoria focada nos propósitos da entidade, buscando uma gestão participativa e inclusiva, para ampliar ainda mais os nossos horizontes”, descreve Giongo.

Novo presidente 2020/2021 Giongo é médico veterinário formado pela Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC em 1999. Na carreira profissional atuou princi-

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palmente junto a cadeia de proteína animal. “Percebi cedo que o caminho da gestão profissional de pessoas e projetos, seria fundamental então busquei especializações que atendessem esta necessidade. Para isso investi em Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu, Gestão do Agronegócio pelo CEFET PR em 2003, depois MBA em Gestão Empresarial pela FGV em 2005 e Gestão de Sociedades Cooperativas pela UNOESC Chapecó, em 2009”. Ao longo da carreira profissional Giongo participou de inúmeros treinamentos técnicos para atualização e aperfeiçoamento profissional. Foram

A 21ª edição do Simpósio Brasil Sul de Avicultura será realizada de 07 a 09 de abril em Chapecó-SC, com o desafio de apresentar tecnologias e debates que contribuem para o desenvolvimento do setor

20 anos ligados a Cooperalfa Cooperativa do Sistema Aurora, inicialmente atuando na extensão rural a campo com orientação técnica e supervisão de equipe, depois atuando mais fortemente na coordenação da atividade de suinocultura da Alfa. Nos últimos 12 anos atuou na Gerência técnica, com todos os profissionais de campo, na produção agropecuária de suínos, leite e produção de grãos da Cooperativa, frente a mais de 250 pessoas na gestão direta. O médico veterinário assumiu no início do mês a Gerência de Suinocultura da Cooperativa Central Oeste Catarinense – Aurora para atuar com todo o sistema cooperativo.

Nucleovet na era da inclusão e atuação social A base forte da entidade que esteve pautada no relacionamento e integração profissional, social e na realização dos eventos técnicos de qualidade e referência, deve ampliar a sua atuação junto à sociedade e ao setor “Pretendemos ainda avançar em outras áreas do conhecimento, da atuação social e comunitária frente a sociedade em geral, ampliando a base de associados, realizando eventos esportivos internos, entre outros”, afirma Giongo. Para o presidente da entidade, o espaço da sede é ótimo e está em construção para o bom convívio social, para atividades profissionais e para o uso de toda a família de asso-


ciados e amigos. “Precisamos agregar, aumentar a participação e buscar o avanço da entidade, preservando os valores do Nucleovet. Nosso lema será: trabalho profissional e ético com cooperação”. Sobre o envolvimento social e atuação junto à classe, Giongo destaca “Por princípio e desde a formação universitária, tenho utilizado parte do tempo para trabalhos de organização da classe profissional em trabalhos voluntários. Na vida acadêmica com a promoção de eventos na universidade que gerassem a aproximação dos universitários com o mercado de trabalho (semanas acadêmicas). Depois na vida profissional atuei junto aos eventos da Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos – ABRAVES, vindo a ser vice-presidente durante 2 anos. Foi também nesta época, por volta do ano de 2004 que comecei a participar do Nucleovet, no início mais focado nos Simpósios de suínos”. A frente de um grupo de voluntários do Nucleovet, Giongo fala sobre o desafio de presidir a entidade que participa há mais de 15 anos. “Agora me foi confiada a tarefa de presidir a associação com a participação de profissionais voluntários do Nucleovet, o que representa uma enorme satisfação. São veterinários e zootecnistas de diversas áreas, que atuam em cooperação e alinhados em prol de um bem maior: o desenvolvimento profissional, social e recreativo das classes profissionais afins” reflete. Acompanhe na sequência uma entrevista com o médico veterinário Luiz Carlos Giongo. Qual o desafio junto ao Nucleovet como instituição e como organizadora de três eventos técnicos como SBSA, SBSS, SBSBL? O Nucleovet é composto por profissionais ligados as diferentes áreas da produção animal e tem como uma de suas funções sociais oportunizar o aperfeiçoamento profissional. Os eventos técnicos cumprem com excelência essa função ao trabalhar temas relevantes para mercado profissional

das cadeias produtivas de aves, suínos e leite, e só ocorrem desta forma, graças a dedicação voluntária de dezenas de colegas. O desafio é oferecer aos participantes o que tem de mais atual e inovador na área científica, aperfeiçoamento pessoal e profissional, comportamento do mercado global e normativas e procedimentos legais. Precisamos surpreender positivamente, por isso, é de suma importância termos o apoio de toda cadeia produtiva. Qual a importância do associativismo da classe de veterinários e zootecnistas e seu papel na cadeia produtiva? Em geral, como seres humanos, felizmente sempre buscamos nos relacionar com outros que tem interesses em comum. Dar espaço para o novo, se permitir olhar para o lado e trabalhar em cooperação, possibilita termos acesso a diferentes experiências, pontos de vista e alcançar resultados que sozinhos não alcançaríamos. A realidade é que no geral a classe veterinária não é tão unida como outras classes profissionais. O Nucleovet, tem demonstrado que é possível trabalharmos juntos, em prol de uma causa comum. Nós acreditamos poder agregar e gerar ainda mais coesão. Estamos aqui para isso. A história de nossa associação demonstra que todo esforço é válido, pois muitos frutos já foram colhidos e continuamos a plantar para continuar essa trajetória de sucesso. Com os princípios de integração, respeito, comprometimento e justiça social o Nucleovet busca proporcionar a difusão do conhecimento na cadeia produtiva e o fortalecimento da classe. Esta diretoria está focada no trabalho através da gestão participativa e inclusiva. Estaremos atuando com o propósito de evoluir e inovar nos 3 simpósios Simpósio Brasil Sul de Avicultura, Simpósio Brasil Sul de Suinocultura e Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite; engajar, aproxi-

Giongo:

“Liderar o time de profissionais voluntários do Nucleovet será uma enorme honra e alegria. Aqui trabalhamos unidos em prol de um bem maior, congregando veterinários e zootecnistas que atuam em diversas áreas, como a da cadeia de proteína animal, fiscalizatória e regulamentar, animais de companhia, saúde animal e, por extensão a saúde humana” A Revista do AviSite

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Nucleovet/ SBSA

A base forte do Nucleovet que esteve pautada no relacionamento e integração profissional, social e na realização dos eventos técnicos de qualidade e referência, deve ampliar a sua atuação junto à sociedade e ao setor

mar e ampliar a base de sócios; promover eventos esportivos e recreativos; realizar ações e campanhas informativas com a sociedade; realizar parcerias no campo de formação profissional; buscar estruturar projeto de pesquisa direcionada aos interesses da cadeia produtiva, em parceria com outras instituições; completar a estruturação da sede social da entidade, para uso em diferentes fins (social, recreativo, profissional, etc); e dar início ao projeto de evento na área de PET.

ter iniciativa para assim poder agir da melhor forma diante dos desafios profissionais e pessoais do dia a dia. Neste ponto os simpósios organizados pelo Nucleovet tem ajudado muito na formação, atualização e qualificação do profissionais da avicultura, suinocultura e bovinocultura de leite. Um papel que o Nucleovet procurou desenvolver e no qual vai seguir evoluindo com a ampla visão de sanidade e saúde global.

