Mundo Agro 08 - Julho/Agosto 2025

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Julho/Agosto 2025 - N 8 - Ano IV o www.mundoagro.com.br

NUNCA FOI SÓ GENÉTICA, SEMPRE FOI TER COM QUEM CONTAR

Cobb-Vantress Brasil celebra três décadas de atuação com olhar em direção ao futuro

A importância da nutrição na programação fetal de bovinos.

Objetivo é assegurar que o feto se desenvolva de forma saudável.

Influenza Aviária: preocupação cresce no setor agropecuário.

Veja os pontos fundamentais sobre a doença e seus riscos à saúde, além de reforçar medidas de prevenção.

A presença da empresa no país tornou-se sinônimo de eficiência para toda a cadeia avícola da América do Sul

Inteligência Artificial aumenta a precisão na hora dos ajustes nutricionais na suinocultura.

Acompanhe qual é a importância da tomada de decisão baseada em Inteligência Artificial (IA) na análise de dados.

EDITORIAL

EVENTOS

NUTRIÇÃO

Coprodutos de etanol de milho: alternativa sustentável para os animais de produção

EMPRESAS

Cobb-Vantress Brasil:

30 anos ditando o futuro da avicultura nas Américas

A FORÇA EM MOVIMENTO

O papel feminino no agro e os caminhos para uma participação ainda mais plena

EMPREGOS E CARREIRA

Demografia em evolução & automação: como garantir um futuro produtivo no setor de proteína animal

EMPRESAS

Quando o manejo parece ideal, é hora de otimizar o "invisível"

CIÊNCIA E SAÚDE

ANIMAL

Programa integrado de controle de Alphitobius Diaperinus na produção avícola

MANEJO

Manejo de incubação: estratégias para garantir a qualidade do pintinho de um dia

SAÚDE ANIMAL

Especialista explica os riscos da gripe aviária no Brasil

BEM-ESTAR ANIMAL E PRODUTIVIDADE

Impacto atual do potencial do bemestar e dos bioinsumos na produção de frangos de corte

CIÊNCIA E PESQUISA

Sexagem in-ovo: tecnologia e implicações

BEM-ESTAR ANIMAL

Quando o crítico se torna urgente: o valor do bem-estar animal em tempos de crise sanitária

TECNOLOGIA E NUTRIÇÃO

Presente e futuro na suinocultura: qual a importância da tomada de decisão baseada em inteligência artificial (IA) na análise de dados?

MEIO AMBIENTE

Como a agropecuária pode ser uma das ferramentas para auxiliar no combate aos incêndios

NUTRIÇÃO

Importância da nutrição na programação fetal de bovinos

PONTO FINAL

A importância do carregamento de suínos: treinamento, manejo e legislação

EDITORIAL

APESAR DOS DESAFIOS, AGRONEGÓCIO DEVE CRESCER EM 2025

A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária em 2025 é de crescimento, impulsionada pela maior colheita brasileira de grãos na safra 2024/25, pela leve recuperação dos preços das commodities agrícolas e pela valorização do dólar. Após um fraco desempenho em 2024, o ramo deve ampliar sua participação na economia nacional. A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda estima um avanço de 2,3% do PIB este ano, refletindo a retomada do agronegócio. A safra recorde de grãos, prevista em 322,42 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), pode atenuar a retração da pecuária e compensar a menor produção de café e açúcar.

Mesmo com desafios no cenário econômico, devido à elevação dos juros e ao aumento das recuperações judiciais, o setor se destaca por sua capacidade de adaptação e inovação. “O uso de tecnologias que aumentam a produtividade, a busca por soluções sustentáveis e a abertura de novos mercados têm sido fatores determinantes para manter a expansão do segmento”, afirma Rayssa Melo, cofundadora da Agree - agfintech que alcançou R$ 800 milhões em crédito aprovado em 2024.

A captação de crédito é um dos principais motores do desenvolvimento do campo, permitindo que produtores invistam em correções de solo e custeios para manutenção das lavouras e aumento da produtividade, além da infraestrutura das fazendas e expansão de suas atividades. “Soluções inovadoras para facilitar o acesso aos empréstimos, como modelos de análise de risco mais assertivos, plataformas digitais como a da Agree e novas linhas de ofertas adaptadas às necessidades do produtor rural, têm sido desenvolvidas pelos bancos e por fintechs”, analisa Rayssa.

O desempenho do agro também está diretamente ligado às condições climáticas. A previsão para 2025 indica oscilações que podem comprometer a produtividade de diversas culturas, tornando ainda mais importante o investimento em inovação, manejo de solo e aprimoramento de técnicas de irrigação. “Com isso, o crédito continua sendo um dos pilares mais importantes para a sustentabilidade das atividades do setor. Para garantir boas condições de financiamento, os produtores precisam se preparar melhor, apresentando informações mais detalhadas sobre sua gestão financeira. Essa adaptação não apenas facilita a aprovação dos financiamentos, mas também fortalece a saúde financeira das propriedades, evitando problemas no fluxo de caixa”, aponta.

As projeções indicam uma leve recuperação nos preços das commodities agrícolas, principalmente pela recomposição dos estoques globais e pela retomada gradual da demanda internacional. No entanto, esse movimento ainda é cercado de incertezas, pois fatores como oscilação cambial, conflitos geopolíticos e decisões de grandes exportadores, como Estados Unidos e China, influenciam diretamente esse cenário. No Brasil, a valorização do dólar frente ao real pode favorecer as exportações do agro, mas também impacta os custos de produção. A tendência para 2025 é de relativa estabilidade, mas com necessidade constante de monitoramento dos mercados externos.

A gente vê muitos avanços, mas ainda tem um longo caminho pela frente. Os grandes produtores já estão investindo mais em tecnologias de irrigação, manejo de solo e ferramentas de previsão climática. Mas é preciso que isso chegue também aos pequenos e médios. O clima está cada vez mais imprevisível, então investir em inovação e sustentabilidade não é mais um diferencial — é uma necessidade. O setor também precisa de mais incentivos, inclusive para acesso a crédito voltado para práticas sustentáveis.

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AGOSTO:

ACAV - Simpósio de Avicultura Industrial 2025

05/08/25 a 07/08/25

Florianópolis, SC

17º Simpósio Brasil

Sul de Suinocultura

12 a 14 de Agosto Chapecó, SC

3º Simpósio e Feira de Avicultura e Suinocultura de Boituva

21/08/2025

Boituva, SP

SETEMBRO:

41ª Conferência

FACTA WPSA-Brasil

02/09/25 e 03/09/25

Campinas, SP

VICTAM LATAM

16/09/2025 a 18/09/2025

São Paulo, SP

OUTUBRO:

Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio

22/10/2025 e 23/10/2025

São Paulo, SP

NOVEMBRO:

Simpósio sobre Nutrição Inteligente para Intestino Saudável e Máximo desempenho animal

12/11/2025 e 13/11/2025

Foz do Iguaçu, PR

AveSummit & AveExpo 2025

17/11/2025 a 19/11/2025

São Paulo, SP

2026:

ABRIL:

26º Simpósio Brasil

Sul de Avicultura

07/04/2026 a 09/04/2026

Chapecó, SC

2026: MAIO:

+ EM NOSSAS REDES SOCIAIS

COPRODUTOS DE ETANOL DE MILHO:

ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL PARA OS ANIMAIS DE PRODUÇÃO

O HPDDG - High Protein Dried Distillers Grains é amplamente utilizado em dietas para animais de produção devido à sua composição rica em nutrientes, com bom perfil de aminoácidos, energia, minerais, vitaminas hidrossolúveis e compostos imunoestimulantes.

Ideraldo Luiz Lima

Carlos Henrique de Oliveira

Kelly Morais Maia Dias

Ainterseção entre a luta contra a insegurança alimentar e a busca por práticas sustentáveis é um dos grandes desafios enfrentados pela nossa sociedade atual. Diante deste cenário, o Brasil se destaca pela liderança mundial na geração de energia renovável, representando 47% da matriz energética nacional, enquanto os demais países não passam da média de 14%. A cana-de-açúcar é a principal fonte primária de energia renovável no país. No entanto, segundo o Balanço Nacional de Energia (BEN; 2024), a produção de etanol a partir do milho aumentou significativamente nos últimos anos, alcançando 16% de participação na produção do biocombustível em 2023, e consequentemente, aumentando a disponibilidade dos coprodutos (Figura 1).

Atualmente, o Brasil possui 25 plantas industriais dedicadas à produção de etanol a partir do milho, localizadas predominantemente nos estados de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Além disso, existem 16 plantas autorizadas e outras 16 anunciadas, o que ampliará para 57 o número total de unidades em operação (Figura 2).

Considerando que apenas a fração do amido e outros carboidratos fermentáveis do milho são convertidos em etanol, o processo se beneficia da geração de coprodutos altamente nutritivos por concentrar a proteína bruta, o óleo, a fibra e as cinzas remanescentes. Assim, utilizar coprodutos de milho em rações animais é uma forma eficiente de conservar e aproveitar essas fontes concentradas de

Unidades responsáveis pela produção

energia e nutrientes para produzir carne e ovos de maneira econômica e sustentável.

O processamento do grão de milho pode ser feito através de diversas tecnologias, impactando, por consequência, nos derivados para nutrição oriundos destas usinas. Eles podem, de maneira simplificada, serem descritos como: 1) grãos secos de destilaria com solúveis (DDGS) – processo tradicional; e 2) grão seco de destilaria de alta proteína (HPDDG) –processo que inclui a separação das fibras que

receberá a fração solúvel formando o corn bran (de baixa densidade e alta fibra). Já o óleo pode ser produzido por extração parcial em ambas as usinas.

De forma resumida, o processamento inicia-se com a moagem do grão de milho (geralmente moagem seca), seguido da liquefação com inclusão de enzimas carboidrases para transformar o amido em açúcares fermentáveis e posterior inclusão de leveduras (usualmente Saccharomices cerevisae) gerando o etanol que será destilado desta mistura produzida. O

Figura 1. Evolução da produção de grãos secos de destilaria - Safra de abril a março. (Fonte: UNEM).
Figura 2.
de etanol a partir do grão de milho (Fonte: UNEM).

NUTRIÇÃO

produto remanescente é centrifugado para a separação entre líquidos e sólidos. Na fração líquida (fração solúvel) de onde pode-se extrair o óleo destilado de milho enquanto os sólidos são destinados aos demais coprodutos citados. Segundo a UNEM, de forma geral a cada tonelada de milho, são gerados cerca de 212 kg de HPDDG, 440 litros de etanol e 19 litros de óleo de milho, além da cogeração de energia elétrica, diante o uso de biomassa (Figura 3).

O HPDDG é amplamente utilizado em dietas para animais de produção devido à sua composição rica em nutrientes, com bom perfil de aminoácidos, energia, minerais (com destaque para o fósforo disponível), vitaminas hidrossolúveis e compostos imunoestimulantes (por exemplo, glucanos) (Tabela 1). Pode ser incluído em diferentes formulações, conforme a espécie e seus requerimentos nutricionais. Trata-se, principalmente, de uma fonte de proteína e energia para o desempenho produtivo e sua fração fibrosa auxilia no processo digestivo.

Na bovinocultura, o uso do HPDDG é mais consolidado devido as características já mencionadas, e adicionalmente, devido a importante concentração de proteína não degradável no rúmen (PNDR), e a parte fibrosa contribuindo para a função da microbiota ruminal e redução dos problemas metabólicos, como a acidose.

As cadeias de produção de aves e suínos também

vêm demonstrando interesse quanto a sua incorporação às dietas. Entretanto, a principal barreira ao uso em não-ruminantes é a grande variabilidade de sua composição nutricional em função ao tipo de processamento adotado. Por exemplo, mudanças entre tecnologias utilizadas podem intencionalmente aumentar o conteúdo de proteína bruta e de energia metabolizável presentes nos derivados, assim, melhorando seu valor nutricional. Por isto, é importante ressaltar que a padronização dos processos para produtos distintos é crucial na sua adoção prática às dietas, pois possibilita o conhecimento entre as diferentes composições nutricionais e energéticas existentes, bem como a origem do produto adquirido.

POTENCIAL DE USO DE DDGS E HPDDG EM RAÇÕES DE AVES E SUÍNOS

Para empregar os coprodutos DDGS e HPDDG nas formulações de dietas para aves e suínos, torna-se imprescindível dispor, além de informações sobre seu valor nutricional, os seus limites de inclusão.

Damasceno (2018) e Santos e Murakami (2022) reportaram que a inclusão de DDGS até 16% em dietas de frangos de corte não compromete o desempenho das aves de 1 a 42 e de 22 a 42 dias, respectivamente.

Em um estudo conduzido por Dias (2023), houve a

FLUXOGRAMA DE MASSA E ENERGIA
Figura 3. Fluxograma de massa e energia da produção de etanol de milho (Fonte: UNEM)

Tabela 1. Valores de energia metabolizável (em kg/kcal) e dos nutrientes (em porcentagem) do farelo de soja, dos grãos secos de destilaria com alta proteína (HPDDG), dos grãos secos de destilaria com solúveis (DDGS) e do farelo de milho com solúveis (FMS) - fibra seca com solúveis - presentes nas Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos (2024). | Fonte: Rostagno et al. (2024) – Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos.

inclusão gradual de HPDDG na alimentação de frangos de corte do 1º ao 43º dia de vida. O HPDDG variou de 0 a 11% na fase inicial, 0 a 13% na fase de crescimento e 0 a 15% na fase de terminação. Independentemente do nível de inclusão, não foram observadas alterações no peso corporal, no ganho de peso, no consumo de ração e na conversão alimentar, indicando que o HPDDG pode ser incorporado de forma escalonada em todas as fases da alimentação de frangos de corte.

Em poedeiras comerciais, Cheneri (2024) testou inclusões de 8%, 16% e 24% de HPDDG na dieta e não registrou impacto sobre a taxa de postura. Observou-se melhoria significativa da coloração da gema à medida que houve aumento da incorporação do coproduto. Como sabemos, essa característica é muito valorizada pelo consumidor, o que evidencia o potencial de reduzir o uso de pigmentantes sintéticos e agregar valor natural ao produto final.

