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Matérias-Primas

Milho e Soja

Milho ficou quase 26% mais caro que há um ano

Comparativamente a idêntico período de 2019, o milho aumentou mais de um quarto no primeiro bimestre de 2020. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, variou entre um mínimo de R$49,00 e um máximo de R$57,00 (final de feve reiro) – média de R$53,43, valor cerca de 26% superior ao alcançado pelo produto no bimestre janeiro-fevereiro de 2019, ocasião em que foi co mercializado por, em média, R$42,45/saca.

Valores de troca – Milho/Frango vivo

No período, o frango vivo (interior de SP) alcançou média de R$3,20/kg, valor 11,71% superior ao de idêntico bimestre do ano passado. Mas como a valorização do milho foi muito mais sensí vel, de quase 26%, o poder de compra do avicultor em relação ao grão sofreu deterioração. Em 2019, primeiro bimestre, 246,5 kg de frango vivo foram suficientes para adquirir uma tonelada. Neste ano o produtor precisou de mais de 278 kg para adquirir o mesmo volume de milho – quase 13% a mais de frangos, o que significa que seu poder de compra recuou mais de 11%.

Valores de troca – Milho/Ovo

Graças a uma forte reversão de mercado em fevereiro, o ovo fechou o primeiro bimestre de 2020 registrando na granja (inte rior paulista, caixa com 30 dúzias, valor a granel para cargas fechadas) preço médio em torno de R$/74,60, valor 38% superior ao alcançado no mesmo período de 2019 (R$53,88/caixa). Como o milho apresentou alta anual de, aproximadamente, 26% é ób vio que o poder de compra do avicultor apresentou ligeira alta. Assim, foram suficientes perto de 12 caixas para a aquisição de uma tonelada do grão, poder de compra perto de 10% maior que o registrado no mesmo bimestre de 2019 (13,1/caixas/t).

Preços do farelo de soja mantêm estabilidade no bimestre

No primeiro bimestre de 2020 o farelo de soja (FOB, interior de SP) foi cotado por valor quase 10% superior ao de idên tico período de 2019. De toda forma, os primeiros 60 dias do ano foram percorri dos com grande estabilidade já que, cotado em média por R$1.330,00 a tonelada, os preços do farelo registraram amplitude de apenas 2,25 pontos percentuais entre os valores mínimo e máximo.

Valores de troca – Farelo/Frango vivo

Uma vez que a valorização registrada pelo frango vivo no bimestre esteve muito próxima (diferença, a favor do frango, pouco superior a 2 pontos percen tuais), o poder de compra do produto, embora maior, permaneceu praticamente estável. Ou, consi derada a aquisição de uma tonelada de farelo de soja, caiu de (cerca de) 425/kg de frango vivo para pouco menos de 416/kg.

Valores de troca – Farelo/Ovo

Já em relação ao ovo, o poder de compra do avicultor teve aumento bem mais significativo. Detalhando, um ano atrás, no primeiro bimestre, a aquisição de uma tonelada de farelo de soja absorveu perto de 23 caixas de ovos. Em 2020, esse volume recuou para menos de 18 caixas, uma queda supe rior a 20% - que elevou em mais de um quarto o poder de compra do produtor.

O individualismo que pode custar caro

Nélio Hand é Diretor Executivo AVES-ASES

Estamos acompanhando as movimentações na política em relação à reforma tributária que, segundo é reportado, que provavelmente será votada ainda no primeiro semestre de 2020. A expectativa que gira em torno de pelo menos duas PECs apresentadas pelo Senado Federal e Câmara dos Deputados, certamente gera muitas dúvidas e controvérsias sobre o que será melhor (ou menos pior) para o brasileiro. Estamos vendo, e veremos com maior intensidade, muitos defendendo os interesses de seus estados ou territórios, ninguém quer sair perdendo.

A propósito, isso fica evidente quando vemos reações a exemplo do episódio do ICMS dos combustíveis, afinal o desafio lançado aos estados de “zerar” as alíquotas não soou nada bem para a maioria dos seus gestores. Ninguém está em condições de perder receita, pelo menos é o que se justifica.

O ponto onde parece haver a concordância de todos é que algo precisa ser feito, afinal o Brasil possui uma carga tributária altíssima, uma das mais onerosas do mundo, além de ter que conviver com um sistema totalmente defasado, que repele muitas intenções de investimento. Não é difícil encontrar alguém que reclame das incoerências que existem, tanto por quem produz, quanto por quem consome.

Dentre as questões que são alvos de muitas críticas, e que se espera que sejam eliminadas com essa reforma no

62 A Revista do AviSite sistema tributário, estão as guerras fiscais, consequências de incentivos incoerentes, derrubando qualquer competiti vidade. Isso é sentido com enorme intensidade em setores como a avicultura e em estados onde a capacidade de oferta de benefícios é fator limitante, já que as fontes de recursos para manter a máquina pública e seus serviços são em menor volume e quem paga a conta acaba sendo mais onerado ainda. Diferente daqueles estados com alta produção onde se vê muitas vezes os grandes concorrentes receberem significativos incentivos.

Também é nítido que a reforma tributária depende também de várias ações paralelas dentro da própria estrutura do poder público, a exemplo da reforma adminis trativa, que está diretamente relacionada à redução de custos podendo impactar significativamente. Nesse caso há muito que se aprender com o privado, onde os setores produtivos buscam cada vez mais eficiência em sua produti vidade e custos.

Ou seja, todo esse conjunto de ações depende de muita vontade e empenho, e menos interesse próprio, para que se possa mudar uma realidade que hoje é cruel, que visivel mente não tem sustentabilidade e que certamente levará nosso país para uma situação muito complicada se não for revista, como já deveria ter sido.

A grande questão é, estão todos dispostos a abrir mão de alguma vantagem, de receber menos e de se adequarem à realidade para que a nação possa realmente crescer? O que vimos até hoje nesse sentido é muita intenção e pouca ação e que quando se fala em perda ou realocação de receitas, o tom da conversa muda.

Fato é que não existe sustentação conviver com uma realidade severa como a que foi alcançada. O agro brasileiro até vem andando, na contramão de tudo nos últimos tempos e ajudando a fechar as contas do país, mas certa mente não suportará manter essa realidade se não houver um equilíbrio onde todos que produzem possam ter garantia e segurança de um sistema mais justo e eficiente.

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