Qual o maior desafio do profissional veterinário e zootecnista hoje? Impossível apontar um só elemento mas pode-se listar alguns dos principais, como o conceito One Health, de pensar a saúde humana e animal como interdependentes e ligadas a saúde dos ecossistemas, tendo os profissionais uma visão global desde a produção pecuária até a saúde humana. Também é ponto importante lidar com a pressão do mercado consumidor e adaptar-se as mudanças tecnológicas da área de produção. Outro ponto é a necessidade de atualização constante, atitude proativa e

Giongo enumera ainda algumas características desejáveis: - Montar um bom planejamento para tudo o que se pretende fazer já é um bom começo. Isso evita retrabalhos, perdas de tempo, faz com que se aproveite melhor as oportunidades e se previna mais adequadamente as intempéries; - Conseguir de maneira equilibrada e continuada, interagir com diferentes tipos de personalidades, faixas etárias e comportamentos; - Ter visão global e estratégica dos negócios e da cadeia que está inserido; - Mobilizar as pessoas para um proposito; e - Se adaptar aos diferentes ambientes.

genética para a avicultura de corte. Na edição de número 21, o SBSA inova ao abrir espaço para startups e troca de conhecimento com eventos paralelos e a presença de grandes especialistas. O evento atrai a participação de profissionais de toda a América Latina, especialmente de países como Argentina, Perú, Colômbia, Paraguai, Chile e México. Desta forma, as palestras têm tradução simultânea para o espanhol. Profissionais da indústria, academia, órgãos de defesa e consultores compõe a Comissão Científica do SBSA, presidida nesta edição pelo médico veterinário Guilherme Lando Bernardo. “Ao realizar o SB-

SA para profissionais, o grande papel do Nucleovet é provocar atitudes de mudança dentro da indústria avícola brasileira, visando o crescimento técnico, sustentável e produtivo do setor”. Guilherme Lando Bernardo é médico veterinário, graduado Universidade do Oeste de Santa Catarina e especializado em Sanidade de Aves pela mesma instituição. Possui experiência na avicultura, com com ênfase em Sanidade de Frango de Corte. Programação focada em visões inovadoras O SBSA cresceu junto com a avicultura brasileira, discutindo gargalos e antecipando tendências. João Batista Lancini, consultor na

SBSA 2020 Em debate, a inovação e o futuro da avicultura A 21ª edição do Simpósio Brasil Sul de Avicultura será realizada de 07 a 09 de abril em Chapecó-SC, com o desafio de apresentar tecnologias e debates que contribuem para o desenvolvimento do setor. O evento é promovido pelo Nucleovet – Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas. Integrando o calendário brasileiro e latino-americano de eventos técnicos da avicultura, o SBSA apresenta programação científica ousada e muitas novidades na Poultry Fair, feira de negócios com foco em tecnologias e soluções para sanidade, nutrição, equipamentos e

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O evento apresenta também temas relacionados às novas regras de fiscalização no abate de aves e o efeito do manejo pré-abate sobre os níveis de condenações

área e membro da comissão científica em todas as edições, destaca o foco do simpósio nas demandas da avicultura. “Ano a ano, procuramos diversificar os temas e os palestrantes, apresentando informações inovadoras e opiniões diferentes sobre os mesmos temas”. Para Lancini, com o alto nível esperado pelos participantes, a tarefa da comissão científica exige, a cada ano, criatividade e responsabilidade. A programação diversificada, inovadora e globalizada, oportuniza discussões aprofundadas, e podem ajudar na tomada de decisões no campo. Lancini enfatiza a discussão de estratégias globais na sanidade “Neste ano, destacamos as estratégias definidas pela avicultura brasileira e mundial, referente ao manejo alternativo aos antibióticos, com base na preocupação com as bactérias multirresistentes”. O evento, que ano após anos cresceu em número de participantes, apresenta ainda temas relacionados às novas regras de fiscalização no abate de aves e o efeito do

manejo pré-abate sobre os níveis de condenações. “São aspectos que, certamente, fornecerão informações importantes aos colegas da produção” adianta. 21 anos de troca de conhecimento “Nestas duas décadas, o Nucleovet profissionalizou-se, embora todos os colaboradores são colegas voluntários”, comenta Lancini. A profissionalização aumenta as responsabilidades e as exigências das equipes envolvidas na organização. “Tornou-se um grande evento e a expectativa dos colegas que participam aumenta, naturalmente, a cada ano”, afirma. Lancini acredita que é preciso inovar, aproveitando o conhecimento e a experiência dos mais antigos com a energia e o conhecimento dos colegas mais jovens. “Um processo de evolução e inovação inevitável para manter o grupo de colegas unidos e estimulados a compartilharem suas habilidades e seu tempo para promover o Simpósio”, pondera Lancini.

A primeira etapa de inscrições encerra no dia 28 de fevereiro. As vagas para o evento podem ser garantidas pelo site www.nucleovet. com.br a um valor de R$ 400,00 para profissionais e R$ 300,00 para estudantes. A partir desta data os valores passam a R$ 440,00 e R$ 340,00 respectivamente até o dia 31 de março. As inscrições poderão ser feitas ainda durante o evento a R$ 500,00 para profissionais e R$ 400,00 para estudantes. São oferecidos ainda preços diferenciados para agroindústrias com pacotes a partir de 10 inscrições, com valores iniciais de R$ 300,00. Para universidades os pacotes a partir de 10 inscrições os valores são de R$ 270,00, R$ 300,00 e R$ 350,00, respectivamente. Simpósio Brasil Sul de Avicultura De 07 a 09 de abril de 2020 Centro de Cultura e Eventos Plinio Arlindo De Nês Veja a programação completa em breve www.nucleovet.com.br

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Recursos Hídricos

Mau uso da água pelo agronegócio pode ser combatido com simples soluções Quanto ao abastecimento animal, a quantidade de uso da água está diretamente ligada a fatores de características do animal, zootécnicos e ambientais

U

m estudo divulgado no ano passado pela Agência Nacional de Águas (ANA) mostrou que em 2017 a agricultura irrigada e o abastecimento animal representaram 60% do consumo dos recursos hídricos nacionais disponíveis. Isso significa que dos 2 milhões e 83 mil litros por segundo de água consumidos no Brasil naquele ano, só a agricultura irrigada utilizou 1 milhão de litros por segundo (52%), enquanto o abastecimento animal respondeu por 8%. Ou seja, o agronegócio gera um gasto consideravelmente superior ao da indústria (cerca de 20%) e do uso residencial (12%). Tamanho consumo demanda a busca por alternativas que reduzam a necessidade de água, soluções essas que já estão disponíveis no mercado para melhorar o aproveitamento dos recursos hídricos. "É possível pensar em agronegócio e meio ambiente como áreas integradas, que colaboram juntas para o desenvolvimento sustentável. O importante é entender e analisar como o setor pode se valer de soluções que diminuam o impacto ambiental e ao mesmo tempo ajudem a movimentar a economia", defende Leo Cesar Melo, CEO da Allonda Ambiental, empresa de engenharia com atuação em soluções ambientais sustentáveis.

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Uma das opções, já bastante difundida em outros setores, é o reuso de água. Ou seja, a água utilizada em outros processos de produção no campo pode ser reaproveitada após passar por estações de tratamento, para que esteja nas condições adequadas para irrigação da lavoura. "A partir de um estudo técnico, a instalação dessas estações de tratamento pode ser feita de acordo com o tamanho ou a necessidade de diferentes culturas. Com um projeto específico, adequado, certamente trará redução de custos e otimização de recursos naturais", afirma o CEO da Allonda Ambiental. Outra opção sustentável para o agronegócio é a recuperação de efluentes, também por meio de estações de tratamento, para reduzir ou até mesmo eliminar o volume, concentração e toxidade de cargas poluentes. De acordo com Melo, até mesmo o lodo gerado por esse tratamento pode ser reaproveitado. "Após estudo e análise do material, é possível utilizá-lo para produção de fertilizantes ou até mesmo energia elétrica, a partir da queima", garante. Ele diz que a água resultante do processo também pode ser reutilizada, tornando o método ainda mais vantajoso. A Revista do AviSite foi aprofundar o tema em uma entrevista com Bruno Fontes, coordenador da Allonda Ambiental. Acompanhe na sequência.