Garbossa et al. (2025) investigaram os efeitos da inclusão de até 40% de HPDDG em dietas para suínos ao longo das fases de creche, de crescimento e de terminação. Na creche, a adição do coproduto aumentou tanto o consumo de ração quanto o ganho médio diário, resultando em peso final 5,41% superior ao dos animais sem HPDDG, um ganho atribuído à melhora da saúde intestinal, importante para esse período crítico. Em contrapartida, nas fases de crescimento e terminação, a mesma concentração de 40% de HPDDG prejudicou a conversão alimentar e reduziu o peso corporal dos animais, com decréscimos de aproximadamente 4% na fase de crescimento e 5,3% na terminação, em comparação aos suínos alimentados sem o coproduto. Nessa fase, sugere-se a inclusão máxima de 20% para excelente performance.

DESAFIOS NUTRICIONAIS E RECOMENDAÇÕES

PRÁTICAS

Os coprodutos do etanol de milho apresentam características nutricionais distintas dos ingredientes convencionais trazendo consigo tanto limitações quanto oportunidades para a formulação de dietas. Um dos principais desafios está no desbalanço entre os aminoácidos essenciais, especialmente os de cadeia ramificada ou branched-chain amino acids (BCAA). Em comparação ao farelo de soja, os coprodutos de milho tendem a conter níveis mais elevados de leucina e menores de lisina, o que pode elevar a relação leucina:lisina de cerca de 130% (em dietas convencionais à base de milho e soja) para até 150–170% em dietas com elevada inclusão desses coprodutos. Esse excesso de leucina estimula o catabolismo de valina e isoleucina, geralmente o 4º e 5º aminoácidos limitantes, respectivamente, podendo gerar desequilíbrios nutricionais e comprometer o desempenho dos animais. Dessa forma, é fundamental realizar a correção da matriz de aminoácidos da dieta quando se aumenta significativamente a inclusão de coprodutos do milho na formulação.

Outro ponto de atenção está relacionado ao teor de fibra. Os coprodutos de milho contêm níveis significativamente mais altos de fibra, especialmente polissacarídeos não amiláceos (PNAs), em comparação ao milho e farelo de soja. Essas fibras,

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os coprodutos do etanol de milho, especialmente o DDGS e o HPDDG, representam uma alternativa nutricionalmente viável e ambientalmente sustentável para a alimentação de animais de produção. Sua composição rica em proteína, energia e compostos funcionais favorece o desempenho produtivo, além de agregar valor à cadeia do milho e reduzir desperdícios no sistema agroindustrial.

Apesar das vantagens, sua utilização exige atenção quanto à padronização industrial e à variabilidade em sua composição nutricional para que o

sobretudo nas fases iniciais da produção, podem encapsular nutrientes, aumentar a viscosidade intestinal e dificultar o acesso das enzimas digestivas aos substratos, prejudicando a digestibilidade e a eficiência alimentar. Ainda assim, a presença de fibra também pode exercer efeitos benéficos, principalmente em fases mais avançadas. No intestino grosso, a fermentação das fibras pela microbiota resulta na produção de ácidos graxos de cadeia curta, que contribuem para o equilíbrio da flora intestinal e para a inibição de microrganismos patogênicos.

Além disso, os coprodutos do milho apresentam menor capacidade tampão em comparação ao farelo de soja, o que favorece a acidificação gástrica. Essa característica é desejável, especialmente em leitões recém-desmamados, pois auxilia na redução de episódios de diarreia e contribui para a manutenção da saúde intestinal. Outro diferencial positivo desses ingredientes está na sua composição pigmentante: os coprodutos do milho são naturalmente ricos em carotenoides, especialmente xantofilas, que intensificam a coloração da gema e da pele, e que também conferem proteção antioxidante desses componentes.

Por fim, para uma inclusão segura do DDG nas dietas, é essencial observar o teor de enxofre, especialmente em dietas de ruminantes, pois o nível excessivo desse mineral pode causar distúrbios metabólicos severos.

Referências: solicitar à redação da Mundo Agro.

nutricionista possa realizar seguramente os ajustes nas formulações, especialmente em relação ao perfil de aminoácidos digestíveis e aos teores de fibra e minerais. Estratégias nutricionais adequadas, como a suplementação de aminoácidos sintéticos e o uso de aditivos (por exemplo, enzimas exógenas), podem maximizar seus benefícios e mitigar efeitos adversos.

Dessa forma, com base em evidências recentes e no avanço das tecnologias de processamento, os coprodutos de etanol de milho se consolidam como ingredientes promissores para formulações mais eficientes, econômicas e alinhadas aos princípios da sustentabilidade, especialmente nas cadeias produtivas de aves, suínos e ruminantes.

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COBB-VANTRESS BRASIL:

30 ANOS DITANDO O FUTURO DA AVICULTURA NAS AMÉRICAS

Genética superior e serviço técnico especializado são as apostas da companhia para se diferenciar no mercado.

Em 2025, a Cobb-Vantress Brasil celebra três décadas de atuação com olhar em direção ao futuro. Mais do que uma história de sucesso, a presença da empresa no país tornou-se sinônimo de eficiência para toda a cadeia avícola da América do Sul. Desde sua instalação em Guapiaçu (SP), em 1995, a empresa trilha um caminho de inovação genética e excelência em serviços, que a posicionou como a maior produtora de aves da América Latina e a segunda maior no mundo em capacidade de produção.

A subsidiária brasileira tornou-se um hub estratégico de desenvolvimento genético e abastecimento de reprodutoras para a região. Com missão dedicada a fornecer aves com genética superior, a filial brasileira da mais antiga casa genética avícola do mundo entrega soluções tecnológicas que impulsionam a eficiência, a sustentabilidade e a rentabilidade da produção de proteína animal.

A genética Cobb, aliás, é reconhecida pela capacidade de gerar mais com menos. Por trás disso, há um trabalho contínuo de melhoramento genético, que hoje proporciona ganhos concretos em Conversão Alimentar (CA) e Ganho de Peso Diário (GPD). O Cobb Male, produtor do melhor frango do mercado, entrega até 4 gramas a mais de GPD e até 4 pontos a mais em CA, gerando maior rentabilidade e um menor ciclo de produção, com ganho financeiro acelerado. Já o Macho MX se destaca por ser o reprodutor com mais alta taxa de fertilidade e eclosão, otimizando o início da cadeia de produção.

Inovação não é apenas um conceito na Cobb, mas uma prática diária. Projetos como o Proving Ground, iniciativa pioneira no campo genético mundial, estão reduzindo em até 1/3 o tempo de

desenvolvimento de novos produtos. Isso se traduz em maiores taxas de produtividade e rentabilidade para a produção.

Atualmente, a atuação da unidade brasileira da CobbVantress abrange a região conhecida como LatCan, que engloba América Latina e Canadá. Com presença ativa em 10 países e capacidade de exportação para América do Sul, Europa, África e Ásia, a subsidiária foi pioneira em todo o mundo na implementação do modelo de compartimentação, que reforça a sanidade, rastreabilidade e a segurança alimentar.

Com um time de 1.200 colaboradores na região e um novo complexo passando a operar em Prata (MG), que ampliará em até 25% sua capacidade de produção, a Cobb-Vantress LatCan se prepara para uma nova fase de expansão, guiada por valores sólidos e parcerias duradouras.

“Nossos clientes reconhecem que nunca foi só genética, sempre foi sobre ter com quem contar. Levamos a sério o compromisso com o abastecimento, prezamos pela transparência e por cumprir o que prometemos. Por isso entregamos além de uma ave superior, entregamos um serviço técnico presente, especializado e que acompanha de forma customizada todos os desafios da produção”, diz Bernardo Gallo, vice-presidente da Cobb LatCan.

O time de Serviço Técnico da Cobb LatCan conta, atualmente, com 18 especialistas altamente capacitados, para acompanhar integralmente toda a produção do cliente. O objetivo do time é compartilhar conhecimentos e boas práticas, maximizar a performance dos produtos nas mais diversas áreas que envolvem a produção avícola.

Para o setor, os resultados da Cobb vão além dos números. “O compromisso da Cobb com a excelência tem sido fundamental para apoiar o desenvolvimento da atividade e o avanço setorial como auxiliador da segurança alimentar das nações, seja por meio da produção interna ou por meio do comércio global, como é o caso do Brasil”, diz Ricardo Santin,

presidente da ABPA.

Três décadas depois, a Cobb segue superando as expectativas do mercado em termos de desenvolvimento genético, produtividade e tecnologia. E já projeta as bases do que será a avicultura dos próximos 30 anos. “O mercado pode esperar uma empresa multiproduto, para diferentes necessidades de mercado, tendo o frango mais eficiente no horizonte e o maior rendimento de carcaça e carnes nobres, com melhores taxas de conversão alimentar. Genética superior, serviço especializado e compromisso com nossos aliados, continuarão como os pilares que nos diferenciam no mercado”, conclui Bernardo Gallo.

Bernardo Gallo - Vice Presidente América Latina e Canadá

LINHA DO TEMPO COBB BRASIL:

2025 – Cobb-Vantress completa 30 anos no Brasil.

2024 – Expansão do Laboratório de Qualidade da Cobb Brasil, em Guapiaçu (SP).

2023 - Início da construção do incubatório de Prata (MG).

2022 – Expansão das Granjas 04 e 05, na cidade de Itapagipe (MG).

2018 – Expansão da Granja 02, em Palestina (SP).

2017 - Cobb compra a parte da Granja Alvorada e passa a ser dona exclusiva da Granja de Avós de Água Clara (MS).

2016 – Cobb-Vantress Brasil torna-se a primeira companhia avícola com modelo de compartimentação do mundo com aprovação da Organização de Saúde Animal (OIE).

2013 – Início das operações da Granja 04, em Campina Verde (MG).

2010 – Início dos investimentos da Cobb-Vantress Brasil na comunidade local, com especial foco na melhoria da qualidade de vida das crianças da região e apoio a creches da cidade de Guapiaçu.

2009 – Cobb compra a empresa Hybro com unidade em Itapagipe (MG).

2008 – Ampliação escritório administrativo em Guapiaçu (SP).

2005 – Tem início a parceria entre Granja Alvorada e Cobb. Com isso, a Cobb passa a ter mais uma granja de avós (Granja 06). Construção do segundo Incubatório de avós, em Água Clara (MS).

2004 – Início das atividades do novo escritório em São José do Rio Preto (SP).

2002 – Instalação do Incubatório de bisavós (ICB), em Palestina (SP).

2001 – Construção da primeira granja de bisavós (Granja 03) em Paulo de Faria (SP).

1998 - Inaugurada a segunda Granja da Cobb no país, iniciando a conquista do mercado Sul-americano.

1997 – Firmada a parceria com a empresa Agrogen que passou a ser multiplicadora Cobb na região Sul do país.

1995 – Fundação da subsidiária brasileira da Cobb-Vantress, em Guapiaçu(SP), no dia 02/03/1995. Clientes de toda a América do Sul passam a contar com produção e atendimento comercial direcionados a partir do Brasil.

O PAPEL FEMININO NO AGRO E OS CAMINHOS PARA UMA PARTICIPAÇÃO AINDA MAIS PLENA

Dados do Censo Agropecuário do IBGE revelam que mais de 950 mil mulheres estão à frente de propriedades rurais no Brasil — e esse número tende a crescer com a sucessão familiar cada vez mais consciente e preparada.

Renata Camargo

Gerente de Desenvolvimento e Novos Negócios do Transamerica Expo Center e organizadora do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio. Listada entre as 100 mulheres Poderosas do Agronegócio pela Forbes. rcamargo@transamerica.com.br

Nos últimos anos, o agronegócio brasileiro tem sido palco de uma transformação silenciosa, mas poderosa: o avanço das mulheres em posições estratégicas, dentro e fora da porteira. Com talento, formação técnica e liderança colaborativa, elas vêm ocupando espaços em propriedades rurais, centros de pesquisa, empresas, startups, cooperativas e universidades, redesenhando o perfil do setor que alimenta o mundo.

É uma realidade que se impõe com números. Dados do Censo Agropecuário do IBGE revelam que mais de 950 mil mulheres estão à frente de propriedades rurais no Brasil — e esse número tende a crescer com a sucessão familiar cada vez mais consciente e preparada. Nas faculdades de ciências agrárias, há turmas em que a presença feminina já supera 50%. No Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), que organizo desde 2016, esse movimento se reflete a cada edição: o evento se tornou o maior

encontro de mulheres do setor na América Latina, com participantes que representam todos os elos da cadeia produtiva e todos os biomas do país.

As mulheres têm contribuído para tornar o agro mais diverso, mais tecnológico e mais sustentável. Trazem para o centro do debate temas como inovação social, sucessão familiar, ESG, inclusão, rastreabilidade e bem-estar nas equipes — pautas que ampliam o horizonte de um setor historicamente técnico e masculino. Esse olhar feminino também tem se destacado na gestão de pessoas e na adoção de práticas regenerativas, conciliando produtividade com responsabilidade ambiental. Há uma presença crescente de mulheres em conselhos de administração, em cargos de liderança nas multinacionais do agro e à frente de startups que desenvolvem soluções disruptivas para o campo.

Mas apesar dos avanços, a igualdade plena ainda

está longe de ser realidade. Muitas mulheres enfrentam resistência ao assumir posições de liderança, especialmente em ambientes mais conservadores. A disparidade salarial persiste. Falta representatividade em sindicatos, federações e entidades políticas do setor. E a jornada dupla, muitas vezes invisível, segue sendo um obstáculo para grande parte das profissionais, sobretudo nas zonas rurais. O reconhecimento da competência feminina precisa vir acompanhado de oportunidades reais de crescimento, com políticas internas claras, ambientes acolhedores e metas mensuráveis de diversidade.

Nesse contexto, é impossível não refletir sobre o papel da academia. As universidades têm acompanhado esse movimento com avanços importantes, como a presença crescente de alunas nos cursos ligados às ciências agrárias, programas de iniciação científica voltados ao protagonismo feminino e grupos de pesquisa mais diversos. No entanto, ainda há desafios. A produção acadêmica sobre gênero e agro é tímida e professoras em cargos de liderança ainda são minoria. Faltam políticas institucionais que acolham as especificidades da mulher, como atenção à maternidade, enfrentamento ao assédio e incentivo à permanência nos cursos. A formação de redes de apoio acadêmico e a valorização de trajetórias femininas na pesquisa são caminhos urgentes para fortalecer essa base desde a formação.

O que ainda se faz necessário é um compromisso coletivo para garantir que esse avanço das mulheres no agro não seja apenas uma tendência passageira, mas uma transformação estrutural. Ampliar o acesso a crédito e tecnologia para as produtoras rurais, investir em capacitação contínua, fomentar ambientes mais inclusivos nas empresas, promover mentoria e visibilidade para lideranças femininas, abrir espaço real para vozes femininas nos conselhos e nas decisões estratégicas — tudo isso precisa deixar de ser discurso e virar prática.

A mulher do agro não é promessa: é presente em movimento. E quando ela avança, todo o setor colhe os frutos. Como dizemos no CNMA, “elas lideram no presente e constroem o futuro” — e esse futuro será mais forte, justo e sustentável com elas no centro das decisões.

Renata Camargo: “Há uma presença crescente de mulheres em conselhos de administração, em cargos de liderança nas multinacionais do agro e à frente de startups que desenvolvem soluções disruptivas para o campo”.

DEMOGRAFIA EM EVOLUÇÃO & AUTOMAÇÃO:

COMO GARANTIR UM FUTURO PRODUTIVO NO SETOR DE PROTEÍNA ANIMAL

A curva demográfica é irreversível, mas não precisa ditar redução da produção.

Oenvelhecimento acelerado da população brasileira já impõe desafios concretos ao setor de proteína animal, cuja produção ainda depende fortemente de mão de obra intensiva. Este artigo relaciona projeções demográficas do IBGE com dados de mercado de trabalho e apresenta caminhos práticos – tecnológicos, financeiros e de capacitação – para transformar gargalos de pessoal em ganhos de produtividade e sustentabilidade.

MERCADO DE TRABALHO PRESSIONADO

Mesmo com desemprego de 6,1 % (2024), 39 % dos brasileiros atuam na informalidade. Funções operacionais pagas em torno do salário-mínimo competem com a combinação de programas assistenciais e “bicos”, resultando em:

• Turnos incompletos e horas extras constantes.

• Ociosidade média de ≈ 15 % da capacidade nas plantas de aves e suínos, segundo a ABPA.

AUTOMAÇÃO COMO VETOR DE PRODUTIVIDADE E BEM-ESTAR

Robôs de corte (braços robóticos guiados por software e visão 3D que realizam cortes milimétricos), veículos guiados automaticamente — AGVs (carrinhos autônomos que transportam carcaças e caixas entre as etapas de produção) — e câmeras hiper-espectrais (sensores óticos que capturam centenas de comprimentos de onda para monitorar cor, gordura e contaminantes em tempo real) já reduzem mão de obra direta em até 40 % e elevam o OEE - performance operacional- em dois dígitos.

Além de benefícios adicionais como ambientes mais limpos e ergonômicos que atraem técnicos qualificados e menor taxa de acidentes e rotatividade.

VIABILIZANDO A TRANSFORMAÇÃO

Para viabilizar essa modernização, o ponto de partida é o capital: linhas como o BNDES Finame Máquinas 4.0, cobrem até 80 % do CAPEX em prazos de 15 anos, diluindo o risco financeiro do projeto.

UM BRASIL QUE ENVELHECE

MAIS RÁPIDO DO QUE IMAGINA

Segundo projeções do IBGE, em 2070, mais de um terço dos brasileiros terá 60 anos ou mais.

• PICO POPULACIONAL: 220,4 milhões em 2041 199,2 milhões em 2070.

• FECUNDIDADE:

Queda de 2,32 (2000) para 1,57 filho/mulher (2023).

• ENVELHECIMENTO: 15,6 % ≥ 60 anos hoje → 37,8 % em 2070.

PIRÂMIDA ETÁRIA DO BRASIL - 2023

PIRÂMIDA ETÁRIA DO BRASIL - 2070 (PROJEÇÃO)

Em paralelo, investir em gente é determinante. Parcerias com instituições de ensino e Senai, além de trilhas internas de requalificação permitem que operadores ascendam a funções de manutenção, mecatrônica e TI, formando o corpo técnico que sustenta as plantas digitalizadas.

Para fechar esse ciclo, entra o pilar dos dados. Pequenos sensores inteligentes — a chamada Internet das Coisas (IoT) — coletam em cada máquina informações sobre ritmo de produção, temperatura e consumo de energia. Esses dados são enviados, em tempo real, para o MES (Manufacturing Execution System), espécie de “sala de controle” digital da fábrica, que calcula minuto a minuto o retorno sobre o investimento (ROI) de cada equipamento. Relatórios tão rápidos e transparentes permitem comprovar aos governos estaduais a eficácia das melhorias e, assim, habilitar a empresa a incentivos fiscais como o programa ICMS InvesteProduzir, disponível em Goiás.

Quando esse ecossistema se fecha, entra em cena a agenda verde: menos desperdício de carne, cortes mais padronizados e menor consumo de energia

alinham a produção às metas globais de ESG e abrem caminho para nichos premium no exterior.

PANORAMA INTERNACIONAL: SINAL VERDE PARA INVESTIMENTOS

Concorrentes como EUA, Dinamarca e Holanda já superam 80 % de automação em cortes primários. Se o Brasil avançar metade disso, 24 mil postos em atividades repetitivas deixam de ser necessários. Trabalhadores podem ser requalificados para processos, manutenção e análise de dados (salários 40–60 % maiores).

UM FUTURO PRODUTIVO E INCLUSIVO

A curva demográfica é irreversível, mas não precisa ditar redução da produção. Executivos que automatizarem agora garantirão (i) custos estáveis e menor turnover; (ii) Pontuação ESG reforçada; e (iii) Acesso a mercados exigentes em segurança alimentar e sustentabilidade.

Figura 1. Pirâmide Etária do Brasil – 2023
Figura 2. Pirâmide Etária do Brasil – 2070 (Projeção)

QUANDO O MANEJO PARECE IDEAL, É HORA DE OTIMIZAR O “INVISÍVEL”

“Mesmo lotes clinicamente saudáveis apresentam comunidades bacterianas que limitam a expressão plena do potencial genético das aves”

MODULAÇÃO MICROBIANA:

DESEMPENHO E PROFILAXIA

A modulação da microbiota intestinal oferece benefícios duplos: no curto prazo, otimiza o desempenho zootécnico ao promover melhora da integridade intestinal, resultando em melhor ganho de peso. Simultaneamente, atua como estratégia profilática, pois uma microbiota equilibrada cria condições ideais para a eubiose , reduzindo os riscos de desequilíbrios futuros e aumentando a resiliência das aves frente a possíveis desafios sanitários.

Portanto, esta abordagem surge como uma estratégia viável para a avicultura moderna, por atuar de forma proativa, sustentável e multifatorial, oferecendo um equilíbrio ideal entre desempenho produtivo, segurança sanitária e sustentabilidade - exatamente o que a avicultura de precisão demanda hoje.

Com o foco em estratégias nutricionais naturais e sustentáveis, o PROVILLUS 4Poultry® se destaca como um produto que estimula positivamente o equilíbrio da microbiota, correlacionando a composição bacteriana intestinal com a melhora na morfometria intestinal e em parâmetros zootécnicos que serão apresentados a seguir.

Um estudo inovador com PROVILLUS 4Poultry®, realizado em ambiente experimental, revelou seu impacto positivo na modulação da microbiota intestinal de frangos de corte.

Confira os detalhes:

RESULTADOS:

1. Eficiência Nutricional:

• Aumento de 7,5% no peso final

2. Morfologia Intestinal:

• Aumento de 17% na capacidade de absorção intestinal

• Melhora da histomorfometria intestinal (p<0,10)

3. Microbiota (sequenciamento 16S rRNA):

• Bacteroides (Fermentação de carboidratos, Indução de enzimas glicolíticas nos enterócitos,Prevenção da colonização por patógenos. )

• Proteobactérias (Listeria, Ralstonia e Corynebacterium xerose, presentes no controle, são biomarcadores que podem gerar efeitos negativos sobre a integridade das vilosidades intestinais e desequilíbrio da microbiota.)

Sanidade hoje não garante eficiência amanhã. Entre em contato para saber mais sobre nossa linha de aditivos para frangos de corte.

PROGRAMA INTEGRADO DE CONTROLE DE ALPHITOBIUS

DIAPERINUS NA PRODUÇÃO AVÍCOLA

A presença de pragas no sistema produtivo, sem o devido controle populacional, traz prejuízos técnicos, econômicos e são nocivas ao desenvolvimento de um sistema sustentável de produção.

AA avicultura é uma das fontes mais importantes na produção de proteína animal, além de ser uma atividade relacionada ao desenvolvimento econômico e social de diversos países. O alto desempenho é reflexo do aprimoramento das técnicas de manejo, de nutrição, dos programas de biosseguridade, de melhoramento genético, das tipologias construtivas, da modernização do modelo de gestão, bem como da tecnificação do sistema de produção das aves.

A presença de pragas no sistema produtivo, sem o devido controle populacional, traz prejuízos técnicos, econômicos e são nocivas ao desenvolvimento de um sistema sustentável de produção, principalmente, quando da necessidade de utilização de insumos químicos que podem contaminar não só o produtor, mas também o alimento e o meio ambiente. As condições ambientais e a disponibilidade de alimento, água e abrigo, inerentes à produção intensiva de aves

em sistemas industriais, oferecem o ambiente perfeito para o desenvolvimento e a proliferação da maioria das pragas encontradas nesse sistema produtivo. Várias dessas pragas são vetores de doenças tanto na produção quanto na saúde pública e comprometem a segurança sanitária do plantel e do produtor, bem como a segurança alimentar do consumidor. Portanto, seu controle é fundamental. Desta forma, é primordial a manutenção de um programa integrado de controle de pragas na propriedade rural, utilizando todas as técnicas existente para reduzir e (ou) eliminar a infestação.

Assim, é necessário identificar todos os elementos que envolvem o aparecimento de uma praga. O seu conhecimento, onde é encontrada ou criada, o seu ciclo biológico, as falhas de manejo que estão determinando sua proliferação, as formas de monitorar e, os métodos de controle disponíveis.

Gilberto Silber Schmidt Pesquisador Embrapa Suínos e Aves
Paulo Giovanni de Abreu Pesquisador Embrapa Suínos e Aves

As condições ambientais estabelecidas para a manutenção de ambiente adequado e atender as necessidades das aves geram um ambiente adequado para a proliferação do Alphitobius diaperinus (Panzer) (Coleoptera: Tenebrionidae), conhecido vulgarmente como cascudinho. Esse inseto é uma das principais pragas que assola a produção intensiva de frangos de corte, sendo de difícil controle. Os danos causados por esta praga podem ser diretos e indiretos, provocando prejuízos para a cadeia produtiva, pois é responsável pela redução no desempenho técnico e econômico, transmissão de doenças da produção e da saúde pública, além de causar danos na infraestrutura dos aviários, reduzindo a vida útil e aumentando a necessidade de investimentos em reformas.

Conhecer a distribuição espacial do cascudinho é fundamental para estabelecer uma metodologia de controle adequada e auxiliar na tática de manejo em locais de grande densidade populacional, reduzindo a quantidade de inseticida utilizada. A dinâmica populacional dos cascudinhos é influenciada por uma variedade de fatores genéticos e ambientais. A compreensão desses fatores é uma ferramenta importante para o programa integrado de controle do cascudinho (PIC). Um PIC eficaz requer (ChernakiLeffer et al. 2007):

a) a compreensão dos ciclos populacionais por meio de amostragens regulares para a tomada de decisões quanto à eficácia do controle e ao uso adequado de pesticidas;

A INTEGRAÇÃO DAS TÉCNICAS ENVOLVE AS MEDIDAS:

• de controle cultural, por meio de técnicas de monitoramento e conhecimento das pragas,

• medidas de controle mecânico, que envolve desde detalhes de construção, manejo de resíduos e práticas sanitárias,

• medidas de controle químico e,

• recentemente o uso de bioinseticidas e o seu melhor momento de aplicação, não só para prevenir perdas decorrentes do aumento da população, mas também que sejam economicamente viáveis e que determinem baixos riscos para a sustentabilidade.

b) a coleta e análise de informações sobre a eficiência do controle;

c) a compreensão da seleção de habitats para pragas por meio de estudos de campo contínuos; e

d) a compreensão da importância metabólica das condições ambientais, como a temperatura, especialmente quando mantida em níveis ótimos e constantes.

A propagação do cascudinho nos aviários ocorre de forma espontânea e acelerada, e o aumento da população acontece a cada novo lote, uma vez que, no período do vazio sanitário se abrigam no solo ou em fissuras, e com a entrada do novo plantel reinfestam a cama.

Frequentemente, os cascudinhos (todos os estágios) estão localizados principalmente no solo e sob os comedouros. Características físicas, especialmente a compactação da superfície do solo e a densidade do solo, são os fatores mais discriminantes, que explicam a distribuição espacial dos indivíduos. Além disso, o manejo do aviário (ou seja, o uso frequente de um trator para remover a cama) contribui para aumentar a compactação do solo e levar a condições desfavoráveis para os insetos.

O controle do A. diaperinus é considerado difícil, devido ao seu ciclo biológico, sua rápida proliferação e comportamento, que favorecem a re-infestações, uma vez que os aviários mantem um ambiente ideal

para sua sobrevivência e propagação, que inclui a elevada quantidade de matéria orgânica, com alta temperatura, umidade e abrigo, além do poucos inimigos naturais (Testa et al., 2018).

A completa eliminação dos insetos nos sistemas de produção de aves é um desafio, contudo, estratégias que visem reduzir seu nível populacional devem ser constantemente buscadas, para reduzir o custo de produção e ampliar a sustentabilidade do sistema, com a redução do uso de inseticidas químicos. Planos de controle populacional, a partir de amostragens em partes dos aviários e, contagem do número de insetos presentes, podem atuar como uma alternativa para o acompanhamento da infestação, além de propiciar o desenvolvimento de estratégias de controle.

A avaliação da população de cascudinhos (Alphitobius diaperinus) nos aviários é crucial para implementar medidas de controle eficazes e prevenir os prejuízos associados a essa praga. A avaliação da população de cascudinhos no aviário é subjetiva; no entanto, a gravidade da infestação pode ser estimada. Existem diferentes métodos utilizados para essa avaliação:

1. INSPEÇÃO VISUAL E CONTAGEM DIRETA:

Pontos de Amostragem: A avaliação geralmente envolve a inspeção de diversos pontos dentro do aviário, focando em áreas onde os cascudinhos tendem a se concentrar. Esses locais incluem: sob comedouros e bebedouros (devido à disponibilidade de alimento e umidade); ao redor de pilares e muretas; nas laterais das paredes, em rachaduras e orifícios; nas cortinas e equipamentos; na cama, especialmente em áreas úmidas ou com acúmulo de matéria orgânica. Em alguns métodos, contam-se os cascudinhos em uma área específica, geralmente um quadrado de 0,10 m², demarcado aleatoriamente ou em pontos fixos do aviário (Alysson, 2021). A quantidade de cascudinhos encontrados nessas áreas pode ser utilizada para classificar o nível de infestação (baixa, média ou alta). Por exemplo:

Baixa: 1-10 insetos por 0,10 m².