É possível diminuir o consumo de água pela atividade do agronegócio? Como seria? Sim, é possível reduzir o consumo da água neste ramo de atividade considerando alguns aspectos como: - uso consciente de novas tecnologias de irrigação que otimizem o uso da água, como por exemplo as técnicas de irrigação localizada (micro aspersão, gotejamento), além de processamento e análise de imagens de satélite para otimizar a aplicação de água na agricultura; - manter uma periodicidade quanto à manutenção de sistemas de irrigação, reduzindo as perdas na distribuição da água no campo; - utilização de telas que limitam a incidência solar em culturas irrigadas como as verduras; - utilização de plantas mais eficientes e resistentes quanto ao estresse hídrico; - utilização de práticas de proteção ao solo como o sistema de plantio direto de culturas, com a preservação da umidade do terreno; - utilização de estruturas como pequenas barragens para armazenamento de água da chuva com o objetivo de aplicar posteriormente nas culturas irrigadas; - utilização de água de reuso em atividades que demandam água, porém


não de qualidade potável – ou seja, deixar de utilizar água potável para fins que não exijam a utilização desta classe de água. Quanto ao abastecimento animal, a quantidade de uso da água está diretamente ligada a fatores de características do animal, zootécnicos e ambientais. A gestão da alimentação do animal, dos dejetos produzidos, da higienização das instalações e do processamento e beneficiamento do produto final poderá refletir diretamente no consumo de água nos sistemas de produção animal, além de influenciar direta e indiretamente sobre os aspectos produtivos, econômicos, sociais e ambientais de toda a cadeia de produção. Como é possível pensar em agronegócio e meio ambiente como áreas integradas, que colaboram juntas para o desenvolvimento sustentável? Com o correto manejo dos sistemas de produção vegetal e animal no agronegócio, utilizando técnicas de otimização de perdas e processos,

Bruno Fontes, coordenador da Allonda Ambiental.

“Quando este pequeno produtor passa a comercializar seus produtos com um mercado que, hoje em dia, exige uma responsabilidade socioambiental, ele é obrigado a se enquadrar nas demandas de sustentabilidade do mercado inserido, no qual toda a cadeia de produção é rastreável. A partir desta premissa de mercado, os grandes produtores do setor rural estão se preocupando cada vez mais com a manutenção e recuperação do efluente gerado, indo ao encontro direto dos princípios da Agroindústria 4.0”.

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Recursos Hídricos atrelados à aplicação de soluções inovadoras, é possível prover a conservação do ambiente onde estão inseridos estes processos, viabilizando outros tipos de atividades economicamente rentáveis como, por exemplo, o ecoturismo rural com integração entre homem-agronegócio-turismo. Além disso, é extremamente importante manter o agronegócio e meio ambiente como áreas integradas, visto que a degradação da vegetação nativa, combinada com as mudanças climáticas ao qual o planeta está passando, pode ocasionar reflexos diretos em fatores ambientais importantíssimos para a atividade agropecuária como, por exemplo, o regime de distribuição de chuvas, umidade do solo, polinizadores, entre outros. Quais são as soluções para diminuir o impacto ambiental e ao mesmo tempo ajudar a movimentar a economia? Com o mundo cada vez mais interligado, tanto entre pessoas quanto entre os processos produtivos e de mercado, a agricultura está acompanhando uma tendência que se iniciou nos grandes polos industriais. A Indústria 4.0, onde é aplicado um conjunto de tecnologias digitais integradas conectadas entre si, visando a otimização dos processos, obtendo uma significativa redução de perdas, resíduos e custos, garante ao mesmo tempo aumento da eficiência da produtividade e rentabilidade. A Agricultura 4.0, basicamente, espelha os ganhos que ocorrem na Indústria 4.0, abrangendo um campo de atuação que engloba o meio agrícola e industrial, transformando-se em Agroindústria 4.0, no qual há redução dos impactos ambientais das atividades desenvolvidas neste setor, com reflexos relevantes no cenário econômico nacional. É possível adaptar um projeto de reuso de água pela avicultura? Como seria esse projeto e quais partes ele contemplaria?

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A utilização de água de reuso na avicultura é viável, respeitando a qualidade da água necessária quanto à sua aplicação. Existem regulamentações que limitam ou liberam o reuso de água como a NBR 13969:1997 e, no caso da avicultura, também devem ser respeitados os padrões de qualidade da água a ser utilizada em indústria de alimentos de origem animal, citados no Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal – RIISPOA, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Nos últimos anos, criadores de aves vêm reutilizando a água da chuva em suas propriedades para a limpeza das instalações, equipamentos e caminhões do processo produtivo. Além disso, há casos em que a água de reuso pode ser aplicada em equipamentos onde não há contato direto com o animal como, por exemplo, em serpentina de chocadeiras que demandam água para a manutenção da temperatura ideal, permitindo o bom desenvolvimento do embrião. Esta água de reuso pode ser proveniente da água da chuva, como dito anteriormente, ou, com a implantação de sistemas de tratamento de efluentes da propriedade, esse recurso hídrico pode atender às demandas de lavagem de piso dos galpões, utilização em chocadeiras etc. Em termos de legislação, como funciona a questão da recuperação de efluentes? Você considera que o agronegócio está preparado e se preocupa devidamente com a manutenção e recuperação dos efluentes? O agronegócio deve respeitar as legislações federais, estaduais e municipais dos locais onde a atividade está inserida. Quanto à maturidade de atendimento à legislação e preocupação com os efluentes, percebe-se que diversos pequenos produtores sentem dificuldade em realizar a correta gestão de seus efluentes visto a limitação e escassez de recursos que deveriam ser

aplicados para este fim. Por outro lado, quando este pequeno produtor passa a comercializar seus produtos com um mercado que, hoje em dia, exige uma responsabilidade socioambiental, ele é obrigado a se enquadrar nas demandas de sustentabilidade do mercado inserido, no qual toda a cadeia de produção é rastreável. A partir desta premissa de mercado, os grandes produtores do setor rural estão se preocupando cada vez mais com a manutenção e recuperação do efluente gerado, indo ao encontro direto dos princípios da Agroindústria 4.0. Qual é o impacto, a longo prazo, da utilização indiscriminada dos recursos hídricos pelo agronegócio? A longo prazo, a utilização indiscriminada de recursos hídricos pode gerar uma crise de abastecimento graças às perdas de produtividade que serão reflexo da pouca disponibilidade de água para aplicação no agronegócio, ou seja, o uso indiscriminado da água pode acarretar escassez hídrica, limitando sua aplicação nas atividades agrícola, reduzindo a produtividade e disponibilidade de alimentos e insumos para todo o mercado. Quais são os ganhos (econômicos e ambientais) da utilização dos recursos hídricos de forma consciente e controlada? A utilização dos recursos hídricos de forma consciente propicia uma série de vantagens, tais como: redução dos custos de produção no agronegócio e otimização do gasto energético, ganho em imagem quanto aos aspectos sustentáveis, garantia da disponibilidade hídrica (segurança hídrica), preservação de espécies animais e vegetais que fazem parte do ecossistema e da cadeia alimentar ao qual a atividade econômica está inserida (evitando o desequilíbrio ambiental), garantia de prosperidade de produção, minimização dos reflexos da mudança climática, manutenção do ciclo hídrico etc.


Opinião

Exportação e sustentação O movimento ascendente das vendas externas do agro tende a continuar, seja pela eficiência e competitividade da nossa matriz produtiva do campo, seja pelos cenários da demanda mundial de alimentos, mesmo com norteamericanos e chineses catimbando o jogo

S

aíram os números das exportações do agro em 2019, confirmando a liderança e papel estratégico do setor no total das vendas externas brasileiras: 96,8 bilhões de dólares, representando 43,2% das exportações brasileiras totais. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do MAPA e mostram que o valor diminuiu 4,3% em relação a 2018, reflexo do recuo de 6,9% no índice de preço das exportações. Em parte, o aumento nas quantidades exportadas compensou esse emagrecimento dos preços, cujo maior impacto se deu na soja, líder nas vendas. Vale um destaque para o milho: safra de 100 milhões de toneladas e um excedente exportável de 20 milhões de toneladas, que praticamente dobrou as vendas do grão ao exterior, com aumento de 88,5% em volume e 87,5% em valor, comparativamente a 2018. O cereal é estrela ascendente nas exportações, puxado pelo vigor da produção animal, e ainda começa a receber impulso via etanol de milho: no final do ano, ocorreu a primeira exportação de DDG de milho, subproduto da fabricação de etanol, utilizado em nutrição animal. Outros destaques das vendas externas foram a carne e o algodão, com avanços de 12,5% e 56,8%, respectivamente. Mas é de um olhar histórico que vem um dado muito significativo sobre a importância estratégica de nossas exportações agropecuárias: voltando no tempo dez anos, observa-se que em

Coriolano Xavier, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Professor da ESPM

2009 as vendas externas do agro totalizavam 64,7 bilhões de dólares, crescendo 50% de lá para cá. Um fôlego e tanto para nossa economia, que derrapou ou deu ré em boa parte da década. O movimento ascendente das vendas externas do agro tende a continuar, seja pela eficiência e competitividade da nossa matriz produtiva do campo, seja pelos cenários da demanda mundial de alimentos, mesmo com norte-americanos e chineses catimbando o jogo. No jeito caipira e simples de se dizer, é só garantir o crédito, fazer estrada e botar dinheiro no seguro. Crédito para dar sustentação à produção e renda do produtor, e foco em infraestrutura e logística para pelo menos reduzir bem o débito que o país tem com

os agricultores, nessa área. Já o seguro envolve dimensões de política agrícola, de organização do mercado securitário e até culturais. Hoje o mercado já dispõe de produtos modernos nessa área, mas a penetração do seguro ainda é pequena: dos 63 milhões de ha cultivados (2018/2019), a subvenção do seguro rural cobriu perto de 10% apenas. Para a safra atual a subvenção prevê cobertura de 15 milhões de ha. E a modernidade securitária demanda ênfase ampliada à renda do produtor, aos fatores de produção e à logística, por exemplo. Nosso principal competidor, Estados Unidos, faz isso desde os anos 1990. Hora de batermos essa bola também, pois a causa é nobre: exportação sustentável. A Revista do AviSite

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Ciência & Tecnologia

Uso de pigmentantes na avicultura de corte

A cor da pele das aves é pigmentada por carotenoides que são adicionados às dietas de frangos de corte, uma vez que eles não são capazes de sintetizar carotenoides Autores: Sarah Sgavioli1*, Hildene Andrey Zago Biavatti1, Mariana Gabriela Alves1, Juliana Lolli Malagoli de Melo2 (1) Universidade Brasil. Descalvado – SP. (2) Universidade Estadual Paulista. Jaboticabal – SP. *Autor correspondente: sarahsgavioli@yahoo.com.br

E

ntende-se por pigmentos todos os compostos orgânicos que têm a capacidade de absorver, seletivamente, a luz, adquirindo intensa coloração, que confere aos corpos aos quais se adere (Freitas et al., 2015). Devido à larga distribuição, diversidade estrutural e suas inúmeras funções, os carotenoides constituem um dos mais importantes grupos de pigmentos. São compostos lipossolúveis responsáveis pelas cores amarelo, laranja e vermelho de alimentos como frutas, vegetais, gema de ovo, alguns peixes como salmão e truta e algas e crustáceos (Maldonade et al., 2008). Do ponto de vista químico, carotenoides são compostos polisoprenóides e podem ser divididos em dois grandes grupos: (a) carotenos ou carotenoides hidrocarbonos, que são compostos apenas de carbono e hidrogênio (ex. α e β-caroteno e licopeno) e (b) xantofilas, que são derivados oxigenados dos carotenos e contém pelo menos uma função hidroxi, ceto, epóxi, metoxi ou ácido carboxílico (ex. luteína, zeaxantina, cantaxantina, norbixina e astaxantina) (Quirós, 2006; Granado-Lorencio et al., 2009). Os termos xantofilas e carotenoides são usados alternadamente na literatura para se referir a todos os pigmentos de gordura solúvel encontrados em carcaças de frangos de

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corte, ovos e produtos de ovos. A tonalidade e a eficiência de coloração dependem de suas estruturas químicas individuais. Os comprimentos de onda das cores dos carotenoides usados para gema de ovo e pigmentação de frangos ficam entre 400nm e 600nm, portanto, dentro da faixa visível do espectro de cores. Para o olho humano, esses compostos são de cor amarela a vermelha (Wang et al., 2016). Os carotenoides são substâncias bastante instáveis em função da presença de insaturações em sua composição, podendo oxidar facilmente na presença de fatores adversos como temperatura, luz e pH. Os carotenoides utilizados comercialmente são obtidos por rota sintética ou por extração a partir de plantas, de algumas bactérias e de fungos (Botellapavía et al., 2006). Para alcançar a cor desejada, as dietas geralmente combinam um carotenoide amarelo (apo-éster, luteína, zeaxantina) e um vermelho (cantaxantina, citranaxantina, capsantina ou capsorubina). Os pigmentantes sintéticos amarelos são produtos com alta concentração de pigmento amarelo e ocorrem na natureza como produto metabólico do apo-éster. Sua forma comercial é o etil-éster-beta-apo-8-caroteno. Já, o pig-

mento vermelho sintético é a cantaxantina, comercializado como 4,4’-diceto-α-caroteno (Moura et al., 2009). Nos últimos anos, o uso de pigmentantes naturais tem sido explorado, por meio da inclusão de xantofilas e carotenoides de origem vegetal, os quais são as principais fontes de pigmentantes alimentares naturais, devido a segurança, não toxicidade, atividade biológica e biodisponibilidade (Liu et al.,2008). São descritas funções pigmentantes, antioxidantes, pró-vitaminas e imunomoduladoras, todas associadas aos carotenoides. Os pigmentantes naturais mais utilizados nas rações são extrato de urucum (Bixa orellana), açafrão (Curcuma longa), calêndula (Tagetes erecta) e páprica (Capsicum annum).

Demanda dos consumidores As atuais demandas dos consumidores por alimentos saudáveis e naturais têm estimulado pesquisas na área de nutrição animal, com o objetivo de encontrar alternativas para substituir ingredientes sintéticos utilizados na alimentação animal, capazes de manter ou aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção (Lemos et al., 2016).