Média: 11-50 insetos por 0,10 m².

Alta: Mais de 51 insetos por 0,10 m².

2.MÉTODOS DE AMOSTRAGEM

COM ARMADILHAS:

Armadilhas de Papelão Corrugado: Tiras ou pedaços de papelão corrugado podem ser colocados em diferentes pontos do aviário. Os cascudinhos tendem a se abrigar nas ondulações do papelão, e após um período, as armadilhas são recolhidas para contagem dos insetos.

Armadilhas de Isopor ou Madeira: Blocos de isopor ou madeira também podem ser utilizados como abrigo para os cascudinhos, sendo inspecionados posteriormente.

Armadilhas de Tijolos: a amostragem populacional com tijolos dispostos sobre a cama e armadilha modificada de Arends, não tem diferença, porém, a amostragem com tijolos torna-se trabalhosa em função do elevado volume de material a ser analisado em busca de insetos, nos diferentes estágios de desenvolvimento (SILVA et al., 2001).

Armadilhas de Arends Modificadas: Essas armadilhas são projetadas especificamente para a captura de cascudinhos e podem ser utilizadas para monitorar a população ao longo do tempo (SILVA et al., 2001).

3. AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL:

É importante não apenas quantificar a população, mas também entender como os cascudinhos estão distribuídos no aviário. Isso ajuda a identificar áreas de maior infestação e direcionar as medidas de controle de forma mais eficiente. Amostragens em diferentes seções do aviário (por exemplo, dividindoo em partes iguais) e em diferentes tipos de locais (pilares, comedouros, cama central, bordas) fornecem uma visão mais completa da infestação.

4. MONITORAMENTO CONTÍNUO:

A avaliação da população de cascudinhos não deve ser um evento isolado, mas sim um processo contínuo ao longo do ciclo de produção. Monitoramentos regulares, antes do alojamento das aves e a cada 15 dias durante o ciclo, permitem acompanhar a dinâmica populacional do inseto e verificar a eficácia das medidas de controle implementadas.

Em resumo, a avaliação da população de cascudinhos

em aviários combina inspeção visual, contagem direta em locais estratégicos e, ocasionalmente, o uso de armadilhas. Para um manejo eficaz, são imprescindíveis o monitoramento contínuo e a análise da distribuição espacial do inseto. Contudo, o controle deve integrar métodos cultural, mecânico e químico, fundamentado no conhecimento dos produtos, do momento e da dose adequados. Essa abordagem visa prevenir perdas por proliferação da praga, além de ser economicamente eficiente e de baixo risco para o produtor e o consumidor (Paiva, 2000).

O controle mecânico envolve os detalhes da construção dos aviários, manejo dos resíduos e práticas sanitárias, evitando gastos desnecessários ao produtor, bem como o aumento do número de cascudinhos e danos ambientais. A retirada de animais mortos presentes nas camas, limpeza das sobras de ração embaixo dos comedouros e revolvimento da cama por meio de batedores comerciais, são medidas mecânicas e culturais que auxiliam no controle do inseto.

Comumente, o controle do cascudinho tem sido baseado no uso intensivo de inseticidas sintéticos formulados à base de piretróides e organofosforados (Renault & Colinet, 2021). A utilização de produtos do grupo das avermectinas, mais especificamente a ivermectina, tem sido recomendado para minimizar o problema de resistência. Os efeitos negativos causados na eficiência produtiva dos frangos e, consequentemente, no resultado econômico, vêm estimulando o mercado de bioinseticidas por meio de insumos orgânicos, biológicos e associados. A iniciativa visa restringir o uso de insumos químicos para solucionar problemas de controle do cascudinho, com impactos sociais, ambientais, econômicos e de segurança alimentar. Busca-se, também, ampliar a competitividade no mercado internacional, que estabelece regras rigorosas para o uso de controle químico. O controle biológico consiste na utilização de inimigos naturais, sendo os fungos, bactérias entomopatogênicas, e, nematoides, os principais agentes, que apresentam potencial para atuar como inimigo natural do A. diaperinus e eliminar ou reduzir o desenvolvimento de pragas e vetores. No Brasil, a expectativa de crescimento do mercado de produtos biológicos é estimado em 20% ao ano, o que poderia ser mais bem explorado, caso o número de insumos químicos, com alta toxidade fosse melhor controlado, evitando que produtos de uso proibido em outros países fossem liberados para o uso interno (Aviagen, 2020).

O controle biológico oferece o benefício de associar eficiência à saúde dos aplicadores, à produção de carcaças livres de resíduos químicos, à não contaminação ambiental e à manutenção da eficiência produtiva das aves (Alves et al., 2005).

Para utilização do controle microbiano no combate ao cascudinho, a dificuldade está associada ao ambiente com altas concentrações de amônia volátil, resultante da excreção na forma de urina pelas aves (Santoro, 2009). Vários estudos têm sido realizados para avaliar o potencial inseticida de diversos microrganismos, entre eles o Bacillus thuringiensis (bacteria), Beauveria bassiana (fungo), S. carpocapsae, Steinernematidae spp e Heterorhabditidae spp (Nematoide).

A utilização de plantas e seus componentes com efeito inseticida para o controle alternativo de insetos tem sido amplamente estudada, principalmente devido à sua rápida degradação e não persistência no ambiente. Outras vantagens incluem o lento desenvolvimento de resistência pelos insetos, a facilidade de acesso e a ausência de resíduos em alimentos, além do baixo custo de produção, o que a torna uma estratégia acessível a pequenos produtores. Desta forma, várias tentativas vêm sendo avaliadas, com a utilização de óleos essenciais, extratos aquosos e extratos secos na forma de pó, levando-se em consideração a parte da planta que está sendo utilizada e, a forma de extração do insumo.

A biodiversidade da flora brasileira tem um potencial inesgotável para ser explorada na formulação de bioinseticidas para o controle de pragas, tanto na agropecuária como em relação a saúde pública. Estes insumos, nas diversas formas de processamento, vêm sendo estudados em laboratório, porém, poucos trabalhos são validados a nível de campo em relação a eficiência como agente inseticida. A busca intensiva por bioinseticidas extraídos de plantas na agricultura começou há pouco mais de vinte anos, impulsionada pela necessidade de substituir pesticidas que acarretam problemas como intoxicação de trabalhadores, persistência ambiental e resistência de organismos-alvo. Os compostos presentes nos extratos vegetais atuam direta e indiretamente no controle de insetos. Os compostos bioativos produzidos por vegetais, possuem diversos modos de ação, que em conjunto, podem ser utilizados como estratégia para o manejo e controle de insetos de importância econômica. Metabólitos secundários como compostos fenólicos, quinonas, cumarinas, terpenóides, alcaloides, polifenois, flavonas, taninos,

lecitina, polipeptídios, entre outros, cuja presença e composição varia entre as espécies, causam a inibição de ingestão de alimento, redução de consumo, retardamento no desenvolvimento, deformações, menor taxa de oviposição, esterilidade de insetos adultos e mortalidade.

Considerando a dificuldade de controle e, os impactos técnico e econômico, meio ambiente, bem-estar, sanidade do lote, saúde pública e o custo envolvido no controle do cascudinho, se torna necessário o desenvolvimento de protocolos de controle integrado (PIC), envolvendo estratégias de controle químico, físico, mecânico, cultural e mais recentemente a inclusão do bioinseticidas a base de insumos biológicos, orgânicos e minerais, na forma isolada e (ou) associada. O protocolo deve envolver mecanismos que apresentem sinergismo ou efeito aditivo, que possibilite a ampliação do potencial de controle populacional dos insetos adultos e larvas.

O PIC, que envolve a associação das principais medidas de controle, vem sendo utilizado, principalmente na produção de frutas, com o objetivo de controlar a densidade populacional de maneira eficiente e economicamente viável ao produtor. A implantação e desenvolvimento do PIC ocorrem em três etapas:

a) avaliação do ecossistema (pragas-chaves, períodos críticos de infestação),

b) tomada de decisão, com base em critérios da relação custo/benefício e,

c) escolha da estratégia de controle a ser utilizada.

Atualmente, a pesquisa concentra-se no desenvolvimento de novas estratégias de controle do cascudinho, mediante o uso de bioinseticidas combinados, o que exige um programa minucioso de limpeza e desinfecção do aviário. A maioria dos trabalhos apresentados na literatura envolve apenas parte dos possíveis métodos de controle do inseto, principalmente a nível de laboratório, com a maioria dos resultados inconclusivos do ponto de vista prático, uma vez que existe grande dificuldade de

replicar “in vitro” as condições existentes no sistema de produção.

Os compostos orgânicos são utilizados na forma de óleos essenciais, extratos aquosos e extratos secos na forma de pó. Considerando a capacidade inseticida e (ou) repelente dos diversos compostos estudados no controle do cascudinho, poucos trabalhos têm explorado a possibilidade de sinergismo ou efeito aditivo originado da associação dos compostos orgânicos, que podem potencializar o efeito um do outro para um controle mais efetivo.

O método biológico visa identificar os inimigos naturais das pragas que afetam a produção. Os principais inimigos naturais incluem fungos, bactérias, vírus e nematoides. De forma similar aos compostos orgânicos, os métodos biológicos promovem o desenvolvimento de um sistema mais sustentável. A associação de insumos orgânicos, biológicos e minerais, apesar de pouco estudada, apresenta grande potencial como bioinseticida. Desse modo, se torna necessário avaliar a possibilidade de proporcionar efeito aditivo ou sinérgico. Porém, é necessário avaliar a compatibilidade entre estes compostos, pois os extratos podem agir sobre os microrganismos (Metabólitos Secundários) alterando o modo de ação desse agente (Pessoa et al., 2014).

CONCLUSÃO

O controle eficaz do Alphitobius diaperinus em aviários ainda é um desafio complexo que requer uma abordagem integrada. É importante combinar estratégias de controle químico, físico, mecânico e cultural, juntamente com a inclusão de bioinseticidas à base de insumos biológicos, orgânicos e minerais.

Essa abordagem multifacetada visa não apenas reduzir a população da praga, mas também mitigar os impactos negativos associados ao seu controle, como os riscos ambientais e de saúde decorrentes do uso de inseticidas químicos. Além disso, há necessidade de mais pesquisas sobre o uso de bioinseticidas combinados e a otimização das estratégias de controle em condições de campo, para garantir a eficácia e a sustentabilidade a longo prazo.

INOVAÇÃO GENÉTICA PARA

Investimentos em pesquisa para impulsionar o progresso equilibrado e sustentável na saúde e produtividade das aves.

MANEJO DE INCUBAÇÃO: ESTRATÉGIAS PARA GARANTIR A QUALIDADE DO PINTINHO DE UM DIA

Práticas de manejo, avanços tecnológicos e foco no bem-estar animal são determinantes para a produção de pintinhos de alta qualidade, garantindo uniformidade e potencial genético ao longo do ciclo produtivo.

qualidade do pintinho de um dia é um tema central na avicultura moderna. Garantir que cada pintinho tenha condições ideais para um bom desempenho inicial é essencial para a produtividade e sustentabilidade da cadeia. No entanto, definir o que caracteriza um pintinho de alta qualidade pode variar entre profissionais, já que diferentes critérios são avaliados de acordo com as necessidades de cada operação.

De modo geral, pintinhos de qualidade apresentam uma boa vitalidade e reflexo, evidenciado por movimentos ativos e de responsividade. A hidratação adequada e plumagem fofas e macias, também é um indicativo fundamental, assim como o umbigo cicatrizado, sem sinais de inflamação ou resíduos. Além disso, a ausência de deformidades, como bicos cruzados ou pernas tortas, é um critério visual importante na avaliação.

“Embora essas observações práticas sejam essenciais para uma análise inicial, elas não garantem, por si só, que o pintinho seja de alta qualidade. Uma avaliação mais precisa depende de indicadores objetivos, como a mortalidade na primeira semana, o desempenho inicial e a uniformidade do lote. Esses dados, quando combinados com as características visuais, permitem ajustes no manejo de incubação e no período póseclosão, contribuindo diretamente para o desempenho do lote”, aponta o supervisor regional de Serviços Técnicos da Aviagen e especialista em incubação, Felipe Kroetz Neto.

A qualidade dos pintinhos de um dia começa muito antes do processo de incubação e é diretamente

influenciada pela cadeia produtiva anterior, em especial pela qualidade do lote de matrizes. Aspectos como sanidade, nutrição balanceada e ambiência adequada ao longo do período produtivo das matrizes desempenham um papel fundamental. Esses fatores impactam diretamente na formação do ovo, tanto na composição interna quanto na qualidade da casca, elementos importantes para garantir o nascimento de pintinhos saudáveis.

Além disso, o manejo inicial dos ovos é determinante para preservar a viabilidade dos embriões. Etapas como a coleta cuidadosa na granja, o armazenamento em condições controladas e o transporte eficiente até o incubatório são indispensáveis. Durante o armazenamento, é fundamental manter temperaturas homogêneas e adequadas para evitar problemas como o desenvolvimento embrionário ou mortalidade precoce. “Garantir uma gravidade específica dos ovos dentro dos padrões de incubação, são essenciais para a qualidade, pois influencia diretamente o desenvolvimento embrionário durante a incubação. Por isso, o cuidado e a eficiência em cada etapa da cadeia anterior são determinantes para maximizar as chances de obter pintinhos de alta qualidade e bom desempenho no lote final”, explica.

Pintinhos saudáveis e ativos são reflexo de um manejo preciso desde a incubação.

Imagens: Aviagen América Latina
Felipe

INFLUÊNCIA DO MANEJO NA INCUBAÇÃO

O manejo da incubação desempenha um papel importante na determinação da qualidade final dos pintinhos de um dia. No incubatório, cada etapa do processo é projetada para preservar a qualidade dos ovos e garantir que os pintinhos entregues à cadeia posterior atendam aos mais altos padrões. Esse manejo requer um controle rigoroso de uma série de fatores que influenciam diretamente o desenvolvimento embrionário.

Entre as práticas fundamentais, destaca-se o tempo adequado de estocagem dos ovos, que deve ser cuidadosamente monitorado para evitar perdas de viabilidade. Além disso, o controle dos parâmetros de incubação, como temperatura, umidade, níveis de dióxido de carbono (CO2) e oxigênio (O2), bem como a frequência e o ângulo de viragem dos ovos, é essencial para atender às demandas específicas do embrião em cada estágio de desenvolvimento. O monitoramento da perda de umidade dos ovos e do rendimento final dos pintinhos também é indispensável para ajustar o manejo às condições ideais. “A compreensão das necessidades reais do embrião em cada etapa permite ao incubatório proporcionar condições precisas para um desenvolvimento saudável”, complementa.

A uniformidade do lote começa com um controle rigoroso da temperatura e umidade durante a incubação.

Garantir a qualidade dos pintinhos de um dia no incubatório passa por um conceito-chave: UNIFORMIDADE. Este princípio deve nortear todas as etapas do processo de incubação.

A uniformidade começa pela seleção dos ovos, priorizando pesos e tamanhos semelhantes. No armazenamento, no pré-aquecimento e em cada estágio da incubação, é fundamental manter

temperaturas consistentes. A circulação de ar deve ser uniforme, assegurando uma transferência de calor eficiente e reduzindo a variação de condições dentro das máquinas de incubação.

Esses fatores promovem uma janela de nascimento mais compacta e sincronizada, o que garante que os pintinhos sejam coletados no momento ideal e estejam dentro do rendimento esperado. “Além disso, isso permite o alojamento rápido e eficiente na granja, contribuindo diretamente para o melhor desempenho a campo. Outro ponto importante é o manejo de ovos de tamanhos e idades homogêneas, que favorece um nascimento sincronizado, reduzindo os extremos de desenvolvimento dentro de um mesmo lote”, explica Kroetz.

A temperatura é, sem dúvida, um dos fatores mais críticos no processo de incubação, pois ela é responsável por todo o desenvolvimento embrionário e crescimento dos tecidos e órgãos, absorção de nutrientes e o metabolismo embrionário, entre outros fatores que regulam a perda de umidade, respiração amniótica e/ou pulmonar, oxigenação dos órgãos em desenvolvimento, crescimento e maturação do embrião. Por isso, o controle preciso da temperatura garante que o embrião atinja o desenvolvimento ideal, o que se reflete diretamente na qualidade do pintinho ao nascimento. Por sua vez, isso permite que o frango expresse seu máximo potencial genético, resultando em um desempenho superior no campo. Embora outros fatores, como umidade e ventilação, também sejam cruciais, a temperatura é a base para assegurar um processo de incubação eficiente e produtivo.

FATORES CRÍTICOS DURANTE O NASCIMENTO

Os fatores críticos durante o nascimento dos pintinhos desempenham um papel de destaque para garantir a qualidade final do lote. “Nesse momento, uma série de indicadores físicos e de rendimento pode ser avaliada para identificar se os pintinhos atendem aos padrões esperados, sendo: uniformidade do lote; ausência de desidratação; umbigo seco e cicatrizado; plumagem limpa e fofa; e boa postura corporal e vitalidade”, elenca o especialista.

O peso ideal está relacionado ao rendimento do pintinho, que é o percentual do peso do pintinho em relação ao peso inicial do ovo. O rendimento ideal geralmente varia entre 67% e 68%, pois, dentro dessa faixa, o pintinho está bem hidratado, com reservas nutritivas suficientes e pronto para se alimentar e beber ao ser alojado. Rendimentos acima de 68%

indicam que o pintinho pode ser letárgico, apresentando dificuldade para se alimentar e hidratar, devido à retenção excessiva de fluídos ou pouca maturação, atrasando o seu ganho de peso na primeira semana. Rendimentos abaixo de 67% indicam maior desidratação e reservas nutritivas reduzidas, resultando em pintinhos muito ativos e barulhentos, com menor estabilidade energética. Vale lembrar que, em situações nas quais o tempo de transporte é prolongado (acima de 12h), como em lotes de matrizes ou avós, o rendimento ideal deve ser ajustado para cerca de 1% a mais, visando preservar a qualidade até o alojamento.

Durante a eclosão, o monitoramento contínuo das condições do ambiente é determinante para garantir o bem-estar dos pintinhos e a qualidade do lote. Alguns cuidados essenciais: Ventilação adequada, garantindo a oxigenação ideal; Ajustes de temperatura e umidade para evitar superaquecimento ou resfriamento; Estímulo controlado de CO2 para promover uma leve hipóxia antes da saída da casca, sincronizando o nascimento e melhorando a qualidade geral dos pintinhos. É fundamental que qualquer estímulo de CO2 seja realizado no momento

Veículos climatizados e boas práticas garantem que os pintinhos cheguem às granjas com saúde e desempenho preservados.

correto, ou seja, antes da eclosão completa. Caso contrário, pode haver impactos negativos na qualidade dos pintinhos, como fraqueza ou redução da vitalidade.

MANEJO PÓS-INCUBAÇÃO IMEDIATO

Após a eclosão, o manejo imediato é determinante para garantir que os pintinhos cheguem às granjas com vitalidade e em condições ideais de desempenho. Recomenda-se monitorar a temperatura de cloaca, que deve estar entre 103 e 105°F (ou 39,5 a 40,5°C).

Essa faixa de temperatura assegura que os pintinhos

não estejam sofrendo com calor ou frio excessivo. Embora muitos incubatórios utilizem uma temperatura ambiente entre 25 e 28°C, o mais importante é ajustar a umidade relativa e a ventilação para evitar sensações térmicas inadequadas que possam causar estresse calórico ou desidratação acelerada. Por isso, está temperatura ambiental deve ser ajustada monitorando a temperatura de cloaca dos pintinhos, por meio de um termômetro de ouvido – (Braun), nos mais diversos pontos da sala. O manejo térmico eficaz promove o bem-estar e preserva a qualidade dos pintinhos, assegurando um início saudável no alojamento.

“Para preservar a qualidade durante o transporte, são indispensáveis, utilizar veículos climatizados com controle de temperatura e ventilação para manter um ambiente estável e confortável, garantir que as caixas de transporte estejam limpas e bem ventiladas, com densidade adequada para evitar superaquecimento e proporcionar conforto térmico, e minimizar o tempo de transporte para reduzir o estresse dos pintinhos. Esses cuidados asseguram que os pintinhos cheguem ao destino com a vitalidade e a qualidade necessárias para um desempenho superior no campo”, aponta Kroetz.

PROBLEMAS COMUNS E SOLUÇÕES PRÁTICAS

Os problemas mais comuns incluem desidratação, onfalite, deformidades, baixa vitalidade e irregularidades no fechamento do umbigo. Esses problemas geralmente têm origem em falhas no manejo de temperatura, umidade, ventilação ou higiene durante a incubação e o nascimento. Além disso, tempos excessivos no nascedouro ou transporte inadequado também podem comprometer a qualidade dos pintinhos.

Para minimizar perdas e melhorar a saúde dos pintinhos, é essencial investir no treinamento contínuo da equipe, garantindo que todos os envolvidos compreendam as boas práticas de manejo. A manutenção preventiva e calibragem regular dos equipamentos asseguram o funcionamento ideal. O monitoramento constante dos parâmetros ambientais, como temperatura, umidade e ventilação, aliado a uma higienização rigorosa de incubadoras e nascedouros, reduz significativamente os riscos. Além disso, a adoção de ações corretivas imediatas ao identificar qualquer desvio no processo é fundamental para evitar maiores perdas e preservar a qualidade do lote.

A temperatura ideal é essencial para o desenvolvimento embrionário e a qualidade final dos pintinhos.

IMPACTO DE NOVAS TECNOLOGIAS

A adoção de tecnologias modernas no manejo de incubação tem transformado significativamente a forma como os incubatórios monitoram e garantem a qualidade dos pintinhos. Sensores avançados e sistemas de automação presentes nas máquinas mais recentes permitem o acompanhamento em tempo real de variáveis críticas, como temperatura, umidade, níveis de dióxido de carbono (CO2) e até mesmo o peso dos ovos.

Essas tecnologias proporcionam ajustes precisos e imediatos, reduzindo inconsistências ao longo do processo de incubação. Isso garante melhores condições para o desenvolvimento embrionário durante todo o período de incubação, promovendo a uniformidade do lote e resultando em pintinhos de alta qualidade.

“Além disso, sistemas de eclosão sincronizada ajustam o ambiente de forma a permitir que os pintinhos

nasçam em intervalos mais curtos, reduzindo estresse e otimizando a vitalidade. Tecnologias de monitoramento remoto e inteligência artificial estão permitindo uma análise mais detalhada e decisões baseadas em dados em tempo real. Esses avanços não apenas aumentam a eficiência do processo, mas também garantem pintinhos mais saudáveis e bempreparados para os desafios pós-eclosão”, aponta.

BEM-ESTAR ANIMAL E QUALIDADE DO PINTINHO

O bem-estar animal durante a incubação é um dos pilares para garantir a qualidade dos pintinhos recémnascidos e, consequentemente, o desempenho futuro dos lotes. Práticas essenciais incluem manter uma temperatura estável e homogênea, garantindo que todos os ovos estejam expostos às mesmas condições térmicas. Assim como, é fundamental assegurar uma boa ventilação para a oxigenação adequada dos embriões e evitar tempos prolongados no nascedouro, que podem causar estresse térmico ou desidratação. A manutenção de uma higiene rigorosa em todas as etapas do processo reduz os riscos de contaminação, promovendo um ambiente seguro e saudável para o nascimento dos pintinhos.

Essa atenção ao bem-estar durante a incubação reflete diretamente no desempenho futuro do lote. “Pintinhos que nascem em condições ideais apresentam um desenvolvimento mais robusto, maior resistência a desafios sanitários e melhor uniformidade de tamanho e peso. Isso resulta em um desempenho superior ao longo do ciclo produtivo, tanto em termos de saúde quanto de eficiência zootécnica, o que é essencial para maximizar o potencial que a genética proporciona”, finaliza Felipe Kroetz.

Cada etapa do processo impacta a qualidade do pintinho e influencia diretamente o desempenho na granja.

ESPECIALISTA EXPLICA OS RISCOS DA GRIPE AVIÁRIA NO BRASIL

A maior preocupação está relacionada à biosseguridade nas propriedades e ao impacto econômico.

Com o caso recente – e isolado - de gripe aviária registrados no Brasil, a preocupação cresce, especialmente no setor agropecuário. A professora e coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Estácio, Camila Freitas, esclarece pontos fundamentais sobre a doença e seus riscos à saúde, além de reforçar medidas de prevenção.

O vírus da Influenza A subtipo H5N1, mais conhecido como gripe aviária, tem como principal hospedeiro aves domésticas e selvagens, mas também pode ser transmitido para alguns mamíferos, inclusive seres humanos. No entanto, segundo a especialista, essa transmissão é rara. “A infecção se dá por contato direto com secreções das aves nas nossas mucosas, como nariz e boca. As pessoas mais suscetíveis são trabalhadores de granjas e de laboratórios que têm contato com aves, ovos e material biológico”, explica Camila.

Segundo a professora, não há risco no consumo de carne de frango e ovos, desde que devidamente

cozidos. Isso porque o vírus é eliminado em altas temperaturas. “A maior preocupação está relacionada à biosseguridade nas propriedades e ao impacto econômico. O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, e a ocorrência da doença gera bloqueios nas exportações, causando grandes prejuízos financeiros”, alerta.

Entre os animais, o H5N1 é altamente letal, sendo transmitido rapidamente entre aves, especialmente por meio de aves migratórias, que muitas vezes não apresentam sintomas. Além disso, Camila destaca que se ocorrer uma contaminação em humanos, não há preocupações severas. “Na hipótese de alguma pessoa se infectar com o vírus, os sintomas são semelhantes aos da gripe comum, como febre, dor de garganta, mal-estar, tosse seca e coriza. O SUS tem um plano de contingência para esses casos e as pessoas serão atendidas e medicadas gratuitamente. Mas não há com o que se preocupar”, pontua.

Giovana de Paula giovana@mundoagro.com.br

Como medida de contenção, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) adota protocolos rígidos, como o isolamento de áreas em um raio de 10 km do foco e a eliminação de animais e ovos. “Caso alguém encontre uma ave morta ou com sinais clínicos, como dificuldade respiratória, andar cambaleante ou torcicolo, não deve tocar no animal e deve acionar imediatamente as autoridades locais”, alerta a professora.

A especialista conclui destacando que, embora o risco para humanos seja baixo, é essencial que a população se mantenha atenta às orientações dos órgãos oficiais e que os produtores redobrem os cuidados com a biosseguridade para evitar que novos focos comprometam ainda mais a produção e a economia do país.

VEJA A ENTREVISTA COM CAMILA FREITAS, PROFESSORA E

NA SUA OPINIÃO, QUAIS DEVEM SER OS

PRÓXIMOS PASSOS DO SISTEMA DE PROTEÇÃO ANIMAL DO MAPA?

O MAPA vem fazendo um excelente trabalho em relação à gripe aviária. No site do MAPA diversos infográficos muito bem detalhados e vídeos educativos estão disponíveis para população em geral, para trabalhadores das aviculturas e para veterinários.

A vigilância e a notificação são os pontos mais importantes a serem tomados, e isso vem sendo feito desde antes do foco aparecer. Lembrando que casos de gripe aviária são notificados em aves silvestres e em aves de subsistência desde 2023, o caso de maio desse ano foi o primeiro em granja comercial. Desde o primeiro caso em 2023 já foram feitas mais de 4 mil investigações, atualmente existem 12 em andamento. Todos esses dados estão no site do MAPA. Mais de 4 mil investigações e só um caso em granja comercial, indica que estamos lidando muito

bem com os casos e o Brasil está preparado para lidar com os casos positivos como vimos até agora.

COMO O SISTEMA AVÍCOLA MUNDIAL DEVERÁ SE COMPORTAR DIANTE DESTES CASOS DE INFLUENZA AVIÁRIA NO FUTURO?

Assim como já vem ocorrendo, não são apenas os profissionais do Ministério que são fundamentais nessa missão. A Polícia Ambiental, pequenos criadores e a população em geral também podem colaborar. Sempre que identificarem aves silvestres ou domésticas — que possam ter tido contato com aves silvestres — apresentando sinais clínicos compatíveis com a gripe aviária, é fundamental não tocar nos animais e acionar imediatamente o Serviço Veterinário Oficial (SVO) mais próximo.

No caso dos produtores de granjas comerciais, é indispensável manter rígido controle de biosseguridade, com medidas como: controle de entrada e saída de funcionários, desinfecção de equipamentos, períodos de vazio sanitário entre lotes, armazenamento adequado da ração e tratamento da água.