Os consumidores tendem a avaliar de forma positiva produtos uniformes e de forma negativa, ou como um defeito, produtos não homogêneos e por esta razão, os varejistas solicitam lotes de aves com uma pigmentação uniforme da pele. No entanto, devido aos diferentes fatores que afetam a cor da pele, as carcaças de frangos de corte são caracterizadas por grandes variações de cor, portanto, a indústria de rações comumente adiciona pigmentos às dietas de frangos de corte para atender à demanda do consumidor. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP (2010), realizou um estudo e concluiu que a cor, sem dúvida, é o fator que mais influência na tomada de decisão do consumidor em adquirir ou não um produto alimentício. No momento da compra os consumidores analisam e dão preferência por produtos que possuam cores intensas e brilhantes, associando-os a produtos de qualidade e de alto teor de vitaminas.

Portanto, a aparência da superfície da carne favorece a tomada de decisão do consumidor durante a compra dos produtos, uma vez que é o único fator inerente à carne que pode ser percebido visualmente no momento da compra e pode determinar sua aceitação ou rejeição.

Uso de pigmentantes na avicultura de corte A cor da pele das aves é pigmentada por carotenoides que são adicionados às dietas de frangos de corte, uma vez que eles não são capazes de sintetizar carotenoides. Os carotenoides utilizados para pigmentação de alimentos podem ser obtidos por via química ou extração de plantas e/ou algas. A deposição de pigmento em tecidos específicos é dependente da quantidade apropriada na dieta, da taxa de deposição no tecido em crescimento e da capacidade da ave em digerir, absorver e metabolizá-lo.

Os carotenoides utilizados para pigmentação de alimentos podem ser obtidos por via química ou extração de plantas e/ou algas

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Ciência & Tecnologia

A deposição de pigmento em tecidos específicos é dependente da quantidade apropriada na dieta, da taxa de deposição no tecido em crescimento e da capacidade da ave em digerir, absorver e metabolizá-lo 48 A Revista do AviSite

Além da alimentação, a pigmentação da pele das aves pode ser afetada por fatores como genética, saúde das aves, atividade física e condições de abate. Os varejistas solicitam lotes de carcaças de frangos que tenham pigmentação uniforme da pele, pois a despigmentação de produtos pode resultar em rejeição por parte do consumidor no momento da compra, que prefere alimentos mais pigmentados por associar esta característica à saúde das aves. Devido à preocupação com o uso de aditivos químicos em alimentos, há interesse no uso de carotenoides obtidos naturalmente por processos biotecnológicos. Entre os pigmentos sintéticos, temos a cantaxantina e o apo-éster (Garcia et al., 2002; Castañeda et al., 2005; Moura et al., 2011), que possuem riscos de toxicidade, quando comparados aos pigmentantes naturais (Li et al., 2003; Zhou et al., 2003; Lu et al., 2005). A eficácia de uma fonte natural sobre a pigmentação dos alimentos depende da concentração utilizada e da disponibilidade dos pigmentantes no produto. Quando ocorre a substituição do milho por sorgo pode ocorrer uma diminuição na coloração da carne do peito e de pernas de frango de corte, pois o sorgo é deficiente em caroteno e xantofilas. Com isso, Souza et al. (2015), utilizaram resíduo da semente de urucum nas proporções de 3, 6, 9 e 15% na ração de frangos de corte contendo sorgo, em substituição ao milho e verificaram que a partir da utilização de 3% do resíduo já é possível melhorar a pigmentação da carne. Em estudo realizado por Botelho et al. (2017), os autores concluíram que a inclusão de até 2% de açafrão

(Curcuma longa L.) em rações de frango de corte contendo sorgo, promoveu maior coloração de corte de coxa sem interferir no desempenho e característica de carcaça. Surai et al. (2003) avaliaram a inclusão de cantaxantina em dietas para matrizes de corte e observaram uma redução na peroxidação lipídica dos tecidos de pintos de corte após a eclosão, com importância devido ao controle do efeito negativo associado à formação de radicais livres, devido a condições de estresse, crescimento rápido, altas taxas reprodutivas e metabolismo intenso. O urucum apresenta bons resultados bromatológicos para ser utilizado na alimentação de aves, pois é um alimento que possui forte coloração vermelha, sendo um alimento alternativo com grande potencial de pigmentação. Harder et al. (2010) relataram que o uso de urucum resultou em um aumento na pigmentação de cortes de peito de frango. A importância do urucum se deve principalmente às limitações do uso de corantes artificiais em alimentos, levando a indústria alimentícia a optar pela exploração de corantes naturais. Wang et al., (2017) relataram que aves suplementadas com 0,30% de extrato de calêndula atingiram o mesmo potencial de pigmentação das patas e bicos quando alimentadas com 0,60%, indicando que os tecidos possuem diferenças quanto ao depósito de pigmentos. A adição de antioxidantes na dieta pode reduzir os efeitos adversos do estresse oxidativo na produção de frangos de corte e melhorar a qualidade da carne. As referências podem ser solicitadas ao autor correspondente.


BALANÇO 2019

2019: os principais números da avicultura de corte e postura em breve retrospectiva Alojamento de matrizes de corte Produção de pintos de corte Carne de frango inspecionada Exportação de carne de frango Disponibilidade de carne de frango Alojamento de pintainhas de postura Produção de ovos de galinha Exportação de ovos de consumo Exportação de ovos férteis

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Revista do AviSite reserva parte de sua primeira edição de 2020 para uma breve retrospectiva dos principais números da avicultura brasileira de corte e postura em 2019. Sem dúvida inesquecível ao proporcionar resultados econômicos que superaram as melhores expectativas, o ano que passou ganhou sabor mais especial por suceder três exercícios sucessivos de altos desafios e frustrações: 2016, com a quebra de safra e a falta de matérias-primas; 2017, com a mal direcionada Operação Carne Fraca; e 2018, com o desdobramento dessa Operação e o enfrentamento de retaliações no mercado externo. É verdade que parte do bom desempenho registrado resultou de ocorrências inesperadas no mercado internacional – caso, principalmente, da disseminação dos surtos de peste suína africana no maior produtor mundial, a China, e em outros países, sobretudo asiáticos. Mas o que não foi dito – e agora os números ressaltam – é que, influenciada por três anos de decepções, a avicultura de corte entrou em 2019 com uma capacidade de produção melhor adequada ao momento econômico porque passa o País e o mundo. Exemplificando, sua capacidade de produção em 2019 (determinada pelo alojamento de matrizes de corte do ano anterior) retrocedeu ao menor nível em quatro anos. Em decorrência, faltaram pintos de corte. Em decorrência, também, caíram as exportações de ovos férteis. Porque era preciso atender a demanda interna.

Após forte queda em 2018, números superam o recorde mantido desde 2015 Volume aumentou 6,5%, mas recorde de 2015 ainda não foi alcançado Abates inspecionados permaneceram no mesmo nível de 2018 Volume aumentou 2,5% e receita quase 8%, mas não foram recordes Abates inspecionados indicam queda na oferta interna de carne de frango Volume alojado quase dobra em uma década e segue batendo recordes Nos últimos 10 anos, superação de volume ano após ano, sem retrocessos Demanda interna aumenta e vendas externas sofrem forte recuo Demanda interna maior também é justificativa para redução dos embarques Todos os esforços foram desenvolvidos para atender a demanda inesperada e, mesmo tendo sido registrados alguns aumentos, praticamente nenhum recorde anterior foi superado (exceto no alojamento de novas reprodutoras). Na produção de pintos de corte e na exportação de carne de frango persistem recordes anteriores; no abate inspecionado, a produção de carne de frango permaneceu nos mesmos níveis do ano anterior; e como houve ligeiro aumento nas exportações, a disponibilidade interna sofreu recuo. Diferentemente, a área de postura segue batendo recordes – no alojamento de pintainhas e na produção de ovos. E também reduziu suas exportações para atender o mercado interno. Mas o que se pretende destacar em relação à avicultura de corte é a possibilidade de se produzir mais mesmo dispondo de uma menor capacidade de produção. 2019 deu uma prova cabal disso. Quando 2020 começou, todas as perspectivas apontavam para a repetição dos resultados do ano anterior. Mas a disseminação de um problema de saúde humana – a Covid 19 – levantou uma cortina de indefinições que só o tempo conseguirá equacionar. Mas quanto? O que se sabe é que, hoje, a capacidade do setor é maior que a de 2019. E em havendo empecilhos à demanda (principalmente externa) problemas podem surgir. O momento pede cautela. Que, como o caldo de galinha, não faz mal a ninguém. Muitíssimo ao contrário.

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BALANÇO 2019

Alojamento de matrizes de corte aumenta 6% e supera recorde mantido desde 2015 I

nformações de mercado dão conta de que em 2019 foram alojadas no Brasil em torno de 51,5 milhões de cabeças de matrizes de corte. Pendente de confirmação, o volume indicado significou aumento de cerca de 6% sobre o alojado em 2018 (48,426 milhões de cabeças) e de 16% sobre o registrado em 2009 – o número atual sugerindo que, em uma década, o aloja-

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mento cresceu à média de 1,5% ao ano. Mas o alojamento efetivo não se comportou assim, pois nesse período houve altas e baixas significativas. Aliás, o volume atual reverte todo um triênio (2016/2018) de reduções e, assim, rompe recorde mantido desde 2015. Neste caso, o incremento médio não chega a meio por cento ao ano.


Produção de pintos de corte aumentou 6,5%, mas recorde de 2015 persiste M

esmo tendo aumentado 6,5% em relação ao ano anterior, a produção brasileira de pintos de corte de 2019 correspondeu, apenas, ao maior volume produzido pelo setor nos últimos quatro anos. Ou seja: continua aquém do que foi registrado em 2015, ocasião em que se ultrapassou ligeiramente os 6,5 bilhões de cabeças, volume que permanece como recorde histórico. Aliás, desde que entrou na faixa dos 6 bilhões, em

2011, a produção brasileira de pintos de corte não tem sofrido grandes variações anuais. A média produzida no período girou em torno de 6,260 bilhões de cabeças/ano, com variações máximas de 4% acima e abaixo desse volume. Bem diferente do observado em idêntico espaço de tempo anterior (2001/2009), ocasião em que o volume produzido registrou variações de quase um quarto (perto de 25%) acima e abaixo da média então observada.

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BALANÇO 2019

Carne de frango sob inspeção: volume abatido permaneceu no mesmo nível de 2018 E

nfocando o abate de animais em estabelecimentos inspecionados no quarto trimestre do ano passado, os dados divulgados pelo IBGE em fevereiro, embora preliminares, possibilitam traçar um panorama da produção e abate de frangos no decorrer do exercício passado. Como mostra a tabela, o número de cabeças de frango abatidas em estabelecimentos sob inspeção aumentou pouco mais de 1,5%, ficando próximo dos 5,8 bilhões de cabeças. Já a carne de frango produzida a partir desses abates ficou praticamente estável em comparação a 2018, já que o aumento anual registrado foi de apenas 0,01%. A expansão menor no volume de carne (+0,01%) em

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comparação à expansão no número de cabeças abatidas (+1,58%) indica que o peso médio das aves abatidas retrocedeu em relação ao ano anterior. É apontada, neste caso, queda de 1,5%. Notar, porém, que essa redução não decorre de menor produtividade, apenas reflete diferentes condições de mercado. Assim, em 2018, com a greve dos caminhoneiros, os frangos então criados saíram para o abate com sensível atraso e, por isso, adquiriram peso acima do normal. É provável, também, que no final de 2019, com a forte procura registrada na ocasião, parte dos abates foi antecipada para atender a demanda do mercado, isto implicando em menor volume de carne.


Na exportação, volume de carne de frango aumentou 2,5% e receita quase 8% E

m 2019, conforme a SECEX/ME, os embarques de carne de frango giraram em torno dos 4,120 milhões de toneladas e geraram receita próxima de US$ 6,9 bilhões. Como o incremento do volume foi de 2,55% e o da receita de 7,71%, fica claro que houve melhora no preço médio do produto em relação a 2018. Neste caso, de pouco mais de 5%. Interessante notar que embora o volume embarcado no segundo semestre tenha sido ligeiramente maior que o do primeiro semestre, todo o ganho obtido ficou concentrado na metade inicial do ano. Ou seja: enquanto nos seis primeiros meses de 2019 registrou-se incremento de volume de mais de

12% sobre idêntico período do ano anterior, no segundo semestre essa relação ficou negativa, apresentando decréscimo anual de quase 5,5%. Como a ocorrência generalizada de surtos da peste suína africana criou uma lacuna no abastecimento mundial de carnes, 2020 tem espaço para que se supere o máximo já exportado pelo setor – 4,3 milhões de toneladas, recorde que se mantém desde 2016. Porém, o surgimento da Covid-19 gera indefinição no comércio internacional, passível de – ainda que temporariamente – tumultuar todo o sistema exportador. E não só o brasileiro.

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BALANÇO 2019

Disponibilidade interna: abates inspecionados indicam queda de 1% no ano P

artindo do princípio de que toda carne de frango exportada é submetida a inspeção (no caso, federal), os números do IBGE relativos aos abates realizados em estabelecimentos inspecionados permitem ter boa ideia de como esteve a disponibilidade interna do produto no decorrer de 2019. E a principal conclusão é a de que recuou pelo menos 1% em relação a 2018. A tabela abaixo mantém, como base, os mesmos padrões adotados pelo IBGE: resultados acumulados trimestralmente (preliminares para o 4º trimestre de 2019). Eles indicam que embora a redução média nacional tenha ficado em 1%, no segundo trimestre do ano o índice de retrocesso foi bem mais significativo, apresentando queda de 11,5%.

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No período, por sinal, foi registrada a segunda menor disponibilidade interna dos oito trimestre analisados, o que ajuda a explicar o fato de, no período, o frango abatido ter alcançado valor médio superior ao dos registrados no primeiro e terceiro trimestre do ano. Opostamente, os piores preços do ano foram registrados no terceiro trimestre (piores, até, do que os do primeiro trimestre, fato raro no setor). Porém – e talvez não por coincidência – nesse período a disponibilidade interna do produto registra alta alarmante – de 10,5% em relação ao mesmo período de 2018. A alta, neste caso, foi determinada pela combinação de um aumento da produção inspecionada (mais de 2% no trimestre) e de uma expressiva queda nas exportações (13% a menos).


Alojamento de pintainhas de postura segue batendo recordes A

o aumentar 2,5% e alcançar volume próximo de 118,5 milhões de cabeças, o alojamento de pintainhas comerciais futuras poedeiras de ovos brancos e vermelhos atingiu novo recorde. Não foi, porém, um recorde que causasse surpresas, pois a superação dos números anteriores tem sido praticamente constante no setor. Tanto que, entre 2009 e 2019, em apenas uma ocasião (2015) registrou-se ligeiro retrocesso em relação ao ano anterior. Em uma década o volume alojado aumentou 95%, média (nada desprezível) de quase 7% ao ano. Mas a contribuição maior para esse aumento foi dada pelas pintainhas de ovos

brancos, cujo volume em 10 anos aumentou perto de 120%, passando de 44,783 milhões de cabeças em 2009 para 98,335 milhões de cabeças no ano que passou. Como o volume de pintainhas destinadas à produção de ovos vermelhos aumentou proporcionalmente menos – de 15,935 milhões de cabeças para 20,164 milhões de cabeças, incremento de 26,5% - a conclusão é a de que houve significativo aumento na participação das pintainhas de ovos brancos. Efetivamente, elas que em 2009 representavam perto de 74% do total alojado, em 2019 elevaram sua participação para 83% do total – expansão de 12,5%.