COMO SERÁ O FUTURO DO SISTEMA DE BIOSSEGURANÇA MUNDIAL E MAIS ESPECIFICAMENTE NO BRASIL? O QUE MUDARÁ E QUAIS ATUALIZAÇÕES SERÃO NECESSÁRIAS?

Não mudará nada a curto prazo, o Brasil tem um dos melhores sistemas de vigilância agropecuária do Mundo. Claro que ao longo do tempo melhorias na vigilância e nas imunizações devem melhorar, mas por hora não há nada de especial para fazer.

MUDARÁ ALGO NO QUE SE REFERE ÀS MEDICAÇÕES AVÍCOLAS, COM NOVAS VACINAS, POR EXEMPLO?

No momento, não há motivo para grandes preocupações, apesar de ainda não existir uma vacina efetiva contra o H5N1. A fiscalização brasileira adota padrões de qualidade extremamente rigorosos, o que garante um elevado nível de segurança no controle da doença nas granjas, como já destacamos anteriormente. Naturalmente, o surgimento desse caso acelerou as discussões e os investimentos em pesquisas para o desenvolvimento de vacinas. No entanto, este ainda é um processo restrito ao ambiente científico. Vacinas contra vírus exigem muitos ensaios clínicos e apresentam desafios, principalmente devido às múltiplas cepas e às constantes mutações — cenário semelhante ao da gripe humana, cuja vacina precisa ser atualizada anualmente com base na cepa de maior circulação no ano anterior. Atualmente, algumas vacinas estão sendo utilizadas de forma experimental em outros países, mas ainda não há previsão de comercialização em larga escala.

O CUSTO DE PROTEÇÃO DEVE SE ELEVAR POR

CONTA DESSE NOVO SISTEMA DE BIOSSEGURANÇA?

Nas granjas comerciais não deve mudar muita coisa, pois elas já possuem alto padrão de biosseguridade, talvez um investimento maior seja para os pequenos produtores e de subsistência.

O que deve ser realizado, segundo o MAPA, é preservar as estruturas de proteção dos aviários, incubatórios, fontes de água e fábricas de ração para evitar contato com aves silvestres, roedores e outros animais; evitar visitas de pessoas e veículos na granja que não sejam devidamente treinadas para o trabalho; instalar aviso de ENTRADA PROIBIDA para pessoas que não sejam funcionários das granjas; garantir local para banho e troca de roupa, como um vestuário próprio da granja, para os trabalhadores e visitantes; seguir as medidas de desinfecção de equipamentos e de roupas usadas na granja; procurar manter sua criação fechada, pelo menos na época de migração de aves vindas da América do Norte, de novembro a março, pequenos criadores devem ficar atentos à essa passagem de aves, principalmente nessa época; manter sempre limpa a área ao redor dos aviários e instalações sem entulhos.

Mantenha os bebedouros e comedouros protegidos de aves silvestres; as aves de criação não devem acessar lagos, açudes, poças ou tanques de água; manter a sanitização da água de dessedentação (bebedouros) das aves e da água de aspersão nos aviários (mínimo 3 ppm de cloro); manter o estoque de ração sempre protegidos das aves silvestres e outros animais.

Garantir o tratamento adequado das carcaças, ovos descartados e compostagem com isolamento deste local das aves silvestres e outros animais; garantir o tratamento adequado

da compostagem antes de ser usada como adubo; garantir que o entorno dos aviários não tenha plantação de árvores frutíferas, cereais ou outra vegetação que atraia aves silvestres; manter os registros de controle de trânsito de pessoas e veículos sempre atualizados e manter atualizado os controles de índices zootécnicos e manejo sanitário.

EM RELAÇÃO AO TREINAMENTO DOS FUNCIONÁRIOS DE INSTALAÇÕES AVÍCOLAS, O QUE DEVE SER ATUALIZADO?

Os trabalhadores que têm contato com aves em granjas comerciais e de subsistência devem realizar treinamento constante para manter a biosseguridade local. Como higienização antes de entrar na granja (banhos e troca de roupa), realizar a limpeza, desinfecção e vazio sanitário no tempo adequado para os lotes. Garantir que os novos animais que chegam à granja estejam saudáveis, verificar se os galpões estejam com as telas sem defeitos para evitar a entrada de animais silvestres e roedores. Também realizar a vistoria diária para verificar se existem aves doentes ou mortas nos galpões.

É importante evitar contato de aves migratórias (aves aquáticas, gaivotas e aves costeiras) com as aves da criação. Caso seja uma criação de subsistência, criar separado galinhas, patos, marrecos e evitar contato de outros animais, como cães, gatos e roedores, suínos e bovinos.

Manter as granjas com boas práticas agropecuárias, os animais bem alimentados, alojamentos limpos e arejados e boas condições de saúde.

EM CASOS SUSPEITOS NOTIFICAR NO E-SISBRAVET (MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO).

IMPACTO ATUAL DO POTENCIAL DO BEM-ESTAR E DOS BIOINSUMOS NA PRODUÇÃO

DE FRANGOS DE CORTE

A busca da sustentabilidade levanta dois aspectos predominantes: o bem-estar animal e o uso de antibióticos.

OBrasil é o maior produtor e o primeiro exportador mundial de carne de frango, destinando cerca de 35,3% ao mercado externo (ABPA, 2025), garantindo proteína acessível e de qualidade.

Nas últimas décadas, o conceito de desenvolvimento sustentável evoluiu, impulsionando iniciativas alinhadas a esse ideal. Um marco importante foi o Relatório Brundtland (1987), seguido pelos Objetivos do Milênio (2000) e pelos ODS a partir de 2015.

No setor privado, iniciativas como o ESG e o Pacto Global da ONU reforçam o compromisso com uma produção ética e responsável. Essas ações atendem à crescente demanda da sociedade e de um mercado consumidor mais exigente quanto à saúde, bemestar, ética corporativa e transparência, exigências já visíveis na prática.

Na avicultura de corte, a busca da sustentabilidade levanta dois aspectos predominantes: o bem-estar

animal e o uso de antibióticos, os quais parecem assumir relações inversamente proporcionais, porém paradoxal e positivamente sinérgicas. Assim, quanto maior o nível de bem- estar, menos antibióticos são utilizados e quanto mais regulações sobre o uso de antibióticos, mais orientados ao bemestar os sistemas produtivos se tornam.

É reconhecido que as aves em sistemas comerciais de criação possuem necessidades que vão além do básico, e por essa razão demandam manejo cuidadoso.

Embora o uso terapêutico de antibióticos tenha trazido benefícios, seu uso frequente exerce pressão seletiva sobre microrganismos, promovendo a resistência bacteriana e consequentemente a disseminação de genes de resistência no meio ambiente com impactos significativos no equilíbrio dos ecossistemas.

Adicionalmente, a dependência extrema de

Dr.Luiz Carlos Dematte Filho Médico Veterinário, CEO na Korin Alimentos
Dra. Gisele Dela Ricci Zootecnista, consultora técnica na Mundo Agro

antibióticos compromete a sustentabilidade econômica da produção avícola. Estudos indicam que o benefício em ganho de peso promovido por antibióticos pode ser reduzido, enquanto o custo dos próprios insumos pode anular qualquer vantagem financeira. Adicionalmente, pesquisas mostram que aves submetidas a sistemas de bemestar aprimorado, com redução ou eliminação do uso de antibióticos, apresentam melhor desempenho imunológico e zootécnico, o que favorece produtos com maior valor agregado, voltados aos mercados mais exigentes e potencialmente mais rentáveis.

A redução ou mesmo a eliminação do uso de antibióticos dependem de estratégias complexas e multifatoriais, mas nossa experiência aponta que o bem-estar e o que chamamos de Condicionamento Biológico das Unidades Produtivas assumem um papel central neste processo, integrando: melhoria ambiental com estruturas florestais preservadas nas propriedades, uma nutrição balanceada por meio de maior diversidade de ingredientes nas rações, pela exposição controlada a agentes como a Eimeria sp, e o uso estratégico de insumos de base microbiológica

e/ou seus metabólitos.

Os insumos biológicos, agora denominados bioinsumos pela Lei nº 15.070 de 23/12/2024, são relativamente mais conhecidos na agricultura, mas sua aplicação na produção animal surge como uma inovação muito promissora. Nesse sentido, o conceito de condicionamento biológico vai além do uso isolado de probióticos e ácidos orgânicos, propondo uma abordagem mais integrada e sistêmica. Essa abordagem considera também os avanços da epigenética e o entendimento do microbioma das aves, bem como do ambiente onde estão alojadas como sendo um dinâmico, moldado pela interação de todos os macro e microrganismos presentes, incluindo os seres humanos.

Essa perspectiva se conecta ao princípio da Saúde Única (One Health), essencial para um futuro mais sustentável na produção avícola.

Recomendamos a todos o aprofundamento na nova legislação dos bioinsumos e nas regulamentações em andamento, pelo seu grande potencial de transformação na avicultura brasileira.

SEXAGEM IN-OVO: TECNOLOGIAS E IMPLICAÇÕES

A identificação do sexo do embrião antes da eclosão desponta como uma das soluções mais promissoras e urgentes para alinhar produtividade com responsabilidade socioambiental.

INTRODUÇÃO

A avicultura de postura, embora altamente tecnificada, enfrenta críticas com relação ao bemestar animal, especialmente pela prática sistemática do descarte de pintos após a eclosão. Essa realidade, antes aceita pela indústria por motivos econômicos, tornou-se ética e socialmente insustentável. Em resposta a essa demanda, a sexagem in-ovo — identificação do sexo do embrião antes da eclosão — desponta como uma das soluções mais promissoras e urgentes para alinhar produtividade com responsabilidade socioambiental. Atualmente, cerca de 7 bilhões de pintos machos são sacrificados anualmente no mundo, sendo aproximadamente 90 milhões no Brasil.

Essa realidade gera um duplo impacto: ético, pelo sofrimento animal desnecessário no momento do sacrifício, e ambiental, pelo desperdício de recursos, pois cada ovo incubado representa um custo médio de R$0,15 em energia elétrica, além dos custos com mão de obra para triagem e descarte, emitindo ainda cerca de 0,05 kg de CO2 por ovo. Quando projetado para a realidade brasileira, esse impacto ambiental chega a ser o equivalente a 35 mil toneladas de CO2 anuais no Brasil.

A União Europeia estabeleceu como meta erradicar a prática até 2027, e países como a Alemanha e a França iniciaram a sexagem in-ovo em 2022. A Alemanha, por exemplo, reduziu em 90% o sacrifício de pintos após adoção da tecnologia óptica. Enquanto isso, no Brasil, a ausência de regulamentação específica e os custos tecnológicos, que podem aumentar o preço do ovo devido a aplicação da técnica, ainda representam barreiras.

IMPLICAÇÕES NO BEM-ESTAR

Não se trata apenas de uma questão de produtividade ou eficiência econômica, o mercado atual exige posturas mais éticas e sustentáveis, especialmente no que diz respeito a redução do sofrimento animal e a promoção do bem-estar dos animais envolvidos na cadeia produtiva. No caso da indústria de galinhas poedeiras, a prática recorrente de eliminar pintos machos logo após a eclosão, geralmente por métodos como asfixia ou maceração, tem gerado indignação pelos consumidores.

A crescente demanda pela implementação do bemestar animal na produção avícola, impulsionada pela opinião, sensibilidade e decisão de compra do consumidor, demonstra sua relevância ao estimular modificações legislativas, direcionadas a comercialização de alimentos e ao funcionamento do sistema de produção em excelência.

TÉCNICAS DESENVOLVIDAS

Com o avanço tecnológico, diversos métodos surgiram para a realização da sexagem in-ovo. A Alemanha, que se tornou o primeiro país do mundo a proibir oficialmente o abate de pintos machos em 2022, foi também pioneira no desenvolvimento de uma técnica patenteada com o nome Seleggt®. Essa tecnologia permite determinar o sexo do embrião com apenas nove dias após a fertilização do óvulo. Caso o embrião seja identificado como macho, o ovo é redirecionado para a produção de ração animal. A técnica utiliza a espectroscopia NIR, que analisa biomarcadores através da casca do ovo com 98% de precisão, com custo de €0,02 por ovo.

A técnica utilizada na Europa e nos Estados Unidos, desenvolvida por um grupo de pesquisadores da

Universidade de Leipzig, é completamente automatizada e envolve a perfuração da casca do ovo com um feixe de laser de alta precisão. Através de um orifício minúsculo, com apenas 0,3 mm de diâmetro, é extraída uma gota do fluido alantóide, a qual é analisada com o auxílio de marcadores químicos. Estes marcadores reagem mudando de cor quando detectam a presença de sulfato de estrona, um hormônio estrogênico que indica que o embrião é uma fêmea. Para garantir a segurança sanitária do processo e evitar contaminação, o pequeno furo é selado com cera de abelha. Os ovos submetidos a essa metodologia e as caixas aos quais pertencem recebem um selo específico – o Respeggt – que certifica o procedimento com o selo “Free of Chick Culling ”. A implementação do selo gera um custo adicional de aproximadamente €100 a cada 1 milhão de ovos. Para o consumidor final, isso representa um acréscimo, entre €0,01 e €0,02 por unidade.

Paralelamente, alguns pesquisadores têm se dedicado a desenvolver métodos ainda mais avançados, com o objetivo de impedir, desde o início, o desenvolvimento de embriões machos. Um dos caminhos estudados compreende a sexagem a partir do dia zero, que propõe a manipulação epigenética do desenvolvimento embrionário logo nas primeiras horas. Através da exposição dos ovos a ondas vibratórias específicas, é possível promover o desenvolvimento de ovários em embriões machos, fazendo com que eclodam como galinhas poedeiras, sem que ocorra o prolongamento do tempo de incubação. O conceito é a manipulação ambiental, portanto, além das vibrações sonoras, a umidade e a temperatura também são parte do protocolo de incubação controlado por inteligência artificial. Essa tecnologia revolucionária é liderada pela startup israelense SooS Technology, que já recebeu cerca de 9 milhões de dólares em investimentos, incluindo aportes da prestigiada Universidade de Cornell, nos Estados Unidos.

Outra técnica de sexagem in-ovo desenvolvida pela

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Universidade da Califórnia, por exemplo, os pesquisadores descobriram que ovos que contém pintos machos produzem diferentes tipos de ácidos orgânicos voláteis, em comparação aos ovos com fêmeas. Essas moléculas são então captadas e analisadas por espectrometria e o sexo do embrião é descoberto. Outro grupo de pesquisadores da startup In Ovo, realiza a sexagem dos ovos utilizando biomarcadores. Tem-se também, a análise da composição de gases liberados pelos ovos com 85% de assertividade, desenvolvido pela Universidade de Linkoping, na Suécia. Mais recentemente, a Ceva Saúde Animal, apresentou uma máquina que utiliza inteligência artificial para a sexagem dos ovos. A empresa afirma que com essa tecnologia a necessidade de mão de obra em um incubatório pode cair 40% gerando enorme economia para os produtores.