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BALANÇO 2019

Superação ano após ano na produção de ovos de galinha O

s levantamentos trimestrais do IBGE apontam que a produção anual brasileira de ovos de galinha cresceu ininterruptamente no período entre 2009 e 2019. O que variou nesses 11 anos foi, somente, o índice de incremento anual: em 2013, o volume produzido aumentou apenas 1,66% em relação ao ano anterior; já em 2018, a variação anual foi de, praticamente, 9% - o maior índice de expansão registrado no período analisado. Embora os resultados relativos a 2019 sejam preliminares, é permitido concluir que, em uma década, a produção de ovos de galinha aumentou mais de 60%, passando

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de cerca de 2,361 bilhões de dúzias para volume em torno dos 3,830 bilhões de dúzias. Mesmo o incremento sendo expressivo – média próxima de 5% ao ano – levanta uma indagação, visto se encontrar visivelmente aquém da expansão no alojamento das pintainhas de postura, suas produtoras. Qual é a explicação? Neste caso é oportuno esclarecer que o presente levantamento do IBGE engloba toda a produção de ovos de galinhas. E isto inclui, além dos ovos de consumo, os destinados à reprodução (de pintos de corte e de postura). Assim, o índice relativamente menor talvez decorra de estagnação ou queda na produção de ovos de reprodução.


Demanda interna faz exportação de ovos recuar a um dos menores volumes da década O

s dados da SECEX/ME indicam que em 2019 o Brasil exportou cerca de 66 milhões de unidades de ovos de consumo, perto de 183,5 mil caixas de 30 dúzias. Foi o segundo menor volume da corrente década e apresentou queda de mais de 40% em relação aos 117,3 milhões de unidades de 2018 – resultado atribuído à forte demanda interna registrada no exercício passado. Porém, pelo comportamento do setor melhor visualizado no gráfico abaixo, é permitido concluir, também, que o setor

de postura comercial ainda não se localizou devidamente no segmento exportador. Os elevados volumes embarcados nos anos de 2015 e 2012 indicam existir mercado externo capaz de absorver entre quatro a seis vezes o que foi exportado em 2019. Entretanto, as fortes variações registradas de um ano para outro sugerem que a exportação de ovos de consumo permanece apenas como uma válvula de escape para as quedas no consumo interno.

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BALANÇO 2019

Exportação de ovos férteis também recuou sob justificativa de demanda interna A

exemplo do ocorrido com os ovos de consumo, as exportações de ovos férteis destinados à produção de pintos de corte também recuaram: somaram perto de 176,8 milhões de unidades, resultado cerca de 18% inferior a 2018. A exemplo, igualmente, dos ovos de consumo, a justificativa para a redução foi a forte demanda registrada no mercado interno. O detalhe, aqui, é que a situação dos produtores de ovos férteis era diferente da apresentada pelos produtores de ovos de consumo. Como se viu anteriormente, o alojamento de pintainhas produtoras de ovos comerciais cresceu significativamente em 2018, propiciando uma capacidade de produção maior para 2019. Não foi o caso do segmento produtor de ovos férteis, cujo alojamento de

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reprodutoras caiu em 2018, retrocedendo ao terceiro menor nível da corrente década. Em outras palavras, a capacidade de produção de 2019 recuou em comparação ao ano anterior, ao mesmo tempo que, em contrapartida, encontrou um mercado interno com maior demanda. A solução foi reduzir o ritmo das exportações. Notar, de toda forma, que as exportações de ovos férteis apresentam maior estabilidade que as de ovos de consumo. Nos nove primeiros anos da presente década a diferença entre o menor e o maior volume exportado (106,7 milhões de unidades em 2013; 215,2 milhões de unidades em 2018) não vai muito além de 100%. Já com os ovos de consumo essa diferença sobe para mais de 550%.


Estatísticas e Preços Desempenho do ovo em fevereiro e no primeiro bimestre de 2020

Adequação ao mercado propicia, nominalmente, a melhor remuneração de todos os tempos R

epetindo o feito de um ano atrás, em fevereiro passado o setor de postura deu mostras de que é possível obter imediata e relevante reversão de mercado, dando estabilidade econômica aos produtores. Pois saiu do menor preço em 12 meses (janeiro de 2020) para a maior cotação nominal de todos os tempos. No início de 2019 observou-se algo parecido. Pois enquanto em janeiro a cotação média do produto retrocedeu ao menor nível da corrente década, no mês seguinte obteve valorização superior a 50%. Desta vez o índice de incremento foi menor: 41%. Mas rompeu um período de estabilidade de preços que (excetuado dezembro, quando o ovo acompanhou a alta das carnes) vinha desde fevereiro do ano passado. E - melhor ainda - propiciou, nominalmente, as maiores cotações já alcançadas pelo produto. De toda forma, é interessante observar que esse movimento de recuperação não começou em fevereiro, teve início em janeiro. Mesmo assim apresentou velocidade raras vezes observadas no setor, pois no curto espaço de cinco semanas foi registrada evolução de 70% no preço pago pela caixa de 30 dúzias

do ovo branco extra (consideradas, neste caso, cargas fechadas negociadas no atacado da cidade de São Paulo). Neste caso, o valor da caixa passou de R$57,00 para R$97,00 (o ovo vermelho chegou a aproximar-se dos R$120,00/caixa), superando um recorde nominal mantido desde abril de 2017, ocasião em que a caixa de ovos brancos do tipo extra chegou a ser comercializada por, em média, R$96,00. O corolário desse comportamento é que, após fechar o primeiro mês do ano com um valor médio real que nos últimos 10 anos só ficou acima dos baixos preços de 2018, o ovo completou o primeiro bimestre de 2020 apresentando reversão até certo ponto inesperada, pois o valor médio subiu de pouco mais de R$67,00/caixa para R$80,54/caixa, situando-se agora mais próximo aos bons níveis registrados em 2016 e 2017. A despeito do enfraquecimento do mercado no final do mês, o bom desempenho tende a se manter e até melhorar. Não apenas porque estamos iniciando novo mês, mas sobretudo porque entramos na Quaresma, período religioso em que, normalmente, o ovo alcança as melhores cotações de cada exercício.