Para o Brasil se equiparar aos avanços mundiais, três eixos são fundamentais; com o desenvolvimento de tecnologias acessíveis, como os espectrômetros NIR de baixo custo, que a Embrapa vem pesquisando; a criação de incentivos fiscais para adoção das tecnologias pelas empresas; e campanhas de conscientização com selos como “Livre de Sacrifício”.

PERSPECTIVA DOS CONSUMIDORES

Uma pesquisa conduzida pela Innovate Animal Ag, com mais de 1.500 brasileiros, revelou que quase 80% dos entrevistados demonstram interesse em consumir ovos produzidos com a tecnologia de sexagem in-ovo. Além disso, mais de 75% afirmaram estar dispostos a pagar um valor adicional pelo produto. Apesar da receptividade demonstrada pelo público, a inovação ainda não foi implementada em larga escala no país. Porém, grandes grupos comercializadores de ovos já declararam publicamente o interesse na tecnologia e aguardam a consolidação da viabilidade econômica antes de adotá-la efetivamente.

Projeções indicam que o mercado global de sexagem in ovo valerá US$500 milhões até 2027. A avicultura sustentável deixou de ser uma opção para se tornar uma obrigação ética e mercadológica, cabendo ao Brasil a chance de liderar esta transição na América Latina, alinhando produtividade, inovação e respeito ao bem-estar animal.

Referências: Disponíveis com os autores

QUANDO O CRÍTICO SE TORNA

URGENTE: O VALOR DO BEM-ESTAR ANIMAL EM TEMPOS DE CRISE SANITÁRIA

Os impactos do COVID-19 ainda são perceptíveis em diversos setores produtivos, e serviram como um alerta para a importância de investir em pesquisa, inovação e na prevenção de doenças zoonóticas. No agronegócio, o cenário não é diferente. Crises sanitárias recentes, como a peste suína africana, a febre aftosa em países da Europa e a gripe aviária com distribuição quase que globalizada, têm exposto fragilidades relevantes de biosseguridade nas cadeias de produção animal. Um exemplo nacional foi o recente caso de gripe aviária registrado no interior do RS, que levou à suspensão parcial das importações de produtos avícolas brasileiros por alguns países. Episódios como esse mostram que a preservação dos pilares básicos de bem-estar animal (BEA) vão muito além da ética ou do apelo do consumidor. E, o BEA é um componente estratégico da sanidade, da segurança alimentar e da sustentabilidade no campo.

O movimento pelo BEA em animais de produção culminou em 1965, no Reino Unido, com a publicação do Relatório Brambell. No Brasil, embora o tema ainda seja visto por muitos como algo distante ou de difícil aplicação prática, a produção de ovos oriundos de sistemas “livres de gaiola” tem ganhado cada vez mais relevância, especialmente diante de exigências crescentes dos consumidores, iniciativas de ONGs de proteção animal e do mercado internacional.

Entre os avanços no setor avícola de postura comercial na última década, destaca-se a adoção aplicada de normas privadas de certificação de BEA, que tem conquistado espaço relevante e crescente no país. O que antes passava despercebido nas embalagens de ovos e derivados como massas e maioneses, hoje se tornou um diferencial competitivo. Além do setor produtivo, os consumidores estão cada vez mais

atentos e exigentes, pressionando as redes hoteleiras, fast-foods e supermercados, por práticas sustentáveis e auditadas por organismos independentes, transparentes e com credibilidade no mercado nacional e internacional.

As granjas certificadas são anualmente auditadas por profissionais qualificados e independentes para avaliar o cumprimento integral dos requisitos definidos na norma de criação de galinhas livres de gaiola. Além das exigências da legislação brasileira, a norma determina o cumprimento rigoroso de medidas de biosseguridade. Além disso, aspectos relacionados à nutrição e saúde das aves são criteriosamente avaliados. Animais em boas condições de BEA apresentam um melhor desempenho produtivo e maior resistência a patógenos, tornando-se menos suscetíveis a surtos de doenças. E, a prevenção de desafios sanitários exige a adoção de melhores práticas e manejos. Porém, para atingir estes resultados, os colaboradores nas granjas devem ser regularmente treinados e avaliados quanto ao conhecimento da norma e de BEA das aves e à eficácia dos manejos aplicados. Qualquer desvio em indicadores de produtividade ou saúde acende um alerta imediato, permitindo uma resposta rápida por parte da equipe técnica da granja. O comprometimento humano é essencial para que o BEA se traduza em resultados consistentes no campo.

Diante de um cenário de riscos potenciais dos desafios sanitários, e demandas por produtos cada vez mais exigente e volátil, projetos certificados se destacam por sua robustez e capacidade de resposta. Eles não apenas asseguram o bem-estar das aves, mas também reforçam a confiança do consumidor e a competitividade da produção nacional no mercado global.

Guilherme Trindade
Auditor do Programa Certified Humane ®
Dra. Rosangela Poletto
Docente IFRS-Campus Sertão, Conselheira do Comitê Científico do Programa Certified Humane ®

www.giordanoglobal.com info@giordanoglobal.com

A coleta e o transporte de ovos são uma parte fundamental do setor avícola. A Giordano projeta, desenvolve e produz soluções para o manuseio de ovos comerciais, para a indústria de ovoprodutos e para a indústria de incubação, com o objetivo de reduzir drasticamente qualquer possível dano aos ovos.

Nosso principal objetivo é oferecer sistemas de manuseio de ovos tecnológicos e de ponta.

O Eggs Cargo System, projetado para o manuseio de ovos de consumo, é compatível com todos os modelos de bandejas: para ovos de codorna, ovos de pato e ovos de galinha de vários tamanhos e pesos.

E GG S C A R G O S Y ST E M®

PRESENTE E FUTURO NA

SUINOCULTURA:

QUAL A IMPORTÂNCIA DA TOMADA DE DECISÃO BASEADA EM INTELIGÊNCIA

ARTIFICIAL (IA) NA ANÁLISE DE DADOS?

A IA aumenta a precisão na hora dos ajustes nutricionais na suinocultura.

Atomada de decisão baseada em IA na análise de dados é fundamental nos dias de hoje, pois reduz o achismo e aumenta a precisão nas escolhas. Esse critério é, especialmente, importante em ambientes incertos ou altamente competitivos que, com a gestão dos dados em mãos, é possível identificar gargalos, otimizar processos e alocar recursos de forma mais inteligente, tornando os manejos mais objetivos e eficazes.

As análises históricas e preditivas ajudam a identificar padrões de comportamento no mercado da suinocultura, o que facilita a criação de estratégias mais alinhadas com a realidade. Ao entender profundamente os dados, é possível desenvolver novos produtos, serviços ou soluções mais relevantes, com base em necessidades reais. Dessa forma, com decisões embasadas em dados de pesquisa, é possível medir os resultados com mais clareza, aprender com erros e acertos, e ajustar estratégias com agilidade, facilitando o convencimento das partes interessadas.

Os algoritmos de machine learning é um ramo da IA com capacidade de fornecer previsões e insights por meio da análise de grandes conjuntos de dados que resultam em informações e auxiliam na tomada de decisão. As características de interesse incorporadas aos códigos são capazes de realizar a predição e lidar com investigações complexas de forma eficaz, a qual depende de tecnologias para tratar grandes conjuntos de dados, conhecido como big data.

As relações entre o monitoramento da temperatura do ambiente e os impactos sobre o consumo e desempenho na tomada de decisão, por meio de IA nas análises de dados e do uso de algoritmos, vem sendo estudado para entender, com mais detalhes, como os serviços técnicos podem auxiliar no melhor aproveitamento de nutrientes pelos animais. Como o ambiente é, muitas vezes, diferente das condições em que ocorre a seleção genética, além das mudanças climáticas, ocorre uma significativa barreira para atender, de modo sustentável, como se dará o aumento de produção global da carne suína, necessitando ser mais bem estudada a relação com o ambiente, para que ocorra hiperprodutividade dos animais (MAYORGA et al., 2019).

Os suínos mantêm sua temperatura corporal relativamente constante em uma certa zona de conforto térmico (ZCT). Contudo, os resultados dos algoritmos computacionais acusam que a variação de 5°C acima ou abaixo impacta diretamente o consumo de ração diário e dos nutrientes, para que o animal consiga alcançar o peso esperado ao final do alojamento.

A variação de temperatura do ambiente possui uma correlação negativa de 60% sobre o consumo de ração na fase de creche e, por consequente, também em nutrientes como a lisina digestível, fósforo disponível e de energia metabolizável. Isto é, conforme ocorre a oscilação de temperatura abaixo da zona de conforto térmico (ZCT) constatou-se, por meio dos algoritmos

Ana Caroline Rodrigues da Cunha Consultora de Serviços Técnicos da Agroceres Multimix

de machine learning, que os suínos precisam aumentar o consumo de ração para ajustar as quantidades diárias destes nutrientes e, dessa forma, atingir o peso esperado ao final da fase.

Na prática, quando sabemos o verdadeiro impacto do ambiente no consumo e desempenho dos suínos, torna-se possível tomar medidas antecipadas de controle ambiental, ajuste de densidade animal ou fornecimento de ração mais concentrada nos dias mais quentes, bem como o uso de gestão de dados para fazer predições de desempenho por meio dos algoritmos de machine learning.

White et al. (2015) corroboram com o fato de que, em baixas temperaturas e alta umidade relativa, os suínos geram calor por meio do aumento do metabolismo basal e ocorre o efeito térmico da alimentação por meio de maior consumo de nutrientes. Por outro lado, em altas temperaturas e baixa umidade relativa, utilizam o mecanismo de regulação para dissipar calor ao ambiente, prevenindo o excesso de calor corporal e reduzindo o consumo de ração.

A relação entre a temperatura do meio ambiente e o consumo dos nutrientes pode ser prevista, indiretamente, usando parâmetros ambientais e relacionados ao crescimento dos animais, concentrando-se principalmente em correlação linear, path analysis, regressão linear e/ou múltipla, regressão stepwise, análise fatorial, análise de componentes principais (ACP), redes neurais artificiais (RNAs) e estatística bayesiana (JANG et al., 2015; MOSTAÇO et al., 2015; SOERENSEN;PEDERSEN, 2015; BASAK et al., 2019), dos quais se assume uma relação linear e não-linear, a depender da característica de interesse e o impacto da temperatura ambiental sobre a mesma.

Essas metodologias reduzem o número de características necessárias para a entrada dos dados aos algoritmos de machine learning e predição do consumo de nutrientes, permitindo análises mais robustas e abrangentes o suficiente para realmente mostrarem as interações entre as condições ambientais, como a temperatura, desempenho em

24% EM NECESSIDADE DE CONSUMO DE RAÇÃO PRÉ-INICIAL 1 EM

TEMPERATURAS ABAIXO DA ZONA DE CONFORTO TÉRMICO DE LEITÕES

14% EM NECESSIDADE DE CONSUMO DE RAÇÃO PRÉ-INICIAL 2 EM

TEMPERATURAS ABAIXO DA ZONA DE CONFORTO TÉRMICO DE LEITÕES

Figura 1 - Resposta dos algoritmos de machine learning de consumo diário de ração nas duas primeiras semanas de alojamento na fase de creche abaixo da zona de conforto térmico (Departamento de Serviços Técnicos de Suínos - Agroceres Multimix®, 2025).

ganho de peso diário (GPD) e peso corporal esperado e, consumo dos animais, principalmente de lisina digestível e fósforo disponível, bem como de energia metabolizável (EM).

Os algoritmos de machine learning conseguem inferir que, leitões alojados em temperaturas entre 5 e 10°C abaixo da zona de conforto térmico afeta, principalmente, a primeira e segunda semana na fase de creche, momento em que os animais estão em período de adaptação no pós-desmame e necessitam de maiores cuidados de aquecimento das baias (Figura 1). Ainda, pode-se verificar o aumento em 9,7% na exigência de fósforo disponível para suprir a necessidade de alcançar o peso final esperado e garantir o consumo de ração diário semelhante aos planos nutricionais estabelecidos pelos nutricionistas.

Por outro lado, devido à redução do consumo de ração em animais alojados em temperatura acima de 30°C nas fases de Recria e Terminação, aumenta-se, em média, 5,4% da exigência de lisina digestível para

9,7% DE EXIGÊNCIA EM FÓSFORO DISPONÍVEL PARA LEITÕES NA PRÉ-INICIAL 1

Figura 2 - Relação da exigência de fósforo disponível para leitões na primeira semana pós-desmame alojados em temperaturas entre 5 e 10°C abaixo da zona de conforto térmico (Departamento de Serviços Técnicos de Suínos - Agroceres Multimix®, 2025).

que, dessa forma, o animal alcance o peso corporal esperado (Figura 2). Consequentemente, resulta-se em aumento de custo de produção em nutrição para os animais por exigir que o animal consuma maior quantidade de proteína na dieta para compensar a redução de consumo de ração diário.

Para suínos em fase de terminação, com peso vivo entre 90 e 130 kg, expostos a temperaturas acima de 30°C, o aumento da lisina digestível na dieta pode mitigar os efeitos negativos do estresse térmico (Figura 3). Os impactos do estresse térmico nessa fase ocorrem por meio de redução do consumo de ração, prejudicando o crescimento, menor deposição de carne magra na carcaça, uma vez que o desvio de energia para dissipação de calor reduz a eficiência na conversão alimentar e aumento da conversão alimentar, uma vez que o animal aumenta o consumo de ração para manter o peso corporal, reduzindo o GPD e aumentando a conversão alimentar (CA).

Em caso de redução do consumo de nutrientes, a taxa de crescimento na fase de recria e terminação também é reduzida, resultando em um aumento da conversão alimentar. Por outro lado, quando os nutrientes são fornecidos em excesso à necessidade, estes contribuem

para o aumento da excreção e redução de uma produção sustentável.

Em suínos durante a fase de crescimento, a eficiência metabólica de retenção de lisina digestível é, aproximadamente, 72% e, no período de engorda, a eficiência em animais, consumindo duas rações em fase de terminação, é de apenas cerca de 45% (GAILLARD et al., 2020). Assim, melhorar a eficiência do uso de nutrientes requer melhorar também a digestibilidade e fornecê-los, ao longo do tempo, o mais próximo possível das necessidades individuais dos animais, a fim de limitar seu excesso ou escassez de oferta dos nutrientes.

O consumo de ração e o GPD de suínos em fase de recria e terminação diminui com o aumento da temperatura a partir de 20 °C. Além disso, os efeitos impactam ainda mais com o aumento do peso corporal dos suínos (Figura 4).

Dessa forma, as mudanças nas necessidades nutricionais e o aumento da temperatura média ao longo dos últimos anos, bem como a variabilidade individual em suínos, influenciam a eficiência da utilização de nutrientes e, tais variabilidades, devem ser consideradas para predizer as necessidades nutricionais com maior precisão.

Considerando que o objetivo da maior precisão na nutrição de suínos é desenvolver sistemas em IA capazes de estimar e fornecer, no momento certo, uma ração com quantidade e composição adaptadas às necessidades diárias de cada ração a ser consumida pelos animais, a melhoria da eficiência alimentar e nutricional torna-se uma questão fundamental para a sustentabilidade em sistemas de produção de suínos.

5,4% DE EXIGÊNCIA EM LISINA DIGESTÍVEL PARA SUÍNOS NA RECRIA

8-10% DE CONSUMO DE RAÇÃO DIÁRIO EM CEVADOS NA TERMINAÇÃO ALOJADOS EM TEMPERATURAS ACIMA DE 30°C

Figura 4 - Resposta dos algoritmos de machine learning sobre suínos na fase de Terminação quando alojados em temperaturas acima de 30°C (Departamento de Serviços Técnicos de SuínosAgroceres Multimix®, 2025).

Figura 3

COMO A AGROPECUÁRIA PODE SER

UMA DAS FERRAMENTAS PARA AUXILIAR

NO COMBATE AOS INCÊNDIOS

O setor agropecuário brasileiro moderno e eficiente não é tolerante às queimadas, que definitivamente causam danos econômicos e ambientais.

Giovana Alcantara Maciel Pesquisadora da Embrapa Cerrados giovana.maciel@embrapa.br Em parceria com a Sociedade Brasileira de Zootecnia

INTRODUÇÃO

No Brasil central já estamos na época seca novamente e, com isso, acende o alerta sobre a ocorrência das queimadas. As queimadas são eventos anuais que ocorrem historicamente no meio rural e periurbano e são intensificadas por longos períodos de estiagem. As áreas de cultivos anuais perdem matéria orgânica do solo, fornecida pelos restos culturais e pelas plantas de cobertura, além dos danos à microbiota do solo. Os prejuízos aos pecuaristas são evidentes com a morte de animais e destruição de cercas, redes elétricas e edificações. A população local e as estradas também são afetadas diretamente. O setor agropecuário brasileiro moderno e eficiente não é tolerante às queimadas, que definitivamente causam danos econômicos e ambientais. A busca ativa de soluções é uma marca do agronegócio brasileiro.

A urgência em resolver o problema é consenso na sociedade, uma vez que até mesmo as grandes cidades foram afetadas pela qualidade do ar decorrente de queimadas generalizadas ocorridas na estação seca de 2024.

O território brasileiro é amplo e diversificado no clima, no solo e na estrutura fundiária e as soluções precisam ser customizadas. A avaliação técnica, o planejamento e as ações preventivas com envolvimento da sociedade local são os caminhos mais efetivos e baratos de controle. O planejamento para prevenção de queimadas demanda conhecimento técnico especializado, liderança, análise de informações e levantamentos de campo.

O fogo é um evento que afeta tanto as cidades quanto a zona rural e as ações preventivas e de efetivo combate às chamas são onerosas e precisam de orçamentos anuais para financiamento de acesso rápido e com transparência.

AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO

A experiência brasileira de monitoramento de focos de incêndio é longa e existem bases de dados organizadas de imagens de satélites. A disponibilização de dados, que identificam de forma inequívoca os locais onde as queimadas são iniciadas, são essenciais para o diagnóstico situacional. O amplo acesso às informações organizadas e georreferenciadas pelo público leigo é um avanço que contribui para soluções criativas e descentralizadas. Os alertas e campanhas preventivas precisam ser intensificados nas regiões de maior incidência de focos iniciais de incêndios. A efetividade das operações de combate a incêndios será maior se ocorrer nos primeiros minutos de fogo, independente se for acidental ou criminoso.

AGENDA ANUAL DE PREVENÇÃO

Ferramentas tecnológicas podem ser úteis com novas funcionalidades em aplicativos já existentes para celulares, por exemplo.

EXPERIÊNCIAS DE SUCESSO NA PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS

Os balões tipicamente usados em festas juninas causam incêndios ainda hoje. Ações punitivas não foram totalmente efetivas, mas elas são apoiadas por campanhas publicitárias para sensibilização da população nas épocas mais secas do ano. A tradição está enraizada na cultura popular, infelizmente.

As indústrias de celulose e sucroenergéticas são modernas e seguem rígidas diretrizes de compliance. Sendo assim, existe vasta experiência acumulada em comunicação, prevenção, vigilância, relacionamento com as comunidades e operações de combate a focos de incêndios. Modernos setores agroindustriais servem de inspiração para cumprimento de políticas públicas voltadas à prevenção do fogo no meio rural. Discussões genéricas, culpabilidade e opiniões subjetivas não são efetivos na solução dos problemas.

As ações preventivas ocorrem durante a estação chuvosa. Elas precisam estar alinhadas na agenda de eventos agropecuários regionais. A execução de estratégias pode aproveitar as oportunidades para reunir lideranças que possam mobilizar e sensibilizar a sociedade em torno da prevenção. Alertas climáticos precoce de estiagem prolongada devem fazer parte desta agenda, para reduzir os impactos negativos e, em algumas situações, até gerar vantagens ao agricultor.

ÁREAS DE CULTIVOS ANUAIS

São áreas com risco elevado por causa da planta de cobertura usada após o plantio das culturas alimentares. A palhada tem importância agronômica como fornecedora de matéria orgânica, prevenção da erosão e redução da temperatura do solo.

A proximidade das áreas agrícolas em relação às comunidades rurais e de estradas são fatores de risco. Nestes casos, o pastoreio reduz a quantidade de palhada no solo com a vantagem de ciclagem de nutrientes e o ganho de peso dos animais. Esta técnica de manejo, em sistema de integração lavoura-pecuária, pode reduzir o risco e facilitar o controle de queimadas.

POLÍTICAS PÚBLICAS E FONTES DE RECURSOS

O poder público precisa investir ainda mais no detalhamento e disponibilização dados georreferenciados sobre queimadas, além de facilitar processos e organizar políticas públicas

que possibilitem investimento privado e ao mesmo tempo recompense municípios, empresas e pessoas físicas que investirem em ações estratégicas e inovadoras. A descentralização das inspirações e ações precisa ser a marca de um programa efetivo de controle de queimadas. As ações de prevenção a incêndios são serviços ambientais que precisam do devido reconhecimento público e aporte de investimentos. Os municípios e brigadas precisam adquirir e manter equipamento de proteção individual para eventual combate a incêndios por civis e suporte a operações de campo.

O investimento público também precisa financiar a operação de máquinas e equipamentos privados existente nas regiões como caminhões pipa, tratores, arados e aviões agrícolas para ações emergenciais de combate às chamas. Brigadistas voluntários também precisam de recursos para capacitação, transporte, alimentação e seguro de vida. Eles precisam ser recrutados e treinados nas comunidades próximas das áreas críticas e funcionam como difusores de conhecimento e de organização da sociedade civil. Seria uma forma de trabalho voluntário, sem vínculo empregatício, que proporciona prestígio, articulação e reconhecimento na sociedade.

Nas fotos é possível visualizar que áreas com manejo antrópico têm menos risco de ocorrência de incêndio em comparação com as áreas em que a vegetação cresce livremente.

ACEIROS

Planejamento, construção e manutenção periódica para dificultar a propagação do fogo.

QUEIMA CONTROLADA

Pode ser realizada, mas precisa de planejamento e autorização

RODOVIAS

Projeto de Lei que autoriza lavouras de culturas anuais em áreas laterais de rodovias conhecidas como faixas de domínio (PL 1533/2023).

A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO NA PROGRAMAÇÃO FETAL DE BOVINOS

O principal objetivo da programação fetal é assegurar que o feto se desenvolva de forma saudável, evitando alterações metabólicas, estruturais e fisiológicas que possam comprometer o desempenho.

Uma prática importante no manejo de bovinos de corte é a programação fetal, um processo pelo qual o ambiente intrauterino influencia o desenvolvimento do feto, determinando aspectos essenciais da saúde e do desempenho produtivo do animal. Esse é um conceito que orienta estratégias nutricionais e de manejo que visam melhorar a eficiência produtiva e a qualidade da carne.

O principal objetivo da programação fetal é assegurar que o feto se desenvolva de forma saudável, evitando alterações metabólicas, estruturais e fisiológicas que possam comprometer o desempenho. Nesse contexto, a nutrição da vaca gestante desempenha um papel central: quando bem manejada, potencializa o crescimento, a qualidade da carcaça e a produtividade dos animais.

No Brasil, a bovinocultura de corte ocorre principalmente em sistemas extensivos, sujeitos a variações climáticas que limitam a oferta de alimento. Muitas vacas atravessam o terço médio da gestação no auge da seca, agravando a escassez nutricional. Sem suplementação, há perda de peso, mobilização de reservas e prejuízos para a matriz e a prole.

O período gestacional é decisivo para o desenvolvimento fetal. Do primeiro ao quinto mês, ocorre a formação e vascularização da placenta, essencial para o ganho de peso do bezerro nos últimos três meses. Por isso, é fundamental evitar restrições nutricionais, pois deficiências podem comprometer o crescimento e afetar todo o ciclo produtivo.

Quando há restrição nutricional durante a gestação, o feto ativa mecanismos compensatórios, como o aumento da necessidade de ingestão de alimentos

após o nascimento e a manifestação de comportamentos mais inibitórios ou reativos. Assim, bezerros oriundos de vacas mal nutridas tendem a nascer mais leves e apresentam menor eficiência produtiva e reprodutiva ao longo da vida.

Por outro lado, a suplementação materna adequada durante a gestação melhora o desempenho dos bezerros, em sistemas intensivos. Esses animais exibem maior ganho de peso e atingem o peso de abate precocemente, pois são fisiologicamente mais preparados para metabolizar nutrientes.

A programação fetal adequada influencia o peso ao nascer, crescimento, qualidade da carcaça, imunidade e resistência a doenças. Novilhas de vacas suplementadas apresentam maior taxa de prenhez e maturidade sexual precoce, enquanto machos de matrizes mal nutridas tendem a ter menor ganho de peso e desenvolvimento testicular prejudicado, afetando a reprodução.

Outro efeito positivo da boa programação fetal é a formação mais eficiente de fibras musculares e de tecido adiposo, resultando em carne de melhor qualidade, com maior espessura de gordura na 12ª costela, característica valorizada pelo mercado consumidor.

Dessa forma, ajustar o manejo nutricional das vacas prenhes é essencial para assegurar uma programação fetal eficiente, que garanta a produtividade e a sustentabilidade do sistema. Além dos benefícios zootécnicos, essa prática gera maior rentabilidade para o produtor e o frigorífico, além de oferecer ao consumidor carne de melhor qualidade.∂

Dra. Gisele Dela Ricci
Especialista em Bem-estar Animal, consultora técnica na Mundo Agro
Dr. Rafael Teixeira de Sousa Docente no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, campus Boa Viagem

Dra. Gisele Dela Ricci Colunista da Mundo

Agro, Zootecnista, Mestra, Doutora e Pósdoutora em Ciência Animal

Ocarregamento é uma etapa decisiva no manejo dos suínos, pois, nesse momento, os animais são expostos a estímulos que podem causar medo, dor e estresse, como barulho excessivo, manejo acelerado ou uso inadequado de equipamentos. Essas situações comprometem o bemestar, podendo resultar em lesões, queda no desempenho produtivo e aumento da mortalidade.

Por outro lado, quando o carregamento é feito com calma e respeito ao ritmo natural dos suínos, os riscos são reduzidos, proporcionando uma jornada mais tranquila até o destino final. Para isso, o treinamento das equipes é fundamental. Operadores capacitados compreendem o comportamento dos suínos, que são animais sociais e preferem se mover em pequenos grupos. A condução adequada, com formação de grupos de dois ou três animais, facilita o manejo, reduz o estresse e evita amontoamentos e paradas durante a movimentação, contribuindo para o bem-estar dos animais.

A Instrução Normativa nº 113, de 2020, estabelece diretrizes essenciais para o bem-estar dos suínos durante o carregamento. Entre os principais pontos, destacase a necessidade de respeitar o comportamento social dos animais, além de assegurar que as instalações

A IMPORTÂNCIA DO CARREGAMENTO DE SUÍNOS: TREINAMENTO, MANEJO E LEGISLAÇÃO

sejam adequadas, com corredores e embarcadouros que permitam movimentação fluida, evitando aglomerações, bloqueios, escorregões e quedas, reduzindo o risco de lesões.

Outro aspecto importante é respeitar a densidade correta no transporte, prevenindo amontoamentos, desconforto e lesões. A norma também orienta que os equipamentos utilizados na condução de suínos sejam de fácil manuseio e leves, como lonas, tábuas de manejo ou chocalhos, evitando causar dor e lesões nos animais.

O cumprimento dessas diretrizes atende não apenas às exigências legais, mas também contribui para o bem-estar animal e para a qualidade da carne suína. Além da IN 113, devem ser seguidas normas específicas do frigorífico, como a Portaria nº 365, que regulamenta o tempo de jejum e as condições de manejo pré-transporte, garantindo que os suínos estejam em boas condições físicas para a viagem.

Os benefícios de um bom manejo durante o carregamento são diversos: além de promover o bem-estar animal, um carregamento com instalações, manejo e treinamento de pessoas adequados garante a segurança dos trabalhadores, prevenindo acidentes, como quedas e contusões. Animais menos estressados chegam ao frigorífico em melhores condições, resultando em carne de qualidade superior e maior rendimento de carcaça. Também há redução de perdas por lesões ou mortes, melhorando a eficiência produtiva.

Por fim, o respeito ao bem-estar animal fortalece a imagem da produção. O consumidor está cada vez mais atento à origem dos alimentos e valoriza sistemas que adotam práticas responsáveis. Assim, um carregamento bem executado contribui para a confiança no setor agropecuário e agrega valor ao produto final.

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