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Estatísticas e Preços Desempenho do frango vivo em fevereiro e no primeiro bimestre de 2020

Com primeiros aumentos do ano, preços apenas retrocedem ao que vigorou em boa parte de 2019 E

m fevereiro, após permanecer por meses como simples balizadora de preços do produto, a cotação do frango vivo apresentou maior compatibilidade com o mercado real, pois - ainda na primeira quinzena do mês - as negociações desenvolvidas no interior paulista voltaram a encontrar um ambiente de demanda. A ponto de romperem uma estabilidade que já durava 15 dias e propiciarem dois reajustes, praticamente consecutivos, de 10 centavos cada. Não representou ganho, é verdade. Pois a cotação de R$3,30/kg que vigorou a partir do dia 13 de fevereiro e fechou o mês de fevereiro correspondeu, somente, ao retorno à mesma cotação vigente em 2019 por quase 150 dias, entre os dias 18 de junho e 7 de novembro. De toda forma, representou um aumento, o primeiro de 2020. Não se pode ignorar, no entanto, que parte da reação observada no mês foi impulsionada por um aumento de procura antecedente ao Carnaval, ocasião em que o varejo se estoca para minimizar os problemas logísticos típicos do período. Aponta nessa direção o fato de, mal iniciada a Quaresma, a cotação regis-

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trada – embora inalterada – voltar a sofrer descontos. O início do terceiro mês do ano – aquele em que o País volta a deslanchar – cria, senão novas expectativas, a esperança de que a demanda continue dando sustentação à oferta atual. Porém, é oportuno lembrar que nos encontramos no período do ano normalmente mais crítico para a comercialização – o da Quaresma. Assim, as próximas seis semanas (a Páscoa é comemorada em 12 de abril) podem apresentar desafios. Ou não. Pois em 2019 foi ao final do período de Quaresma que o frango vivo, tanto em São Paulo como em Minas Gerais, alcançou os melhores preços de 2019. Ou seja: boas surpresas ainda podem ocorrer. E é preciso que ocorram. Pois, sob condições de produção extremamente opostas às de um ano atrás, o frango vivo encerrou o primeiro bimestre de 2020 com um valor médio – R$3,20/ kg – inferior ao que foi registrado no ano passado entre os meses de março e novembro. Aliás, o preço do bimestre se mantém aquém das médias anuais (deflacionadas) registradas em 2013, 2016 e 2019.


Milho e Soja Milho ficou quase 26% mais caro que há um ano Comparativamente a idêntico período de 2019, o milho aumentou mais de um quarto no primeiro bimestre de 2020. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, variou entre um mínimo de R$49,00 e um máximo de R$57,00 (final de fevereiro) – média de R$53,43, valor cerca de 26% superior ao alcançado pelo produto no bimestre janeiro-fevereiro de 2019, ocasião em que foi comercializado por, em média, R$42,45/saca.

Valores de troca – Milho/Frango vivo No período, o frango vivo (interior de SP) alcançou média de R$3,20/kg, valor 11,71% superior ao de idêntico bimestre do ano passado. Mas como a valorização do milho foi muito mais sensível, de quase 26%, o poder de compra do avicultor em relação ao grão sofreu deterioração. Em 2019, primeiro bimestre, 246,5 kg de frango vivo foram suficientes para adquirir uma tonelada. Neste ano o produtor precisou de mais de 278 kg para adquirir o mesmo volume de milho – quase 13% a mais de frangos, o que significa que seu poder de compra recuou mais de 11%.

Preços do farelo de soja mantêm estabilidade no bimestre No primeiro bimestre de 2020 o farelo de soja (FOB, interior de SP) foi cotado por valor quase 10% superior ao de idêntico período de 2019. De toda forma, os primeiros 60 dias do ano foram percorridos com grande estabilidade já que, cotado em média por R$1.330,00 a tonelada, os preços do farelo registraram amplitude de apenas 2,25 pontos percentuais entre os valores mínimo e máximo.

Valores de troca – Farelo/Frango vivo Uma vez que a valorização registrada pelo frango vivo no bimestre esteve muito próxima (diferença, a favor do frango, pouco superior a 2 pontos percentuais), o poder de compra do produto, embora maior, permaneceu praticamente estável. Ou, considerada a aquisição de uma tonelada de farelo de soja, caiu de (cerca de) 425/kg de frango vivo para pouco menos de 416/kg.

Valores de troca – Milho/Ovo Graças a uma forte reversão de mercado em fevereiro, o ovo fechou o primeiro bimestre de 2020 registrando na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias, valor a granel para cargas fechadas) preço médio em torno de R$/74,60, valor 38% superior ao alcançado no mesmo período de 2019 (R$53,88/caixa). Como o milho apresentou alta anual de, aproximadamente, 26% é óbvio que o poder de compra do avicultor apresentou ligeira alta. Assim, foram suficientes perto de 12 caixas para a aquisição de uma tonelada do grão, poder de compra perto de 10% maior que o registrado no mesmo bimestre de 2019 (13,1/caixas/t).

Fontes das informações: www.jox.com.br

Valores de troca – Farelo/Ovo Já em relação ao ovo, o poder de compra do avicultor teve aumento bem mais significativo. Detalhando, um ano atrás, no primeiro bimestre, a aquisição de uma tonelada de farelo de soja absorveu perto de 23 caixas de ovos. Em 2020, esse volume recuou para menos de 18 caixas, uma queda superior a 20% - que elevou em mais de um quarto o poder de compra do produtor.

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Ponto Final

O individualismo que pode custar caro

Nélio Hand é Diretor Executivo AVES-ASES

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stamos acompanhando as movimentações na política em relação à reforma tributária que, segundo é reportado, que provavelmente será votada ainda no primeiro semestre de 2020. A expectativa que gira em torno de pelo menos duas PECs apresentadas pelo Senado Federal e Câmara dos Deputados, certamente gera muitas dúvidas e controvérsias sobre o que será melhor (ou menos pior) para o brasileiro. Estamos vendo, e veremos com maior intensidade, muitos defendendo os interesses de seus estados ou territórios, ninguém quer sair perdendo. A propósito, isso fica evidente quando vemos reações a exemplo do episódio do ICMS dos combustíveis, afinal o desafio lançado aos estados de “zerar” as alíquotas não soou nada bem para a maioria dos seus gestores. Ninguém está em condições de perder receita, pelo menos é o que se justifica. O ponto onde parece haver a concordância de todos é que algo precisa ser feito, afinal o Brasil possui uma carga tributária altíssima, uma das mais onerosas do mundo, além de ter que conviver com um sistema totalmente defasado, que repele muitas intenções de investimento. Não é difícil encontrar alguém que reclame das incoerências que existem, tanto por quem produz, quanto por quem consome. Dentre as questões que são alvos de muitas críticas, e que se espera que sejam eliminadas com essa reforma no

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sistema tributário, estão as guerras fiscais, consequências de incentivos incoerentes, derrubando qualquer competitividade. Isso é sentido com enorme intensidade em setores como a avicultura e em estados onde a capacidade de oferta de benefícios é fator limitante, já que as fontes de recursos para manter a máquina pública e seus serviços são em menor volume e quem paga a conta acaba sendo mais onerado ainda. Diferente daqueles estados com alta produção onde se vê muitas vezes os grandes concorrentes receberem significativos incentivos. Também é nítido que a reforma tributária depende também de várias ações paralelas dentro da própria estrutura do poder público, a exemplo da reforma administrativa, que está diretamente relacionada à redução de custos podendo impactar significativamente. Nesse caso há muito que se aprender com o privado, onde os setores produtivos buscam cada vez mais eficiência em sua produtividade e custos. Ou seja, todo esse conjunto de ações depende de muita vontade e empenho, e menos interesse próprio, para que se possa mudar uma realidade que hoje é cruel, que visivelmente não tem sustentabilidade e que certamente levará nosso país para uma situação muito complicada se não for revista, como já deveria ter sido. A grande questão é, estão todos dispostos a abrir mão de alguma vantagem, de receber menos e de se adequarem à realidade para que a nação possa realmente crescer? O que vimos até hoje nesse sentido é muita intenção e pouca ação e que quando se fala em perda ou realocação de receitas, o tom da conversa muda. Fato é que não existe sustentação conviver com uma realidade severa como a que foi alcançada. O agro brasileiro até vem andando, na contramão de tudo nos últimos tempos e ajudando a fechar as contas do país, mas certamente não suportará manter essa realidade se não houver um equilíbrio onde todos que produzem possam ter garantia e segurança de um sistema mais justo e eficiente.


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Ponto Final

NEMOVAC® Aliviando o peso das doenças respiratórias

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